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Abordagens à pesquisa - Moreira e Caleffe (2)

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Herivelto Moreira Metodologia da pesquisa paraoprofessor pesquisador 
Heriveito Moreira; Luiz Gonzaga Caleffe Luiz Gonzaga Caleffe 
1. ed. (2006). Rio de Janeiro: DP&EA. 
Lamparina editora 
Revisão de provas 
Paulo Telles Ferreira 
Projeto grdfico e capa 
Maria Gabriela Delgado 
Metodologia da pesquisa 
para o professor pesquisador 
Proibida a reprodução, total ou parcial, por qualquer meio ou processo, seja 
reprográfico, fotográfico. gráfico, microfilmagem, etc. Estas proibiçôes 
aplicam-se também às características gráficas e/ou editoriais. A violação dos 
direitos autorais é punível como crime (Código Penal art. 184 e $S: Lei 6.895/ 
80), com busca, apreensão e indenizações diversas (Lei 9.610/98 Lei dos 
Direitos Autorais - arts. 122, 123, 124 e 126). 
Catalogação-na-fonte do Sindicato Nacional dos Editores de Livros 
M837m 
2.ed. 2 edição 
Moreira, Herivelto 
Metodologia da pesquisa para o professor pesquisador I Herivelto 
Moreira, Luiz Gonzaga Caleffe. - 2.ed. - Rio de Janeiro : Lamparina, 2008. 
Incdui bibliografia 
ISBN 978-85-98271-64-4 
1. Pesquisa educacional. 2. Pesquisa - Metodologia.I. Caleffe, Luiz 
Gonzaga. I1. Título 
08-4298. CDD: 370.78 
CDU: 37.015.4 
Lamparina editora 
Rua Joaquim Silva, 98, 2 andar, Lapa 
CEP 20241-110 Rio de Janeiro RJ Brasil 
lamparinaTel./Fax: (21) 2232-1768 www.lamparina.com.br 
38 METODOLOGIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR 
sucintas sobre resultados antecipados do estudo. Elas normalmente 
predizem eventos, diferenças entre grupos ou relações entre variáveis. 
Os resultados da pesquisa poder�o corroborar com a hipótese ou CAPÍTULO 
refutá la. 
Abordagens à pesquisa 
5.Objetivos 
Os objetivos representam os resultados que precisam ser alcan- 
A pesquisa educacional sempre teve vínculos muito fortes com as 
çados. Nesse tópico, o pesquisador estará se referindo aos objetivos in 
tradições da pesquisa nas ciências sociais. Na verdade, psicólogos, 
sociólogose antropólogos têm contribuído de uma forma muito efetiva 
para a melhoria das práticas educacionais. 
uínsecos da pesquisa, pertinentes ao tema e vinculados ao desenvolvi-
mento do raciocínio. 
E muito importante que os professores/pesquisadores estejarm 6.Metodologia e procedimentos 
conscientes da complexidade dos aspectos filosóficos que fundamen- Discutir a opção metodológica. A metodologia deverá ser apropria- 
tam a pesquisa social, pois o objeto da investigação 
- o mundo social-
da ao problema da pesquisa, à sua visão do mundo e particularnente 
às 
é o mesmo tanto para os pesquisadores das ciências sociais, quanto 
para os professores. A maior diferença reside no porque de o indivíduo 
desejar fazer pesquisa. 
condições materiais/ temporais para a execução da pesquisa. 
Os méto- 
dos propostos com vistas à coleta e análise de 
dados devem ser des- 
critos detalhadamente. Se a pesquisa especificar a seleção de 
uma ou 
E preciso, portanto, que os professores reflitan sobre os principais 
paradigmas que estruturam e organizam a pesquisa contemporânea e 
mais amostras, a caracterizaç�o do universo de dados e os 
métodos de 
amostragem devemn ser 
relatados. 
desenvolvam a sensibilidade para o fato de que diferentes abordagens 
7.Cronograma provavelmente produzir�o diferentes formas de conhecimento. 
A pes- 
quisa e seus resultados facilitam a reflexão, a crítica e a maior com- No cronograma, as várias etapas da pesquisa 
devem ser distribuídas 
no tempo disponível, incluída a redação 
final do relatório. Não se deve 
confundir as etapas cronológicas com as etapas 
da investigação. 
preensão do processo educacional, que por sua vez ajudam a melhorar 
a prática pedagógica. Essa reflexão é crucial, uma vez que os pressu 
postos do pesquisador em relação à natureza da realidade, à 
verdade e 
8. Referências ao mundo físico e social têm uma influência muito grande na realização 
As referências incluem somente as obras 
consultadas pelo pesqui- da pesquisa. 
sador para a elaboração do projeto e citadas no 
texto do projeto. Essas 
De fato, para se tornar um membro competente e ser aceito em 
referéncias devem ser elaboradas com base nas recomendações 
das 
una comunidade de pesquisadores não basta apenas aprender o con- 
normas técnicas. teúdo de uma deterninada área, mas também desenvolver uma ma-
neira ou maneiras particulares de ver o mundo, para procurar, por meio 
da pesquisa, melhorar a prática nas escolas. 
anad eud- cen METoDoLOGA DA PESQUISA PARAO PROFESSOR PESQUISADOR 41 ABORDAGENS A PESQUISA 
Pode-se afimar que toda pesquisa é guiada por pressupostos e 
compromissos filosóficos que determinam a maneira pela qual os indi-
víduos e grupos de indivíduos concebem a 
natureza e o propósito da 
pesquisa. Cada uma destas perspectivas do estudo do comportamento 
Infelizmente a pesquisa social não é simples e nem isenta de contro- 
vérsias. A pesquisa social e, por conseguinte, a pesquisa educacional 
têm sido objeto de muitos debates que, embora filosóficos por natu- 
reza, são muitas vezes considerados irelevantes, mas que na verdade 
são muito importantes para a pesquisa educacional. Os problemas 
levantados nestes debates tratam das maneiras pelas quais os pesqui- 
humano tem profundas implicações para o pesquisador na sala de aula, 
nas escolas e nas universidades. A escolha do problema, a formulação 
das questões a serem respondidas, a caracterização dos aunos e pro sadores produzem o conhecimento do mundo sociale os métodos e 
procedimentos mais apropriados para investigar este conhecinento. fessores, as preocupações metodológicas, o tipo de dados e o modo de 
analisá-los- tudo isso é infuenciado ou determinado pela visão de 
O objetivo deste capítulo é discutir anatureza do termo "paradig- 
ma" com base na concepção de Thomas Kuhn, para quemo termo 
"paradigma" éium compromisso difundido, não expresso verbalmente 
eimplscito de uma comunidade de pesquísadores a respeito de un mo 
delo conceitual Em particular, pretende-se discutir os dois importantes 
paradigmas contemporâneos da pesquisa educacional, mostrando seus
principais pressupostos e as diferenças entre os mesmos e os tipos de 
mundo assumida pelo pesquisador. 
A natureza dos paradigmas 
ofato individual da pesquisa não acontece em um vácuo, mas em 
um contexto social, isto é, ele acontece em uma comunidade de pes 
quisadores que posaui ou compartilha de concepções similares em 
pesquisa inerentes a cada paradigma. determinadas questões, métodos, técnicas e formas de explanações 
(Sparkes, 1992, p. 11). Na primeirá parte do capítulo procura-se esclarecer que um para-
digma contém três elementos: uma ontologia, uma epistemologiae Shulman (1986, p. 3-4) observou que o termo "paradigma" 6o termo 
nais utilizado para descrever tais comunidades e as concepções do 
problema e dos métodos que elas compartilham. Esse termo é mais 
freqüentemente associado ao trabalho de Thomas Kuhn em seu livro 
A estrutura das revoluções cien tíficas, em que ele apresenta uma visão 
histórica do desenvolvimento cientifico. E impossível neste texto 
abordar todas as questões levantadas por Kuhn, mas una discussão 
uma metodologia. A ontologia levanta questões básicas com relação à 
natureza da realídade. A epistemologia pergunta: como nós conhece- 
mos o mundo? Qualéa relação entre o investigador e o investigado? 
