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Pindorama_Ebook_Sitios-Abandonados

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Prévia do material em texto

1
2
https://pindorama.org.br/cursos-online/
https://pindorama.org.br/agenda/
https://pindorama.org.br/cadastro
3
Sobre o autor
Nilson Dias é gerente de projetos e sócio 
fundador do Instituto Pindorama. Analista de 
sistemas com MBA em gestão de projetos pela 
FGV e graduado em arquitetura. Permacultor 
com foco em bioconstrução com bambu e 
solo, uso de energias alternativas e biogás. 
Dedica-se à pesquisa e ao desenvolvimento 
de projetos que aliam tecnologias de ponta 
a recursos renováveis.
É considerado referência nas áreas de 
permacultura, sustentabilidade e transição 
de vida, tendo realizado diversas palestras 
e cursos pelo Brasil e na sede do Instituto 
Pindorama em Nova Friburgo, onde reside 
e trabalha.
4
Produção e conteúdo:
Nilson Dias – Instituto Pindorama
Nativa Comunicação Estratégica & Consultoria
Capa, projeto gráfico, ilustrações e diagramação:
Nativa Comunicação Estratégica & Consultoria
www.nativacom.com.br
Este é um material gratuito do Instituto Pindorama. Portanto, é permitida 
e incentivada a distribuição deste livro em canais de comunicação, 
desde que sejam atribuídos os devidos créditos ao Instituto.
5
Índice
Prefácio...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
Como transformei um sítio abandonado...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
Transição da cidade para o campo....... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
Breve introdução à permacultura...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
Escolhendo um sítio para compra...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
Identificando a aptidão da terra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
Identificando a aptidão do empreendedor...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30
Escolhendo a melhor forma de se institucionalizar...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32
O que são empreendimentos sustentáveis?...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
Ferramentas para desenvolvimento do seu empreendimento...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34
Criando uma presença online para seu empreendimento...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
Implementando os modelos de negócio...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40
Uma forma diferente de atrair e remunerar colaboradores...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
Cuidados para o sítio não virar um ralo de dinheiro...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
Considerações finais...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
6
Prefácio
É engraçado olhar para trás e me lembrar das pessoas, livros e experiências que me trouxeram 
até aqui. Nasci em uma família de produtores rurais bem estabelecida no comércio de 
Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Brinquei com terra, bolinha de gude, carrinho de rolimã 
e plantas. Ao mesmo tempo, tive acesso a videogames e computadores. E, ainda pequeno, 
descobri que tinha dom para vendas e me interessei por marketing. 
Aos quatro anos, montei uma venda de caquis orgânicos na porta de casa. Cresci tendo 
a cartilha de pequenos negócios do Sebrae como minha revista favorita. Adorava assistir 
ao Pequenas Empresas, Grandes Negócios. Meus super-heróis eram de carne e osso: Hans 
Donner, um dos mestres da computação gráfica da época; e Washington Olivetto, da W Brasil, 
que apresentava os melhores comerciais do mundo no programa “Intervalo”.
Esse impulso me transformou em quem sou hoje. Me fez abandonar um cargo de gerência 
em uma multinacional, aos 23 anos, por estar infeliz com a vida na cidade grande. Me trouxe 
de volta para o sítio da família, buscando um lugar que me possibilitasse produzir meu 
próprio alimento e imergir em práticas espirituais. Quando me dei conta, estava resgatando 
técnicas do meu avô e descobri que isso tinha um nome e uma metodologia: permacultura. 
Isso transformou meu olhar para o sítio e para o que, hoje, chamo de empreendimentos 
sustentáveis. Este livro é dedicado a todos que sonham em reativar um pedaço de terra ou 
se mudar para o campo, descontentes com a complexidade dos grandes centros urbanos. 
Não é só para sonhadores. É para quem deseja gerir a terra e transformá-la, seja em um 
terreno próprio ou em um arrendamento. Quero mostrar tudo que é preciso para assumir 
um desafio como este e ter mais chances de sucesso.
7
Como transformei um 
sítio abandonado
Capítulo 1
O Pindorama surgiu da junção de pequenos sítios comprados pelo 
meu avô, Nelson Dias, a partir de 1940. Os 27 alqueires – ou 50 
hectares (500.000 m²) – já viram a produção de café, gado leiteiro 
e de flores. Meu avô, inclusive, foi um dos pioneiros no cultivo 
de rosas coloridas no Rio de Janeiro, com mudas importadas da 
França e reconhecimento do então presidente Getúlio Vargas em 
um concurso de cultivo de orquídeas.
8
Meu pai nasceu no sítio, em 1942. Depois de 25 anos, eles se mudaram para uma linda casa, 
projetada por um renomado arquiteto, graças ao sucesso do plantio de flores.
