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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
EMPRESARIAL
Caracterização do Empresário
Livro Eletrônico
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Tácio Muzzi
Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
Caracterização do Empresário . ...............................................................................................4
O Empresário . ............................................................................................................................4
1º Elemento Caracterizador do Empresário: Profissionalismo . ...........................................6
2º Elemento Caracterizador do Empresário: Exercício de Atividade Econômica . ..............8
3º Elemento Caracterizador do Empresário: Organização . ............................................... 10
4º Elemento Caracterizador do Empresário: Objetivo de Produção ou a Circulação 
de Bens ou de Serviços . ......................................................................................................... 13
Empresário: Diferenças em Relação ao Conceito de Comerciante . ................................... 13
Atividades não Empresariais . ................................................................................................ 16
Profissão Intelectual, de Natureza Científica, Literária ou Artística ................................. 16
Sociedades de Advogados . ................................................................................................... 20
Cooperativa . ............................................................................................................................. 21
Prestação de Serviços de Registros Públicos (Cartorário e Notarial) ...............................22
Empresário Rural: Facultatividade . .......................................................................................22
Deveres/Obrigações do Empresário Regular .......................................................................25
1ª Obrigação do Empresário: Registro na Junta Comercial . ...............................................25
Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins – Lei n. 8.934, de 18 de 
novembro de 1994 ................................................................................................................. 30
3ª Obrigação do Empresário: Levantar Demonstrações Contábeis Periódicas . ..............43
Empresário Irregular: Consequências . ..................................................................................44
Empresário Individual . ............................................................................................................45
Capacidade Civil Plena . ...........................................................................................................45
Emancipação do Menor com Mais de Dezesseis Anos Completos pelo Estabelecimento 
Empresarial: Polêmica . ......................................................................................................... 50
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
Impedimentos ao Exercício da Empresa . .............................................................................52
Empresário Individual Casado . ...............................................................................................55
Responsabilidade Ilimitada do Empresário Individual . ........................................................57
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) . ..............................................59
EIRELI – Personalidade Jurídica Própria . ............................................................................. 60
Exigência de Capital: Mínimo de 100 Vezes o Valor do Maior Salário Mínimo Vigente ... 60
Possibilidade de Pessoa Jurídica ser Titular . ...................................................................... 61
EIRELI: Limitação da Participação da Pessoa Natural como Titular . ................................62
Nome Empresarial: Firma ou Denominação Social . ...........................................................63
EIRELI: Concentração de Cotas em um Único Sócio e Prestação de Serviços 
Envolvendo Cessão de Direitos Patrimoniais de Autor ou de Imagem, Nome, Marca ou
Voz . ...........................................................................................................................................63
Normas Subsidiárias Aplicáveis: Sociedade Limitadas . ......................................................63
Produtor Rural: Pode Constituir EIRELI . ...............................................................................63
Legitimidade do Cônjuge ou Companheiro do Titular de EIRELI para Ajuizar Ação de 
Apuração de Haveres . ............................................................................................................64
Limitação de Responsabilidade da EIRELI: o § 7º Introduzido pela Lei 13.874, de 2019 .64
Resumo . ....................................................................................................................................67
Questões de Concurso . ...........................................................................................................74
Gabarito . ................................................................................................................................. 82
Gabarito Comentado ................................................................................................................83
Referências ............................................................................................................................ 103
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO
O EmprEsáriO
O EMPRESÁRIO. Conceito e caracterização. Diferenças em relação ao conceito de comer-
ciante. Atividades não empresariais. Empresário rural. Deveres. Registro Público de Empresas 
Mercantis e Atividades Afins – Lei n. 8.934, de 18 de novembro de 1994. Arquivamento de 
documentos na Junta Comercial. Escrituração. Livros obrigatórios e facultativos. Força pro-
bante.
Caríssimo(a) aluno(a), vamos nos dedicar no início desta aula ao protagonista do Direito 
Empresarial: o empresário!
O Código Civil (Cc) brasileiro - seguindo a mesma linha do Código Civil italiano de 1942 
– adotou definitivamente a teoria da empresa, abandonando, de vez, a teoria dos atos de co-
mércio.
No mesmo sentido, optou por conceituar legalmente o empresário (perfil subjetivo) e não 
propriamente a empresa (perfil funcional).
Praticamente copiando a definição prevista na legislação italiana, o empresário é concei-
tuado pelo art. 966 do CC nos seguintes moldes:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organiza-
da para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. (destaquei)
Desse conceito, verificamos que, como regra, o CC adotou o critério material para a defini-
ção de empresário, em que a atividade explorada por pessoa natural ou jurídica é que definirá 
a sua natureza empresarial (ou não).
Registro que o critério legal, ou seja, quando a caracterização como empresário é deter-
minada por lei também se fará presente em algumas situações, como é o caso por exemplo 
das sociedades por ações que, por força do art. 982, parágrafo único do CC e do art. 2º, 
§ 1º da Lei 6.404 de 1976, sempre serão sociedades empresárias, independentemente do 
objeto social explorado. Em oposição, lembre que as sociedades cooperativas nunca serão 
empresárias.
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
Segundo o jurista italiano Alberto Asquini, quatro seriam os perfis distintosda empresa sob o 
ponto de vista jurídico:
• I – perfil funcional, caracterizado como uma “particular força em movimento que é a 
atividade empresarial dirigida a um determinado escopo produtivo”. Nesse perfil, em-
presa é uma atividade econômica organizada. Fique atento, caro(a) aluno(a), é pacífico 
na atualidade que esse é o conceito jurídico de empresa;
• II – perfil subjetivo, em que se tem a empresa como sinônimo de empresário, ou seja, 
como sujeito de direito (pessoa natural ou jurídica). O conceito de empresário consta 
expressamente no CC, nos termos do citado art. 966;
• III – perfil patrimonial e objetivo, considerando a empresa como conjunto de bens des-
tinados ao exercício da atividade econômica, sendo conhecido juridicamente sob a no-
menclatura de estabelecimento empresarial (também chamado de “fundo de comércio” 
ou “azienda”);
• IV – perfil corporativo, em que a empresa seria “um núcleo social organizado em fun-
ção de um fim econômico comum”. Esclarecendo: nesse perfil a empresa não seria 
considerada a partir de um ponto de vista individualista como nos demais, mas sim 
institucional, como uma comunidade laboral em que se reúnem o empresário e o seus 
empregados (colaboradores). Registro que essa acepção está ultrapassada, por conta 
de somente se sustentar a partir da ideologia fascista que vigorava à época da edição 
do Código Civil italiano.
QuEstãO 1 (CESPE/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO/TCU/2015) (QUESTÃO ADAP-
TADA) Acerca das sociedades empresariais, assinale se a opção está correta.
Conforme o Código Civil, empresa é a pessoa jurídica que atua profissionalmente em ativida-
de econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços.
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Errado.
A questão apresenta o conceito de empresário (mais especificamente, de sociedade empre-
sária), nos termos do art. 966 do Código Civil. O conceito de empresa é extraído indiretamente, 
contemplando o perfil funcional enunciado por ASQUINI, significando atividade econômica 
organizada.
QuEstãO 2 (PUC-PR/TJ-RO/JUIZ/2011) (QUESTÃO ADAPTADA) Dadas as assertivas abai-
xo, assinale a única correta.
Segundo a Lei (Código Civil), é considerado empresário todo aquele que exerce, de forma profis-
sional, atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços.
Certo.
A questão traz o conceito de empresário previsto no art. 966 do CC.
Fique atento, caro(a) aluno(a)! É muito comum cair literalmente essa definição legal em pro-
vas objetivas!
Do conceito legal previsto no art. 966 do CC, a doutrina e a jurisprudência identificam 4 
elementos necessários para a caracterização do empresário:
• profissionalismo;
• exercício de atividade econômica;
• organização; e
• objetivo de produção ou a circulação de bens ou de serviços.
1º ElEmEntO CaraCtErizadOr dO EmprEsáriO: prOfissiOnalismO
O profissionalismo (exercer “profissionalmente”, na dicção legal) significa que o empre-
sário deve fazer da exploração da atividade econômica organizada a sua profissão habitual, 
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
ou seja, ter o intento de lucro e exercer a empresa (atividade econômica organizada) de forma 
não ocasional ou esporádica.
E mais: utilizando as lições do comercialista Fábio Ulhoa Coelho, além da habitualidade, 
o profissionalismo demanda a pessoalidade (exercício da atividade em nome próprio, assu-
mindo consequentemente os seus riscos) e, também, o monopólio de informações (conhe-
cimento aprofundado sobre as características de seu produto ou serviço, circunstância que 
denota que o empresário tem a experiência necessária para o exercício do seu ofício).
