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Aula 02 - Farmacoergasia

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FARMACOGNOSIA 
APLICADA 
Angela Sperry 
Farmacoergásia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Avaliar as condições de cultivo quanto à concentração de princípios 
ativos.
 � Descrever as condições adequadas para a colheita de plantas me- 
dicinais.
 � Validar técnicas de conservação de plantas medicinais.
Introdução
Nesse capítulo você vai estudar a importância do cultivo, da colheita, da 
secagem e do armazenamento de plantas medicinais para a obtenção 
de matérias-primas vegetais de qualidade, visando a garantir e promo-
ver a segurança e a eficácia no acesso a plantas medicinais e produtos 
derivados.
A obtenção de espécies vegetais com elevados teores de princípio 
ativo (metabólitos secundários), seu principal indicador de qualidade, 
exige o uso de tecnologias de cultivo, o conhecimento da época de 
plantio e de colheita, e o manejo da disponibilidade de umidade, lumi-
nosidade e nutrientes. Para tanto é recomendado seguir os princípios da 
agricultura agroecológica, bem como identificar corretamente a planta 
medicinal e conhecer as substâncias ativas e seu efeito farmacológico. 
São diversos fatores externos que influenciam no cultivo, processamento 
e armazenamento da espécie vegetal e, consequentemente, na produção 
de princípios ativos, os quais serão detalhados a seguir.
1 Cultivo de plantas medicinais e produção 
de princípios ativos
Antes de estabelecer o cultivo de plantas medicinais é fundamental conhecer 
a identificação da espécie, suas características etnobotânicas, adaptativas e 
farmacológicas, informações apresentadas em bases de dados científicos. 
É importante dar preferência a espécies nativas ou bem adaptadas à região.
O cultivo de plantas medicinais deve seguir normas de boas práticas da 
agricultura orgânica e ser feito em áreas isentas de contaminação por metais 
pesados, resíduos de agrotóxicos ou qualquer outra substância química não 
natural. Além disso, essas áreas devem estar situadas longe de rodovias de 
movimento intenso e áreas industriais, pois os poluentes lançados no ar nessas 
regiões também podem se depositar sobre as plantas e contaminá-las.
A síntese e o acúmulo de metabólitos secundários são bastante complexos 
e afetados por diversos fatores internos, que incluem variações genéticas, e 
fatores externos e técnicos, que podem ser minimizados com a boas práticas 
agrícolas e farmacêuticas. Vejamos, a seguir, quais são os fatores que influen-
ciam na produção de metabólitos secundários.
Temperatura
Para cada espécie existe uma temperatura ideal para cultivo, porém as espécies 
são capazes de se desenvolver em uma faixa considerável de temperatura. 
As variações de temperatura podem ser diárias, mensais e anuais, fator que 
também influencia o desenvolvimento da planta. Segundo Gobbo-Neto e 
Lopes (2007), a temperatura é determinada por outros fatores, como altitude 
e sazonalidade, não havendo muitos estudos sobre sua influência isolada. 
As baixas temperaturas, sem ser regra geral, têm demonstrado ter influência 
significante nos níveis de metabólitos secundários, como demonstra o Quadro 1.
Farmacoergásia2
Fonte: Adaptado de Li et al. (2020).