Em 1967, foi criada a Floricultura Nelson – e está em funcionamento até hoje. Em uma 
cidade pequena como Friburgo, o negócio foi uma mina de ouro. Com poucas opções para 
presentear mães e esposas, filas se formavam para comprar buquês. Três vezes por semana, 
meus parentes iam ao sítio para colher flores e cuidar dos plantios. Mas o acesso barato 
a outros produtores e a concorrência com São Paulo fizeram com que o sítio entrasse em 
decadência. Em 2011, um evento climático destruiu as últimas estufas de cultivo, encerrando 
o ciclo de flores de corte no Pindorama.
9
Antes disso, porém, cheguei lá para construir minha primeira casa. Em 2008, tinha acabado 
de me aprofundar nos estudos da arquitetura védica, baseada em escrituras sagradas da 
Índia, e desenhei uma planta respeitando os preceitos conhecidos como Vastu Shastra. 
Como primeira obra de um leigo, tivemos erros e acertos. Mas, desde o início, uma ideia de 
sustentabilidade norteou o projeto. 
A casa contava com um sistema de iluminação com lâmpadas de LED, que está lá até hoje. 
Conectado a um sistema fotovoltaico de energia solar, ele foi essencial nos três meses após 
o evento climático de 2011. A casa também contava com um boiler, conectado ao fogão à 
lenha, que posteriormente foi unido ao sistema de aquecimento solar de água. No segundo 
andar, utilizamos madeira de pinus para o assoalho.
10
Depois foi a vez de trabalharmos na centenária casa em que meu pai nasceu. Duas paredes 
já tinham colapsado, o telhado cerâmico apresentava goteiras e o espaço era usado como 
depósito de ferramentas, entulhos e lixo. Foram dois anos, entre 2014 e 2016, para transformá-
la em dormitório para alunos dos nossoscursos, com mutirões e palestras que ajudaram a 
viabilizar a compra de materiais.
Dessa mesma forma surgiram edículas para nossas salas de aula, escritório e banheiros, que 
tornaram a casa autossuficiente. Atualmente, ela possui uma usina fotovoltaica – conectada a 
um banco de baterias, a um sistema híbrido e à rede da concessionária de energia. O gás da 
cozinha é gerado pelos dejetos dos banheiros e a água filtrada pelo teto verde é reutilizada.
11
Como foi o financiamento?
Quando fui morar no sítio, um amigo do 
meu irmão identificou que o bambu gigante 
existente na propriedade podia ser usado 
como material de construção. A princípio, 
não botei fé, mas construímos um tanque de 
alvenaria para tratar o material e a primeira 
leva foi utilizada para construção de nossa 
bambuzeria escola. 
O sucesso foi tão grande que, em 2009, 
tivemos quatro turmas no curso de Construção 
com Bambu, ministrado pelo engenheiro 
Bruno Salles – o amigo do meu irmão – e 
viabilizadas por anúncios no Google. Da 
construção, passamos para o mobiliário. 
Alguns anos depois, tínhamos duas turmas 
por ano no curso Design com Permacultura. 
E essas aulas foram fundamentais para 
viabilizar nossas construções.
12
Transição da cidade 
para o campo
Capítulo 2
Em 2012, a população urbana mundial 
ultrapassou a rural pela primeira vez. O 
aumento da densidade demográfica, somado 
às políticas econômicas baseadas na indústria 
do petróleo, têm tornando as cidades 
insuportáveis. Poluição, engarrafamentos e 
alto custo de vida são apenas alguns desses 
fatores que impactaram a minha decisão e 
de muitos outros que conheci nesse caminho.
Quando fui chamado para trabalhar na IBM, 
em São Paulo, decidi agarrar a oportunidade. 
Internamente, porém, me questionava sobre 
o mercado corporativo e a vida nas grandes 
cidades. Quando me permitiram o home office, 
voltei para Nova Friburgo e me aproximei da 
busca por uma vida mais simples. Cerca de um 
ano depois, minha avó faleceu e herdamos o 
sítio. Não consegui ficar mais tempo na IBM 
e trouxe pouco menos de R$ 50 mil para 
investir.
Minha história não é incomum. Muitos têm 
ido na contramão das tendências e saem 
rumo ao interior. Para isso, porém, é preciso 
se planejar. O tempo que levei entre sair da 
IBM e começar meu sonho foi importante 
para amadurecer a ideia. 
Não vou entrar no tópico de educação 
financeira nesse livro, pois existem diversos 
conteúdos na internet sobre isso. Mas para 
quem busca fazer a transição, ter um pé de 
meia é fundamental. Era algo que eu queria 
ter feito quando comecei, inclusive. 
Eu poderia ter ficado mais alguns anos no 
mercado corporativo antes de começar o 
Instituto, mas perderia a oportunidade de 
ser um pioneiro no Rio de Janeiro. Uma das 
pessoas para qual dou mentoria, porém, está 
no mercado e possui liberdade para trabalhar 
via home office. Ela juntou R$ 1 milhão para 
aplicar no Instituto de Permacultura que está 
abrindo e, certamente, a curva de ação dele 
será mais acentuada do que a minha.
