Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE PAULISTA MARCOS VINICIUS DUARTE SACRAMENTO BRF BRASIL FOODS S.A Projeto Integrado Multidisciplinar IV BARBACENA, MG. 2019 MARCOS VINICIUS DUARTE SACRAMENTO BRF BRASIL FOODS S.A Projeto Integrado Multidisciplinar IV Projeto Integrado Multidisciplinar – PIM IV, apresentado como um dos pré- requisitos para aprovação do bimestre vigente ao Curso Superior de Gestão Ambiental. Orientador: Profª. BARBACENA, MG. 2019 RESUMO Este trabalho trata-se de um Projeto Integrado Multidisciplinar (PIM IV), referente ao projeto de pesquisa realizado no segundo bimestre do primeiro período do curso de Gestão Ambiental da Universidade Paulista – UNIP – realizado no polo da cidade de Barbacena, estado de Minas Gerais. Para desenvolvimento do trabalho era necessário a escolha de uma empresa de capital aberto, na qual foi selecionada a BRF S.A para desenvolvimento e aperfeiçoamento dos estudos aplicados durante o bimestre. Esse estudo tem por objetivo integrar o aluno nas práticas gerenciais das empresas fundamentas nos conhecimentos técnicos teóricos adquiridos no ambiente virtual de aprendizagem - AVA nas disciplinas de Fundamentos de Ecologia: Ecossistema e Biodiversidade, Dinâmica das Relações Interpessoais e Química Ambiental. Palavras-Chave: Ecologia, Ecossistema, Biodiversidade, Relações Interpessoais, Química Ambiental, Gestão Ambiental. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 4 2. ECOLOGIA INDUSTRIAL E QUIMICA AMBIENTAL ................................................................................ 6 3. DINÂMICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ....................................................................................... 18 4. GESTÃO AMBIENTAL ......................................................................................................................... 20 5. CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 20 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 22 4 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo demonstrar e explicar sobre a forma de trabalho e tratamento referentes as questões ambientais da empresa BRF S.A, uma das maiores companhias de alimentos do mundo originada da fusão entre Perdigão e Sadia. Também visa apresentar todos os fatos que merecem destaque na companhia e estão relacionados com as disciplinas envolvidas neste projeto integrado multidisciplinar. Ele demonstra a importância da ecologia industrial para realização de uma eficiente gestão ambiental dentro de uma organização para com a sociedade. Evidencia a contribuição das pessoas como peça chave para o processo de tomada de decisão. Também apresenta a importância das ações relacionadas a Sustentabilidade dentro da companhia e em sua comunidade, tendo em vista a mudança de pensamento da sociedade a cerca do meio ambiente em que vivem e ainda mais importante o alto impacto ambiental gerado de suas atividades em seus variados locais de negócios. Com mais de 80 anos de vida, a BRF tornou-se uma das maiores companhias de alimentos do mundo. Foi na década de 1930, no interior de Santa Catarina, que a Perdigão surge como um pequeno negócio de duas famílias de imigrantes italianos. Na década seguinte, foi a vez da Sadia em Concórdia/SC. De lá para cá, a fusão desses dois negócios, em 2009, deu origem a um dos maiores complexos agroindustriais do mundo, a BRF Brasil Foods S.A. A BRF hoje é uma companhia formada por 107,7 mil colaboradores diretos que, junto com uma rede de 13.356 produtores agropecuários, fazem dela a maior exportadora de frango do mundo, além de líder em produção de suíno e frango no mercado doméstico. É uma companhia de capital aberto, com ações negociadas na bolsa de valores brasileira e na bolsa de Nova York. Sua cadeia é ampla e diversificada e inclui 36 complexos fabris (32 deles no Brasil e 4 no Exterior), 47 centros de distribuição e produtores integrados em todo planeta. A produção atravessa campo, indústria, varejo e vai até o lar dos consumidores, abrangendo desde a criação de animais até o processamento, distribuição e venda de alimentos. O seu modelo de negócios e seu posicionamento institucional estão sintonizados e convergentes em três pilares fundamentais: Qualidade, Segurança e Integridade, aspectos priorizados na estratégia e que traduzem como a companhia trabalha em todas suas etapas da cadeia produtiva. 