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Autoacusação falsa em concurso de crime

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Universidade de Ribeirão Preto
Faculdade de Direito Laudo de Camargo
Curso de Direito
Estudo de caso: autoacusação falsa em concurso de crime
MARIA EDUARDA CASTRO CORRÊA
RIBEIRÃO PRETO
Maio/2020
ESTUDO DE CASO: AUTOACUSAÇÃO FALSA EM CONCURSO DE CRIME
RESUMO
O presente trabalho acadêmico tem como finalidade examinar e deliberar a respeito do estudo de caso apresentado, que se refere aos crimes contra a Administração da Justiça, na condição de auto acusação falsa, denunciação caluniosa ou crime contra honra, ademais a probabilidade de concurso de crimes. Para tanto serão utilizadas leis, doutrinas e jurisprudências que fundamentem os argumentos a seguir dispostos.
1 INTRODUÇÃO
O estudo de caso prevê a seguinte situação: Zulmiro comparece à Delegacia mais próxima e confessa ter matado Heleno, em concurso de agentes com Kátio. No entanto, não houve crime, Heleno está vivo e Kátio desconhece todos esses fatos. Com base nisso, qual será a responsabilidade penal de Zulmiro?
Pode se observar, ao analisar o evento, que seguramente houve prática de crime de autoacusação feita por Zulmiro, o que resta determinar é a responsabilidade deste por atribuir falso crime a terceiro, e se haverá no caso concurso de crimes.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Crime de autoacusação falsa 
O delito de autoacusação falsa está previsto no artigo 341 do Código penal: 
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Como transcreve o artigo supracitado, o autor desta infração, que pode ser qualquer pessoa já que é um crime comum, se auto acusa perante autoridade, de forma dolosa e espontânea, sobre crime que não aconteceu ou que foi praticado por outrem, neste último caso é necessário que o sujeito ativo não tenha sido autor, coautor ou participe do crime cuja autoria atribui a si próprio. 
O bem jurídico tutelado é a Administração Pública, sua autoridade, integridade e sua respeitabilidade, perante a coletividade. 
Trata-se de crime formal, ou seja, sua consumação ocorre no instante em que a autoridade toma conhecimento da autoacusação. É dispensável verificar se a autoridade iniciou investigações, inquérito ou diligências, ao contrário do que ocorre no crime de denunciação caluniosa. Por essa razão uma retratação do agente, funcionará apenas como atenuante genérica. 
Com base nessas informações se pode concluir que no caso em analise o agente cometeu o crime de autoacusação falsa, já que o contexto se enquadra perfeitamente às diretrizes previstas em lei. 
2.2 Atribuir falso crime a terceiro – concurso de crimes
No tocante a atribuição de falso crime a terceiro, há correntes divergentes que preveem responsabilidades distintas ao agente. Cabe agora, analisarmos as duas principais ideias a respeito do assunto. 
Segundo o pensamento de CAPEZ (2018):
Se além da autoacusação, o agente atribui participação no delito a terceiro, haverá concurso formal heterogêneo com a denunciação caluniosa, pois com uma só ação deu causa a dois resultados diversos. 
O autor afirma que neste caso ocorre o concurso formal entre autoacusação e denunciação caluniosa. Cabe agora, analisar o crime de denunciação caluniosa, previsto no artigo 339 do Código Penal: 
Art. 339 Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
De acordo o trecho acima, entende-se por denunciação caluniosa o agente que imputa a alguém fato criminoso sabendo de sua inocência, com o dolo, de provocar a iniciativa da autoridade, uma movimentação desnecessária do judiciário. Consuma-se com a instauração de investigação policial, de processo judicial, de investigação administrativa, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém.
CAPEZ (p. 459, 2012) ainda faz uma diferenciação entre denunciação caluniosa e comunicação falsa de infração, ao ponto de eliminar a segunda hipótese neste caso. Segundo ele na denunciação caluniosa o sujeito indica uma pessoa determinada como autora da infração, já na comunicação falsa de infração penal, ao contrário, o agente não aponta um indivíduo determinado como autor do crime ou da contravenção que alega ter acontecido. 
Em contrapartida BITENCOURT (p. 316, 2018) entende que: 
É possível que o agente, ao autoacusar-se falsamente, possa, ao mesmo tempo, acusar terceiro inocente; nessa hipótese, responderá em concurso formal com o crime contra a honra. O sistema de aplicação de pena — cúmulo material ou exasperação — dependerá dos desígnios do agente, único ou autônomos, respectivamente.
O autor citado, defende que o agente que autoacusar-se falsamente e acusar terceiro inocente responderá por autoacusação em concurso formal com crime contra a honra, disposto no artigo 138 do Código Penal, que diz: 
Art. 138 Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Analisando as duas correntes doutrinarias apresentadas, com base no caso em estudo, compreende-se ser a de BITENCOURT a mais correta, posto que, como foi visto, para se consumar a denunciação caluniosa a autoridade teria que ter iniciado uma movimentação desnecessária do judiciário, e o caso nada se refere a isso. Então não seria correto presumir tal acontecimento, nem mesmo sua tentativa. 
3 CONCLUSÃO
Em face do exposto é concludente que o caso em analise se configura crime de autoacusação falsa, contudo no que se refere a atribuição de falso crime a terceiro pode-se concluir que não se enquadra em crime de denunciação caluniosa, por falta de informações e indícios que possibilitem deduzir uma movimentação desnecessária do judiciário ou a intenção deste pelo o agente. Também não se enquadra o crime de comunicação falsa de infração penal, posto que o réu Zulmiro indica, além de si mesmo, pessoa determinada como autora da infração. 
Feito isso, com base nos distintos entendimentos sobre o assunto, se sobressaiu o entendimento de que ocorrerá concurso formal com o crime contra a honra. 
Destarte, levando em consideração a teoria da exasperação, qual seja, a aplicação da pena mais grave dos crimes em concurso, com acréscimo de 1/6 à metade a critério do juiz, o réu Zulmiro responderá por crime contra a honra, tipificado no artigo 138 do Código Penal, caso condenado a pena prevista é de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, com acréscimos de até 1/6 a metade. 
REFERÊNCIAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte especial 5 : crimes contra a administração pública e crimes praticados por prefeitos. 12. ed. São Paulo. Saraiva Educação, 2018.
CAPEZ, Fernando. Direito penal simplificado: parte especial.16. ed. São Paulo. Saraiva, 2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, parte especial: arts. 213 a 359-H. volume 3, 16 ed. atual. São Paulo. Saraiva Educação, 2018.

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