Classe de 
metabólito 
secundário
Nome do 
metabólito
Fator de 
variação
Níveis de 
concen-
tração
Espécie 
vegetal
Lactonas 
sesquiter-
penicas
Artemisinina Estresse 
metabólico 
causado 
por geada
Aumento de, 
aproximada-
mente, 60%
Artemisia 
annua
(artemísia-
-doce, losna 
verde)
Fenóis
Compostos 
fenólicos
Alta 
temperatura
Aumento Astragalus 
compactus
(dragão-
-verde)
Antocianinas
Baixa 
temperatura
Aumento Zea mays 
(milho)
Alta 
temperatura
Decréscimo Chrysan-
themum
(crisântemo)
Ácidos 
graxos
Ácido 
α-linoleico, 
ácido 
jasmônico
Baixa 
temperatura
Aumento Camellia 
japonica
(japoneira)
Quadro 1. Efeito da temperatura na produção de metabólitos secundários de plantas 
medicinais
Luz
A luz desempenha um papel fundamental na vida das plantas, influenciando 
na fotossíntese e em outros fenômenos fisiológicos, como crescimento, de-
senvolvimento, produção e armazenamento de princípios ativos. A falta de 
luminosidade ou seu excesso podem prejudicar esses processos. As plantas 
respondem às modificações em relação a seus metabólitos na proporção de 
luz e escuridão dentro de um ciclo de 24 horas. Esse comportamento é cha-
mado fotoperiodismo ou ritmo circadiano (GOBBO-NETO; LOPES, 2007; 
BRASIL, 2006).
3Farmacoergásia
Carqueja (Bacharis trimera) e camomila (Matricaria chamomilla), plantas amplamente 
utilizadas na terapêutica popular, quando em condições de maior intensidade luminosa, 
aumentam seu teor de óleo essenciais (OE).
Radiação ultravioleta
É comum haver efeito da exposição à radiação ultravioleta (UV), também 
chamada de luz UV, nos metabólitos de espécies medicinais. Um exemplo 
bem estabelecido é o aumento na concentração de compostos fenólicos em 
resposta ao aumento da radiação UV-B, os quais exercem papel protetivo contra 
a fotodestruição ao absorverem e ou dissiparem a energia solar, dificultando 
a danificação dos tecidos internos da planta. 
No caso específico dos flavonoides, por estarem armazenados, principal-
mente, em tecidos superficiais (como epiderme, subepiderme, pelos, cutícula 
e material epicuticular), eles são utilizados pela planta como filtros UV, pois 
absorvem a radiação UV-B, protegendo e conservando metabólitos ativos 
nessa região (GOBBO-NETO; LOPES, 2007). 
A luz UV e a exposição solar também promovem a biossíntese de alcaloi-
des absorventes de UV-B, antocianinas, carotenoides, flavonoides, lignina, 
fitoesteróis, saponinas e taninos (TAKSHAK; AGRAWAL, 2014; SPITALER 
et al.., 2006). Acompanhe no Quadro 2 os eleitos da luz e da radiação UV na 
produção de metabólitos secundários.
Farmacoergásia4
Classe de 
metabólito 
secundário
Nome do 
metabólito
Fator de 
variação
Níveis de 
concen-
tração
Espécie 
vegetal
Compostos 
fenólicos
Antocianinas, 
ligninas, taninos
UV-B
Aumento
Withania 
somnifera 
(ginseng 
indiano)
Ácidos fenólicos
Chrysan-
themum 
Astragalus 
compactus 
Arnica mon-
tana (arnica)
Sem efeito
Nasturtium offi-
cinale (agrião)
Chrysan-
themum
Escutelarina Exposi-
ção solar 
total
Aumento
Asparagus 
officinalis 
(aspargo)Flavonol, 
quercetina-4′-O-
monoglucosídeo
UV-B
Quadro 2. Efeito da alteração de luz e da radiação UV na produção de metabólitos secun-
dários de plantas medicinais
(Continua)
5Farmacoergásia
Fonte: Adaptado de Li et al. (2020).
