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sem entrega de dinhei- ro) ou só parcialmente era verdadeiro (ex. compra-e-venda por baixo preço, que é doação); b) quando o art. 116, parágrafo único, do CTN diz que "a admi- nistração pode desconsiderar atos ou negócios praticados com a finali- dade de dissimular a ocorrência do fato gerador tributário" está se referindo à dissimulação do fato gerador abstrato e não à simulação do fato gerador concreto; c) a norma antielisiva não anula o ato ou negócio jurídico pratica- do pelo contribuinte, corno ocorre na simulação (art. 167 do Código Civil de 2002), senão que o requalifica, para reaproximá-lo da mens 162 incorporadas ao art. 43 do CTN pela LC 104/01:, "§ 1°— A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma da percepção". A legislação sobre os preços de transferên- cia (Lei ri9 9430, 27.12.96) introduziu o princípio arm's length, que sinaliza no sentido de que tais preços devem ser os de concorrência ou de mercado, sem superfaturamento nem subfaturamento, isto é, iguais àqueles praticados por empresas independentes, ou, metafori- camente, por pessoas situadas "à distância do braço" (arm's length). A própria LC 104/01 introduziu outra norrna antielisiva referente ao imposto de renda, ao acrescentar o § 2° ao art. 43 do CTN: "na hipó- tese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabele- cerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo"; a nova regra, que segue modelo adoMdo em outros 'países e foi complementada pelo art. 74 da Medida Provisória 2.158-34/01, visa a coarctar o abuso praticad1/2or empresas multinacionais que postergam o pagamento do tributo federal ao deixarem de disponibilizar para a empresa no Brasil oslucros auferidos pela controlada ou coligada no exterior. A norma específica antielisiva no caso da subcapitalização teve'por obje- tivo limitar o valor dos emprésti_mos e dispor a respeito dos 'casos de incidência de imposto sobre os jüroS; os dispositiVos'princiPais -vieram' pelos arts. 22 e 24 cia Lei 9.430/96, na redação da MP 472/09. IV. CORREÇÃO 22. CONCEITO A correção (ou interpretação contra legem) é o modo de supera- ção das antinomias do Direito, embutindo-se, juntamente com a inte- gração, entre as formas de complementação jurídica: atua além da possibilidade expressiva da letra da lei. As antinomias são erros, incor- reções ou contradições entre normas ou princípios do Direito. O objetivo da correção é dar coerência ao ordenamento jurídico, extirpando-lhe as antinomias. A diferença maior entre a correção e a integração está em que aquela Opera negativamente, excluindo a antinomia, enquanto a inte- gração age positivamente, colmatando as lacunas. Mas há certa impre- cisão entre os respectivos limites, podendo as contradições inconciliá- veis se transformar em lacunas. São igualmente fluídicas as fronteiras entre a correção e a inter- pretação, pois a primeira não é apenas processo lógico, mas também valoràtivo. Demais disso, a antinomia, que decorre sempre da incom- patibilidade entre textos interpretados, pode desaparecer quando se adota uma outra interpretação. O princípio da interpretação confor- me a Constituição evita o diagnóstico das antinomias. 