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Prof. Dr. Izaildo Tavares Luna O Conceito de Morte e Morrer através dos séculos Reflexão “Esta vida é uma estranha hospedaria/De onde se parte quase sempre às tontas/Pois nunca nossas malas estão prontas/E a nossa conta nunca está em dia”. Mário Quintana Hora do vídeo! Objetivos Ao final da aula o (a) aluno (a) deverá ser capaz de: ✓Entender os conceitos de Tanatologia; ✓Compreender a importância da disciplina para a prática de enfermagem; ✓Desenvolver habilidades para lidar com os conceitos relacionados à morte na assistência de enfermagem. Tanatologia É o estudo da morte e dos processos emocionais e psicológicos que envolvem a reação à morte, incluindo o luto e a perda. De origem grega, a palavra é constituída pela junção de Tânatos, deus mitológico que personifica a morte, com o sufixo logia, que significa estudo. Mas, antes de falar de morte, o que é Vida? É o equilíbrio, a homeostasia das funções vitais, funcionamento orgânico ideal; Vida: amor, solidariedade, vigor, dignidade, construção de si mesmo e do mundo, criatividade, preocupação com o bem de si e dos outros, aproveitar e tornar a vida o mais rica possível para todos. E [...] o que é morte? É a parada das funções vitais, que se instala com uma velocidade variável, não sendo um fenômeno momentâneo, súbito ou abrupto (não acontece no momento da parada cardíaca, já que pode ser revertida); Morte: ódio, destrutividade, inveja, competição ambiciosa, desrespeito, indignidade, corrupção, desumanidade, guerra. Ariés (1977), reconhecido historiador, realizou uma profunda análise sobre a morte e o morrer no mundo ocidental. O período estudado pelo autor começa na Idade Média e segue até o século XX. Para ele, podemos dividir os diferentes períodos da sociedade ocidental, com relação à morte, em: morte domada, morte de si mesmo, morte do outro, e morte interdita (ARIÈS,1977). E [...] o que é morte? Divisões didáticas da morte: Morte aparente parece que a pessoa está morta, são quadros diversos que aparentam ou simulam a morte; era o estado conhecido como catalepsia, atualmente, com os aparelhos existentes, consegue- se detectar este estado e raramente acontece a catalepsia. Morte relativa parada das funções respiratória, circulatória e/ou nervosa, pode ser feita a reanimação (pode haver a reversão do quadro). Morte absoluta desaparecimento definitivo das atividades biológicas (não tem como reverter esse processo). Outros conceitos [...]. Morte clínica: momento em que ocorre a parada cardiorrespiratória, quando se pode intervir a modo de restabelecer as funções vitais. Morte cerebral: É a ausência total e irreversível da função do córtex e do tronco cerebral. Morte real parada da atividade biológica de todas as células que ocorre em média, oito horas após a parada cardiorespiratória (sem possibilidade de reanimação). Aspectos históricos e culturais: a morte e o processo civilizatório Para Aries (1977) podemos dividir os diferentes períodos da sociedade ocidental, com relação a morte, em: morte domada, morte de si mesmo, morte do outro e morte interdita. A morte domada Começando pela Idade Média, Ariès (1977) nomeia esse período como sendo o da morte domada. Com exceção das mortes súbitas, ninguém morria sem ter tido tempo suficiente de saber que o fim estaria próximo, bem como de tomar as suas providências. Ter conhecimento sobre a proximidade da própria morte dava à pessoa a oportunidade de planejar seus últimos feitos. A morte de si mesmo A partir dos séculos XI e XII, quando a morte ganha um novo sentido a partir da experiência particular de cada um. Segundo Ariès (1977), é nesse período que surge uma aproximação das 3 categorias de representações mentais presentes ao longo do processo civilizatório: a morte; o reconhecimento de sua própria existência e o apego apaixonado às coisas e aos outros seres. A morte aqui, conferindo ao homem a possibilidade de tomada de consciência, reforça e dá sentido à vida. A morte do outro A partir do século XVIII, a morte passa a ganhar um ar romântico, dramático, com certa complacência. A própria morte não é mais tão temida como o é, a partir de agora, a morte do outro. O moribundo continua assumindo o papel principal, à frente das decisões, mas os familiares já não ocupam mais o lugar de coadjuvantes. Gradativamente passam a ser mais participativos, iniciando um padrão de comportamento que irá se firmar no auge do século XX. A morte interdita A morte, será percebida e enfrentada e como esse padrão de comportamento, estabelecido a partir de meados do século XIX, se estenderá por um longo período, com consequências nas várias esferas da vida moderna. Interditar significa fechar, vedar ou impedir o funcionamento. Assim se deu com a morte que, neste momento, se transforma em objeto de interdição. Comparada a algo vergonhoso e sujo, ela é colocada de lado. A morte no século XX O processo de afastamento da morte vai ganhando força – a morte como vergonhosa e suja (século XX); Evento propulsor: o deslocamento do local da morte – Hospital; A morte Invertida. Na modernidade não se morre mais em casa; A família, antes confiada pelo doente para fazer valer sua vontade, delega sua função à equipe hospitalar, responsável por todo tipo de assistência. Referências ARIÈS, P. História da morte no Ocidente. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 1977. CORRÊA, J. A. Morte. São Paulo: Editora Globo, 2008. ELIAS, N. A solidão dos moribundos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. GEOVANINI, F. C. M. Tanatologia. 1ª edição. SESES. Rio de Janeiro, 2018. KOVÁCS, M. J. Educação para a morte: temas e reflexões. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
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