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Herivelto Moreira Metodologia da pesquisa paraoprofessor pesquisador Heriveito Moreira; Luiz Gonzaga Caleffe Luiz Gonzaga Caleffe 1. ed. (2006). Rio de Janeiro: DP&EA. Lamparina editora Revisão de provas Paulo Telles Ferreira Projeto grdfico e capa Maria Gabriela Delgado Metodologia da pesquisa para o professor pesquisador Proibida a reprodução, total ou parcial, por qualquer meio ou processo, seja reprográfico, fotográfico. gráfico, microfilmagem, etc. Estas proibiçôes aplicam-se também às características gráficas e/ou editoriais. A violação dos direitos autorais é punível como crime (Código Penal art. 184 e $S: Lei 6.895/ 80), com busca, apreensão e indenizações diversas (Lei 9.610/98 Lei dos Direitos Autorais - arts. 122, 123, 124 e 126). Catalogação-na-fonte do Sindicato Nacional dos Editores de Livros M837m 2.ed. 2 edição Moreira, Herivelto Metodologia da pesquisa para o professor pesquisador I Herivelto Moreira, Luiz Gonzaga Caleffe. - 2.ed. - Rio de Janeiro : Lamparina, 2008. Incdui bibliografia ISBN 978-85-98271-64-4 1. Pesquisa educacional. 2. Pesquisa - Metodologia.I. Caleffe, Luiz Gonzaga. I1. Título 08-4298. CDD: 370.78 CDU: 37.015.4 Lamparina editora Rua Joaquim Silva, 98, 2 andar, Lapa CEP 20241-110 Rio de Janeiro RJ Brasil lamparinaTel./Fax: (21) 2232-1768 www.lamparina.com.br 38 METODOLOGIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR sucintas sobre resultados antecipados do estudo. Elas normalmente predizem eventos, diferenças entre grupos ou relações entre variáveis. Os resultados da pesquisa poder�o corroborar com a hipótese ou CAPÍTULO refutá la. Abordagens à pesquisa 5.Objetivos Os objetivos representam os resultados que precisam ser alcan- A pesquisa educacional sempre teve vínculos muito fortes com as çados. Nesse tópico, o pesquisador estará se referindo aos objetivos in tradições da pesquisa nas ciências sociais. Na verdade, psicólogos, sociólogose antropólogos têm contribuído de uma forma muito efetiva para a melhoria das práticas educacionais. uínsecos da pesquisa, pertinentes ao tema e vinculados ao desenvolvi- mento do raciocínio. E muito importante que os professores/pesquisadores estejarm 6.Metodologia e procedimentos conscientes da complexidade dos aspectos filosóficos que fundamen- Discutir a opção metodológica. A metodologia deverá ser apropria- tam a pesquisa social, pois o objeto da investigação - o mundo social- da ao problema da pesquisa, à sua visão do mundo e particularnente às é o mesmo tanto para os pesquisadores das ciências sociais, quanto para os professores. A maior diferença reside no porque de o indivíduo desejar fazer pesquisa. condições materiais/ temporais para a execução da pesquisa. Os méto- dos propostos com vistas à coleta e análise de dados devem ser des- critos detalhadamente. Se a pesquisa especificar a seleção de uma ou E preciso, portanto, que os professores reflitan sobre os principais paradigmas que estruturam e organizam a pesquisa contemporânea e mais amostras, a caracterizaç�o do universo de dados e os métodos de amostragem devemn ser relatados. desenvolvam a sensibilidade para o fato de que diferentes abordagens 7.Cronograma provavelmente produzir�o diferentes formas de conhecimento. A pes- quisa e seus resultados facilitam a reflexão, a crítica e a maior com- No cronograma, as várias etapas da pesquisa devem ser distribuídas no tempo disponível, incluída a redação final do relatório. Não se deve confundir as etapas cronológicas com as etapas da investigação. preensão do processo educacional, que por sua vez ajudam a melhorar a prática pedagógica. Essa reflexão é crucial, uma vez que os pressu postos do pesquisador em relação à natureza da realidade, à verdade e 8. Referências ao mundo físico e social têm uma influência muito grande na realização As referências incluem somente as obras consultadas pelo pesqui- da pesquisa. sador para a elaboração do projeto e citadas no texto do projeto. Essas De fato, para se tornar um membro competente e ser aceito em referéncias devem ser elaboradas com base nas recomendações das una comunidade de pesquisadores não basta apenas aprender o con- normas técnicas. teúdo de uma deterninada área, mas também desenvolver uma ma- neira ou maneiras particulares de ver o mundo, para procurar, por meio da pesquisa, melhorar a prática nas escolas. anad eud- cen METoDoLOGA DA PESQUISA PARAO PROFESSOR PESQUISADOR 41 ABORDAGENS A PESQUISA Pode-se afimar que toda pesquisa é guiada por pressupostos e compromissos filosóficos que determinam a maneira pela qual os indi- víduos e grupos de indivíduos concebem a natureza e o propósito da pesquisa. Cada uma destas perspectivas do estudo do comportamento Infelizmente a pesquisa social não é simples e nem isenta de contro- vérsias. A pesquisa social e, por conseguinte, a pesquisa educacional têm sido objeto de muitos debates que, embora filosóficos por natu- reza, são muitas vezes considerados irelevantes, mas que na verdade são muito importantes para a pesquisa educacional. Os problemas levantados nestes debates tratam das maneiras pelas quais os pesqui- humano tem profundas implicações para o pesquisador na sala de aula, nas escolas e nas universidades. A escolha do problema, a formulação das questões a serem respondidas, a caracterização dos aunos e pro sadores produzem o conhecimento do mundo sociale os métodos e procedimentos mais apropriados para investigar este conhecinento. fessores, as preocupações metodológicas, o tipo de dados e o modo de analisá-los- tudo isso é infuenciado ou determinado pela visão de O objetivo deste capítulo é discutir anatureza do termo "paradig- ma" com base na concepção de Thomas Kuhn, para quemo termo "paradigma" éium compromisso difundido, não expresso verbalmente eimplscito de uma comunidade de pesquísadores a respeito de un mo delo conceitual Em particular, pretende-se discutir os dois importantes paradigmas contemporâneos da pesquisa educacional, mostrando seus principais pressupostos e as diferenças entre os mesmos e os tipos de mundo assumida pelo pesquisador. A natureza dos paradigmas ofato individual da pesquisa não acontece em um vácuo, mas em um contexto social, isto é, ele acontece em uma comunidade de pes quisadores que posaui ou compartilha de concepções similares em pesquisa inerentes a cada paradigma. determinadas questões, métodos, técnicas e formas de explanações (Sparkes, 1992, p. 11). Na primeirá parte do capítulo procura-se esclarecer que um para- digma contém três elementos: uma ontologia, uma epistemologiae Shulman (1986, p. 3-4) observou que o termo "paradigma" 6o termo nais utilizado para descrever tais comunidades e as concepções do problema e dos métodos que elas compartilham. Esse termo é mais freqüentemente associado ao trabalho de Thomas Kuhn em seu livro A estrutura das revoluções cien tíficas, em que ele apresenta uma visão histórica do desenvolvimento cientifico. E impossível neste texto abordar todas as questões levantadas por Kuhn, mas una discussão uma metodologia. A ontologia levanta questões básicas com relação à natureza da realídade. A epistemologia pergunta: como nós conhece- mos o mundo? Qualéa relação entre o investigador e o investigado? A metodologia enfoca a maneira como nós apreendemos o conheci mento a respeito do mundo. A resposta a estas questões define o que os investigadores são eo que está dentro ou fora dos limites de uma in vestigação autêntica. mais detalhada pode ser encontrada em outras fontes. Para os propósitos deste livmo é necessário reconhecer que existem Na segunda,parte são examinados os dois paradigmas (positivista, interpretativo). Esta seção é um pouco mais longa, pois muitos dos professores poderão estar tendo contato com este debate pela primeira várias formas de definir o que é um paradigma e, de acordo com Masterman (1970, p. 59), Kuhnusou o termo em mais de vinte vez. Isso exigiráuma análise mais extensa de algumas questões-chave para ilustrar a posiç�o dos diferentes paradigmas de pesquisa. São0 também considerados os pressupostos que fundamentam cada um maneiras em seu livro. 