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PAPER MONGE JOAO MARIA

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7
JOÃO MARIA, O MONGE ATRAVÉS DOS TEMPOS
Denise do Rocio Wardenski¹
Claudia Regina de Lima²
	
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo, apresentar a história da origem das devoções pelo monge João Maria e seus sucessores. Assim como os efeitos dessas devoções na vida do povo e para a Guerra do Contestado. Dentre estes houveram dois, que desapareceram e deixaram sua partida a mercê do imaginário da população.O outro deu a vida para para lutar pelo ideal que defendia. Pesquisa de cunho bibliográfico realizada em sites com artigos históricos, em artigos científicos publicados e livros digitais. 
Palavras-chave: Monge. João Maria. Guerra do Contestado. 
1. INTRODUÇÃO
Através de gerações, muito se tem ouvido falar em um monge que percorreu o sul do país, abençoando águas (que se tornavam milagrosas), plantando cruzes, realizando profecias a respeito do futuro da humanidade, entre tantos outros feitos. Mas afinal, quem foi ou foram esses monges? De onde vieram e para onde foram?
João Maria é um dos tantos nomes presentes nas devoções do povo do sul brasileiro desde 1846. A crença no monge é tão grande, que pela maioria é chamado de São João Maria, mesmo nunca tendo sido canonizado. Os fiéis seguem até hoje seus ensinamentos acreditando em suas professias realizando procissões nos lugares onde dizem que ele dormiu, nas cruzes que plantou e buscando cura nas águas que ele abençoou. O último de seus sucessores, José Maria, foi considerado como estopim para a Guerra do Contestado (1912-1916) e pelo povo foi chamado de herói.
No decorrer desta pesquisa bibliográfica, serão apresentadas as histórias de vida desses monges e o que eles representaram na vidas das pessoas daquela época. Dentre os autores pesquisados, houve destaque para o Doutor em História Social Alexandre de Oliveira Karsburg 
Pesquisa realizada entre os dias 05 de abril de 2020 e 08/06/2020.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
 O sul do Brasil é permeado por diversas crenças, porém, nenhuma com tanto significado para os povos da região do contestado quanto a de “São” João Maria. 
 Na região houveram três monges com características semelhantes. Peregrinos que abdicaram de bens pessoais, envolvendo-se em lendas de bilocação. Porém, foram figuras distintas que viveram em diferentes épocas, acabando por serem confundidos por suas semelhanças no modo de vida. Devido à essa confusão João Maria acabou por ganhar a imagem do santo que viveu através dos tempos, fazendo premonições sobre um futuro próximo.
 2.1 PRIMEIRO MONGE, JOÃO MARIA DE AGOSTINI
 Giovanni Maria de Agostini, nasceu em 1801, na província de Novara região de Piemonte, na Itália. Muito jovem, mas já com a intenção de tornar-se padre, iniciou seus estudos em um colégio Franciscano, quando por volta de 1820 afirmou ter tido uma visão de Nossa Senhora, em que ela o mandava seguir sua vida como eremita e pregar a palavra de Deus por onde passasse.
 
 E assim o fez. Deu início a sua missão de peregrinação pela Europa, onde, em 1837 decidiu tomar novos rumos, vindo a embarcar para a América desembarcando na Venezuela. Na sua peregrinação em solo americano, chega ao Brasil no ano de 1843, quando nas palavras do próprio monge “ Continuei indo ao leste, e cheguei a Foz do grande Rio para na sequência, seguir pela costa, passando por Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, onde parei por algum tempo.” (Wolfe, 1925, p. 5 apud Karsburg, 2014).
 
 Em agosto de 1844, Agostini desembarca no Rio de Janeiro a bordo do Vapor Imperatriz, em dezembro do mesmo ano chega na cidade de Sorocaba, na qual encontra-se no Livro de Registro de Estrangeiros a referência de um indivíduo que se denomina João Maria d’ Agostinho, que se apresenta dizendo ser eremita solitário por profissão tendo 43 anos e, que se originara da cidade de Piemonte na Itália, o qual apresentava uma pequena deficiência em três dedos da mão esquerda. Este foi o documento mais antigo com relatos do monge no Brasil.
 