Classe de 
metabólito 
secundário
Nome do 
metabólito
Fator de 
variação
Níveis de 
concen-
tração
Espécie 
vegetal
Alcaloides
Alcaloides
UV-B
Aumento
Withania 
somnifera
30 e 
50% de 
exposi-
ção solar 
Mahonia 
bodinieri
Sabinine, 
Borneol, 
Z-jasmone
50% de 
sombra
Flourensia 
cernua
Óleo essencial Exposi-
ção solar 
total
Mahonia 
breviracema
Outros
Saponinas
UV-B
Aumento
Withania 
somnifera
Fitoesteróis Withania 
somnifera
Ácido 
hexadenoico
50% de 
luz solar
Mahonia 
bodinieri
Glucosinolato UV-B Nasturtium 
officinale
Quadro 2. Efeito da alteração de luz e da radiação UV na produção de metabólitos secun-
dários de plantas medicinais
(Continuação)
Farmacoergásia6
Disponibilidade de água
A água é um elemento essencial para a vida e o metabolismo das plantas, porém 
o excesso ou a falta de água — estresse hídrico — levam a alterações no me-
tabolismo secundário. A chuva contínua pode resultar na perda de substâncias 
hidrossolúveis das folhas e raízes por lixiviação; sabe-se que isso se aplica 
a algumas plantas produtoras de alcaloides, glicosídeos e até mesmo óleos 
voláteis (GOBBO-NETO; LOPES, 2007). Já o estresse hídrico geralmente leva 
a um aumento na produção de vários tipos de metabólitos secundários, como 
glicosídeos cianogênicos, glucosinolatos, alguns terpenoides, antocianinas e 
alcaloides. O Quadro 3 demonstra exemplos desse fator.
Fonte: Adaptado de Adaptada de Li et al. (2020).
Classe de 
metabólito
secundário
Nomedo 
metabólito
Fator de 
variação
Níveis de 
concentração
Espécie 
vegetal
Fenóis
Fenólicos 
totais
Estresse 
hídrico
Aumento
Hypericum 
brasiliense 
(hipérico-
brasileiro)
Antocianinas Labisia 
pumila
Huperforina
Diminuição
Hypericum 
perforatum 
(erva-de-
são-joão)
Triterpenoide 
pentacíclico
Ácido 
betulínico
Estresse 
hídrico
Aumento
Hypericum 
brasiliense
Lactonas 
sesquiter-
pênicas
Artemisinina Artemisia 
annua
Antraqui-
nonas
Hipericina Hypericum 
perforatum 
Quadro 3. Concentração de metabólitos secundários influenciados pela variabilidade 
hídrica
7Farmacoergásia
Solo
O teor de princípios ativos nas plantas depende das características da própria 
espécie, da sua variedade e das condições de cultivo. Apesar de haver grandes 
variações entre elas, a maioria das plantas medicinais produz melhor em solo 
fértil, leve e arejado, com pH variando entre 6,0 e 6,5. O manejo correto do 
solo auxilia no controle de pragas, doenças e invasores, na manutenção da 
fertilidade e, consequentemente, na produtividade (CARVALHO, 2015). 
O processo de adubação do solo deve ser realizado utilizando-se fontes 
orgânicas de nitrogênio, fósforo e potássio. Estudos têm demonstrado que, 
em solos pobres em nutrientes, há menor taxa de crescimento da planta, au-
mentando a produção de metabólitos secundários, particularmente derivados 
fenólicos. A produção global de metabólitos nitrogenados por uma planta 
(alcaloides, glicosídeos cianogênicos e glucosinolatos) geralmente é aumentada 
com a maior disponibilidade de nitrogênio no solo. Os níveis de fósforo e 
potássio, apesar de relativamente pouco estudados, também podem ter efeitos 
na produção de metabólitos nitrogenados (GOBBO-NETO; LOPES, 2007).
Altitude e latitude
A altitude se relaciona diretamente com a diminuição da temperatura e a 
incidência de luz, interferindo no desenvolvimento das plantas e na produção 
de princípios ativos. Como observado por Gobbo-Neto e Lopes (2007), geral-
mente existe uma correlação positiva entre o conteúdo total de flavonoides e a 
altitude. Essa correlação pode ocorrer pela maior ocorrência de radiação UV 
em altitudes maiores. Como já vimos, os flavonoides são reconhecidos por 
propiciarem proteção à radiação e seus efeitos na espécie vegetal.
A latitude é também fator contribuinte na produção de metabólitos, 
podendo alterar o comportamento das plantas. Por exemplo, no caso de Da-
tura stramonium e Hyosciamus sp, as plantas cultivadas em latitude sul são 
mais ricas em alcaloides do que as cultivadas em latitude norte equivalente. 
