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Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR TUTORIA 5 Objetivos: →Doenças: Ancilostomíase, Ascaridíase, Oxiuríse, Estrongiloidíase 1. Compreender os agentes etiológicos, ciclo de vida e transmissão. 2. Elucidar a fisiopatologia e o quadro clínico. 3. Conhecer o diagnóstico e tratamento. 4. Vislumbrar a epidemiologia e profilaxia. Referências: →Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias- Coura- Capítulo 90 →Guia de Bolso - Doenças Infecciosas e Parasitárias PARASITISMO INTESTINAL → Geo-helmintos, ou seja, helmintos que, no seu ciclo de vida, têm passagem obrigatória no solo. →O parasitismo intestinal é altamente prevalente nos países em desenvolvimento, nos quais, ao lado de condições mesológicas que facilitam a sua ocorrência, encontram-se fatores de ordem econômica, social e cultural altamente relevantes para a sua ampla disseminação. →Nem todos os indivíduos parasitados apresentam manifestações clínicas que possam ser atribuídas exclusivamente ao parasitismo, pois a deficiência do estado nutricional e a ocorrência frequente de poliparasitismo intestinal dificultam a avaliação dos sinais e sintomas decorrentes de infecção por um determinado nematódeo. ASCARIDÍASE →Ascaridíase pelo A. lumbricoides é infecção exclusiva do homem, causada por nematódeos monoxenos da família Ascaridae, do gênero e espécie A. lumbricoides; →Representam os maiores nematódeos que parasitam o intestino delgado humano - jejuno e íleo. →São considerados, do ponto de vista de ontogenia, parasitos estenoxenos porque exigem exclusividade para uma determinada espécie de hospedeiro; →As fêmeas eliminam em torno de 200.000 ovos por dia. A partir da ingestão do ovo do parasito, até a postura de ovos pelo verme adulto, decorrem em torno de 60 dias. →São responsáveis por infecções helmínticas intestinais, estimando-se que acometam 25% da população mundial, ou seja, 2 bilhões de habitantes, sendo principalmente em regiões tropicais e subtropicais; MORFOLOGIA →A. lumbricoides é o maior parasito intestinal do homem; tem cor esbranquiçada ou ligeiramente rosada. As fêmeas podem alcançar 20 a 40 cm de comprimento com 0,5 cm de diâmetro, enquanto os machos atingem 15 a 30 cm por 0,2 a 0,4 cm; →Machos e fêmeas apresentam morfologia similar na extremidade anterior, apresentando a abertura bucal pequena, guarnecida de três lábios robustos, que apresentam dentículos nas margens internas. CICLO BIOLÓGICO →O hospedeiro infectado por A. lumbricoides elimina fezes contendo ovos; Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR →Para estes ovos tornarem-se infectantes, o embrião terá que evoluir até que se desenvolva uma larva de segundo estágio em seu interior e isso ocorre no ambiente; →O desenvolvimento embrionário da larva de primeiro estágio leva em torno de 10 dias, passando para larva de segundo estágio em 13 a 18 dias e em aproximadamente mais 2 a 3 semanas este ovo torna-se infectante, especialmente se as condições ambientais como temperatura entre 17 e 30°C, oxigênio e umidade forem favoráveis; →A capacidade desses ovos de resistirem às condições ambientais favorece sua disseminação; →Esses ovos podem ser suspensos com a poeira e inalados ou ingeridos com alimentos e água contaminados com esta "poeira”; →Para se desenvolver até a forma adulta, o A. lumbricoides realiza um ciclo de migração no hospedeiro, no qual a interação parasita- hospedeiro se evidencia na capacidade do verme de captar a sinalização por meio de receptores próprios, visando o reconhecimento de sua trajetória até o local onde atingirá a forma adulta. →Uma vez ingeridos, ao passarem pelo estômago, os ovos são sensibilizados pelas enzimas digestivas, que provavelmente sinalizam para as larvas de segundo estágio o momento de abandonarem a casca dos ovos. →Ao chegarem ao intestino delgado, sob a interferência dos sais biliares, do ambiente alcalino com pH 7,0 e de concentração de CO 2 , as larvas de segundo estágio liberam proteases que auxiliam na eclosão; elas então penetram no epitélio intestinal, também com a liberação de proteases e colagenase, entrando em capilares mesentéricos, principalmente no nível do ceco, atingindo desta forma o sistema porta, sendo carreadas para o fígado, onde permanecem alguns dias, quando pode ocorrer a segunda muda para larva de terceiro estágio. Ou então, esta larva segue pela circulação sanguínea (ainda em na fase de larva de segundo estágio) passando passivamente pelo coração até atingir os pulmões pela artéria pulmonar. Nos pulmões a larva sofre a segunda muda, atingindo a fase de larva de terceiro estágio; → A presença da larva de terceiro estágio migrando no parênquima pulmonar, podendo efetuar mais uma muda neste local, envolve a liberação de antígenos, além de bactérias carreadas quando de sua passagem pelo intestino; →Essa larva nessa forma jovem precisa então migrar para o lúmen alveolar e iniciar um deslocamento ascendente na árvore respiratória. →Para tal utiliza seus movimentos próprios, o movimento ciliar do epitélio respiratório do hospedeiro, além do muco produzido pelo epitélio, devido à presença da larva e seus antígenos na superfície do mesmo. →Ao chegar à glote, provoca mais tosse e o ato de tossir e deglutir o muco auxilia o nematoide jovem a retornar ao trato digestivo. A passagem pelo