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Pediculose, Escabiose e Dermatobiose

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Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR 
TUTORIA 8 
Objetivos: 
Doenças: Pediculose, Escabiose e Dermatobiose 
→Estudar os agentes etiológicos, ciclos biológicos e 
transmissão. 
→Compreender: fisiopatologia, quadro clínico, 
diagnóstico, tratamento, profilaxia e epidemiologia. 
Referências: 
→Coura – Dinâmica das Doenças Infecciosas e 
Parasitárias – cap.36 
→Guia de Bolso da Doenças Infecciosas e Parasitárias 
– 8ªEd – cap.22 
→Parasitologia Humana – Neves, 13Ed, cap.48 e 50 
 
ECTOPARASITAS 
→Parasitos externos ao corpo – vivem sobre ou 
sob a pele humana; 
→Podem ser transmissores ou disseminadores de 
diversas doenças; 
→Dentre elas: pediculose da cabeça, pediculose 
do corpo, pediculose da região pubiana, 
escabiose, tungíases e ixodidioses. 
PEDICULOSE HUMANA 
→Tem como agentes etiológicos 3 tipos de 
piolhos. 
→Esses piolhos encontrados em humanos são 
sugadores e pertencem a duas famílias diferentes: 
piolhos que parasitam a cabeça, piolhos que 
parasitam o corpo e os que parasitam a região 
pubiana. Sendo que os dois primeiros pertencem 
à família Pediculidae com gênero Pediculus; 
→Já os piolhos encontrados parasitando a região 
pubiana pertencem à família Pthiridae, com 
gênero Pthirus; 
 
PEDICULOSE DO COURO CABELUDO 
→Atinge preferencialmente crianças entre 3 e 12 
anos (fase escolar); 
→Não deve ser, necessariamente, associada à 
falta de higiene ou condições socioeconômicas. 
ETIOPATOGENIA E TRANSMISSÃO 
→A pediculose do couro cabeludo é uma 
enfermidade que tem o P. humanus capitis como 
seu agente etiológico parasitando a cabeça dos 
indivíduos, daí o nome vulgar "piolho da cabeça'; 
→O P. humanus capitis é um inseto que possui um 
aparelho bucal do tipo picador-sugador o qual é 
retrátil e se localiza na cabeça; 
→Seu desenvolvimento embrionário, do tipo 
hemimetabólico, passa por um estágio de ovo 
(chamado lêndea), 3 estágios de ninfas e o estágio 
de adultos (machos e fêmeas); 
→Todas as fases evolutivas, com exceção da 
lêndea, realizam a hematofagia, isto é, se 
alimentam do sangue do hospedeiro; 
→Os P. humanus nunca abandonam seu 
hospedeiro, pois quando deles se separam, 
morrem em 3 dias. 
→Possuem fácil e rápida proliferação e 
transmissão; 
→A transmissão pode se dar por meio do contato 
direto entre os indivíduos infestados, por meio da 
aproximação de uma cabeça com outra, ou 
também por meio de fômites, ou seja, 
compartilhando objetos de uso pessoal, como: 
pentes, bonés, travesseiros, presilhas, arcos de 
cabeça etc. 
→ o hábito de colocar os cabelos atrás da orelha 
ou presos, após lavá-los, facilita a proliferação dos 
piolhos, uma vez que oferece local quente e 
úmido, ideal para seu rápido desenvolvimento. 
CICLO BIOLÓGICO 
→Completa-se em torno de 3 a 4 semanas, 
dependendo das condições ambientais e do 
hospedeiro, tais como: temperatura, umidade, pH 
etc. 
→Uma fêmea de P. humanus capitis pode 
depositar no fio de cabelo cerca de 
aproximadamente dez ovos por dia, totalizando 
 Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR 
durante sua vida cerca de trezentos a 
quatrocentos ovos, em um período de sobrevida 
que pode variar de 1 a 3 meses. 
→Os ovos se aderem firmemente aos fios de 
cabelo devido a presença de uma substância 
produzida pelas fêmeas. 