5 Para compor o presente trabalho foi realizada a pesquisa junto a apresentação disponível no site da companhia BRF, intitulada de Relatório Anual, que nada mais é do que um relatório da própria administração, no qual explica, de forma resumida, os principais progressos, desafios e resultados do ano de 2018 em todas as suas operações globais no que tange aos impactos na sociedade, bem- estar animal, desenvolvimento de parcerias sustentáveis, eco eficiência, responsabilidade social, diversidade, entre outros temas. 6 2. ECOLOGIA INDUSTRIAL E QUIMICA AMBIENTAL Desde a Revolução Industrial ocorrida no século XVIII, os impactos ambientais negativos causados pela espécie humana vêm se tornando cada vez maiores (Jelinski et al.., 1992), até ultrapassarem a capacidade de carga do planeta e causarem consequências de escala global. Durante séculos, a poluição foi vista como indicativo positivo da economia, ou seja, não se concebia a possibilidade de desenvolvimento econômico sem crescimento industrial e a consequente emissão de poluentes. Apenas a partir da década de 1970, começou-se a questionar este paradigma, especialmente após a publicação do livro “Os Limites do Crescimento”, em 1972, comissionado pelo Clube de Roma e elaborado por pesquisadores do MIT (Massachussetts Institute of Techonology), nos EUA. Este livro avaliou possíveis cenários futuros envolvendo cinco variáveis (crescimento da população mundial, industrialização, poluição, produção de alimentos e esgotamento de recursos) e chegou à conclusão de que, caso as nações continuassem seguindo o mesmo modelo de crescimento utilizado até então, os recursos naturais se esgotariam e o mundo entraria em colapso. O paradigma corrente de industrialização começa a ser questionado e novas propostas começam a surgir. Uma das novas concepções de industrialização começou a se formar a partir de 1989, quando Robert Ayres, físico e economista americano, desenvolveu o conceito de metabolismo industrial (Garner, 1995). Fazendo uma analogia entre indústrias e organismos vivos, o metabolismo industrial abrange a totalidade de fluxos materiais e energéticos através de um sistema industrial (Erkman, 1997). Através do balanço de massa destes fluxos, é possível quantificar as entradas (input) e saídas (output) após as transformações feitas durante o processo produtivo (Veiga, 2007), o que seria o passo inicial para identificar processos ineficientes geradores de resíduos e emissões poluentes e seus impactos negativos nos ambientes naturais (Garner, 1995). O termo “Ecologia Industrial” foi apresentado neste mesmo ano, por Robert Frosch e Nicholas Gallopoulos, em seu artigo “Strategies for Manufacturing”. Com esta nova visão, os sistemas industriais passam a ser comparados com os sistemas biológicos naturais, de modo que um sistema industrialideal seria aquele no qual não há geração de resíduos decorrentes do processo produtivo, uma vez que estes 7 seriam de alguma forma tratados e reintroduzidos no ciclo produtivo como matéria prima para outras indústrias em seus próprios processos. O uso de energia e materiais seria otimizado e cada subproduto gerado seria tratado e teria valor econômico, garantindo que poderia ser comercializado e usado por outros processos industriais, reduzindo a geração de resíduos e poluição, assim como a extração de matérias primas, o que causaria, consequentemente, a redução dos impactos ao meio ambiente (Garner, 1995). A Ecologia Industrial busca entender o funcionamento do sistema industrial, para depois determinar como o sistema industrial pode ser reestruturado para assemelhar-se a um sistema natural (Veiga, 2007). Antes deste conceito, os sistemas industriais eram vistos como uma parte separada da biosfera. Esta era responsável por fornecer todos os insumos necessários e receber todos os rejeitos gerados pela tecnosfera. As medidas mitigadoras buscavam apenas minimizar os impactos ambientais negativos e eram aplicadas diretamente na biosfera, ou seja, “fora” dos limites das indústrias. Esta abordagem, chamada end-of-pipe, era a principal adotada por ecologistas no início dos anos 1950, e tinha seu foco em tratar os poluentes depois de gerados, sem alterar o processo produtivo (Erkman, 1997). Com a Ecologia Industrial, as indústrias