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Objetivos: →Estudar o agente etiológico da gripe e do resfriado. →Diferenciar o quadro clínico da gripe e do resfriado. →Desvelar a fisiopatologia, diagnóstico e tratamento da gripe. →Conhecer a epidemiologia, profilaxia e transmissão da gripe. →Compreender a necessidade da vacina anual da gripe. Referências: →SANTOS, Norma Suely de Oveira; ROMANOS, Maria Teresa Villela; WIGG, Marcia Dutra. Virologia Humana. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. Capítulo 14. →Coura, Dinâmica das Doenças Infecciosas e Parasitárias, cap 161 GRIPE E RESFRIADO →As infecções do sistema respiratório representam uma das principais causas de morbidade e mortalidade no mundo inteiro. →As infecções do sistema respiratório inferior são a segunda causa de morte entre crianças abaixo de 5 anos de idade. →O sistema respiratório está sujeito a infecções causadas por vírus de genoma constituído de DNA e de RNA, os quais produzem doenças de variados níveis de gravidade, desde quadros brandos, clinicamente sem importância, até doenças fatais isso também – depende da condição imune do hospedeiro. →O vírus respiratório sincicial humano (HRSV), vírus Influenza (FLUV), vírus da parainfluenza humano (HPIV), alguns adenovírus humanos (HAdV), coronavírus humanos (HCoV) e rinovírus humanos (HRV) são reconhecidamente associados a doenças respiratórias no homem. →O FLUV é o responsável pelo maior número de mortes, principalmente, em pacientes de risco como idosos e imunodeficientes. →As infecções causadas pelos FLUV, HPIV e HRSV ocorrem de forma epidêmica, enquanto que aquelas causadas por HAdV, HCoV e HRV ocorrem de maneira endêmica. →Durante epidemias pelos FLUV e HRSV , muitas dos casos de pneumonia entre adultos são resultantes de infecções bacterianas secundárias. →Os vírus que acometem o sistema respiratório são transmitidos por contato direto e aerossóis. →novos vírus foram descritos tais como: variantes aviárias da espécie A dos FLUV, como H5N1, H9N2, H7N7 e H7N9, o metapneumovírus humano (HMPV), 4 novos HCoV (HCoV-NL63, HCoV HKU1, SARS-CoV e MERS-CoV), o bocavírus – humano (HBoV) e os poliomavírus humanos KIPyV e WUPyV. →Resfriado: é um tipo de infecção do sistema respiratório superior. Os vírus mais associados a essa condição são rinovírus, poliomavírus humano, adenovírus humano, coronavírus humano, vírus respiratório sincicial humano, vírus parainfluenza humano e metapneumovírus humano. →Gripe: é uma infecção respiratória aguda causada, principalmente, pelos vírus da Influenza. RINOVÍRUS →Os rinovírus humanos (HRV) são responsáveis por aproximadamente 50% dos quadros clínicos de resfriado, com localização predominante no sistema respiratório superior; →Os HRV estão classificados na família Picornaviridae, no gênero Enterovirus (ICTV 2014) e apresentam 3 espécies: Rhinovirus A, B e C, que compreendem 158 tipos sorológicos envolvidos com infecções em seres humanos (A= 80; B = 32; C = 54). →A partícula viral não é envelopada e mede 20 a 30 nm de diâmetro. →O capsídeo tem simetria icosaédrica e é composto de subunidades proteicas formando 60 capsômeros, cada um deles constituído das proteínas VP1, VP2, VP3 e VP4. →O genoma é constituído de RNA linear de cadeia simples, de polaridade positiva, não segmentado. →A proteína VP4 é o elemento de conexão entre o capsídeo e o RNA viral (RNAv). → Esses vírus apresentam sensibilidade a pH ácido (5,0) e ao calor. PATOGÊNESE →Os HRV são transmitidos pessoa a pessoa por intermédio de gotículas levadas pelo ar ou pelo contato com superfícies contaminadas, como maçanetas, xícaras e copos. →Penetram através da nasofaringe, são propagados pelas células do epitélio respiratório superior, que são destruídas, com consequente necrose celular e descamação; →Os sintomas clínicos da doença, que estão associados à liberação de produtos celulares e virais e a uma resposta imunológica à lesão tecidual produzida. →Os resfriados por rinovírus estão associados a aumento na produção de histamina, acompanhado de infiltrado linfocitário e eosinofílico da mucosa brônquica. →O capsídeo dos HRV é reconhecido por TLR2 (toll-like receptor 2) sobre a superfície celular, enquanto o RNA é reconhecido por TLR3, TLR7, TLR8, MDA5 (melanoma differentiation associated protein 5) e RIG-1(retinoic acid- inducible gene 1), levando à expressão de citocinas do tipo I e III, mas também IL-6, IL-12 e IL-15. → Os anticorpos podem ser neutralizantes, bloqueando ligantes celulares e opsonizando o vírus por apresentação a células fagocíticas, ou por iniciação do processo de citotoxicidade mediado por células NK (natural killer). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS →As infecções por HRV têm sua localização no sistema respiratório superior, causando normalmente quadros de resfriado comum, em um período de 1 a 2 dias após a infecção →Quadro de início gradual com congestão nasal, coriza intensa, dor de garganta, tosse e rouquidão, apresentando febre variável e menos frequentemente mal-estar, mialgia e cefaleia. →A doença pode durar 7 dias, com sintomas podendo durar até 12 a 14 dias. VÍRUS DA INFLUENZA →Os vírus da influenza (FLUV) sofrem mutações de caráter antigênico e funcional, o que ocasiona, frequentemente, o surgimento de surtos, epidemias e pandemias. →Curiosidades: o termo influenza data da Idade Média, quando, na região de Florença (Itália) acreditava-se que os sinais clínicos de febre, tosse e calafrios ocorressem por “influência” de conjunções planetárias. →Pandemias: Rússia (1889 e 1892), Gripe Espanhola (1918 65% da – população brasileira teve a doença H1N1), gripe Asiática (1957), – gripe Hong Kong (1968), gripe Russa (1977), México (2009 e 2010). →Os FLUV acometem homens ou animais e estão classificados na família Orthomyxoviridae (orthos, original, verdadeiro; myxa, muco), composta por 6 gêneros: Influenzavírus A, Influenzavírus B e Influenzavírus C, Thogotovirus, Isavirus e Quaranjavirus. Somente os vírus da influenza A, vírus da influenza B e vírus da influenza C, infectam seres humanos. →A nomenclatura do vírus da Influenza é feita de acordo com a estirpe, local em que foi isolado, número da estirpe e ano de isolamento. Além disso, são identificados de acordo com os antígenos presentes na superfície do vírus hemaglutinina e – neuraminidase. Exemplo: A/Brazil/2/78 (H3N2). MORFOLOGIA →os vírus são formados por RNA de fita simples e com polaridade negativa, proteínas, lipídios e carboidratos. →Eles são sensíveis ao calor, ao pH ácido e aos solventes lipídicos ele possui um RNA segmentado, que codifica 11 proteínas nos casos de Influenza A e B e 9 proteínas no vírus Influenza C no envelope viral (derivado da membrana da célula do hospedeiro), estão projetadas as glicoproteínas hemaglutinina (HA capaz de – aglutinar hemácias, daí o nome) e neuraminidase (NA), além da proteína M2 nos casos de Influenza A. →Embaixo do envelope, está a proteína M1, que envolve a partícula em que estão: material genético segmentado, nucleoproteína (NP), polimerases virais (complexo com 3 proteínas PB1, PB2 e PA) e as – proteínas não estruturais do vírus. INFLUENZA A ➢ ADSORÇÃO →O vírus é adsorvido pela ligação da glicoproteína viral HA (no segmento Ha1) com o ácido siálico da membrana celular do hospedeiro. Os diferentes aminoácidos dos sítios antigênicos conferem diferença na afinidade da hemaglutinina com os tipos de ácido siálico. ➢ ENDOCITOSE, FUSÃO E DESNUDAMENTO→Após a adsorção, a endocitose ocorre via clatrinas ou possivelmente, também pode acontecer por meio de outro modelo, tanto de vesículas cobertas por clatrina, como por caveolina, com posterior fusão pH- dependente. →Na fusão, a partícula viral insere o peptídeo de fusão da HA na membrana do endossomo que a envolve. Para que isso ocorra, a proteína M2 funciona como um canal de prótons e possibilita a fusão, acidificando o interior da partícula viral. Nesse processo, a histidina do domínio transmembrana do poro do canal M2 permite a passagem de íons H+ e não de Na+ e K+, bloqueados pelos grupamentos imidazol da histidina, enquanto a valina e o triptofano são importantes para a unidirecionalidade de condutância do canal. →Em pH elevado, a histidina não carregada faz com que o triptofano obstrua a passagem de íons H+, impedindo o processo