Buscar

MOCAMBIQUE, PAISAGENS E REGIOES NATURAIS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 159 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 159 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 159 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

5 
 
 
 
 
 
 
 
MOÇAMBIQUE 
Paisagens e Regiões Naturais 
1999 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
Ficha Técnica 
Titulo: Moçambique Paisagens e Regiões Naturais 
Edição: do Autor 
© do Autor 
Autor: Aniceto dos Muchangos 
Arte final: Castigo Khan e Adélia Panda 
Tiragem: 5000 exemplares 
República de Moçambique, 01048/FBM/93 
Impressão: Tipografia Globo, Lda. 
Ano: 1999 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Introdução 
Uma das principais tarefas da Geografia Física consiste na análise da 
origem, da estrutura e da dinâmica dos complexos naturais, sua 
repartição territorial bem como as possibilidades da sua utilização 
social. 
Os complexos naturais como parte da geoesfera, são categorias 
das ciências naturais cujo desenvolvimento rege-se por processos 
naturais de acordo com leis físicas, químicas e biológicas da 
Natureza. 
Os processos geológicos levam à uma formação de uma 
determinada estrutura geológica. Processos geomorfológicos criaram 
as actuais formas de relevo. A partir da interacção do clima, solos e a 
morfologia resultam as condições para o desenvolvimento dos seres 
vivos. 
Neste cenário integra-se o homem, como componente da 
natureza, que por um lado, é um ser vivo, realizando muitas das suas 
funções e manifestações vitais, segundo leis naturais e por outro lado, 
ele subtrai da Natureza para sua produção todas matérias-primas, 
reagindo desse modo contra a natureza. 
Efectivamente, o Homem sofre simultaneamente influência dos 
factores biológicos e sociais. O seu alto nível de desenvolvimento está 
ligado a factores sociais, sendo por isso primeiramente um ser social. 
Mas a maior parte dos componentes naturais só se tornaram 
recursos após a intervenção do homem, tal como na transformação 
dos recursos minerais em matérias-primas e fontes de energia; dos 
produtos animais e vegetais em alimentos e matérias-primas para o 
fabrico de numerosos objectos úteis; dos solos como base para a 
produção agrária e florestal ou como suporte para a construção de 
vias de comunicação, casas e instalações para a produção. 
Em todos territórios ocorrem elementos estruturais ou 
componentes das regiões tais como o relevo, o clima, a água, o solo, a 
vegetação e a fauna que em conjunto, sob influência de determinados 
factores, imprimem uma marca própria aos territórios e condicionam 
as formas de utilização dos recursos naturais tais como o relevo, o 
8 
 
clima, a água, o solo, a vegetação e a fauna que em conjunto, sob 
influência de determinados a factores, imprimem uma marca própria 
aos territórios e condicionam as formas de utilização dos recursos 
naturais. 
Com o desenvolvimento da sociedade humana aumenta 
consideravelmente a necessidade de utilizar a Natureza e seus 
recursos e tal só se logra com maior eficácia, conhecendo a estrutura 
dos componentes geográficos na sua expressão territorial. 
A Natureza é a fonte de recursos naturais, fonte da saúde, da 
recreação dos homens. Alguns recursos naturais tal como o ar para a 
respiração e a energia solar como fonte do calor, satisfazem as 
necessidades do homem, independentemente da sua influência. 
Neste processo, as paisagens e regiões naturais 
transformaram-se grandemente em paisagens culturais sob acção do 
homem, que é ditada pelas condições de produção e pelas 
necessidades sociais e do desenvolvimento da ciência e da técnica. 
Assim, não é difícil compreender que a natureza e o trabalho 
constituem as condições universais e necessárias para a existência do 
Homem. O solo com as matérias-primas, a água e o ar, bem como os 
seres vivos são as bases naturais da vida e da produção social. 
A utilização da natureza, como fenómeno territorial é também 
parte integrante do objecto da Geografia Física. Por isso o estudo dos 
componentes físico-geográficos, deve contribuir para esclarecer as 
condições actuais do território e fornecer dados para a utilização, 
preservação, e melhoramento da Natureza e Meio Ambiente. 
Por outro lado, o conhecimento dos componentes da natureza 
e das leis do seu desenvolvimento são de grande importância para 
explicar a origem, a evolução e a repartição dos vários fenómenos e 
processos a nível global, regional e local. 
Por isso, para a apresentação das paisagens e regiões naturais 
de Moçambique, procedeu-se, em primeiro lugar, à análise sumária 
dos componentes naturais do relevo, clima, água, solo, vegetação e 
fauna, isoladamente, para em seguida se descreverem as principais 
unidades regionais e paisagísticas, na sua complexidade. 
 
9 
 
 
 
I. COMPONENTES NATURAIS 
1. Enquadramento Geral do Território 
 
1.1. Localização 
A Republica de Moçambique fica situada no Hemisfério Meridional 
entre os paralelos 10º 27' Sul e 26º 52' Sul. Ela pertence também ao 
Hemisfério Oriental entre os meridianos de 30º 12' Este e 40º 51' Este. 
 O seu território enquadra-se no fuso horário 2 (dois), possuindo 
assim duas horas de avanço relativamente ao Tempo Médio Universal, 
tal como uma parte dos países da Europa Setentrional e Oriental. Em 
África, os seguintes países utilizam a mesma legal: Egipto, Sudão, 
Zaire, Zâmbia, Zimbabwe, Botswana, Suazilândia, Lesotho e África 
do Sul (Fig. 1). 
 Devido a esta situação astronómica, é mínima a diferença da 
duração entre o dia e a noite ao longo do ano o que explica uma 
constância relativamente grande nas suas condições térmicas. 
 Pela sua posição muito encostada a leste do semi-meridiano de 
30º Este, a hora legal é um pouco mais avançada que a hora local, o 
que é mais notório na parte Norte de Moçambique. 
 Relativamente à distribuição dos oceanos e continentes, a 
República de Moçambique fica situada, na costa Sudoeste do 
continente africano, defronte da Ilha de Madagáscar, da qual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 1. Enquadramento de Moçambique nos fusos horários. 
 
 
 
se separa através do canal de Moçambique. As fronteiras continentais 
separam-na dos seguintes países: Tanzânia ao Norte, Malawi, Zâmbia, 
Zimbabwe, África do Sul e Suazilândia a Oeste e África do Sul ao Sul. 
 Pela sua extensão em latitude e pela configuração dos seus 
limites, que dividem elementos da paisagem geográfica, tais como 
rios, lagos, montanhas e o oceano, a República de Moçambique é 
considerada na literatura geográfica internacional, como fazendo parte 
11 
 
das 3 grandes regiões naturais, de África, nomeadamente a África 
Oriental, África central e África Austral (Fig. 2). 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 2 As regiões naturais de África 
 
2. Dimensões 
A superfície continental de Moçambique é de 786.380 km
2
. Esta área 
corresponde a cerca de 2,6% da superfície do continente africano que é 
de aproximadamente 30 milhões de km
2
. 
 A plataforma continental, cujo limite se fixa a 200 milhas da 
linha da costa possui uma extensão de 120.000 km
2
 ou seja 0,24% dos 
aproximadamente 30 milhões de km
2
 da superfície do Oceano Índico. 
12 
 
 Na área soberana de Moçambique há ainda a acrescenta cerca 
de 13000 km
2
 das águas interiores que incluem os lagos, albufeiras e 
rios. 
 
 
Superfície (km2) % do total 
Terra-firme 786.380 85,5 
Águas interiores 13.000 1,4 
Superfície marinha 120.000 13,0 
Total geral 919.380 100 
Tab 1. Valores absolutos e relativos da superfície do território 
 
O comprimento máximo, medido em linha recta desde a foz do rio 
Rovuma no Norte, até ao rio Maputo ao Sul, é aproximadamente 1.800 
km; linha da costa, por seu lado, estima-se em cerca de 2.515 km de 
comprimento. 
A largura máxima, medida desde a Ponta Janga, na península 
de Mossuril a Este, até a intercepção do paralelo de 15º com o rio 
Aruângua a Oeste, é estimada em 963 km. 
A largura mínima de 47,5 km regista-se entre o farol da 
Catembe a Este e o marco Sivayana a Oeste.A altitude máxima de 2.436 m no monte Binga, na cadeia do 
Chimanimani em Manica é inferior cerca de três vezes e meia em 
relação ao ponto mais elevado do Globo, no Monte Everest (8.840 m) 
e duas vezes e meia relativamente ao Pico Uhuru (5.895 m), mais 
elevado de África. 
A maior profundidade continental regista-se no Lago Niassa e 
é de 706 m abaixo do nível médio das águas do mar. No Canal de 
Moçambique a maior profundidade regista-se a sudeste de Maputo na 
13 
 
Fractura de Moçambique com cerca de 5.000 m ou seja menos da 
metade da maior profundidade oceânica Mindanau (11.033 m). 
 