passam a ser consideradas como parte da biosfera, ou seja, para prevenir os impactos ambientais, é necessário prevenir a geração dos resíduos, o que só é possível interferindo diretamente no processo produtivo (in-plant-design) e otimizando o ciclo dos materiais, desde a extração da matéria prima até a disposição final. Sua principal característica é que a produção não implica na geração de rejeitos, o que, na prática, é um ideal impossível de ser alcançado, pois por mais que os resíduos sejam tratados e reutilizados, eventualmente haverá algum subproduto resultante do tratamento que não poderá ser reintroduzido no processo produtivo. É possível, entretanto, reduzir ao máximo a geração destes rejeitos. Diversos são os autores que já trataram do tema, entretanto, é difícil chegar a uma definição padronizada. Muitos autores ainda confundem os conceitos de ecologia e metabolismo industrial, e, segundo Erkman (2001), a Ecologia Industrial vai além: primeiro, busca entender como o sistema industrial funciona e quais são suas interações com a biosfera e, depois, determina de que forma este pode ser reestruturado para torna-lo compatível com o funcionamento dos ecossistemas 8 naturais. Os autores concordam, porém, com três elementos centrais (Erkman,1997): É uma visão sistêmica e integrada de todos os componentes da economia industrial e suas relações com a biosfera. Tem foco nos complexos fluxos de material para dentro e fora do sistema industrial e como estes afetam as atividades humanas, ao contrário das abordagens convencionais que consideram a economia apenas em termos de unidades monetárias. Considera as evoluções tecnológicas a longo prazo como um elemento crucial, mas não exclusivo, para a transição do sistema industrial insustentável para um ecossistema industrial viável. Portanto, a Ecologia Industrial se utiliza de uma visão mais holística, inserindo o sistema industrial num contexto mais amplo, e avaliando as consequências a longo prazo, enquanto as abordagens tradicionais de gestão ambiental focam apenas em processos individuais ou em unidades industriais isoladas (Gertler, 1995). Os princípios da Ecologia Industrial foram definidos por Lowe (2001) e envolvem: inserção e integração de indústrias individuais num ecossistema industrial, no qual a matéria percorre ciclos fechados, através de mecanismos de reciclagem e reuso; a geração de resíduos é minimizada e a eficiência energética e material maximizada; equilíbrio da produção, suas entradas e saídas, com a capacidade de resiliência do ecossistema natural, evitando grandes impactos ambientais; reengenharia de processos, substituição de tecnologias, alteração do design de produto e “desmaterialização” (produzir mais com menos), buscando redução do consumo de energia e materiais; alinhamento da política empresarial atual com perspectivas de longo prazo da evolução do sistema industrial; consciência das condições sociais e necessidades econômicas das comunidades locais, favorecendo os comércios locais, dando oportunidades de emprego, mitigando os impactos da atividade industrial. 9 As vantagens ambientais diretas advindas da aplicação da Ecologia Industrial são a redução da geração de poluentes líquidos, sólidos e gasosos, redução do volume de resíduos não recicláveis, diminuindo a pressão sobre aterros sanitários e o consumo de recursos naturais, já que estes resíduos serão reutilizados, e aumento da eficiência energética (Gertler, 1995). Além disso, pode ser criado um novo mercado em torno do comércio desses rejeitos, o que já vem acontecendo através das Bolsas de Resíduos, nas quais as empresas locais podem divulgar e buscar informações sobre resíduos disponíveis, conciliando ganhos econômicos e benefícios ambientais. Além disso, há mais uma vantagem econômica na aplicação desses princípios, pois o uso eficiente dos recursos traz economia financeira. O último princípio citado engloba o terceiro pilar da sustentabilidade e diz que as indústrias devem ter responsabilidade social. Ao combinar esses três aspectos (ambiental, econômico e social), a Ecologia Industrial representa o primeiro passo em direção ao desenvolvimento sustentável. A aplicação da Ecologia Industrial pode ter seu foco em diferentes escalas, desde que leve em consideração os fluxos materiais e energéticos através de um processo