2Para aprofundar um pouco mais a questão do trabalho de Kuhn verificar Barbosa (1993), Barnes (1992) e Metzler, Machado e Forster (1994). desses paradigmas e os tipos de pesquisa associados a cada um deles. 42 METODOL0GA DA PESQUISA PARAO PROFESSOR PESQUISADOR ABORDACENS Å PESQUISA Todavia, Patton (1978, p. 203) sugere uma definição que nos parece lógicos que se referem às questões do saber e a natureza do conhe- a mais útil para analisar o termo "paradigma". cimento (Sparkes, 1992, p. 13). Aquestão epistemológica refere-se às bases do conhecinento - sua Um paradigma é uma visão de mundo, uma perspectiva geral, una maneira de analisar a complexidade do mundo real. Como tal, os para- digmas estão profundamente embutidos na socialização de seus pra- ticantes. Os paradigmas nos dizem o que é importante, legítimo e razoá- vel. Os paradigmas tambén são normativos, dizendo a seus praticantes o que fazer sem a necessidade de longas considerações existenciaisou epistemológicas. Mas esses são os aspectos que constituem a virtude e a fraqueza dos paradigmas. A virtude é que ele torna a ação possível, a fraqueza é que a mesma razão paraa ação está escondida nos pressu- postos inquestionáveis do paradigma. natureza e formas, como pode ser adquirido e como pode ser cornu- nicado a outros seres hunanos. A pergunta é sobre a possibilidade de "identificar e comunicar a natureza do conhecimento como sendo rí- gido, real e capaz de ser transmitido de uma forma tangível, ou se o conhecimento é suave, mais subjetivo, espiritual ou mesno transcen- dental, baseado na experiência e insight de uma natureza pessoal essencialmente única" (Burrell e Morgan, 1979, p. 1). Os pressupostos epistemológicos nesses casos determinam posições Diferentes paradigmas proporcionarn conjuntos de lentes para ver o extremas sobre as seguintes questões: a) se o conhecimento é algo que possa ser adquirido, ou b) algo que tem de ser pessoalmente experi- mentado. Por exemplo, a resposta que pode ser dada a essa questão é limitada pela resposta dada à questäo ontoiógica; isto é, não é qualquer mundo e dar-lhe sentido. Eles agem para determinar como nós pensa- mos e atuamos, porque na maioria das vezes nós não estamos nem mesmo conscientes de que estamos usando um determinado conjunto de lentes. relação que pode ser postulada. As premissas que definem os paradigrnas de investigação podem ser resurnidas pelas respostas dadas pelos proponentes de qualquer para- digma a trés questões fundamentais que são de tal maneira inter relacionadas que a resposta dada a uma questão, em qualquer ordem, Amaneira como o indivíduo se alinha nesse debate afeta profun- damente a maneira de ele propagar os resultados do conhecimento sobre comportamento social. Avisão de que o conhecimento é igido, objetivo e tangível exigirá do pesquisador o papel de observador leal aos determina as respostas às outras questões. métodos das ciências naturais; a visão do conhecimento como pessoal, subjetivo e único, no entanto, impõe ao pesquisador um envolvimento A questão ontológica diz respeito à natureza ou à essência do fen0 meno social investigado. Os cientistas sociais se defrontam com ques toes ontológicas básicas, como: a "realidade" a ser investigada é externa ao individuo- impondo-se na sua consciência de fora para dentro - ou éo produto da consciência do individuo; a "realidade" está"lá fora'" no mundo, ouécriada na mente do próprio indivíduo" (Burrell e Morgan, com os sujeitos da pesquisa e uma rejeição às maneiras do cientista na tural. Subscrever a primeira, significa ser classificado como objetivista e, portanto, como positivista; subscrever a segunda, é ser classificado como subjetivista ou antipositivista. A questão metodológica diz respeito à metodologia que o pesqui- sador irá utilizar, mesmo porque ontologiase epistemologias contras tantes demandarão diferentes métodos de pesquisa. Os pesquisadores 1979, p. 1). A primeira pode ser classifñcada como uma visão externo-realista, enquanto a segundaé uma posição interno-idealista. Vinculado às ques- que adotarem uma abordagem objetiva (posidvismo) do mundo social thes ontológicas está um segundo conjunto de pressupostos epistemo eque trata o fenômneno natural como sendo rígido, real e externo ao . A 't "EG 44 METODOLOCIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR ABORDAGENS A PESQUISA Como Burrell e Morgan (1979, p. 2) ressaltam, "a ênfase em casos indivíduo, escolherão as opções tradicionais da pesquisa-levantamen- tos, experim�ntos etc. Outros que postularem uma abordagem mais subjetiva (antipositivismo), que vêm o mundo social como mais suave, pessoal e criado pelo homem, selecionarão técnicas como observação participante, história de vida etc. A resposta dada a esta questão é determinada pelas respostas dadas às duas primeiras questöes; isto é, não é qualquer metodologia queé extremos tende a ser coBocada na explanação eno entendimento do que é único e particular ao indivíduo ao invés do que é geral e universal". Em termos metodológicos é uma abordagem que enfatiza a natureza relativista do mundo social. Esta abordagem enfatiza o particular e o individual e pode ser chamada de ldiográfica. Ao chamar a atenção para os tipos de pressupostos adotados pelos vários pesquisadores, desejamos enfatizar que todos os pesquisadores apropriada. A questão metodológica não pode ser reduzida à questão de métodos; os métodos precisam ajustar-se a uma metodologia pre- determinada. estabelecem pressupostos de algum tipo em relação às questões ontológicas, epistemológicas e metodológicas e que estes pressupostos Quando o indivíduo subscreve a visão que trata o mundo como na- tendem a agrupar-se e ter coerência no âmbito de um determinado tural, como se ele fosse rígido, com uma realidade externa e objetiva, a paradigma. investigação cientifica será direcionada para a análise das relações entre fatores selecionados nesse mundo. Ela será predominantemente quan- titativa. A preocupação é com a identificação e definição destes ele Os pressupostos ontológicos dão origem aos pressupostos episte- mológicos, que terão implicações metodológicas em relação à escolha das técnicas de coleta de dados, interpretação dos reaultados e a ma neira de escrever e apresentar estes resultados (Hit¢hcock e Hughes, 1989, p. 15). A relação entre estes conjuntos de pressupostos eas inpli- cações pode ser expressa no diagrama abaixo: mentos e com a descoberta de maneiras pelas quais estas relações . podem ser expressas. As questões metodológicas de importância são assim os conceitos, a medição destes conceitoseaidentificação dos te- mas que estão por trás destes conceitos. Esta perspectiva se expressa na busca de leis universais que explicam e governam a realidade que está sendo observada. Uma abordagem caracterizada por métodos e proce dimentos planejados para descobrir leis gerais pode ser chamada de PRESSUPOSTOS ONTOLOGICOS - dão origem aos Nomotética. PRESSUPOSTOS