Sem reservas, você pode acabar não tendo 
fôlego para se aventurar nos primeiros anos 
e pode acabar com dívidas. É preciso pensar 
bem antes de tomar a decisão.
13
Quando fazer a transição?
Essa é uma pergunta difícil de ser respondida. 
Conheci mais de mil pessoas em transição, 
com diversas histórias. Jovens com pais em boa 
situação financeira para manter as atividades. 
Jovens sem dinheiro, que viajam por fazendas 
orgânicas mundo afora. Profissionais próximos 
da aposentadoria, que pretendem usar as 
terras para alguma atividade. Pessoas de meia 
idade que chutaram o balde. Desempregados, 
que não tiveram escolha após anos tentando 
se recolocar no mercado. Enfim, é algo muito 
pessoal. Muitas vezes a vida não permite 
seguir um roteiro, mas podemos traçar metas 
para que a transição seja menos conturbada.
1. Leve uma vida mais simples
Se pretende ir para o campo, entenda que 
as facilidades da cidade grande não estarão 
mais na esquina. Comece a cortar gastos 
desnecessários, ande mais a pé, se livre do 
carro e more em um lugar mais simples. 
Prepare suas refeições e evite o delivery. 
Frequente feiras livres, busque produtores 
orgânicos e aproveite para se alimentar 
melhor e gastando menos. 
2. Aplique bem seu dinheiro
Parece hipocrisia falar de viver fora do sistema 
e, ao mesmo tempo, indicar que se aplique o 
capital. Mas não podemos tratar o dinheiro 
com desprezo ou excesso de apego, devemos 
é cuidar para que ele trabalhe para você. Não 
posso indicar o melhor caminho porque cada 
pessoa tem um perfil de investimento, então 
é preciso estudar. Ter um dinheiro aplicado 
ajuda a lidar com gastos inesperados e com 
oportunidades imperdíveis. 
3. Capacite-se e socialize
Mesmo que você tenha uma rede de contatos 
ligada ao seu ramo de atuação, é preciso 
construir novas conexões para essa fase que 
se inicia. A participação em coletivos, mutirões 
e movimentos locais contribui para criar 
laços. Lembro-me de como aproveitava meu 
tempo quando morava em São Paulo, pois era 
praticamente impossível me encontrar em 
casa nos finais de semana com tanta coisa 
interessante acontecendo. É preciso usar bem 
seu tempo.
4. Obtenha rendimentos extras
Mesmo sendo econômico, o orçamento 
pode ficar apertado durante a transição. 
Nesse caso, desenvolva uma fonte de renda 
extra. Alguns fazem pães ou geleias, outros 
preferem ebooks e infoprodutos. Horas extras 
ou um segundo trabalho também são opções. 
É preciso ver o que melhor se adapta à sua 
realidade e se preparar.
Mas investir em um negócio próprio não é 
a única forma de fazer a transição. Alguns 
optam por cortar ao máximo os vínculos 
com posses e dinheiro. Alguns utilizam seus 
dons culinários, de plantio ou de construção 
para serem disputados por grandes ecovilas, 
ganhando um passaporte para ter casa, 
alimentação e um grupo de pessoas que irão 
amar te receber. Desde que você consiga se 
organizar, são muitas opções possíveis. 
14
Breve introdução 
à permacultura
Capítulo 3
O conceito de permacultura foi desenvolvido 
pelo cientista australiano Bill Mollison, em 
parceria com o aluno David Holmgren, no 
final da década de 1970. As práticas foram 
estudadas em uma tese acadêmica, testada e 
vivenciada por ambos, e baseada em sistemas 
produtivos organicamente integrados. 
O nome faz referência à “cultura permanente”, 
termo inspirado por povos que viviam dessa 
maneira ao redor do mundo.
Os pesquisadores começaram a sistematizar 
e associar tais práticas ancestrais às 
tecnologias mais modernas, de modo a 
projetar, estabelecer e manter assentamentos 
sustentáveis. Ou seja, o projeto permacultural 
se tornou uma integração harmoniosa entre 
pessoas e paisagem, provendo alimentação, 
energia e habitação de forma orgânica e ética. 
Muitas organizações e propriedades rurais 
têm incorporado a permacultura para criar 
espaços em que as práticas de cuidado com o 
planeta sejam tão corriqueiras quanto limpar 
o banheiro. Algumas hipóteses levantadas no 
livro Permacultura Um, de Bill Mollison, são 
consideradas fundamentais nesse processo:
• O homem está sujeito às mesmas leis 
científicas que governam o mundo material.
• A extração de combustíveis fósseis 
é considerada a raiz do crescimento 
populacional e tecnológico, bem como das 
características da sociedade de consumo.