de fusão; em pH baixo, a histidina carregada permite a rotação do triptofano, levando à passagem desses íons. →A clivagem de HA pode ocorrer no meio extracelular, por enzimas como a plasmina, e em vesículas endossomais das células-alvo, por serino-proteases. A NA pode ter papel facilitador sobre a clivagem da HA por recrutamento de uma protease que ativa o plasminogênio, formando plasmina. →O baixo pH endossomal provoca a mudança conformacional de HA2 para que ocorra a fim, a ribonucleoproteína é liberada no citoplasma da célula. ➢ ENCAMINHAMENTO AO NÚCLEO CELULAR → Ao chegar no citoplasma, a ribonucleoproteína vai para o núcleo, por ação de nucleoporinas (formadores do poro nuclear). →Essa etapa é dependente da energia gerada pela transformação de Ran-GTP (pequena proteína ligada a GTP) em Ran-GDP e pela atuação das importinas alfa e beta. →As importinas levam as α β ribonucleoproteínas para dentro do núcleo, por meio da ligação de um sítio de reconhecimento chamado sinal de localização nuclear da NP viral (nucleoproteína responsável por: ligação de – RNA, síntese viral e formação do nucleocapsídio). ➢ TRANSCRIÇÃO →No núcleo, há a transcrição e a replicação do RNA viral, por meio de um complexo de polimerases (formado pelas proteínas PB2, PB1 e PA). →Depois disso, há formação de RNAm e de RNA virais. →O RNA viral, de polaridade negativa é transcrito em uma fita de RNA viral de fita positiva, a qual age como RNA mensageiro isso – acontece pela ligação da extremidade 5’ do RNA viral à proteína PB1. →Depois disso, o PB2 se liga ao RNA da célula, formando o cap. e a extremidade 3’ do RNA viral se liga à PB1. →A endonuclease PA cliva o RNAm celular capeado. A porção do RNA mensageiro celular capeado se pareia com a extremidade 3’ do RNA viral, iniciando a transcrição e o alongamento da cadeia do RNAm viral. →Depois disso, o cap (modificação química do RNAm que aumenta a estabilidade do RNA, sendo importante para o transporte do RNA para fora do núcleo para tradução nos ribossomos) se desliga da PB2. Por um impedimento estérico, a polimerase só consegue ler determinadas sequências do RNA, levando à repetição de nucleotídeos no RNAm viral. →Para permitir a leitura completa do material genético viral, o produto do gene NS cliva o RNAm celular, formando, a partir desse RNA celular, iniciadores da síntese do RNAm viral. O RNAm viral sai do núcleo por ação das exportinas, passam para o citoplasma e chegam aos ribossomos. ➢ REPLICAÇÃO →A ligação da extremidade 5’ à PB1 permite a ativação da proteína PA, que causa uma fosforilação responsável pelo início da síntese de RNA complementar, de polaridade positiva esse processo – depende da presença da proteína NP. →O RNA complementar funciona como molde para o novo RNA viral, por meio da ligação da extremidade 5’ do RNA complementar, da fosforilação e da ativação da PA. ➢ MONTAGEM →As partículas virais são montadas no núcleo, a partir da formação de um complexo composto por RNA viral, PB2, PB1 e PA, NP e M1 (RNA complexo polimerase NP M1) essas proteínas, depois de traduzidas no ribossomo, retornam ao núcleo. Esse complexo passa pelo poro nuclear e segue para a membrana celular. →A proteína M1 interage com HA, NA e M2 do vírus (esses locais da membrana celular são chamados de balsas lipídicas). ➢ LIBERAÇÃO POR BROTAMENTO →As glicoproteínas HA e NA (passam, anteriormente, pelo processo de glicosilação) se ancoram na membrana citoplasmática e a proteína M2 também se insere na membrana. A NA cliva resíduos do ácido siálico da membrana, permitindo o envelopamento do vírus durante o brotamento. →Funções da NA: permite o transporte pela mucina, destruindo os receptores de HA da célula hospedeira; remove ácidos siálicos das cadeias de HA e NA (isso previne a autoagregação das partículas); e cliva ácido siálico do muco. →A clivagem do ácido siálico permite a liberação das partículas virais e impossibilita a reinfecção. →A HA, depois da glicosilação, passa por clivagens, dando origem à H1 e H2. A primeira clivagem é no resíduo de arginina por ação de uma endoprotease e a segunda clivagem ocorre para remoção da arginina por ação de uma