 
 
FIGURA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 3 Limites extremos de Moçambique 
 
1.3. A divisão político – territorial 
Na Republica de Moçambique as condições naturais e económicas a 
população, os povoamentos e a produção distribuem-se no território 
muito diferenciadamente. 
 De acordo com a Constituição da República de Moçambique, 
as unidades politico – administrativas regionais designam-se por 
províncias, distritos, postos administrativos e localidades. 
14 
 
 Estas unidades territoriais representam parcelas de divisão 
administrativa estatal cujo desenvolvimento se baseia nos objectivos 
estatais. Simultaneamente, como unidades territoriais políticas 
administrativas, elas representam regiões económicas, embora sejam 
de categorias diferentes. 
 Os fundamentos para actual divisão administrativa são, os 
interesses nacionais e a função do estado tendo em conta as 
particularidades das unidades regionais, a composição étnica da 
população, os órgãos administrativos, número e densidade da 
população e os aspectos ligados a defesa da soberania e integridade 
nacionais. 
 Incluindo a cidade de Maputo, província-capital, a República 
de Moçambique subdivide-se em 11 províncias (Tab.2). 
 Cabo Delgado é a província mais setentrional do país. Tem 
uma superfície calculada em 82.625 km
2
, que representam cerca de 
10,3% da superfície total do país. A sua capital é a cidade portuária de 
Pemba. Os seus limites são: ao Norte a fronteira estatal separando-a da 
Tanzânia; a Oeste a província de Niassa; a Sul a província de Nampula 
e a Este o Oceano Índico. 
 Niassa, é em termos de superfície, a maior província 
moçambicana. A sua superfície de 129.056 km
2
 que inclui a parte 
nacional do Lago Niassa, representa cerca de 16,3% da superfície do 
país. A capital é a cidade de Lichinga que se situa no planalto do 
mesmo nome, na parte ocidental da província. 
A fronteira estatal limita a província ao Norte, da Tanzânia e 
 
a Oeste do Malawi; a Este confina com Cabo Delgado e a sul, com a 
Província de Nampula. 
 Nampula é a província costeira mais oriental do país, pois 
possui na ponta Janga o ponto mais deslocado em longitude Este. A 
sua superfície é de 81.606 km
2
 que representam cerca de 10,2% do 
total nacional. A capital provincial é a cidade de Nampula, situado no 
planalto do mesmo nome entre montes residuais. Tem a forma 
triangular sendo o limite Norte, Cabo Delgado e Niassa e a Sul a 
província da Zambézia. A Este o limite é realizado pelo oceano Índico. 
15 
 
 Zambézia é, com uma superfície de 105.008 km2 uma das 
maiores províncias do país contribuindo com uma percentagem de 
cerca de 13,1% do total. A sua capital é a cidade portuária de 
Quelimane. O limite Norte separa-as da província de Nampula e 
Niassa; o rio Zambeze ao Sul estabelece o limite com o Malawi e 
numa pequena secção o limite com a província de Tete. 
 Tete é a província mais Ocidental do país. Possui uma 
superfície de 100.724 km
2
, ou seja, cerca de 12,6% da área total do 
país. A capital provincial é Tete, situada nas margens do rio Zambeze. 
Possui fronteiras estatais com o Malawi, a Zâmbia e o Zimbabwe a 
Este, Norte e Oeste respectivamente. A Este separa-se da Zambézia e o 
limite meridional é estabelecido com as províncias de Manica e de 
Sofala. 
 Manica, ocupa no centro do país uma superfície de 61.661 
km
2
, equivalente a cerca de 7,7% da superfície total do país. 
A sua capital é a cidade de Chimoio, situada no planalto do mesmo 
nome. Confina a norte com a província de Tete e a Este com a 
província de Sofala. O limite Ocidental é feito através da fronteira 
estatal com o Zimbabwe. A Sul o rio Save separa-a das províncias de 
Inhambane e Gaza. 
 Sofala é uma província costeira com uma superfície de 68.018 
km
2
 que correspondem a cerca de 8,5% da área do país. 
 
 
 
A sua capital e cidade portuária da beira, a segunda maior cidade de 
Moçambique. Ao norte o rio Zambeze separa-a das províncias de Tete 
e Zambézia; a oeste da província de Manica e a sul o rio Save 
estabelecer separação com a província de Inhambane. 
 Inhambane é igualmente uma província costeira com uma área 
de 68.615 km
2
 que representam cerca de 8,6% da superfície total do 
país. A capital do provincial é a cidade portuária de Inhambane, 
situada na orla da baia do mesmo nome. Ao norte o rio Save delimita-a 
das províncias de Sofala e Manica e a Oeste o limite é a província de 
Gaza. 
16 
 
 Gaza ocupa uma área de 75.709 km2, que corresponde a cerca 
de 9,5% da superfície total do país, a sua capital é a cidade de Xai-Xai, 
situada na margem esquerda do rio Limpopo. 
Os seus limites são os seguintes: a Norte, a província de Manica 
através do rio Save, a Leste a província de Inhambane; a Sul a 
província de Maputo. A ocidente possui fronteiras estatais com o 
Zimbabwe e África do Sul. 
 Maputo é a menor província do país, costeira e a mais 
meridional. Possui uma área de 25.756 km
2
. A sua capital é a cidade 
da Matola, situada a Oeste da cidade de Maputo. A norte confina com 
a província de Gaza; a Oeste faz fronteira com Suazilândia e África do 
Sul; a Sul novamente com África do Sul. 
A Cidade de Maputo, com estatuto de província, é a capital da 
República de Moçambique. É também a maior e mais importante 
cidade do país. Possui uma área estimada em 602 km
2
 e situa-se na 
margem Norte da baia do mesmo nome. 
 
 
 
 
Província Superfície 
(km2) 
Capital 
Cabo Delgado 82.625 Pemba 
Niassa 129.056 Lichinga 
Nampula 81.606 Nampula 
Zambézia 105.008 Quelimane 
Tete 100.724 Tete 
Manica 61.661 Chimoio 
Sofala 68.018 Beira 
Inhambane 68.615 Maxixe 
Gaza 75.709 Xai-Xai 
Maputo 25.756 Matola 
Cidade de Maputo 602 Maputo 
Tab2. Divisão da Província e suas capitais 
17 
 
 
 
 
Mapa da Divisão Administrativa de 
Moçambique 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por razões de ordem económica, Moçambique pertence igualmente ao 
grupo de países da Comunidade para o Desenvolvimento da África 
Austral, conhecida pela sigla SADC, onde, para além dos países 
limítrofes como Tanzania, Malawi, Zâmbia, Zimbabwe e Suazilândia 
fazem parte também o Botswana, Lesotho, Namíbia e Angola (Fig. 5). 
É por isso, que no enquadramento e descrição do território 
moçambicano, se torna muitas vezes indispensável fazer recursos a 
menção de aspectos geográficos comuns aos países vizinhos, em 
particular os que se referem ao desenvolvimento paleogeográfico, à 
tectónica, ao relevo, à hidrografia, à flora e à fauna. 
Também é compreensível, num outro sentido, que na 
localização de Moçambique se recorra a referência a aspectos 
económicos, históricos e sociais e culturais aos países vizinhos, dentre 
eles os linguísticos, religiosos, artísticos e estéticos. 
 
 
18 
 
 
 
 
Fig. 5 Países da SADC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fig. 5 Os países da SADC 
2. Relevo 
2.1. Paleogeomorfologia 
A actual estrutura físico-geográfica de Moçambique resulta de um 
longo processo de desenvolvimento histórico da Terra, que teve inicio 
no Precâmbrico e se prolonga ate hoje. Este processo foi caracterizado 
por uma serie de fases sucessivas e alternadas de orogenias, erosão e 
de alterações climáticas e pedobiogénicas. 
 Sob o ponto de vistacronológico distinguem-se em 
Moçambique, essencialmente três fases principais na formação do 
relevo: Precâmbrico, Karroo e Pós-karro. 
 No contexto geológico da África Austral, a história do 
desenvolvimento do relevo de Moçambique, é bastante longa e teve o 
seu inicio há mais de, pelo menos, 3.500 milhões de anos. 
 A sua estrutura resultou da conjugação e processos exógenos e 
endógenos em que se registou uma série de fases de deformação, 
19 
 
destruição e consolidação da crusta que constituíram as bases para a 
formação de bacias epicratónicas. Estes processos produziram as 
unidades tectónicas subdivididas normalmente em cratões arcaicos 
consolidados há mais de 2.500 milhões de anos, zonas de dobramento 
que produziram as grandes regiões cratónicas e zonas de abatimento, 
cujos sedimentos apresentam em alguns casos, deformações 
subsidiárias. Posteriormente, as regiões de consolidação foram 
parcialmente activadas, por fenómenos endógenos, independentemente 
da existência de depósitos sedimentares epicratónicos. 
 As principais fases de transformações tectogénicas de 
formação de montanhas, nível geral, concentraram-se no 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Precâmbrico. O dobramento permo-triássico, registado 
posteriormente, limitou-se essencialmente a uma estreita faixa no 
extremo Sul de África, resultante de uma deformação soco crustal 
denominado Panafricano. Para além dos processos endogénicos do 
magmatismo, metamorfismo e tecnogénese que levaram a 
estabilização e activação da crusta terrestre ou ainda a sua 
regeneração, a complexidade dos fenómenos geológicos do 
Precâmbrico da África Austral, foi ainda marcada pelos fenómenos 
exógenos tais como meteorização, a denudação e sedimentação. 
 No território moçambicano, com as orogenias iniciadas no 
Precâmbrico, teve lugar o primeiro cenário geológico-tectónico, no 
qual se formou o esqueleto das principais montanhas do país, 
nomeadamente os complexos rochosos do chamado Cratão Rodesiano, 
no Precâmbrico Inferior e o Cinturão Moçambicano, “Moçambique 
Belt”, no Precâmbrico Superior (Fig. 6). 
20 
 
 Estes processos rochosos constituem o principal embasamento 
de cerca de 2/3 do território Moçambicano, sendo a sua principal área 
de dispersão, as regiões setentrionais e centrais do país. 
 Os vestígios mais importantes ocorrem no norte de país, 
destacando-se o complexo de rochas mais antigo de Moçambique 
localizado no Sistema de Manica, que é a parte do Cratão Rodesiano. 
 Este complexo de rochas antigas que também se distribui por 
alguns retalhos nas províncias de Cabo Delgado e Sofala, é constituído 
por grauvaques, serpentinitos, mármores, xistos epidoritos, 
ortoanfibolitos e quartzitos ferruginosos. Em muitos locais estas 
rochas predominantemente metamórficas encontram-se intrudidas por 
granitos, gabros e doleritos. O complexo granito-gnéissico do sistema 
de Manica é o mais rico em intrusões básicas, mas estas, também são 
notáveis no complexo de rochas cristalinas situado a nordeste da 
Província de 
 
 
 
Tete. Aqui coexistem intrusões de carácter básico com as de carácter 
intermédio, produzindo topograficamente maciços de dimensões 
variáveis. 
A consolidação definitiva da crusta terrestre na África Austral teve 
lugar na transição do Precâmbrico Superior para o Câmbrico, em que 
grandes regiões foram intensamente deformadas. Importante para 
reconstituição das condições físico-geográficas do passado e ao 
mesmo tempo relevante para o estudo das condições geográficas 
actuais, foi a fase geomorfológica denominada «Catanguese», 
registada a cerca de 450 – 680 milhões de anos. Nesta fase as 
principais elevações montanhosas ganharam a sua actual configuração, 
muito embora tenham sofrido ao longo dos tempos processos 
significativos de transformação. Em consequência dessas 
transformações, são visíveis nas regiões elevadas, os peneplanos, 
pediplanos, insebelberge, pães-de-açúcar e muitas outras formas 
típicas da geomorfologia das regiões tropicais (Fig. 6). 
21 
 