→De cada ovo eclodirá apenas uma ninfa, sendo 
essa chamada de ninfa de primeiro estágio. (o 
tempo para eclosão da ninfa é de 6 a 10 dias); 
→Após a eclosão elas já estão prontas para 
realizarem hematofagia e, após 3 a 4 dias, realizam 
a primeira troca do exoesqueleto (ecdise ou 
muda); 
→Essas mudas se repetem por mais 3 vezes, até 
que a ninfa atinja o estágio adulto. 
→O piolho adulto necessita realizar a hematofagia 
~3 vezes ao dia, por cerca de 15 minutos; 
→Durante a hematofagia, utilizam-se de enzimas 
digestivas e substâncias anticoagulantes que são 
secretadas junto com a saliva. 
QUADRO CLÍNICO 
→Apresenta, inicialmente, intenso prurido na 
região da nuca e atrás das orelhas; 
→Esta coceira no local da picada é explicada pela 
presença de enzimas anticoagulantes e 
anestésicas, secretadas na saliva, decorrente da 
hematofagia do piolho, provocando com isso uma 
reação imunológica. 
→Pode-se observar também a presença de 
linfodenopatia regional; anemia em função da 
hematofagia e, em certos casos, a presença de 
larvas de moscas, no local da coceira, levando ao 
quadro de miíases. 
→Em função da coceira que provoca e às lesões 
que o ato de coçar provoca, deixa o organismo 
susceptível a outras infecções oportunistas; 
DIAGNÓSTICO 
→É realizado por meio da inspeção sistemática do 
couro cabeludo à procura de qualquer fase 
evolutiva do P. humanus capitis. 
→Como realizam uma rápida locomoção, a 
inspeção pode ser auxiliada por meio do uso de 
um pente fino, que pode retirar tanto as fases de 
ninfas como as adultas. 
→As lêndeas são mais facilmente encontradas na 
região da nunca e atrás das orelhas. 
PEDICULOSE DO CORPO 
→Ectoparasitose associada à falta de higiene e às 
baixas condições socioeconômicas e, por esta 
razão, talvez a sua prevalência seja subestimada 
em muitos países desenvolvidos; 
→Esse piolho do corpo também é vulgarmente 
chamado de Muquirana. 
ETIOPATOGENIA/DINÂMICA DA 
INFESTAÇÃO 
→O agente etiológico da enfermidade conhecida 
como pediculose do corpo é o Pediculus humanus 
humanus; 
→É vetor de patógenos para o ser humano, dentre 
os quais se destacam a Rickettsia prowazekii, 
agente etiológico do tifo 
exantemático/epidêmico/clássico/tifo por piolho; 
outra bactéria transmitida por P. humanus 
humanus é a Bartonella quintana (= Rochalimaea 
quintana) agente etiológico da enfermidade 
conhecida como febre das trincheiras. 
→Forma de transmissão dessas patogenias: após 
a hematofagia, os piolhos defecam próximo ao 
local da picada. Ao coçar, devido à reação 
imunológica provocada pelas enzimas 
anticoagulantes e anestésicas, que o piolho injeta 
no ato da hematofagia, o indivíduo carreia para o 
local da picada (introdução da prosbóscide) fezes, 
e caso o piolho esteja positivo com algumas destas 
bactérias, elas serão eliminadas junto com as 
fezes, penetrando na corrente sanguínea, 
contaminando assim o indivíduo. 
→Dependendo do agente o indivíduo pode 
apresentar diferentes sinais e sintomas: mialgia, 
meningoencefalites, adenopatia crônica, erupções 
maculopapulares passageiras, artralgia, cefaleia 
intensa, febre alta por períodos de 5 a 7 dias 
acompanhada ou não de delírios, erupções 
cutâneas hemorrágicas, endocardite e 
bacteremia. 
→Outros aspectos clínicos como prurido intenso 
no corpo, anemia, espessamento na pele, 
hiperpigmentação com distribuição generalizada e 
 Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR 
infecções oportunistas também podem ser 
observados. 
DIAGNÓSTICO 
→É feito pela observação de uma das fases 
evolutivas do P. humanus humanus: ovos 
(lêndeas), ninfas (1º, 2º e 3º estágios) e adultos: 
machos e fêmeas. 
→São encontradas, geralmente, nas dobras ou 
costuras das roupas; regiões, como proximidade 
da cintura. 
CONTROLE 
→Fazer a higienização correta do corpo, 
juntamente com troca e lavagem das roupas, as 
quais devem sofrer aplicação de inseticidas. 