A metodologia enfoca a maneira como nós apreendemos o conheci 
mento a respeito do mundo. A resposta a estas questões define o que 
os investigadores são eo que está dentro ou 
fora dos limites de uma in 
vestigação autêntica. 
mais detalhada pode ser encontrada em outras fontes. 
Para os propósitos deste livmo é necessário reconhecer que existem Na segunda,parte são examinados os dois paradigmas (positivista, 
interpretativo). Esta seção é um pouco mais longa, pois muitos dos 
professores poderão estar tendo contato com este debate pela primeira 
várias formas de definir o que é um paradigma e, de acordo com 
Masterman (1970, p. 59), Kuhnusou o termo em mais de vinte
vez. Isso exigiráuma análise mais extensa de algumas questões-chave 
para ilustrar a posiç�o dos diferentes paradigmas de pesquisa. São0 
também considerados os pressupostos que fundamentam cada um 
maneiras em seu livro. 
2Para aprofundar um pouco mais a questão do trabalho de Kuhn verificar 
Barbosa (1993), Barnes (1992) e Metzler, Machado 
e Forster (1994). 
desses paradigmas e os tipos de pesquisa associados a cada um deles. 
42 METODOL0GA DA PESQUISA PARAO PROFESSOR PESQUISADOR ABORDACENS Å PESQUISA 
Todavia, Patton (1978, p. 203) sugere uma definição que nos parece lógicos que se referem às questões do saber e a natureza do conhe- 
a mais útil para analisar o termo "paradigma". cimento (Sparkes, 1992, p. 13). 
Aquestão epistemológica refere-se às bases do conhecinento - sua 
Um paradigma é uma visão de mundo, uma perspectiva geral, una 
maneira de analisar a complexidade do mundo real. Como tal, os para-
digmas estão profundamente embutidos na socialização de seus pra- 
ticantes. Os paradigmas nos dizem o que é importante, legítimo e razoá- 
vel. Os paradigmas tambén são normativos, dizendo a seus praticantes o 
que fazer sem a necessidade de longas considerações existenciaisou 
epistemológicas. Mas esses são os aspectos que constituem a virtude e a 
fraqueza dos paradigmas. A virtude é que ele torna a ação possível, a 
fraqueza é que a mesma razão paraa ação está escondida nos pressu- 
postos inquestionáveis do paradigma. 
natureza e formas, como pode ser adquirido e como pode ser cornu- 
nicado a outros seres hunanos. A pergunta é sobre a possibilidade de 
"identificar e comunicar a natureza do conhecimento como sendo rí- 
gido, real e capaz de ser transmitido de uma forma tangível, ou se o 
conhecimento é suave, mais subjetivo, espiritual ou mesno transcen- 
dental, baseado na experiência e insight de uma natureza pessoal 
essencialmente única" (Burrell e Morgan, 1979, p. 1). 
Os pressupostos epistemológicos nesses casos determinam posições 
Diferentes paradigmas proporcionarn conjuntos de lentes para ver o extremas sobre as seguintes questões: a) se o conhecimento é algo que 
possa ser adquirido, ou b) algo que tem de ser pessoalmente experi- 
mentado. Por exemplo, a resposta que pode ser dada a essa questão é 
limitada pela resposta dada à questäo ontoiógica; isto é, não é qualquer 
mundo e dar-lhe sentido. Eles agem para determinar como nós pensa- 
mos e atuamos, porque na maioria das vezes nós não estamos nem 
mesmo conscientes de que estamos usando um determinado conjunto 
de lentes. relação que pode ser postulada. 
As premissas que definem os paradigrnas de investigação podem ser 
resurnidas pelas respostas dadas pelos proponentes de qualquer para- 
digma a trés questões fundamentais que são de tal maneira inter 
relacionadas que a resposta dada a uma questão, em qualquer ordem, 
Amaneira como o indivíduo se alinha nesse debate afeta profun- 
damente a maneira de ele propagar os resultados do conhecimento 
sobre comportamento social. Avisão de que o conhecimento é igido, 
objetivo e tangível exigirá do pesquisador o papel de observador leal aos 
determina as respostas às outras questões. métodos das ciências naturais; a visão do conhecimento como pessoal, 
subjetivo e único, no entanto, impõe ao pesquisador um envolvimento A questão ontológica diz respeito à natureza ou à essência do fen0 
meno social investigado. Os cientistas sociais se defrontam com ques 
toes ontológicas básicas, como: a "realidade" a ser investigada é externa 
ao individuo- impondo-se na sua consciência de fora para dentro - ou 
éo produto da consciência do individuo; a "realidade" está"lá fora'" no 
mundo, ouécriada na mente do próprio indivíduo" (Burrell e Morgan, 
com os sujeitos da pesquisa e uma rejeição às maneiras do cientista na 
tural. Subscrever a primeira, significa ser classificado como objetivista 
e, portanto, como positivista; subscrever a segunda, é ser classificado 
como subjetivista ou antipositivista. 
A questão metodológica diz respeito à metodologia que o pesqui- 
sador irá utilizar, mesmo porque ontologiase epistemologias contras 
tantes demandarão diferentes métodos de pesquisa. Os pesquisadores 
1979, p. 1). 
A primeira pode ser classifñcada como uma visão externo-realista, 
enquanto a segundaé uma posição interno-idealista. Vinculado às ques- que adotarem uma abordagem objetiva (posidvismo) do mundo social 
thes ontológicas está um segundo conjunto de pressupostos epistemo eque trata o fenômneno natural como sendo rígido, real e externo ao 
. A 't "EG 
44 METODOLOCIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR ABORDAGENS A PESQUISA 
Como Burrell e Morgan (1979, p. 2) ressaltam, "a ênfase em casos indivíduo, escolherão as opções tradicionais da pesquisa-levantamen- 
tos, experim�ntos etc. Outros que postularem uma abordagem mais 
subjetiva (antipositivismo), que vêm o mundo social como mais suave, 
pessoal e criado pelo homem, selecionarão técnicas como observação 
participante, história de vida etc. 
A resposta dada a esta questão é determinada pelas respostas dadas 
às duas primeiras questöes; isto é, não é qualquer metodologia queé 
extremos tende a ser coBocada na explanação eno entendimento do que 
é único e particular ao indivíduo ao invés do que é geral e universal". 
Em termos metodológicos é uma abordagem que enfatiza 
a natureza 
relativista do mundo social. Esta abordagem enfatiza o particular e o 
individual e pode ser chamada de ldiográfica. 
Ao chamar a atenção para os tipos de pressupostos adotados pelos 
vários pesquisadores, desejamos enfatizar que todos os pesquisadores apropriada. A questão metodológica não pode ser reduzida à questão 
de métodos; os métodos precisam ajustar-se a uma metodologia pre- 
determinada. 
estabelecem pressupostos de algum tipo em relação às questões 
ontológicas, epistemológicas e metodológicas e que estes pressupostos 
Quando o indivíduo subscreve a visão que trata o mundo como na- tendem a agrupar-se e ter coerência no 
âmbito de um determinado 
tural, como se ele fosse rígido, com uma realidade externa e objetiva, a paradigma. 
investigação cientifica será direcionada para a análise das relações entre 
fatores selecionados nesse mundo. Ela será predominantemente quan-
titativa. A preocupação é com a identificação e definição destes ele 
Os pressupostos ontológicos dão origem aos pressupostos episte- 
mológicos, que terão implicações metodológicas em relação à escolha 
das técnicas de coleta de dados, interpretação dos reaultados e a ma 
neira de escrever e apresentar estes resultados (Hit¢hcock e Hughes, 
1989, p. 15). A relação entre estes conjuntos de pressupostos eas inpli- 
cações pode ser expressa no diagrama abaixo: 
mentos e com a descoberta de maneiras pelas quais estas relações 
. 
podem ser expressas. As questões metodológicas de importância são 
assim os conceitos, a medição destes conceitoseaidentificação dos te- 
mas que estão por trás destes conceitos. Esta perspectiva se expressa na 
busca de leis universais que explicam e governam a realidade que está 
sendo observada. Uma abordagem caracterizada por métodos e proce 
dimentos planejados para descobrir leis gerais pode ser chamada de 
PRESSUPOSTOS ONTOLOGICOS - dão origem aos 
Nomotética. PRESSUPOSTOS EPISTEMOLÓGICOS - que teraão 
Contudo, se o indivíduo adota uma visão alternativa da realidade 
social que enfatiza a importância da experiência subjetiva dos indiví. 
duos na criação do mundo social, a busca pelo entendimento concen 
tra-se em questões e abordagens diferentes. A principal preocupação 
do pesquisador é com um entendimento da maneira pela qual o indi 
víduo cria, modifica e interpreta o mundo em que ele se encontra. 
A abordagem agora toma um aspecto qualitativo como tambén quan- 
IMPLICAÇÕES METODOLÓGICAS para a escolha das 
ek 
TÉCNICAS DE COLETA DE DADOos 
titativo. 
MeTODOLOGIA OA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR ABoRDAGENS A PESQUISA47 
Essa forma de entendimento é crucial no debate paradigmático, Algurnas vezes os pressupostos de um paradigma são t�o fortes na 
uma vez que os pressupostos do pesquisador em relação à natureza da 
realidade, à verdade e ao mundo fisico e social influenciam todos os 
mente dos praticantes que esses negam a validade de outros para- 
digmas. Devido a essa negação torna-se problemático discutir os dife-
aspectos do processo investigativo. rentes paradigmas, quando os pesquisadores não concordam com o 
Portanto, a afiimaç�o de que o "problema" determina a abordagem 
paradigma de outros pesquisadores. 
e os métodos de investigação é muitas vezes enganosoeé um exemplo 
da confusão que prevalece entre questões filosóficas e técnicas. 
Após esta discussão sobre a natureza dos paradigmas, é possível 
discutir com mais propriedade as duas perspectivas contrastantes resul- 
tantes destes debates, bastante evidenciadas na prática dos pesquisa A questão filosófica diz respeito às bases apropriadas para o estudo da 
sociedade e suas manifestações, enquanto a questão técnica diz 
respeito à adequação ou superioridade de certos métodos de pesquisa 
. .- 
dores educacionais. 
em relação a outros métodos. Por exemplo, a observação participante O paradigma positivista 
versus o levantamento, o questionário versus a entrevista. 
Apartir do século XIX, o modelo científico empregado nas ciências 
naturais como a biologa, a física e a química rapidamente se tornou 0 
modelo mais empregado para investigar o nundo social. Os princi 
pais pensadores associados com o desenvolvinentoe a aplicação dessa 
visão nas ciências sociais, neste caso a sociologia, foram o filósofo 
francês Auguste Comteeo sociólogo francês Emile Durkheim (Hitch- 
cocke Hughes, 1989, p. 18). 
En termos de significados relativos a qualquer método e à inter- 
pretação destes significados, concordamos com Sparkes (1992, p. 16) 
quando sugere que "nãoéo problema que determina o método, mas 
sim um compromisso intelectual, emocional e político anterior a uma 
posição filosófica que orienta o pesquisador a conceber e formular o 
problema dentro do contexto desses compromissos" (grifo nosso). 
* **' *** 
o debate paradigmático não aborda simplesmente técnicas de Para Comte, a única maneira de desenvolver o verdadeiro conheci 
pesquisa, embora ele tenha implicações na escolha e uso das mesmas. mento do mundo era por meio das experiências vividas. Isso pode ser 
Por exemplo, aqueles que aderem a uma ontologia realista e a uma descrito como uma posição empírica. O empirismo sugere que a única 
epistemologia objetiva provavelmente irão preferir técnicas que dife 
rem daqueles que sustentam uma ontologia idealista e uma epistemo-
logia subjetiva. 
fonte confiável de conhecimento é a experiência, literalmente vendo e 
ouvindo, o que tomou a forma de algum tipo de observação ou situa- 
ção experimental controlada, em que o pesquisador poderia efetiva- 
Convém destacar que os paradigmas não são homogêneos ou mo 
nolticos e há muitas tradições contrastantes dentro dos vários para- 
dignas, isto 6, exi_tem diversidades dentro deles. Um paradigma de 
pesquisa é uma rede de idéias coerentes a respeito da natureza do 
mundo e das funções dos pesquisadores que, una vez aceito por um 
mente exercer algum controle sobre o experimento. 
Uma das imnplicações dessa posição era que as formas de conheci- 
mento baseadas na religião ou na superstição eram altarmente es- 
peculativas e certamente inferiores ao conhecimento adquirido por 
meio da investigação empírica. Na verdade, Comte iria descrever a 
grupo de pesquisadores, condiciona os padrões de seus pensamentos e 
sustenta suas ações de pesquisa (Denzin e Lincoln, 1994; Hitchcocke 
Hughes, 1989; Miles e Huberman, 1994; Sparkes, 1992). 
sociologia como a "física social". 
A9 48 METODOLOCA DA PESqUISA PARA 0 PROFESSOR PESQUISA0OR ABORDAGENS A PESQUISA 
As idéias.de Comte foram tomadas por Durkheim. Durkheim e anos, enquanto o pós-positivismo, que não será objeto de discuss�o 
Comte estavam preocupados em desenvolver uma ciência social neste livro, representa os esforços das últirnas décadas para responder, 
autonoma, adotando a filosofia e a metodologia da então nova e emer 
gente ciêncianatural. Durkheim delineou um conjunto de regras para a 
metodologia sociológica, regras essas que deveriam ser seguidas em 
todas as pesquisas sOciológicas. Essas regras eram centradas tanto 
quanto possfvel nos procedimentos das ciências naturais, e isso tam- 
de uma forma limitada, às críticas ao positivisno. 
Para o pesquisador positivista existe uma realidade "lá fora" no 
mundo, independente das pessoas. Essa realidade é descoberta pelas 
pessoas por meio do uso dos sentidos e das observações. 
As des- 
cobertas em relação à realidade do mundo podem ser expressas como 
bém envolvia o princíipio da objetividade. Isto é, o pesquisador poderia 
e deveria ser objetivo. Ao assegurar esta distância dos sujeitos da 
afirmações factuais - afirmações a respeito das coisas, 
dos aconte 
cimentose as relações entre elas. Para o positivista o mundo é racional; 
pesquisa evitar-se-ia a tendenciosidade do pesquisador. 
Neste estágio seria possível discutiro paradigma pós-positivista que 
emergiu como uma reação às niumerosas críticas ao positivismo nos 
úlim0s 
anos. Decidiu-se n�o o fazer porque concordamos com o que Guba (1990) 
sugeriu. O pós-positivismo pode ser visto como uma versão modiñcada do 
positivismo. Por exemplo, com relação à ontologia há uma mudança 
de um 
realismo ing�nuo para um realismo crítico. O segundo sustenta que o 
mundo real é na verdade impulsionado por causas reais e naturais, mas 
que os seres humanos, devido os seus sentidos imperfeitos, capacidades 
perceptuais e de cognmição, são incapazes de dominá-lo como ele é. Embora 
seja aceito que a realidade nunca pode ser conhecida pelo que ela reaimente 
é, há pouca dúvida de que a verdade definitiva (realidade) está lá fora alén 
do indivíduo. Portanto, o realismo permanece como conceito central e a 
maior preocupação é com a predição e o controle. Em termos epistemo 
lógicos adota-se um objetivismo modificado. Aceita-se que é impossível 
para os pesquisadores ver o mundo de qualquer lugar em particular, uma 
vez que a objetividade não pode ser atingida em um sentido absoluto. Ele 
é agora umn ideal reguatório pelo qual o pesquisador tenta permanecer o 
mais neutro possível e suspender suas próprias tendenciosidades, para 
um escrutfnio critico da comunidade de pesquisa. Além disso, os positivistas 
gostavam de trabalhar no ambiente fortemente controlado do laboratório 
e muitos pós-positivistas são a favor de conduzir as investigações no am-
biente natural no qual as pessoas vivem e trabalham. Isto é, uma grande 
atenção está sendo dada ao contexto. Em relação a isso, enquanto se pre- 
ferem técnicas que proporcionam altos níveis de precisão, os pós-posi 
tivistas estäão preparados para urilizar técnicas interpretativas no estágio 
Durkheim desenvolveu o que tem sido descrito como a perspectiva 
funcionalista na sociologia. Essa perspectiva viaa sociedade como sen- 
do similar ao organismo biológico. A sociedade era como uma planta 
constiuida de uma série de partes cada uma executando uma função 
importante. As necessidades da sociedade eram, portanto, pteenchidas 
pelas funções èxecutadas por estas várias partes ou înstituições como a 
famfia, a igreja, a escola etc. Para Durkheim, a investigação da socieda- 
de teria que �dotar este modelo funcionalista e desenvolver procedi 
mentos objetivos para a coleta e interpretação de dados. 