 As fases da intensa actividade erosiva que arrasaram os 
enrugamentos precâmbricos, registaram segundo King (1951) durante 
os ciclos de erosão «Africano» e «Quedas de Vitória» durante os quais 
se constituíram os altiplanaltos e os planaltos médios respectivamente. 
O Cinturão Moçambicano, que noutras regiões do continente Africano 
se conhece por Damariano e Catanguiano representam regiões 
cratónicas regeneradas térmicas e deformativamente durante a 
tectogénese panafricana. 
 Este cinturacao tectono-metamórfico estende ao longo da faixa 
oriental africana, e nas províncias geológicas de Niassa, Moçambique 
e Medio Zambeze. De acordo com as suas marcas mais expressivas, 
ele subdivide-se em dois episódios: Episódio do Lúrio (1.300 – 700 
milhões de anos) e o Episódio Moçambicano com o seu auge por volta 
de 550 milhões de anos. 
 Em território moçambicano, ainda não foram identificas rochas 
do Paleozóico Inferior e Médio, períodos durante os quais se supõe 
que Moçambique, tal como grande parte da 
 
 
África Austral, integrava ainda o Supercontinente Gondwana, que só 
se desmembrou no Cretácico. 
 A posição estratigráfica das ulteriores sedimentações e 
emissões vulcânicas, demonstra que a partir Paleozóico, Moçambique 
foi sempre terra-firme, embora tenha sido invadido temporariamente 
pelas águas no seu actual litoral. 
Entre o Paleozóico Superior e o Mesozóico Inferior, a África Austral 
encontrava-se sob um clima continental húmido, particularmente 
propicio ao desenvolvimento florestal. Florestas de gimnospérmicas do 
género Glossopteris foram soterradas, nessa altura, em bacias 
sedimentares por aluviões continentais arrancados do relevo existente. 
Foi assim, neste ambiente de chuvas torrenciais que se constituíram as 
séries sedimentares do Karroo inferior, onde se associam tilitos, 
xistos, conglomerados, grés e carvões que ocorrem nas bacias 
sedimentares carboníferas do país. Estas bacias sedimentares 
22 
 
localizam-se nas províncias de Niassa, Tete e Manica numa faixa que 
borteja o limite oriental das rochas precâmbricas. 
 No Karroo Superior, estas séries sedimentares foram, em parte, 
cobertas por lavas vulcânicas de basaltos, riolitos, tufos, dacitos e 
ignimbritos. São estas coberturas lávicas que constituem o Oeste de 
Maputo os montes Libombos e uma série de acidentes orográficos que 
se estende para o Norte do rio Save até Lupata em Tete, 
acompanhando um alinhamento de falhas profundas. Manifestações 
endogénicas posteriores intrudindo estas formações terciárias 
(cenozóicas) observam-se em vários maciços montanhosos de 
estrutura anelar que ocorre no centro e no norte do país. Este 
magmatismo predominantemente alcalino (carbonatitos e sienitos 
nefelínicos), esteve também relacionado com os fenómenos 
epirogenicos que contribuíram para revigorar o siteme a de falhas de 
toda África Oriental. 
As depressões criadas por estes movimentos foram mais tarde 
ocupadas pelos lagos tectónicos de Niassa, Chirua, Chiúta e 
Amaramba. 
 
 
 A formação destas depressões de extensão regional conhecida 
por Grandes Rifts da África Oriental, tem sido datada do Ecoceno e 
correlacionada com a fase hercínica na Europa. Contudo, as maiores 
movimentações tectónicas tiveram lugar no Plioceno e prosseguiram 
com maior ou menor intensidade até ao Pleistoceno. 
Movimentos sísmicos recentes em Tete, Cabo Delgado, Niassa, Sofala 
e Manica mostram que estes movimentos tectónicos ainda hoje são 
activos. Ao mesmo tempo que se formava o Rift, levantou-se o 
planalto de Cheringoma, na província de Sofala e emergiram os 
maciços rochosos carbonatíticos dos montes Xiluvo e várias outras 
intrusões isoladas em muitos pontos do país. Este movimentos 
tectónicos contribuíram para revitalização das falhas j’a existente e 
para a formação de novas direcções de falhamento. 
 As séries sedimentares Jurássicas estão representadaspor 
formações gresosas e conglomeráticas de Tete e pelos calcários de 
23 
 
Nampula e Cabo Delgado e elos grés de Lupata. Junto a costa, a sua 
disposição está intimamente relacionada com as transgressões que se 
verificaram posteriormente. Durante o Cretácico, iniciou-se a 
subsidência de extensas bacias do litoral, acompanhada de 
transgressões marinhas que em muitas áreas, o oceano atingiu o limite 
ocidental da actual planície litoral. 
Nestas bacias depositaram-se sedimentos de grés, calcários, margas, 
conglomerados e calcarenitos. Estas formacoes ocorrem na sua maior 
parte numa estreita faixa com Quionga e o rio Lúrio e constituem 
manchas mais ou menos extensas na parte meridional e central do país. 
Nas séries sedimentares do Cretácico e do Terciário, nomeadamente 
em Búzi, Pande e Temane foram descobertas jazidas de gás natural. 
Durante o mesmo período geológico, registaram-se também intensos 
fenómenos de erosão e que deixaram como vestígios encostas 
ravinadasem várias montanhas. 
 
 
 
 
 
Este período erosivo é conhecido por «Ciclo de Congo» e 
corresponde ao momento do desmembramento definitivo do 
Gondwana. Na conjugação destes factores, os altiplanaltos e os montes 
residuais ganharam, na essência, a sua topografia actual, embora o 
recuo da escarpa tenha sido mais lento. Em algumas plataformas 
elevadas nas montanhas da Zambézia e manica sujeitas ao clima do 
tipo tropical, a partir das rochas primárias ricas em minerais de 
alumínio, constituíram bauxites. 
No Terceário Médio, relativamente calmo tectónicamente, a 
morfogénese terrestre foi comandada pelo ciclo da erosão “Quedas de 
Vitória” que modelou os planaltos de altitude média bordejantes da 
planície litoral. A actividade erosiva desenvolvida neste período, 
cobriu para destacar a escarpa que separa as diferentes unidades 
morfológicas do país. Por outro lado, as constantes alterações 
climáticas que se faziam sentir, prosseguiram com maior intensidade 
24 
 
até atingirem o auge no Quaternário, as quais constituem umas das 
principais características. De facto, no Quaternário não se registaram 
orogenias comparáveis aos do Terciário. Com base nas descobertas 
feitas em outras regiões do continente Africano torna-se evidente que 
este período geológico foi marcado pela alternância entre climas 
húmidos e secos. Mas para além destas oscilações climáticas, 
caracterizam no Quaternário o aparecimento do homem e 
determinadas formas de desenvolvimento dos processos 
geomorfológicos, pedológicos e biológicos. Os climas húmidos, 
designados pluviais, foram contemporâneos dos climas glaciares do 
Hemisfério Norte, enquanto que os climas secos, interpluviais que se 
coorrelacionam igualmente com as regressões e transgressões, 
referem-se em Moçambique a períodos climáticos de pluviosidade e 
temperaturas diferentes. 
Na África Oriental, de uma maneira geral, provocado pelas 
baixas temperaturas, as chuvas caídas transformavam 
 
 
 
 
se em gelos de grande espessura, que se acumulavam em quantidades 
enormes nos montes Kenya e Kilimanjaro, tal como sucede na 
Antárctida, originado as regressões marinhas. E quando os gelos 
submetidos as elevadas temperaturas dos interpluviais recuavam e 
lançavam para o Oceano Índico as águas liquefeitas, havia lugar as 
transgressões marinhas. 
Este movimento de águas podia ou não estar relacionados com os 
movimentos eustáticos de âmbito global. 
Para o território moçambicano, não existem estudos locais 
detalhados sobre o efeito conjunto destes fenómenos. 
Barradas (1959) defendeu relativamente ao litoral meridional de 
Moçambique, a ocorrência de 6 pluviais intercalados por 5 
interpluviais. 
 Os interpluviais constituem, pela sua importância no modelado 
das paisagens e regiões naturais, os principais períodos morfogéneticos 
25 
 
do Quaternário moçambicano. Durante a sua vigência, predominavam 
processos de acumulação eólica e fluvial. Os materiais erodidos e 
acumulados, foram mais tarde, sob condições climáticas tropicais, 
ferralitizados formando em muitos casos laterites. Os ventos fortes e 
secos que sopravam frequentemente, tanto do oceano como do 
continente, contribuíram para o desenvolvimento de dunas de formas e 
dimensões diferentes, a distâncias variáveis da costa. 
 Em condições climáticas de excessiva aridez, a vegetação 
exuberante dava lugar a formações vegetais degradadas de floresta e 
savana, que só voltavam a revigorar durante os pluviais seguintes. Os 
efeitos negativos da ausência da vegetação tornavam-se mais evidentes 
com inicio dos pluviais em que os solos eram constantemente sulcados 
e destruídos pelas torrentes que aprofundavam e espraiavam os seus 
leitos, depositando nas suas secções, os materiais transportados. Os 
períodos de intensa precipitação favoreciam o desenvolvimento da 
cobertura vegetal e da fauna. Nas regiões mais elevadas e que por 
conseguinte mais chuvosas, desenvolveram-se florestas frondosas que 
ofereciam uma certa protecção contra a erosão. 
 
 
Mas as prolongadas chuvas dos pluviais, contribuíam para o 
incremento da erosão, de tal modo que os pluviais podem ser 
caracterizados morfologicamente como fases de erosão linear 
(ravimento e formação de vales). 
 O clima, em conjunto com a tectónica, teria sido o principal 
factor de formação de terraços fluviais e cascalheiras e saibros que 
ocorrem em alturas muito acima dos actuais níveis de estiagem da 
maioria dos rios moçambicanos. Os terraços fluviais mais 
desenvolvidos encontram-se nos vales superiores dos rios Rovuma, 
Lúrio, Ligonha, Licungo, Zambeze, Púnguè, Búzi, limpopo e 
Incomati. Nas margens destes rios podem-se observar 2 até 5 terraços, 
sendo os superiores constituídos por sedimentos mais grosseiros e 
situados a alturas até 80 metros acima dos actuais leitos dos rios. O 
incremento da erosão continental, relacionava-se também com a 
alteração do perfil longitudinal dos rios, obrigava-os, nas zonas latas, a 
26 
 
aprofundarem cada vez mais os seus leitos e a depositarem os seus 
sedimentos de argilas coloidais, plásticas e lodosas nas zonas 
estuarinas e deltáicas, tal como sucede nas baias de Sofala, Inhambane 
e Maputo. 
 Durante as regressões, as areias emersas e expostas aos ventos 
do quadrante leste, eram transportados e depositadas no interior 
formando dunas, por vezes, a distâncias superiores a 60 km da costa. A 
emersão da actual linha da costa que se verificou na última regressão 
criou condições para a deposição de aluviões de 30 a 80 cm de 
espessura que recobrem as extensas planuras do litoral moçambicano. 
As inúmeras lagoas costeiras existentes na parte meridional do 
país, em forma de rosário, representam vestígios as últimas 
transgressões. Muitas delas, devido a fenómenos geomorfológicos e 
climáticos actuais estão ameaçadas de extinção ou parcialmente 
reduzidas a pântanos. 
 