• A crise ambiental é real e sem precedentes 
para nossa sociedade, colocando em risco 
a qualidade de vida e a sobrevivência da 
espécie humana.
• Os impactos da sociedade industrial e do 
crescimento populacional impactam mais 
a biodiversidade do planeta do que tudo o 
que foi feito nos séculos anteriores.
• O esgotamento inevitável dos recursos 
naturais dentro de algumas gerações 
culminará em um retorno gradual a práticas 
pré-industriais, baseadas em recursos e 
energias renováveis.
A permacultura apenas se antecipa à 
progressiva redução do consumo de 
energia fóssil e de recursos finitos. E tudo é 
fundamentado conceitual e cientificamente 
por diversasfontes, como o trabalho do 
ecologista norte-americano Howard Odum, 
usado por Mollison como inspiração para o 
estudo.
15
Princípios éticos
Os três princípios éticos que governam 
a permacultura são um freio para 
instintos egoístas de indivíduo ou de 
grupos (organização, cidade, nação etc.), 
proporcionando uma visão de longo prazo 
das consequências de nossas ações:
• Cuidado com a Terra: solos, florestas, água, 
ar, animais e meio ambiente.
• Cuidado com as pessoas: consigo mesmo, 
com a família e com a comunidade.
• Partilha justa: estabelecer limites para 
o consumo e distribuir os excedentes.
Princípios de design
Levar em consideração a visão sistêmica 
dos assentamentos humanos e do planeta, 
baseando-se na ecologia de sistemas, de 
Odum. Assim podem ser caracterizados os 
princípios de design na permacultura, nos 
convidando a consolidar um pensamento 
sistêmico. Isso, claro, a partir do estudo do 
mundo natural e das sociedades sustentáveis 
pré-industriais, observando o que pode ser 
adotado tanto em contextos de abundância 
ecológica quanto na escassez.
1. Observe e interaja
A natureza fornece insumos para desenhar 
soluções adequadas à cada situação. 
Intervenções humanas no ambiente – sejam 
elas físicas ou socioeconômicas – devem 
ser baseadas em observações cuidadosas, 
com base científica e usando a intuição. Ao 
construir uma habitação, por exemplo, é ideal 
acampar no terreno por alguns dias, em cada 
estação do ano, para observar os fatores que 
podem influenciar o projeto, como sentido 
do vento, posição do sol etc.
2. Capture e armazene energia
O sol envia 47 bilhões de kW por segundo à 
Terra, uma energia que foi capaz de manter 
a vida em todas as civilizações anteriores à 
nossa. E se o modo de vida atual não pode ser 
mantido dessa forma, algo precisa ser revisto. 
Na permacultura, a energia é vista como parte 
de um sistema. Construir uma composteira 
próxima à cozinha e uma horta pouco mais 
adiante, por exemplo, é uma opção para se 
gastar menos energia – seja de combustível 
para transporte dos resíduos, seja de calorias 
e tempo de trabalho humano. 
Além disso, as energias alternativas no Brasil 
começam a ficar mais acessíveis ao consumidor 
final, mesmo com as flutuações do câmbio. 
Coletores solares podem abolir chuveiros 
elétricos e aerogeradores, microturbinas 
hidráulicas e placas fotovoltaicas podem 
até mesmo zerar a conta de energia.
3. Obtenha rendimento
Os designs devem ser planejados para 
assegurar rendimentos a todos os impactados. 
Em Sistemas Agroflorestais (SAF), por exemplo, 
esses rendimentos são aproveitados por 
humanos, animais e pelas próprias plantas. 
E, por menor que seja nossa intervenção, os 
impactos podem ser expandidos e ganhar em 
escala. Uma ação simples de compostagem 
em casa pode ser levada para o condomínio 
e gerar toneladas de resíduos orgânicos para 
adubar os alimentos de todos.
4. Pratique autorregulação e aceite feedback
Sem a prática da autorregulação ou do 
consumo consciente, estamos fadados à 
extinção. O pensamento linearista, no qual 
se extrai um recurso natural para processá-lo, 
vendê-lo, utilizá-lo e descartá-lo em aterros 
16
sanitários, não mais se sustenta. Devemos 
agir com consciência e refletir antes de 
adquirir um bem ou serviço, destinar nossos 
resíduos de forma adequada e atuar junto aos 
conselhos municipais, Ministério Público e 
Justiça para que as políticas sanitárias sejam 
cumpridas. 
Outro ponto importante é aceitar o feedback 
e as críticas positivas. Realizar um autoexame 
quando formos criticados por alguém ou por 
um sistema novo, como a permacultura. Assim 
podemos crescer como indivíduos. Afinal, 
o planeta não deve ser uma preocupação 
imediata. Ocupe-se da sua casa e do seu 
bairro. Se cada um fizer isso, o todo se 
harmonizará.