 A cidade de Sorocaba consistia na época no fim do Caminho das Tropas, que era um conjunto de rotas que os tropeiros utilizavam para levar o gado desde Rio Grande do Sul. E foi por esse caminho que seguiu o eremita, até chegar ao Campestre no município de Santa Maria (RS). Por onde passava, Agostinho erguia cruzes simbolizando o calvário de Cristo, abençoava nascentes, incentivava penitências, fazia profecias (dentre elas, a de que seria sucedido por outros monges), colocava nas mão das pessoas a salvação de suas almas por mérito próprio. De acordo com Karsburg (2014), Agostinho permaneceu por onze meses no Campestre- 11/1845 à 10/1846- e descobriu três fontes de água mineral que logo atribuiu princípios curativos. Assim, em busca de curas, pessoas de vários locais do Brasil e de países vizinhos, começaram a reunir-se em volta do monge fazendo ajuntamentos e romarias. 
 
 Tais ajuntamentos começaram a charmar a atenção de autoridades locais, e acusado de charlatanismo, Agostinho foi preso, por apresentar-se como religioso sem possuir ordenamento correspondente. Em 1848 chega em Desterro, atual Florianópolis, ao início de 1849 já era reconhecido como santo com poderes provindos das águas santas. Preocupado com uma nova represália das autoridades, pediu permissão para partir, onde recebeu o salvo conduto do então Ministro da Justiça Euzébio de Queiroz, que o inocentava das acusações.
 
 Em 1850, deixa o Brasil, passando por Sorocaba e Lapa. Prosseguindo com suas peregrinações, destacou-se sua passagem em Cuba, México e EUA. Seu último registro de passagem deu-se na Cidade do Novo México, na década de 1860, onde morava no “Cerro Tecolote”, promoveu diversas curas através de plantas medicinais que encontrava nos arredores e da água provinda de uma gruta que havia no local que residia. O local passou a se chamar de “Hermit’s Peak” ( O Pico do Eremita).
 
 João Maria de Agostinho foi assassinado em 17 de abril de 1869, e encotrado por devotos que eram moradores do local. Enterrado na cidade de Mesila no Novo México (EUA) em sua lápide contém o epitáfio “ João Maria de Agostini. Eremita do Velho e do Novo Mundo. Morreu em 17 de abril de 1869, aos 69 anos e 49 como um eremita”.
 
 A comprovação que o João Maria falecido nos EUA era o mesmo que peregrinou pelo Brasil, deu-se por historiadores que em buscas a diversos documentos, encontraram o registro da cidade de Sorocaba, de que o eremita que ali chegou era aleijado de três dedos. Como na foto datada de 1863, encontrada entre os pertences do monge assassinado no Novo México.
 2.1 JOÃO MARIA DE JESUS
 Anastás Marcaf, tinha origem síria e foi o segundo monge que passou pelo sul do Brasil preferiu ser chamado de João Maria de Jesus. Como Agostini, também levava uma vida de peregrinação solitária, fazia profecias, benzia águas e realizava suas próprias doutrinas. Onde dizia que a palavra pregada por ele, tinha o mesmo valor que a rezada em uma missa, e que Jesus estava ali presente como em uma celebração oficial. 
É bom acrescentar ainda que os padres cobravam para rezar missas, fazer batizados enquanto o “monge fazia suas orações curas e dava seus conselhos gratuitamente. Saliente-se também que a mensagem do “monge” era facilmente compreendida pelos sertanejos, o que na maioria das vezes não ocorria com o discurso do padre.” (MOCELLIN.1958, p. 14.)
 
 Também desprezava bens materiais e o regime republicano, onde comparava a Monarquia como as leis de Deus e a República como as leis do Diabo. Em suas profecias dizia que linhas e burros pretos de ferro iriam carregar pessoas e uma estrada preta mataria muita gente.
 