EPISTEMOLÓGICOS - que teraão Contudo, se o indivíduo adota uma visão alternativa da realidade social que enfatiza a importância da experiência subjetiva dos indiví. duos na criação do mundo social, a busca pelo entendimento concen tra-se em questões e abordagens diferentes. A principal preocupação do pesquisador é com um entendimento da maneira pela qual o indi víduo cria, modifica e interpreta o mundo em que ele se encontra. A abordagem agora toma um aspecto qualitativo como tambén quan- IMPLICAÇÕES METODOLÓGICAS para a escolha das ek TÉCNICAS DE COLETA DE DADOos titativo. MeTODOLOGIA OA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR ABoRDAGENS A PESQUISA47 Essa forma de entendimento é crucial no debate paradigmático, Algurnas vezes os pressupostos de um paradigma são t�o fortes na uma vez que os pressupostos do pesquisador em relação à natureza da realidade, à verdade e ao mundo fisico e social influenciam todos os mente dos praticantes que esses negam a validade de outros para- digmas. Devido a essa negação torna-se problemático discutir os dife- aspectos do processo investigativo. rentes paradigmas, quando os pesquisadores não concordam com o Portanto, a afiimaç�o de que o "problema" determina a abordagem paradigma de outros pesquisadores. e os métodos de investigação é muitas vezes enganosoeé um exemplo da confusão que prevalece entre questões filosóficas e técnicas. Após esta discussão sobre a natureza dos paradigmas, é possível discutir com mais propriedade as duas perspectivas contrastantes resul- tantes destes debates, bastante evidenciadas na prática dos pesquisa A questão filosófica diz respeito às bases apropriadas para o estudo da sociedade e suas manifestações, enquanto a questão técnica diz respeito à adequação ou superioridade de certos métodos de pesquisa . .- dores educacionais. em relação a outros métodos. Por exemplo, a observação participante O paradigma positivista versus o levantamento, o questionário versus a entrevista. Apartir do século XIX, o modelo científico empregado nas ciências naturais como a biologa, a física e a química rapidamente se tornou 0 modelo mais empregado para investigar o nundo social. Os princi pais pensadores associados com o desenvolvinentoe a aplicação dessa visão nas ciências sociais, neste caso a sociologia, foram o filósofo francês Auguste Comteeo sociólogo francês Emile Durkheim (Hitch- cocke Hughes, 1989, p. 18). En termos de significados relativos a qualquer método e à inter- pretação destes significados, concordamos com Sparkes (1992, p. 16) quando sugere que "nãoéo problema que determina o método, mas sim um compromisso intelectual, emocional e político anterior a uma posição filosófica que orienta o pesquisador a conceber e formular o problema dentro do contexto desses compromissos" (grifo nosso). * **' *** o debate paradigmático não aborda simplesmente técnicas de Para Comte, a única maneira de desenvolver o verdadeiro conheci pesquisa, embora ele tenha implicações na escolha e uso das mesmas. mento do mundo era por meio das experiências vividas. Isso pode ser Por exemplo, aqueles que aderem a uma ontologia realista e a uma descrito como uma posição empírica. O empirismo sugere que a única epistemologia objetiva provavelmente irão preferir técnicas que dife rem daqueles que sustentam uma ontologia idealista e uma epistemo- logia subjetiva. fonte confiável de conhecimento é a experiência, literalmente vendo e ouvindo, o que tomou a forma de algum tipo de observação ou situa- ção experimental controlada, em que o pesquisador poderia efetiva- Convém destacar que os paradigmas não são homogêneos ou mo nolticos e há muitas tradições contrastantes dentro dos vários para- dignas, isto 6, exi_tem diversidades dentro deles. Um paradigma de pesquisa é uma rede de idéias coerentes a respeito da natureza do mundo e das funções dos pesquisadores que, una vez aceito por um mente exercer algum controle sobre o experimento. Uma das imnplicações dessa posição era que as formas de conheci- mento baseadas na religião ou na superstição eram altarmente es- peculativas e certamente inferiores ao conhecimento adquirido por meio da investigação empírica. Na verdade, Comte iria descrever a grupo de pesquisadores, condiciona os padrões de seus pensamentos e sustenta suas ações de pesquisa (Denzin e Lincoln, 1994; Hitchcocke Hughes, 1989; Miles e Huberman, 1994; Sparkes, 1992). sociologia como a "física social". A9 48 METODOLOCA DA PESqUISA PARA 0 PROFESSOR PESQUISA0OR ABORDAGENS A PESQUISA As idéias.de Comte foram tomadas por Durkheim. Durkheim e anos, enquanto o pós-positivismo, que não será objeto de discuss�o Comte estavam preocupados em desenvolver uma ciência social neste livro, representa os esforços das últirnas décadas para responder, autonoma, adotando a filosofia e a metodologia da então nova e emer gente ciêncianatural. Durkheim delineou um conjunto de regras para a metodologia sociológica, regras essas que deveriam ser seguidas em todas as pesquisas sOciológicas. Essas regras eram centradas tanto quanto possfvel nos procedimentos das ciências naturais, e isso tam- de uma forma limitada, às críticas ao positivisno. Para o pesquisador positivista existe uma realidade "lá fora" no mundo, independente das pessoas. Essa realidade é descoberta pelas pessoas por meio do uso dos sentidos e das observações. As des- cobertas em relação à realidade do mundo podem ser expressas como bém envolvia o princíipio da objetividade. Isto é, o pesquisador poderia e deveria ser objetivo. Ao assegurar esta distância dos sujeitos da afirmações factuais - afirmações a respeito das coisas, dos aconte cimentose as relações entre elas. Para o positivista o mundo é racional; pesquisa evitar-se-ia a tendenciosidade do pesquisador. Neste estágio seria possível discutiro paradigma pós-positivista que emergiu como uma reação às niumerosas críticas ao positivismo nos úlim0s anos. Decidiu-se n�o o fazer porque concordamos com o que Guba (1990) sugeriu. O pós-positivismo pode ser visto como uma versão modiñcada do positivismo. Por exemplo, com relação à ontologia há uma mudança de um realismo ing�nuo para um realismo crítico. O segundo sustenta que o mundo real é na verdade impulsionado por causas reais e naturais, mas que os seres humanos, devido os seus sentidos imperfeitos, capacidades perceptuais e de cognmição, são incapazes de dominá-lo como ele é. Embora seja aceito que a realidade nunca pode ser conhecida pelo que ela reaimente é, há pouca dúvida de que a verdade definitiva (realidade) está lá fora alén do indivíduo. Portanto, o realismo permanece como conceito central e a maior preocupação é com a predição e o controle. Em termos epistemo lógicos adota-se um objetivismo modificado. Aceita-se que é impossível para os pesquisadores ver o mundo de qualquer lugar em particular, uma vez que a objetividade não pode ser atingida em um sentido absoluto. Ele é agora umn ideal reguatório pelo qual o pesquisador tenta permanecer o mais neutro possível e suspender suas próprias tendenciosidades, para um escrutfnio critico da comunidade de pesquisa. Além disso, os positivistas gostavam de trabalhar no ambiente fortemente controlado do laboratório e muitos pós-positivistas são a favor de conduzir as investigações no am- biente natural no qual as pessoas vivem e trabalham. Isto é, uma grande atenção está sendo dada ao contexto. Em relação a isso, enquanto se pre- ferem técnicas que proporcionam altos níveis de precisão, os pós-posi tivistas estäão preparados para urilizar técnicas interpretativas