estômago é rápida e a larva não chega a ser afetada pelas enzimas digestivas. Chegando ao lúmen do intestino delgado, efetua a quarta e última muda, atinge a forma adulta com 20 a 30 cm e alcança a maturidade sexual, iniciando a postura de ovos em aproximadamente 6 semanas; no entanto, continua a crescer. →Estes helmintos vivem no lúmen da porção alta do intestino delgado, pressionando o corpo contra o epitélio intestinal e em movimento constante contra o peristaltismo intestinal, o que lhes permite permanecer neste sítio. →Os vermes adultos são ávidos competidores pelos nutrientes presentes no intestino delgado e podem chegar a mais de 2 anos; TRANSMISSÃO E INFECÇÃO →A presença de ovos embrionados de A. lumbricoides no solo é um dos principais mecanismos de transmissão da infecção ao hospedeiro; Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR →Pode haver contaminação humana por vias respiratórias superiores, por meio de inalação de poeira, contendo ovos do parasito. Estes são conduzidos para a nasofaringe, sofrendo deglutição, com passagem para o estômago, e, em seguida, chegam ao intestino; →A permanência de ovos viáveis de A. lumbricoides no solo ocorre durante vários meses ou mesmo anos (em torno de 7 anos), sobretudo sob baixas temperaturas; → Os ovos embrionados têm envoltório externo espesso, mantendo as larvas vivas em seu interior por todo este período. Resistem a agentes químicos, como por exemplo formol, fenol e hidróxido de sódio. Entretanto, são sensíveis às temperaturas acima de 40°C, luz ultravioleta e luz solar direta. PATOGENIA E QUADRO CLÍNICO →Considerando a forma larvária, predominam reações inflamatórias e imunológicas; já no caso do verme adulto, parecem estar mais afetadas as funções intestinais e ocorrem complicações causadas pelos helmintos. MANIFESTAÇÕES DEVIDO À FORMA LARVÁRIA →Vão depender do número de larvas infectantes e do grau de sensibilidade do hospedeiro; sendo que geralmente esta fase é assintomática; →Todavia, em infecções de intensidade moderada pode-se observar tosse, acompanhada de alterações radiológicas características e, em casos mais graves, em populações pouco expostasao parasito, há referências a quadros de "pneumonia por vermes" com febre, tosse, dispneia e dor torácica, associadas a roncos e sibilos, eosinofilia moderada ou elevada e achados radiológicos pulmonares sugestivos; →A migração larvária induz a reações de hipersensibilidade, com eosinofilia pulmonar transitória, asma, urticária e outras, que podem estar relacionadas com a presença de anticorpos IgE no soro dos pacientes com ascaridíase; MANIFESTAÇÕES DEVIDAS AO VERME ADULTO →Geralmente, a ascaridíase intestinal, especialmente se o número de vermes é reduzido e o estado nutricional é satisfatório, é bem tolerada pela maioria dos pacientes, não se observando manifestações clínicas importantes; →No caso de migração anormal do parasito, observam-se cólicas abdominais, fezes diarreicas, náuseas e vômitos ocasionais e anorexia. O ranger de dentes noturnos e a sensação de picadas no nariz, admitidos como devidos à ação tóxica do A. lumbricoides, encontram-se também na ausência do parasitismo; →Manifestações alérgicas, como urticária e asma, acompanhadas de eosinofilia acentuada, podem ser causadas pelo parasito e, possivelmente, se devem à liberação de antígenos de áscaris. →É provável que o A. lumbricoides interfira no estado nutricional do hospedeiro, acreditando- se que esses helmintos, além de alterarem a dinâmica da fisiologia intestinal, podem produzir substâncias que inibem a ação de enzimas digestivas; podem, ainda, absorver certas substâncias através de sua cutícula, especialmente glicídios, e são capazes de lesar a parede intestinal por pequenos traumatismos repetidos durante sua movimentação e de ingerir alimentos diretamente das vias intestinais, através do seu canal alimentar. →Observa-se, também, deficiência de lactase em pessoas infectadas por áscaris, de importância principalmente para crianças de até 2 anos de idade; há relatos de diminuição da piridoxina e das vitaminas A e C. →As principais e mais graves manifestações da ascaridíase se devem à migração de vermes adultos e à possibilidade de oclusão intestinal pelos parasitos; →A migração de vermes pode dar-se espontânea ou mecanicamente, devido à hiperpirexia ou à ingestão de algum anti-helmíntico inadequado para o tratamento da parasitose. Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR →As manifestações podem variar desde a simples eliminação de vermes pela boca ou pelas narinas, até quadros de maior gravidade como a obstrução do colédoco e das vias biliares intra- hepáticas, com consequente icterícia; a apendicite, pela presença do verme no apêndice cecal; a penetração do verme no próprio tecido hepático, determinando abscessos hepáticos múltiplos; →Uma das complicações mais frequentes em nosso meio é a oclusão ou a semioclusão intestinal por A. lumbricoides; →O quadro clínico mais comum é o da intussuscepção, observando-se, ao exame físico, a presença de uma ou mais massas "em salsicha”: localizadas mais comumente próximo à região umbilical ou no quadrante direito do abdome; →Se a obstrução persiste por longo tempo sem resolução do bolo de áscaris, a parede intestinal distendida torna-se isquêmica, iniciando-se um processo de necrose; os parasitos podem