237 pág.

Pré-visualização | Página 7 de 50
à lei, enquanto o Direito Adrninistrativo opera com maior discriciona- riedade e cuida de atividade finalista. 4.4. Direáo Penal . Estreito também é o relacionamento entre o Direito Financeiro — e especialmente o Direito Tributário — e o Direito Penal. Há, toda- via, urna distinção fundamental: a pena, inclusive a penalidade pecu- niária ou multa fiscal, emana do poder de punir, atribuído ao Estado no pacto constitucional, e não do poder tributário, do qual procedem o tributo e a obrigação de contribuir para as despesas do Estado, com fundamento no dever de solidariedade. Dai por que a doutrina hodier- na defende a existência de um Direito Penal Financeiro, nele incluído o Direito Penal Tributário, deixando de lado a concepção do Direito Financeiro Penal. Dedicaremos urn capítulo ao Direito Penal Tributário (p. 327 e seguintes), com o estudo das infrações e das sanções em matéria fiscal. 4.5. Direito Internacional Difícil e controvertido também é o relacionamento entre o Direito Financeiro e o Direito Internacional, a depender das diversas teorias acerca das relações entre o Direito Interno e a ordem internacional. A maior parte da doutrina e, no Brasil, também a legislação e a jurisprudência defendem a existência do Direito Internacional Finan- ceiro, nele compreendido o Direito Interriacional Tributário, que aponta para a prevalência da ordem internacional sobre a interna. Com a obra de Kelsen a teoria do primado do Direito Internacional checa ao seu paroxismo: o Direito Estatal existe por mera delegação do Direito das Gentes; o fundamento de validade do sistema jurídico interno encontra-se na ordem internacional, assim do ponto de vista espacial que temporal; só a ordem internacional, e não a ordem esta- tal, é soberana (Reine Rechtslehre. Viena: Franz Deuticke, 1967, p. 334 e 336). Assim sendo, o Direito Financeiro interno sofre a influên- cia direta dos tratados e convenções internacionais, desde que aprova- dos pelo Congresso Nacional. O CTN diz, no art. 98, que "os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tri- butária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha". 71 20 Os adeptos do primado do Direito Interno, hoje em franca deca- dência, defendem a existênc-ia do Direito Financeiro Internacional. Pica inexplicado, entretanto, corno a ordem interna pode condicionar a internacional. Há pertas correntes. doutrinárias que defendem a teoria dualista, pregando a separação entre a ordem jurídica internacional e a nacio- nal, que compõem dois sistemas específicos, embora comunicantes. Chegam, coerentemente, à dualidade de teorias, reconhecendo uma Ciência do Direito Internacional Financeiro ao lado de uma Ciência do Direito Financeiro Internacional, cada qual com o seu campo espe- . cifico de estudo. É fenómeno dos nossos dias a cooperação internacional entre os países, que juridicamente radic:a nas próprias Constituições nacionais. As regras de harmonização de sistemas tributários e financeiros sobe- ranos, especialmente no qlie concerne aos tributos incidentes sobre o começam a ganhar papel de relevo no Direito comércio exterior, Constitucional Financeiro, que passa a se colocar como vértice do re-lacionamento entre o Direito International e o Nacional. A mesma coisa acontece com o imposto de renda, que,: conceituado e 'regulado pela Constituição, conhece a harmonização de suas regras por inter- médio dos tratados para evitar a bitributação. Nas últimas décadas vai crescendo o direito cosmopolita ou direi-to dos povos, de inspiração kantiana, que se afirma no espaço suprana- cional e transnacional e não se esgota nas relações diretas entre as soberanias. Compreende o direito comunitário (União Europeia, Mercosul, Alca, etc), o difjeito das entidades supraestatais (Banco Mundial, FMI, OMC, OCDE) e o direito das empresas, da cidadania mundial e das organizações não-estatais (ONGS). 4.6. Direito Processual As finanças públicas — especialmente as questões tributárias — necessitam da garantia jurisdicional. Cabe, assirn, falar de um Direito Processual Firuznceiro, nele compreendido o Direito Processual Tribu-tário, com normas e princípios formal e materialmente processuais. O Código de Processo Civil e a legislação processual extravagante ofere- cem divPrsos meios para a garantia do crédito tributário, da atividade financeira e dos direitos fundamentais dos cidadãos: a execução fiscal para a cobrança da dívida ativa; a ação anulatória, para a declaração de çamento tributário; a ação de repetição do indébito nulidade do lan fiscal, para a restituição da cobrança indevida etc. 22 Direito Processual e Direito Fina plano teórico. Plá certas correntes clO o' Direito Tributário no Processual, da Cl2 de constituir a própria obrigação , Quanto ao processo tributário ad perante as instâncias administrativas tribuintes) no exercício da autotutel com o Direito Administrativo que co 4.7. Direito Previdenciário e AÉsistencia O Direito Previdenciário e Assisit cala, no Direito Financeiro. Os probl cios, da entrega de prestações financ população, da garantia da aposentad todos eles relacionados com a, ativida Na vertente da receita, todavia, õ vel, pois se controverte a respeito da do poder tributário do Estado. No re as contribuições sociais integravam-s de, destinando-se ao parafisco, isto-é, ao núcleo da adrninistráção do Esta de prestar serviços paralelos e inesse tos, definidos como as prestações co blica, arrecadada para a defeSa dos todavia, incluiu as contribuições socia tária (art. 149), em opção tiPicamen levado a maior parte da doutrina braJ de que tais contribuições adquiriram fenômeno da parafiscalidade se dilui ri videnciário e Assistencial se confun4 Tributário. Uma das consequências à. parafiscalidade foi, no plano instituc Receita Federal do Brasil (Lei n°11.45 taria da Receita Federal e a Secretariai 4.8. Política do Direito al se subsume, em larga es- s do pagamento de benefi- às camadas mais pobres da da assistência médica estão anceira. cionarnento é mais discuti-- ão da parafiscalidade diante e 1967-69 entendia-se que fenômeno da parafiscalida- rgãos que, não pertencendo o paraestatais, incumbidos distinguiam-se dos tribu- -filiação essencialmente pú- s fundamentais. A CF 88, bojo da Constituição Tribu- tervencionista, o que tern e o STF a defender a tese eza tributária, com o que o fiscalidade e o Direito Pre- grande parte com o Direito nfusão entre fiscalidade e a criação da Secretaria da 07), que congrega a Secre- eceita Previdenciária. o relacionam-se também no árias que pretendem diluir ao lançamento fiscal a eficá- ária (vide p. 277). strativo, que se desenvolve torias e Conselhos de Con- legalidade, entende melhor ocessual. O Direito Financeiro está em int Direito. Melhor, talvez, falar de Polític tamente conectada à Política Fiscal cá relação com a Politica do Direito Financeiro, estrei- nceira, tendo em vista que 73 a rígida separação entre Direito, Política e Economia era opinião posi- . . . tivista. Muito próximo desse conceito de Política do Direito estão os de polícia e de policy, que projetam a problemática das políticas públicas (econômica, social, financeira etc.) e das policies (Public Policy, Social policy, Science Policy). Mas a verdade é que a Politica do Direito não constitui nenhuma disciplina autônoma extrajurídica, senão que é um aspecto, uma dire- ção ou um problema dentro da Filosofia do Direito e da própria Ciên- cia do Direito. Não se trata, todavia, de projeção de mera política em torno do Direito, nem de decisões politicas que dão origem à ordem estatal, nern de manipulação do poder. Cuida-se antes da instituciona- lização do poder, da