Confira tal lição direto da fonte, caro concurseiro(a):
“Profissionalismo. A noção de exercício de certa atividade é associada, na doutrina, a considera-
ções de três ordens. A primeira diz respeito à HABITUALIDADE. Não se considera profissional quem 
realiza tarefas de modo esporádico. Não será empresário, por conseguinte, aquele que organizar 
episodicamente a produção de certa mercadoria, mesmo destinando-se à venda no mercado. Se 
está apenas fazendo um teste, com o objetivo de verificar se tem apreço ou desapreço pela vida 
empresarial ou para socorrer situação emergencial em suas finanças, e não se torna habitual o 
exercício da atividade, então ele não é empresário. O segundo aspecto do profissionalismo é a 
PESSOALIDADE. O empresário, no exercício da atividade empresarial, deve contratar empregados. 
São estes que, materialmente falando, produzem ou fazem circular bens ou serviços. O requisito da 
pessoalidade explica por que não é o empregado considerado empresário. Enquanto este último, 
na condição de profissional, exerce a atividade empresarial pessoalmente, os empregados, quando 
produzem ou circulam bens ou serviços, fazem-no em nome do empregador. Estes dois pontos 
normalmente destacados pela doutrina, na discussão do conceito de profissionalismo, não são 
os mais importantes. A decorrência mais relevante da noção está no MONOPÓLIO DAS INFOR-
MAÇÕES que o empresário detém sobre o produto ou serviço objeto de sua empresa. (...) Como o 
empresário é um profissional, as informações sobre os bens ou serviços que oferece ao mercado — 
especialmente as que dizem respeito às suas condições de uso, qualidade, insumos empregados, 
defeitos de fabricação, riscos potenciais à saúde ou vida dos consumidores — costumam ser de 
seu inteiro conhecimento.”(destaques nossos)
Interessante notar que tal elemento impacta e justifica a maior rigidez em relação à revi-
são de contratos empresariais.
Isso porque tais contratos têm como signatárias exatamente pessoas que exercem a sua 
função com profissionalismo, ou seja, com habitualidade no exercício profissional, experiên-
cia e possuindo informações essenciais da atividade.
Em razão disso, a assunção de riscos nos negócios é ínsita à atividade empresarial, deven-
do ser preservados contratos pactuados livremente e de forma paritária pelos empresários.
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Nesse sentido, a Lei 13.874, de 2019 (Lei da Liberdade Econômica), que exalta a livre ini-
ciativa e o livre exercício da atividade econômica, em seu art. 3º, VIII preceitua:
Art. 3º São direitos de toda pessoa, natural ou jurídica, essenciais para o desenvolvimento e o cres-
cimento econômicos do País, observado o disposto no parágrafo único do art. 170 da Constituição 
Federal:
VIII – ter a garantia de que os negócios jurídicos empresariais paritários serão objeto de livre es-
tipulação das partes pactuantes, de forma a aplicar todas as regras de direito empresarial apenas 
de maneira subsidiária ao avençado, exceto normas de ordem pública;
Confira a respeito o Enunciado 28 da I Jornada de Direito Comercial, que aborda desdo-
bramento do profissionalismo:
Enunciado 28 
Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua atividade, os contratos 
empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na inexperiência.
DICA!
Lembro, caro(a) aluno(a) que a habitualidade do empresário 
(atividade não ocasional ou eventual) não necessita ser diária 
ou mensal, uma vez que pode ser cíclica ou sazonal.
Como assim, professor?
Explico: por exemplo, determinado empresário pode ter como 
negócio principal a organização de feira de negócios de gran-
de porte, mas que ocorre somente uma vez por ano em um 
mês predeterminado. Nesse caso, a habitualidade estará pre-
sente, vez que anualmente é desenvolvida a atividade, sendo 
chamada de habitualidade cíclica ou sazonal.2º ElEmEntO CaraCtErizadOr dO EmprEsáriO: ExErCíCiO dE atividadE 
ECOnômiCa
O empresário deve desenvolver uma atividade, ou seja, o seu ofício necessariamente deve 
envolver o desenrolar de atos praticados repetidamente - e não somente um ato isolado e 
sem permanência no tempo.
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DIREITO EMPRESARIAL
Além disso, ao se exigir que a atividade exercida pelo empresário tenha natureza econômi-
ca, devemos entender que essa deve produzir riqueza e ser exercida com finalidade lucrativa.
A propósito, o lucro será sempre o fim da atividade empresarial, mesmo que eventualmen-
te o empresário não consiga efetivamente obtê-lo (exemplificando, por questões conjuntu-
rais, como uma crise econômica, o empresário pode ter prejuízo no ano, mas a intenção dele 
sempre será obter lucro).
É o que nos ensina Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa:
Mas não se confunda ‘objetivo de lucro’ com ‘realização de lucro’. Frequentemente as em-
presas experimentam resultados econômicos negativos - fato que, no limite, pode levá-las à 
insolvência. Esta circunstância não as descaracteriza como tais, e nem faz ausentes elemen-
tos da economicidade e da produtividade, adiante referidos. (destaquei)
O STJ, em julgado da 1ª Turma (a questão de fundo envolvia Direito Tributário, por isso foi 
julgado por tal turma), decidiu nesse sentido:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATU-
REZA - ISS. BASE DE CÁLCULO. TRATAMENTO DIFERENCIADO CONFERIDO AOS PRO-
FISSIONAIS LIBERAIS E ÀS SOCIEDADES UNIPROFISSIONAIS. ARTIGO 9º, §§ 1º E 3º, DO 
DECRETO-LEI 406/68. NORMA NÃO REVOGADA PELA LEI COMPLEMENTAR 116/2003. 
PRECEDENTES. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL OU SOCIEDADE EMPRESÁRIA. INAPLICABI-
LIDADE. PRECEDENTES DA PRIMEIRA SEÇÃO. EXERCÍCIO DE PROFISSÃO INTELECTUAL 
COMO ELEMENTO DE EMPRESA. CONFIGURAÇÃO.
2. Segundo o artigo 966 do Código Civil, considera-se empresário aquele que exerce ati-
vidade econômica (com finalidade lucrativa) e organizada (com o concurso de mão-de-
-obra, matéria-prima, capital e tecnologia) para a produção ou circulação de bens ou de 
serviços, não configurando atividade empresarial o exercício de profissão intelectual de 
natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou cola-
boradores, que não constitua elemento de empresa. (destaquei) [STJ, REsp 1028086/RO, 
1ª T, rel. min. Teori Zavascki, DJ 20-10-2011]
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QuEstãO 3 (CESPE/JUIZ/TJ-PB/2015/ADAPTADA) No que se refere ao direito de empresa, 
assinale a opção correta.
Conforme entendimento dominante do STJ, a finalidade lucrativa não é requisito para que 
determinada atividade seja considerada empresária.
Errado.
A posição dominante não só do STJ, como da doutrina é no sentido que que a finalidade lu-
crativa é requisito para que determinada atividade seja considerada empresária, uma vez que 
essa caracteriza-se como “econômica”.
3º ElEmEntO CaraCtErizadOr dO EmprEsáriO: OrganizaçãO
À semelhança do maestro em uma orquestra, caberá ao empresário reger os meios de 
produção envolvidos na atividade econômica.
Nesse sentido, a doutrina e a jurisprudência reconhecem a necessidade de articulação de 
4 fatores de produção por parte do empresário:
• Capital: recursos financeiros e materiais investidos e mobilizados;
• Mão de obra (trabalho): recursos humanos que devem ser utilizados na atividade em-
presarial. Detalhe importante: hoje tal fator também contempla a automatização (“mão 
de obra” automatizada: computadores, robôs, máquinas etc que realizam o trabalho 
antes feito por humanos);
• Insumos (matéria-prima/bens naturais): substrato necessário para a produção/circu-
lação de bens ou serviços;
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
• Tecnologia: engloba o conjunto de procedimentos utilizados na produção e circulação 
de bens ou serviços.
Tradicionalmente, os doutrinadores exigiam a articulação cumulativa desses quatro fato-
res de produção para a caracterização de alguém como empresário.