produtivo e as relações entre eles e deles com o contexto em que estão inseridos. Pode, portanto, ser aplicada tanto em microescala (dentro de uma única indústria), quanto em nível local (entre diferentes indústrias) ou em níveis regional ou global (Chertow, 2000). Algumas ferramentas que podem ser adotadas na microescala (dentro da própria indústria) são a Prevenção da Poluição, a Produção mais Limpa, o Projeto para o Meio Ambiente e a Contabilidade Verde. Em nível local, entre indústrias, pode-se mencionar Simbiose Industrial, Parques Industriais Ecológicos e algumas iniciativas setoriais, como o Programa de Atuação Responsável, entre outros. Quanto aos níveis regional e global, pode-se utilizar a Análise do Fluxo de Materiais e Energia, Planejamento Estratégico Institucional, Planos de Desenvolvimento Regional ou Nacional e Avaliação Ambiental Estratégica (Veiga, 2007). Muitas vezes, porém, a prática da Ecologia Industrial é executada através de ações não coordenadas baseadas em seus princípios, e não exatamente através de seus instrumentos. Isso porque a Ecologia Industrial assume um papel mais teórico que vai além de sua aplicação, representando um novo campo de pesquisa que busca conduzir a sociedade industrial atual a um novo paradigma de produção e gestão ambiental, adaptando políticas e legislações ambientais, adequando o 10 gerenciamento de resíduos industriais, fazendo uso eficiente dos recursos naturais. Contudo, a instrumentalização deste processo, sempre que possível, é bem-vinda no sentido de agilizar a busca pela concretização de iniciativas que garantam o cumprimento do seu objetivo, que é a promoção de uma sociedade sustentável (Fragomeni, 2005). Nesse sentido a BRF sendo uma empresa de abrangência global reconhece suas responsabilidades de promover o uso adequado e eficiente dos recursos naturais em sua cadeia de valor assemelhando aos ciclos biogequimicos, usando racionalmente água e energia, buscando sempre a diminuição de emissões, reduzindo impactos,realizando investimentos em iniciativas parceiras do meio ambiente, entre outros aspectos que contribuem para o desenvolvimento sustentável. A BRF conta com um sistema de gestão ambiental, possui politica própria de Saúde, Segurança e Meio Ambiente – SSMA, e diretrizes internas pautadas na norma ISO 14001, e também na abordagem de oportunidades, impactos e riscos das atividades da empresa. Tendo em vista que os consumidores e toda a sociedade estão cada vez mais críticos e conscientes, sobretudo, no que diz respeito ao processo produtivo de seus alimentos, os patamares de gestão ambiental da empresa só tendem a aumentar, exigindo dos seus parceiros de negócios o mesmo rigor. Por meio de Índices de Conformidade Ambiental (ICA), indicador interno para medir a qualidade dos processos, performance, meta e compliance de cada unidade a diretrizes internas e externas, a BRF monitora 100% das suas unidades produtivas do Brasil e Emirados Arabes (Abu Dabhi), na abordagem de efluentes, resíduos, emissões atmosféricas, ruído, odor, outorgas e licenças ambientais. Ele também é aplicado a operação da agropecuária (fábricas de ração, incubatórios e granjas próprias). Em 2018, o ICA foi 2,6% superior em comparação ao ano de 2017, atestando assim a eficiências dos investimentos e medidas de gestão ambiental aplicados. As práticas do grupo em relação a energia renovável e eficiência energética garantem acesso a linhas financeiras verdes, uma vantagem estratégica sobre os seus concorrentes globais. No mundo, a BRF cumpre todos os patamares das legislações de meio ambiente especificas. Ela também está atenta aos reflexos diretos de questões ambientais – em especial as mudanças climáticas – sobre o 11 futuro dos seus negócios, já que alterações climáticas podem impactar significativamente a oferta e a demanda mundial de commodities agrícolas, afetando os preços e, consequentemente, o estoque de matéria prima do grupo, além de afetar a segurança energética e a disponibilidade de agua. Ao longo do ano de 2018, a BRF investiu R$125,45 milhões em iniciativas de redução de impacto ambiental nas operações brasileiras e internacionais, abrangendo projetos, investimentos em florestas e gastos com tratamento de efluentes e resíduos sólidos. Todas as suas unidades recebem metas do Indice de Conformidade Ambiental (ICA), que contemplam itens relacionados a obrigações legais, resíduos, efluentes, emissões atmosféricas, odor e ruído. A meta em 2018 era 86,20% e o grupo chegou em dezembro daquele ano com o índice de 88,40%, atestando a sua capacidade de melhoria. A água é o principal recurso critico para a indústria de alimentos, pois sua escassez compromete toda a atividade do campo (desde a criação de animais a produção de commodities agrícolas) até as fábricas, que vão transformar a matéria- prima em alimentos para o consumo. Diante disso, o grupo BRF respeita todos os aspectos legais determinados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) quanto ao consumo de agua a ser usada na produção, mesmo que isso implique em cumprir com quantidades superiores as previstas pela empresa. Além dos requisitos legais do processo, o grupo controla e monitora também os limites estabelecidos em outorgas de uso de água, atendendo todos requisitos legais, desde o consumo as condicionantes do uso. Atualmente há metas internas para o indicador de consumo de agua (medido em m³/tonelada produzida), que são definidas anualmente para cada unidade produtiva. O grupo faz também reuso de agua (e o tratamento dela para sua devolução ao meio ambiente), prioriza a captação superficial de agua, investem em equipamentos modernos e mais econômicos quanto a esse recurso natural, e possuem grupos de excelência energética responsáveis pelo fechamento dos pontos de consumo durante os intervalos e nos períodos não produtivos. Ainda, para reduzir o consumo e os impactos, são usados redutores de vazão (aspersores, bicos redutores) nas pias e nas mangueiras de higienização. A gestão de efluentes gerados na atividade industrial é de extrema importância para controlar possíveis impactos capazes de causar danos ambientais a corpos hídricos e ao solo. Dessa forma, o grupo busca implementar projetos de 12 melhoria da qualidade de efluente que substituem os sistemas de tratamento de efluentes existentes por outros sistemas ainda mais eficientes. Nesses processos também são utilizadas ferramentas preventivas como o Índice de Performance Ambiental (IPA), gerado por meio das rotas de inspeção in loco para identificar e tratar as situações potenciais de ocorrência de um evento ambiental. Os efluentes da BRF não são utilizados por outras empresas. É monitorado todos os padrões de lançamento do efluente, que varia de acordo com a destinação final e demais parâmetros legais. Em atividade onde há fertirrigação do efluente, o caso de granjas, por exemplo, é realizado analises de parâmetros específicos para garantir a qualidade do solo. Tendo em vista ser uma empresa global, a BRF em razão das sua diversidade de operações e da sua cadeia de produção também tem como impacto a emissão de gases de efeito estufa (GEE). Por conta disso há o empenho em aumentar a eficiência no uso de recursos naturais e controlar as emissões. Para monitorar os impactos e identificar oportunidades de mitigar as emissões de GEE, é feito o inventário das emissões, estabelecendo medidas para redução. Em outra linha, é avaliado os possíveis impactos das mudanças climáticas e definido as medidas de gestão para a adaptação. Tanto a mitigação quanto a capacidade de analise dos riscos e impactos das emissões de GEE na cadeia de valor da Companhia são aspectos contemplados na Politica de SSMA. O volume de emissões da BRF está concentrado, especialmente, na agropecuária – produtores integrados (tratamento e disposição dos resíduos/dejetos) e no transporte rodoviário e de navios. O seu maior desafio é definir limites, metodologia de cálculos das fontes de emissão e acesso a informações, já que o grupo é formado por uma cadeia complexa e extensa. Por outro lado, possuem uma elevada proporção de energia renovável. As principais fontes de emissão da BRF são: estacionária (uso de combustíveis para geração de energia); tratamento de efluentes (algumas unidades possuem tratamento anaeróbico, sem captura de metano); tratamento de resíduos agropecuários, e emissões fugitivas e móveis. Ainda com relação as emissões atmosféricas, o grupo BRF utiliza equipamentos de alta tecnologia, que empregam o principio de células eletroquímicas realizando analises online dos gases resultantes do processo de combustão. As principais fontes de emissão são as caldeiras das