no estágio Durkheim desenvolveu o que tem sido descrito como a perspectiva funcionalista na sociologia. Essa perspectiva viaa sociedade como sen- do similar ao organismo biológico. A sociedade era como uma planta constiuida de uma série de partes cada uma executando uma função importante. As necessidades da sociedade eram, portanto, pteenchidas pelas funções èxecutadas por estas várias partes ou înstituições como a famfia, a igreja, a escola etc. Para Durkheim, a investigação da socieda- de teria que �dotar este modelo funcionalista e desenvolver procedi mentos objetivos para a coleta e interpretação de dados. A abordagem de Comte e Durkheim e outros desenvolveu-se no que a maioria dos cientistas sociais descrevem como positivismo, que encontra sua maior expressäo no método cientifico empírico. Embora existam muitas questöes filosóficas que podem ser discutidas a respeito do positivismo, qualquer definição de positivismo conterá dois ele- mentos, a visãode que as ciências naturais proporcionam a única base para o verdadeiro conhecimento e que os métodos, as técnicas eos modos de operação das ciências naturais oferecem o melhor modelo para investigat o mundo social. Assim, positivisno seria aquela posição, nas ciências sociais, que busca a objetividade na investigação cientfica de coleta de dados de seus trabalhos. Contudo, a uso de tais técnicas é freqüentemente visto como uma etapa preliminar na condução de formas mais rigorosas de investigação (nos seus termos) em um próximo estágio. Mais importante, essas técnicas são usadas em um modelo que contém os pressupostos associados ao positivismo/pós-positivismo. Conseqüente mente, quando são utilizadas, elas o são de uma maneira modificada, de modo que possa ser aplicada a proteção metodológica da ciência nanural adotando os nétodos e procedimentos das ciências naturais. O termo "positivismo" pode ser associado à visão comum que dominou o discurso formal nas ciências físicas e sociais por uns 400 ele tem sentido e, dado o devido ternpo eo esforço suficiente, será pos sível entendé-lo por meio da pesquisa. O pesquisador pode então explicar aos outros a realidade que ele descobriu, porque a linguagemé um sistema simbólico admitido para descrever a realidade. Avaliação do positivISmO Esse paradigma é apenas um dos modelos de pesquisa social, em- bora tenha sido o mais influente e tem desempenhado um papel crucial Os pesquisadores positivistas não aceitam que eles possam ser variáveis significantes na pesquisa; assim, ao testar hipóteses, eles espe emproporcionar as bases para a grande maioria das pesquisas educa- cionais. Até recentemente, a pesquisa educacional baseou-se principal- mente nas tradições psicológicas que operam segundo a abordagem ram que outros pesquisadores cheguem às mesmas conclusões a que positivista (Jacob, 1988). Alguns dos termos associados a essa abordagemn eles chegaram. Devido a isso, a forma preferida para relatar as pesqui incduemo empirismo, empírico-analítico, behaviorismo, behaviorismo radical e quantitativo. sas é evitar o uso de pronomes pessoais. Por exemplo, o uso de "eu" e "meu' nãoé considerado adequado. Algumas dúvidas pairam sobre o paradigma posiüvista como já foi descrito. A partir disso, algumas críticas têm sido manifestadas a partir Para o posiivista (assim como também para o pesquisador interpre tativo) opropósito da pesquisa é descrever e entender o fenômeno do de outras perspectivas ou tradições nas ciências sociais. Algumas dessas críticas parecem, até aqui, concordar que o termo "antipositivismo" seja mundo e compartilhar este entendimento. Este entendimento capacita aplicável a alguns destes pesquisadores. E muito importante considerar os tipos de criticas que têm sido feitas ao posidivismo. Essas críticas são aqui abordadas sob dois grandes títulos, (1) anatureza do objeto de es- o pesquisador a explicar como acontecimentos particulares ocorrem e a predizer quais ser�o os resultados de futuros acontecimentos. Os po- sitivistas usualmente buscam expressar suas compreensões na forma de generalizações. Os dados coletados pelos positivistas tendem a ser tudo do cientista social e (2) formas de explicações e a conveniência da numéricos e apropriados à análise estatística; portanto, a metodologia metodologia positivista. que eles usam é sempre descrita como quantitativa. A natureza do objeto de estudo do cientista social A palavra "positivismo" nem sempre é reconhecida por aqueles que Talvez nenhum outro aspecto do debate sobre o positivismo tenha trabalham com esse paradigma emuitas vezes é usada pejorativamente por aqueles que advogam paradigmas altemativos. Por seu lado, algu mas vezes os pesquisadores positivistas rejeitam a idéia de que uma in- vestigação de particularidades, como as conduzidas por pesquisadores recebido mais atenção do que a distinção que é feita entre o objeto de estudo das ciências naturais e o das ciências sociais. Nas ciências sociais o positivismo está baseado no pressuposto implícito de que não existe diferença qualitativa entre os mundos natural e social de modo que os métodos e procedimentos do cientista natural podem ser diretamente interpretaivos, possa ser considerada útil. Em resumo, o positivismo adota uma ontologia externo-realista, aplicados à investigaç�o do mundo social. uma epistemologia objetiva e prefere uma metodologia nomotética. Com relação à ontologia, o positivisno postula que o mundo social é externo à cognição do indivíduo, éum mundo real constitusído de fatos rígidos, tangíveis e relativamente imutáveis que podem ser observados, medidos e conhecidos pelo que eles realmente são. A diferença qualitativa entre o mundo social e o natural é a plata- forma central da posição antipositivista e dos que trabalham com a tradição interpretativa. Estes pesquisadores argumentam que a visão da pesquisa como rígida, freqüentemente mecanicista e calculista não pode ser harmonizada com o fato de que os seres humanos são capazes de exercitar a escolha e expressar suas próprias individualidades de S2 METODOLOCIA DA PESQUrSA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR ABORDAGENS A PESQUISA 53 maneiras diferentes. Os antipositivistas e os pesquisadores sociais inter pretativos, alguns dos quais serão discutidos mais à frente, fazem obje- ção à tendência do positivismo e dos pressupostos implícitos no méto- do cientifico que colocam ênfase na corelação, leis e objetividade para fazer com que os seres humanos sejam "coisas" cujas ações não têm esses pesquisadores e o tipo de dados e técnicas de coleta de dados empregadas têm gerado consideráveis discussões. Três aspectos básicos emergem:(1) a diferenca entre.causas.e significados, (2) as diferenças entre dados quantitativos e qualitativos, e (3) a questão da generali- zação dos resultadoos. problemas évidentes, quantificáveis e capazes de serem objetivamente investigados Causas e significados O mundo social é um mundo significativo em que os atores cons- Emuito cornum a argumentação de que a busca por vínculos cau- sais objetivos entre conjuntos de eventos leva a una posição em que tantemente constroeme reconstroem as realidades de suas vidas. Qual- quer ordem encontrada é criada pelos próprios atores que para isto certos fatores são vistos como eventos causais. Por exenplo, as diferen ças entre escores em testes de inteligência (Q.1) poderiam ser aponta- lançam mão de conceitos, regras e interpretações. das como causas do sucesso (ou fracasso) educacional de diferentes grupos de crianças. Na verdade, os pesquisadores