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MANDADO DE SEGURANÇA


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AO JUÍZO DE DIREITO DA x VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DO PARÁ
RENATO NEVES brasileiro, solteiro, profissão, portador do RG nº xx e CPF nº xx, residente e domiciliado na Rua xx, Bairro xx, Cidade de São Luís, CEP xx, por intermédio de seu advogado infra-assinado, com escritório profissional em na rua xx, bairro xx, CEP xx, cidade de xx, onde recebe notificações e intimações, com fundamentos no art. 5, LXIX, da Constituição Federal e na Lei 12.016 de 2009, vem respeitosamente, impetrar
 
MANDADO DE SEGURANÇA COM TUTELA DE URGÊNCIA 
Contra ato lesivo praticado pelo Presidente da Comissão do Concurso público, tendo como endereço para intimações e/ou citações (endereço completo).
1. FATOS 
No ano de 2017, mais precisamente no mês de março, o impetrante Renato Neves foi diagnosticado com com pseudoartrose de escafoide (osso do punho). No mês de abril, do mesmo ano, sofreu uma fratura e foi submetido a uma cirurgia paliativa para restruturação dos fragmentos ósseos. No entanto, teve piora do quadro clínico e em dezembro, foi submetido a uma cirurgia com o intuito de prevenir comprometimento total da articulação do punho direito, denominado carpectomia proximal, que retira os ossos escafóide, semilunar e piramidal (1ª fileira do carpo), ocasionando alterações morfológicas. Por conseguinte, houve perda de força e diminuição da amplitude de movimento da mão direita, de forma permanente, que prejudicou as atividades laborais e da vida diária do impetrante. 
Nesse cenário, o impetrante se inscreveu no “concurso público para o provimento de vagas e a formação do cadastro de reserva em cargos de nível superior e de nível médio do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJ/PA) ”, a fim de concorrer as vagas reservadas às pessoas com deficiência, no cargo de Oficial de Justiça Avaliador – 11ª Região Judiciária - Marabá. Renato Neves alcançou a maior nota na prova objetiva, discursiva e avaliação de títulos, dentre os demais candidatos de sua categoria, figurando como 1º colocado da classificação. Em contrapartida, na avaliação biopsicossocial, a banca examinadora considerou que “o problema clínico apresentado pelo candidato não produz dificuldades para o desempenho das funções do membro superior direito, portanto não se enquadra na condição de pessoa com deficiência física segundo o decreto lei 3298/99”, o que destoa dos documentos apresentados pelo impetrado no momento da inscrição, avaliação biopsicossocial e recurso administrativo, sendo que o mesmo já exerce as funções de Analista Judiciário no próprio Tribunal de Justiça do Estado do Pará, já aprovado no certame anterior (Concurso Público 02/2014) na ampla concorrência, já que situação de deficiência foi adquirida posteriormente.
Conforme informações dadas à equipe multidisciplinar durante a avaliação biopsicossocial, para desempenhar as funções no atual cargo houve necessidade de adaptações como: mudar o mouse do computador para a mão esquerda para reduzir a carga de exigência do punho direito e diminuir as dores geradas pela patologia, e em razão da diminuição da força na mão direita, o impetrante apresenta dificuldade no manuseio das caixas com processos físicos (predominantes na Comarca em que atua e na maior parte das Comarcas do interior do estado do Pará), precisando do apoio dos colegas de trabalho para realizar tal atividade.
Assim, o certamente está em curso, enquanto o impetrante está excluído, ademais, a banca examinadora não atribuiu motivo ao ato que decidiu pela exclusão.
2. JUSTIÇA GRATUITA
O impetrante requer o benefício da justiça gratuita, por ser hipossuficiente na forma da lei, conforme declaração, não podendo, por tanto, arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua família.
Esse acesso à justiça gratuita é direitos de todos que não tem condição de arcar com as custas processuais e está previsto no art. 5º XXXV da constituição federal e 98 do Código de Processo Civil.