unidades industriais, equipamentos de 13 geração de vapor. Por serem um aspecto legal, essas emissões são parâmetro monitorado no Índice de Conformidade Ambiental (ICA) da Companhia. Figura 1 – Emissões Atmosféricas do Grupo BRF Fonte: Relatório Anual e de Sustentabilidade 2018 – BRF S.A. Em relação a energia utilizado em sua cadeia, a gestão de riscos da BRF monitora com cautela todo o consumo de energia considerando o preço e disponibilidade energética como aspectos que afetam diretamente a operação. Para isso ainda, é mantido o Programa de Excelência Energética da BRF, que mobiliza técnicas corporativas e das unidades, gerenciando a eficiência no uso do recurso em toda a companhia. Em 2018, 93,79% da energia consumida na BRF foi proveniente de fontes renováveis. O consumo de combustível de fonte renovável (etanol) nos 14 veículos leves foi superior ao de combustível não renovável, reduzindo assim o impacto de emissões de GEE. Os impactos relacionados ao consumo de energia se encontram nas unidades produtoras, como abatedouros e fábricas de industrializados, e nos incubatórios e granjas. Por isso, é desenvolvidauma metodologia que avalia o risco e a vulnerabilidade de fornecimento e consumo. O consumo de energia é monitorado em 100% das unidades, em tempo real, com quatro níveis de check in e divulgação mensal dos resultados. O objetivo é realizar ações internas e externas para reduzir o consumo, minimizando o impacto no meio ambiente. A companhia adota linhas anuais de investimentos para aplicar recursos próprios a atualização de tecnologia e a compra de equipamentos mais eficientes, como controle de temperatura dos tuneis de congelamento, implantação de controles automáticos e variáveis de equipamentos de ar comprimido, além da atualização da tecnologia de iluminação nas fábricas para o sistema LED, e substituição de motores e bombas elétricas comuns para equipamentos de alto rendimento. A BRF possui, também, floresta renovável plantada, como estoque de carbono, sendo um impacto positivo para o meio ambiente, contribuindo para mitigar os seus impactos negativos e para o equilíbrio do clima. Sua área plantada atual é de 31.802 hectares, espalhados em oito estados brasileiros. Figura 2 – Consumo de Energia da BRF Fonte: Relatório Anual e de Sustentabilidade 2018 – BRF S.A. 15 O controle de resíduos sólidos na Companhia é feito por meio de redução, reciclagem e reutilização de materiais em toda cadeia de valor, dos fornecedores a fase de pós consumo. Outra medida é a reutilização de subprodutos dos processos produtivos, como o lodo (gerado no tratamento de efluentes e usado como mistura para combustível das caldeiras). Entre as iniciativas relacionadas a gestão de resíduos está a transformação de resíduos orgânicos em biofertilizantes, por meio do processo de compostagem. Com essa alternativa implantada, 105 toneladas de resíduos orgânicos industriais gerados nas unidades de Videira e Campos Novos da BRF, que anteriormente eram destinados a aterro sanitário industrial todos os dias gerando poluição ambiental através da decomposição dos resíduos, agora são destinadas ao processo de compostagem, permitindo a reciclagem de 100% desse material. Sem contar o tempo dedicado a pesquisa e implementação do projeto de compostagem, a BRF não investiu diretamente no projeto e continuou tendo o mesmo custo por tonelada destinada: R$ 131,51. Porém o ganho ambiental é inquestionável e incalculável, frente à destinação dada aos resíduos anteriormente. Essa iniciativa não só atende à Política Nacional de Resíduos Sólidos para prevenir a saturação dos aterros sanitários e o impacto ambiental que eles causam, como reduz o consumo e a extração de recursos naturais. A reciclagem de nutrientes contidos nos resíduos, através do processo de compostagem, permite a BRF fazer um circuito fechado de produção. Através do composto fertilizante, os produtores associados a BRF podem produzir grãos, que são utilizados para a alimentação animal, que servem como matéria-prima para a indústria de alimentos. Os resíduos da indústria novamente são reciclados através da compostagem, formando o circuito fechado e contínuo de produção. 