23. CRITÉRIOS DE CORREÇÃO Diversos são os métodos para a superação das antinomias. A contradição, por exemplo, existente entre normas de igual hie- rarquia é sanada com a revogação da norma anterior pela posterior, na forma prevista no Código Civil (lex posterior derogat legi priori). Se a antinomia se der entre normas de diferentes graus de hierarquia, a norma superior revogará a inferior (ier. superior derogat legi inferior°. Outra forma de Correção do Direito é a dos erros de expressão da lei, que se faz mediante a republicação no Diário Oficial, desde que se trate realmente de erro de publicação, e não dos próprios autógrafos. A equidade também corrige o direito legislado. O Código Tributário alemão continha uma autorização permanentemente aberta ao Ministro da Fazenda para conceder a remissão por equidade nos casos em que o pagarnento do imposto fosse desaconselháyel, injusto ou iníquo diante da posição da pessoa. O Código TribUtário Nacional transplantou para cá esse dispositivo (art. 172, IV) e abriu também a possibilidade de o Mi- nistro da Fazenda conceder a remissão, faculdade que se estende aos Secretários de Estado de Fazenda e até aos Prefeitos. Ocorre quando há uma injustiça muito grande na aplicação da lei ao caso emergente. A norma tributária abstrata não seria injusta, mas a sua incidência concreta tomar-se-ia iníqua, em virtude da situação especialíssima do sujeito pas- sivo. Essa hipótese de equidade para a correção do direito foi indicada por Aristóteles, na Retórica. Observe-se que o juiz não pode aplicar a remissão por equidade, reservada que foi a competência ao Ministro da Fazenda ou ao Secretário de Estado de Fazenda quando, pela interpreta- ção, chegar à conclusão de que, realmente, aquele é um caso que merece uma proteção especial 24. DIREITO DE RESISTÊNCIA, ANTINOMIAS DE PRINCÍPIOS E PONDERAÇÃO DE INTERESSES No campo da complementação do Direito Tributário aparecem também os grandes problemas relacionados com a correção das anti- 164 165 Emenda ri=i 23/83, conhecida 'como Emen a errônea interpretação dada pelo STF a' rentes ao ICM). Alguns outros meios de resistência à , A sonegação, por exemplo, surge' às veie rigor das incidências tributárias e à prol') ordem fiscal. A economia informal, cora mento das obrigações fiscais, expressa na as antinomias entre os princípios e valoi. torno do Legislativo e do Judiciário, emb, vel, é outro sintoma da desarmonia em Mas é muito difícil detectar a injustiça s meios informais, que pode se aproximar tar da fragilidade da própria noção de ci Quando as contradições entre princí se tomam insuperáveis, presencia-se a fiscal ou das revoluções. São inúmeros ai dificação da ordem jurídica em razão das teceu com o advento do Estado Fiscal e c séc. XVIII, especialmente na França e ia Mas as antinomias entre princípios gem a correção, eis que às tezes a contra da com a ponderação. Na análise ido caso maior peso ao princípio que melhor reso vista valorativo, sem que daí resulte qu esteja revogado ou excluído do sistema; tributiva, por exemplo, princípios em ponderados diante dos interesses-em jog6 tância, deve exibir o maior peso.. Volta-k interpretação, tomando-se desnecessária nomias 'irreconciliáveis. NOTAS COMPLE I. Bibliografia: BEISSE, Heinrich. O Critério Ec Tributárias Segundo a Mais Recente Jurisprudên DO (Coord.). Dire-ito Tributário_ Estudos em H guerra. São Paulo: Saraiva, 1984, p. 1-39; BETT pretarione. :Milano: Giuffrè, 1955; BOBBIO, Nor to Italiano. Torino: UTET, 1957,-V I (I), p. 601- ossos Porto, Qtle corrigiu eros. dispositivos refe- tiça fiscal são illf07-771CliS O reação ao excessivo alta de legitimidade da onsequente descumpri- o o inconformismo com lobby, organizado em em sernpre recomendá- s princípios tributários. tível de resistência por gumento cínico e resid- a fistal tributários se aguçam e reção através da revolta mplos históricos de mo- tiças fiscais, corno acon- as grandes revoluções do ados Unidos. tários nem sempre exi- é aparente, sendo sana- rgente o intérprete dará o problema do ponto de rincípio de menor peso lidade e capacidade con- ente tensão, devem ser r qual, em cada circuns- essa forma, ao campo da reção, reservada às anti- co na Interpretação das Leis mã. In. BRANDA° MACHA- gerir ao Prof. Ruy Barbosa No- -o. Teoria Generale della Inter- Analogia. In: NOVISSiMODiges-