A abordagem de Comte e Durkheim e outros desenvolveu-se no 
que a maioria dos cientistas sociais descrevem como positivismo, que 
encontra sua maior expressäo no método cientifico empírico. Embora 
existam muitas questöes filosóficas que podem ser discutidas a respeito 
do positivismo, qualquer definição de positivismo conterá dois ele- 
mentos, a visãode que as ciências naturais proporcionam a única base 
para o verdadeiro conhecimento e que os métodos, as técnicas eos 
modos de operação das ciências naturais oferecem o melhor modelo 
para investigat o mundo social. Assim, positivisno seria aquela posição, 
nas ciências sociais, que busca a objetividade na investigação cientfica 
de coleta de dados de seus trabalhos. Contudo, a uso de tais técnicas é 
freqüentemente visto como uma etapa preliminar na condução de formas 
mais rigorosas de investigação (nos seus termos) em um próximo estágio. 
Mais importante, essas técnicas são usadas em um modelo que contém os 
pressupostos associados ao positivismo/pós-positivismo. Conseqüente 
mente, quando são utilizadas, elas o são de uma maneira modificada, de 
modo que possa ser aplicada a proteção metodológica da ciência nanural 
adotando os nétodos e procedimentos das ciências naturais. 
O termo "positivismo" pode ser associado à visão comum que 
dominou o discurso formal nas ciências físicas e sociais por uns 400 
ele tem sentido e, dado o devido ternpo 
eo esforço suficiente, será pos 
sível entendé-lo por meio da pesquisa. O pesquisador pode então 
explicar aos outros a realidade que ele descobriu, porque a linguagemé 
um sistema simbólico admitido para descrever a realidade. 
Avaliação do positivISmO 
Esse paradigma é apenas um 
dos modelos de pesquisa social, em- 
bora tenha sido o mais influente 
e tem desempenhado um papel crucial
Os pesquisadores positivistas não aceitam que eles possam ser 
variáveis significantes na pesquisa; assim, ao testar hipóteses, eles espe 
emproporcionar as bases para 
a grande maioria das pesquisas educa- 
cionais. Até recentemente, 
a pesquisa educacional baseou-se principal- 
mente nas tradições psicológicas que 
operam segundo a abordagem 
ram que outros pesquisadores cheguem às 
mesmas conclusões a que 
positivista (Jacob, 1988). Alguns 
dos termos associados a essa abordagemn 
eles chegaram. Devido a isso, a forma preferida para 
relatar as pesqui 
incduemo empirismo, empírico-analítico, 
behaviorismo, behaviorismo 
radical e quantitativo. 
sas é evitar o uso de pronomes pessoais. Por exemplo, o uso 
de "eu" e 
"meu' nãoé considerado adequado. 
Algumas dúvidas pairam 
sobre o paradigma posiüvista como já foi 
descrito. A partir disso, algumas 
críticas têm sido manifestadas a partir 
Para o posiivista (assim como também para o pesquisador interpre 
tativo) opropósito da pesquisa é descrever e 
entender o fenômeno do 
de outras perspectivas ou tradições 
nas ciências sociais. Algumas dessas 
críticas parecem, até aqui, 
concordar que o termo "antipositivismo" seja 
mundo e compartilhar este entendimento. Este 
entendimento capacita 
aplicável a alguns destes pesquisadores. 
E muito importante considerar 
os tipos de criticas que 
têm sido feitas ao posidivismo. Essas 
críticas são 
aqui abordadas sob 
dois grandes títulos, (1) anatureza do objeto 
de es- 
o pesquisador a explicar como 
acontecimentos particulares ocorrem e 
a predizer quais ser�o os resultados de 
futuros acontecimentos. Os po- 
sitivistas usualmente buscam expressar 
suas compreensões na forma 
de generalizações. Os dados coletados pelos positivistas 
tendem a ser 
tudo do cientista social e (2) 
formas de explicações e a conveniência da 
numéricos e apropriados à análise estatística; portanto, 
a metodologia 
metodologia positivista. 
que eles usam é sempre 
descrita como quantitativa. A 
natureza do objeto de estudo do 
cientista social 
A palavra "positivismo" nem sempre 
é reconhecida por aqueles que 
Talvez nenhum outro aspecto 
do debate sobre o positivismo tenha 
trabalham com esse paradigma emuitas 
vezes é usada pejorativamente 
por aqueles que advogam paradigmas 
altemativos. Por seu lado, algu 
mas vezes os pesquisadores positivistas rejeitam 
a idéia de que uma in- 
vestigação de particularidades, 
como as conduzidas por pesquisadores 
recebido mais atenção do que a distinção que 
é feita entre o objeto de 
estudo das ciências naturais 
e o das ciências sociais. Nas ciências 
sociais 
o positivismo está baseado 
no pressuposto implícito de que não existe 
diferença qualitativa entre 
os mundos natural e social de modo que os 
métodos e procedimentos do 
cientista natural podem ser diretamente 
interpretaivos, possa ser 
considerada útil. 
Em resumo, o positivismo adota 
uma ontologia 
externo-realista, 
aplicados à investigaç�o do 
mundo social. 
uma epistemologia objetiva e prefere 
uma metodologia 
nomotética. 
Com relação à ontologia, o positivisno 
postula que o mundo 
social é 
externo à cognição do indivíduo, éum mundo real 
constitusído de fatos 
rígidos, tangíveis e relativamente 
imutáveis que podem ser 
observados, 
medidos e conhecidos pelo que eles realmente 
são. 
A diferença qualitativa 
entre o mundo social e o natural é a plata- 
forma central da posição antipositivista 
e dos que trabalham 
com a 
tradição interpretativa. 
