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Este livro é uma compilação de cinco ensaios sobre a ideia de habitar do arquiteto e crítico fi nlandês Juhani Pallasmaa. Desde a abordagem fenomenológica que aparece no primeiro e mais longo artigo, “Identidade, intimidade e domicílio” (1994), até o signifi cado da experiência do tempo na realidade empírica humana de “Habitar no tempo” (2015), o conjunto não somente trata das dimensões materiais, formais, geométricas e racionais da ideia de habitar como também investiga de maneira apaixonante as realidades mentais, sub- conscientes, míticas e poéticas da construção e da moradia. JU H A N I PA LLA SM A A H A B ITA R JUHANI PALLASMAA HABITAR Juhani Pallasmaa (Hämeenlinna, 1936) é arquiteto e trabalha em Helsinque, Finlândia. Foi professor de arquitetura na Universidade de Tecnologia de Helsinque, diretor do Museu de Arquitetura da Finlândia e professor convidado em diversas escolas de arquitetura do mundo inteiro. É autor de inúmeros artigos sobre fi losofi a, psicologia e teoria da arquitetura e da arte, e dos livros Os olhos da pele (2011), As mãos inteligentes e A imagem corporifi cada (2013). FR A N CESCO CA R ER I CA M IN H A R E PA R A R Francesco Careri (Roma, 1966) é arquiteto, professor e pesquisador do Departamento de Arquitetura da Università degli Studi Roma Tre, onde dirige o grupo de pesquisa Laboratorio Arti Civiche e leciona uma disciplina homônima. Durante esse curso peripatético ocorrem caminhadas, em que se interage com fenômenos urbanos emergentes nos locais percorridos. Com outros arquitetos e artistas, Careri fundou, em 1995, o laboratório de arte urbana Stalker/Osservatorio Nomade, que é uma reunião de interessados que realizam, na cidade, ações de arte pública, informal e multicultural, estudos das microtransformações introduzidas pelos habitantes e projetos de autorrecuperação e de autoconstrução. Além deste livro, Francesco Careri é autor, entre outros, de Walkscapes: O caminhar como prática estética (2013) e de Constant: New Babylon, una città nomade (2001). Em seu livro anterior Walkscapes. O caminhar como prática estética, Francesco Careri eleva o ato de caminhar à categoria de arte. Em suas páginas, ele nos faz descobrir o andar como instrumento cognitivo e criativo, capaz de transformar o espaço de forma simbólica e física. Trata-se de um estudo que, com os anos, acabou convertendo-se em um clássico da bibliografi a do caminhar. Como continuação desse primeiro livro, Caminhar e parar dá um passo à frente e introduz a experiência da pausa, do deter-se, no ato de caminhar. Essa experiência específi ca surgiu com base nas ações e refl exões que Careri foi elaborando ao longo de vinte anos, em suas aulas como artista, arquiteto e professor do Laboratorio Arti Civiche da Università degli Studi Roma Tre. O livro reúne diferentes artigos que nos conduzem a Stalker, à morte de Constant, às cidades dos ciganos rom, a diversas deambulações por cidades latino-americanas e a outros episódios que nos levam a olhares diversos sobre o passear e o deter-se. O corpus teórico e experimental de Careri mostra-se, nestas páginas, com todo vigor e, como já fi zera anteriormente com Walkscapes, nos introduz num universo novo e surpreendente: o universo da ética e da estética do caminhar, e agora, também do deter-se. FRANCESCO CARERI CAMINHAR E PARAR Outros títulos de interesse: Três textos sobre a cidade Rem Koolhaas 12 x 18 cm, 112 páginas ISBN: 9788565985543 Habitar Juhani Pallasmaa 12 x 18 cm, 128 páginas ISBN: 9788584520916 www.ggili.com.br GG GG Outros títulos de interesse: Três textos sobre a cidade Rem Koolhaas 12 x 18 cm, 112 páginas ISBN: 9788565985543 Caminhar e parar Francesco Careri 12 x 18 cm, 128 páginas ISBN: 9788584520909 www.ggili.com.br GG GG w w w .g gi li. co m .b r http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db Editorial Gustavo Gili, SL Via Laietana 47, 2º, 08003 Barcelona, Espanha. Tel. (+34) 93 3228161 Editora G. Gili, Ltda Av. José Maria de Faria, 470, Sala 103, Lapa de Baixo CEP: 05038-190, São Paulo-SP, Brasil. Tel. (+55) (11) 3611 2443 w w w .g gi li. co m .b r http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db JUHANI PALLASMAA HABITAR TRADUÇÃO DE ALEXANDRE SALVATERRA w w w .g gi li. co m .b r http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db Tradução, revisão técnica e preparação de texto: Alexandre Salvaterra e Ana Beatriz Fiori Revisao de texto: Adriana Cerello Ilustração da capa: Rafamateo Qualquer forma de reprodução, distribuição, comunicação pública ou transfor- mação desta obra só pode ser realizada com a autorização expressa de seus titulares, salvo exceção prevista pela lei. Caso seja necessário reproduzir algum trecho desta obra, seja por meio de fotocópia, digitalização ou transcrição, entrar em contato com a Editora. A Editora não se pronuncia, expressa ou implicitamente, a respeito da acuidade das informações contidas neste livro e não assume qualquer responsabilidade legal em caso de erros ou omissões. © dos textos: Juhani Pallasmaa © da tradução: Alexandre Salvaterra para a edição em português: © Editorial Gustavo Gili, SL, Barcelona, 2017 ISBN: 978-85-8452-094-7 www.ggili.