5. Utilize e prefira recursos e serviços 
renováveis
Tire o melhor proveito da natureza para 
eliminar o consumismo e a dependência 
de recursos não renováveis. Por mais que 
pareça infinito, o petróleo atingiu seu pico 
de produção há algumas décadas. Precisamos 
buscar fontes alternativas, como polímeros de 
origem vegetal – base de mamona, mandioca 
e até mesmo de cannabis. Para os automóveis 
também já existem opções, como veículos 
elétricos ou a hidrogênio.
A lógica do permacultor admite o uso 
moderado de recursos não renováveis (como 
ferro, alumínio e petróleo), e incrementa o uso 
de recursos renováveis, como bambu, fibras 
naturais, energia eólica e solar e meios de 
transporte sustentáveis. Tudo para manter 
um equilíbrio entre as ações.
6. Evite o desperdício
A palavra “lixo” não existe. Também não existe 
“fora”. Logo, não é possível “jogar o lixo fora”. 
Tudo pode ser reciclado ou reaproveitado. 
O consumo consciente, somado a uma 
análise criteriosa dos sistemas, proporciona 
uma drástica diminuição do desperdício de 
recursos renováveis e não renováveis. 
Analisar o fluxo de entrada e saída dos 
elementos, aliás, é um dos exercícios na 
concepção de um desenho permacultural. 
Assim é possível determinar o caminho 
percorrido e evitar o desperdício, além de 
obter rendimentos para a manutenção do 
sítio.
7. Parta dos padrões para chegar aos detalhes
Os padrões da natureza e da sociedade 
constituem a espinha dorsal de nossos 
projetos. A sabedoria de milhões de anos 
vinda do meio ambiente nos apresenta 
padrões como espirais, fractais e mandalas. 
As teias de aranha, com suas linhas radiais 
e concêntricas, são um bom exemplo disso. 
O padrão serviu de inspiração para planejar 
zonas e setores e para a montagem da espiral 
de ervas. E essas inspirações são estudadas há 
séculos, em uma área chamada biomimetismo.
8. Integrar ao invés de segregar
Colocar cada elemento no local adequado, 
para que um coopere com o outro. O 
permacultor deve desenvolver uma visão 
ampla para inter-relacionar elementos e fazer 
com que o projeto seja o mais funcional e 
demande menor recursos externos. Quando 
se desenvolve essa visão holística do sistema, 
o profissional chega às seguintes conclusões:
• Cada elemento deve exercer mais de 
uma função.
17
• Uma função importante deve ser suportada 
por mais de um elemento.
Um exemplo é o fogão a lenha na sede 
do Instituto Pindorama. Ele exerce várias 
funções: cozinhar alimentos em panelas ou 
forno, aquecer o ambiente e a água do boiler 
para mais de 15 pessoas por dia. Com um só 
elemento é possível substituir uma lareira, 
um fogão e uma resistência elétrica. Isso 
sem contar o entretenimento de se sentar 
em frente a ele.
Além disso, funções importantes devem 
ser suportadas por mais de um elemento. 
Uma instituição de ensino que necessita de 
energia elétrica para funcionar precisa ter 
mais de uma fonte, como a fotovoltaica e a 
proveniente da concessionária. Assim não há 
desabastecimento e ninguém é prejudicado.
Isso também pode ser visto pelo aspecto 
das relações humanas. Ao invés de nos 
segregarmos por dogmas, status social, 
dieta e outras aparentes diferenças, devemos 
encontrar formas de nos integrar, com foco 
em um benefício mútuo.
1. Utilize soluções pequenas e graduais
Respostas amplas e rápidas costumam ser 
acompanhadas por um impacto ambiental, não 
raro irreversível. Manter um sistema pequeno 
e lento contribui para o uso adequado dos 
recursos locais, preservando o espaço. Ao 
adubar um plantio com esterco, farinha de 
ossos e pó de rocha – que não degrada o 
solo –, seguimos esse princípio. Da mesma 
forma, quando usamos mudas de semente 
ou estaquia em nosso sistema agroflorestal, 
as pequenas soluções são benéficas a todos 
da cadeia. 
2. Utilize e valorize a diversidade
Incentivar a biodiversidade reduz a gama de 
ameaças, permitindo aproveitar melhor todas 
as características do habitat. Na monocultura, 
há maior suscetibilidade a doenças e pragas, 
além do uso de fertilizantes químicos e 
pesticidas. Em um cultivo diverso, com 
muitas espécies sendo valorizadas ao mesmo 
tempo, há maior soberania alimentar, com 
mais chances de prosperar perantevariações 
climáticas e ataque de pragas.
Além disso, precisamos pensar em 
substituições. Nossa cultura alimentar 
importou muitos hábitos europeus. 