perfurá-la, instalando-se o quadro de abdome agudo. DIAGNÓSTICO →O diagnóstico de ascaridíase é feito pelo reconhecimento do parasito nas fezes ou no material vomitado ou, mais frequentemente, pela detecção de ovos na matéria fecal; →Ocasionalmente, os exames coproscópicos podem ser negativos em caso de parasitismo único ou se só machos estão presentes ou, ainda, se os exames são realizados na fase pré-patente de infecção. →As técnicas mais indicadas para o diagnóstico coproscópico são a de sedimentação; →Diante de quadro clínico de obstrução de vias biliares, fígado e colédoco, deve-se solicitar ultrassonografia abdominal (considerado o exame de escolha nestes quadros) e a colangiografia. →Nas formas pulmonares, diante da suspeita da síndrome de Löefiler, faz-se o pedido de radiografia de tórax, na qual podem ser observados infiltrados difusos em lobos superiores ou inferiores e hemograma - que pode revelar leucocitose e eosinofilia acentuada. TRATAMENTO →O tratamento da ascaridíase se impõe, mesmo na presença de número reduzido de helmintos, dadas as possibilidades de complicações graves, especialmente devido às migrações anômalas. →Não há tratamento específico para as manifestações pulmonares na ascaridíase; nos casos mais graves, do tipo hipersensibilidade, pode-se usar corticoides. →Tem-se: -Tratamento clínico da ascaridíase com piperazina, na dose de 100 mg/kg de peso, o mecanismo de ação é sobre a musculatura do verme adulto, com paralisia flácida, o que permite sua eliminação pelo intestino. Permanece como a substância indicada em casos de oclusão e suboclusão intestinal. O medicamento é também indicado para tratamento de gestantes, na dose de 100 mg/kg de peso; - Sais de tetramisole, um só comprimido de 80 a 150 mg, observando a cura em mais de 80% dos tratados. O isômero levogiro do tetramisole é o levamisol, que atua sobre o verme causando paralisia mediante ação sobre enzima muscular. -Outro anti-helmíntico empregado é o pamoato de pirantel, prescrito na dose de 20 a 30 mg/kg de peso, durante 3 dias. Os efeitos colaterais decorrentes de seu uso são leves. Tem ação sobre infecções por E. vermicularis e ancilostomídeos. Seu mecanismo de ação envolve inibição da acetilcolina, com consequente paralisia do verme. -O mebendazol é prescrito na dose de 100 mg 2 vezes/ dia, durante 3 dias seguidos. À semelhança do pamoato de pirantel, tem as mesmas indicações contra o E. vermicularis e os ancilostomídeos. Apresenta baixo índice de efeitos colaterais e atua destruindo o verme, Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR porque impede que absorva glicose. Seu índice de cura é de 80 a 100%. -Albendazol, na dose única de 400 mg. Também, com espectro de ação sobre os helmintos, anteriormente citado. Apresenta atuação sobre o áscaris, semelhante à do mebendazol. Os índices de cura situam-se entre 80 e 100%. →O tratamento inicial da oclusão e suboclusão intestinal deve ser clínico, com hospitalização do paciente. Os anti-helmínticos devem ser evitados, segundo vários autores, para não ocorrer obstrução completa pelos vermes mortos ou em fase de imobilização; →A conduta seguida nestes casos é manter dieta zero até a desobstrução; aspiração gástrica contínua; prescrição de piperazina - 100 mg/kg de peso por meio de sonda, ou de uma só vez; uso de 15 a 30 ml de óleo mineral, 30 min após a piperazina, de 3 em 3 h, durante 24 h; hidratação parenteral. Após a desobstrução, prescrever piperazina - 50 a 100 mg/ kg de peso ao dia, com óleo mineral, durante 5 dias; dieta líquida por 24 h; seguida de dieta pastosa por 4 dias; na fase posterior, dieta livre. ANCILOSTOMÍASES →Constituem infecções do intestino delgado humano que têm por agente etiológico A. duodenale e Necator americanus, helmintos que pertencem à classe Nematoda, família Ancylostomidae. →Infectam o homem principalmente pela penetração da larva filarioide através da pele. A outra espécie, A. ceylanicum, pode causar infecção não só por via cutânea, mas também por via digestiva, do mesmo modo que o A. duodenale. →Em áreas endêmicas recebem a denominação amarelão ou opilação. →Localizam-se no duodeno, jejuno e, diante de altas cargas parasitárias, na parte superior do íleo. →São parasitos monoxenos, pois evoluem emum só hospedeiro, além de parasitos periódicos - parte de seu ciclo vivem em seus hospedeiros e, outra parte, como seres de vida livre, sob a forma larvária. →Também denominados euritróficos, porque se nutrem de substâncias, com as quais entram em contato no organismo do hospedeiro; →Outros ancilostomídeos, A. braziliense e A. caninum, parasitos do gato e do cão, eventualmente podem infectar o homem, causando de modo mais frequente, comparados a outros agentes etiológicos, a larva migrans cutânea. MORFOLOGIA →As fêmeas fazem postura de uma grande quantidade de ovos diários, sendo estimada em torno de 28.000. Estes ovos são ovais, com casca delgada transparente, medindo 60 X 40 m de diâmetro. CICLO BIOLÓGICO →Compreende uma fase parasitária no hospedeiro e uma fase de vida livre que se passa no ambiente. →Os vermes adultos vivem no intestino delgado do hospedeiro, inicialmente no duodeno, e quando a infecção é intensa, no jejuno e no íleo; Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR → Eles se fixam firmemente ao epitélio intestinal com o auxílio das placas cortantes ou dos dentes, dependendo