educacionais têm usado o Q.I. e outros escores obtidos em testes de desempenho como Os problemas associados à falta de distinção entre os mundos natu- ral e social para os propósitos da pesquisa contaminam outras áreas, notavelmente as formas de explicações e o valor da metodologia quan- titativa. indicadores de diferenças na habilidade inata que influencia direta- mente o sucesso na escola. As críticas que estamos discutindo têm implicações para as fomas de explanações que os pesquisadores sociais podem adotar de uma Embora muitas pessoas possam concordar com que o fracasso es- maneira legíima e as técnicas de coleta de dados que eles utilizam para colar seja certamente um fenômeno multifacetado, apenas recentemen- te os pesquisadores começaram a desafiar muitas das pesquisas positivistas que sugerem o contrário. O problema repousa na distinção serem capazes de fazer explanações. Formas de explicações e a conveniência da metodologia positivista O método cienufico envolve uma abordagem específica quanto à coleta e à análise dos dados. O pesquisador que utiliza esse método e entre causas e significados. Arelação causa-efeito funciona muito bem no mundo natural. Por exemplo, o calor causa a fervura da água,que tem como efeito à ibe- ração do vapor. Por seu turno, o mundo social é composto de significa- adota os pressupostos que foram resumidos até aqui busca relações dos e interpretações que resultam em uma relação significativa que é descrita como ação. Uma relação significativa acontece quando a rela- Entre acontecimentos que possam ser observados. Os dados são exarninados aluz de hipóteses pré-formuladas e expostos a procedi- mentos de veriicação de modo que a hipótese original seja confimada 1 rejeitada. Dados quantificáveis tais como resultados de levanta- menios (surveys) sociais, respostas a questionários ou as estatísticas oficiais parecem ser os mais adequados para esses tipos de procedi mentos. As fornas típicas de explanação que têm sido utilizadas por ção pode ser demonstrada entre o estado subjetivo do ator e a ação, como, por exemplo, um motivo particular por um lado, e un compor- tamento observável por outro. Os críticos argumentam que o que está faltando na explicação positivista é uma demonstração de como a ação em questão é justificada e explicada pela pessoa ou pessoas envolvidas Isso exigiria uma explicação das regras, significados comparrilhados.e 54 METOOOLOGIA DA PESQuiSA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR ABOROAGENS À PESQUISA interpretações que os seres humanos fazem rotineiramente para conduzir suas vidas. O mundo social, portanto, necessita ser investiga- do em termos de significados e ações ao invés de causas e efeitos. maior disputa no debate na pesquisa social nos últimos anos. Varmos examinar as principais linhas destas críticas. As críticas con relação ao uso de dados quantitativos como exclu- Dados quantitativos equalitativos sivo e a melhor fonte de dados para a pesquisa social provêm de duas A aceitação dos pressupostos que sustentam o método científico fontes. Primeiro, os pesquisadores chamaram a atenç�o para as Ecngl linitações e os problernas das técnicas de pesquisa que são planejadas ) para a coleta de dados quantitativos. Segundo, os pesquisadores têcn significa que a pesquisa quantitativa é a noma. Assim, os levantamentos sociais, as entrevistas estruturadas, os questionários eo uso de estatís indicado os problemas envolvidos quando se confia somente em ticas são as técnicas de coleta de dados e métodos que predominam. Os dados quantitativos podem ser medidos mais facilmente, padrões medidas ou fndices objetivos e quantificáveis dos fenôrmenos sociais sem prestar atenção às interpretações e sigmificados que osindivíduos podem ser estabelecidos de uma forma mais clara e, portanto, qual- dão aos eventos e situações de uma forma qualitativa. Os levantamen tos sociais podem capturar uma ampla área ou população, permitindo assim uma medida descritiva da extensão de uma preocupação em quer padr�o que venha a ser descoberto e as generalizações feitas serão precisas desde que localizadas em um amplo corpo de evidências. O uso de modelos matemáticos e a noção de correlação, isto é, o esta- particular, como a pobreza, e são muito importantes no estabeleci- belecimento de concordância ou associaç�o entre os vários fatores ou mento da natureza da sociedade. variáveis em uma pesquisa funciona melhor quando há grandes núme- Contudo, os críticos têm indicado muitos problemas com os levan- ros ou uma amostragem muito grande envolvida. Por exemplo, ao ten- tamentos sociais, mais notadamente na confiança que é depositada em tar examinar o desempenho do professor, levando em consideração o questionários fechados e estruturados. Esses questionários podem não sucesso dos alunos em testes ou exames, quanto mais dados o pesqui- ---- ser suficientemente flexíveis para permitir que as verdadeiras emoções sador tiver mais fácil será para ele estabelecer qualquer vínculo causal ******** *** e sentimentos apareçam. As pessoas normalmente tratam estes tipos de instrumentos com uma certa desconfiança. As perguntas podem e fazer observações a respeito de outros casosS. Os dados quantitativos apresentados em estudos correlacionais, levantamentos sociais, estatísticas ou nos relatos de interação na sala de estruturar muito as respostas ou podem levar quem vai respondê-las a responder de uma forma particular que afete a precisão do levanta- aula têm sido uma característica da pesquisa educacional. Para muitas pessoas, quanto maior for a amostra, quanto maior for o nú- mero de pes_oas respondendo um questionário, ou quanto mais pró- ximo forem os intervalos de codificação de uma determinada intera- ção na sala de aula, melhores serão a explicaç�o e a teoria subseqüente. O número de sujeitos envolvidos em uma pesquisa traz um ar de respeita- bilidade para muitas pessoas. A confiança nos dados quantitativos no mento. Portanto, a redação e a apresentação do questionário merecem dos pesquisadores os maiores cuidados. Há ambigüidade ou impre- cisão nas perguntas? A maneira como estão formuladas as perguntas elimina as respostas de certos tipos de pessoas? Como as perguntas lidam com certas áreas sensíveis? O pressuposto que sustenta a grande maioria dos levantamnentos sociais e o uso de questionários fechados é que as pessoas não apenas dizem o que pensam, mas também fazem o ambito do positivismo e o uso do método cientifico suscitaram muitas que dizem. criticas. Na verdade, esta tem sido provavelmente umå das áreas de . MeroDoLOGIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR ABORDAGENS A PESQUISA 51 junto de circunstàncias mais amplas ou a uma população. A generali Com base nesse pressuposto, argumenta-se que ao coletar dados quantific�veis o pesquisador destrói ou ignora o contexto qualitativo de que emergem todos os dados, ou seja, a vida cotidiana das pessoas. zação refere-se àquele tipo de afirmação que busca incluir sob um termo geral, título, ou classe de eventos um conjunto de casos parti As críticas ao positivismo sugerem que tanto é importante olhar em culares. Isso é feito para ressaltar certos temas comnuns ou aspectos detalhe um número pequeno de casos quanto é importante olhar um grande número de casos úpicos. dos casos em questão e estabelecer conexões entre fenômenos que possam ser observados diretamente, para que possam ser feitas decla- rações a respeito das situações que não sejam observadas na totalidade, A principal divisão emerge dentro da ciência