PEDICULOSE DA REGIÃO PUBIANA 
→Caracteriza-se como uma doença sexualmente 
transmissível; 
→O nome científico binomial para o piolho da 
região pubiana é Pthirus pubis (Linnaeus, 1758). 
Atualmente, o gênero apresenta duas espécies (P. 
pubis e P. gorillae) e é o único gênero da família 
Pthiridae. 
ETIOPATOGENIA/DINÂMICA DA 
INFESTAÇÃO 
→O agente etiológico da pediculose da região 
pubiana é o Pthirus púbis; 
→Também realiza hematofagia;→Também presenta fases evolutivas de ovo 
(lêndea), ninfas (1 º, 2º, e 3º estágios), adultos 
(machos e fêmeas); 
→Diferentemente dos piolhos da cabeça e do 
corpo o P. pubis raramente se desloca, pois fica 
agarrado à base dos pelos, com o aparelho bucal 
injetado na pele, fazendo hematofagia quase que 
de um modo contínuo. 
→Vive em torno de 30 dias e a fêmea pode colocar 
de 2 a 3 ovos por dia. 
QUADRO CLÍNICO 
→A presença do P. pubis leva a um quadro 
conhecido como ftiríase, caracterizado por um 
prurido intenso provocando irritação cutânea, 
dermatite e aparecimento de pápulas 
eritematosas, acompanhadas ou não de 
escoriações oriundas de infecções oportunistas, 
além de manchas com áreas azuladas ou 
acinzentadas localizadas no abdome e face interna 
das coxas, conhecidas como maculae ceruleae. 
DIAGNÓSTICO 
→A observação nas roupas íntimas de gotículas de 
sangue e vestígios de crosta da pele decorrente 
das escoriações facilita o diagnóstico. 
→A realização do diagnóstico diferencial pode ser 
feita com impetigo, dermatite eczematoide 
infecciosa, psoríase, dermatite seborreica e 
dermatite de contato e blefarite nos cílios. 
TRATAMENTO PARA AS 3 PEDICULOSES 
→lavagem dos cabelos com shampoos e aplicação 
de loções específicos para pediculose. 
→Em alguns casos pode ser necessária a 
medicação oral, prescrita por médico 
dermatologista; 
→Remoção total dos piolhos e lêndeas com pente 
fino ou manualmente, um por um, pois os 
medicamentos não matam os ovos do parasita. 
→É importante que todos que convivam com a 
pessoa acometida pela pediculose sejam 
examinados e se necessário tratados, para evitar a 
reinfestação. 
→Para a pediculose do corpo, recomenda-se 
retirar a roupa parasitada e mergulhá-la por 2 
horas em água fria contendo formol ou Lysoform. 
Esta operação deve ser repetida a cada 4 dias e em 
toda a família. Havendo lesões cutâneas, estas 
devem ser tratadas com pomadas próprias, à base 
de corticoide. Caso essas lesões estejam 
infeccionadas, podem-se usar pomadas à base de 
antibióticos. 
→O aquecimento das roupas de corpo e de cama 
a 70°C, durante uma hora, mata todos os piolhos 
encontrados. Para P. humanus, o inseticida de 
escolha é ainda o DDT a 10% polvilhado nas vestes, 
sendo eficaz naquelas populações de insetos ainda 
suscetíveis ao inseticida. O malathion e o lindane 
podem também ser utilizados como alternativos. 
→No caso de P. capitis, havendo lesões na pele, a 
aplicação de piolhicidas só deverá ser feita após a 
 Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR 
remoção dos insetos e o tratamento germicida. O 
tratamento da pediculose do couro cabeludo deve 
se iniciar por métodos naturais de controle e, 
mesmo fazendo-se uso de piolhicidas, devem ser 
estes empregados simultaneamente com aqueles. 
(métodos de controle natural: catação manual; 
penteação ou escovação frequentes; solução 
salina...) 
→Uso tópico: benzoato de benzila, butóxido de 
piperonila, deltametrina, lindane, malation, 
permetrina e dimeticone 
→ Benzoato de benzila (acarsan, escabiol, 
miticoçan. pruridol): desaconselhado em caso de 
infecções secundárias no couro cabeludo, seu 
mecanismo de ação é desconhecido. 