 Por sempre pregar o que os camponeses necessitavam ouvir, João Maria de Jesus foi seguido por onde passou, contruiu capelas e foi chamado de santo, por suas pregações, curas e benzimentos.
 João Maria de Jesus desapareceu enunca mais foi visto seu registro de aparições pelo Planalto Meridional datam de 1890 à 1908, o último local de morada do monge foi no Morro do Taió em Santa Terezinha-Sc.
2.3 JOSÉ MARIA DE SANTO AGOSTINHO
 Declarando ser irmão do primeiro monge e que este o tinha designado para terminar sua “missão”, sua identidade já era conhecida (porém, não pelos camponeses da região). Na verdade seu nome era Miguel Lucena de Boa Ventura, o qual apresentou ensinamentos diferentes dos outros. José Maria era desertor da Polícia Militar paranaense, que fora acusado de estupro, tinha consigo um fuzil que trouxe de sua profissão quando apareceu nos sertões catarinense, em 1911. 
 
 Assim como os outros monges, realizava rezas, era curandeiro e conhecia as propriedades medicinais das plantas. Sua intenção era criar movimentos, e assim o fez. Através de suas pregações, benzimentos, curas e profecias, ganhava mais adeptos pelos locais que passava, vindo a se estabelecer em Taquaruçu onde criou um reduto, entre seus seguidores haviam, agregados, peões e também fazendeiros descontentes com as perdas de terra e propriedades, para a empresa norte americana responsável pela construção da linha de ferro a qual o Governo brasileiro havia prometido 15 km de faixa de terra para cada lado da ferrovia. Em suas pregações atacava a República, e dizia que ele e outros tantos homens seriam mortos nas batalhas que haveriam de vir, mas que no entanto, não os enterrassem como de costume, apenas os colocassem em uma cova raza, pois no período de um ano ele e os outros soldados ressuscitariam e trariam consigo o “exército encantado” e que junto a eles estaria São Sebastião para ajudá-los a vencer a Guerra e trazer justiça para os sertanejos.
 
 Não contentes com os redutos e com uma possível rebelião que poderia ocorrer, as autoridades mandaram invadir os locais, e dispersar as pessoas que ali estavam. Foi então, que no dia 22 de outubro de 1912 deu-se início à Batalha do Irani, o primeiro combate da Guerra do Contestado. Durante a batalha José Maria e seus soldados foram mortos, o povo acreditando nas palavras de seu monge fez o que por ele foram orientados, aguardando pelo seu retorno e de seus soldados, os enterram em uma cova raza e cobriram com tábuas, para quando o monge ressuscita-se sua saída fosse mais fácil. Fato que não se concretizou.
 
 Ainda nos dias atuais, historiadores e pesquisadores tem encontrado dificuldades para traçar o perfil destes monges, e definir com precisão se estes foram santos ou impostores como no caso de João Maria de Agostinho e João Maria de Jesus, e também se José Maria do Santo Agostinho, foi heroi ou vilão de sua época.
O fato é que, há mais de cem anos surge um monge que por onde passou, deixou gravado na história de um povo que não conhecia muito além de suas propriedades, uma lenda de um curandeiro que benzia nascentes, plantava cruzeiros e realizava profecias, conseguindo devotos até o presente momento. Por várias cidades do sul brasileiro, as comunidades realizam romarias nas chamadas “ Cruz (ou poço) de São João Maria” nos lugarem onde ele passava suas noites, em busca de benção ou curas contra as doenças do corpo e da alma. 
3. MATERIAIS E MÉTODOS
 O presente trabalho qualitativo, tem como base a pesquisa bibliográfica para a coleta de dados e informações referente a vida e história dos monges que inspiraram devoção no imaginário de um povo.
 
 Buscou-se primeiramente as informações sobre quem foi o primeiro monge e quais ações foram praticadas por ele, para levar outros dois a refazerem seus passos e tentar reproduzir seus ensinamentos, ou então se fazerem passar por ele. 
 Após, buscou-se entender quem foram os outros monges, o que eles tiveram de diferenças com o primeiro, quais eram seus propósitos, que efeitos eles causaram nas pessoas e quais as contribuições tiveram na história regional e brasileira. 
FIGURA 1: Lápide de João Maria de Agostini. Cemitério de Mesilla, Estado do Novo México, EUA.
FONTE: Foto do acervo pessoal do historiador Alexandre Karsburg.
FIGURA 2:Foto que comprova que John Mary falecido no Novo México (EUA), era o mesmo eremita que se tem registro pelo escrivão de Sorocaba (SP)
FONTE: Arquivos da Universidade do Estado
do Novo México, Santa Fé, Estados Unidos
 
FIGURA 2:João Maria de Jesus, seu nome era Anastás Marcaf. Fazia profecias, realizava missas, era a favor da Monarquia e desapareceu no Morro do Taió em 1908.
 
