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quais se caracterizária o confisco, cabendo ao cri- tério prudente do juiz tal aferição, que deverá se pautar pela razoabi- lidade. A exceção deu-se na Argentina ta época, fixou em 33% o limite maxi codiscatória. 6.2. Tráfego de Pessoas (art. 150, V) O art. 150, item V da CF proíbe , soas por meio de tributos interestaau da a cobrança de pedágio pela utilizaç' der Público. A vedação surgiu em in4 e se acrescida, nas Constituições de 1946 do pedágio. O fundamento da imunidade él Estado de Direito é absoluta e priorit ideias de justiça ou utilidade_ A imunidade protege contra a in também, contra a cobrança de ingre ferir a liberdade de locomoção. Mas posto sobre os serviços intermunicip ou de turistas ou as taxas de embarq direitos individuais. O pedágio pode ser cobrado porcpii co. A sua ressalva no texto constitucio telar da hipótese em que o poder públ 6.3. Tráfego de Bens a) Comércio Interno (art. 150, V) A CF proíbe, ainda, no art. 150 bens por meio de tributos interestadU A vedação surgiu explicitament4 nas sucessivas reescrituras constituc- reta da jurisprudência americana, qu na da "embalagem original" (origi poderia haver tributação enquanto seu envoltório e, portanto, fora do ci A imunidade aos tributos sobre damento precipuo na proteção da /i irnportante para a sua conceituação o e a jurisprudência, em cer- incidência tributária não- tações ao tráfego de pes- intermunicipais, ressalva- vias conservadas pelo Po- êve Sicità agde 67, da ressalva da cobrança erdade de ir-e-vir, que no Nada tem que ver com as ncia de qualquer tributo e, ao-tributários que possam brange, por exemplo, o im- transportes de passageiros aeroportos, que não ferem o é tributo, mas preço públi- meramente didática ou cau- e atribua o regirne da taxa. as limitações ao tráfego de u interrnunicipais. exto de 1891 e se manteve Recebemos a influência di- "alrnente elaborou a doutri- ckage), segundo a qual não cadoria se encontrasse em a cornercialização. fego de bens tem o seu fun- de de coinércio. Também é cipio do federalismo. 66 67 A imunidade veda a- intidêntia de -qualquer tributo: imposto, taxa, contribuição ou empréstimo compulsório. Mas não exclui a do ICMS, que é cobrado depois que a mercadoria proveniente de outro Estado se incorporar definitivamente à massa de bens do Estado des- tinatário. Nem proíbe as taxas verdadeirarnente contraprestacionais. A CF, ao contrário dos modelos anteriores, refere-se a "bens" e não mais a "mercadorias". O objetivo é deixar claro que é imune tam- bém a circulação interestadual de gases e de outros bens que, por não serem "empacotados", poderiam oferecer resistência à conceituação como mercadorias. b) Comercio Exterior (art. 155, § 2°, X, a; art. 149, § 2°, 1) Superando a velha'aientação mercantilista de tributar aspera- mente as ex'portações., que nos veio dos tempos coloniais e perdurou até recentemente, o direito constitucional tributário aderiu à ideia de imunidade das exportações à incidência de tributos, principalmente o IPI, o IGMS, o IS S e as contribuições sociais e econômicas». O art. 153, § 3°, III, da CF prevê a não-incidência do IP' sobre produtos industrializados destinados ao e3rterior, garantindo a legisla- ção ordinária o direito à manutenção dos créditos fiscais relativos às operações anteriores. O art. 155, § 2°, X, a, na redação dada Pela EC 42/03, estabece que o ICMS não incidirá Nobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exte- rior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores". O dispositivo supre o déficit- de- legitimidade constitucional da Lei Kandir (LC 87/96), que já havia introduzido idêntica providência, ampliando o rol das exportações imunes, que no -texto originário da CF 88 só protegia as referentes aos produtos industrializados e aos semi-in- dustrializados. O art. 156, § 3°, inciso II, da CF, segundo a dicção da EC 37/02, diz que cabe à lei complementar excluir da incidência do ISS "expor- tações de serviços.para o exterior". Embora deixada à competência da lei complementar, essa não-incidência constitucional do ISS é autên- tica imunidade, pois se justifica pelo principio da liberdade de comér- cio internacional e pelos direitos fundamentais e consona com a imu- nidade garantida no campo dos serviços sujeitos ao ICMS (art. 155, §, 2°, X, a). O art. 149, § 2°, I, na redação da EC 33/2001, estabeleceu as contribuições sociais e de intervenção no dornir' do econômico ... "não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação". O dispositivo atinge sobretudo as contribuições sociais exóticas, que são aquelas com as características dos impostos com destinação especial (CO- FINS, PIS, CSLI4 e que vinham tirando as condições de competitivi- dade das mercadorias brasileiras no comércio exterior e causando o desemprego. A nova disciplina das exportações constitui vera imunidade tribu- tária, porque encontra fundarnento na liberdade de comércio: É bem verdade que o STF já havia apelidado de irnunidade a não-incidência do ICMS sobre a exportação de produtos industrializados (Súmula 536); mas aquela medida era conjuntural e parcial e se justificava por argumentos de utilidade, sem relação com os direitos fundarnentais. A imunidade às exportações está declarada em diversos dispositi- vos da Constituição dos Estados Unidos (art. 1°, 8, 3; art. 1°, 9, 5; art- 1°, X, 2). E tem sido apontada como fator de progresso e desenvolvi- mento da ecor,omia americana, devendo a interpretação lá adotada influenciar a compreensão do terna no Brasil. 6.4. Min' imo Existencial O problema do mínimo existencial se confunde com a própria questão da pobreza. Há um direito às condições mínimas de existência humana digna que não pode ser objeto de incidência fiscal e que ainda exige prestações estatais positivas. O mínimo existencial não tem conteúdo especifico. Abrange qualquer direito, ainda que originariamente não-fundamental (direito à saúde, à alánentação etc.), considerado em sua dimensão essencial e inalienável. Sem o mínimo necessário à existência cessa a possibilidade de sobrevivência do homem e desaparecem as condições iniciais da liber- dade. A dignidade humana e as condições materiais da existência não podem retroceder aquém de um mínimo, do qual nem os prisioneiros, os doentes mentais e os indigentes podem ser privados. O fundamen- to do direito ao mínimo existencial, por conseguinte, reside nas condi- ções para o exercício da liberdade, que alguns autores incluem na U- berdade real, na liberdade positiva ou até na liberdade para ao fito de diferençá-las da liberdade que é mera ausência de constrição. O Mínimo existencial, que não tem dicção normativa específica, está compreendido em diversos princípios constitucionais. O da 69 68 igualdade assegura a proteção contra a pobreza absoluta, eis que esta resulta da desigualdade social. A igualdade, aí, é a que informa a liber- dade, e não a que penetra nas condições de justiça, tendo em vista que esta vai fundamentar a política orçamentária dirigida ao combate à pobreza relativa. C) direito ao mínimo existencial está irnplícito tam- bém na proclamação do respeito à dignidade humana, na cláusula do Estado Social de Direito e ern inúmeras outras classificações constitu- cionais ligadas aos direitos fundamentais. O direito às condições mínimas de existência digna inclui-se en- tre os direitos da liberdade, ou direitos humanos, ou direitos indivi- duais, ou direitos naturais, formas diferentes de expressar a mesma realidade. O mínimo existencial exibe as características básicas dos direitos da liberdade: