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29 A função das vias colinérgicas são complexas, porém envolvem geralmente a junção neuromuscular (JNM), o sistema nervoso autônomo e o sistema nervoso central. Apesar das numerosas e importantes ações fisiológicas da acetilcolina, as aplicações terapêuticas atuais dos fármacos colinérgicos e anticolinérgicos são limitadas. NEUROTRANSMISSORES (NT) DO SN PARASSIMPÁTICO A imagem abaixo apresenta as vias parassimpáticas que usam a acetilcolina: está ocorrendo uma transmissão neuronal. O neurônio pré-sináptico (presente no SNC) está realizando sinapse com neurônio pós-sináptico (presente na periferia), este último neurônio estando em contato (sinapse) com o tecido alvo. Observe que em todas as sinapses mencionadas, o único neurotransmissor liberado é acetilcolina. Para que a acetilcolina exerça seus efeitos, é necessária a interação com receptores específicos. Na primeira sinapse, a acetilcolina interage com o receptor nicotínico (canal de sódio). Quando ocorre essa interação, os canais de sódio abrem. O sódio entra no neurônio, despolarizando a célula. Essa despolarização permite que o neurônio libere acetilcolina na segunda sinapse. Na segunda sinapse, a acetilcolina interage com o receptor muscarínico. Lembre que a ACh é um neurotransmissor excitatório (porque causa despolarização). EFEITOS SOBRE SNC As funções da Acetilcolina no sistema nervoso central incluem: ❖ Modulação do sono; ❖ Estado de vigília; ❖ Aprendizagem e memória; ❖ Supressão da dor em nível da medula espinal; ❖ Funções essenciais em plasticidade neural; ❖ Desenvolvimento neural inicial; ❖ Imunossupressão; ❖ Epilepsia. SN AUTÔNOMO (SNA) SN SIMPÁTICO estado de alerta SN PARASSIMPÁTICO atividades basais farmacologia colinérgica TRATAR DAS PROPRIEDADES DO NEUROTRANSMISSOR ACETILCOLINA(ACh). 30 RECEPTORES DOS ÓRGÃOS EFETORES Os receptores colinérgicos com quem a acetilcolina interage são: ❖ Nicotínicos (canais de sódio). o estão localizados nos gânglios do sistema nervoso ou no músculo esquelético. ❖ Muscarínicos (M) são acoplados a proteína G. o M1, M2, M3, M4 e M5. RECEPTORES MUSCARÍNICOS Os receptores muscarínicos são subdivido em cinco tipos: ❖ M1: o localizado no SNC. o excitatórios. o ACh interagindo com o M1 pode causar convulsões. ❖ M2: o localizado no coração. o inibitórios. o acetilcolina age no coração, diminuindo os batimentos cardíacos. ❖ M3: o localizado no TGI, brônquios, glândulas, músculo liso. o excitatórios. o mecanismo da acetilcolina no M3: aumenta a motilidade do TGI. aumenta secreção das glândulas aumenta contração do músculo liso. ❖ M4: o localizado no SNC. o inibitórios. ❖ M5: o localizado no SNC. o excitatórios. RECEPTORES NICOTÍNICOS A transmissão colinérgica nicotínica resulta da ligação da acetilcolina ao nAChR. Quanto à sua estrutura, o receptor nicotínico de acetilcolina é constituído por 5 subunidades, designados como α, β, γ, δ e ε. são necessárias duas moléculas de acetilcolina para abrir o canal de sódio. ENZIMA ACETILCOLINESTERASE A acetilcolinesterase (AChE), enzima responsável pela degradação da acetilcolina, é também um importante alvo farmacológico. em um determinado momento, a acetilcolina vai se desligar do receptor e a AChE vai degradar a acetilcolina para que se encerre a resposta. ou seja, a acetilcolinesterase é uma enzima que diminui os níveis de acetilcolina. CASO CLÍNICO: PACIENTES COM ALZHEIMER O paciente que tem Alzheimer necessita de acetilcolina no sistema nervoso central para que se estimule aprendizagem, memória etc. No entanto, o paciente não tem acetilcolina suficiente na fenda sináptica. Logo, utilizamos um fármaco inibidor da acetilcolinesterase. DICA: Todos os receptores muscarínicos impares são excitatórios, enquanto os pares são inibitórios. 