Contudo, entendo bem oportuna a ponderação de André Santa Cruz, no sentido de que 
com a evolução dos negócios, sobretudo dos ‘negócios virtuais’, é necessário um abranda-
mento em relação à abrangência do elemento ‘organização’:
Fábio Ulhoa Coelho, ao analisar o requisito da organização para a caracterização da em-
presa, chega a afirmar que não se deve considerar como empresário aquele que não organiza 
nenhum dos fatores de produção. Parece-nos que essa ideia fechada de que a organização 
dos fatores de produção é absolutamente imprescindível para a caracterização do empresário 
vem perdendo força no atual contexto da economia capitalista. Com efeito, basta citar o caso 
dos microempresários, os quais, não raro, exercem atividade empresarial única ou preponde-
rantemente com trabalho próprio. Pode-se citar também o caso dos empresários virtuais, que 
muitas vezes atuam completamente sozinhos, resumindo-se sua atividade à intermediação 
de produtos ou serviços por meio da internet.
Ainda em relação ao elemento “organização”, diversos autores entendem que a formação 
e a manutenção de estabelecimento empresarial (“todo complexo de bens organizado, para 
exercício da empresa”, nos termos do art. 1.142 do CC – perfil patrimonial da empresa) é es-
sencial para a configuração de tal elemento.
Nesse sentido, confira-se a lição de Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa:
Ainda, segundo Ascarelli, a referência ao fato de a atividade dever ser organizada implica 
que o empresário deve utilizar-se necessariamente de um estabelecimento (azienda) - ou 
seja, um complexo de bens organizados para o exercício da empresa. (...) desde o pipoqueiro 
ambulante até a indústria multinacional - sempre será necessário dispor de um determinado 
complexo de bens para o exercício da atividade empresarial. (destaquei).
Reproduzo novamente julgado do STJ, agora com enfoque na organização:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATU-
REZA - ISS. BASE DE CÁLCULO. TRATAMENTO DIFERENCIADO CONFERIDO AOS 
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DIREITO EMPRESARIAL
PROFISSIONAIS LIBERAIS E ÀS SOCIEDADES UNIPROFISSIONAIS. ARTIGO 9º, §§ 1º 
E 3º, DO DECRETO-LEI 406/68. NORMA NÃO REVOGADA PELA LEI COMPLEMENTAR 
116/2003. PRECEDENTES. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL OU SOCIEDADE EMPRESÁRIA. 
INAPLICABILIDADE. PRECEDENTES DA PRIMEIRA SEÇÃO. EXERCÍCIO DE PROFISSÃO 
INTELECTUAL COMO ELEMENTO DE EMPRESA. CONFIGURAÇÃO.
(...)
2. Segundo o artigo 966 do Código Civil, considera-se empresário aquele que exerce ati-
vidade econômica (com finalidade lucrativa) e organizada (com o concurso de mão-de-
-obra, matéria-prima, capital e tecnologia) para a produção ou circulação de bens ou de 
serviços, não configurando atividade empresarial o exercício de profissão intelectual de 
natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou cola-
boradores, que não constitua elemento de empresa. (destaquei) [STJ, REsp 1028086/RO, 
1ª T, rel. min. Teori Zavascki, DJ 20-10-2011]
QuEstãO 4 (CESPE/JUIZ/TJ-MA/2013/ADAPTADA) Assinale a opção correta referente ao 
direito de empresa.
De acordo com o Código Civil, considera-se empresário quem exerce profissionalmente ativi-
dade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços. Segundo 
a doutrina, organização é entendida como a cumulação necessária de capital, mão de obra, 
insumose tecnologia.
Certo.
A questão apresenta o conceito legal de empresário constante no art. 966 do Código Civil. 
No que diz respeito ao elemento “organização”, está correta a afirmativa de que essa se ca-
racteriza pela articulação dos 4 fatores de produção, a saber, capital, mão de obra (trabalho), 
insumos (natureza/matéria prima) e tecnologia.
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DIREITO EMPRESARIAL
4º ElEmEntO CaraCtErizadOr dO EmprEsáriO: ObjEtivO dE prOduçãO Ou a 
CirCulaçãO dE bEns Ou dE sErviçOs
Por fim, temos que a atividade econômica organizada do empresário deve ser direcionada 
para a produção (criação/confecção de produtos para colocar no mercado) ou a circulação
(distribuição/comercialização de produtos ou prestação generalizada de serviços) de bens ou
serviços.
Muito importante, concurseiro(a): essa produção e/ou circulação de bens ou serviços neces-
sariamente devem ser destinadas para atender ao mercado, NÃO devendo ser somente para o 
consumo próprio do excercente da atividade.
EmprEsáriO: difErEnças Em rElaçãO aO COnCEitO dE COmErCiantE
Conforme destacado por André Santa Cruz, é fundamental perceber a abrangência da teo-
ria da empresa (em contraponto à antiga - e restritiva - teoria dos atos de comércio), uma vez 
que, a princípio, qualquer atividade econômica pode se enquadrar nesse conceito e, portanto, 
potencialmente se sujeitará ao regime jurídico empresarial.
Contudo, consoante veremos um pouco mais à frente, nem toda atividade econômica se 
enquadrará como empresarial...
De qualquer forma, fato é que o conceito de empresário é bem mais amplo do que o de 
comerciante.
Preceituado no Código Comercial de 1850 (art. 4º) e aclarado pelo art. 19 do Regulamento 
737, de 1850, o conceito de comerciante era objetivo, uma vez que decorria da atividade por ele 
desenvolvida: a prática da mercancia (“atos de comércio”) de forma habitual, como profissão.
Quanto à caracterização de “atos de comércio”, lembremos a doutrina do jurista italiano 
Alfredo Rocco (considerada predominante), segundo a qual a característica comum de tais 
atos é a “função de intermediação na efetivação de troca”, seja realizando diretamente essa 
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função (atos de comércio por natureza, fundamental ou constitutivo), seja facilitando essa 
execução (atos de comércio acessório ou por conexão).
Notemos, amigo(a) concurseiro(a), a abrangência limitada do conceito de atos de co-
mércio, sobretudo em relação ao enquadramento (ou não) de atividades econômicas clás-
sicas (ex., relativas ao mercado imobiliário e a agropecuária) e também de novas atividades 
(vg., prestação de serviços), mesmo que exercidas com habitualidade, profissionalismo e 
organização.
Tal conceito foi evoluindo ao longo do tempo, inclusive sob a influência da teoria da 
empresa.
Com a promulgação do Código Civil de 2002 - e a consequente implementação definitiva 
da teoria da empresa -, a teoria dos atos de comércio ficou para trás.
De qualquer forma, como destaca Marcelo Bertoldi e Márcia Carla Ribeiro, é possível dizer 
que “todo comerciante será um empresário, empresário que tem como objeto de trabalho atos 
de interposição de troca de mercadorias”. E vão além:
O empresário nada mais é senão o comerciante dos dias atuais, não existindo qualquer 
motivo para se fazer distinção entre essas duas figuras, que, na verdade, representam o sujei-
to com o qual se ocupa o direto comercial, ou, numa nomenclatura mais atualizada, o direito 
empresarial.
Podemos sintetizar o conceito de empresário e os seus elementos da seguinte forma:
Empresário (art. 966 do CC):
“Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção 
ou a circulação de bens ou de serviços.”
4 elementos da caracterização do empresário:
1) Profissionalismo: A exploração da atividade econômica organizada como profissão 
habitual.
Deve haver:
i) habitualidade: deve perdurar no tempo, não podendo ser eventual;
ii) pessoalidade: a atividade empresarial é desenvolvida em nome do 
empresário, que é quem assume os riscos; e
iii) monopólio das informações: conhecimento aprofundado sobre as 
características de seu produto ou serviço, que indica que o empresá-
rio tem experiência no ramo.
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2)Atividade econômica: i) atividade: desenrolar de atos praticados ao longo do tempo;
ii) econômica: finalidade lucrativa.
3) Organizada: Articulação dos 4 fatores de produção pelo empresário:
i) capital: recursos financeiros e materiais investidos e mobilizados;
ii) mão de obra (trabalho): recursos humanos que devem ser utiliza-
dos na atividade empresarial. Abarca também a automatização;
iii) insumos (matéria-prima/bens naturais): substrato necessário para 
a produção/circulação de bens ou serviços;
iv) tecnologia: engloba o conjunto de procedimentos utilizados na 
produção e circulação de bens ou serviços.
4) Produção e/ou circulação de bens 
ou serviços:
Criação/confecção de produtos para colocar no mercado e/ou distri-
buição/ comercialização de produtos ou prestação generalizada de 
serviços.
Deve ser dirigida a atender ao mercado e não ao consumo próprio do 
exercente da atividade.
QuEstãO 5 (VUNESP/JUIZ/TJ-RS/2018) O artigo 966 do Código Civil define como empre-
sário aquele que exerce:
a) atividade profissional econômica organizada com a finalidade de produção ou circulação 
de bens ou de serviços.
b) atividade eventual econômica, organizada com a finalidade de circulação de bens ou ser-
viços.
c) atividade profissional organizada com a finalidade de produção ou circulação de bens ou 
de serviços.
d) atividade profissional econômica organizada com a finalidade de produção e circulação de 
bens ou de serviços.
e) atividade eventual econômica não organizada com a finalidade de produção e circulação 
de bens ou de serviços.