→Organoclorados (lindane, hexaclorocicloexano): 
é o isômero gama do BHC, cuja maior restrição é 
acumular-se nos tecidos adiposos e circular pelos 
diversos componentes das cadeias alimentares. 
Para alguns autores, pode causar ainda 
irritabilidade, inquietação, nervosismo, insônia, 
convulsões e apoplexia em crianças. 
→ Produtos usados em tratamentos sistêmicos: a) 
sulfa- metoxazol-trimetropina, atuando apenas 
sobre ninfas e adultos, não sendo, todavia, 
aprovado pela Food and Drug Administration 
(FDA) para tratamento em humanos; b) 
ivermectina, altamente efetiva contra os adultos e 
ninfas, não sendo eficaz contra as lêndeas. Embora 
este medicamento esteja sendo utilizado em 
grande escala em pediatria, não é também 
aprovado pelo FDA para tratamento em humanos. 
CONTROLE 
→Os pacientes com ftiríase devem ser orientados 
a lavar e ferver roupas íntimas e roupas de cama, 
além de evitar contato sexual até que a infestação 
seja eliminada. 
→O uso de preservativo não evita a transmissão 
entre os indivíduos parasitados. 
EPIDEMIOLOGIA 
→Enquanto P. humanus é mais frequente na 
populaçà adulta, sobretudo aquela com estilo de 
vida gregário e em caráter de promiscuidade 
(prostitutas, mendigos, prisioneiros, asilos, 
manicômios), P. capitis é mais prevalente em 
crianças e jovens, sendo a principal forma ou 
espécie que causa pediculose no Brasil e em vários 
outros países A faixa etária predileta, em quase 
todo o mundo é de 6 a 13 anos. 
ESCABIOSE 
→É uma Ectoparasitose de ampla distribuição 
geográfica e mundial, prevalecendo em países 
com problemas socioeconômicos acentuados, 
portanto ligada a fatores de baixa renda, 
promiscuidade e higiene inadequada, levando a 
sérias consequências e problemas de saúde 
pública. 
→O agente etiológico é o Sarcoptes scabiei. 
→Trata-se de um Arthropoda da Classe 
Arachinida, Ordem Acari, Espécie Sarcoptes 
scabiei, variedade hominis. 
→Ou seja, são ácaros da família Sacarcoptidae. 
→Sinonímias: Sarna, pereba, curuba, pira, quipá. 
CICLO BIOLÓGICO 
→ Pode durar cerca de 10 a 14 dias. 
→Os ácaros se alojam sob a pele de seu 
hospedeiro, formando galerias, onde a fêmea faz 
a oviposição. 
→Seus estágios evolutivos compreendem ovo, 
larvas hexápodes, ninfas octópodes (protoninfas e 
tritoninfas) e adultos machos e fêmeas. 
→As larvas hexápodes eclodem dos ovos e depois 
de 2 dias cavam túneis laterais para migrar na 
superfície e escondem-se abaixo das escamas 
epidérmicas, penetrando nos folículos pilosos. 
→Após o segundo e terceiros dias as larvas dão 
origem às ninfas octópodes de primeiro estágio e, 
em seguida, a protoninfa que se transforma em 
tritoninfa até atingir o último estágio evolutivo dos 
adultos. 
→As fêmeas realizam a oviposição na superfície a 
partir da construção de túneis com 
aproximadamente 0,5 a 5 mm de profundidade 
por dia. Os ácaros vivem em média de 2 a 3 meses. 
 
ETIOPATOGENIA/ DINÂMICA DA 
INFESTAÇÃO 
→Acomete a pele dos indivíduos parasitados, 
causando a sarna zoonótica em humanos. 
 Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR 
→A transmissão ocorre pelo contato direto entre 
os indivíduos, por meio de fômites, pois o parasito 
pode sobreviver alguns dias fora do corpo do 
hospedeiro, em roupas, toalhas, lençóis. 
QUADRO CLÍNICO 
→As lesões atingem principalmente os espaços 
interdigitais, a superfície dos punhos, cotovelos, 
axilas, tornozelos, pés, virilhas, genitálias, seios; 
→As lesões mais específicas são túneis com 
minúsculas vesículas localizadas nas mãos, 
nódulos em órgãos genitais e axilas. 