Cultivamos hortaliças que exigem aporte 
de fertilizantes, como é o caso do brócolis 
e da couve-flor, enquanto temos plantas 
alimentícias espontâneas (beldroega, ora-
pro-nóbis e urtiga) que são mais nutritivas e 
não requerem irrigação nem adubação.
3. Aproveite as bordas e valorize elementos 
marginais
Os eventos mais interativos e interessantes 
ocorrem nas margens. É onde estão os 
elementos mais valiosos, diversificados e 
produtivos de um sistema – como na junção 
de dois biomas. A interseção entre o Cerrado 
e a Mata Atlântica, por exemplo, tem uma 
enorme diversidade de espécies. Se cai uma 
árvore, o espaço entre a tora e o solo torna-se 
um local rico, com fungos e insetos. Nosso 
solo é uma camada borbulhante de vida, com 
aproximadamente 20 milhões de fungos e 
bactérias por cm³. Aumentar essa área é sinal 
de produtividade.
4. Responda criativamente às mudanças
Este princípio é definido pela resiliência. Se 
observamos com atenção e intervirmos nos 
18
momentos certos, é possível termos impactos 
positivos. O filme A revolução dos cocos 
ilustra isso de forma fantástica, mostrando 
como o embargo de Papua Nova Guiné à 
Ilha de Bougainville aumentou a resiliência 
e a criatividade de um povo massacrado por 
atrocidades da maior empresa de mineração 
do mundo. 
Capacidade semelhante pode ser observada 
em O poder da comunidade: como Cuba 
sobreviveu ao pico do petróleo. O filme conta 
como os cubanos responderam à escassez de 
petróleo no embargo imposto pelos Estados 
Unidos, somado à queda da União Soviética.
5. Planejamento por zonas e setores
A observação minuciosa do ambiente nos leva 
a avaliar como as energias externas podem 
impactar o sistema e o design proposto. Isso é 
levado em consideração em um planejamento 
por setores. Podemos direcionar o vento a um 
aerogerador ou bloqueá-lo com um pomar, 
por exemplo. E isso também pode ser feito 
com outras fontes, como luz solar, chuvas, 
correntes de água, fogo, ruídos ambientais, 
maresia etc.
Já o planejamento por zonas pressupõe a 
alocação dos elementos de acordo com a 
frequência de interação, garantindo a menor 
perda energética. Onde a atividade humana 
é mais intensa, como em uma casa ou 
escritório, convenciona-se chamar de Zona 
0. Imaginando-se anéis concêntricos, teremos 
as Zonas 1, 2, 3, 4 e 5. Esta última é onde não 
há mais intervenção humana, normalmente 
em áreas de proteção ambiental, tanto na 
cidade quanto no campo.
Zoneamento
O zoneamento é definido conforme o número 
de vezes que você visita cada elemento 
(planta, animal, estufa) e a necessidade 
de acompanhamento e manutenção. Ou 
seja, é uma forma abstrata de lidar com 
as distâncias, criando conexões de acesso 
e de abastecimento de insumos. A meta é 
assegurar que cada elemento sirva a mais de 
um centro de atividades de forma orgânica.
Em alguns casos, a topografia e o acesso 
podem significar que a área menos utilizada 
(Zona 5) se situe próximo à área mais usada 
(Zona 1). É o caso, por exemplo, de uma 
encosta íngreme de floresta imediatamente 
atrás da casa. Isso precisa ser bem trabalhado 
no planejamento, mas pensar nisso é o que 
tornará o projeto mais funcional e resiliente.
Zona 0 – Centro de atividades
É onde as principais ações ocorrem, como 
casas e galpões. A Zona 0 é ajustada de 
acordo com as necessidades dos ocupantes 
e planejada para conservar energia. Não é 
por acaso, inclusive, que muitas ferramentas 
apresentadas neste livro são dedicadas às 
Zonas 0 e 1, pois são as que exigem um maior 
investimento.
Quando o zoneamento é aplicado ao meio 
urbano, geralmente se usa apenas as Zonas 
0 e 1. Em aplicações rurais, há espaço para as 
Zonas 2, 3, 4 e 5. Mas isso não é regra e seu 
design não precisa incluir todas.
Zona 1 – Autossuficiência doméstica
Perto da casa, na zona mais acessada 
e gerenciada. Nela não há animais de 
grande porte soltos ou árvores maiores. 
19
Árvores pequenas e que sejam visitadas 
frequentemente, como frutíferas, podem ser 
colocadas nesta zona. Além disso, temos:
• Jardins aromáticos e paisagísticos.
• Oficinas e casas de ferramentas.
• Sementeiras, estufas e viveiros.
• Pequenos animais.
• Combustíveis para a casa 
(gás, madeira, composto).
• Varal para roupas e locais para secagem 
de grãos.
• Tanques para coleta de água de chuva 
e poço.
• Pilha de toras para cultivo de shitake.