Estes pesquisadores argumentam que 
a visão da 
pesquisa como rígida, 
freqüentemente mecanicista e 
calculista não 
pode ser harmonizada 
com o fato de que os seres 
humanos são capazes 
de exercitar a escolha e expressar 
suas próprias 
individualidades de 
S2 METODOLOCIA DA PESQUrSA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR ABORDAGENS A PESQUISA 
53 
maneiras diferentes. Os antipositivistas e os pesquisadores sociais inter pretativos, alguns dos quais serão discutidos mais à frente, fazem obje- 
ção à tendência do positivismo e dos pressupostos implícitos no méto-
do cientifico que colocam ênfase na corelação, leis e objetividade para fazer com que os seres humanos sejam "coisas" cujas ações não têm 
esses pesquisadores e o tipo de dados e técnicas de coleta de dados 
empregadas têm gerado consideráveis discussões. Três aspectos básicos
emergem:(1) a diferenca entre.causas.e significados, (2) as diferenças 
entre dados quantitativos e qualitativos, e (3) a questão da generali- 
zação dos resultadoos. problemas évidentes, quantificáveis e capazes de serem objetivamente 
investigados Causas e significados 
O mundo social é um mundo significativo em que os atores cons- Emuito cornum a argumentação de que a busca por vínculos cau- 
sais objetivos entre conjuntos de eventos leva a una posição em que tantemente constroeme reconstroem as realidades de suas vidas. Qual- 
quer ordem encontrada é criada pelos próprios atores que para isto certos fatores são vistos como eventos causais. Por exenplo, as diferen 
ças entre escores em testes de inteligência (Q.1) poderiam ser aponta- lançam mão de conceitos, regras e interpretações. 
das como causas do sucesso (ou fracasso) educacional de diferentes 
grupos de crianças. Na verdade, os pesquisadores educacionais têm 
usado o Q.I. e outros escores obtidos em testes de desempenho como 
Os problemas associados à falta de distinção entre os mundos natu- 
ral e social para os propósitos da pesquisa contaminam outras áreas, 
notavelmente as formas de explicações e o valor da metodologia quan-
titativa. indicadores de diferenças na habilidade inata que influencia direta- 
mente o sucesso na escola. As críticas que estamos discutindo têm implicações para as fomas 
de explanações que os pesquisadores sociais podem adotar de uma Embora muitas pessoas possam concordar com que o fracasso es- 
maneira legíima e as técnicas de coleta de dados que eles utilizam para 
colar seja certamente um fenômeno multifacetado, apenas recentemen- 
te os pesquisadores começaram a desafiar muitas das pesquisas 
positivistas que sugerem o contrário. O problema repousa na distinção 
serem capazes de fazer explanações. 
Formas de explicações e a conveniência 
da metodologia positivista 
O método cienufico envolve uma abordagem específica quanto à 
coleta e à análise dos dados. O pesquisador que utiliza esse método e 
entre causas e significados. 
Arelação causa-efeito funciona muito bem no mundo natural. Por 
exemplo, o calor causa a fervura da água,que tem como efeito à ibe- 
ração do vapor. Por seu turno, o mundo social é composto de significa- adota os pressupostos que foram resumidos até aqui busca relações 
dos e interpretações que resultam em uma relação significativa que é 
descrita como ação. Uma relação significativa acontece quando a rela- 
Entre acontecimentos que possam ser observados. Os dados são 
exarninados aluz de hipóteses pré-formuladas e expostos a procedi- 
mentos de veriicação de modo que a hipótese original seja confimada 
1 rejeitada. Dados quantificáveis tais como resultados de levanta- 
menios (surveys) sociais, respostas a questionários ou as estatísticas 
oficiais parecem ser os mais adequados para esses tipos de procedi 
mentos. As fornas típicas de explanação que têm sido utilizadas por 
ção pode ser demonstrada entre o estado subjetivo do ator e a ação, 
como, por exemplo, um motivo particular por um lado, e un compor- 
tamento observável por outro. Os críticos argumentam que o que está
faltando na explicação positivista é uma demonstração de como a ação 
em questão é justificada e explicada pela pessoa ou pessoas envolvidas 
Isso exigiria uma explicação das regras, significados comparrilhados.e 
54 METOOOLOGIA DA PESQuiSA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR 
ABOROAGENS À PESQUISA 
interpretações que os seres humanos fazem rotineiramente para 
conduzir suas vidas. O mundo social, portanto, necessita ser investiga- 
do em termos de significados e ações ao invés de causas e efeitos. 
maior disputa no debate na pesquisa social nos últimos anos. Varmos 
examinar as principais linhas destas críticas. 
As críticas con relação ao uso de dados quantitativos como exclu- 
Dados quantitativos equalitativos 
sivo e a melhor fonte de dados para a pesquisa social provêm de duas 
A aceitação dos pressupostos que sustentam o método científico 
fontes. Primeiro, os pesquisadores chamaram a atenç�o para as 
Ecngl linitações e os problernas das técnicas de pesquisa que 
são planejadas 
) para a coleta de dados quantitativos. Segundo, os pesquisadores 
têcn significa que a pesquisa quantitativa é a noma. Assim, os levantamentos 
sociais, as entrevistas estruturadas, os questionários eo uso de estatís indicado os problemas envolvidos quando se confia somente 
em 
ticas são as técnicas de coleta de dados e métodos que predominam. 
Os dados quantitativos podem ser medidos mais facilmente, padrões 
medidas ou fndices objetivos e quantificáveis dos fenôrmenos sociais 
sem prestar atenção às interpretações e sigmificados que osindivíduos 
podem ser estabelecidos de uma forma mais clara e, portanto, qual- dão aos eventos e situações de uma forma qualitativa. Os levantamen 
tos sociais podem capturar uma ampla área ou população, permitindo 
assim uma medida descritiva da extensão de uma preocupação em 
quer padr�o que venha a ser descoberto e as generalizações 
feitas serão 
precisas desde que localizadas em um amplo corpo 
de evidências. 
O uso de modelos matemáticos e a noção de correlação, isto é, o esta- particular, como a pobreza, e são muito importantes no 
estabeleci-
belecimento de concordância ou associaç�o entre os vários fatores 
ou mento da natureza da sociedade. 
variáveis em uma pesquisa funciona melhor quando há grandes 
núme- 
Contudo, os críticos têm indicado muitos problemas com os levan- 
ros ou uma amostragem muito grande envolvida. Por exemplo, 
ao ten- 
tamentos sociais, mais notadamente na confiança que é depositada em 
tar examinar o desempenho do professor, levando em consideração 
o 
questionários fechados e estruturados. Esses questionários podem 
não 
sucesso dos alunos em testes ou exames, quanto mais 
dados o pesqui- ---- ser suficientemente flexíveis para permitir que as verdadeiras emoções 
sador tiver mais fácil será para ele estabelecer qualquer 
vínculo causal 
******** ***
e sentimentos apareçam. As pessoas normalmente 
tratam estes tipos 
de instrumentos com uma certa desconfiança. As perguntas podem e fazer observações a respeito de outros casosS. 
Os dados quantitativos apresentados em 
estudos correlacionais, 
levantamentos sociais, estatísticas ou nos relatos de interação 
na sala de 
estruturar muito as respostas ou podem levar quem vai respondê-las 
a 
responder de uma forma particular que afete a precisão do 
levanta- 
aula têm sido uma característica da pesquisa 
educacional. Para 
muitas pessoas, quanto maior for a amostra, quanto 
maior for o nú- 
mero de pes_oas respondendo um questionário, ou quanto 
mais pró- 
ximo forem os intervalos de codificação de uma 
determinada intera- 
ção na sala de aula, melhores serão a explicaç�o e a 
teoria subseqüente. 
O número de sujeitos envolvidos em uma pesquisa traz um 
ar de respeita- 
bilidade para muitas pessoas. A confiança nos 
dados quantitativos no 
mento. Portanto, a redação e a apresentação do questionário merecem 
dos pesquisadores os maiores cuidados. Há ambigüidade ou impre- 
cisão nas perguntas? A maneira como estão formuladas as perguntas 
elimina as respostas de certos tipos de pessoas? Como as perguntas 
lidam com certas áreas sensíveis? O pressuposto que sustenta a grande 
maioria dos levantamnentos sociais e o uso de questionários fechados é 
que as pessoas não apenas dizem 
o que pensam, mas também 
fazem o 
ambito do positivismo e o uso do método cientifico 
suscitaram muitas que dizem. 
criticas. Na verdade, esta tem sido provavelmente umå 
das áreas de 
. 
MeroDoLOGIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR ABORDAGENS A PESQUISA 51 
junto de circunstàncias mais amplas ou a uma população. A generali Com base nesse pressuposto, argumenta-se que ao coletar dados 
quantific�veis o pesquisador destrói ou ignora o contexto qualitativo de 
que emergem todos os dados, ou seja, a vida cotidiana das pessoas. 
zação refere-se àquele tipo de afirmação que busca incluir sob um 
termo geral, título, ou classe de eventos um conjunto de casos parti 
As críticas ao positivismo sugerem que tanto é importante olhar em culares. Isso é feito para ressaltar certos temas comnuns ou aspectos 
detalhe um número pequeno de casos quanto é importante olhar um 
grande número de casos úpicos. 
dos casos em questão e estabelecer conexões entre fenômenos que 
possam ser observados diretamente, para que possam ser feitas decla- 
rações a respeito das situações que não sejam observadas na totalidade, A principal divisão emerge dentro da ciência social no eixo quantita- 
por impossibilidade ou inviabilidade prática. tivo-qualitativo. Embora não se negue o valor e significado da visão am- 
pla e geral desenvolvida pelas abordagens quantitativas, alguns grupos 
de pesquisadores têm enfatizado a necessidade de reconhecimento 
A completa utilização da generalização no método comparativo é 
usada tanto por cientistas sociais como por historiadores. A compa 
detalhado das circunstâncias interacionais imediatas dos eventos no ração de situações está no centro de qualquer investigação 
sistemática 
mundo social e do contexto histórico e cultural em que esses eventos e é sempre importante que o pesquisador seja capaz de comparar 
os 
acontecem. Isso tem levado um certo número de sociólogos e antropó- resultados com os de outras pesquisas. O método comparativo envolve 
logos em particular a examinar em detalhes os eventos do cotidiano a comparação de dados coletados em diferentes sociedades ou culturas 
usando uma série das assim chamadas técnicas de pesquisa intros- 
pectiva, biográfica, subjetivas ou qualitativas, com-o objetivo de desve 
lar o ponto de yista dos atores no interior das situações sociais que eles 
ocupam. BEm yez de coletar dados quantitativos por meio de técnicas 
quantitativas tais como levantamentos e questionários fechados, 
argumenta-s� que os pesqui_adores sociais deveriam.coletar 
dados 
qualitativos por intemédio de técniças projetadas para revelar as pers-
pectivas dos atores. Na pesquisa educacional o debate sobre as técnicas 
quantitativas e qualitativas estárefletido no movimento nas últimas 
duas décadas em considerar o que está acontecendo 
nas escolas e nas 
salas de aula em particular. 
em temos do fenômeno a ser comparado. Os cientistas sociais têm 
buscado descobrir padrões gerais ou regulares de comportamento hu-
mano traçando comparações entre muitas formas sociais e culturais 
diferentes e indicando os elementos comuns. Aprodução de generáli-
zações de alto nível é um elemento integral desse tipo de abordagem 
e 
um aspecto central do método científico. 
As ciências humanas fazem uso extensivo da generalização e, na 
verdade, poderia parecer impossível realizar pesquisa sem usar afirma- 
ções generalizadas. Imagine a discussão educacional sem referência às 
crianças da classe trabalhadora, crianças da classe média, crianças mal- 
ajustadas, minorias, crianças com dificuldades de aprendizagem, 
crianças brilhantes e assim por diante. Sempre enconitamos pessoas Essas críticas na confiança depositada nos dados quantitativos 
têm 
sido também dirigidas para o uso excessivo das estatísticas 
oficiais. 
Embora os pontos sejam bem específicos, a questão geral é bem 
clara 
As estatísticas oficiais são coletadas por organismos oficiais 
com 
discutindo os valores da classe trabalhadora e tipos de classe média. Os 
sociólogos rotneiramente se referem a classes e starus dos grupos para 
designarem o arranjo hierárquico de um vasto número de indivíduos 
em uma sociedade. Os psiquiatras falam de categorias de doenças como propósitos específicos. 
psicoses e neuroses para se referir a padrões 
de comportamentos asso- 
ciados a doenças mentais. Esses termos gerais são aplicados, após 
uma Generalização 
A generalização refere-se ao processo pelo qual um conjunto par- verificação em circunstâncias particulares, a uma categoria 
maior de 
ticular de observações ou resultados pode ser aplicado para um con- 
58 METODOLOGIA 
DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR 
ABORDAGENS A PESQUISA 9 
eventos que provavelmente
demonstrarão as mesmas características pretativo 
de pesquisa social sugere que qualquer movirmento
em di- 
das observadas originalmente.
A generalizaçãoé uma questão que 
tem recebido considerável 
atenção na pesquisa social e 
educacional. Os cientistas sociais diferem 
reção à generalização precisa começar 
das circunstâncias particulares 
dos individuos e dos grupos. Além disto, 
é altamente improvável que, 
em qualquer pesquisa que o professor 
realize a amostra seja grande o 
suficiente para garantir o tipo de generalização 
de alto nível que é visto 
nas suas visões de generalização. Há aqueles, 
influenciados por uma
metodologia quantitativa e pelo 
método científico, que argumentam 
como crucial no método 
científico. 
que a generalização 
éessencial. Aqueles que podem ser descritos 
como 
antipositivistas, influenciados por 
uma metodologia interpretativa, 
aum 
minante ea lógica que o 
sustenta. Por umn certo número de 
anos uma 
Nesta seção foi examinado o paradigma 
de pesquisa social predo- 
argumentam que elà não é essencial. E 
aindahá muitos pesquisadores 
que ocupam uma posição 
intermediária e que utilizam 
diferentes 
técnicas de pesquisa em um estudo 
e que argumentam que algumas 
insatisfação crescente com o positivismo 
tem sido uma característica 
do debate nas ciências humanas. 
Na pesquisa educacional esse para- 
digma tem sido considerado 
como tendo un efeito de camisá-de-força 
vezes a generalização é 
necessária. 
para a prática da pesquisa. 
A pesquisa educacional teria que 
sér feita por 
Aquestão da generalização 
e a sua incorporação 
como a principal 
pesquisadores acadêmicos profissionais que 
utilizariam procedimentos 
meta no método 
científico apresentou-se para 
muitos pesquisadores 
e princípios testados. Para 
muitos pesquisadores e professores 
esse 
paradigma cria restrições 
desnecessárias sobre quais aspectos da escola 
e da vida na sala de aula poderiam 
ser pesquisados. O modelo científico 
como a questão-chave em relação 
à pesquisa conduzida por 
profes- 
sores. Dadas as 
circunstânciase as restrições práticas 
colocadas ao 
professor, é questionável 
se a generalização 
- no sentido com que 
ela é 
está progressivarnente sendo 
visto como um modelo incapaz de captu- 
rar a fuidez, espontaneidade 
e criatividade da vida na sala de 
aula. 
vista na ciência-poderia 
ser conseguida devido 
à confiança que os pro- 
fessores têm de depositar em 
casos ou 
circunstâncias individuais, 
limí-
Os criticos nais vigorosos sugerem que o positivismo funciona 
com 
uma visão mecânicae desumana dos seres humanos. 
Estas reações ao 
tado número de pessoas, 
ou até mesmo no uso 
de apenas um 
infor- 
positivismo e ao método 
cientifico causaram impacto na 
cómunidade 
mante. Todavia, 
se a generalizaç�o 
é percebida como 
elemento central 
do método científico, a pesquisa 
conduzida por professores 
e outros 
. 
científica e os seus efeitos 
foram sentidos na pesquisaeducaciona 
pesquisadores da educação 
com pequenos grupos, 
locale particula, 
seria de menor valor? 
o paradigma interpretativo 
Muitos pesquisadores têm 
evitado a formulação de 
generalizações 
Sempre houve formas 
alternativas para investigar a realidade 
social 
em grande escala e, na verdade, 
tais generalizações 
não são mais 
vistas 
por muitos 
deles como a meta final e 
única da pesquisa 
social. Como 
foi observado, a 
tentativa de produzir generalizações 
cada vez mais 
abrangentes pode resultar no 
exame inadequado 
da ação social. Há 
certamente uma tensão 
entre se concentrar 
em grandes números 
de 
e, em contraste 
com o positivismo, há o paradigma 
interpretativo. Para 
alguns autores (Erickson, 
1986; Creswel, 1998; 
Hitchcocke Hughes, 
1989; Sparkes, 1992) o 
termo "interpretativo" 
refere-se a uma familia 
de 
abordagens e é muito 
útl por três razões 
básicas: a) ele é mais 
inclusivo 
do que outros 
term0s (por exemplo, "etnografia", "es tudo 
de caso"); 
b) ele evita que essas 
abordagens tenham 
a conotação de 
essencial- 
casos em geral e 
em poucos casos 
em particular. O paradigma 
inter 
mente n�o-quantitativas 
(uma conotação que é sugerida 
pelo termo 
60 METOOOLOGA DA PESQUISA PARA PROFESSOR PESQUISADOR ABORDAGENS A PESQUISA 
61 
r 
O pesquisador interpretativo vê a linguagern como um sistema sim- 
bólico estabelecido sobre cujos significados as pessoas podem diferir. 