carboxipeptidase. INFLUENZA B E C →Espécie B: a proteína NB forma um canal aniônico, sendo que ela é sintetizada a partir do segmento 6 do RNA viral. A proteína BM2 forma o canal iônico e é sintetizada pelo segmento 7. →Espécie C: – a glicoproteína HEF (passa por clivagens durante a síntese, a fim de permitir a exposição do peptídeo de fusão da partícula viral) no envelope viral se liga aos receptores e permitem a fusão, além de clivar o ácido siálico. A proteína CM2 parece ter ação semelhante à M2. As proteínas PB2, PB1 e P3 formam o complexo polimerase e agem na síntese de RNA mensageiro e RNA viral. PATOGÊNESE →Os vírus Influenza são transmitidos por meio de aerossóis ou por contato com fômites e superfícies contaminadas. →Os vírus entram no sistema respiratório superior, a partir da nasofaringe, onde passa por replicação nas células do epitélio respiratório, as quais passam por necrose e descamação. →A camada de mucina, o movimento dos cílios e os inibidores de protease são barreiras do sistema imune inato, as quais podem impedir a entrada e o desnudamento do vírus. →Os quadros de gripe causados pelo vírus Influenza são: calafrios, cefaleia, tosse SECA, febre alta (38 a 40° C) depois de 2 ou 3 dias de infecção. → Além disso, podem ocorrer casos de mialgia, prostração, anorexia, dor de garganta, coriza e congestão nasal. →Das vias aéreas superiores, a infecção pode chegar ao trato respiratório inferior, por viremia ou por disseminação célula-célula (laringe → traqueia → brônquios → bronquíolos → pulmões). →A viremia é, em muitos casos, resultado da replicação viral em gânglios linfáticos. O epitélio respiratório se torna vacuolizado, perdem seus cílios e descamam, levando ao edema de submucosa e hiperemia. Em casos mais graves, ocorre pneumonite intersticial. →No processo de patogênese, a especificidade de ligação por receptores em α 2,6 em células não ciliadas do sistema respiratório superior, e α 2,3 em células ciliadas do sistema respiratório inferior, é reconhecida como fator de patogenicidade. →A partir do momento que o vírus Influenza infecta as células do sistema respiratório e os macrófagos alveolares, o receptor do toll-like 7 (TLR 7) e o RIG-1 (retinoic acid-inducible gene 1)reconhecem o RNA viral e iniciam uma resposta contra o vírus. →Apesar disso, a proteína NS1 inibe a via de RIG-1, a qual é responsável pela ação do Interferon 1. →A NS1 também inibe a proteína-quinase R, capaz de reduzir a tradução do RNA viral. →Os vírus da Influenza também promovem a formação de citocinas inflamatórias, com liberação de óxido nítrico, o qual permite a mutação dos vírus e induz a citotoxicidade, dano tecidual e inflamação. →A proteína PB1-F2, sintetizada a partir do fragmento PB1 de RNA, é indutora de apoptose, por meio da liberação de citocromo c. →Fatores de proteção: TLR 7 (reconhecimento de RNA viral de fita simples, PAMPs)., TLR 3 e RIG-1 (reconhecimento de RNA viral de fita dupla nas células infectadas, levando à formação de IFN-1) e NLR P3 (nod- like receptor family protein 3 – reconhece a infecção e a atividade de M2, levando à produção de IL-1-beta). A resposta imune inata age na liberação de citocinas, como IL-6 e IFN-gama relacionadas à produção de muco, – febre e à maior carga viral. A resposta humoral começa a aparecer cerca de 5 dias de infecção. QUADRO CLÍNICO →O período de incubação da gripe é, em média, 1-3 dias. →Depois que a febre passa, há um maior acometimento das vias aéreas inferiores, associado a sintomas de tosse produtiva e fraqueza. →Podem ocorrer, frequentemente, casos de obstrução nasal e faringite e, em casos mais esporádicos (nem tanto assim), há casos de pneumonia grave, a qual desencadeia hipoxia e morte – esses casos, geralmente, estão associados a infecções secundárias, como por Streptococcus epidermidis, Haemophilus in flu e n z a e ou S t a p h ylo c o c c u s a u r e u s (essa bactéria libera proteases capazes de clivar a hemaglutinina/HA em HA1 e HA2). →Os casos de infecção pelo vírus Influenza do tipo C estão associados a casos mais leves, parecidos com resfriado comum. →As complicações da gripe podem ser: bronquite, bronquiolite, laringotraqueobronquite, pneumonia, sinusite, enterite, miocardite, exacerbação da asma. DIAGNÓSTICO →Os materiais usados para análise são lavados ou swab da garganta, saliva ou aspirados do trato respiratório inferior, esses materiais devem ser coletados durante a fase aguda da gripe. →A sorologia deve ser feita nos períodos de infecção aguda e de convalescença, para avaliar a soroconversão. →O hemograma não é específico, mas pode ser notada leucocitose ou leucopenia. →Métodos de análise laboratorial: imunofluorescência direta ou indireta, ensaio imunoenzimático, PCR, análise da atividade de neuraminidase (nos casos de FLUV A e B), fixação do complemento. →Existem laboratórios que atuam no diagnóstico de gripe, para conter casos de pandemia de influenza os centros de – referência são: Instituto Evandro Chagas (Belém-PA), Instituo Adolfo Lutz (São Paulo) e Instituto Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro). EPIDEMIOLOGIA →Os casos de gripe por Influenza são mais frequentes no inverno, mas apresentam distribuição em todas as épocas do ano. →Os vírus dos tipos A e B podem afetar homens, porcos, cavalos, aves, cães, gatos isso permite a manutenção de diversas – fontes de infecção. →A OMS possui uma rede de vigilância (Rede Mundial de Laboratórios), responsável por realizar uma vigilância sentinela dos casos de gripe e do surgimento de novos subtipos de síndrome respiratória aguda grave. →Fatores como: especificidade de ligação ou de atividade sialidásica de glicoproteínas por estruturas receptoras celulares envolvidos no processo de ligação ou clivagem, sensibilidade das estruturas virais, envolvidas com o processo de fusão, à clivagem por proteases, assim como estruturas PB2 e NS1, são indicadas como os maiores determinantes de hospedeiros suscetíveis e da patogenicidade. →Novas variantes de vírus do tipo A são associadas a surtos, epidemias e pandemias de gripe. Essas novas variantes acontecem por causa de variações restritas (drifts) ou extensas (shifts) no seu RNA, e da alta frequência de rearranjo ou recombinação genética, alterando as funções e os antígenos das proteínas do vírus. →As variações restritas estão relacionadas a erros da RNA polimerase viral que forma diversas variantes de HA e NA, as quais são selecionadas pelo sistema imune do hospedeiro, enquanto as variações extensas ocorrem pela substituição de segmentos de RNA, podendo causar uma pandemia. →Os casos de shift acontecem quando a população tem pouca ou nenhuma imunidade específica para combater a nova cepa formada. PANDEMIAS →Pandemia por Influenza A H1N1: ocorreu nos períodos de 2009 e 2010, com início no México e com distribuição em todo o mundo, com 18500 mortes confirmadas (esses valores podem estar subestimados). →O vírus continha uma junção de segmentos de origem aviária (NA, M, PB2 e PA), humana (PB1) e suína (HA, NP e NS). →Os fatores de risco associados a essa infecção eram: gestação, condições crônicas respiratórias (especialmente, a asma), doenças autoimunes e cardiovasculares, diabetes e obesidade. →Gripe aviária H5N1: é mais prevalente na Ásia e atingiu o mundo através de aves migratórias. A infecção humana só acontece quando há contato e manipulação de aves infectadas. O Influenza A H5N1 possui uma variação com alta afinidade pelos receptores de ácido siálico dos tipos α 2,3 Gal. →O primeiro caso de infecção humana pela amostra H5N1 foi observado na cidade de Hong Kong, em maio de 1997, quando foi isolada em um menino de 3 anos de idade que morreu de pneumonia. Esse primeiro caso foi precedido pela detecção do vírus em gansos, na província chinesa de Guangdong. →Logo após, no mês de dezembro de 1997, a infecção por esse vírus causou a morte de 6 pessoas em um total de 24 acometidas, o que levou à eliminação de 1.500.000 aves, como medida de controle. →Apesar dessa medida, o vírus se disseminou pelo mundo, tendo infectado aves selvagens e de criação. →A predominância de estruturas de ácido siálico em arranjo 2,3 α no sistema respiratório de crianças e no trato ocular (córnea, conjuntiva e ducto lacrimal), de crianças e adultos, pode explicar a maior suscetibilidade desse