As diferenças estão relacionadas, entre outros motivos, com a inclinação da 
Terra e a influência das correntes marítimas sobre o clima. É devido a esses 
fatores, também, que algumas espécies originárias do Hemisfério Norte não 
florescem ou não frutificam no Hemisfério Sul. Exemplos dessas espécies são 
o Rosmarinus officinalis, Thymus vulgaris e Pimpinella anisum; se o princípio 
ativo estiver presente nas flores ou frutos dessas espécies, não se terá acesso 
a essas substâncias nessas regiões.
Farmacoergásia8
A utilização de plantas medicinais, seja para cultivo, seja para colheita e manipulação 
farmacêutica, depende de um elemento-chave, que é a identificação botânica da 
planta. O nome científico das espécies é binominal e escrito em latim. Essa forma de 
notação é universal e serve para caracterizar a espécie que designa, pois os nomes 
populares estão sujeitos a regionalismos, originando uma confusão com plantas tóxicas 
ou com plantas com princípios ativos diferentes.
No link a seguir, você encontra as orientações técnicas para o cultivo de plantas me-
dicinais, aromáticas e condimentares divulgadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa 
Agropecuária (Embrapa).
https://qrgo.page.link/r94jW
2 Colheita de plantas medicinais
Como vimos, o teor de princípios ativos nas plantas depende das características 
da própria espécie, exigindo grande esforço das condições de cultivo para 
produção e qualidade. Todo empenho despendido para direcionar os fatores 
ambientais a favor do cultivo das plantas deverá ser continuado nas etapas 
subsequentes de colheita, processamento e armazenagem.
A colheita ideal deve ser realizada quando houver a maior produção conjunta 
de biomassa e princípio ativo, de acordo com as características de cada espécie 
e da parte de interesse da planta. Assim é importante descobrir como ocorre a 
variação dos princípios ativos ao longo das diferentes fases de desenvolvimento 
da planta (BRASIL, 2006).
9Farmacoergásia
A colheita também deve ser realizada com tempo seco, sem chuva, já que o acúmulo 
de água nas folhas pode causar a diluição do princípio ativo dentro da planta.
Sendo assim, a época de colheita é um fator essencial, já que a quantidade 
e a natureza dos constituintes ativos variam sazonalmente no ciclo anual, 
bem como durante o ciclo circadiano (dia/noite). O levantamento realizado 
por Gobbo-Neto e Lopes (2007) indica que há variações sazonais e diárias no 
conteúdo de praticamente todas as classes de metabólitos secundários, como 
óleos essenciais (OE), lactonas sesquiterpênicas, ácidos fenólicos, flavonoides, 
cumarinas, saponinas, alcaloides, taninos, graxas epicuticulares, iridoides, 
glucosinolatos, glicosídeos cianogênicos e tiocianatos.
Em estudo recente, Tsasi et al. (2017) avaliou o efeito da colheita sucessiva 
no teor de OE em espécies de Ocimum basilicum L, em diferentes períodos 
de crescimento. Foi demonstrado que, apesar de as espécies apresentarem o 
mesmo perfil fitoquímico, o teor de OE em cada espécie foi afetado pela época 
de colheita, local de cultivo, idade e desenvolvimento da planta.
Segundo Brasil (2006), cuidados na colheita são necessários para preser-
var a integridade das partes onde se encontra o princípio ativo de interesse. 
A sensibilidade está bem caracterizada nas espécies produtoras de OE, as 
quais determinam o método: as espécies que armazenam os óleos na superfície 
das folhas ou flores exigem mais cuidado do que aquelas que armazenem nas 
estruturas internas.
Sendo assim, o correto manuseio durante e após a colheita são também 
fatores decisivos para conservação, gerando matérias-primas seguras e de 
qualidade.
O Quadro 4 apresenta o melhor ponte de colheita de diferentes partes das 
plantas para fins terapêuticos.
Farmacoergásia10
Fonte: Adaptado de Rio de Janeiro (2011).