 
 
 
 
 
EONS FRAS PERIÓDOS ÉPOCAS Ma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tab. 3. Divisão cronológica da História da terra 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2. Formas do relevo actual 
As características geomorfológicas, são de uma maneira geral, as do 
rebordo oriental do continente africano, onde se distingue uma faixa 
montanhosa que desce em degraus aplanados até a planície litoral. 
Assim, de acordo com a sua altitude, identificam-se em Moçambique 
as seguintes formas de relevo: planícies, planaltos, montanhas e 
depressões (Fig.6). 
 De acordo com sua estrutura, cerca da metade (44%) do 
território moçambicano é constituído pela planície, com altitudes 
inferiores a 200m. esta planície, que se desenvolve ao longo da costa, é 
uma faixa estreita entre a foz do rio Rovuma e o delta do Rio 
Zambeze. Ela alarga-se para o Sul do delta do rio Zambeze, 
abrangendo a quase totalidade da superfície situadaao Sul do rio Save, 
constituindo a Grande planície Moçambicana. 
28 
 
Trata-se de uma planície ondulada, constituída sobre formações 
sedimentares ceno-antropozóicas, especialmente arenosas onde, aos 
interflúvios se associam dunas antigas, desmanteladas pela erosão. 
 Na orla litoral, restingas e cordões litorais sobrepostas por 
dunas recentes, isolam rosários de lagunas ainda abertas ao oceano ou 
já completamente isoladas dele. 
 Com uma extensão ainda maior (51%), ocorrem em superfícies 
aplanadas de altitudes compreendidas entre 200 a 1.000 m, muito 
desenvolvida na metade do Norte do país, constituindo o Planalto 
Moçambicano. Na realidade, distingue-se em Moçambique, duas 
superfícies planálticas, que correspondem às duas superfícies 
pediplánicas talhadas em rochas metamórficas. 
A primeira, cujas altitudes variam entre 200 e 600 m é designada por 
planaltos médios, está melhor representada ao Norte do paralelo de 17º 
Sul. A segunda, designada por altiplanaltica, as altitudes são superiores 
a 600 m. A sua maior dispersão verifica-se no Norte e Centro do país 
sobretudo nas províncias de Niassa, Nampula, Zambézia, Tete e 
Manica. 
 
 
A característica dominante do planalto moçambicano é a ocorrência de 
números montes residuais ou cristas intrudidas, de altitudes variáveis, 
que se disseminam pela paisagem. Estes relevos residuais e posicionais 
em forma montes isolados são conhecidos por “inselberg” ou montes-
ilhas (Fig.6). 
 Em Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Zambézia, Tete e 
Manica, os planaltos médios fazem a transição para os altiplanaltos por 
um degrau mais ou menos acentuado. A sul do rio Save os planaltos 
médios desenvolvem-se sobre as formas vulcânicas de Karroo e estão 
muito dissecadas pela erosão. 
 Na parte ocidental das províncias de Gaza e Maputo dispostas 
em cadeia de orientação predominantemente Norte-Sul localizam-se os 
montes Libombos. Trata-se de dois alinhamentos montanhosos 
paralelos de cerca de 900 km de comprimento e de 30 km de largura 
máxima, localizando-se em Imponduine a maior altitude com (809 m). 
29 
 
Estes alinhamentos são a continuação da cadeia de Drakkensberg que 
tem origem na África do sul. 
 Devido a longinquidade do território moçambicano as áreas de 
montanhas, que incluem formas de relevo com altitudes superiores a 
1.000m, são muito pouco extensas (5%) e não constituem faixas 
contínuas, tal como sucede com os planaltos. 
Elas foram construídas e modeladas sobre rochas metamórficas e 
granito-gnéissicas do complexo antigo e nas formações vulcânicas do 
Karroo e do Mesozóico. 
 A sua maior ocorrência regista-se a Norte do paralelo de 21º 
Sul ou seja nas províncias de Niassa, Zambézia, Tete e Manica de 
parceria com os altiplanaltos donde emergem com imponência notável. 
As superfícies montanhosas mais extensas localizam-se a ocidente da 
província de Niassa, a Noroeste da Zambézia, a Nordeste da província 
de Tete e na faixa ocidental da província de Manica. 
 
 
 
 
 
 
 Em Niassa as montanhas agrupam um conjunto de elevações, 
formando um ípsilon, que acompanha a margem oriental do lago 
Niassa e se inflecte para Nordeste, nas cercanias do Lago Amaramba, 
cujo pé se prolonga através do Malawi. Neste conjunto destacam-se os 
montes Txingeia (1.787 m), Txitongo (1.848 m), Sanga (1.798 m), 
Chissindo (1.579 m), Chitagalo (1.803 m), Jeci (1.836 m) e Mitucue 
(1.803 m). na Zambézia as montanhas caracterizam-se por uma certa 
dispersão de conjunto de montes-ilhas. As maiores altitudes registam-
se nos montes Chiperone (2.054 m), Tumbine (1.542 m), Mabu (1.646 
m), Derre (1.417 m), Mongue (1.043 m) e culminam nos montes 
Namuli onde os seus picos atingem 2.419 m. 
 Na parte Norte da província de Tete as altitudes médias dos 
montes aumentam de Oeste para este entre 1.000 m e 1.400m. Os 
30 
 
picos mais elevados são Domue (2.096 m) e Chirobue (2.021 m), nas 
proximidades da fronteira com Malawi. 
 Em Manica as montanhas ocorrem sobretudo ao longo da 
fronteira com o Zimbabwe, com destaque para a cordilheira de 
Chimanimani, onde se localiza o pico mais elevado do país (Monte 
Binga 2.436 m). Trata-se de um gigantesco maciço rectangular de 35 
km de comprimento por 8 a 10 km de largura, situado a 80 km a Sul da 
cidade de Manica, orientado no sentido Norte-Sul ao longo da 
fronteira com o Zimbabwe. Ele separa-se do maciço de Espungabera, 
com altitudes próximas dos 1.000m, através duma depressão. A norte 
de Chimanimani localiza-se a serra da Gorongosa cuja altitude 
máxima é de 1.863 m. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura. 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
Fig. 6. Monte ilha “Inselberg” (Província de Nampula) 
 
 
 
 
 
Das principais depressões existentes em Moçambique 
destacam-se os vales dos rios e as formas de relevo negativas onde se 
instalaram os lagos e pântanos. Estas depressões interrompem 
frequentemente a continuidade das planícies, dos planaltos e das 
cadeias das montanhas. A depressão de maior significado 
geomorfológico é o Vale do rio Zambeze, não só por constituir um dos 
maiores do continente africano, como ainda por atravessar regiões de 
litologia e tectónica complicadas, às quais o rio teve que se adaptar. 
Em alguns pontos do seu percurso o rio Zambeze, dada a resistência de 
certas formações rochosas por onde atravessa, escava o seu leito, 
constituindo gargantas apertadas e profundas, com grande relevância 
para 
 
a topografia. As outras depressões territorialmente importantes em 
Moçambique são as depressões Chire-Urema e Espungabera. 
 Estas formas negativas resultam de movimentos grabens 
tectónicos e representam das superfícies falhadas que caracterizam a 
África oriental. No prolongamento desta superfície para Norte regista-
se a Depressão do Niassa, onde se instalaram os lagos Niassa, Chirua, 
Chiúta e Amaramba. As restantes depressões, sobretudo as que se 
localizam ao sul do rio Save e onde se instalaram as numerosas lagoas 
costeiras tem somente uma importância local. 
 
 
Fig. 7 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 7. Depressão do Urema (Província de Sofala) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 8 Bloco Diagrama da região de Gorongosa (Topografia e 
drenagem) segundo K.L. Tinley (1971) 
 
 
Fig. 9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
Fig. 9 Tipos de Relevo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Clima 
 
3.1. Tipos de Tempo 
Pela sua localização geográfica os tipos de Tempo em Moçambique 
são determinados pela localização da zona de baixas pressões 
equatoriais, das células anticiclónicas tropicais e das frentes polares do 
Antárctico. 
 A zona de baixas pressões equatoriais constitui uma faixa 
estreita e móvel para onde convergem os ventos alíseos. Esta Zona de 
Convergência Intertropical (CIT) conhecida em inglês Intertropical 
Convergence Zone (ITCZ), é uma cinta de ventos regulares, húmidos e 
instáveis. Ela desloca-se de um para outro lado do equador em função 
do maior vigor da influência dos alíseos oriundos das células 
anticiclónicas. As células anticiclónicas, localizam-se nos dois lados 
35 
 
do África Meridional sobre os oceanos Índicos e Atlântico, 
determinando sobre influência dos centros depressionários equatorial e 
polar o regime dos ventos monçónicos e alíseos respectivamente. 
 Devido à sua situação na costa Oriental de África, todo litoral 
moçambicano está sujeito a influência da corrente quente do Canal de 
Moçambique-Agulhas e dos correspondentes ventos dominantes 
marítimos do quadrante leste. O balanceamento anual deste sistema 
planetar de centros de pressão e de ventos, ora para Norte ora para Sul, 
acompanhando o movimento aparente do Sol, provoca um ritmo 
climático típico com duas estacões distintas: estacão quente e chuvosa 
ea estacão seca e fresca. 
 A estação quente e chuvosa, tem início em Outubro e termina 
em Marco. Nesta época do ano, a CIT, no seu movimento anual para 
Sul, invade a fronteira Norte de Moçambique em Novembro e a sua 
frente alcança entre Janeiro e Fevereiro a sua posição meridional 
extrema nas proximidades do paralelo de 20º Sul. 
 