da espécie; neste local dilaceram e efetuam aspiração da superfície do tecido e provocam hemorragia, uma vez que excretam substâncias anticoagulantes produzidas pela glândula esofágica. →Como se deslocam constantemente ocorre a formação de ulcerações no epitélio, constituindo uma porta de entrada para infecções bacterianas e pontos hemorrágicos por onde o sangue continua a fluir por algum tempo. →Após a cópula as fêmeas iniciam a postura de ovos; os quais são liberados não segmentados e, durante o trajeto até o exterior, atingem o estágio de mórula, com 4 a 8 células. →O desenvolvimento até a larva de primeiro estágio (L1), ainda dentro do ovo, ocorre no ambiente, sendo favorecido pelas condições ambientais. Sob a temperatura entre 20 e 30ºC, umidade alta em torno de 70 a 90% e solo arenoso ou argiloarenoso, em 24a48h a L1 eclode. →O desenvolvimento no ambiente é interrompido quando ocorre uma queda de temperatura, reiniciando com o aumento da mesma. →L1: possui cavidade bucal longa; o estômago é rabditiforme e o intestino retilíneo; → A larva alimenta-se de bactérias e de matéria orgânica, inicialmente do próprio bolo fecal. Em 48 h esta larva produz uma nova cutícula e sofre a primeira muda, passando a larva de segundo estágio (L2); sendo este estágio muito semelhante, morfologicamente, a L1; →A L2 também se alimenta no solo e locomove- se, cresce, forma uma nova cutícula abaixo da velha e o esôfago passa à forma filarioide, representando estas alterações a segunda muda, em torno de 4 a 5 dias; →A cutícula velha, também denominada bainha cuticular, mantém-se envolvendo a larva de terceiro estágio infectante (L3), conferindo-lhe maior resistência às condições ambientais; →A L3 não se alimenta, pois, a abertura oral está coberta pela cutícula envoltória, nem cresce, vivendo de substâncias de reserva, lipídios e carboidratos acumulados nos estágios anteriores. →As larvas podem sobreviver no solo por longos períodos, e em condições ótimas de temperatura, umidade e solo poroso podem sobreviver entre 3 semanas e 6 meses. →Devido ao geotropismo negativo e ao hidrotropismo, procuram locais mais altos no solo e na vegetação, quando há umidade, agregando-se e desta forma facilitando a plurinfecção do hospedeiro. →As larvas também apresentam termotropismo e tigmotropismo positivo, o que, provavelmente, favorece o contato com a pele e a penetração ativa, iniciando desta forma a infecção. →Ao entrar em contato com a pele ou mucosa do hospedeiro as L3 infectantes, tanto de N. americanus quanto de A. duodenale, são capazes de quebrar a barreira da pele e penetrar no hospedeiro, iniciando o processo de infecção. Este processo provavelmente é estimulado pelo CO2 liberado pela pele e pela temperatura do corpo, uma vez que as larvas apresentam estruturas sensoriais, isto é, papilas e anfídios localizados na extremidade anterior. →Ao iniciarem a penetração, além do movimento serpentiforme, liberam enzimas que auxiliam no rompimento da bainha cuticular que as envolve, e proteases e colagenases, que as ajudam na penetração da pele, e em 40 min, já podem ser encontradas na derme. →Em seguida, penetram nos capilares linfáticos ou sanguíneos mais próximos. Se a infecção ocorre através de capilares linfáticos, as larvas podem ser destruídas no gânglio linfático ou dar prosseguimento à sua migração, até atingirem a circulação sanguínea, e por esta, podendo chegar ao coração direito. →Em seguida, entram na artéria pulmonar, chegando, então, ao parênquima pulmonar, Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR onde passam pela terceira muda, atingindo a forma de larvas de quarto estágio (L4); →Este processo de migração e crescimento envolve a liberação de antígenos larvais, além de bactérias carreadas do intestino pela larva. →Esta migração pulmonar é conhecida como ciclo de Looss. →As L4 perfuram, então, a parede do capilar pulmonar entrando no lúmen do alvéolo. Neste momento iniciam uma migração ascendente na árvore respiratória. Esta migração é auxiliada pelos movimentos ciliares do epitélio dos bronquíolos, brônquios, atingindo traqueia, faringe e laringe. A presença das larvas sobre o epitélio respiratório também estimula a produção de muco e tosse, que auxiliam a empurrá-las na direção da laringe. →Ao tossir, o hospedeiro acaba por engolir o muco contendo as larvas. A quarta muda, também com a troca de cutícula, ocorre no intestino delgado, tornando-se adulto jovem, fixando-se ao epitélio intestinal por meio da cápsula bucal desenvolvida e iniciando a hematofagia; quando se tornam maduros sexualmente ocorre a cópula; → Em torno de 7 a 8 semanas, após a infecção, as fêmeas iniciam a postura de ovos; →Além do mecanismo de infecção, mediante penetração ativa pela pele, A. duodenale também é capaz de ser transmitido pela ingestão da larva infectante L3 com alimentos e água contaminados. Neste caso, as larvas não efetuam a migração pulmonar. As L3 perdem a bainha cuticular após passarem pelo estômago e penetram na mucosa intestinal, onde permanecem em torno de 3 dias, quando passam por uma troca de cutícula, dando continuidade ao seu desenvolvimento. Retornam ao lúmen intestinal no estágio de L4, onde, após 11 dias passam a uma quarta muda e atingem a forma de adulto jovem, alcançando a maturidade sexual em torno de 4 a 5 semanas. TRANSMISSÃO →Na história