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Letra a.
O empresário é definido no art. 966, do CC nos seguintes termos:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organiza-
da para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Assim, deve desenvolver atividade econômica, com profissionalismo e de forma organizada,
com a finalidade de produção ou circulação de bens ou de serviços.
atividadEs nãO EmprEsariais
prOfissãO intElECtual, dE naturEza CiEntífiCa, litErária Ou artístiCa
Embora seja, a princípio, abrangente a definição de empresário prevista no art. 966 do CC, 
extraímos do próprio parágrafo único desse dispositivo que a situação não é bem assim:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de na-
tureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, 
salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. (destaquei)
Dessa maneira, em regra estão excluídos do conceito de empresários os denominados 
profissionais liberais, isto é, aqueles que exercem profissões:
• Intelectual: atividade centrada na mente do profissional ou com esforço criador (arqui-
teto, advogado, etc);
• Natureza científica: relacionada à pesquisa ou à ciência, detendo conhecimentos sistê-
micos (professor/pesquisador, químico, médico etc);
• Literária:profissão com expressão da linguagem, ideias e símbolos (escritor, composi-
tor, poeta, jornalista etc);
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• Artística: atuação no ramo da arte, produção de algo diferenciado em razão da habili-
dade do autor, com a expressão de sentidos e símbolos (ator, cantor, escritor de novela, 
fotógrafo, desenhista, dançarino etc).
Note, caro(a) concurseiro(a), que um traço comum nessas profissões é que todas en-
volvem, em regra, atividades personalíssimas, ou seja, a figura do profissional em si é fator 
determinante da atividade, bem como da própria escolha do serviço ou produto por parte dos 
clientes.
Dessa forma, mesmo que o exercente dessas atividades tenham finalidade lucrativa e 
eventualmente contrate funcionário(s) para auxiliá-lo, tal pessoa, a princípio, não será empre-
sária, uma vez que nessas profissões “o essencial é a atividade pessoal do agente econômi-
co”, conforme destaca André Santa Cruz.
Ou seja, a atividade econômica não se mostra “organizada”, na medida em que a articula-
ção dos fatores de produção – essencial para a caracterização do empresário – será coloca-
da em segundo plano, já que o destaque é a própria pessoa do profissional liberal (responsá-
vel inclusive por atrair a clientela).
Contudo, o próprio dispositivo legal faz uma ressalva: o profissional liberal não será em-
presário, “salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
Como é que é, professor, o que significa “se o exercício da profissão constituir elemento 
da empresa?
Pois é, caro(a) aluno(a), entenda essa ressalva da seguinte forma: se for verificada na ati-
vidade econômica que a organização dos fatores de produção passa a ser mais importante 
que a atividade pessoal desenvolvida pelo(s) profissional(is) liberal(is) envolvido(s), quem for 
responsável por essa organização será considerado empresário.
DICA!
Um dos indicativos de que a profissão passou a constituir 
“elemento de empresa” é a contratação de terceiros para o 
desempenho da atividade-fim.
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Exemplos:
Situação 1 – Paulo e Márcio alugam imóvel para instalar uma clínica médica, com a finalida-
de de ganhar dinheiro com a sua profissão de médico. Contratam secretária e auxiliares para 
prestarem apoio nos procedimentos médicos, sendo que todas as despesas são divididas 
entre os dois (aluguel, funcionários etc). Os clientes, ao marcarem consulta, procuram especi-
ficamente Paulo, que é renomado professor de ortopedia na principal universidade da cidade, 
bem como Márcio, por conta da sua expertise na matéria.
Nesse caso, verificamos que tais profissionais liberais não serão considerados empresários, 
na medida em que ambos são responsáveis pela atividade-fim, sendo procurados de forma 
personalíssima.
Situação 2 – Orlando, médico, aluga prédio de 3 andares e mobília 13 consultórios, inaugu-
rando o empreendimento com o nome de “Clínica Ando Bem”. Mediante processo seletivo 
aberto ao público, contrata médicos especializados em ortopedia e fisioterapeutas. Orlando 
arca com todas as despesas do empreendimento e paga salário fixo aos médicos e fisiotera-
peutas, acrescido de percentual por atendimento. Orlando faz convênio com diversos planos 
de saúde e clubes desportivos, disponibilizando o serviço médico de ortopedia. Os clientes, 
ao marcarem consulta, não sabem especificamente o nome dos profissionais, preocupando-
-se na marcação mais com a disponibilidade de agenda.
Nessa hipótese, Orlando, mesmo que eventualmente também faça atendimento médico, será 
considerado empresário, uma vez que organizou os fatores de produção da atividade econô-
mica, sendo que a atividade intelectual médica foi absorvida como um desses fatores (ou seja, 
tornou-se “elemento de empresa”) da atividade empresarial. Note que os clientes demandam 
os serviços da Clínica Ando Bem por conta do convênio médico, sendo que na maior parte das 
vezes não têm qualquer conhecimento do profissional que os irá atender. Perceba, também, 
que houve a contratação de terceiros para a realização da atividade fim.
Transcrevo abaixo outros exemplos citados por Mônica Gusmão:
Assim, v.g.:
1) um dentista será considerado um profissional liberal enquanto exercer individualmente sua ati-
vidade mesmo com o concurso de auxiliares ou colaboradores, se inseridos na atividade-meio (ex.: 
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secretária). Hipótese diversa seria se contratasse um protético ou um técnico em RX. Estaríamos, 
aí, diante da figura do empresário individual.
2) um engenheiro poderá ser considerado empresário individual se exercer atividade econômica 
organizada, ou seja, se o auxílio ou a colaboração de terceiros integrar a sua atividade-fim (por 
exemplo, a contratação de topógrafo, técnico em cálculos estruturais, especialista em hidráulica 
etc.), descentralizando-a e retirando a pessoalidade de quem a exerce.
3) é sociedade simples o empreendimento em que dois médicos se associam e contratam uma 
secretária para os auxiliar. Nessa hipótese, não existe organização da atividade econômica por eles 
exercida. A atividade-fim só depende dos sócios. Os colaboradores inserem-se na atividade-meio.
4) a sociedade formada por dois médicos que se associam e contratam outros médicos para os au-
xiliar será empresária se nesse consórcio se fizer presente o elemento de empresa, isto é, se a ati-
vidade-fim do negócio depender, também, de um ou de mais de um dos profissionais contratados, 
ou seja, se houver a descentralização da atividade-fim; caso contrário, se a atividade desenvolvida, 
ainda que com o concurso de colaboradores, centralizar-se nos sócios, a sociedade será simples.
5) um hospital que se constitui a partir da associação de médicos que independentemente do exer-
cício pessoal de suas atividades intelectual e científica será necessariamente uma sociedade em-
presária porque é imprescindível a contratação de outros profissionais para o exercício da sua ati-
vidade-fim (técnicos, anestesistas, instrumentadores cirúrgicos, corpo de enfermagem etc.). (...).
Confira os Enunciados 193, 194 e 195 da III Jornada de Direito Civil:
Enunciado 193 
Art. 966: O exercício das atividades de natureza exclusivamente intelectual está excluído do 
conceito de empresa.
Enunciado 194 
Art. 966: Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos 
fatores da produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida.
Enunciado 195 
Art. 966: A expressão “elemento de empresa” demanda interpretação econômica, devendo ser ana-
lisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, 
como um dos fatores da organização empresarial.
QuEstãO 6 (CESPE/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO/TCU/2015) (QUESTÃO ADAP-
TADA) Acerca das sociedades empresariais, assinale se a opção está correta.
Profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores 
de produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida.
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Certo.
Nos termos da ressalva contida no parágrafo único do art. 966 do CC, o profissional liberal po-
derá ser considerado empresário “se o exercício da profissão constituir elemento da empre-
sa”. Ou seja, se houver efetiva organização dos fatores de produção pelo profissional liberal, 
notadamentecom a contratação de terceiros para o exercício da atividade-fim.
Note que a questão reproduziu o Enunciado 194 da III Jornada de Direito Civil:
Enunciado 194 
Art. 966: Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos 
fatores da produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida.
sOCiEdadEs dE advOgadOs
Embora o Código Civil não faça menção específica sobre o exercício da advocacia, é im-
portante saber, caro(a) concurseiro(a), que o Estatuto da Ordem dos Advogados (Lei 8.906, de 
1994) estabelece em seus artigos 15 e 16 que o exercício da advocacia será sempre civil (as 
sociedades serão sempre simples, na dicção da lei), não podendo apresentar forma ou carac-
terísticas de sociedade empresária.
