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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL SARA DE JESUS BULHOSA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DO MÉTODO DAS FORÇAS VITÓRIA 2020 SARA DE JESUS BULHOSA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DO MÉTODO DAS FORÇAS Trabalho apresentado à disciplina de Análise Estrutural II, oferecida pela Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito para avaliação durante a graduação em Engenharia Civil - Bacharelado. Professor: Marcos Antonio Campos Rodrigues VITÓRIA 2020 1 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ……………….…………….…………….…………….…………….…………3 A. ESTRUTURA A SER RESOLVIDA …………….……….…….…………….…………….4 B. SISTEMA PRINCIPAL…………….…………….……..……….…………….…………….5 C. CASO BÁSICO (0) …………….………………….…………….…………….…………….6 D. CASOS BÁSICOS QUE ISOLAM OS HIPERESTÁTICOS ………………...………….7 D.1 Caso (1): Hiperestático X1 isolado no SP ………………….………….…………….7 D.2 Caso (2): Hiperestático X2 isolado no SP ………………….………….…………….8 D.3 Caso (3): Hiperestático X3 isolado no SP ………………….………….…………….9 D.4 Caso (4): Hiperestático X4 isolado no SP ……………………………....………….10 E. SISTEMA DE EQUAÇÕES DE COMPATIBILIDADE ………..……………....……….11 F. VERIFICAÇÃO DA SOLUÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES…………….……….12 G. OBTENÇÃO DE ESFORÇOS INTERNOS…………….…………….………...……….13 CONCLUSÃO…………….…………………………………….….…………….…………….13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………...….…………….…………….14 2 INTRODUÇÃO Para resolver uma estrutura hiperestática, é sempre necessário considerar os três grupos de condições básicas da análise estrutural: condições de equilíbrio, condições de compatibilidade entre deslocamentos e deformações, e condições impostas pelas leis constitutivas dos materiais (White et al., 1976). O primeiro método básico para analisar uma estrutura hiperestática é o chamado Método das Forças. Em sua formalização, existe uma sequência de introdução das condições básicas do problema: primeiro são utilizadas as condições de equilíbrio, em seguida são consideradas as leis constitutivas dos materiais e, finalmente, são utilizadas as condições de compatibilidade. Na prática, sua metodologia é: “somar uma série de soluções básicas que satisfazem as condições de equilíbrio, mas não satisfazem as condições de compatibilidade da estrutura original, para na superposição restabelecer as condições de compatibilidade.” O presente trabalho visa a resolver um pórtico hiperestático por meio do Método das Forças. Para tanto, o software Ftool será uma ferramenta que auxiliará o desenvolvimento deste. 3 A. ESTRUTURA A SER RESOLVIDA Foi definido, arbitrariamente, o quadro plano hiperestático com grau de hiperestaticidade g=4 a seguir. O carregamento ao qual está submetido, a configuração deformada da estrutura e suas dimensões encontram-se na Figura 1. Quanto às propriedades, o material adotado apresenta módulo de elasticidade igual a E=2,05.108 kN/m² e todas as barras apresentam seção transversal com área A=6,7.10-³ m² e momento de inércia I=4,8.10-5 m4. A=6,7.10-³ m² I=4,8.10-5 m4 E=2,05.108 kN/m² Figura 1 - Estrutura original. As componentes de reações de apoio – indicadas na Figura 2 – que foram escolhidas como incógnitas da solução da estrutura pelo Método das Forças são: ● MA, que corresponderá ao hiperestático X1; ● VB, que corresponderá ao hiperestático X2; ● HC, que corresponderá ao hiperestático X3 e ● VD, que corresponderá ao hiperestático X4. 4 Figura 2 - Reações de apoio. Os valores das reações de apoio selecionadas como incógnitas são: ● MA= –1,071 kN.m; ● VB= 22,026 kN; ● HC= –0,481 kN e ● VD= –2,023 kN. Os sinais negativos indicam sentidos contrários aos que foram arbitrados. Posteriormente, esses valores serão utilizados para verificação da solução do problema. B. SISTEMA PRINCIPAL Com a liberação de restrições de apoio associadas aos hiperestáticos escolhidos no item A, obteve-se a estrutura isostática apresentada na Figura 3. Essa estrutura será o Sistema Principal (SP) para a resolução do quadro original hiperestático pelo Método das Forças. 