→ O prurido intenso é causado por reação alérgica 
a produtos metabólicos do ácaro. 
DIAGNÓSTICO 
→O período de incubação é de 3 semanas, porém, 
em casos de reinfestações, os sintomas podem 
reaparecer de 1 a 3 dias. A coceira noturna é o 
principal sintoma. 
→Baseia-se na sintomatologia, tipo e topografia 
das lesões e dados epidemiológicos. Pode ser feito 
também mediante a visualização do ácaro, à 
microscopia pelo raspado ou biópsia de pele; 
→O diagnóstico é feito pela técnica da fita 
gomada que primeiramente é aderida à pele. 
Logo, após sua retirada, é levado ao microscópio 
para a observação de fases evolutivas do ácaro: 
ovos, ninfas, adultos ou fezes dos ácaros. 
→Deve-se fazer o diagnóstico diferencial de 
urticárias, impetigo e roséolas sifilíticas. 
TRATAMENTO 
→Tratar toda a família; 
→ Ivermectina, dose única, VO, obedecendo a 
escala depeso corporal (15 a 24kg: 1/2 
comprimido; 25 a 35kg: 1 comprimido; 36 a 50kg: 
1 1/2 comprimido; 51 a 65kg: 2 comprimidos; 65 a 
79kg: 2 1/2 comprimidos; 80 kg ou mais: 3 
comprimidos). A dose pode ser repetida após 1 
semana. Permetrima a 5% em creme, uma 
aplicação à noite, por 6 noites, ou Deltametrina, 
em loções e shampoos, uso diário por 7 a 10 dias. 
Enxofre a 10% diluído em petrolatum deve ser 
usado em mulheres grávidas e crianças abaixo de 
2 anos. Pode-se usar antihistamínicos sedantes 
(Dexclorfeniramina, Prometazina), para alívio do 
prurido. Havendo infecção secundária, utiliza-se 
antibioticoterapia sistêmica. 
CONTROLE 
→Realizar a higiene e limpeza do ambiente, como 
colchões, colchas, lençóis e peças íntimas que 
devem ser lavadas e passadas a ferro quente; 
→As roupas devem ficar livres do contato com o 
hospedeiro e contactantes por 7 dias. 
→ Investigar a existência de casos na mesma rua, 
creches e outros ambientes de convivência do 
paciente é importante para evitar surtos 
comunitários. 
→Isolamento: Deve-se afastar o indivíduo da 
escola ou trabalho até 24 horas após o término do 
tratamento. Em caso de paciente hospitalizado, 
recomenda-se o isolamento, a fim de evitar surtos 
em enfermarias, tanto para outros doentes 
quanto para os profissionais de saúde, 
especialmente no caso da sarna norueguesa. O 
isolamento deve perdurar por 24/48 horas após o 
início do tratamento. 
CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS 
→Ocorre em qualquer lugar do mundo e está 
vinculada a hábitos de higiene. 
→É frequente em guerras e em aglomerados 
populacionais. Geralmente, ocorre sob a forma de 
surtos em comunidades fechadas ou grupos 
familiares. 
→ Não é doença de notificação compulsória. 
DERMATOBIOSE 
→ Dermatobia hominis (Díptera: Cuterebridae) é 
um díptero cujas larvas são parasitos obrigatórios, 
tendo os bovinos como principais hospedeiros, 
podendo também parasitar o homem e outros 
animais domésticos como caninos, suínos, 
caprinos, ovinos, felinos e raramente equinos. 
→Suas larvas desenvolvem-se no tecido cutâneo 
do hospedeiro, determinando uma miíase 
primária do tipo nodular ou miíase furuncular, 
conhecida no Brasil como "berne". 
→Em condições naturais de campo, a mosca D. 
hominis é totalmente dependente de outros 
 Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR 
insetos, que funcionam como foréticos ou 
carreadores de ovos. 
→A mosca D. hominis possui coloração azul-
metálico, é ovípara e, após a cópula, deposita seus 
ovos no corpo de outros dípteros (foréticos), 
especialmente moscas ou mosquitos zoófilos que 
geralmente são encontrados frequentando 
bovinos e equinos. 