Órgão da planta Ponto de colheita
Planta toda No momento da floração
Sementes Antes de cair espontaneamente
Folhas Antes do florescimento
Flores No início da floração 
Frutos Na maturação
Raízes, rizomas e tubérculos Planta adulta: inverno ou primavera
Casca e entrecasca Antes do florescimento: primavera
Quadro 4. Tempo de colheita para fins terapêuticos
3 Técnicas de conservação de plantas 
medicinais (pós-colheita)
Após a colheita, as partes frescas colhidas devem ser preparadas para a secagem 
de forma rápida para a estabilização, visando a limpeza, a redução da umidade 
e assim a inibição da atividade enzimática da matéria vegetal e proliferação 
de microrganismos (SIMÕES et al., 2017; BRASIL, 2006). 
Uma secagem bem conduzida deverá reduzir o conteúdo de umidade, em 
geral em torno de 60 a 80%, até um percentual de 8 a 12% para preservar 
características de cor, aroma e sabor. Assim a maior parte das espécies pode 
ser armazenada por um bom período sem que ocorra deterioração (SIMÕES 
et al., 2017; BRASIL, 2006).
O tempo necessário depende da temperatura e da umidade relativa do ar. A tempe-
ratura de secagem é determinada pela sensibilidade dos princípios ativos; portanto, 
para cada espécie há uma temperatura ideal (BRASIL, 2006).
11Farmacoergásia
O que se espera, idealmente, da planta seca é que mantenha as caracte-
rísticas de aroma e coloração mais próximos da planta in natura, indicando 
a qualidade da matéria-prima. Temperaturas elevadas, além de favorecerem 
a degradação e a volatização de compostos, especialmente os aromáticos, 
promovem a “torra” da planta, que adquireuma coloração amarronzada.
Secagem à temperatura ambiente ou natural
A secagem natural deverá ser feita à sombra, em locais bem arejados e te-
lados, para evitar poeira, ataque de insetos e outros animais. Em média, 
o tempo de secagem varia de alguns dias a semanas. A secagem natural não 
é recomendada para secar grandes quantidades de plantas, nem em regiões 
com alta umidade relativa do ar.
Este é o método recomendado para secar espécies medicinais contendo 
OE, que deverão ser secadas à sombra e sem corrente de ar, especialmente 
quando as estruturas secretoras ocorrem nas partes externas sensíveis, para 
evitar a volatilização desses componentes (BRASIL, 2006).
Secagem em secadores
Este tipo de secagem é feita em estufas ou secadores com temperatura con-
trolada, em geral, na faixa de 40º a 60º C. A secagem com aquecimento de ar 
proporciona um produto de melhor qualidade; por essa razão, é considerada 
o melhor método para secagem de plantas medicinais. 
O tempo de secagem com esses equipamentos é de poucas horas, sendo o 
método ideal para secar grandes quantidades de plantas (BRASIL, 2006). Veja, 
a seguir, alguns cuidados necessários para a secagem (RIO DE JANEIRO, 
2011):
 � evite expor as partes colhidas aos raios solares;
 � separe as plantas que são de espécies diferentes, principalmente as 
aromáticas;
 � elimine as plantas que estejam em condições indesejáveis;
 � seque as diferentes partes das plantas separadamente;
 � na secagem de folhas, retire os talos;
 � folhas grandes podem ser picadas para secar;
 � raízes, rizomas e tubérculos grandes devem ser cortados para facilitar 
a secagem.
Farmacoergásia12
Operações pós-secagem (embalagem e 
armazenamento)
Finalmente, a matéria vegetal seca deverá ser separada e limpa (retirada 
de partes indesejadas), e ser reduzida em fragmentos menores ou em pó. 
Na sequência, deve ser embalada de maneira a conservar suas características 
e propriedades terapêuticas, além de colaborar para o transporte e o armaze-
namento corretos (SIMÕES et al., 2017). 
As embalagens devem ser devidamente identificadas e conter, pelo menos, o nome 
popular, o nome científico, o número do lote, a data da colheita e o prazo de validade. 