3. DA LIMINAR
A previsão para concessão da tutela de urgência no mandado de segurança está prevista no Art. 7 da lei 12016/09.
A probabilidade do direito reside no argumento de fato é de direito apresentado é comprovado mediante a documento anexa.
Já o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo também se encontra documentado tendo em vista que a demora da decisão pode causar a sua exclusão do concurso.
4. PRELIMINARMENTE
4.1 DO CABIMENTO
Nos termos do art. 5º, LXIX, da CF, conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
Nesse sentido é a redação do art. 1º da Lei 12.096 de 2009, que assegura a concessão de mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, quando não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.
Repise-se que, para fins de mandado de segurança, equiparam-se ás autoridades os representantes ou órgãos públicos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.
Assim, considerando os fatos elencados, e dada a ilegalidade do ato sofrido pela Impetrante, o único meio para satisfação de seu direito em não sofrer as consequências de tais atos se dá por meio do presente mandado de segurança, com pedido liminar dado os danos que vem sofrendo.
4.2 DA TEMPESTIVIDADE
Inicialmente, deve-se ressaltar a tempestividade da presente ação. Tendo em vista que o prazo entre a ciência do ato administrativo e da impetração da ação foi inferior a 120 (cento e vinte) dias, satisfazendo assim o requisito exigido pelo art. 23 da Lei 12.016/09.
Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
5. MÉRITO
5.1 DIREITO LIQUIDO E CERTO
A presente ação constitucional, de natureza cível, prevista no art. 5º, LXIX, da Constituição Federal e na Lei 12.016/2009, tem o escopo de proteger direito líquido e certo lesado ou que sofra ameaça de lesão, em decorrência de ato de autoridade, praticado com ilegalidade ou abuso de poder.
Nessa perspectiva, direito líquido e certo é demonstrado de plano, por meio de provas pré-constituídas, em que, no caso em questão, o direito líquido e certo seria o direito de assumir a vaga pleiteada no serviço público. Desta feita, vale ressaltar que: 
Artigo 5º, LXIX: Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
O caso em tela, demostra desatenção quanto ao princípio da razoabilidade, uma vez que o impetrante demonstra através de laudos sua condição de deficiência. Esta condição lhe enquadra perfeitamente na categoria em que o impetrante se inscreveu e desenvolveu as etapas do concurso. Nesse diapasão, é válido trazer à presente ação constitucional, as palavras de Antonio José Calhau de Resende no que cerne ao princípio da razoabilidade, afirmando que se trata de um conceito jurídico indeterminado, elástico e variável no tempo e no espaço. Consiste em agir com bom senso, prudência, moderação, tomar atitudes adequadas e coerentes, levando-se em conta a relação de proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a pratica do ato.
5.2 RESERVA DE VAGAS EM CONCURSO PÚBLICO ÁS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Nesse sentido, a interpretação da citada norma legalnão pode se dar de forma isolada, desconsiderando-se o sistema no qual se encontra inserida. Precisa-se e depende-se da definição de deficiência exposta no art. 3º do Decreto Federal n°. 3298/99:
Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
I – deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano;
 II - deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; 
A perda total e irreversível do movimento da mão com perda de força e a diminuição da amplitude é suficiente para o enquadramento de candidato como deficiente físico, uma vez que a imprestabilidade desse órgão insere-se na conceituação exposta nos incisos I e II do art. 3º do Decreto.
Analisando parte a parte o art. 3° do Decreto Federal n°. 3298/99:
a) “Toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica...”: o comprometimento da mão configura de plano a perda tanto da estrutura quanto da função fisiológica e/ou anatômica exigida pela legislação, além do trauma psicológico;
 