16 Figura 3 – Consumo de Energia da BRF Fonte: Projeto de Destinação de Resíduos na BRF: Compostagem Elimina a Poluição Ambiental em Aterro Sanitário As operações administrativas adotam a separação para descarte de resíduos orgânicos e de outras categorias (recicláveis e não recicláveis). Ainda o grupo mantem em suas granjas próprias e integradas o Programa de Logística Reversa dos Resíduos de Saúde Animal, para a coleta de resíduos perigosos no campo e nos incubatórios. As iniciativas voltadas ao melhor gerenciamento de resíduos se baseiam no Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). Em 2018, a unidade de Marau (RS) desenvolveu um projeto que tinha como objetivo eliminar o envio para aterro de resíduos plásticos do tipo 7 (tipo de plástico de baixa reciclabilidade). Para isso, desenvolveu um novo fornecedor na região da unidade que, por meio da reciclagem desse material, confecciona tapumes para a construção civil. Como resultado, a unidade deixou de enviar para aterro cerca de 8 17 toneladas/mês desse resíduo. Além da redução de impacto ambiental, a unidade também teve ganhos financeiros. Figura 4 – Consumo de Energia da BRF Fonte: Relatório Anual e de Sustentabilidade 2018 – BRF S.A. 18 3. DINÂMICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS Na BRF, desenvolver o capital humano tem como objetivo impulsionar resultados e contribuir para geração de impactos positivos em toda a sua cadeia de valor. Na Companhia são mais de 107 mil colaboradores em todo mundo. 80% (85 mil) desse total está no Brasil e cerca de 20% no exterior, com destaque para a Asia, onde conta com mais de 9 mil profissionais. São pessoas de 92 nacionalidades, que falam 29 idiomas, mas que conduzem os negócios de maneira alinhada aos valores, práticas e propósitos do grupo. A partir dos desafios de desenvolver uma organização de alto desempenho, inspirada por uma liderança democrática e consistente, e uma cultura que estimule o engajamento de todos na execução disciplinada da estratégia e que deixe todos os colaboradores orgulhosos de fazer parte da BRF, foi estabelecido quatro pilares que passaram a guiar todas as iniciativas da área de Recursos Humanos: Liderança inspiradora: assegurar a consistência e a estabilidade da estrutura e dos times de liderança para engajar e inspirar o alto desempenho e os comportamentos que é esperado da organização. Cultivar talentos: estabelecer um ambiente que promova a identificação, desenvolvimento e retenção de talentos, estimulando a alta performance e dando sustentação para o negócio. Cultura de excelência: desenvolver uma organização eficiente com cultura de alto desempenho e meritocracia, alavancando as melhores práticas de gestão de pessoas. Orgulho de ser BRF: garantir o engajamento e o alinhamento dos colaboradores para a execução da estratégia, promovendo um ambiente de segurança e bem-estar, com melhores práticas de recursos humanos e reconhecimento. A BRF entende que implantar as melhores práticas de recursos humanos, promover o bem-estar no ambiente de trabalho e engajamento de seus funcionários (das fábricas e granjas aos escritórios corporativos) e estruturar programas de diversidade são alguns dos seus planos de ação. A missão da BRF é ser considerada a melhor empresa para se trabalhar em 2023. Para isso, é preciso que o proposito da Companhia seja fortalecido e que os investimentos em segurança, 19 formação de liderança e compliance (peças importantes a serem encaixadas) sejam os alicerces dessa transformação. Figura 5 – Colaboradores BRF Fonte: Relatório Anual e de Sustentabilidade 2018 – BRF S.A. 20 4. GESTÃO AMBIENTAL Atualmente, como uma companhia global, a BRF tem a responsabilidade de promover o uso adequado dos recursos naturais em sua cadeia de valor, atuando como parceira da natureza. Seu principal objetivo é proteger e conservar o meio ambiente, além de fazer a gestão da carteira de produtos, focando na redução de impactos pós-consumo. Atuar em ambientes legais mais restritivos, ter consumidores mais críticos e conscientes e contar com parceiros de negócios preocupados com os impactos de sua cadeia são fatores que nos estimulam a buscar a elevação contínua de nossos patamares de gestão ambiental. A Companhia ainda acredita na corresponsabilidade, transparência, confiança e sustentabilidade como pilares condutores dos seus programas de gestão ambiental. Por isso, um dos seus principais objetivos é ser peça fundamental para promoção do desenvolvimento local por