Essas especificações são determinadas pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária 
(Anvisa) e podem ser consultadas na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 26, 
de 13 de maio de 2014, do Ministério da Saúde (MS).
Quando são embaladas grandes quantidades, recomendam-se embalagens 
com uma ou duas camadas externas de papel tipo kraft, para evitar exposição 
à luz, e uma camada interna de polietileno atóxico, para evitar reidratação do 
produto. Já o fracionamento em sachês poderá ser feito em embalagens plásti-
cas ou de papel pardo comum, seguindo também os quesitos de identificação 
especificados pela Anvisa.
O tempo de armazenamento deve ser o menor possível, e o armazenamento 
deve ser feito em locais secos, escuros e arejados, nos quais as flutuações 
diárias de temperatura sejam limitadas (SIMÕES et al., 2017; BRASIL, 2006). 
A MS RDC nº 18, de 3 de abril de 2013, dispõe sobre as boas práticas de processamento 
e armazenamento de plantas medicinais. Se quiser ler o texto completo dessa RDC, 
acesse o link a seguir.
https://qrgo.page.link/MgtJZ
13Farmacoergásia
Como vimos, os constituintes químicos ativos são afetados por vários 
fatores que se correlacionam de formas positivas e negativas na produção de 
metabólitos ativos. Essas características, adicionadas à complexidade da espécie 
medicinal com seu universo de metabólitos e demais especificidades, deixam 
clara a necessidade de estudos e experiências que aprimorem as condições de 
cultivo, coleta e processamento de plantas medicinais para uma matéria-prima 
vegetal de qualidade. 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 
nº 26, de 13 de maio de 2014. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e o 
registro e a notificação de produtos tradicionais fitoterápicos. Brasília, DF, 2014. Dispo-
nível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/rdc0026_13_05_2014.
pdf. Acesso em: 13 fev. 2020.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Boas práticas agrícolas 
(BPA) de plantas medicinais, aromáticas e condimentares. Brasília, DF: MAPA, 2006. Dis-
ponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_plantas_medicinais.
pdf. Acesso em: 13 fev. 2020.
CARVALHO, L. M. Orientações técnicas para o cultivo de plantas medicinais, aromáticas 
e condimentares. Circular Técnica EMBRAPA, n. 70, 2015. Disponível em: https://ainfo.
cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/133435/1/CT-70.pdf. Acesso em: 13 fev. 2020.
GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo 
de metabólitos secundários. Química Nova, v. 30, n. 2, p. 374–381, 2007. Disponível 
em: http://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422007000200026. Acesso em: 13 fev. 2020.
LI, Y. et al. The effect of developmental and environmental factors on secondary me-
tabolites in medicinal plants. Plant Physiology and Biochemistry, v. 148, p. 80–89, 2020.
RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil. Manual de Cultivo de 
Plantas Medicinais. Rio de Janeiro: SMSDC, 2011. (Série B. Normas e Manuais Técnicos). 
Disponível em: https://caminharnatural.files.wordpress.com/2018/06/manualdeculti-
voplantasmedicinais.pdf. Acesso em: 13 fev. 2020.
SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. Porto 
Alegre: Artmed, 2017. 
SPITALER, R. et al. Altitudinal variation of secondary metabolite profiles in flowering 
heads of Arnica montana cv. ARBO. Phytochemistry, v. 67, n. 4, p. 409–417, 2006.
Farmacoergásia14
TAKSHAK, S.; AGRAWAL, S. B. Secondary metabolites and phenylpropanoid pathway 
enzymes as influenced under supplemental ultraviolet-B radiation in Withania somnifera 
Dunal, an indigenous medicinal plant. Journal of Photochemistry and Photobiology: B., 
Biology, v. 140, p. 332–343, 2014.
TSASI, G. et al. The effect of harvesting on the composition of essential oils from five 
varieties of Ocimum basilicum L. cultivated in the Island of Kefalonia, Greece. Plants, 
v. 6, n. 3, p. 41, 2017.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
15Farmacoergásia

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