"qualitativo'"), uma vez que algum tipo de quantificação pode ser utili 
zado no estudo; e c) ele aponta para características comuns às várias 
abordagens-o interesse central de todas as pesquisas nesse paradigma 
éo significado humano da vida social e a sua elucidação e exposição 
pelo pesqüisador. 
Em conseqüência, o compartilhar da avaliação do relato do que foi 
observado é sempre, até certo ponto, problemático. Devido a diferen 
ças nas percepções, na interpretação e na linguagem, não surpreende 
que as pessoas tenham visões diferentes do que é a realidade. Portanto, um conjunto de tradições pode ser situado no paradigma 
interpretativo, conhecidas por vários nomes como: etnografia, herme- 
nêutica, naturalismo, fenomenologia, interacionismo simbólico, cons- 
trutivismo, etnometodologia, estudo de caso e pesquisa qualitativa. 
Embora haja diferenças entre essas tradições, há também muitas simi- 
Os pesquisadores interpretativos rejeitam a visão dos positivistas de 
que o mundo social pode ser entendido em termos de relações causais 
expressas em generalizações universais. Para eles, as ações humanas säão 
baseadas nos significados sociais, tais como crenças e intenções. As 
laridades, e o termo"interpretativo" será usado aqui como um termo pessoas que vivem juntas interpretam os significados entre elas e esses 
"guarda-chuva" para a discussão de questões gerais. significados transformam-se por meio da interação social. 
Da mesma forma que o positivismo, o paradigma interpretativo tem Os pesquisadores interpretativosacreditam que, por meio do- 
questionamento e da observação, eles possam transformar a situaçãoprofundas raízes históricas que emergiram com muita força no século 
dezenove como uma reação crítica ao positivismo. Uma figura infuente que estão estudando e se reconhecem como variáveis potenciais na 
nessa reação foi Wilhelm Dilthey que argumentou que, enquanto as 
ciências naturais lidavam com uma série de objetos inanimados que 
investigação. 
podiam sei vistos como existindo fora de nós, isso não poderia aconte- 
cer de forma alguma nas ciências sociais. O enfoque das ciências sociais 
deveria ser nos produtos da mente humana, incluindo subjetividade, 
Para os pesquisadores interpretativos o propósito da pesquisa é 
descrever e interpretar o fenômeno do mundo em uma tentativa de 
compartilhar significados com outros. A interpretaçäo é a busca de 
perspectivas seguras em acontecimentos particularese por insights 
interesses, emoções e valores. particulares. Ela pode oferecer possibilidades, mas não certezas sobre o 
que poderá ser o resultado de acontecimentos futuros. A palavra Esse legado deixado por Dilthey permanece, ainda hoje, entre os 
"hermenêutica" é muitas vezes usada para descrever o trabalho nesse pesquisadores interpretativos, porque eles acreditam que, embora a 
abordagem da ciência natural com os seus pressupostos positivistas paradigma, pois significa a ciência da interpretação. 
possa ser apropriada para o estudo do mundo físico, ela não é apro- 
priada para o estudo do mundo social. Popkewitz (1984, p. 15) argu- 
menta que a qualidade inimitável do ser humano é encontrada nos 
Os pesquisadores interpretativistas inevitavelmente estuda 
particularidades, mas eles diferem nas suas visões sobre até que ponto 
as evidências examinadas de várias particularidades possam ser ex-
símbolos que as pessoas inventam para comunicar significados ou in- 
terpretaçoes dos eventos da vida cotidiana. Os pesquisadores interpre 
tativos não podem se sentir inclinados para as abordagens da ciência 
natural para entender o mundo social uma vez que os seres humanos 
pressas na forma de generalizações. 
Os dados coletados são usualmente verbais, mas são muito utiliza- 
das as anotações de campo e transcrições de conversações. Muitas 
vezes esses dados podem ser analisados nuunericamente, mas nomal- 
são animnais que pensam, são conscientes, possuem sentimentos e mente esses pesquisadores não estão abertos à análise es tatística usada 
usam a linguagem e os súmbolos. 
62 METOOOLOGIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR AeORDAGENS A PESQUISA 6 
pelos positivistas. Portanto, esse tipo de pesquisa é descrito como mundos, devemos nos concentrar sobre a construção socíal da reali 
dade e as formas pelas quais a interação social reflete os desdotbra- 
-
qualitativa. 
mentos das definições dos atores de suas situações. A ênfase, portanto, não está em unm modelo de sociedade expresso 
em temos de variáveis causais nem em descobrir leis sociais por meio 
* "** ****** 
As visões da relação entre o pesquisador e o pesquisado dependerm 
da visão de conhecimento do pesquisador. Nesse paradigma, o conhe 
cimento é possível apenas por meio dos processos interpretativos que 
dos métodos usados nas ciências naturais, mas, sim, em observar o 
fenômeno social de uma forma diferente do fenómeno fisico. Laing 
o pesquisador apreende do seu encontro com os sujeitos em questão. 
Existe uma interação no processo de pesquisa entre o investigador eo 
investigado por meio do qual o entendimento é procurado. 
Portanto, o investigador e o investigado estão interligados de uma 
tal forma que os resultados da investigaç�o são uma criação literal do 
acredita que essa diferença sugere que "'o erro fundamental é a falha em 
imaginar que existe uma descontinuidade ontológica entre os seres 
humanos e outros seres .. as pessoas são diferencladas das coisas 
porque as pessoas experimentam o mundo, enquanto as coisas com- 
portam-se no mundo" (1967, p. 53). 
Em outras palavras, o pesquisador interpretativista acredita que é processo de investigação. 
capaz de interpretar e articular as experiências em relação ao nundo 
para si próprio e para os outros. Ele não está à parte da sociedade como 
um observador, mas constrói ativamente o mundo em que vive. Não vê 
Em termos metodológicos, primeiro o pesquisador acredita que os 
dados/informações devem ser coletados no ambiente natural. Por 
exemplo, no contexto em que está situado o fenomeno de interesse. 
seus atributos e comportamentos como ontologicamente externos a si Segundo, devido ao fato de o pesquisador interpretativo estar com- 
mesmo; só pode conhecer a realidade social por meio do seu entendi 
mento subjetivo. A realidade social não pode estar separada do signi 
ficado que ele dá a elae como ele interpreta essa realidade. A seguinte 
afirmação de Beck explica o espíito com o qual o pesquisador tra- 
Lbalha: 
prometido com o conceito de realidades múltiplas e construídas, não 
será possvel propor um trabalho de campo com um projeto de pes- 
quisa hermético que estabeleça a priori um esquema do que é signifi 
cante e importante encontrar. Por exemplo, um conjunto de hipóteses 
pré-formadas e específicas para serem examinadas e testadas. Isso seria 
uma contradição. Em vez disso, o pesquisador inicia o trabalho de 
O propósito da ciência social é entender a realidade social 
como dife- 
rentes pessoas a vêeme demonstrar como essas visões determinam suas 
ações dentro desta realidade. Já que as ciências sociais não podem 
penetrar no que está por trás da realidade social, elas então precisam 
tabalhar diretamente com as definições de realidade do homeme com 
regras que elas inventam para tratar disso. Contudo, as ciências sociais 
não revelam a verdade final, mas elas nos ajudam a dar sentido ao nosso 
mundo. 0 que a ciência social oferece é explanação, esclarecimento e 
desmistificação das formas sociais que o homem criou ao redor de si 
(1979, p. 87). 
campo com um conjunto geral de problemas em mente e também 
com uma estrutra teórica. A atitude é de curiosidade e abertura orien- 
tada a partir da pergunta de pesquisa que é: O que está acontecendo 
aqui? 