31 EFEITOS DA ACETILCOLINA SOBRE SNC A importância clínica da ACh na função cognitiva é ilustrada pela fisiopatologia e pelo tratamento da Doença de Alzheimer (DA) e de outras demências neurodegenerativas; as demências neurodegenerativas e a lesão cerebral provocam disfunção colinérgica central. CLASSES E AGENTES FARMACOLÓGICOS Esses fármacos são usados principalmente para: ❖ Modulação da motilidade gastrintestinal; ❖ Xerostomia (Boca seca); ❖ Glaucoma; ❖ Cinetose (antieméticos); enjoos. ❖ Doenças neuromusculares, como a miastenia gravis; ❖ Bloqueio neuromuscular agudo e reversão durante a cirurgia; ❖ Bloqueio ganglionar durante a dissecção da aorta; ❖ Cefaleia e síndromes dolorosas; ❖ Reversão da bradicardia; ❖ Midríase (Dilatação da pupila); ❖ Doença pulmonar obstrutiva crônica, como broncodilatador; ❖ Espasmos vesicais e incontinência urinária; ❖ Efeitos cosméticos sobre as linhas cutâneas e rugas; ❖ Tratamento da doença de Alzheimer, disfunção cognitiva e demência. INIBIDORES DA SÍNTESE, DO ARMAZENAMENTO E DA LIBERAÇÃO DE ACETILCOLINA Os primeiros dois medicamentos que iremos mencionar são utilizados apenas para pesquisa científica, ainda não são de uso clínico. HEMICOLÍNIO – 3 Bloqueia o transporte de alta afinidade da colina – impede a captação necessária para a síntese de acetilcolina. VESAMICOL Bloqueia o antiportador de ACh-H+ utilizado para transportar a ACh nas vesículas – impede o armazenamento de acetilcolina. TOXINA BOTULÍNICA Produzida por Clostridium botulinum – impede a fusão da vesícula sináptica com a membrana da terminação axônica (pré-sináptica). Essa propriedade de paralisia é empregada no tratamento de várias doenças associadas a aumento do tônus muscular. Utilizada para tratamento estético de linha faciais ou rugas e é usada no tratamento de várias cefaleias e síndromes dolorosas. 32 INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE Inibem a acetilcolinesterase, elevando a concentração de acetilcolina endógena liberada na fenda sináptica. Os fármacos incluídos nessa classe são também designados como agonistas dos receptores da acetilcolina de ação indireta; Poucos inibidores da acetilcolinesterase atuam de modo direto. Por exemplo, a neostigmina, carbamato quaternário, não apenas bloqueia a acetilcolinesterase, como também se liga aos nAChR na junção neuromuscular, ativando-os. Todos os agonistas colinérgicos de ação indireta interferem na função da acetilcolinesterase por meio de sua ligação ao sítio ativo da enzima. Existem três classes químicas desses agentes: ❖ álcoois simples com um grupo amônio quaternário; ❖ ésteres do ácido carbâmico de álcoois que apresentam grupos de amônio quaternário ou terciário ❖ derivados orgânicos do ácido fosfórico. → inibe irreversivelmente a enzima AChE, aumentando os níveis de acetilcolina no corpo. INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS ❖ Causa: Exposição a inseticidas. ❖ Efeitos: o bradicardia intensa o dificuldades respiratórias o salivação o micção e diarreia incontrolável. o hipotensão o sudorese o miose (contração da pupila) o cólicas o excitação o convulsão e parada respiratória ❖ Procedimentos o ventilação artificial o procedimento farmacológico: utilizar um antagonista muscarínico. o recuperação da enzima com pralidoxina (substância que recupera a AChE). o reforço adrenérgico: adrenalina o anticonvulsivante PRINCIPAIS EFEITOS ANTICOLINESTERÁSICOS ❖ Miose e contração do músculo ciliar: aumento do lacrimejamento. ❖ Diminui frequência cardíaca: hipotensão. ❖ Broncoconstrição, aumento de secreções. ❖ Contração da musculatura lisa visceral (intestino, bexiga), aumenta peristaltismo e secreções. ❖ SNC → excitação inicial, convulsão, depressão, inconsciência. ❖ JNM → fasciculações, tensão de tremor → paralisia → parada respiratória.