 
 
 
 
 O tipo de movimento que acompanha o movimento desta cinta 
de baixas pressões caracteriza-se normalmente por chuvas contínuas 
de grande intensidade com trovoadas dispersas. 
 Os alíseos húmidos reforçam as condições para a ocorrência de 
chuvas orográficas. 
 Nesta época do ano, sob o planalto sul-africano, mais ou menos 
à latitude de Pretória, forma-se as depressões de origem térmica, que 
afectam o estado de tempo na parte sul de Moçambique. Esta 
circunstância faz com que esta parcela do território moçambicano, seja 
invadida por massas de ar tropical instáveis que dão origem a nuvens 
densas e ventos fortes. Frequentes vezes formam forma-se frentes frias 
acompanhadas de aguaceiros em que, uma massa de ar frio que entre 
em contacto com uma massa de ar quente, provoca uma rápida 
solidificação das superfícies aquosas originando precipitação sólida de 
36 
 
granizo e saraiva. Simultaneamente, todo o país, sobre tudo ao Norte, 
encontra-se sobre influência de massas de ar tropicais de origem 
oceânica ou por ciclones provenientes de centros localizados sobre a 
Ilha de Madagáscar e no canal de Moçambique. 
 Os ciclones são mais frequentes entre Janeiro e Fevereiro e 
provocam chuvas acompanhadas por trovoadas, ventos fortes e 
tempestuosos que atingem, por vezes, mais de 100 km/h. 
Estes ciclones, embora de grande significado meteorológico, têm 
climáticamente, pela sua frequência, um significado reduzido para 
Moçambique e só afectam o litoral na fase de dissipação, com os 
ventos já enfraquecidos, a precipitação reduzida, mas ainda com 
capacidade suficiente para causar danos. 
 De acordo com as estatísticas, a probabilidade de ocorrência de 
ciclones na costa moçambicana é de, pelo menos, dois por ano. 
 A estação seca e fresca que vai de Abril a Setembro, inicia-se 
após o CIT, no seu movimento em direcção ao Equador, já ter 
ultrapassado o limite Norte de Moçambique. Em Junho e 
 
 
 
 
Fig 10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
Fig. 10 Tipos de Tempo em Janeiro 
 
 
Fig. 11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 11. Tipos de tempo em Julho 
 
Julho, encontrando-se a CIT muito deslocada para o Hemisfério Norte, 
a África Austral está dominado pelos anticiclones subtropicais 
localizados nos oceanos a latitude de 38º Sul dos quais emanam 
massas de ar estável e seco. 
 Estas células anticiclónicas traduzem-se para Moçambique, 
bom tempo, seco, com céu limpo, ventos fracos a moderados do 
quadrante Este e chuvas raras no litoral e nas montanhas. 
As noites são frias e durante as manhãs existe forte tendência para a 
formação de nevoeiros conhecidos por cacimbo. 
 Por vezes, frentes frias oriundas da zona polar Sul, 
transportando ar marítimo frio, afectam especialmente as regiões do 
litoral ao Sul do rio Zambeze. As regiões entre o rio Save e Limpopo, 
frequentemente sob acção da crista de altas pressões situada no Indico, 
38 
 
registam nesta época do ano, céu pouco nublado, ventos fracos a 
moderados e fraca pluviosidade. 
 
 
3.2 Tipos de clima 
Da análise do comportamento conjunto dos elementos climáticos, 
concluiu-se que a República de Moçambique possui, uma maneira 
geral, um clima quente e húmido. As principais variações climáticas 
explicam-se pela continentalidade, altitude, exposição e posição 
geográfica, que se manifestam pelas diferenças regionais e locais entre 
o litoral e o interior entre os vales e as terras altas e entre o barlavento 
e o sotavento. 
 O carácter predominantemente tropical do clima, releva-se 
sobretudo pela coincidência entre o período de chuvas, e o período 
quente e pela amplitude térmica anual que é em todo território, inferior 
à diurna. A temperatura média anual é sempre superior a 20º C, 
excepto nas montanhas de Niassa, da Zambézia, de Tete e de Manica 
onde as temperaturas inferiores a 16º C na estacão mais fria 
condicionam a ocorrência de climas de altitude (Fig.10). 
 
 As temperaturas méis elevadas registam-se entre Dezembro e 
Fevereiro onde as máximas diárias chegam a atingir 38º a 40º C. Os 
meses de Junho e Julho são os mais frios. 
De uma maneira geral os valores das temperaturas médias 
anuais decrescem de Norte para Sul e de Este para Oeste com o 
aumento da latitude e continentalidade respectivamente. 
Com o aumento da temperatura em Dezembro, Janeiro e 
Fevereiro, registam-se também os valores mais elevados de 
pluviosidade. 
De uma maneira geral decrescem de Norte para Sul as somas 
pluvimétricas e a duração do período das chuvas. O período das 
chuvas que tem inicio em Outubro é mais curto que o período seco, 
exceptuando algumas regiões costeiras onde a duração do período das 
chuvas é sensivelmente de 6 meses. 
39 
 
A influência oceânica contribui para uma certa uniformização 
climática de todo o litoral, com temperaturas de ordem dos 24º C e 
somas pluviométricas de 800 a 1.400 mm. 
Devido a influência da corrente Moçambique-Agulhas, 
verifica-se uma certa disposição meridional das isoietas possuindo as 
regiões mais afastadas do litoral climas secos e semi-áridos. Nestas 
regiões do interior na estacão seca, os totais mensais pluviosidade 
baixam consideravelmente durante 3 a 5 meses, alguns deles, sem 
qualquer queda pluviométrica. 
 
3.3. Regiões climáticas 
As características climatológicas e meteorológicas de Moçambique 
permitem distinguir fundamentalmente duas regiões climáticas, 
separadas por uma zona de transição, mais ou menos expressa na parte 
central do país. 
 A região climática Moçambique Norte, abrange todo território 
situado sensivelmente ao Norte do paralelo de 20º Sul. 
 
 
 
 
Ela é fortemente influenciada pela proximidade da CIT e pelos ventos 
alíseos e monçónicos que em conjunto determinam a ocorrência dos 
principais tipos de tempo. Para além destes factores exercem grande 
influência sobre o clima desta região a continentalidade, a altitude, a 
exposição e posição geográfica. 
 Grande parte do norte de Moçambique regista temperaturas 
médias anuais superiores a 25º C e somas pluviométricas anuais 
superiores a 800 mm. Os valores máximos de pluviosidade registam-se 
nas montanhas de Namuli e Niassa com mais de 2.000 mm e 
temperaturas médias inferiores a 18º C. 
 Na faixa do litoral Norte entre Mocimboa da Praia e Ilha de 
Moçambique correm valores de temperatura superiores a 24º C e 
somas pluviométricas anuais inferiores a 1.000 mm. 
40 
 
Estas condições especiais de reletiva aridez podem estar relacionadas 
com o efeito do embate da Corrente Equatorial que se desloca no 
sentido Oeste-Este e que nestas alturas se bifurca formando-se aí ramo 
Sul a Corrente de Moçambique. 
Entre Pebane e Sofala, incluindo o delta do rio Zambeze o clima 
chuvoso de savana é caracterizado por temperaturas médias anuais 
entre 24º e 25º C e pluviosidade entre 1.000 e 1. 600 mm. 
 Entre o Zumbo e Mutarara, ao longo do vale do rio Zambeze, o 
clima é caracterizado por um índice de aridez bastante elevado. Os 
valores de pluviosidade total anual variam entre 600 e 800 mm 
diminuindo gradualmente para montante do rio. 
Em contrapartida, os valores de temperatura são mais elevados, 
registando-se nas proximidades da cidade de Tete valores de 
pluviosidade média anual inferiores a 800 mm. Esta combinação entre 
altas temperaturas e baixa pluviosidade caracteriza esta parcela como 
uma das mais áridas do país. 
 Esta extrema secura do clima resulta da fraca influencia 
oceânica aliada às elevadas temperaturas médias anuais e porque o 
efeito altitudinal não é suficiente para tornar oclima mais húmido. 
 
 
 Excluindo a região litoral, grande parte das províncias de 
Manica e de Sofala possui um clima com características tropicais de 
transição entre a região de influência de massas de ar subequatoriais 
provenientes do Norte e as massas de ar Polar Marítimo oriundas do 
Sul do continente Africano. A influência conjunta destas massas de ar, 
na estacão quente provoca o aumento da pluviosidade e determina o 
regime da estacão das chuvas. Contudo, as diferenças altimétricas, a 
continentalidade, a exposição e posição geográfica introduzem 
variações adicionais. 
 Particularmente destacáveis, são as terras altas e montanhosas 
situadas acima dos 600 m no planalto e nas montanhas de Manica, 
sobretudo nas áreas fronteiriças, onde a altitude assegura, um aumento 
de pluviosidade e uma diminuição de temperatura. Nestas terras altas, 
41 
 
as somas pluviométricas anuais atingem 1. 800 a 2. 000 mm e a 
temperatura média anual é inferior a 18º C. 
 Dada a situação geográfica, nos dois lados do Trópico de 
Capricórnio, o clima da região climática Moçambique Sul é 
nitidamente tropical. A maior influência sobre o clima desta região e 
particularmente no que respeita ao comportamento da pluviosidade e 
da temperatura, é exercida pela localização na zona dos alíseos do 
Sudeste, pela corrente marítima Moçambique-Agulhas e pelas 
diferenças altitudinais e de exposição de cada uma das suas parcelas. 
 A diferenciação territorial do clima permite observar uma certa 
variação segundo a continentalidade, ou seja da diminuição da 
influência dos ventos e correntes marítimas com o afastamento da 
costa. No litoral, desde a foz do rio Save até ao extremo Sul, as somas 
pluviométricas médias anuais variam entre 800 e 1.000 mm enquanto 
que as temperaturas médias oscilam entre 22º e 24º C. as regiões mais 
húmidas situam-se à volta da baia de Inhambane e em Xai-Xai com 
valores de 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pluviosidade acima dos 1. 400 mm e temperaturas médias da ordem 
dos 26º C. 
 Com características marcadamente mais secas são as regiões do 
interior, em particular na faixa compreendida entre Chicualacuala e 
Massingir onde as médias de temperaturas se matem a volta dos 24º - 
26º C e a pluviosidade dimimui até 300 mm anuais, sendo por sinal as 
mais áridas do país. 
 Nos montes Libombos, devido `a altitude, verifica-se uma 
ligeira diminuição das temperaturas médias anuais (20º a 21º C) e um 
42 
 
acentuado acréscimo das somas pluviométricas, de 600 mm no litoral 
para 800 mm, na Namaacha. 
 