grupo etário e desse sítio a infecções por influenza aviária (FLUV A). →Para que uma pandemia seja sinalizada, é necessário que o vírus seja capaz de replicar em humanos e seja disseminado de pessoa a pessoa, além de precisar de uma suscetibilidade de acometimento da população humana. PREVENÇÃO E CONTROLE →Por causa da alta variabilidade do vírus, a imunização específica para a gripe é dificultada. →O uso de vacinas é mais restrito a grupos específicos, como: idosos com mais de 60 anos, crianças acima de 6 meses, pessoas com doenças cardíacas, pulmonares e renais, e pessoas com imunocomprometimento. →A vacina (vírus inativado) é desenvolvida todo ano, a partir de dados epidemiológicos. É recomendado que a vacinação aconteça antes do inverno. →Esquema vacinal: 2 doses em crianças com até 8 anos, em um intervalo de, no mínimo, 4 semanas entre elas. Depois de 9 anos, é recomendada uma dose única da vacina. → É importante cuidar para que a vacina não seja administrada em pessoas que têm alergia a proteínas do ovo. →Os efeitos adversos da vacina podem ser dor local, eritema, febre, mialgia, cefaleia, urticária, hipotensão, choque (em reações anafiláticas). →Plano Brasileiro de Preparação para Enfrentamento de uma Pandemia de Influenza: estabeleceu medidas de vigilância epidemiológica, diagnósticolaboratorial, controle de infecções hospitalares, administração de vacinas e de antivirais, vigilância em portos/aeroportos/fronteiras. Esse plano tem por finalidade o desenvolvimento de ações para impedir a entrada de uma estirpe pandêmica no país; reduzir a morbimortalidade por casos de gripe; fortalecer a vigilância epidemiológica, os diagnósticos, a assistência e a vacinação; estabelecer medidas de profilaxia. TRATAMENTO →Uso de antivirais, como cloridrato de amantadina e rimantadina (inibem M2 durante a fusão usados em pacientes de alto risco, – mas não recomendados para tratamento de epidemias). →Os fármacos Oseltamivir, Zanamivir e Peramivir são usados em pacientes hospitalizados esses fármacos inibem o sítio ativo da – neuraminidase). RESUMO →Infecção do trato respiratório, causada pelo vírus Influenza , de alta transmissibilidade. →Ela se inicia com quadros de febre, mialgia e tosse seca, com evolução autolimitada. → Ela pode ser classificada em seus aspectos epidemiológicos como sazonal (febre acima de 38° C, cefaleia, mialgia, calafrios, tosse seca, dor de garganta, espirros e coriza) ou pandêmica (nova cepa com quadros – clínicos variados). →O vírus Influenza estão subdivididos em 3 grupos, sendo que o grupo A é classificado de acordo com as proteínas de superfície Hemaglutinina e Neuraminidase, sendo que a Influenza A é a que mais sofre variações antigênicas. →O grupo B está associado a infecções locais e o grupo C não causam epidemias. →A forma mais comum de transmissão da gripe é por meio de contato com gotículas do trato respiratório (tosse, espirro, fala) ou com secreção do paciente infectado. Diagnóstico: → utilização das secreções nasofaríngeas para realização da imunofluorescência indireta, para detectar as características antigênicas e genômicas do vírus. Tratamento: → repouso e hidratação, uso de antitérmicos (evitar o AAS nas crianças), suporte intensivo em casos graves. →Uso de inibidores de neuraminidase amantadina e rimantadina – (prevenção da doença pelo vírus Influenza A e oseltamivir e zanamivir, que agem em vírus da Influenza A e B. Vigilância epidemiológica: → monitoramento das cepas e da morbimortalidade associada a elas, detecção e resposta rápida a novos subtipos. * Notificação imediata de novos subtipos (SMS, SES e MS), por meio de telefone, fax ou e-mail casos suspeitos, surtos ou – agregado de óbitos. Medidas de controle: → vacinação (influenza A e B indicada – para a população idosa e para pessoas de grupos de risco – cardiopatias, nefropatias, diabetes mellitus, afecções pulmonares crônicas e familiares em contato com a pessoa infectada), tratamento com antiviral oseltamivir, higienização das mãos, evitar tocar as mucosas após contato com superfícies, evitar aglomerações e locais fechados.
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