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Pallasmaa, Juhani, 1936- Habitar / Juhani Pallasmaa ; [tradução e revisão técnica Alexandre Salvaterra]. --- São Paulo : Gustavo Gili, 2017. Título original: Habitar Bibliografia ISBN: 978-85-8452-094-7 1. Arquitetura habitacional 2. Espaço (Arquitetura) I. Título. 17-02693 CDD-728 Índices para catálogo sistemático: 1. Casas : Arquitetura habitacional 728 w w w .g gi li. co m .b r http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db SUMÁRIO 7 PRÓLOGO HABITAR NO ESPAÇO E NO TEMPO 11 IDENTIDADE, INTIMIDADE E DOMICÍLIO 45 O SENSO DE CIDADE 57 O ESPAÇO HABITADO 87 A METÁFORA VIVIDA 111 HABITAR NO TEMPO 125 FONTE DOS TEXTOS w w w .g gi li. co m .b r http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db w w w .g gi li. co m .b r http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db 7 PRÓLOGO HABITAR NO ESPAÇO E NO TEMPO JUHANI PALLASMAA “Para mim, qualquer tipo de arquitetura, independen- temente de sua função, é uma casa. Eu projeto ape- nas casas, não arquitetura. Casas são simples. Elas sempre mantêm uma relação interessante com a ver- dadeira existência, com a vida”, confessa o arquiteto Wang Shu, ganhador do prêmio Pritzker em 2012. De modo geral, concordo com meu colega chinês. A casa é um cenário concreto, íntimo e único da vida de cada um, enquanto uma noção mais ampla de arquitetura implica necessariamente generalização, distancia- mento e abstração. O ato de habitar revela as origens ontológicas da arquitetura, lida com as dimensões primordiais de habitar o espaço e o tempo, ao mesmo tempo em que transforma um espaço sem significado em um espaço especial, um lugar e, eventualmente, o domicílio de uma pessoa. O ato de habitar é o modo básico de alguém se relacionar com o mundo. É funda- mentalmente um intercâmbio e uma extensão; por um lado, o habitante se acomoda no espaço e o espaço se acomoda na consciência do habitante, por outro, esse w w w .g gi li. co m .b r http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db 8 lugar se converte em uma exteriorização e uma exten- são de seu ser, tanto do ponto de vista físico quanto mental. Habitar é, ao mesmo tempo, um evento e uma qua- lidade mental e experimental e um cenário funcional, material e técnico. A noção de lar se extende muito além de sua essência e seus limites físicos. Além dos aspectos práticos de residir, o ato de habitar é tam- bém um ato simbólico que, imperceptivelmente, orga- niza todo o mundo do habitante. Não apenas nossos corpos e necessidades físicas, mas também nossas mentes, memórias, sonhos e desejos devem ser aco- modados e habitados. Habitar é parte de nossopró- prio ser, de nossa identidade. Apesar disso, para mim, a arquitetura possui duas origens distintas: além do ato de habitar, a arquitetura deriva do ato de celebrar. O primeiro constitui um modo de definir o domicílio de alguém no mundo, o segundo é a celebração, a reverência e a elevação de atividades sociais, ideias e crenças distintas. Essa segunda ori- gem da arquitetura dá lugar às instituições religiosas, culturais, sociais e mitológicas. Como afirma Ludwig Wittgenstein: “A arquitetura glorifica e eterniza algu- ma coisa. Quando não há nada a glorificar, não há ar- quitetura”.1 Podemos também pensar que a casa celebra o ato de habitar ao conectar-se de modo intencional com as realidades do mundo. Os inúmeros e diferenciados propósitos e funções das edificações contemporâ- neas são funcionalidades avançadas dos atos origi- w w w .g gi li. co m .b r http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db 9 nais de habitar, tanto a moradia quanto a celebração. Nesse processo contínuo de especialização, a arqui- tetura está se distanciando cada vez mais dos conteú- dos míticos originais da edificação e se tornando cada vez mais desprovida de qualquer significado mental mais profundo; resta