 
Tab. 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tab. 4 Gráficos Termopluviométricos estacões meteorológicas 
 
Fig. 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
Fig. 12 Temperatura média anual 
 
 
 
 
Fig. 13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fig. 13 Temperatura da precipitação total anual 
 
 
Fig. 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 14 Tipos de clima segundo köeppen (1931) 
 
 
 
 
 
4 Hidrografia 
 
4.1 Rios 
Das cerca de 25 bacias hidrográficas principais que drenam o país são 
de destacar de norte para sul as seguintes: Rovuma, Messalo, 
Montepuez, Lúrio, Monapo, Ligonha, Licungo, Zambeze, Pùngué, 
Búzi, Save, Govuro, Inharrime, Limpopo, Incomati, Umbeluzi, Tembe 
e Maputo (Fig. 15). 
 
Fig 15. 
 
45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 15 As principais bacias hidrográficas 
 
De abastecimento predominantemente pluvial, os grandes cursos de 
água moçambicanos são de regime periódico, ainda que grande parte 
dos seus efluentes sejam de regime ocasional. 
 Devido a configuração do relevo a maior parte dos rios corre 
de Oeste para Este, atravessando sucessivamente montanhas, planaltos 
e planícies, antes de desaguarem no oceano Indico. 
 Pelo carácter morfológico da África Oriental e a situação 
geográfica de Moçambique nas regiões costeiras, os principais rios tem 
as suas nascentes nos países vizinhos, exceptuando o Norte do país 
onde grande parte tem a sua bacia hidrográfica totalmente em 
Moçambique. O seu caudal é determinando essencialmente pelas 
46 
 
complexas relacaoes entre geofactores meteorológicos e não 
meteorológicos, nomeadamente a pluviosidade, a temperatura, a 
evaporacao, o declive, a natureza dos solos bem como a intervencao 
humana. 
 Os factores climáticos condicionam as oscilacoes do caudal dos 
rios ao longo do ano, registando os máximos na estacão das chuvas e 
os mínimos na estacão seca. Registoes efectuados em vários rios, 
permitem concluir que grande parte deles está sujeito a cheias cíclicas 
muitas vezes com efeitos catastróficos. 
Paralelamente às cheias, tem-se verificado secas prolongadas com 
consequências ainda mais graves do que as cheias. Nas terras altas 
onde as rochas são mais resistentes elas possuem grande capacidade 
erosiva, sulcando ravinas e vales paertados e constituindo 
frequentimente cascatas e cataratas, limitando, por conseguinte a 
navegabilidade. Nas planícies eles formam meandros e depositam os 
seus aluviões ou formam lagoas e pântanos. 
 Para além do relevo, a natureza dos solos também exerce uma 
influência considerável sobre o caudal e a estrutura e o padrão da rede 
hidrográfica. Ao atravessarem regiões secas e permeáveis, os rios 
perdedm grande parte das suas águas, quer 
 
 
 
 
 
por infiltracao, quer pela evaporacao, registando-se aí normalmente a 
escorrencia subterrânea. Assim se explica, em parte, o deficit hídrico 
que caracteriza alguns vales e as regiões circunvizinhas o qual 
consititui um dos maior problemas para a populacao e para o gado. 
Estes problemas são em parte agravados pela ocorrência de águas 
salobras em proffundidade sobretudo no chão-dos-vales dos rios, na 
sua parte terminal. 
 Nos anos secos, verifica-se uma grande mobilidade da 
populcao em busca de águas e terrenos procimos das margens dos rios 
ou mesmo no seu leito. O aproveitamento dos cursos de água depdnde 
47 
 
essencilamente das suas características hidrológicas, do relevo, da 
natureza dos solos atravessados. 
Os desníveis entre as unidades morfológicas são condição 
favorável para a construção de barragens hidroeléctricas, fontes 
promissoras de produção de energia do país (Tab.5). 
A disponibilidade de água é fundamental para o 
desenvolvimento da agricultura nomedamente na irrigacao dos 
terrenos marginais e adjacentes ao rio, na producao de energia 
eléctrica e para o abastecimento de água às populações. 
Quanto às bacias hidrográficas, fdado que as condiceoes 
orográficas, atmosféricas, climáticas e pedologicas exercem grande 
influencia sobre o regime e caudal, destinguem-se três regiões distintas 
no que respeita ao comportamento dos rios. 
Na parte Norte do país, dada a melhor distribuicao e frequência 
das chuvas e maior dispersão de rochas magmáticas e metamórficas, as 
bacias hidrográficas apresentam predominantimente um padrão 
detrítico. Desníveis locais na transicao entre as superfícies 
morfograficas constituem condições popiciaas para a instalacao de 
represas para fins agrícolas e para a producao de energia hidrolectrica, 
impedindo porém a sua utilizacao intensiva como via de circulacao 
fluvial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
 
 
Tab. 5 os rios de Moçambique e suas utilizações. 
 
 
 
 
Fig 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 16 Vista do rio Zambeze na cidade de Tete 
O rio Lúrio cuja bacia hidrográfica de 60.800 km2 é a maior 
totalmente moçambicana, nasce no monte Malema a mais de 1.000 m 
de latitude, tem cerca de 1. 000 km de comprimento, maior assim que 
os rios Oder (910 km), Reno (810 km) e Sena (780 km) na Europa. Ele 
limita as províncias setentrionais de Cabo Delgado e Niassa na 
margem esquerda das províncias de Nampula e Zambéziana margem 
direita. Dada a extensão da sua bacia hidrográfica, ele representa com 
os seus numerosos afluentes, a linha mestra da subdivisão do Planalto 
Moçambicano, mesmo que o seu curso principal se instale num vale 
estreito. 
Os seus afluentes no curso superior drenam regiões com grande 
potencialidades ecológicas para as culturas de milho, mandioca, 
algodão, tabaco e chá. Devido ao desnível provocado pela passagem 
49 
 
das terras altas para as mais baixas os cursos de água apresentam 
numerosas quedas, favoráveis à construção de represas. 
 Próximo de Namapa, à sua entrada na planície litoral, o rio 
Lúrio tem os seus últimos rápidos, alargando-se a partir daí até atingir 
a foz em forma de estuário. Junto à foz as suas margens aluviais, 
cultiváveis estão parcialmente sujeitas a inudacoes durante as cheias e 
à influência das águas de origem marinha, dificultando a sua 
utilizacao. 
O rio Ligonha, com 400 km de conpmirmento nasce nos monte 
Inago a mais de 1. 700 m de altitude. A totalidade do seu percurso 
segue a configuracao do relevo e serve de limite entre as províncias de 
Nampula e da Zambézia. Ele atravessa regiões agrárias, mineiras de 
grande importância económica. 
Mais para o Sul e sensivelmente alinhados paralelamente ao rio 
Ligonha e com nascentes situadas nas proximidades das montanhas de 
Namúli, destacam-se os rios Molócuè, Melela e Ligonha. 
 O rio Licungo nasce a cerca de 1.650 m de altitude. A sua 
bacia hidrográfica é de 27.726 km
2
 o grande desnível entre 
 
 
 
 
O rio Rovuma, cujo percurso é comparável ao rio Pó na Europa (650 
km) serve de fronteira com a Tanzania em quase todo seu percurso. 
Ele tem sua nascente no planalto do Ungone na Tanzania e atinge 
Moçambique na sua confluência com o rio Messinge. A partir dai ele 
toma direccao Oeste – este, numa extensão de mais de 600 km
2
, sendo 
na maior parte do seu percurso um rio estreito, alargando-se somente 
ao atingir a planície litoral. 
 Os seus principais afluentes da margem moçambicana são: 
Messinge, Lucheringo e Lugenda têm origem nas terras altas do 
Niassa e possui elevado potencial hidroeléctrico. 
No curso inferior o rio apresenta ilhotas e numerosos bancos de areia, 
o que restringe a sua navegabilidade a cerca de 200 km, a partir da foz. 
50 
 
 O rio Messalo cuja bacia hidrográfica é de 24.000 km2 nasce a 
Noroeste de Maúa, em Niassa. Com comprimento de 
aproximadamente 500 km, maior que o rio Tamisa na Grã-Bretanha 
(340 km), ele atravessa áreas pouco povoadas, mas com óptimas 
condições para um aproveitamento agrícola intenso das suas margens. 
No seu curso inferior a cerca de 60 km da sua foz, ele separa o planalto 
de Mueda, ao Norte, do Planalto de Macomia, ao Sul. 
 O rio Montepuez nasce a sudoeste de Balama a cerca de 700 m 
de altitude, atravessa regiões planálticas na maior parte do seu 
percurso e desagua por um amplo estuário a Sul de Quissanga. 
A sua bacia hidrográfica, situada totalmente na Província de Cabo 
Delgado é aproximadamente 15.000 km
2
, abraçando uma área 
potencialmente rica sob o ponto vista agrícola e mineiro. Em Biliza, 
cerca de 20 km da sua foz, durante as cheias, ele alimenta o lago do 
mesmo nome, com condições para o desenvolvimento da piscicultura e 
para o armazenamento de água para fins agrícolas. 
 