natural das ancilostomíases interferem características epidemiológicas inerentes ao agente, hospedeiro e ambiente. →A transmissão das ancilostomíases por meio de ovos e larvas filarioides está condicionada à interdependência entre estes fatores, destacando-se as condições socioeconômicas e sanitárias da população que irão nortear a intensidade da presença de helmintos no solo e regular os riscos de transmissão. →Características do ambiente: tipo de solo, pH, temperatura, umidade e precipitação fluvial. Quanto ao tipo de solo, verifica-se maior desenvolvimento em solo arenoso, mais arejado, e que permite a migração larvária, quando comparado ao solo argiloso. A temperatura mais apropriada ao desenvolvimento larvar situa-se entre 20 e 30ºC. Quanto à umidade, torna-se mais comum a transmissão nos locais em que não há saturação da umidade; →Fatores inerentes ao hospedeiro: idade, ocupação, grupo étnico, raça, grau de educação, hábitos de higiene, alimentação e predisposiçãoa múltiplas infecções por helmintos. A prevalência da infecção aumenta com a idade, alcançando um limiar ao final da adolescência, enquanto a intensidade da infecção pode progredir a partir da vida adulta. Quanto à raça, a maior parte das referências afirma que os negros têm menor probabilidade de se infectarem do que os brancos. Este fato suscita a continuidade de esclarecimentos no campo da genética. Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR PATOGENIA E CLÍNICA →O indivíduo infectado pode estar assintomático, evoluir com sintomas leves ou apresentar a forma grave, principalmente pelo quadro de anemia. A evolução clínica é dependente da idade, intensidade de infecção e da composição em proteínas, ferro e outros sais minerais nos alimentos ingeridos pela população. →A penetração de larvas de ancilostomídeos através da pele pode provocar dermatite pruriginosa, conhecida por "coceira da terra”: reação que decorre da morte de larvas em capilares. →O verme adulto, pelas características de sua cápsula bucal e a presença de lâminas causa microulcerações, perda sanguínea, depleção de ferro, e, na dependência da carga parasitária, pode acarretar anemia. →Os pacientes referem dor abdominal, por vezes difusa, ou em região epigástrica, náuseas e vômitos, que podem começar depois de 21 a 28 dias da infecção. A diarreia não costuma ser queixa habitual, devendo-se afastar a coinfecção por outros parasitos intestinais. →A anemia mais acentuada do tipo macrocítica tem sido verificada nos indivíduos com maior carga parasitária, ocorrendo, ainda, hipoproteinemia e inversão da relação albumina- globulina; →As discussões sobre o processo de falhas na absorção intestinal em indivíduos infectados propiciaram a pesquisa de dosagem de D-xilose na urina, concluindo por fortes indícios de síndrome disabsortiva; DIAGNÓSTICO →Baseia-se, em geral, na detecção de ovos do helminto nos exames coproparasitológicos qualitativos; →Realiza-se o controle parasitológico das fezes, empregando-se a mesma técnica usada para o diagnóstico, em um período decorrido de 7, 14, e 21 dias do uso de anti-helmíntico. →O diagnóstico dos helmintos e espécie- específico por meio de PCR do gene mitocondrial de citocromo oxidase permitiu, com o emprego de técnica simples e sensível, a diferenciação entre as espécies, o que pode permitir aplicação em estudos epidemiológicos e programas de controle; →Pode-se identificar as larvas filarioides dos helmintos por coprocultura, pelo método de Harada-Mori (sugerido por Beaver), associado ao exame microscópico; →Torna-se necessária solicitação de hemograma, além de dosagem de hemoglobina, reticulócitos, ferro sérico e de proteínas totais, quando há agravamento do quadro clínico. TRATAMENTO → Pirantel, mebendazol, levamisol e albendazol, com efeitos colaterais desprezíveis. →O mecanismo de ação do pirantel baseia-se na inibição de acetilcolina, com paralisação do verme. A dose oral é de 10 mg/ kg peso, durante 3 dias. O índice de cura apresentado por diferentes autores tem sido inferior ao de outros fármacos. ESTRONGILOIDÍASES →São infecções do intestino delgado humano, duodeno e jejuno, causadas por geo-helmintos da família Rhabdiasidea, do gênero Strongyloides e espécie S. stercoralis. →A infecção inicia-se, em geral, pela penetração por via percutânea, ou por via mucosa, da larva infectante filarioide, que habita o solo. Decorrem Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR 12 dias da penetração da larva filarioide, sua passagem pelo pulmão, fixação no intestino e eliminação pelas fezes das larvas rabditoides. →São denominados parasitos eurixenos porque podem infectar o homem e animais domésticos: cão, gato, além de relatos sobre parasitismo de símios. Também chamados monoxenos, porque completam o seu ciclo em um só hospedeiro; →S. stercoralis é o menor nematódeo parasito de humanos e apresenta uma peculiaridade que é única entre os parasitos, seu ciclo biológico envolve duas formas de reprodução: o ciclo parasitário em que ocorre a reprodução por partenogênese e um ciclo no ambiente com reprodução sexuada. Desta maneira, em cada ciclo temos formas evolutivas biológicas e morfologicamente diferentes; ➢ Fêmea partenogenética ➢ Fêmea de vida livre ➢ Macho de vida livre ➢ Ovos ➢ Larvas rabditoides – L1; L2; ➢ Larvas filarioide – L3 – forma infectante CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO →Nos indivíduos parasitados, as fêmeas partenogenéticas encontram-se embebidas na mucosa do intestino delgado, principalmente no duodeno, onde efetuam a postura de ovos; →Em infecções intensas o parasitismo pode se estender por todo o intestino delgado. Neste local, as larvas de primeiro estágio rabditoides (L1) eclodem do ovo. →As L1 migram através do tecido epitelial e atingem o lúmen intestinal, alimentando-se de bactérias e matéria orgânica; continuando o seu desenvolvimento, formam uma nova cutícula, liberando a velha que as envolvia, tornando-se larvas de segundo estágio rabditoide (L2), sendo carreadas junto com as fezes para o exterior. →Dependendo da velocidade do trânsito intestinal, os indivíduos parasitados podem eliminar L1 com as fezes, ocorrendo então a muda para L2 no ambiente. →No solo as L2 se alimentam, crescem e passam por mais uma muda, tornando-se larvas de terceiro estágio filarioide (L3). →As L3 vivem alguns dias no solo, dependendo de condições ambientais como umidade, temperatura em torno de 25ºC e o sombreamento do solo que favorecem a viabilidade e a longevidade destas larvas. →As L3 se diferenciam, dando origem a 3 formas evolutivas distintas. Algumas 13 já são infectantes para o hospedeiro, outras continuarão o desenvolvimento no solo, passando por mais 2 mudas, dando origem a machos e fêmeas de vida livre. →As formas adultas de vida livre copulam e as fêmeas fazem a postura de ovos embrionados. O desenvolvimento embrionário completa-se no solo, onde a larva de primeiro estágio rabditoide eclode do ovo. Esta larva, como no desenvolvimento anterior, alimenta-se no solo e passa por 2 mudas, atingindo a forma de larva filarioide infectante (L3). →A infecção ocorre, como no caso dos ancilostomídeos, quando o homem entra em contato com o solo contaminado, pela penetração ativa da larva de terceiro estágio (L3) infectante na pele, penetração esta facilitada pela liberação de proteases pelas larvas, que ajudam a quebrar a barreira da pele e atravessar os tecidos, até entrarem na corrente linfática ou sanguínea. (também realizam o ciclo de Looss já explicado); → Nos pulmões a L3 passa por 2 trocas de cutícula, chegando à forma de adulto jovem, sendo deglutida para atingir a mucosa do intestino delgado, onde atinge a forma adulta de fêmea partenogenética. Tanto a larva filarioide L3 infectante originada diretamente pela fêmea partenogenética quanto a produzida pela reprodução sexuada das formas de vida livre são as formas infectantes para o homem. Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR →O período pré-patente gira em torno de 25 dias. →Em decorrência de congestão intestinal, ou de edema da mucosa intestinal, que podem ser causadas pela própria infecção pelo S. stercoralis, diminuindo em consequência a velocidade do trânsito intestinal, a L2 pode efetuar a muda, tornando-se larva infectante, ainda dentro do intestino, penetrando na mucosa intestinal e ganhando a circulaçãosanguínea, acontecendo desta forma autoinfecção interna. →Quando a autoinfecção é intensa, pode ocorrer a hiperinfecção, isto é, o aumento da carga parasitária, tornando-se o parasitismo por S. stercoralis grave e, neste caso, com frequência há infecção disseminada. →A estrongiloidíase grave também vem sendo associada, por diversos autores, ao uso de corticoides. Corticoides, cuja fórmula química é muito semelhante à do hormônio da muda, estimulariam as mudas até a forma adulta mais rapidamente, inclusive durante a migração pulmonar, aumentando a carga parasitária, ocorrendo maior quantidade de larvas nos pulmões, podendo também ocorrer a presença de fêmeas partenogenéticas adultas neste local. →Outra possibilidade de infecção é a autoinfecção externa quando as larvas eliminadas com as fezes ficam aderidas à região perianal, tornando-se larvas infectantes neste local, penetrando na pele e entrando na corrente sanguínea ou linfática e dando continuidade ao ciclo parasitário. →Sempre que a larva infectante inicia o ciclo parasitário, seja pela heteroinfecção ou pela autoinfecção, ocorre a migração pulmonar; →Discute-se também a infecção VO, isto é, quando o homem faz a ingestão de larvas infectantes com alimentos ou água contaminados com larvas infectantes. Neste caso, alguns autores sugerem que não ocorre a migração pulmonar; as L3 complementariam o desenvolvimento após penetrarem na mucosa do intestino delgado. A transmissão congênita e pelo colostro também é sugerida, uma vez que larvas infectantes foram encontradas no leite de uma mulher infectada com S. fulleborni, parasito que ocorre no Zaire, sendo o parasitismo observado em neonatos. ESTRONGILOIDÍASES E INFECÇÕES ASSOCIADAS →Pode-se associar a infecção por Estrongiloidíase em imunodeprimidos, a fatores como uso de imunodepressores, citostáticos e corticosteroides, desnutrição acentuada, em pacientes com doenças autoimunes, e aqueles submetidos a transplantes renais. → Há várias controvérsias sobre os critérios para considerar hiperinfecção por Strongyloides em pacientes infectados pelo HIV. Sob esta condição as larvas filarioides desencadeiam invasão a órgãos que, em outras situações, não são afetados, como alvéolos, sistema nervoso central, fígado e sistema urinário. Diante da disseminação das larvas, pode ocorrer piora dos pacientes pelo comprometimento de vários