FONTE: Acervo Museu do Contestado, Caçador-SC
FIGURA 3: O “monge” José Maria, que reuniu os fanáticos em 1912 e que foi morto no Irani, pelas tropas do Paraná.
FONTE: Acervo Museu do Contestado, Caçador-SC
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se durante a pesquisa que a história sobre vida e morte dos monges envolvem muitos mistérios e conflitos, sendo o pricipal deles a Guerra do Contestado. Pode-se analisar também que durante um momento de desespero de uma população preocupada em perder suas terras. Um ex-militar condenado, fazendo-se passar por monge os levou a acreditar em uma promessa terras e o encontro com Deus através de suas profecias e palavras de ordem. 
Através da presente pesquisa, podemos conhecer um pouco mais da história regional, sobre quem foram as figuras místicas dos monges que passaram pela região do Contestado e o que elas representaram e ainda representam para a população sul brasileira.
5. CONCLUSÃO
 Através do presente trabalho, pode-se concluir, que a figura de João Maria perpassou gerações através da memória e dos costumes de um povo. Principalmete na região do Contestado, graças aos seus sucessores que dando continuidade aos costumes do primeiro monge, o fizeram se tornar o Santo que viveu através dos tempos, sendo unificados e tornando-se apenas um. Em uma época em que a população estava carente de alimento para a alma, encontraram em João Maria o refúgio e a cura para os males que os assolavam.
 
 Foi devido à essas procuras, que tornou-se tradição a buscas pelas cruzes e fontes de água benta e milagrosas. Fazendo com que a fé plantada por João Maria, passasse de geração em geração e com que até os dias de hoje as pessoas realizem procissões e romarias para o monge e à chamada Santa Cruz.
REFERÊNCIAS
TOMPOROSKI, Alexandre. João Maria de Agostini: o monge santo na região do Contestado. Portal 
JMAIS, Canoinhas, 30 mar. 2020. Coluna História Regional. Disponível 
em: <https://www.jmais.com.br/joao-maria-de-agostini-o-monge-santo-na-regiao-do-contestado/> 
Acesso em: 05 abr. 2020. 
MOCELLIN, Renato. Os Guerrilheiros do Contestado. São Paulo: Editora do Brasil, 2014. Disponível em:https://books.google.com.br/books?hl=ptBR&lr=&id=ZzDZBQAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT10&dq=os+guerrilheiros+do+contestado&ots=2CumMDn73p&sig=OWsApZT0578VDf3w_oPzRLR2Vc#v=onepage&q=os%20padres&f=false> Acesso em 10 abr. 2020
KARSBURG, Alexandre. O Eremita das Américas: a odisséia de um peregrino italiano no séc. XIX. Santa Maria: Editora UFSM, 2014. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=P_qtDQAAQBAJ&printsec=frontcover&dq=o+eremita+das+americas&hl=ptBR&sa=X&ved=0ahUKEwihv4SKuf3pAhU7HLkGHY50D6QQ6AEIKDAA#v=onepage&q=o%20eremita%20das%20americas&f=false> Acesso em: 10 maio 2020.
WEHLING, Arno et al. Cem anos do Contestado: memória, história e patrimônio. Florianópolis: Comunicação Social do MPSC, 2013, p. 42-45
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023. Informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. São Paulo: Ed. Pearson, 2006.
FERREIRA, Gonzaga. Redação científica: como entender e escrever com facilidade. São Paulo: Atlas, v. 5, 2011.
MÜLLER, Antônio José (Org.). et al. Metodologia científica. Indaial: Uniasselvi, 2013.
PEROVANO, Dalton Gean. Manual de metodologia da pesquisa científica.Curitiba: Ed. Intersaberes, 2016.

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