Buscar

Resenha Crítica Filme Wit

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
EBES KLÉOFAS DA SILVA MAGALHÃES
LAYANE PEREIRA COSTA
ATIVIDADES SENSORIAIS, REFLEXIVAS E FORMATIVAS.
RESENHA CRÍTICA
Uberlândia
2020
O filme: Uma lição de vida, de título original “Wit”, lançado em 2001 e dirigido por Mike Nichols tem como personagem principal Vívian Bearing, professora universitária de literatura inglesa, 48 anos, interpretada pela atriz Ema Thompson. 
A cena de uma consulta médica inicia o filme. De pronto, a professora é informada sobre o diagnóstico de câncer de ovário em “estágio IV” pelo médico Dr. Kelekian. Em sequência o oncologista comunica a Vívian o tratamento de sua preferência, descreve a possível eficácia, alerta que estava em pesquisa e informa sobre os efeitos colaterais. Vivian sinaliza concordar.
	Na cena seguinte, Vívian já havia iniciado o tratamento quimioterápico, está sem cabelo, debilitada e refletindo sobre a primeira consulta: - se eu soubesse disso, teria perguntado mais - reclamou. A equipe e o médico residente responsável, Jason Posner, ex aluno da docente, adotam como prioridade o tumor da paciente e este recebe o foco dos profissionais. Assim, as cenas transcorrem com uma série exames e condutas para a doença contrastando com as reflexões da Vivian sobre como ela se sente, sobre sua atual situação como paciente, posição de “submissão” e sua história como professora, posição de “autoridade”, sempre utilizando de pensamentos e poesias de John Donne.
	Dentre os exames, um ginecológico, realizado por seu ex aluno com extrema indelicadeza e com claro desconforto da paciente. Entra em cena a figura da enfermeira Susie, que destaca-se por demonstrar empatia por Vívian, e contrastar com figura do Dr Kelekian e Jason, tanto no que diz respeito a conduta/ações tanto nos pensamentos.
	Há várias cenas marcantes no filme, como o momento em que a enfermeira e a professora têm uma conversa sincera sobre a verdadeira condição de saúde de Vívian, a famosa cena do picolé e também o momento em que Bearing agonizando de dor, recebe a primeira e única visita, de sua ex professora, a qual a abraça e lê um conto infantil. 
	O filme foi feito durante um período em que o uso de quimioterápicos ganhavam cada vez mais espaço desde a década de 90 e os efeitos colaterais eram devastadores. Neste sentido além de destacar tais efeitos o filme também aborda vários princípios bioéticos que são negligenciados - como o princípio da Beneficência e Não Maleficência, que segundo Cilene consiste em “[...] “fazer o bem”, e [...] “evitar o mal”” (JUNQUEIRA, 2012). Como exemplificação de negligência desse princípio, pode-se destacar o tratamento experimental que a professora foi submetida o qual mais trazia danos do que benefício, o que a própria discorre sobre os seus sintomas não serem causados pelo câncer, mas sim pelo tratamento. 
Um outro ponto de conflito bioético no filme se revela através da relação desumanizada, e hierarquizada entre médico e paciente, ocorrendo em ferir o princípio da Autonomia da paciente, que necessita de informação e liberdade de escolha para exercê-la. E o único momento que a informação é transmitida a Bearing de maneira que ela possa decidir sobre o plano terapêutico é durante a cena do picolé com a enfermeira Susie. 
A negligência com os conflitos bioéticos é óbvia em várias outras cenas, assim como o foco da equipe médica na doença e na pesquisa e não no doente, nesta perspectiva Rafael fala (GUIMARÃES, 2008): 
A relação deles com o corpo de Vivian é uma relação desumanizada, desvinculando-se aquele tumor a ser tratado da paciente. O reducionismo fica claro em todo o conjunto de relações entre médico – paciente.
A Obra traz causas humanísticas importante no contexto do cuidado à saúde. Nesse sentido, é relevante e necessária a discussão para perspectiva multifacetada do paciente, para promover um olhar crítico e atento da nossa posição como indivíduo, quer seja na posição de cuidador ou de cuidado, e no âmbito da formação médica desenvolver habilidades que possibilitam analisar o binômio médico-paciente do ponto de vista biopsicossocial e dinâmico, para oferecer a assistência integral ao indivíduo.
REFERÊNCIAS
GUIMARÃES, Rafael Siqueira. Fazendo Gênero 8-Corpo, Violência e Poder. Mulher, professora, doente: uma análise de wit. Florianópolis: UFSC, 2008. 
JUNQUEIRA, C. R. Bioética. 2012. Disponível em: http://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/231.

Outros materiais