órgãos e, ainda, por infecções bacterianas concomitantes. PATOGENIA E QUADRO CLÍNICO →Acredita-se que 40% dos portadores de estrongiloidíase sejam assintomáticos; →Apresenta predominantemente manifestações intestinais, sendo, no entanto, encontrados quadros clínicos variados, quanto à localização ou quanto à atividade, devido à ação Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR patogênica do S. stercoralis, representada pela intensidade da infecção e pelo estado imunitário do hospedeiro. MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS →Hemorragia petequial e edema; →Geralmente passam despercebidas, podendo haver queixas mais relacionadas a prurido intenso, lesões urticariformes e presença de placas eritematopruriginosas. MANIFESTAÇÕES RESPIRATÓRIAS →Rompimento de capilares podendo haver hemorragias e infiltração celular; →Tosse com expectoração mucopurulenta; →Infiltrados eosinofílicos pulmonares transitórios; →Nos casos mais graves, podem-se observar pneumonia franca, bronquiectasias e outras alterações pulmonares, podendo ser encontradas larvas no esputo. MANIFESTAÇÕES INTESTINAIS →Toda a sintomatologia da estrongiloidíase se baseia nas alterações determinadas pelo S. stercoralis e pela ação de suas larvas. →Foram reconhecidas três formas anatomopatológicas de enterite por Strongyloides: 1. Enterite catarral, de sintomatologia discreta, em que há congestão e secreção mucosa abundante, ocasionalmente observando-se hemorragias e microulcerações; 2. Enterite edematosa, de média gravidade, em que ocorre espessamento da mucosa, com tumefação das pregas e apagamento do relevo da mucosa, com os parasitos sendo encontrados em todas as camadas da parede; 3. Enterite ulcerada, grave, com rigidez da parede e por edema e fibrose, atrofia e ulceração da mucosa, com riqueza de parasitos ao exame histopatológico; →Observa-se: diarreia do tipo alto, geralmente em formas de crises, alternando com constipação intestinal; dor abdominal, contínua ou em cólicas, muitas vezes simulando úlcera duodeno jejunal; náuseas, pirose, sensação de plenitude pós-prandial; sensação de sabor amargo na boca também são observados; nervosismo e a astenia. →Diante do uso de corticosteroides e imunossupressores, ou mesmo de processos intercorrentes que promovam uma queda de resistência orgânica, as manifestações clínicas da estrongiloidíase podem ser exacerbadas, permitindo o estabelecimento de quadros de maior gravidade, muitas vezes letais; DIAGNÓSTICO →Detecção das larvas rabditoides no material fecal, sendo os métodos indicados para o exame coproscópico os de Baermann-Moraes e de Rugai, Matos e Brisola. →Estes métodos baseiam-se no hidro e termotropismo das larvas, necessitando de 3 a 5 amostras de fezes, colhidas em dias alternados, para confirmação de presença de larvas rabditoides. As vezes, podem ser visualizadas larvas filarioide em fezes envelhecidas ou em casos com ritmo intestinal lento, ou em fezes frescas de indivíduos hiperinfectados. →Ocasionalmente, essas larvas também podem ser isoladas a partir da bile e, em casos de comprometimento pulmonar, podem ser encontradas no escarro. →Exame radiológico pode revelar condensações pneumônicas características; →Na fase aguda e nas fases crônicas graves, há sinais radiológicos no aparelho digestivo, que são encontrados com relativa frequência, traduzindo as lesões anatômicas da mucosa. →A eosinofilia sanguínea também é um achado frequente na estrongiloidíase, devido às características biológicas do parasito. Índices de 40% ou mais de eosinófilos são encontrados na contagem relativa; Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR →Métodos diagnósticos complementares, especialmente visando ao diagnóstico da síndrome de má absorção intestinal, podem ser empregados, neles se destacando a biopsia duodenojejunal, as provas de eliminação urinária da D-xilose, a determinação da gordura fecal, a curva glicêmica e outros; TRATAMENTO →Destacam-se entre os principais medicamentos para o tratamento da estrongiloidíase: tiabendazol, cambendazol, albendazol e ivermectina. OXIURÍASE OU ENTEROBÍASE →Constitui helmintíase do intestino grosso humano, ceco e apêndice cecal, que tem por agente etiológico nematódeo da família Oxyuridae gênero Oxyurus oxyura ou E. vermicularis; →A fêmea do parasito realiza a postura de ovos sobretudo à noite, em região anal, provocando intenso prurido. Cada fêmea pode apresentar de 5.000 a 16.000 ovos. →O ato de coçar a área perianal facilita a contaminação das mãos com ovos do helminto, e estes podem ser levados à boca, precipitando o mecanismo de autoinfecção. → Os ovos dirigem-se ao duodeno, onde liberam as larvas rabditoides, e estas vão para o intestino grosso. A partir da infecção com o parasito, até o início de deposição de ovos, decorrem 30 dias. O tempo de sobrevida do Oxyurus é de 45 a 60 dias CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO →Os vermes adultos vivem no ceco e no intestino grosso, próximo à mucosa intestinal, onde se alimentam de substâncias presentes no lúmen ou de resíduos de células que se acumulam na superfície do epitélio,onde, após o acasalamento, se desintegram; após a cópula os machos se desintegram; provavelmente por este motivo são raramente visualizados. → A fêmea grávida migra para o colo e reto, onde provoca intenso prurido, e à noite passa para o