→A mosca adulta raramente é vista na natureza e 
tem por habitat locais úmidos, onde os arbustos e 
árvores apresentam crescimento denso, portanto, 
geralmente são encontradas em abundância nas 
margens de matas, florestas-galeria e plantações 
de Eucalyptus; 
→ Além disso, a sua sobrevivência também é 
influenciada pela temperatura, sendo 
significativamente reduzida em temperaturas 
abaixo de 18 °C ou acima de 30 °C; 
CICLO BIOLÓGICO 
→Durante o voo, a Dermatobia captura e 
imobiliza, com o auxílio das pernas, o inseto 
forético e então deposita seus ovos, em número 
variável (cerca de 15 a 20 ovos), na extremidade 
lateroventral do abdome. Estes permanecem 
fortemente aderidos por uma substância 
cimentante que impede que os ovos sejam 
removidos do abdome dos insetos foréticos; 
→ Os ovos permanecem incubados no abdome do 
inseto forético e, após aproximadamente sete 
dias, darão origem a uma larva de primeiro estádio 
(L1); eles ficam ligados no vetor pela extremidade 
caudal e em posição inclinada, de modo que 
extremidade cefálica fique em contato com o 
hospedeiro quando o vetor pousar; 
→Após esses 7 dias, quando o vetor pousa no 
hospedeiro, a larva L1 é estimulada pelo calor do 
hospedeiro e abandona o ovo através de uma 
abertura opercular localizada na região anterior 
do ovo, penetrando, então, ativamente no corpo 
do hospedeiro e invadindo assim o tecido 
subcutâneo (a larva mede 1,5 mm e em dez 
minutos penetra na pele sã ou lesada), onde 
permanecerá de 35 a 42 dias, em média, período 
em que cresce, desenvolve e sofre duas mudas 
para larva de 2º e 3º estágios (L2 e L3); 
→No mesmo local de penetração da larva, é 
mantido um pequeno orifício, local por onde esta 
respira durante o desenvolvimento; 
→ Ao atingir a maturidade, a L3 abandona o 
hospedeiro, saindo pelo mesmo orifício por onde 
penetrou, cai no solo, enterra-se e transforma-se 
em pupa, e esta, após um período de pupação que 
varia de 34 a 78 dias, dependendo das condições 
climáticas do ambiente, dará origem à mosca, 
reiniciando o ciclo; 
→A L3 madura geralmente abandona o 
hospedeiro durante a noite ou nas primeiras horas 
da madrugada, dessa forma evita a ação abrasiva 
dos raios solares ou a ação de predadores diurnos; 
→O sucesso biológico da fase de vida livre 
dependerá da textura do solo (seco ou úmido) e 
da temperatura que a larva encontrar. O 
percentual de emergência de pupas que caem em 
solo seco varia de 1 a 3%, enquanto que em solo 
úmido este percentual pode atingir 40 a 50%; 
→Mais de cinquenta espécies de dípteros 
pertencentes a diversas famílias, tais como 
Muscidae, Calliphoridae, Sarcophagidae, 
Fanniidae, Culicidae, Tabanidae, entre outras, 
foram listados como foréticos; 
PATOGENIA E QUADRO CLÍNICO 
→No homem, as larvas causam miíases dérmicas, 
palpebrais, oftalmomiíases, entre outras; 
→Ao penetrar no tecido subcutâneo do 
hospedeiro, o “berne”, como a larva é 
popularmente conhecida, permanece enquistado 
no ponto de entrada, mantendo um pequeno 
orifício pelo qual realiza a respiração, local onde 
também é observada reação inflamatória com 
produção de pus e outros exudatos; 
→ Cerca de sete dias após a penetração da larva 
no tecido subcutâneo, o furúnculo já é notável, 
apresenta cerca de 1 cm de diâmetro e continua 
crescendo até o fim do desenvolvimento, medindo 
de 2 cm a 3 cm de diâmetro quando a L3 completa 
seu desenvolvimento; 
→ Durante a infestação pelo berne, é observada 
presença de grande quantidade de eosinófilos, 
basófilos e mastócitos degranulados, assim como 
a presença de imunoglobulinas; 
 Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR 
→E, embora a resposta inflamatória seja intensa, 
não foi observada a morte das larvas, pois estas 
apresentam mecanismos de escape que as 
protegem da resposta imune do hospedeiro; além 
disso, a própria secreção purulenta no local e a 
existência do orifício são atrativos para a “mosca 
bicheira” (Cochliomyia hominivorax) realizar a 
oviposição, sendo que a associação entre as 
infestações por tais parasitas é muito comum nos 
rebanhos bovinos e ovinos; 
→ No geral, a evolução do parasitismo é benigna, 
mas a dermatobiose seguida de infecção 
secundária (bacteriana e/ou por outras miíases) 
pode resultar em morte do hospedeiro, 
especialmente em animais jovens; 
CONTROLE E TRATAMENTO 
→ Aplicação de inseticidas, a fim de matar a larva 
no furúnculo e prevenir a reinfestação; 
→ Entre os antiparasitários mais utilizados e que 
apresentam alta eficácia para o 
controle/prevenção da dermatobiose está a 
ivermectina + abamectina; 
→Para os animais, existe uma série de produtos 
fosfora- dos que são neles aplicados 
preventivamente. As larvas, ao saírem dos ovos 
transportados pelos insetos veiculadores e 
entrarem em contato com a pele do animal 
tratado, morrem rapidamente. 