Zona 2 – Pequenos animais e pomares
Esta é uma zona que ainda é mantida 
intensivamente, com disponibilidade de 
água apenas para as plantas. É preciso criar 
bebedouros para os animais, como gado, 
ovelhas e pássaros. Também se encontram 
nessa área:
• Arbustos maiores, pomares mistos 
e pequenas frutas para quebra-ventos.
• Árvores maiores, com uma camada de 
ervas e plantas baixas, especialmente as 
de pequenas frutas.
• Plantas e animais que requeiram cuidado, 
com água reticulada – irrigação por 
gotejamento.
• Galinhas e outras aves domésticas.
• Galpões, galinheiros, tanques no solo 
e controle de fogo.
• Animais em lactação que requeiram lida 
diária – aqui ou na Zona 1.
Zona 3 – Frutas e animais maiores
• Pomares.
• Quebra-ventos, moitas e arvoredos.
• Árvores maiores, como carvalhos e nogueiras.
• Pastagens para animais maiores.
• Armazenamento de água em solo e açudes.
• Armazém de forragem.
• Abrigo de campo.
 
Zona 4 – Extrativismo, floresta e ecoturismo
Espaço que mescla o manejo controlado e a 
vida selvagem.
• Coleta de alimentos resistentes, 
como pinhão, castanhas e açaí.
• Árvores não podadas.
• Manejo de vida selvagem.
• Floresta e trilhas ecológicas.
• Madeira de corte.
• Animais de caça para obtenção de carne, 
onde é permitido – como o javali-do-mato 
e outras espécies invasoras.
• Coleta de plantas selvagens e fitoterápicas.
Zona 5 – Contemplação
Sistemas não manejados e selvagens, 
com áreas de preservação permanente. 
É onde termina o projetado e o design. Um 
espaço para observar e aprender, ideal para 
meditação, no qual somos visitantes e não 
gerentes.
Setores
Compreendem as fontes de energia não 
controláveis – como luz solar, vento, chuva, 
fogo e fluxo de água (inclusive enchentes) – 
oriundas de fora do sistema e que passam por 
ele. Os setores são baseados em um diagrama, 
feito de acordo com a realidade concreta 
20
do sítio e a partir do centro de atividades. 
Alguns dos critérios que podem ser usados:
• Setor de perigo relacionado a fogo.
• Ventos frios e danosos.
• Ventos quentes, que levantam pó ou sal.
• Ângulo do sol no verão e no inverno.
• Análise a partir de açudes.
• Áreas sujeitas a enchentes.
Em cada setor, posicionamos espécies 
de plantas e estruturas apropriadas para:
• Bloquear ou reduzir a entrada de energia 
ou uma vista distante. 
• Canalizar a energia para usos especiais.
• Abrir o setor a determinada energia.
A inclinação e a declividade também devem 
ser observadas. Fazer essa análise permite 
determinar o posicionamento de açudes, 
tanques de água ou vertentes; planejar 
estradas de acesso, drenos, desvio de 
enchentes ou de correnteza; e posicionar 
unidades de efluentes ou biogás, de modo a 
posicionar elementos do design e manejar 
energias em nosso benefício.
Resumo 
Os elementos são posicionados de acordo 
com a intensidade de uso (zonas), a incidência 
de energias externas (setores) e o fluxo 
efetivo de energia (declividade e outros 
fatores geodinâmicos).
21
Escolhendo um 
sítio para compra
Capítulo 4
“Sítio dá duas alegrias: a primeira quando 
você compra e a segunda quando você vende.” 
Essa máxima é muito conhecida e carrega 
consigo as dúvidas que cercam alguém que 
pensa em adquirir uma propriedade. Tendo 
acompanhado vários casos assim, minha 
primeira dica é: não compre.
Tente alugar ou arrendar. Sim, exatamente 
isso. Há muitas pessoas buscando parcerias 
para terras em desuso e esse pode ser um 
excelente ponto departida para ganhar 
intimidade com a vida rural sem assumir o 
compromisso da compra. 
Mas se você deseja adquirir uma propriedade, 
use as folgas do trabalho para participar 
de experiências locais e realizar visitas. Se 
entrose com a comunidade e viva aquele 
espaço. Não é preciso mencionar com 
ninguém que você está interessado em 
viver ali, apenas deixe fluir. Tente alugar por 
temporada ou fazer parcerias para sentir a 
vibração da região.
Certa vez me foi ofertada uma terra na Bahia 
e decidi visitar. O sítio era maravilhoso, com 
água e muitas árvores frutíferas, mas arcar 
com a viagem em si não cabia naquele 
meu momento de vida. Tenho pais idosos e 
precisava estar em um local com boa logística 
para o sudeste. Em outra ocasião, recebi a 
visita de um voluntário no Instituto, por 
insistência da esposa. O cidadão não aguentou 
dois dias. Tudo incomodava: mosquitos, sol, 
carregar pesos, fazer esforço físico. O casal até 
repensou sobre o sonho de morar no campo 
depois da experiência.
