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Fisiologia do sistema audiorreceptor O som é a perturbação vibratória do ambiente, sendo que o aparelho auditivo nos capacita a perceber essas vibrações no ar. Vibrações são oscilações mecânicas do ar que podem ser transformadas, pelo cérebro, em algo que possamos interpretar e ter como uma forma de aprendizado. Como funções do sistema auditivo tem-se distinção de sons, música, comunicação social, localização, linguagem falada e aprendizado (área de Wernicke para interpretação da fala). Fisicamente o som é ocasionado pelas ondas de pressão (condensação e rarefação) geradas pelo movimento das moléculas do ar. O som possui caráter ondulatório, ou seja, comporta-se como uma onda, que são movimentos oscilatórios de partículas de matéria (ou de energia). Na fase de crista da onda tem-se a fase de CONDENSAÇÃO, onde tem-se os potenciais despolarizantes das células ciliares. A fase de RAREFAÇÃO, no vale da onda, ocorre no estado de hiperpolarização das células ciliares, responsáveis pelos potencias de ação aos nervos responsáveis. Dois picos de onda tem-se um ciclo, que equivale ao comprimento de onda (). Amplitude da onda é a medida que vai do ápice da crista ou do vale, até o eixo 0, no ponto de equilíbrio. Quanto mais ciclos, maior é a frequência dessas ondas. A condução do som se dá por meios gasosos, líquidos e sólidos (maior velocidade de propagação). O comprimento de onda (metros) multiplicado à frequência (Hertz) origina a velocidade de propagação da onda (C = x f), que equivale a cerca de 340 m/s no ar, sendo mais rápido na água. A amplitude da onda equivale a intensidade do som (volume do som). Grandes amplitudes fornecem um som mais intenso (‘alto’), enquanto que, amplitudes menores fornecem um som menos intenso (‘baixo), se considerado os decibéis (unidade de medida adimensional, semelhante à porcentagem). A frequência da onda tem a ver com o tom do som, de modo que altas frequências fornecem um som agudo e baixas frequências fornecem um som grave, todos contados em Hertz (números de ciclos da onda por segundo). Um tom puro é um som que possui uma única frequência, de modo que um som é composto por tons puros, com mesma amplitude e frequência, mas diferindo de fase. A fase é importante para a localização do som no espaço, sendo definida como o PONTO DE INÍCIO DA ONDA. Assim, como as ondas despolarizantes chegam em tempos diferentes nas células ciliares, faz-se possível a diferenciação das fases. Todavia, os sons são predominantemente complexos, compostos por uma mistura de amplitudes, frequências e fases variadas, de modo que sons compostos por um único tom puro são raros na natureza. O sistema auditivo humano é capaz de perceber sons de frequência entre 20 e 20.000 Hz (adultos geralmente não alcançam mais de 15.000 Hz), sendo mais sensíveis em frequências de 2000-3000 Hz, que é a da fala humana. Ultrassons são aqueles com frequências mais altas que as audíveis pelo humano (20.000 Hz) e os infrassons são aqueles com frequência mais baixas que as audíveis pelo humano (abaixo de 15 Hz). Anatomia do sistema auditivo A orelha externa conduz todo os sons captados do ambiente, amplificando o som de 30-100x em direção ao ouvido interno. É formado pelo pavilhão auditivo (consegue determinar de onde vem o som e sua trajetória de acordo com as regiões do ouvido, tendo vibrações específicas da membrana tectória) e pelo canal auditivo externo. A perda da anatomia do pavilhão auditivo promove uma dificuldade para detectar o local do som e seus estímulos específicos. A orelha média é composta pela face interna da membrana timpânica, pela cavidade timpânica e pelos ossículos (martelo, bigorna e estribo). Tem como funções converter mecanicamente as vibrações do tímpano em ondas de pressão na cóclea e no vestíbulo, além de promover a amplificação do som em direção ao ouvido interno em cerca de 200 vezes. A orelha interna é composta pela