❖ Gânglios → estimulação → bloqueio. INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE MIASTENIA GRAVIS: • são produzidos autoanticorpos contra os receptores Nm. Esses anticorpos induzem a internalização de tais receptores e bloqueiam a capacidade de ACh de ativá-los. • os pacientes com miastenia gravis apresenta, fraqueza muscular significativa. APLICAÇÕES CLÍNICAS: • o Edrofônio (curta duração) – auxílio no diagnóstico de miastenia gravis. • para o tratamento crônico da miastenia gravis, os inibidores de AChE de ação mais longa, como piridostigmina e neostigmina, constituem os agentes preferidos; 33 APLICAÇÕES CLÍNICAS EM OUTROS CASOS: • Os inibidores da AChE medeiam outros efeitos terapêuticos ao potencializar as ações parassimpáticas nos tecidos-alvo; • A aplicação tópica desses inibidores na córnea diminui a pressão intraocular; • O principal efeito dos inibidores da AChE sobre o sistema gastrintestinal é aumentar a motilidade do músculo liso, embora produzam também aumento da secreção de ácido gástrico e saliva; • A neostigmina, fármaco mais popular para essa aplicação, tipicamente é usado para alívio da distensão abdominal. • Tacrina, Donepezila, Rivastigmina e Galantamina, estão indicadas para o tratamento da DA leve e moderada; • A Donepezila também é indicada para DA grave; • A Rivastigmina foi aprovada para o tratamento da doença de Parkinson com demência; • Com doses apropriadas, esses medicamentos são, em geral, bem tolerados e apresentam perfil favorável de efeitos adversos. AGONISTAS DOS RECEPTORES APLICAÇÕES CLÍNICAS: • Todos os agonistas dos receptores colinérgicos ligam-se ao sítio de ligação da ACh desses receptores. • Podem ser divididos em agentes seletivos para receptores muscarínicos e receptores nicotínicos. • Os agonistas dos receptores muscarínicos são usados clinicamente no diagnóstico da asma e como mióticos (agentes que provocam constrição da pupila). • Metacolina: é usada apenas no diagnóstico da asma, nessa aplicação, a hiper-reatividade brônquica característica da asma produz uma resposta de broncoconstrição exagerada; • Carbacol: é empregado principalmente como agente tópico, em geral no tratamento do glaucoma. A aplicação local do fármaco na córnea produz constrição da pupila (miose) e redução da pressão intraocular. • Betanecol: É quase totalmente seletivo para os receptores muscarínicos; • Trata-se de um fármaco de escolha para promover a motilidade dos tratos GI e urinário, principalmente para retenção urinária pósparto e relacionadas com fármacos. • Pilocarpina: fármaco terapeuticamente útil; age mais em receptores muscarínicos; tratamento do glaucoma. ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES APLICAÇÕES CLÍNICAS: • Os antagonistas dos AChR atuam por sua ligação direta ao sítio agonista, bloqueando competitivamente a estimulação do receptor pela ACh endógena ou pela administração exógena de agonistas do receptor; • Escopolamina: Usada como antiemético e antiespasmódico. o encontrada no buscopan. • Ipratrópio: usada no tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica, porém menos efetivo no tratamento da asma. • Recentemente, foi constatado que o tiotrópio apresenta eficácia semelhante e, possivelmente, superior à do ipratópio como broncodilatador no tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica. 34 • Atropina: obtida do extrato de beladona. • Propriedades farmacológicas: o taquicardia o midríase o inibição da motilidade gastrintestinal o sonolência o amnésia o euforia o broncodilatação o ressecamento da boca e pele.
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