5 Figura 3 - Sistema Principal (SP). Observa-se que foram eliminados quatro vínculos externos da estrutura original: a imposição de rotação nula do apoio A, a imposição de deslocamento vertical θ A Δ B V nulo do apoio B, a imposição de deslocamento horizontal nulo do apoio C e a Δ C H imposição de deslocamento vertical nulo do apoio D. O número de vínculos que Δ D V devem ser eliminados para transformar a estrutura hiperestática original em uma estrutura isostática é igual ao grau de hiperestaticidade, 4. A solução do problema pelo Método das Forças recai em encontrar os valores X1, X2, X3 e X4 que fazem com que, juntamente com o carregamento aplicado, , θ A = 0 Δ B V = 0 , e . A determinação de X1, X2, X3 e X4 é feita através de superposição Δ C H = 0 Δ D V = 0 de casos básicos, utilizando o SP como estrutura para as soluções básicas. O número de casos básicos é igual a g+1. Neste trabalho, isso resulta nos casos (0), (1), (2), (3) e (4) que são mostrados a seguir. C. CASO BÁSICO (0) O caso (0) do Método das Forças se refere à solicitação externa isolada no SP. Os valores da rotação e dos deslocamentos associados a esse caso foram obtidos no Ftool e estão apresentados na Figura 4. 6 Figura 4 - Configuração deformada do SP no caso (0). A figura acima mostra a configuração deformada do SP no caso (0). A rotação δ10, os deslocamentos verticais δ20 e δ40 e o deslocamento horizontal δ30, nas direções dos vínculos eliminados para a criação do SP, são chamados de termos de carga. Vale ressaltar que os sinais negativos para δ indicam que a rotação ou o deslocamento apresenta sentido contrário ao adotado para o hiperestático associado. D. CASOS BÁSICOS QUE ISOLAM OS HIPERESTÁTICOS Neste item, serão abordados os casos em que a estrutura do Sistema Principal está sujeita à carga dos hiperestáticos um a um. Aqui, as componentes de deslocamentos e rotações correspondem aos coeficientes de flexibilidade. D.1 Caso (1): Hiperestático X1 isolado no SP O caso (1) se refere ao hiperestático X1 aplicado com valor unitário no Sistema Principal, de modo que, posteriormente, o efeito de X1=1 seja multiplicado pelo valor final que X1 deverá ter. Os valores da rotação e dos deslocamentos associados a este hiperestático foram obtidos no Ftool e estão apresentados na Figura 5. 7 Figura 5 - Configuração deformada do SP no caso (1). A rotação δ11, os deslocamentos verticais δ21 e δ41 e o deslocamento horizontal δ31, provocados por X1=1, nas direções dos vínculos eliminados para a criação do SP, são chamados de coeficientes de flexibilidade. Por definição as unidades dos coeficientes de flexibilidade correspondem às unidades de deslocamento ou rotação divididas pela unidade do hiperestático em questão, que é kN.m. Vale ressaltar que os sinais negativos para δ31 e δ41 indicam que os deslocamentos apresentam sentido contrário ao adotado para os hiperestáticosassociados X3 e X4, respectivamente. D.2 Caso (2): Hiperestático X2 isolado no SP O caso (2) se refere ao hiperestático X2 aplicado com valor unitário no Sistema Principal, de modo que, posteriormente, o efeito de X2=1 seja multiplicado pelo valor final que X2 deverá ter. Os valores da rotação e dos deslocamentos associados a este hiperestático foram obtidos no Ftool e estão apresentados na Figura 6. 8 Figura 6 - Configuração deformada do SP no caso (2). A rotação δ12, os deslocamentos verticais δ22 e δ42 e o deslocamento horizontal δ32, provocados por X2=1, nas direções dos vínculos eliminados para a criação do SP, também são coeficientes de flexibilidade. As unidades destes coeficientes, por definição, são unidades de deslocamento ou rotação divididas pela unidade do hiperestático X2, que é kN. Vale ressaltar que os sinais negativos para δ32 e δ42 indicam que os deslocamentos apresentam sentido contrário ao adotado para os hiperestáticos associados X3 e X4, respectivamente. D.3 Caso (3): Hiperestático X3 isolado no SP O caso (3) se refere ao hiperestático X3 aplicado com valor unitário no Sistema Principal, de modo que, posteriormente, o efeito de X3=1 seja multiplicado pelo valor final que X3 deverá ter. Os valores da rotação e dos deslocamentos associados a este hiperestático foram obtidos no Ftool e estão apresentados na Figura 7. 9 Figura 7 - Configuração deformada do SP no caso (3). De maneira análoga aos casos (1) e (2), A rotação δ13, os deslocamentos verticais δ23 e δ43 e o deslocamento horizontal δ33, provocados por X3=1, são coeficientes de flexibilidade. As unidades destes coeficientes são unidades de deslocamento ou rotação divididas pela unidade do hiperestático X3, que é kN. Vale ressaltar que os sinais negativos para δ13 e δ23 indicam que a rotação e o deslocamento apresentam sentido contrário ao adotado para os hiperestáticos associados X1 e X2, respectivamente. D.4 Caso (4): Hiperestático X4 isolado no SP O caso (4) se refere ao hiperestático X4 aplicado com valor unitário no Sistema Principal, de modo que, posteriormente, o efeito de X4=1 seja multiplicado pelo valor final que X4 deverá ter. Os valores da rotação e dos deslocamentos associados a este hiperestático foram obtidos no Ftool e estão apresentados na Figura 8. 