b) “... que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano”: tal deficiência causa limitações aos indivíduos em diversos aspectos, ficando estes proibidos de exercer atividades laborativas, aumentando as dificuldades para ingressar no mercado de trabalho, bem como de praticar atividades diárias;
 
c) “Aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos”: não há cura atual, nem tratamento que revitalize a volta da função da mão até o momento.
 
Nessa perspectiva “o conceito de ‘pessoa com deficiência’ é aquele constante nos artigos 3° do Decreto n°. 3.298, de 20/12/99, que regulamentou a Lei n°. 7.853, de 24/10/89, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência” (TRF 3ª Região, Segunda Turma, AC n°. 808362/SP, Rel. Des. Marisa Santos, 28/07/03, unânime).
No presente caso, há que se buscar a finalidade do legislador ao dispor sobre a Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Decreto Federal n°. 3.298/99). Sem dúvida, com a edição da Lei Federal n°. 7.853/89, regulamentada pelo retro dispositivo, o legislador buscou a efetivação de mecanismos capazes de minimizar obstáculos enfrentados por pessoas com deficiência na busca do pleno trabalho.
 
Desse modo, até no plano internacional a República Federativa do Brasil tem manifestado interesse em ampliar a proteção jurídica a tal segmento social, eis que promulgou a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, Decreto Federal n°. 3.956/01, donde se extrai a mesma idéia de “inclusão conceitual” das pessoas
:
 
Para os efeitos desta Convenção, entende-se por:
1. Deficiência
O termo “deficiência” significa uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social.
2. Discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência
a) o termo “discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência” significa toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, conseqüência de deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais.
Não é por outro motivo que o Supremo Tribunal Federal (STF) – “guardião da Constituição Federal” – assim se manifestou ao comentar sobre “Políticas Inclusivas”, a exemplo do art. 37, inciso VII, da Carta Maior[3]:
 
O legislador constituinte, atento à necessidade de resguardar os direitos e os interesses das pessoas portadoras de deficiência, assegurando-lhes a melhoria de sua condição individual, social e econômica – na linha inaugurada no regime anterior pela EC n°. 12/78 – criou mecanismos compensatórios destinados a ensejar a superação das desvantagens decorrentes dessas limitações de ordem pessoal. (STF, ADIn nº. 903-6/MG, Pleno, Rel. Min. Celso de Mello). 
Na linha defendida, a pessoa com deficiência é aquela que luta contra as adversidades decorrentes da cruel realidade, que convive diariamente com barreiras físicas, psicológicas e familiares que influenciam a disputa de oportunidades no mercado de trabalho e que, portanto, faz jus à reserva de vagas em concursos públicos.
Como enfatiza a Ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, “se a igualdade jurídica fosse apenas a vedação de tratamentos discriminatórios, o princípio seria absolutamente insuficiente para possibilitar a realização dos objetivos fundamentais da República constitucionalmente definidos”. (Ação Afirmativa: O Conteúdo Democrático do Princípio da Igualdade Jurídica, in RTDP n°. 15/85, São Paulo, Malheiros, 1996)
 
Na mesma esteira, o também Ministro do STF, Joaquim Barbosa Gomes, afirma que “as ações afirmativas são políticas e mecanismos de inclusão concebidas por entidades públicas, privadas e por órgãos dotados de competência jurisdicional, com vistas à concretização de um objetivo constitucional universalmente reconhecido: o da efetiva igualdade de oportunidades a que todos os seres humanos têm direito”. (Ação Afirmativa & Princípio Constitucional da Igualdade, Rio de Janeiro, Renovar, 2001, pág. 40)
6. DOS PEDIDOS
Mediante o exposto, requer de Vossa Excelência que: 
a) Defira a medida liminar pleiteada, para suspender os efeitos do ato administrativo impugnado, determinando imediatamente a aptidão para retorno do autor ao certame; 
b) Notifique a autoridade coatora, para, no prazo de 10 (dez) dias, preste informações, nos termos do art. 7º, I, da Lei 12.016/2009;
c) Determine a intimação do membro do Ministério Público, nos termos do art. 12 da Lei 12.016/2019;
d) Fixe a multa, nos termos do art. 77, §2º, do Código de Processo Civil;
e) Seja notificado o órgão público impetrado por meio de sua procuradoria de representação; 
f) Ao final, conceda a medida definitiva da segurança e a ratificação da liminar, assegurando o direito líquido e certo da Impetrante em, para determinar a nulidade do ato de desclassificação do impetrante garantindo ao autor o direito de continuar no certame. 
	
Dá-se a causa o valor de R$ XXX (XX reais) para fins fiscais.
Nesses termos, pede deferimento. 
Data, XXX- PA 
Advogado, OAB n xxx