Confira o caput de tais artigos:
Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de ad-
vocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no 
regulamento geral.
Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades de 
advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que adotem deno-
minação de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou 
titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente 
proibida de advogar.
Nesse sentido, por força legal, a despeito de haver escritórios de advocacia que adotam 
estrutura sofisticada e com ampla contratação de terceiros para a realização da atividade-
-fim, o exercício da advocacia será sempre de natureza civil.
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COOpErativa
As cooperativas também, a despeito do objeto, nunca serão consideradas sociedades 
empresárias, devendo necessariamente ser sociedades simples.
É o que preceitua o parágrafo único do art. 982 do CC:
Uma das explicações para essa exclusão é o fato de as sociedades cooperativas serem 
constituídas para atender os interesses dos seus cooperados (consumo próprio), faltando, 
a princípio, o direcionamento dos bens ou serviços para o mercado.
Conforme já dissemos, o critério adotado como regra geral para definir empresário é o 
material, ou seja, que demanda a análise do objeto explorado pelo sujeito.
No entanto, no caso das cooperativas (nunca serão empresárias) e das sociedades por 
ações (sempre serão empresárias), verificamos que excepcionalmente foi adotado o critério 
legal.
QuEstãO 7 (CESPE/JUIZ/TJ-PR/2019) Conforme o Código Civil, equipara-se à condição de 
pessoa empresária.
Um grupo de pessoas que pretenda constituir uma cooperativa para intermediar a venda de 
produtos fabricados em determinada comunidade.
Errado.
Nos termos do parágrafo único do art. 982, as cooperativas serão sempre sociedades sim-
ples, ou seja, não empresárias.
QuEstãO 8 (CESPE/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO/TCU/2015/ADAPTADA) Acer-
ca das sociedades empresariais, assinale se a opção está correta.
Se uma cooperativa exercer atividade própria de empresário, essa cooperativa será conside-
rada sociedade empresária e ficará sujeita a registro na junta comercial.
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Errado.
Independentemente do objeto, as cooperativas serão sempre sociedades simples, ou seja, 
não empresárias, nos termos do parágrafo único do art. 982.
prEstaçãO dE sErviçOs dE rEgistrOs públiCOs (CartOráriO E nOtarial)
É interessante saber, concurseiro(a), que tanto o STF (plenário) como o STJ (REsp. 
1.328.384/RS, 1ª Sessão, rel. p/ acórdão min. Mauro Campbell Marques, DJ 29-5-2013) afas-
taram a natureza personalíssima da prestação de serviços de registros públicos pelo notário 
e registrador, reconhecendo que eles desenvolvem atividade econômica “análoga” à empre-
sária, “assemelhando-se ao próprio conceito de empresa”.
Atente-se, portanto, que tal atividade é análoga à empresarial, sendo que o STF consignou 
expressamente que tal atividade se sujeita a regime próprio de direito público:
CONSTITUCIONAL. DECLARAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE. ATIVIDADE NOTARIAL. 
NATUREZA. LEI 9.534/97. REGISTROS PÚBLICOS. ATOS RELACIONADOS AO EXERCÍCIO 
DA CIDADANIA. GRATUIDADE. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. VIOLAÇÃO NÃO 
OBSERVADA. PRECEDENTES. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO.
I – A atividade desenvolvida pelos titulares das serventias de notas e registros, embora 
seja análoga à atividade empresarial, sujeita-se a um regime de direito público. (...).
[STF, ADC 5, Tribunal Pleno, rel. min. Nelson Jobim, relator(a) p/ acórdão: min. Ricardo 
Lewandowski, DJ 11-06-2007].
EmprEsáriO rural: faCultatividadE
O CC reservou tratamento especial ao exercente da atividade rural, na medida em que lhe 
facultou ser ou não empresário.
Como assim, professor? O exercente de atividade rural é ou não empresário?
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Então, nobre aluno(a), o exercente da atividade rural somente será empresário se optar 
(lembre, é uma faculdade) por se registrar na Junta Comercial.
Confira o disposto no art. 971 do CC:
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as 
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de 
Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para 
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro
Nesse caso, ao contrário da regra geral em que o registro na Junta Comercial é meramen-
te declaratório (o que define a condição de empresário é a atividade por ele exercida, sendo 
o registro somente uma obrigação legal), para o empresário rural tal registro é constitutivo.
Confira a esse respeito o Enunciado 202 da III Jornada de Direito Civil:
Enunciado 202
O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de natureza
constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao em-
presário ou sociedade rural que não exercer tal opção.
Como desdobramento, o exercente de atividade rural somente poderá se valer das prer-
rogativas conferidas ao empresário – exemplo, requerimento de recuperação judicial -, caso 
esteja devidamente registrado na Junta Comercial.
Nesse sentido, transcrevo decisão do STJ, que inclusive reconheceu efeitos ex tunc (abar-
car situações anteriores) ao registro do empresário rural que, por ser facultativo e ter trata-
mento favorecido, possibilita retroagir a condição de empresário rural desde o início do efeti-
vo exercício da atividade rural (e não a partir do registro):
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E EMPRESARIAL. EMPRESÁRIO RURAL E RECUPERAÇÃO 
JUDICIAL. REGULARIDADE DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL ANTERIOR AO REGIS-
TRO DO EMPREENDEDOR (CÓDIGO CIVIL, ARTS. 966, 967, 968, 970 E 971). EFEITOS EX 
TUNC DA INSCRIÇÃO DO PRODUTOR RURAL. PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (LEI 
11.101/2005, ART. 48). CÔMPUTO DO PERÍODO DE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL 
ANTERIOR AO REGISTRO. POSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. O produtor rural, por não ser empresário sujeito a registro, está em situação regular, 
mesmo ao exercer atividade econômica agrícola antes de sua inscrição, por ser esta 
para ele facultativa.
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2. Conforme os arts. 966, 967, 968, 970 e 971 do Código Civil, com a inscrição, fica o pro-
dutor rural equiparado ao empresário comum, mas com direito a “tratamentofavorecido, 
diferenciado e simplificado (...), quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes”.
3. Assim, os efeitos decorrentes da inscrição são distintos para as duas espécies de 
empresário: o sujeito a registro e o não sujeito a registro. Para o empreendedor rural, 
o registro, por ser facultativo, apenas o transfere do regime do Código Civil para o regime 
empresarial, com o efeito constitutivo de “equipará-lo, para todos os efeitos, ao empre-
sário sujeito a registro”, sendo tal efeito constitutivo apto a retroagir (ex tunc), pois a 
condição regular de empresário já existia antes mesmo do registro. Já para o empresá-
rio comum, o registro, por ser obrigatório, somente pode operar efeitos prospectivos, ex 
nunc, pois apenas com o registro é que ingressa na regularidade e se constitui efetiva-
mente, validamente, empresário.
4. Após obter o registro e passar ao regime empresarial, fazendo jus a tratamento dife-
renciado, simplificado e favorecido quanto à inscrição e aos efeitos desta decorrentes
(CC, arts. 970 e 971), adquire o produtor rural a condição de procedibilidade para reque-
rer recuperação judicial, com base no art. 48 da Lei 11.101/2005 (LRF), bastando que 
comprove, no momento do pedido, que explora regularmente a atividade rural há mais 
de 2 (dois) anos. Pode, portanto, para perfazer o tempo exigido por lei, computar aquele 
período anterior ao registro, pois tratava-se, mesmo então, de exercício regular da ativi-
dade empresarial.
5. Pelas mesmas razões, não se pode distinguir o regime jurídico aplicável às obrigações 
anteriores ou posteriores à inscrição do empresário rural que vem a pedir recuperação 
judicial, ficando também abrangidas na recuperação aquelas obrigações e dívidas ante-
riormente contraídas e ainda não adimplidas.
6. Recurso especial provido, com deferimento do processamento da recuperação judicial
dos recorrentes.
[STJ, REsp 1800032, 4ª T, rel. min. Marco Buzzi, DJ 05-11-2019].
Essa decisão do STJ também destaca uma questão importante: o fato de o art. 970 do CC 
ter assegurado tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao 
pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes:
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QuEstãO 9 (FCC/JUIZ/TJ-PE/2011) É correto afirmar que
A lei assegurará tratamento isonômico ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto 
à inscrição empresarial e aos efeitos dela decorrentes.
Errado.