apenas o desejo de estetização. No mundo obscenamente materialista de hoje, a es- sência poética da arquitetura está sendo ameaçada simultaneamente por dois processos: a funcionaliza- ção e a estetização. O ato de habitar é geralmente compreendido em re- lação ao espaço, como uma maneira de domesticar ou controlar o espaço, mas devemos igualmente do- mesticar e controlar o tempo, reduzindo a escala da eternidade para torná-lo compreensível. Somos in- capazes de viver no caos espacial, mas também não conseguimos viver fora do tempo e da duração. Ambas as dimensões necessitam ser articuladas e dotadas de significados específicos. O tempo também deve ser reduzido para a escala humana e concretizado como uma duração contínua. As cidades e edificações anti- gas são confortáveis e estimulantes, pois nos situam no contínuo temporal. São museus benevolentes do tempo, que registram, armazenam e mostram traços temporais diferentes de nossa atual noção de tempo, nervosa, apressada e plana. Elas projetam um tempo “lento”, “consistente” e “tátil”. A modernidade se com- prometeu prioritariamente com o espaço e a forma, enquanto o tempo, uma qualidade essencial de nossa existência, foi negligenciado. w w w .g gi li. co m .b r http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db Parece-me que os escritores, cineastas e artistas vislumbram a essência humana e o significado de ha- bitar de modos mais profundos e sutis do que os ar- quitetos. Para nós arquitetos, o lar é simplesmente uma residência estetizada e funcional, mas negligen- ciamos os significados existenciais pré-conscientes do ato de morar. Como sugere Martin Heidegger, per- demos nossa capacidade de habitar. Em meus numerosos ensaios, escritos ao longo dos últimos 25 anos, frequentemente lidei com questões relativas ao habitar, devido a seu papel fundamental na constituição da arquitetura. Dos cinco ensaios es- colhidos para este livro, “Identidade, intimidade e do- micílio” (1994) é meu primeiro estudo mais amplo de base fenomenológica sobre o tema, enquanto “Habitar no tempo” (2015) é um dos meus estudos mais recen- tes a respeito do significado da experiência do tempo na realidade existencial do ser humano. De modo geral, a ênfase de meus estudos filosóficos da arquitetura partiu de dimensões materiais, formais, geométricas e racionais rumo às realidades mentais, subconscien- tes, míticas e poéticas do construir e do habitar. 1 Von Wright, Georg Henrik e Nyman, Heikki (comp.), Ludwig Wittgen- stein. Culture and Value. Oxford, Blackwell Publishing, 1998. w w w .g gi li. co m .b r http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db IDENTIDADE, INTIMIDADE E DOMICÍLIO OBSERVAÇÕES SOBRE A FENOMENOLOGIA DO LAR 1994 w w w .g gi li. co m .b r http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db w w w .g gi li. co m .b r http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db 13 O homo faber e o vazio existencial A identidade era o tema recorrente na obra literária do escritor suíço Max Frisch, que, não por casualidade, possuía formação como arquiteto. Em seu livro Homo Faber, Frisch descreve um especialista da Unesco: um engenheiro – símbolo do homem moderno – que viaja continuamente por todo o mundo em suas missões. O engenheiro é um homem racional e realista, cuja vida parece estar sob perfeito controle racional. Contudo, ele vai perdendo contato com seu lugar de origem, seu lar e, finalmente, sua própria identidade. Ele acaba se apaixonando pela própria filha – a qual não reconhece – como trágica consequência da perda de seu lar e de suas raízes. Seu amor indecente conduz ao incesto e termina de modo violento, com a morte dela.1 O grande erro do homo faber foi a convicção de que um homem pode existir sem um domicílio fixo, que a tecnologia é capaz de transformar o mundo a tal ponto que já não é mais necessário vivenciá-lo por meio das emoções. No mundo consumista de hoje, muitos de nós so- fremos da alienação do homo faber. Perdemos nosso w w w .g gi li. co m .b r http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=5484&m=db JUHANI PALLASMAA - HABITAR - CAP 1.pdf img20200330_22314818.pdf img20200330_22302064.pdf img20200330_22294169.pdf img20200330_22285415.pdf img20200330_22281196.pdf img20200330_22272818.pdf img20200330_22264655.pdf img20200330_22255112.pdf img20200330_22250035.pdf img20200330_22240219.pdf img20200330_22231500.pdf img20200330_22220615.pdf img20200330_22210927.pdf img20200330_22182176.pdf PAG 14.15.pdf
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