social no eixo quantita- por impossibilidade ou inviabilidade prática. tivo-qualitativo. Embora não se negue o valor e significado da visão am- pla e geral desenvolvida pelas abordagens quantitativas, alguns grupos de pesquisadores têm enfatizado a necessidade de reconhecimento A completa utilização da generalização no método comparativo é usada tanto por cientistas sociais como por historiadores. A compa detalhado das circunstâncias interacionais imediatas dos eventos no ração de situações está no centro de qualquer investigação sistemática mundo social e do contexto histórico e cultural em que esses eventos e é sempre importante que o pesquisador seja capaz de comparar os acontecem. Isso tem levado um certo número de sociólogos e antropó- resultados com os de outras pesquisas. O método comparativo envolve logos em particular a examinar em detalhes os eventos do cotidiano a comparação de dados coletados em diferentes sociedades ou culturas usando uma série das assim chamadas técnicas de pesquisa intros- pectiva, biográfica, subjetivas ou qualitativas, com-o objetivo de desve lar o ponto de yista dos atores no interior das situações sociais que eles ocupam. BEm yez de coletar dados quantitativos por meio de técnicas quantitativas tais como levantamentos e questionários fechados, argumenta-s� que os pesqui_adores sociais deveriam.coletar dados qualitativos por intemédio de técniças projetadas para revelar as pers- pectivas dos atores. Na pesquisa educacional o debate sobre as técnicas quantitativas e qualitativas estárefletido no movimento nas últimas duas décadas em considerar o que está acontecendo nas escolas e nas salas de aula em particular. em temos do fenômeno a ser comparado. Os cientistas sociais têm buscado descobrir padrões gerais ou regulares de comportamento hu- mano traçando comparações entre muitas formas sociais e culturais diferentes e indicando os elementos comuns. Aprodução de generáli- zações de alto nível é um elemento integral desse tipo de abordagem e um aspecto central do método científico. As ciências humanas fazem uso extensivo da generalização e, na verdade, poderia parecer impossível realizar pesquisa sem usar afirma- ções generalizadas. Imagine a discussão educacional sem referência às crianças da classe trabalhadora, crianças da classe média, crianças mal- ajustadas, minorias, crianças com dificuldades de aprendizagem, crianças brilhantes e assim por diante. Sempre enconitamos pessoas Essas críticas na confiança depositada nos dados quantitativos têm sido também dirigidas para o uso excessivo das estatísticas oficiais. Embora os pontos sejam bem específicos, a questão geral é bem clara As estatísticas oficiais são coletadas por organismos oficiais com discutindo os valores da classe trabalhadora e tipos de classe média. Os sociólogos rotneiramente se referem a classes e starus dos grupos para designarem o arranjo hierárquico de um vasto número de indivíduos em uma sociedade. Os psiquiatras falam de categorias de doenças como propósitos específicos. psicoses e neuroses para se referir a padrões de comportamentos asso- ciados a doenças mentais. Esses termos gerais são aplicados, após uma Generalização A generalização refere-se ao processo pelo qual um conjunto par- verificação em circunstâncias particulares, a uma categoria maior de ticular de observações ou resultados pode ser aplicado para um con- 58 METODOLOGIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR ABORDAGENS A PESQUISA 9 eventos que provavelmente demonstrarão as mesmas características pretativo de pesquisa social sugere que qualquer movirmento em di- das observadas originalmente. A generalizaçãoé uma questão que tem recebido considerável atenção na pesquisa social e educacional. Os cientistas sociais diferem reção à generalização precisa começar das circunstâncias particulares dos individuos e dos grupos. Além disto, é altamente improvável que, em qualquer pesquisa que o professor realize a amostra seja grande o suficiente para garantir o tipo de generalização de alto nível que é visto nas suas visões de generalização. Há aqueles, influenciados por uma metodologia quantitativa e pelo método científico, que argumentam como crucial no método científico. que a generalização éessencial. Aqueles que podem ser descritos como antipositivistas, influenciados por uma metodologia interpretativa, aum minante ea lógica que o sustenta. Por umn certo número de anos uma Nesta seção foi examinado o paradigma de pesquisa social predo- argumentam que elà não é essencial. E aindahá muitos pesquisadores que ocupam uma posição intermediária e que utilizam diferentes técnicas de pesquisa em um estudo e que argumentam que algumas insatisfação crescente com o positivismo tem sido uma característica do debate nas ciências humanas. Na pesquisa educacional esse para- digma tem sido considerado como tendo un efeito de camisá-de-força vezes a generalização é necessária. para a prática da pesquisa. A pesquisa educacional teria que sér feita por Aquestão da generalização e a sua incorporação como a principal pesquisadores acadêmicos profissionais que utilizariam procedimentos meta no método científico apresentou-se para muitos pesquisadores e princípios testados. Para muitos pesquisadores e professores esse paradigma cria restrições desnecessárias sobre quais aspectos da escola e da vida na sala de aula poderiam ser pesquisados. O modelo científico como a questão-chave em relação à pesquisa conduzida por profes- sores. Dadas as circunstânciase as restrições práticas colocadas ao professor, é questionável se a generalização - no sentido com que ela é está progressivarnente sendo visto como um modelo incapaz de captu- rar a fuidez, espontaneidade e criatividade da vida na sala de aula. vista na ciência-poderia ser conseguida devido à confiança que os pro- fessores têm de depositar em casos ou circunstâncias individuais, limí- Os criticos nais vigorosos sugerem que o positivismo funciona com uma visão mecânicae desumana dos seres humanos. Estas reações ao tado número de pessoas, ou até mesmo no uso de apenas um infor- positivismo e ao método cientifico causaram impacto na cómunidade mante. Todavia, se a generalizaç�o é percebida como elemento central do método científico, a pesquisa conduzida por professores e outros . científica e os seus efeitos foram sentidos na pesquisaeducaciona pesquisadores da educação com pequenos grupos, locale particula, seria de menor valor? o paradigma interpretativo Muitos pesquisadores têm evitado a formulação de generalizações Sempre houve formas alternativas para investigar a realidade social em grande escala e, na verdade, tais generalizações não são mais vistas por muitos deles como a meta final e única da pesquisa social. Como foi observado, a tentativa de produzir generalizações cada vez mais abrangentes pode resultar no exame inadequado da ação social. Há certamente uma tensão entre se concentrar em grandes números de e, em contraste com o positivismo, há o paradigma interpretativo. Para alguns autores (Erickson, 1986; Creswel, 1998; Hitchcocke Hughes, 1989; Sparkes, 1992) o termo "interpretativo" refere-se a uma familia de abordagens e é muito útl por três razões básicas: a) ele é mais inclusivo do que outros term0s (por exemplo, "etnografia", "es tudo de caso"); b) ele evita que essas abordagens tenham a conotação de essencial- casos em geral e em poucos casos em particular. O paradigma inter mente n�o-quantitativas (uma conotação que é sugerida pelo termo 60 METOOOLOGA DA PESQUISA PARA PROFESSOR