Nos termos do art. 970 do CC, é assegurado tratamento favorecido, diferenciado e simplifica-
do ao empresário rural e ao pequeno empresário.
dEvErEs/ObrigaçõEs dO EmprEsáriO rEgular
O empresário (empresário individual, sociedade empresária ou EIRELI) para ser conside-
rado regular devem cumprir determinados deveres legais.
Nesse sentido, Fábio Ulhoa Coelho enuncia as seguintes obrigações:
• promover a inscrição na Junta Comercial antes do início das suas atividades (art. 967 
do CC);
• manter escrituração regular dos seus negócios (art. 1.179 e seguintes do CC);
• levantar demonstrações contábeis periódicas (arts. 1.179, parte final, 1.188 e 1.189 
do CC).
1ª ObrigaçãO dO EmprEsáriO: rEgistrO na junta COmErCial
O art. 967 do CC determina:
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da 
respectiva sede, antes do início de sua atividade. (negritei)
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Antes de mais nada, é importante esclarecer que sempre que o CC utilizar a expressão 
“Registro Público de Empresas Mercantis” está se referindo a registro a cargo das Juntas Co-
merciais dos Estados (que tem funções executora e administradora dos serviços de registro), 
sobre as quais falaremos um pouco mais adiante.
Outro ponto a se destacar é que apesar de ser obrigatório o registro, já vimos que o critério 
geral adotado no Brasil para a configuração do empresário é o efetivo exercício da atividade 
empresarial (critério material). Assim, como regra, o registro é meramente declaratório.
Não fazendo o registro, a consequência é que o empresário será considerado irregular, 
embora necessariamente seja submetido ao regime jurídico empresarial (exemplo, poderá ser 
requerida a sua falência).
E mais: no caso de sociedade empresária e EIRELI, a realização do registro tem efeito 
importantíssimo, que é a constituição de personalidade jurídica diversa da(s) pessoa(s) dos 
sócios ou do titular, com a consequente limitação de responsabilidade caso cabível (v.g., so-
ciedade limitada, sociedade anônima, EIRELI).
DICA!
Mesmo havendo a formalização dos atos constitutivos (con-
trato/estatuto social), a sociedade empresária ou EIRELI so-
mente adquire a personalidade jurídica com a efetiva inscri-
ção na Junta Comercial. Enquanto isso não ocorre, a entidade 
que se pretende criar é regulada pelos arts. 986 a 990 do CC 
(Livro II – Do Direito de Empresa; Titulo II – Da Sociedade; 
Capítulo I – Da sociedade em comum), sendo que os sócios 
(sociedade empresária) ou titular (EIRELI) respondem solidá-
ria e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do be-
nefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou 
pela sociedade (art. 990 do CC).
Nesse sentido, transcrevo os Enunciados 198 e 199 aprovados na III Jornada de Direito 
Civil:
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Caracterização do Empresário
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Enunciado 198 
Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, 
admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os requi-
sitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo 
em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário.
Enunciado 199 
Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regula-
ridade, e não da sua caracterização.
A única exceção é o caso do empresário rural, em que o registro é constitutivo (isso por-
que lhe é conferida a faculdade de ser ou não empresário).
A inscrição do empresário deverá ser feita na Junta Comercial do lugar onde se encontra 
localizada a sua sede, devendo o requerimento, nos termos do art. 968 do CC, conter:
• o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens;
• a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assi-
natura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua 
autenticidade (no caso da microempresa ou empresa de pequeno porte essa exigência 
pode ser dispensada);
• o capital; e
• o objeto e a sede da empresa.
QuEstãO 10 (JUIZ DO TRABALHO/TRT-2ª REGIÃO/2016/ADAPTADA) Sobre as pessoas jurí-
dicas e o empresário, à luz da legislação vigente, julgue o(s) item(ns) a seguir:
A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha o seu nome, na-
cionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; a firma, com a respectiva 
assinatura autógrafa ou por certificação digital; o capital; e o objeto e a sede da empresa.
Certo.
A questão reproduz o art. 968, caput, do CC:
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A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha:
I – o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens;
II – a firma, com a respectiva assinatura autógrafa; 
III – o capital;
IV – oobjeto e a sede da empresa.
Registro que o empresário individual terá o prazo de 30 dias para apresentar a documen-
tação necessária, contado da lavratura do ato respectivo (art. 1.151, § 1º do CC).
Já em relação à sociedade empresária, nos trinta dias subsequentes à sua constituição, 
ou seja, a partir da assinatura do contrato/estatuto social, essa deverá requerer a inscrição do 
contrato social na Junta Comercial. Caso não seja observado tal prazo, os efeitos (incluindo a 
constituição de personalidade jurídica autônoma e a limitação de responsabilidade) somente 
produzirão efeitos a partir da data da sua concessão (art. 998 c/c art. 1.151, §§ 1º e 2º do CC).
Em relação às microempresas ou empresas de pequeno porte, por conta do tratamento cons-
titucionalmente favorecido (art. 170, IX da CF/88), o art. 4º, § 1º, I da LC 123, de 2006 estabe-
lece que o processo de abertura, registro, alteração e baixa de tais entes deverão ter trâmite 
especial e simplificado, podendo ser dispensados o uso da firma, com a respectiva assinatura 
autógrafa, o capital, requerimentos, demais assinaturas, informações relativas ao estado civil 
e regime de bens, bem como remessa de documentos, na forma estabelecida pelo Comitê 
para Gestão da Rede Nacional para Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas 
e Negócios – CGSIM.
Caso o empresário institua filiais, sucursais ou agências em locais sujeitos à jurisdição de 
outra Junta Comercial, é importante ficar atento, pois o art. 969 do CC preceitua as seguintes 
obrigações:
• o empresário deverá inscrever (registrar) a filial, sucursal ou agência na Junta Comer-
cial do local da sua instalação, com a prova da inscrição originária;
• o empresário também deverá averbar a constituição do estabelecimento secundário na 
Junta Comercial da respectiva sede.
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No que diz respeito ao conceito jurídico de filial, sucursal ou agência, reproduzo doutrina 
de André Santa Cruz:
Pode-se definir filial, juridicamente, como a sociedade empresária que atua sob a direção 
e administração de outra, chamada de matriz, mas mantém sua personalidade jurídica e o 
seu patrimônio, bem como preserva sua autonomia diante da lei e do público. Agência, por 
sua vez, pode ser conceituada como empresa especializada em prestação de serviços que 
atua especificamente como intermediária. E sucursal, por fim, é o ponto de negócio acessório 
e distinto do ponto principal, responsável por tratar dos negócios deste e a ele subordinado 
administrativamente.
QuEstãO 11 (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-3ª/2011) Considere que determinada empresa, 
constituída no estado de São Paulo e em fase de franca expansão, decida abrir estabeleci-
mento em município do estado do Paraná. Nessa situação, a instituição da filial no Paraná, no 
que se refere à formalização no registro público de empresas mercantis, deve ser
a) registrada necessariamente em ambos os estados.
b) registrada em São Paulo ou no Paraná, a critério da empresa.
c) apenas averbada em São Paulo.
d) apenas registrada no estado do Paraná.
e) registrada no Paraná e averbada em São Paulo.
Letra e.
Nos termos do art. 969 do CC, a filial deverá ser registrada no Estado do Paraná (local da sua 
instalação), mas também deverá ser feita averbação da instituição na Junta Comercial de São 
Paulo (local da sede):
Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro 
Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscri-
ção originária.
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rEgistrO públiCO dE EmprEsas mErCantis E atividadEs afins – lEi
n. 8.934, dE 18 dE nOvEmbrO dE 1994
Antes de abordar propriamente pontos importantes da Lei 8.934, de 1994, que dispõe sobre 
o Registro Público de Empresas Mercantis, é importante saber que o CC também disciplina 
alguns aspectos relacionados ao registro empresarial, sobretudo nos arts. 1.150 a 1.154 (Livro 
II – Do Direito de Empresa; Título IV – Institutos Complementares; Capítulo I – Do registro).
No âmbito da legislação especial – Lei 8.934, de 1994, depreendemos do art. 1º que o 
Registro Público de Empresas Mercantis tem por finalidade:
• dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das 
empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei;
• cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter 
atualizadas as informações pertinentes;
• proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu cancela-
mento.
Consoante o art. 3º, os serviços de Registro Público de Empresas Mercantis são exercidos 
em todo o país de maneira uniforme, harmônica e interdependente pelo Sistema Nacional de 
Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), composto pelos seguintes órgãos:
• Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI – antigo Departa-
mento Nacional de Registro do Comércio): órgão central do Sinrem (nível federal), tendo 
as funções supervisora, orientadora, coordenadora, na área técnica, e supletiva, na área 
administrativa;
• Juntas Comerciais (nível estadual): órgãos locais, com funções executora e adminis-
tradora dos serviços de registro.