→Na espécie humana recomenda-se tirar o berne 
logo que seja percebido. O berne provoca um 
prurido intenso e depois dor. O orifício abertopossibilita a entrada de larvas de outras moscas, 
assim como de várias bactérias que podem 
complicar o quadro. 
→A melhor maneira de se retirar o berne é 
matando-o por asfixia: 
• raspar os pelos da região (no caso de animais 
domésticos ou da cabeça em humanos); 
• colar firmemente um pedaço de esparadrapo (3 
cm2 de lado); 
• deixar por uma hora; 
• retirar o esparadrapo: o berne deverá estar 
aderido a ele. Caso não esteja, com ligeira 
compressão sairá; 
• tratar a ferida com bacteriostático local. 
→ Colocar um pequeno pedaço de fumo de rolo 
em água filtrada, ferver durante 15 minutos. 
Depois de fria, colocar algumas gotas no orifício do 
berne. A nicotina matará o berne rapidamente, 
facilitando sua extirpação por compressão 
manual. O berne, ou os bernes presentes num 
mesmo orifício, deverão ser retirados íntegros, 
para facilitar a cicatrização. De outra forma, 
poderá haver proliferação bacteriana, evoluindo 
para um abscesso. 
→OBS: deve-se matar o berne antes de tentar 
retirá-lo. Estando vivo, mantém os seus espinhos 
firmemente aderidos aos tecidos do hospedeiro, 
dificultando sua extirpação. Dependendo da área, 
só sairá do orifício após ligeira anestesia local, com 
neotutocaína ou xilocaína, seguida de incisão na 
pele com bisturi ou tesoura. 
EPIDEMIOLOGIA 
→A mosca D. hominis é vulgarmente conhecida 
como mosca-berneira. Ocorre desde o México até 
a Argentina. No Brasil, é vista em todos os Estados 
da federação, com exceção das áreas secas do 
Nordeste. Prefere áreas úmidas e montanhosas; 
→É uma espécie endêmica na região Neotropical. 
→Dermatobia hominis é considerado um dos 
ectoparasitas mais importantes da América Latina 
e é responsável por significativas perdas 
econômicas, principalmente na criação de 
bovinos, devido à desvalorização do couro e 
redução na produtividade; 
→O parasitismo pelo berne é observado durante 
o ano todo, mas a prevalência é mais elevada 
durante os meses de primavera e verão, período 
em que são observados temperaturas e índices 
pluviométricos elevados 
→Está associada com regiões que têm 
temperaturas moderadamente altas durante o dia 
e relativamente frias durante a noite, precipitação 
de mediana a abundante, vegetação densa e um 
número razoável de animais; 
→ O comportamento sexual das moscas, por 
exemplo, é reduzido em temperaturas abaixo de 
23 °C e praticamente não ocorre em temperaturas 
abaixo de 17 °C. Temperaturas entre 27 °C e 30 °C, 
assim como a presença de luz forte, foram 
consideradas ótimas para o acasalamento, pois 
 Andressa Marques Cunha Lisboa – UFR 
nessas condições foi observada grande proporção 
de fêmeas inseminadas.

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