PESQUISADOR ABORDAGENS A PESQUISA 61 r O pesquisador interpretativo vê a linguagern como um sistema sim- bólico estabelecido sobre cujos significados as pessoas podem diferir. "qualitativo'"), uma vez que algum tipo de quantificação pode ser utili zado no estudo; e c) ele aponta para características comuns às várias abordagens-o interesse central de todas as pesquisas nesse paradigma éo significado humano da vida social e a sua elucidação e exposição pelo pesqüisador. Em conseqüência, o compartilhar da avaliação do relato do que foi observado é sempre, até certo ponto, problemático. Devido a diferen ças nas percepções, na interpretação e na linguagem, não surpreende que as pessoas tenham visões diferentes do que é a realidade. Portanto, um conjunto de tradições pode ser situado no paradigma interpretativo, conhecidas por vários nomes como: etnografia, herme- nêutica, naturalismo, fenomenologia, interacionismo simbólico, cons- trutivismo, etnometodologia, estudo de caso e pesquisa qualitativa. Embora haja diferenças entre essas tradições, há também muitas simi- Os pesquisadores interpretativos rejeitam a visão dos positivistas de que o mundo social pode ser entendido em termos de relações causais expressas em generalizações universais. Para eles, as ações humanas säão baseadas nos significados sociais, tais como crenças e intenções. As laridades, e o termo"interpretativo" será usado aqui como um termo pessoas que vivem juntas interpretam os significados entre elas e esses "guarda-chuva" para a discussão de questões gerais. significados transformam-se por meio da interação social. Da mesma forma que o positivismo, o paradigma interpretativo tem Os pesquisadores interpretativosacreditam que, por meio do- questionamento e da observação, eles possam transformar a situaçãoprofundas raízes históricas que emergiram com muita força no século dezenove como uma reação crítica ao positivismo. Uma figura infuente que estão estudando e se reconhecem como variáveis potenciais na nessa reação foi Wilhelm Dilthey que argumentou que, enquanto as ciências naturais lidavam com uma série de objetos inanimados que investigação. podiam sei vistos como existindo fora de nós, isso não poderia aconte- cer de forma alguma nas ciências sociais. O enfoque das ciências sociais deveria ser nos produtos da mente humana, incluindo subjetividade, Para os pesquisadores interpretativos o propósito da pesquisa é descrever e interpretar o fenômeno do mundo em uma tentativa de compartilhar significados com outros. A interpretaçäo é a busca de perspectivas seguras em acontecimentos particularese por insights interesses, emoções e valores. particulares. Ela pode oferecer possibilidades, mas não certezas sobre o que poderá ser o resultado de acontecimentos futuros. A palavra Esse legado deixado por Dilthey permanece, ainda hoje, entre os "hermenêutica" é muitas vezes usada para descrever o trabalho nesse pesquisadores interpretativos, porque eles acreditam que, embora a abordagem da ciência natural com os seus pressupostos positivistas paradigma, pois significa a ciência da interpretação. possa ser apropriada para o estudo do mundo físico, ela não é apro- priada para o estudo do mundo social. Popkewitz (1984, p. 15) argu- menta que a qualidade inimitável do ser humano é encontrada nos Os pesquisadores interpretativistas inevitavelmente estuda particularidades, mas eles diferem nas suas visões sobre até que ponto as evidências examinadas de várias particularidades possam ser ex- símbolos que as pessoas inventam para comunicar significados ou in- terpretaçoes dos eventos da vida cotidiana. Os pesquisadores interpre tativos não podem se sentir inclinados para as abordagens da ciência natural para entender o mundo social uma vez que os seres humanos pressas na forma de generalizações. Os dados coletados são usualmente verbais, mas são muito utiliza- das as anotações de campo e transcrições de conversações. Muitas vezes esses dados podem ser analisados nuunericamente, mas nomal- são animnais que pensam, são conscientes, possuem sentimentos e mente esses pesquisadores não estão abertos à análise es tatística usada usam a linguagem e os súmbolos. 62 METOOOLOGIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR AeORDAGENS A PESQUISA 6 pelos positivistas. Portanto, esse tipo de pesquisa é descrito como mundos, devemos nos concentrar sobre a construção socíal da reali dade e as formas pelas quais a interação social reflete os desdotbra- - qualitativa. mentos das definições dos atores de suas situações. A ênfase, portanto, não está em unm modelo de sociedade expresso em temos de variáveis causais nem em descobrir leis sociais por meio * "** ****** As visões da relação entre o pesquisador e o pesquisado dependerm da visão de conhecimento do pesquisador. Nesse paradigma, o conhe cimento é possível apenas por meio dos processos interpretativos que dos métodos usados nas ciências naturais, mas, sim, em observar o fenômeno social de uma forma diferente do fenómeno fisico. Laing o pesquisador apreende do seu encontro com os sujeitos em questão. Existe uma interação no processo de pesquisa entre o investigador eo investigado por meio do qual o entendimento é procurado. Portanto, o investigador e o investigado estão interligados de uma tal forma que os resultados da investigaç�o são uma criação literal do acredita que essa diferença sugere que "'o erro fundamental é a falha em imaginar que existe uma descontinuidade ontológica entre os seres humanos e outros seres .. as pessoas são diferencladas das coisas porque as pessoas experimentam o mundo, enquanto as coisas com- portam-se no mundo" (1967, p. 53). Em outras palavras, o pesquisador interpretativista acredita que é processo de investigação. capaz de interpretar e articular as experiências em relação ao nundo para si próprio e para os outros. Ele não está à parte da sociedade como um observador, mas constrói ativamente o mundo em que vive. Não vê Em termos metodológicos, primeiro o pesquisador acredita que os dados/informações devem ser coletados no ambiente natural. Por exemplo, no contexto em que está situado o fenomeno de interesse. seus atributos e comportamentos como ontologicamente externos a si Segundo, devido ao fato de o pesquisador interpretativo estar com- mesmo; só pode conhecer a realidade social por meio do seu entendi mento subjetivo. A realidade social não pode estar separada do signi ficado que ele dá a elae como ele interpreta essa realidade. A seguinte afirmação de Beck explica o espíito com o qual o pesquisador tra- Lbalha: prometido com o conceito de realidades múltiplas e construídas, não será possvel propor um trabalho de campo com um projeto de pes- quisa hermético que estabeleça a priori um esquema do que é signifi cante e importante encontrar. Por exemplo, um conjunto de hipóteses pré-formadas e específicas para serem examinadas e testadas. Isso seria uma contradição. Em vez disso, o pesquisador inicia o trabalho de O propósito da ciência social é entender a realidade social como dife- rentes pessoas a vêeme demonstrar como essas visões determinam suas ações dentro desta realidade. Já que as ciências sociais não podem penetrar no que está por trás da realidade social, elas então precisam tabalhar diretamente com as definições de realidade do homeme com regras que elas inventam para tratar disso. Contudo, as ciências sociais não revelam a verdade final, mas elas nos ajudam a dar sentido ao nosso mundo. 