No entanto, a despeito de o Registro Público de Empresas Mercantis ser exercido por es-
ses dois órgãos, quem efetivamente “põem a mão na massa” são as Juntas Comercias, uma 
vez que cabe a elas a função executiva
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Antes de mais nada, consigno que a existência das Juntas Comerciais é bem antiga, tendo 
sido criadas pelo Decreto 738, no ano de 1850.
Dada a capilaridade que a função executiva exige, saiba, caro(a) aluno(a), que por força 
legal deverá haver uma Junta Comercial em cada unidade federativa (art. 5º da Lei 8.934, de 
1994), sendo que tal órgão possui subordinação hierárquica híbrida, uma vez que estão su-
bordinadas, “administrativamente, ao governo do respectivo ente federativo e, tecnicamente, 
ao Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração” (art. 6º).
Registro que anteriormente, como exceção, o parágrafo único do art. 6º preceituava que a 
Junta Comercial do Distrito Federal estaria não só técnica como administrativamente subor-
dinada ao DREI, órgão federal. Contudo, tal dispositivo foi revogado expressamente pela Lei 
13.833, de 2019, o que nos leva a afirmar que tal Junta Comercial passou a seguir o regramen-
to geral, no sentido de estar vinculado administrativamente ao governo do Distrito Federal e 
somente no aspecto técnico ao DREI.
QuEstãO 12 (CESPE/DEFENSOR/DP-DF/2001/INÉDITA) Os antigos tribunais do comércio, 
além do exercício da jurisdição sobre as causas mercantis, detinham competências para o 
registro público do comércio. Com a extinção desses tribunais, a jurisdição civil e comercial 
foi unificada nos tribunais civis, e o registro comercial foi atribuído a órgãos do Poder Execu-
tivo. Acerca do registro público das empresas mercantis, julgue os itens abaixo.
As juntas comerciais são unidades subordinadas administrativamente aos governos estadu-
ais — salvo a junta comercial do Distrito Federa (DF), que é órgão da União — e exercem as 
funções executora e administradora dos serviços de registro do comércio.
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Errado.
Art. 6º da Lei 8.934, de 1994, que dispõe sobreo Registro Público de Atividades Mercantis e 
afins (antes da alteração promovida pela Lei 13.833, de 2019, essa questão estaria certa):
Art. 6º As juntas comerciais subordinam-se, administrativamente, ao governo do respectivo ente 
federativo e, tecnicamente, ao Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração, nos 
termos desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.833,de 2019)
Essa subordinação hierárquica híbrida da Junta Comercial reflete na competência (federal 
ou estadual) para julgamento de causas em que tal órgão seja parte.
Nesse sentido, o STJ tem entendido que a competência será da:
• Justiça federal: somente quando se discutir a lisura do ato praticado pela Junta Co-
mercial do Estado, bem como nos mandados de segurança impetrados contra seu pre-
sidente, por aplicação do art. 109, VIII da CF, em razão de sua atuação delegada. Ou 
seja, somente quando a Junta Comercial estiver agindo no exercício de delegação de 
função pública federal, em que haja discussão sobre o serviço por ela prestada e suas 
consequências (atividade-fim);
• Justiça estadual: demais casos, ainda que esteja sendo discutido ato ou registro da 
Junta Comercial, sobretudo se envolver questões particulares.
RECURSO ESPECIAL. LITÍGIO ENTRE SÓCIOS. ANULAÇÃO DE REGISTRO PERANTE A 
JUNTA COMERCIAL. CONTRATO SOCIAL. INTERESSE DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL. 
INEXISTÊNCIA. AÇÃO DE PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
ESTADUAL. PRECEDENTES DA SEGUNDA SEÇÃO.
1. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça tem decidido pela competência 
da Justiça Federal, nos processos em que figuram como parte a Junta Comercial do 
Estado, somente nos casos em que se discute a lisura do ato praticado pelo órgão, bem 
como nos mandados de segurança impetrados contra seu presidente, por aplicação do 
artigo 109, VIII, da Constituição Federal, em razão de sua atuação delegada.
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2. Em casos em que particulares litigam acerca de registros de alterações societárias 
perante a Junta Comercial, esta Corte vem reconhecendo a competência da justiça 
comum estadual, posto que uma eventual decisão judicial de anulação dos registros 
societários, almejada pelos sócios litigantes, produziria apenas efeitos secundários para 
a Junta Comercial do Estado, fato que obviamente não revela questão afeta à validade 
do ato administrativo e que, portanto, afastaria o interesse da Administração e, conse-
quentemente, a competência da Justiça Federal para julgamento da causa.
Precedentes. Recurso especial não conhecido. (destaquei)
[STJ, REsp 678.405, 3ª T, rel. min. Castro Filho, DJ 16-03-2006]
Tal entendimento reflete também quando se discute a competência no âmbito da justiça 
criminal, na hipótese de haver a utilização de documentação falsificada perante a Junta Co-
mercial:
PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE FALSIDADE IDEOLÓGICA. UTILIZAÇÃO 
DE CPF DE TERCEIRO PARA CONSTITUIÇÃO DE EMPRESA. ATIVIDADE FEDERAL NÃO- 
AFETADA. PREJUÍZO DO PARTICULAR. INTERESSE GENÉRICO E REFLEXO DA UNIÃO. 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. As Juntas Comerciais exercem atividade de 
natureza federal, por estarem tecnicamente subordinadas ao Departamento Nacional 
de Registro do Comércio, a teor do art. 6º da Lei 8.934/94, inexistindo interesse do ente 
federal caso não haja prejuízo aos serviços prestados. 2. Constatado que a União não 
foi ludibriada nem sofreu prejuízos, pois enganado foi o particular que teve o documento 
utilizado para a constituição de estabelecimento comercial, resta afastada a competên-
cia da Justiça Federal. 3. Eventual prejuízo experimentado pela União na prática delitiva 
seria reflexo, haja vista que se exige interesse direto e específico. 4. Conflito conhecido 
para declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Especializada Criminal de 
Salvador/BA, ora suscitante.
[CC 81.261/BA, rel. min. Arnaldo Esteves Lima, 3ª.S., DJ 16-3-2009).
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. FALSIDADE IDEO-
LÓGICA E FALSIDADE DOCUMENTAL. COMPETÊNCIA DETERMINADA PELO LOCAL DA 
CONSUMAÇÃO DOS DELITOS. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 69, INCISO I, E 70, AMBOS DO 
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CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. SIMPLES ENVOLVIMENTO DA JUNTA COMERCIAL. COM-
PETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INOCORRÊNCIA.
AUSÊNCIA DE OFENSA DIRETA A BENS, SERVIÇOS OU INTERESSE DA UNIÃO. RECURSO 
ORDINÁRIO DESPROVIDO.
I – Na linha da jurisprudência desta Corte, “os tipos penais de falsidade ideológica e 
falsificação documental consumam-se no momento da falsificação, sendo irrelevante o 
local do resultado [...]” (CC n. 101.184/PR, Terceira Seção, Rel. Min. Assusete Magalhães, 
DJe de 21/6/2013).
II – A competência da Justiça Federal para apuração de crimes decorre do art. 109, inciso 
IV, da Constituição Federal, que afirma, dentre outras coisas, que compete aos juízes 
federais processar e julgar “as infrações penais praticadas em detrimento de bens, ser-
viços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, 
excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça 
Eleitoral”.
III – É cediço que as juntas comerciais estão subordinadas administrativamente ao ente 
federativo de sua jurisdição e, tecnicamente, ao Departamento Nacional de Registro do 
Comércio, ex vi da Lei n. 8.934/1994.
IV – No caso vertente, entretanto, não houve ofensa direta a bens, serviços ou interesses 
da União, conforme art. 109, inciso IV, da Constituição Federal, razão pela qual se afasta 
a competência da Justiça Federal.
Recurso Ordinário desprovido.
[RHC 66784, 5ª T, rel. min. Felix Fischer, DJ 21-06-2016]
Atos de Registro na Junta Comercial
Quanto aos atos de registro a cargo das Juntas Comerciais, extraímos do art. 32 que 
são três:
• Matrícula e seu cancelamento: referente a alguns profissionais específicos, denomina-
dos “auxiliares do comércio”, a saber: leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes co-
merciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais;
• Arquivamento: relacionado à maioria dos atos obrigatoriamente levados a registro na 
Junta Comercial. Destaco: (a) constituição, alteração, dissolução e extinção do empresário 
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individual, sociedades mercantis, EIRELI e, também cooperativas (apesar de sempre 
serem sociedades simples – e não empresária). Mas também podemos citar: (b) os 
atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei n. 6.404/76; (c) atos 
concernentes às sociedades empresárias estrangeiras autorizadas a funcionar no Bra-
sil; (d) declarações de microempresa; (e) e atos ou documentos que, por determinação 
legal, sejam atribuídos ao Registro Público de Empresas Mercantis ou daqueles que 
possam interessar ao empresário e às empresas mercantis;
• Autenticação: referente ao registro de instrumentos de escrituração dos empresários 
registrados e dos agentes auxiliares do comércio, na forma de lei própria, que lhes as-
segurarão valor probante.