10 Figura 8 - Configuração deformada do SP no caso (4). Como em todos os casos do item D, a rotação δ14 e os deslocamentos δ24, δ34 e δ44, são coeficientes de flexibilidade. As unidades destes coeficientes são unidades de deslocamento ou rotação divididas pela unidade do hiperestático X4, que é kN. Vale ressaltar que os sinais negativos para δ14 e δ24 indicam que a rotação e o deslocamento apresentam sentido contrário ao adotado para os hiperestáticos associados X1 e X2, respectivamente. E. SISTEMA DE EQUAÇÕES DE COMPATIBILIDADE A partir dos resultados obtidos nos cinco casos mostrados, pode-se utilizar a superposição dos casos para restabelecer as condições de compatibilidade violadas. Isto é feito a seguir, num sistema de 4 equações e 4 incógnitas: δ X δ X δ X δ X θ A = 0⇒ δ 10 + 11 1 + 12 2 + 13 3 + 14 4 = 0 δ X δ X δ X δ X Δ B V = 0⇒ δ 20 + 21 1 + 22 2 + 23 3 + 24 4 = 0 δ X δ X δ X δ X Δ HC = 0⇒ δ 30 + 31 1 + 32 2 + 33 3 + 34 4 = 0 δ X δ X δ X δ X Δ D V = 0⇒ δ 40 + 41 1 + 42 2 + 43 3 + 44 4 = 0 11 Escrevendo na forma matricial, na qual a matriz de flexibilidade é formada pelos coeficientes de flexibilidade, e substituindo os valores de deslocamentos e rotações obtidos: A solução deste sistema de equações de compatibilidade foi obtida com o auxílio de uma calculadora online de matrizes e resultou nos seguintes valores de reações de apoio: , 74 kN .m X 1 = − 1 0 22, 29 kN X 2 = 0 , 82 kN X 3 = − 0 4 , 20 kN X 4 = − 2 0 Os sinais negativos indicam sentidos contrários aos que foram arbitrados. F. VERIFICAÇÃO DA SOLUÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES Na primeira coluna, temos os valores de reações encontrados com as equações de compatibilidade do item E. Na segunda coluna, retomamos os resultados da estrutura original vista no item A. , 74 kN .m X 1 = − 1 0 22, 29 kN X 2 = 0 , 82 kN X 3 = − 0 4 , 20 kN X 4 = − 2 0 , 71 kN .mM A = − 1 0 22, 26 kNV B = 0 , 81 kNH C = − 0 4 , 23 kNV D = − 2 0 Nota-se que as diferenças entre os valores estão na ordem de 10-3 , e provavelmente ocorreram por motivos de arredondamento, visto que foram usados valores com três casas decimais ao longo das operações matemáticas. 12 Deste modo, temos que os valores dos hiperestáticos correspondem, de fato, à solução do sistema de compatibilidade obtido no item E. Assim, obteve-se a solução correta da estrutura porque, além de satisfazer as condições de equilíbrio – que sempre são satisfeitas nos casos (0), (1), (2), (3) e (4) –, o modelo estrutural satisfaz as condições de compatibilidade. G. OBTENÇÃO DE ESFORÇOS INTERNOS Para complementar o cálculo pelo Método das Forças, utiliza-se a própria superposição de casos básicos para a obtenção dos esforços internos. Tendo os diagramas dos casos básicos, os esforços internos finais da estrutura hiperestática original serão: N X N X N X N X N N N = N 0 + 1 1 + 2 2 + 3 3 + 4 4 = 0 + ∑ j=4 j=1 N j j Q X Q X Q X Q X Q Q Q = Q 0 + 1 1 + 2 2 + 3 3 + 4 4 = 0 + ∑ j=4 j=1 Q j j M X M X M X M X M M M = M 0 + 1 1 + 2 2 + 3 3 + 4 4 = 0 + ∑ j=4 j=1 M j j Onde , , e . , 74 kN .m X 1 = − 1 0 2, 29 kN X 2 = 2 0 , 82 kN X 3 = − 0 4 , 20 kN X 4 = − 2 0 CONCLUSÃO O cálculo do pórtico hiperestático feito ao longo deste trabalho ilustrou a resolução da estrutura pelo Método das Forças. Foi possível compreender que só há uma solução em que é garantido o equilíbrio da estrutura e as condições de compatibilidade. Convém salientar que, ao fim dos últimos 4 casos básicos que isolam os hiperestáticos, é possível notar que os sinais dos termos δii, sendo i o índice do hiperestático, sempre são positivos, pois são deslocamentos ou rotações nos próprios pontos de aplicação de forças ou momentos unitários aplicados. Nessa perspectiva, nota-se também que os valores de δij e δji são iguais. Os coeficientes ij e ji, sendo i e j índices de hiperestáticos, sempre serão iguais, e isto pode ser demonstrado pelo Princípio das Forças Virtuais: 13 dx dx dx dxδ ij = ∫ EI M M i j +∫ EA N N i j +∫ GA Q Q i j +∫ GJ T T i j A forma da equação infere que . , e este fato que vale para todos os M i .M M j = M j i esforços internos, portanto . δ ij = δ ji Sendo assim, ainda que o Ftool tenha ajudado no sentido de informar os valores de deslocamentos e rotações ao invés de termos que calcular, o presente trabalho foi essencial para entender conceitos relevantes acerca do Método das Forças. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARTHA, Luiz Fernando. Análise de estruturas: conceitos e métodos básicos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 14
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