cóclea, labirinto e nervos coclear e vestibular, tendo função de transdução da informação mecânica (pressão) em elétrica. A cóclea é a região do ouvido que abriga o órgão de Corti, composto pelas células ciliadas e pela membrana tectória, sendo o local onde ocorre a transdução da informação sonora. No período embrionária a vesícula óptica sofrerá modificações, de modo que o mesênquima ao seu redor vira cartilagem. A cartilagem mais próxima da vesícula irá sofrer apoptose e se vacuolizar. Esses vacúolos se fundirão formando três câmaras: a rampa do vestíbulo (superior), a rampa média (contém o órgão de Corti) e a rampa do tímpano (inferior). O órgão de Corti possui uma membrana tectória na sua parte superior, a membrana basilar na sua parte inferior, essa que divide a rampa timpânica da rampa média, além da camada externa e interna de células ciliares. As células ciliadas internas fazem sinapse no gânglio espiral do nervo auditivo. Condução do som A condução do som se dá pelas vias aérea e óssea. A propagação por via aérea se dá após a vibração da membrana timpânica, que será transmitida para a orelha interna, que encaminhará o som para o SNC, de modo que ele poderá ser interpretado. A via óssea se dá pela estimulação da cóclea e interpretação do som. A saída dos vertebrados da água para o ambiente terrestre criou o problema de como superar a impedância do ar com o líquido, equalizando os sinais entre os dois meios, já que cerca de 90% das ondas sonoras são refletidas ao contato com a superfície da água. A rampa do vestíbulo e do tímpano são preenchidas por perilinfa (rica em Na+ e pobre em K+), enquanto que a rampa média é preenchida por endolinfa (rica em K+ produzido pelas estrias vasculares e baixa de Na+ e Ca2+, assemelhando-se ao fluido intracelular). A solução para a redução dessa impedância foi promovida pelo sistema de prensa hidráulica e pelo sistema de alavancas ósseas. A membrana timpânica e os ossículos são as estruturas responsáveis por transmitir de forma melhorada os sons do ambiente para a cóclea. O sistema de prensa hidráulica funciona de modo que a pressão será maior nessa região conforme menor for a área de superfície. Com isso, o som atinge a membrana timpânica, que possui uma área de superfície grande, sendo transmitido pelos ossículos até a janela oval, que possui uma área menor, tendo ampliação da pressão exercida nesse local, amplificando as ondas sonoras e sua transmissão para o interior da córnea. O sistema de alavancas ósseas irá aumentar a força gerada pela onda na membrana timpânica, com auxílio dos ossículos, que articula entre si e com estruturas da orelha média e da orelha interna. Combinando essas duas propriedades o sinal acústico pode ser aumentado na ordem de 22 vezes. Toda vez que ocorre a percussão do som no tímpano e a vibração dos ossículos, as três escalas também vibram (vestibular, coclear e timpânica). Um órgão de Corti em repouso, sem estímulos sonoros e vibração, tem-se membranas tectória e basilar em repouso. As células ciliadas internas e externas tocam a membrana tectória, mas permanecem em repouso. Toda vez que existe a vibração da membrana timpânica a endolinfa e a perilinfa no interior das câmaras passam vibração ao órgão de Corti, movimentando-o. Assim, a membrana basilar se eleva (durante as fases de condensação), ocorrendo uma força de cisalhamento nos cílios pela membrana tectória, deslocando- os para o lado. Sabe-se que a membrana basilar se movimenta por influência das células ciliadas externas, de modo que quando essa estrutura abaixa, no momento de depressão da onda, os cílios das células ciliadas voltem para o lado oposto. A membrana tectória também se abaixa nessa fase. As células ciliadas são banhadas em endolinfa, pobre em Na+ e rica em K+, tendo potencial de membrana de cerca de -60 mV a -45 mV. Toda vez que esses cílios se movimentam, tem-se abertura de canais de potássio por ativação mecânica pela vibração quando