Ressalto a relevância da formalização do registro em relação a terceiros que não partici-
param do ato, nos termos art. 1.154 do CC: “o ato sujeito a registro, ressalvadas disposições 
especiais da lei, não pode, antes do cumprimento das respectivas formalidades, ser oposto a 
terceiro, salvo prova de que este o conhecia” (destaquei).
Contudo, cumpridas as devidas formalidades, “o terceiro não pode alegar ignorância” (pa-
rágrafo único do art. 1.154 do CC). Da mesma forma, o ato será oponível em relação a quem 
dele participou,mesmo que o ato não seja devidamente registrado.
No entanto, devemos ter em mente que as Juntas Comerciais analisam somente o cum-
primento das formalidades legais relacionadas aos atos do registro, não apreciando o seu 
mérito, conforme se depreende do art. 40, caput, da Lei 8.934, de 1994:
Art. 40. Todo ato, documento ou instrumento apresentado a arquivamento será objeto de exame do 
cumprimento das formalidades legais pela junta comercial. (negritei).
Nos termos do art. 1.153 do CC, à autoridade competente, antes de efetivar o registro, 
cumprirá “verificar a autenticidade e a legitimidade do signatário do requerimento, bem como 
fiscalizar a observância das prescrições legais concernentes ao ato ou aos documentos apre-
sentados.”
No entanto, é vedado às Juntas Comerciais fazerem exigências que não estejam previstas 
em lei para a formalização de atos do registro.
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Confira decisão do STJ no sentido de não poder ser exigida certidão de regularidade fiscal, 
mesmo que conste em decreto estadual, pelo fato de não haver previsão na Lei 8.934, de 1994:
JUNTA COMERCIAL. EXIGÊNCIA DE REGULARIDADE FISCAL ESTADUAL PARA REGISTRO 
DE ATOS CONSTITUTIVOS E SUAS RESPECTIVAS ALTERAÇÕES. ILEGALIDADE.
1. A exigência de certidão de regularidade fiscal estadual para o registro de altera-
ção contratual perante a Junta Comercial não está prevista na lei de regência (Lei n. 
8.934/1994), nem no decreto federal que a regulamentou (Decreto n. 1.800/1996), mas 
em decreto estadual, razão pela qual se mostra ilegítima.
2. Recurso especial conhecido, mas não provido.
[STJ, REsp 724.015/PE, 4ª T, rel. min. Antônio Carlos Ferreira, DJ 15-05-2012].
Atente-se, caro(a) aluno(a), para medidas de desburocratização referentes à autenticação
de documentos introduzidas pela LC 147, de 2014, que introduziu os arts. 39-A e 39-B à Lei 
8.934, de 1994:
As cooperativas, apesar de expressamente estarem excluídas da caracterização de socieda-
des empresárias (deverão ser sociedades simples, na dicção do art. 982, parágrafo único do 
CC), deverão ter seus atos constitutivos arquivados na Junta Comercial, consoante o disposto 
no art. 32, II, ‘a’ da Lei 8.934, de 1994, e art. 18 da Lei 5.764, de 1971 (Lei do Cooperativismo). 
Além do suporte legal, tal entendimento foi ratificado na I Jornada de Direito Civil:
Enunciado 69 
Art. 1.093: As sociedades cooperativas são sociedades simples sujeitas à inscrição nas juntas 
comerciais.
No que diz respeito à publicidade dos atos formalizados na Junta Comercial, é importante 
salientar o disposto no art. 29 da Lei 8.934, de 1994, no sentido de que “qualquer pessoa, sem 
necessidade de provar interesse, poderá consultar os assentamentos existentes nas juntas 
comerciais e obter certidões, mediante pagamento do preço devido.”
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QuEstãO 13 (PUC-PR/JUIZ/TJ-MS/2012/ADAPTADA) Considere as afirmativas a respeito 
do registro público de empresas mercantis e dos atos levados a registro:
Para que uma pessoa possa consultar os assentamentos dos registros empresariais nas(s) 
Junta(s) Comercial(is), é preciso que seja apresentado requerimento formal com o motivo que 
justifica a consulta requerida.
Errado.
Não há a necessidade de justificar o requerimento, nos termos do art. 29 da Lei 8.934, de 1994:
Art. 29. Qualquer pessoa, sem necessidade de provar interesse, poderá consultar os assenta-
mentos existentes nas juntas comerciais e obter certidões, mediante pagamento do preço devido. 
(negritei)
Consigno, por fim, que a Lei 13.874, de 2019, revogou o parágrafo único do art. 2º da Lei 
8.934, de 1994, que estabelecia a obrigatoriedade da atribuição de Número de Identificação 
do Registro de Empresas (NIRe) “a todo ato constitutivo de empresa”. Ou seja, hoje não há 
mais a exigência do NIRE.
2ª Obrigação do Empresário: Escrituração Regular
Além da obrigação de se inscrever na Junta Comercial antes do início das atividades, 
o empresário também tem a obrigação de seguir “um sistema de contabilidade, mecanizado 
ou não,” que deverá se basear “na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência 
com a documentação respectiva” (art. 1.179, primeira parte, do CC).
O ato de “escriturar” está relacionado ao registro regular das operações relacionadas à 
atividade empresarial, lançadas em instrumento de escrituração (além dos livros, também 
balanços, conjunto de folhas ou fichas soltas etc), tendo por base documentação hábil.
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Funções da Escrituração Regular
A escrituração desempenha duas principais funções, consoante lições de Fabio Ulhoa 
Coelho e também de Marcelo Bertoldi e Márcia Carla Ribeiro:
• Controle gerencial da atividade empresarial (função interna, de cunho gerencial): per-
mite ao empresário (e aos sócios de sociedade empresária) acompanhar o andamento 
e resultado dos negócios, corrigindo eventuais desvios, no sentido de aumentar lucros 
ou diminuir prejuízos;
• Fazer prova a respeito da atividade empresarial (função externa, de cunho documental/
fiscal): por meio da escrituração regular, o empresário pode fazer prova, inclusive pe-
rante o Poder Judiciário, em relação a negócios realizados com terceiros, bem como 
viabiliza a fiscalização e cobrança de tributos por parte do Fisco.
De qualquer forma, mais do que um instrumento de auxílio da atividade empresarial, res-
salto que se trata de obrigação legal do empresário.
O § 2º do art. 1.179 do CC dispensa expressamente a obrigação de escrituração em relação 
ao pequeno empresário.
Profissional Responsável: a Figura do Contabilista
Por força do ar. 1.182 do CC, a escrituração deverá ficar a cargo de profissional específico, 
a saber, o contabilista legalmente habilitado, salvo se não houver nenhum na localidade.
No que diz respeito aos livros empresariais, que são, sem dúvida, os principais instru-
mentos da escrituração, é importante saber, caro(a) concurseiro(a), que se adotou no Brasil 
o sistema francês, em que a lei determina expressamente quais os livros são obrigatórios 
(embora deixe a critério do empresário utilizar outros livros de forma facultativa), bem como 
estabelece as normas relativas ao modo de escrituração.
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Livros Obrigatórios
Nesse sentido, nos termos do art. 1.180 do CC, é estabelecido como indispensável o livro 
Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. 
Tal livro refletirá o dia a dia de todas as operações relativas ao exercício da empresa, que de-
verão ser lançadas com individualização, clareza e caracterização do documento, por escrita 
direta ou reprodução (art. 1.184, caput, do CC).
Por oportuno, consigno que o próprio CC permite que o empresário que adotar o sistema 
de fichas de lançamentos poderá substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Ba-
lanços, observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele (art. 1.185).
Além disso, a lei pode estabelecer a obrigatoriedade de outros livros, de acordo com a 
conformação jurídica e atividade empresarial desenvolvida.
Marcelo Bertoldi e Márcia Carla Ribeiro citam os seguintes exemplos de livros obrigató-
rios especiais:
• Livro “Registro de Duplicadas”: obrigatório para todo empresário que utilizar duplicatas 
de venda de mercadorias ou prestação de serviços (a grande

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