Terceiro, o pesquisador sabe que ele é o principal instrumento de 
coleta de dados porque imagina que, como um pesquisador interpre- 
tativo lidando com múltiplas realidades, "o instrumento" ten de ser ca- 
paz de reconhecer, classificar e distinguir as sutilezas do significado que 
emerge. Éo instrumento humano capaz de lidar com a informação O compromisso da pesquisa é, portanto, lidar com os mundos natu- 
rais e sociais em que as pessoas habitam. Para entender melhor esses 
64 METODOLOGIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR AsORDAGENS A PESQUISA 65 
que vai além do intelectual, racional, para incuir as emoções, os valo- A pesquisa interpretativa é realmente científica? Se científico sig- 
nificar ser sistemático, rigoroso e analítico, ent�o a pesquisa interpreta-
tiva atinge os critérios de cientificidade. Mas os pesquisadores interpre 
res, as arenças e as suposiçbes que constituem a experiência de vida dos 
individuos no contexto social. 
Quarto, o pesquisador interpretativo, tendo aceito a si próprio comno tativos realmente tendem a abordar o planejamento da pesquisa, a 
instrumento, encontra as ferramentas e técnicas para ajudá-lo a coletar 
e gravar os dados: a) na observação participante (no seu mais amplo 
coleta e a análise dos dados de uma maneira diferente da de outros 
cientistas sociais. 
sentido); b) nas entrevistas (estruturadas, semi-estruturadas e não- A pesquisa interpretativa depende muito do envolvimento do pes- 
-
quisador. E possível que o pesquisador seja objetivo? A objetividade é 
certamente a quest�o mais discutida nas ciências sociais. É claro que 
estruturadas); ) em diáios (gravação contínua da pesquisa em virtude 
de estar no trabalho de campo); d) memórias analiticas (interpretações 
indutivas emergentes enquantoainda está executando o trabalho de 
campo); e e) gravação de fitas de vídeo (para análises mais profundas). 
é questionável se a objetividade aplica-se ou não à pesquisa na escola. 
Em uma tentativa de usar os mesmos procedimentos das ciências natu- 
rais alguns cientistas sociais reivindicam que a objetividade é desejável 
e possfvel. Os pesquisadores intepretativos são muito mais cautelosos 
Finalmente, o pesquisador interpretativo sabe que o processo de 
pesquisa, desde o monmento de sua concepção até a sua completação, é 
porque eles enfatizama importância do envolvimento do pesquisador. uma interação dialética contínua, análise, crítica, reiteração, reanálise e 
O envolvimento do pesquisador é visto por alguns como um aspecto 
assim por diante, levando a uma construção articulada do caso. 
positivo e não uma fraqueza da pesquisa. Contudo, o pesquisador não 
Em resumo, o paradigma interpretativo é baseado em um conjunto 
deve se tomar tão envolvido a ponto de deixar de ser apenas un obser- 
de pressupostos ontológicos e epistemológicos que são muito dife- 
rentes dos pressupostos do positivismo. Os pesquisadores que utilizam 
o paradigma interpretativo adotam uma ontologia interno-idealista, 
uma epistemologia subjetiva e preferem uma metodologia idiográfica. 
vador. O desenvolvimento da imparcialidadee da reflex�ão são habili- 
dades muito importantes para o pesquisador que trabalha nesse 
paradigma. 
A pesquisa interpretativa é paricular, localizada e conduzida em pe 
quena escala. A partir dissoé possivel fazer generalizações? A questão 
da generalização na pesquisa interpretativa é problemática. O proble- 
ma emerge tanto de um mal-entendido a respeito da generalização 
quanto da concepção de que ela seja a única meta da pesquisa social. 
Por exemplo, afirmações generalizadas com relação à efciência de um 
determinado tipo de ensino ou a influência de diferentes estilos de en- 
sino sobre o desempenho dos alunos exigiriam muitas pesquisas em 
Avaliação do paradigma interpretativo 
O paradigma interpretativo também tem os seus crfticos. A intenção 
não é adicionar mais uma voz ao prolongado debate positivismo e 
antipositivismo na pesquisa social e educacional. A preocupação é 
tentar desvelar para o professor/pesquisador as diferenças entre essas 
duas tradições. Portanto, também é justo apresentar algumas dúvidas e 
objeções que têm sido levantadas contra o paradigma interpretativo diferentes escolas. 
Parece que há quatro questões básicas que sempre são levantadas 
em Estlos de ensino significam coisas diferentes para diferentes pessoas, 
portanto, muitas situações e pontos de vistas necessitariam ser exami 
nados antes de ser feito qualquer tipo de generalização. Primeiro, 
é 
qualquer debate. 
67 ABORDAG,ENS A PESCUISA 
66 MEroDOLOGIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISAOOR 
(diferentes interaçoes que ocorrem. Nesse sentido, 
não há problema 
questonável se os professores poderiam se engajar ou não em um estu-
com as técnicas quantitativas como fonte 
de dados. O problema com 
do suficientemente grande paraque possam ser feitas generalizaçQes de 
alto nível. Segundo, muitas das pesquisas interpretativas nas escolasse os 
dados quantitativos é a rnaneira como eles são 
utilizados e para que 
fins são usados. Os pesquisadores interpretativos 
estäo preocupados 
nas salas de aula não estäo preocupadas com a produção de generaliza-
em qualificar através dos olhos dos participantes 
ao invés de quantificar 
ções da forma como é feita no paradigma positivista. Ao contrário, os 
através dos olhos do observador. 
O argunento fundamental é que os 
pesquisadores interpretativos estão mais preocupados em produzir 
descrições adequadas do contexto educacional e análises que enfatizem 
e expliquem os processos sociais que determinam e infhuenciam o 
ensino e a aprendizagem nas escolas. A questão da generalização real-
mente se aplica à pesquisa interpretativa no que diz respeito à im- 
dados quantitativos necessitam ser suplernentados 
por detalhes 
contextuais fornecidos pelas técnicas qualitativas. 
portância, para o professor pesquisador examinar se os professores e 
alunos se comportam ou não de maneiras similares daqueles observa- 
dos em outras situações. Isso é importante porque permite ao investi- 
gador colocar as ações em um contexto mais amploe geral. 
A pesquisa interpretativa confia muito em dados qualitativos. 
As abordagens qualitativas são incompatíveis com as abordagens 
quantitativas? O pesquisador pode utilizar-se de dados qualitativos 
e 
quantitativos? 
Muitos livros de metodologia de pesquisa separam as 
técnicas de 
pesquisa quantitativa da qualitativa, em parte porque 
elas vêm de tra- 
dições diferentes. Os livros-textos 
invariavelmente lidam com as 
técricas quantitativas e qualitativas, mas alguns 
tentan construir uma 
ponte entre os dois tipos ou pelo menos 
tentam fazer uma seleção de 
ambos os tipos. A realidade da grande maioria 
das pesquisas sociais e 
educacionais é que os pesquisadores 
usan uma variedade de fontes 
para a coleta de dados e 
também de tipos de análise. Por exemplo,é 
perfeitamente legítimo que o pesquisador use 
relatórios da escola, 
dados estatísticos e informações de 
determinados estudos. 
Da mesma maneira, no curso de uma pesquisa etnográfica 
na es- 
cola, o professor poderá usar um questionário 
fechado e investigar 
alguma correlação entre os resultados ou então 
fazer alguma obser- 
vação sistemática na sala de aula que envolva 
contar o número das

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