 
 
 
 
 
o seu curso superior e inferior, determina uma grande capacidade 
erosiva no seu curso superior o que assegura condições favoráveis para 
a produção de energia eléctrica. No seu percurso de cerca de 336 km 
de comprimento, ele atravessa uma região rica sob o ponto de vista 
mineiro. 
 O rio Zambeze é, pelas suas características hidrológicas o 
maior e o mais importante rio que atravessa o território. Com cerca de 
2.600 km de comprimento, é o 26º rio mais comprido do Mundo e o 4º 
em África depois de Nilo (6.700 km) Zaire (4.600 km) e Níger (4.200 
km). Ele é mais comprido que os famosos rios Colorado (2.250 km), 
Deniepre (1.950 km) e Reno (1.300 km). Ele nasce na Zâmbia a cerca 
de 1. 700 m de altitude. Ele tem cerca de 2.600 km de comprimento. 
51 
 
A bacia hidrográfica é cerca de 1.330.000 km
2
, dos quais só 3.000 km
2
 
em território moçambicano. 
 Na sua totalidade, o Zambeze é, hidrologicamente, um rio de 
regime periódico complexo, devido as variações que o seu caudal 
apresenta ao longo do percurso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tab. 6 Os rios mais caudalosos do Mundo 
Ao atingir o território moçambicano, no zumbo, a cerca de 450 m de 
altitude, o rio Zambeze recebe na sua margem esquerda 
 
o rio Aruângua. A partir daí até Cabora Bassa no Songo, onde as 
massas de água caem de uma altura de 200 m, ele constitui uma 
grandiosa albufeira onde, numerosas ilhas são habitadas por 
pescadores. 
 A barragem de Cabora Bassa, que é a maior do país resulta do 
represamento das suas águas no Songo. O comprimento máximo da 
albufeira é de cerca de 250 km e a sua largura média de 25 km. A 
superfície aquática atinge cerca de 3.000 km
2
 e o volume das suas 
águas é estimado em cerca de 63.000.000 m
3
 de volume de águas. 
(Fig. 17). 
52 
 
Este é também o local onde a Planície Moçambicana atinge a 
sua máxima penetração interior numa distância de cerca de 600 km da 
costa. O rio atravessa depois o estreito de Lupata, nas proximidades de 
Tambara a 60 km a Sudeste da cidade de Tete e atinge a confluência 
com o rio Chire, afluente importante na margem esquerda. Neste 
percurso o rio revela uma forte tendência de deposição e de 
constituição de meandros, lagoas e ilhas fluviais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 17 Barragem de Cahora Bassa 
 
 
 
 
Fig 18 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 18 Bacia e rede hidrográfica do rio Zambeze 
O rio Cuacua ou dos bons Sinais, primeiro braço do delta do Zambeze 
na margem esquerda, é parcialmente navegável e foi em tempos 
remotos a via de penetração utilizada para as plantações de algodão de 
Morrumbala. 
O amplo delta de cerca de 7.000 km
2
 de superfície tem forma 
de um triângulo isósceles com base de 150 km voltada para o oceano e 
cerca de 100 km de cateto. O Caudal médio do rio é estimado em cerca 
de 16.000 m
3
/s que transporta e deposita anualmente um volume de 
aluviões de mais de 500.000.000 toneladas. O principal braço do delta 
54 
 
do Zambeze, conhecido por rio Cuama, é rectilíneo e presta-se à 
navegação fluvial. 
Nesta área deltaica registam-se com frequência inundações com graves 
estragos materiais e perdas de vidas humanas. 
 O elevado e a grande capacidade de transporte e de 
sedimentação do rio podem ser observados através de fotografias 
aerocósmicas (Fig. 19) 
 
 
Fig. 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 19 Delta do rio Zambeze (Desenho extraído de fotografia aérea) 
 
Verdadeiras torrentes de sedimentos penetram no Oceano Indico em 
mais de 50 km, a despeito da forte influencia das marés que na zona da 
foz atingem amplitudes superiores a 6 m. a influencia das marés faz-se 
sentir até as proximidades de Marromeu apesar do grande caudal do 
rio. 
 Entre as bacias dos rios Zambeze e Save, dado o grande 
desnível que se regista entre as terras altas e as planícies num espaço 
relativamente curto, os cursos de água registam nas suas secções 
superiores, intensa erosão e grande capacidade de transporte de 
55 
 
materiais. Estas características favorecem a construção de barragens 
para a produção de energia hidroeléctrica, mas limitam grandemente a 
sua navegabilidade. 
 No curso inferior ele são parcialmente navegáveis e as suas 
margens de solos aluvionares apresentam óptimas condições para o 
desenvolvimento de culturas irrigáveis. 
 Os rios mais importantes desta região do país – o Púnguè e o 
Búzi – nascem nas terras altas do Zimbabwe e cortam sucessivamente 
e em escadariaas cadeias montanhosas mais elevadas do país, os 
altiplanaltos e os planaltos médios, antes de desaguarem na baia de 
Mazanzane no Oceano Índico. Dos 29.500 km
2
 do total da bacia 
hidrográfica do rio Púnguè 28.000 km
2
 encontram-se em 
moçambicano. Após atingir o território moçambicano, ele atravessa 
regiões montanhosas em vales estreitos, até atingir a planície na 
depressão do Urema. Através desta depressão, durante as cheias do rio 
Zambeze, estabelece-se uma ligação temporária com aquele que 
transborda parte das suas águas, misturando-as, contribuindo assim 
para a elevação do caudal do rio Púnguè. 
 No planalto de Chimoio, para o abastecimento de água potável 
à cidade de Chimoio foram as águas do seu afluente da margem 
direita, rio Mezingaze. No seu curso inferior, o rio forma margens de 
planícies aluviais ricas e irrigáveis, estimadas em cerca de 5.000 km
2
, 
dos quais 4.000 km
2
 destinados à cana sacarina. 
 
 
O rio Búzi possui uma bacia hidrográfica total de 28.800 km2 dos 
quais 25.600 km
2
 em Moçambique. O seu afluente mais importante é o 
rio Revué, na província de Manica, onde estão construídos a barragem 
de Chicamba e o açude de Mavuzi, para a produção de energia 
eléctrica. Com 75 m de altura a barragem de Chicamba tem totalmente 
uma capacidade de armazenamento de 2.000.000.000 m
3
 e uma 
potência instalada no pé da barragem de 40 MW. O açude de 
derivação de Mavuzi, situado a jusante de Chicamba, tem 8 m de 
altura e uma queda bruta de aproximadamente 190 m, permitindo a 
produção de 46 MW. 
56 
 
O rio Save representa, em muitos sentidos, o limite entre o 
Centro e o Sul do país, separando as províncias de Inhambane e Gaza. 
Nasce nas terras altas do Zimbabwe e corre na direccao Oeste-Este até 
desaguar no Oceano Índico por um estuário próximo da Nova 
Mambone. 
Em território moçambicano ele é totalmente um rio de planície 
com uma bacia hidrográfica de 14.646 km
2
. A partir da Vila Franca do 
Save, com a moderação o declive, o vale é largo e o rio forma 
meandros sobre os próprios aluviões. 
Junto à foz o rio apresenta bancos de areia que dificultam a navegacao 
mesmo de pequenas embarcacoes. Nesta seccao do rio a influencia das 
aguas salinas é condideravel. 
De uma maneira geral os solos das suas margens são pobres. A 
area dos solos aráveis é estimada em cerca de 18.000 ha, alternados 
por solos pobres, dos quais, devido a sua localizacao a cotas superiores 
a 80 m do nível médio das águas do leito, cerca de 13.000 ha são 
irrigáveis por bombagem em Massangena e Vila Franca de Save. 
A Sul do rio Save, o regime hidrográfico é grandemente 
condicionado pelo clima, relevo, natureza das rochas e pelos 
aproveitamentos hídricos. Os principais cursos de água importantes 
são de Norte para Sul: Govuro, Inhanombe, Limpopo, 
 
 
 
 
Incomati, Umbeluzi, Tembe e Maputo. Exceptuando os rios Govuro e 
Inhambane os restantes, nascem nos países vizinhos, atravessam os 
Montes Libombos onde os seus afluentes sulcam por vezes vales 
profundos. Ao atingirem a planície perdem a sua capacidade erosiva e 
formam nas suas margens, extensas planícies aluviais propicias a 
actividade agrária. Na planície o seu caudal é condicionado pela 
influencia combinada das condições climáticas gerais, do fraco declive 
e da elevada permeabilidade das rochas sedimentares. 
57 
 
 O clima tropical seco e os terrenos arenosos dominantes 
favorecem a evaporação e a infiltração das águas diminuindo, por 
consequência a escorrencia superficial. Nas secções inferiores dos rios 
formam-se frequentimente pântanos cobertos de vegetação herbácea 
conhecida por machongos. A navegabilidade dos rios desta região é 
extremamente limitada devido ao regime estacional do caudal e à sua 
elevada capacidade de assoriamento. 
 O rio Govuro nasce a Sul de mapinhane, corre no sentido Sul-
Norte seguindo a depressão natural resultante da morfologia litoral e 
desagua por um estuário, a Norte de Inhassoro. Tem um comprimentgo 
estimado em cerca de 200 km, em muitas partes do seu percurso a sua 
escorrencia é subterrânea devido à permeabilidade dos terrenos do seu 
leito. 
 Nas proximidades da baia de Inhambane existem numerosos 
cursos de água com carácter internitente na maior parte do seu 
percurso, destacando-se dentre eles os rios Nhanombe, Mutamba e 
Inharrime. 
 O rio Nhanombe nasce no distrito de Homoine, com extensão 
de 60 km de comprimento e que desagua no Norte da Baia de 
Inhambane, o rio Mutamba. Mais a Sul o rio Inharrime por não possuir 
caudal e capacidade suficientes para atravessar a barreira dunar do 
litoral, dasagua no lago do mesmo nome. 
 
O rio Limpopo, pela extensão da sua bacia hidrográfica, é o rio mais 
importante do Sul de Moçambique. Ele nasce e atravessa as terras altas 
de Witwattersrand, na África do Sul, antes de atingir o território 
moçambicano na confluência com o rio Pafuri, a uma altitude de cerca 
de 300 m. O seu comprimento total é de 1.170 km dos quais 600 km 
em Moçambique, drenando uma área de cerca de 80.000 km
2
. O rio 
Limpopo constitui um exemplo típico do desenvolvimento do perfil de 
um rio tropical de planície com forte tendência para a meandrização e 
58 
 
para o desenvolvimento de lagoas e pântanos no seu curso inferior. 
Trata-se de um rio bastante caprichoso aparentemente devido a 
influencia da heterogeinidade hidrológica da sua bacia, caracterizando-
se por um caudal extremananete variável, com o seu leito seco em 
estiagem e muito caudalosos na época das chuvas. Época das chuvas 
as suas águas chegam a atingir mais de 7 m de altura, relativamente ao 
chão do vale alagando grandes extensões das suas margens. 
 Os seus principais afluentes são: Nuanetze, Chichacuane e 
Changane na margem esquerda e o rio dos Elefantes na margem 
direita. A bacia do rio Limpopo possui consideráveis 
empreendimentos hidráulicos. Em Macarretane, próximo de Chókwè, 
foi construída uma barragem de derivacao e o regadio de cerca de 
30.000 há a jusante. No baixo Limpopo, intensamente utilizado, 
existem numerosos regadios, diques de proteccao contra as cheias com 
cerca de 50 km de extensão. 
 No rio dos elefantes, a cerca de 130 km da cidade do Chókwè, 
foi construída a barragem de Massingir, cuja principal funcao é o 
represamento de água para irrigacao e a produção de energia eléctrica 
por ano. Com 4.625 m de comprimento, 48 m de altura máxima e uma 
capacidade total estimada em cerca de 2,5 bilioes de metros cúbicos de 
agua, ela constitui a maior albufeira em terra batida existente em 
Moçambique. 
 