meio de ações de voluntariado focadas em inovação social, qualidade de vida e bem-estar, através do Instituto BRF. Ao longo dos anos a BRF temaprimorado sua atuação consciente de seu papel na sociedade e com a preocupação de promover impactos relevantes. Por conta disso sempre busca trabalhar de forma cooperativa com comunidades e organizações locais. Dessa forma, são eles, colaboradores e comunidades, os protagonistas do seu desenvolvimento e bem-estar, sempre numa atuação conjunta e transparente entre empresa e sociedade. Nesse sentido, é destaque de gestão o Projeto ReciclAção, que, desde 2013, mantém um programa de educação ambiental, mobilização comunitária e gestão de resíduos sólidos, com o objetivo de erradicar os riscos socioambientais no Morro dos Prazeres, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Essa atuação é baseada em um modelo de mudança de comportamento dos moradores. Os resíduos encaminhados para reciclagem são vendidos a recicladoras parceiras e geram recursos para que a própria comunidade reinvista em projetos locais, melhorando as condições de vida do lugar. A metodologia foi reconhecida pela Agência Ambiental do Governo dos Estados Unidos (IPA) e ganhou a chancela de Tecnologia Social pela Fundação Banco do Brasil. Em 2018 foi concluído o apoio financeiro do Instituto BRF ao projeto e o Instituto passará a integrar a estrutura de governança do projeto que ainda está em desenvolvimento. 21 5. CONCLUSÃO A partir das pesquisas e estudos apresentados neste trabalho sobre a empresa BRF S.A, é claro notar a sua relevância na sociedade atual tendo em vista toda a sua dimensão mundial sendo uma das maiores empresas de alimentos do mundo. Sendo assim, conclui-se que a empresa, atendendo as demandas do mercado atual, no qual a sociedade passa a buscar organizações ambientalmente corretas e sustentáveis, e também atendendo a legislação vigente devido ao seu alto impacto socioambiental, investe de forma considerável em tecnologias e pessoas prezando por uma boa gestão ambiental. A BRF preocupa e busca preservar os recursos naturais, até por questão que eles impactam diretamente em suas atividades em caso de escassez, como exemplo a agua. Ela ainda no que tange o controle de seus resíduos sólidos e efluentes prima pela redução, reciclagem e reutilização de materiais em toda cadeia de valor, buscando manter o ciclo fechado semelhante a um ecossistema natural, e para aqueles que são classificados como rejeito preza pela sua devida destinação ambiental. E por fim, ainda mais importante, a BRF investe em pessoas, seu capital humano, no qual possui plena capacidade e potencial de fazer a diferença no plano de recuperação. Sendo assim, o presente trabalho de estudo e pesquisa da empresa BRF S.A, possibilitou o reconhecimento da importância das disciplinas ministradas neste segundo bimestre no ambiente virtual de aprendizagem-AVA, fortalecendo o laço de aprendizado entre aluno e empresas. 22 REFERÊNCIAS BRF. Relatório Anual e de Sustentabilidade 2018. Disponível em: <https://www.brf-global.com/wp-content/uploads/2019/05/Relat%C3%B3rio-Anual-e- de-Sustentabilidade-BRF-2018.pdf> Acesso em 29 de Setembro de 2019. CHERTOW, M., Industrial Symbiosis: Literature and Taxonomy, Annual Review of Energy and Environment, V.25. EUA, 2000. ERKMAN, S., Industrial Ecology: an historical view, Journal of Cleaner Production, V. 5, Elsevier Science. Inglaterra, 1997. ERKMAN, S., Industrial Ecology: a new perspective on the future of the industrial system, Assemblée annuelle de la Société Suisse de Pneumologie. Suíça, 2001. FRAGOMENI, A.L., Parques Industriais Ecológicos como Instrumento de Planejamento e Gestão Ambiental Cooperativa, PPE/COPPE/UFRJ. Brasil, 2005. GARNER, A., Industrial Ecology: An Introduction, Pollution Prevention and Industrial Ecology, University of Michigan. EUA, 1995. GERTLER, N., Industrial Ecosystems: Developing Sustainable Industrial Structures, Massachusetts Institute of Technology (MIT). EUA, 1995. JELINSKI, L.W., GRAAEDEL, T.E., LAUDISE, R.A., McCALL, D.W. e PATEL, C.K.N., Industrial Ecology: Concepts and Approaches, Procedures National Academy of Science, V. 89. EUA, 1992. VEIGA, L. B. E., Diretrizes para a implantação de um parque industrial ecológico: uma proposta para o PIE de Paracambi, PPE/COPPE/UFRJ. Brasil, 2007.
Compartilhar