0 que a ciência social oferece é explanação, esclarecimento e desmistificação das formas sociais que o homem criou ao redor de si (1979, p. 87). campo com um conjunto geral de problemas em mente e também com uma estrutra teórica. A atitude é de curiosidade e abertura orien- tada a partir da pergunta de pesquisa que é: O que está acontecendo aqui? Terceiro, o pesquisador sabe que ele é o principal instrumento de coleta de dados porque imagina que, como um pesquisador interpre- tativo lidando com múltiplas realidades, "o instrumento" ten de ser ca- paz de reconhecer, classificar e distinguir as sutilezas do significado que emerge. Éo instrumento humano capaz de lidar com a informação O compromisso da pesquisa é, portanto, lidar com os mundos natu- rais e sociais em que as pessoas habitam. Para entender melhor esses 64 METODOLOGIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISADOR AsORDAGENS A PESQUISA 65 que vai além do intelectual, racional, para incuir as emoções, os valo- A pesquisa interpretativa é realmente científica? Se científico sig- nificar ser sistemático, rigoroso e analítico, ent�o a pesquisa interpreta- tiva atinge os critérios de cientificidade. Mas os pesquisadores interpre res, as arenças e as suposiçbes que constituem a experiência de vida dos individuos no contexto social. Quarto, o pesquisador interpretativo, tendo aceito a si próprio comno tativos realmente tendem a abordar o planejamento da pesquisa, a instrumento, encontra as ferramentas e técnicas para ajudá-lo a coletar e gravar os dados: a) na observação participante (no seu mais amplo coleta e a análise dos dados de uma maneira diferente da de outros cientistas sociais. sentido); b) nas entrevistas (estruturadas, semi-estruturadas e não- A pesquisa interpretativa depende muito do envolvimento do pes- - quisador. E possível que o pesquisador seja objetivo? A objetividade é certamente a quest�o mais discutida nas ciências sociais. É claro que estruturadas); ) em diáios (gravação contínua da pesquisa em virtude de estar no trabalho de campo); d) memórias analiticas (interpretações indutivas emergentes enquantoainda está executando o trabalho de campo); e e) gravação de fitas de vídeo (para análises mais profundas). é questionável se a objetividade aplica-se ou não à pesquisa na escola. Em uma tentativa de usar os mesmos procedimentos das ciências natu- rais alguns cientistas sociais reivindicam que a objetividade é desejável e possfvel. Os pesquisadores intepretativos são muito mais cautelosos Finalmente, o pesquisador interpretativo sabe que o processo de pesquisa, desde o monmento de sua concepção até a sua completação, é porque eles enfatizama importância do envolvimento do pesquisador. uma interação dialética contínua, análise, crítica, reiteração, reanálise e O envolvimento do pesquisador é visto por alguns como um aspecto assim por diante, levando a uma construção articulada do caso. positivo e não uma fraqueza da pesquisa. Contudo, o pesquisador não Em resumo, o paradigma interpretativo é baseado em um conjunto deve se tomar tão envolvido a ponto de deixar de ser apenas un obser- de pressupostos ontológicos e epistemológicos que são muito dife- rentes dos pressupostos do positivismo. Os pesquisadores que utilizam o paradigma interpretativo adotam uma ontologia interno-idealista, uma epistemologia subjetiva e preferem uma metodologia idiográfica. vador. O desenvolvimento da imparcialidadee da reflex�ão são habili- dades muito importantes para o pesquisador que trabalha nesse paradigma. A pesquisa interpretativa é paricular, localizada e conduzida em pe quena escala. A partir dissoé possivel fazer generalizações? A questão da generalização na pesquisa interpretativa é problemática. O proble- ma emerge tanto de um mal-entendido a respeito da generalização quanto da concepção de que ela seja a única meta da pesquisa social. Por exemplo, afirmações generalizadas com relação à efciência de um determinado tipo de ensino ou a influência de diferentes estilos de en- sino sobre o desempenho dos alunos exigiriam muitas pesquisas em Avaliação do paradigma interpretativo O paradigma interpretativo também tem os seus crfticos. A intenção não é adicionar mais uma voz ao prolongado debate positivismo e antipositivismo na pesquisa social e educacional. A preocupação é tentar desvelar para o professor/pesquisador as diferenças entre essas duas tradições. Portanto, também é justo apresentar algumas dúvidas e objeções que têm sido levantadas contra o paradigma interpretativo diferentes escolas. Parece que há quatro questões básicas que sempre são levantadas em Estlos de ensino significam coisas diferentes para diferentes pessoas, portanto, muitas situações e pontos de vistas necessitariam ser exami nados antes de ser feito qualquer tipo de generalização. Primeiro, é qualquer debate. 67 ABORDAG,ENS A PESCUISA 66 MEroDOLOGIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR PESQUISAOOR (diferentes interaçoes que ocorrem. Nesse sentido, não há problema questonável se os professores poderiam se engajar ou não em um estu- com as técnicas quantitativas como fonte de dados. O problema com do suficientemente grande paraque possam ser feitas generalizaçQes de alto nível. Segundo, muitas das pesquisas interpretativas nas escolasse os dados quantitativos é a rnaneira como eles são utilizados e para que fins são usados. Os pesquisadores interpretativos estäo preocupados nas salas de aula não estäo preocupadas com a produção de generaliza- em qualificar através dos olhos dos participantes ao invés de quantificar ções da forma como é feita no paradigma positivista. Ao contrário, os através dos olhos do observador. O argunento fundamental é que os pesquisadores interpretativos estão mais preocupados em produzir descrições adequadas do contexto educacional e análises que enfatizem e expliquem os processos sociais que determinam e infhuenciam o ensino e a aprendizagem nas escolas. A questão da generalização real- mente se aplica à pesquisa interpretativa no que diz respeito à im- dados quantitativos necessitam ser suplernentados por detalhes contextuais fornecidos pelas técnicas qualitativas. portância, para o professor pesquisador examinar se os professores e alunos se comportam ou não de maneiras similares daqueles observa- dos em outras situações. Isso é importante porque permite ao investi- gador colocar as ações em um contexto mais amploe geral. A pesquisa interpretativa confia muito em dados qualitativos. As abordagens qualitativas são incompatíveis com as abordagens quantitativas? O pesquisador pode utilizar-se de dados qualitativos e quantitativos? Muitos livros de metodologia de pesquisa separam as técnicas de pesquisa quantitativa da qualitativa, em parte porque elas vêm de tra- dições diferentes. Os livros-textos invariavelmente lidam com as técricas quantitativas e qualitativas, mas alguns tentan construir uma ponte entre os dois tipos ou pelo menos tentam fazer uma seleção de ambos os tipos. A realidade da grande maioria das pesquisas sociais e educacionais é que os pesquisadores usan uma variedade de fontes para a coleta de dados e também de tipos de análise. Por exemplo,é perfeitamente legítimo que o pesquisador use relatórios da escola, dados estatísticos e informações de determinados estudos. Da mesma maneira, no curso de uma pesquisa etnográfica na es- cola, o professor poderá usar um questionário fechado e investigar alguma correlação entre os resultados ou então fazer alguma obser- vação sistemática na sala de aula que envolva contar o número das
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