exterior pelo esfíncter anal, perambula pela pele da região perianal, deixando um rastro de ovos que aderem à pele, até que morrem e ressecam, deixando livre o restante dos ovos. →Estes ovos já estão parcialmente desenvolvidos e em torno de 6 h após, sob a temperatura do corpo, já estão infectantes contendo uma larva de segundo estágio. →A proteína aderente presente na casca dos ovos provoca intenso prurido na pele e o ato de coçar promove não só a disseminação dos ovos, que aderidos às mãos e unhas do hospedeiro propiciam a autoinfecção quando este coloca a mão na boca ou leva alimentos com a mão contaminada à boca, mas também o contágio de objetos, corrimões, assim como outros locais, favorecendo a heteroinfecção. →Quando o hospedeiro se locomove, os ovos aderidos a sua pele e roupa também são disseminados pelo ambiente. Os ovos podem ser suspensos no ar, quando a roupa de cama ou o hospedeiro são sacudidos, ou quando o solo é varrido, aumentando a possibilidade de as pessoas que vivem neste ambiente se infectarem pela inalação ou ingestão dos mesmos. →Os ovos são sensíveis à dessecação, resistindo apenas 16 horas em locais mais secos; →A infecção se dá principalmente pela ingestão dos ovos. →Ao passar pelo estômago a casca é sensibilizada e ao chegar ao intestino delgado a larva promove a eclosão pela liberação de enzimas que auxiliam na ruptura da casca. Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR →A larva de segundo estágio migra pelo intestino delgado penetrando nas criptas e vilosidades intestinais, passando por duas mudas durante esta migração, chegando ao intestino delgado como adultos jovens. → Entre 30 e 53 dias após a infecção do hospedeiro as fêmeas já estão grávidas e prontas para a postura; o parasitismo é autolimitante, uma vez que a postura envolve a morte das fêmeas. Fator epidemiológico diferente das demais doenças: essa infecção não é exclusiva de países pobres, enfatizando-se sua ocorrência em países do primeiro mundo, como nos EUA, onde a helmintíase acomete em torno de 40 milhões de pessoas. Há influência de fatores como baixas temperaturas, o que implica aglomerações e o uso de roupas íntimas por longo tempo, aliados à falta de banho e de higiene pessoal. DIAGNÓSTICO →O método mais empregado é o uso de raspador com papel celofane (fita adesiva), colocado em prega anal, por alguns instantes, no período da manhã, sem proceder à higiene prévia e, em seguida, examinado diretamente ao microscópio, ou entre lâmina e lamínula, com uma gota de benzol ou toluol. →A preferência pelo exame na parte da manhã é justificada porque a deposição de ovos é maior no decorrer da noite, ficando os ovos aderidos à mucosa anal; →É possível o exame direto do oxiúro, por meio de suas características morfológicas, quando o paciente recolhe o parasito para ser identificado pelo médico. A clarificação pelo fenol e sua colocação entre lâmina e lamínula facilitam a identificação. PATOGENIA E QUADRO CLÍNICO →A infecção por O. oxyura geralmente evolui sem sintomatologia. Entretanto, pode determinar processo inflamatório catarral, e o indivíduo referir diarreia, náuseas e dor abdominal. →O sintoma mais frequente é o prurido intenso em região perianal, com irritação da mucosa anal, proctite, dermatite e eczema, sangramento causado pelo ato de coçar, além de infecções secundárias de origem bacteriana; também se associam irritabilidade, nervosismo e insônia. →É frequente observar-se em adultos e crianças do sexo feminino, infectados por Oxyurus, queixas de prurido intenso em região vulvar, além de secreção vaginal. →A migração ectópica do parasito é capaz de acometer o aparelho genital feminino, resultando em granulomas localizados em útero, ovário, tubas uterinas e peritônio pélvico. Um caso de abscesso ovariano foi diagnosticado em paciente de 28 anos, com queixas referidas de massa em fossa ilíaca esquerda e corrimento vaginal. Foi realizada salpingo-ooforectomia e detectados ovos de E. vermicularis em secreção purulenta do abscesso. TRATAMENTO →O tratamento da oxiuríase pode ser efetuado com o pamoato de pirantel VO, na dose única de 20 a 30 mg/kg de peso. O índice de cura é em média de 80%. Alguns autores preconizam que a dose seja repetida, com elevação do índice de cura próximo a 100%; →Albendazol, prescrito na dose oral, única de 400 mg, atua destruindo o verme, após inibir a absorção de glicose; →O mebendazol é prescrito na dose de 100 mg 2 vezes/ dia, durante 3 dias. O fármaco não é indicado em período de gestação; EPIDEMIOLOGIA E PROFILAXIA →Apresentam distribuição mundial, sobretudo em regiões tropicais e subtropicais, estando relacionadas com países em desenvolvimento, onde predominam precárias condições socioeconômicas e sanitárias; Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR →A OMS, desde 1967, preconizou o emprego de medidas que visassem à interrupção de transmissão das infecções helmínticas, reconhecendo as limitações para erradicação. As medidas propostas envolviam a aplicação de anti-helmíntico, de modo periódico, além de noções básicas de higiene e instalação de sanitários apropriados; →Devem ser implementadas condições sanitárias básicas, além de serem divulgados os princípios básicos de educação para a saúde e colaboração multidisciplinar que assegurem êxito nas ações;
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