O rio Incomati nasce na África do Sul e entra em Moçambique através 
da Vila de Ressano Garcia. A área total da sua bacia, em Moçambique 
é de 14. 925 m
2
. A sua utilizacao é intensiva no seu curso inferior 
havendo cerca de 30.000 ha de terras aluvionares submetidas a 
regadio, destacando-se a cana-de-açucar. 
Em Corumana, no rio Sabié foi construída uma barragem em 
terra com altura máxima de 34 m acima do leito do rio, com objectivo 
principal o regadio por gravidade e o reforço do caudal de estiagem e 
ainda a producao de energia eléctrica. 
59 
 
A albufeira tem a capacidade de armazenamento de 1.200 milhoes de 
metros cúbicos, para o nível de pleno armazenamento e 495 milhoes 
de metros cúbicos de capacidade útil. O seu potencial hidroenergético 
é da ordem dos 15 kW e araea bruta irrigável 13.110 ha. Outros usos 
potenciais importantes são a pesca, a recreacao e o turismo. 
 Mais para o Sul, rio Umbeluzi, provém da Suazilândia, 
atravessa a cadeia dos Libombos, a Sul da Vila da Namaacha. 
A área total da bacia do rio Umbeluzi em território moçambicano é de 
2.356 km
2
. Ao atravessar os pequenos Libombos ele foi represado para 
a captacao de água potável destinada à cidade de Maputo e para 
irrigacao de mais de 12.000 ha, dos quais 10.500 ha a jusante,por 
gravidade e 1.500 ha a montante, por bombagem. Esta barragem, queé 
do tipo misto, com um descarregador central em betão e os encontros 
de terra, tem também a funcao de regularizar os caudais, reforçando-os 
na época de estiagem. 
 No extremo Sul de Mocambique, o rio Maputo, que nasce na 
África do Sul e atravessa a Suazilândia, entra em Moçambique em 
Catuane, corre sensivelmente de Sul para Norte em direcção à baia de 
de Maputo, onde desagua por um estuário. A área total da bacia 
hidrográfica em território moçambicano é de 1.570 km
2
, sendo a área 
irrigável estimada em mais de 4.000 ha. 
 
 
 
 
 
 Em Moçambique ele é totalmente um rio de planície, sem 
desníveis notáveis no seu perfil. Na época seca e devido ao fraco 
declive, formam-se nas suas margens numerosas lagoas desenvolvidas, 
como braços mortos dos meandros do rio. 
 
 
 
 
Fig 20 
60 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 20 Rio Incomati (Província de Maputo) 
 
 
 
 
 
 
 
4.2 Lagos 
 
Para além das albufeiras consideradas lagoas artificiais, existe no 
território da Republica de Moçambique um elevado número de lagos e 
lagoas de diferentes origens, dimensões, profundidade, volume de 
águas e qualidade física, química e biológica das suas águas. 
 Os lagos são objectos aquáticos de grandes dimensões e a sua 
origem e desenvolvimento estão relacionados com factores endógenos. 
61 
 
As lagoas por seu lado, são de menores dimensões, e o seu 
desenvolvimento depende de factores exógenos, nomeadamente do 
Oceano Índico e dos rios. 
 Os lagos endógenos ocupam as formas negativas criadas por 
forcas e movimentos endogénicos, como é o caso dos lagos de 
Moçambique Setentrional, em que as depressões são elementos do 
relevo falhado típico da África Oriental. 
 Os lagos tectogénicos mais importantes pelas suas dimensões 
são Niassa, Chiúta, Amaramba e Chirua situados na parte Noroeste do 
país. 
 O lago Niassa é o maior lago de origem natural e ocupa a 10ª 
posição entre os maiores lagos do Mundo (Tab. 7). 
O lago Niassa localiza-se na parte Ocidental da província do mesmo 
nome, numa depressão tectónica encaixada entre rochas cristalinas e 
constitui um verdadeiro mar interior. Dos 28.678 km
2
 partilhados pelo 
Malawi, pela Tanzania e por Moçambique, somente 7.000 km
2
 do 
Lago Niassa pertecem a Moçambique. Na parte moçambicana é 
drenado por numerosos cursos de água dos quais os mais importantes 
são de Norte para Sul. 
 Tem uma forma alongada, com encostas predominantemente 
íngremes e margens rectilíneas de Norte para Sul, sendo o seu 
comprimento máximo de cerca de 600 km, dos quais a metade em 
território moçambicano. A largura varia entre 15 e 90 km e o nível 
médio das suas águas situa-se a cerca de 472 m 
 
 
acima do nível médio das águas do mar. A sua profundidade máxima 
sensivelmente na parte central do lago, é de 706 m ou seja, 234 m 
abaixo do nível médio das águas do oceano. 
 Na sua margem Norte, a fractura que originou o lago é pouco 
detectável, situando-se o fundo do vale a cerca de 300 abaixo do nível 
das águas lacustres, enquanto que na sua parte Sul o fundo se situa 
entre os 250 e 300 m abaixo do nível médio das águas oceânicas. 
Devido ao carácter rectelineo da costa existem poucas baias protegidas 
que permitem a instalacao de portos. A única expecao na margem 
62 
 
moçambicana é a pequena enseada em Metangula onde se instalou um 
pequeno porto pesqueiro, junto à base naval. 
 A pesca juntamente com o turismo e a recreacao, são 
actividades potenciais importantes do Lago Niassa. Ele oferece ainda 
boas condicoes para o desenvolvimento dos transportes e comunicaoes 
entre vastas áreas nacionais e internacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tab. 7 Posição do Lago Niassa entre os maiores lagos do Mundo. Note-se que a 
área e a profundidade dos lagos varia de ano e consoante as estacões do ano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 21 
 
 
 
 
 
63 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 21Bacia hidrográfica do lago Niassa 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 22 
 
 
 
 
 
64 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 22 Lago Niassa (Vista Parcial) 
 
Nas proximidades do limite com a província da Zambézia, localizam-
se os lagos Chiúta-Amaramba, ligados entre si, numa extensao de 35 
km de comprimento orientado no sentido Nordeste-Sudueste. Mais a 
Sul, conectado temporariamente na época das chuvas por um curso de 
água em território malawiano e pertencendo tectonicamente a mesma 
depressão, localiza-se o lago Chirua que é ainda mais largo. O regime 
hidrológico destes lagos é muito complexo. Eles apresentam na 
extensão seca um nível de água muito baixo, constituindo parcialmente 
enormes superfícies pantanosas. 
 Com efeito, o lago Amaramba constitui a nascente do rio 
Lugenda, o afluente mais importante da margem direita do rio 
Rovuma. 
Devido a estas características hidrológicas e devido às suas 
dimensões, o seu aproveitamento é limitado à agricultura e à pesca, de 
importância local. 
 
 
Os lagos exogénicos ocorrem em depressões de todo o litoral e 
na margem dos rios. Eles têm origem em factores externos 
relacionados com a erosão e acumulação de sedimentos. 
Espacialmente a erosão mais rica em acumulações lacustres de origem 
exogénica situa-se no litoral ao Sul do rio Save. Os mais importantes 
são do Norte para Sul: Manhali, Zevane, Muanguane, Nhamanene, 
Nhalenhenque, Dongane, Poelela, Quissico, Maiaene, Massava, 
Chiguire, Nhavarre, Nhadimbe, Nhangulaze, Nhanvue Nhagela, 
Inhamparala, Uembje, Muandje, Pati, Maundo, Chingute, Piti, Zitundo 
65 
 
e Satine. Trata-se de lagos e lagoas, umas de água doce outras de água 
salgada, muitas vezes dispostas em forma de rosário, relevando a sua 
origem em fenómenos da morfologia costeira registada em períodos 
geológicos recentes. 
Os lagos e lagoas, como elementos naturais resultantes da 
acumulacao de águas em depressões e bacias fechadas são 
reservatórios de água de escoamento muito lento cujos elementos 
principais são a depressão, como forma de relevo, a água e substancias 
nela dissolvida e o mundo vivo. Os factores de formação dos lagos 
exercem uma influência considerável sobretudo sobre a forma e 
dimensões da depressão e sobre o volume de água. A forma, a 
dimensão, a profundidade e o volume das águas são muito variáveis. 
Alguns constituem verdadeiros mares interiores; outros são de 
dimensões reduzidas, mas mais numerosos territorialmente. 
A profundidade também é variável, desde alguns metros nas 
numerosas lagoas, até centenas de metros no Lago Niassa. 
Dada a grande importância da água para a existência dos lagos, 
a sua composição química permite distinguir a sua salinidade e o seu 
regime de escoamento sólido. Todos estes factores exercem influência 
sobre a vida animal e vegetal nas massas lacustres o que permite a 
pratica da pesca, com maior ou menor intensidade. 
 
 
 
 
 
Por outro lado a sua importância para os habitantes das 
proximidades é considerável para a disponibilidade de água para o 
consumo doméstico e para irrigação, desde que os níveis de salinidade 
sejam toleráveis. 
Em função da sua localização e em conjugação com outros 
factores paisagísticos, estes lagos podem exercer grande influência 
sobre o clima local o que é favorável aos povoamentos e às actividades 
económicas e sociais dos habitantes. 
 
66 
 
 
4.3 O Canal de Moçambique 
 
O canal de Mocambique é uma depressão cuja origem está relacionada 
com as acções tectónicas de dobramentos acompanhadas por facturas 
sem deslocações, mas que provocaram o afundimento do espaço 
compreendido entre Moçambique e Ilha de Madagáscar. Vários 
autores admitem que o processo de fractura se iniciou no pré-Karroo e 
que terminou em finais do Cretácico. 
 Ao Norte, a plataforma continental é muito estreita, alarga-se 
para o Sul, a partir de Pebane até a Baia de Sofala,

Continue navegando