Se mesmo após tudo isso você ainda está 
decidido a comprar, vamos listar algumas 
dicas:
• Escolha uma região com a qual você possua 
alguma identidade, mesmo que ela tenha 
sido construída em férias ou visitações.
• Ao buscar uma propriedade, não use um 
carro muito chamativo. 
• Converse com os vizinhos, descubra detalhes 
sobre o histórico a as características do 
local. Levante tudo o que for possível.
• Verifique a distância até o centro urbano 
mais próximo, as condições das estradas 
de acesso e se existe conexão com a 
concessionária de energia.
• Se ainda não sabe qual atividade desenvolver, 
busque uma terra que possua mais de uma 
aptidão. Evite aquelas com características 
determinantes para apenas uma ou duas 
atividades principais.
22
• Espere o melhor momento para comprar. 
Acompanho preços de sítios há alguns anos 
e o sobe e desce é constante. Pesquise, faça 
ofertas e não coloque a mão onde não 
alcança. Lembre-se que é preciso sobrar 
dinheiro para investir no empreendimento.
• A terra deve possuir fontes próprias de água, 
mas não é o fim do mundo se o acesso for 
na nascente do vizinho. O acesso a água é 
um direito adquirido e existem formas de 
captação de água da chuva.
• Eu não compraria uma terra que fosse 100% 
pasto nem uma que fosse 100% floresta, 
sem áreas degradadas para ocupar de forma 
sustentável. Deve haver uma mescla para 
facilitar a implementação das atividades 
produtivas.
• Verifique se a terra possui o Cadastro 
Ambiental Rural (CAR), que auxilia a 
Administração Pública na regularização 
ambiental. É um registro eletrônico, 
obrigatório para os imóveis rurais e que 
integra informações referentes à situação 
das Áreas de Preservação Permanente, das 
áreas de Reserva Legal, das florestas e dos 
remanescentes de vegetação nativa, das 
Áreas de Uso Restrito (pantanais e planícies 
pantaneiras) e das áreas consolidadas.
O que é uma Área de Proteção 
Permanente (APP)?
É uma área protegida, coberta ou não por 
vegetação nativa, com a função ambiental 
de preservar recursos hídricos, paisagem, 
estabilidade geológica e biodiversidade, 
além de facilitar o fluxo gênico de fauna e 
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar 
das populações humanas. O Código Florestal 
atual, no art. 4º, estabelece que elas são:
I – As faixas marginais de qualquer curso 
d’água natural perene e intermitente, 
excluídos os efêmeros, desde a borda da 
calha do leito regular, em largura mínima de:
 a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água 
de menos de 10 (dez) metros de largura;
 b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos 
d’água que tenham de 10 (dez) a 50 
(cinquenta) metros de largura;
 c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água 
que tenham de 50 (cinquenta) a 200 
(duzentos) metros de largura;
 d) 200 (duzentos) metros, para os cursos 
d’água que tenham de 200 (duzentos) 
a 600 (seiscentos) metros de largura;
 e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos 
d’água que tenham largura superior a 
600 (seiscentos) metros;
II – As áreas no entorno dos lagos e lagoas 
naturais, em faixa com largura mínima de:
 a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, 
exceto para o corpo d’água com até 20 
(vinte) hectares de superfície, cuja faixa 
marginal será de 50 (cinquenta) metros;
 b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
III – As áreas no entorno dos reservatórios 
d’água artificiais, decorrentes de barramento 
ou represamento de cursos d’água naturais, 
na faixa definida na licença ambiental do 
empreendimento;
IV – As áreas no entorno das nascentes e dos 
olhos d’água perenes, qualquer que seja sua 
situação topográfica, no raio mínimo de 50 
(cinquenta) metros;
V – As encostas ou partes destas com 
declividade superior a 45°, equivalente a 100% 
(cem por cento) na linha de maior declive;
23
VI – As restingas, como fixadoras de dunas 
ou estabilizadoras de mangues;
VII – Os manguezais, em toda a sua extensão;
VIII – As bordas dos tabuleiros ou chapadas, 
até a linha de ruptura do relevo, em faixa 
nunca inferior a 100 (cem) metros em 
projeções horizontais;
IX – No topo de morros, montes, montanhas 
e serras, com altura mínima de 100 (cem) 
metros e inclinação média maior que 25°, 
as áreas delimitadas a partir da curva de 
nível correspondente a 2/3 (dois terços) 
da altura mínima da elevação sempre em 
relação à base, sendo esta definida pelo 
plano horizontal determinado por planície 
ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos 
ondulados, pela cota do ponto de sela mais 
próximo da elevação;
X – As áreas em altitude superior a 1.800 
(mil e oitocentos) metros, qualquer que seja 
a vegetação;
XI – Em veredas, a faixa marginal, em 
projeção horizontal, com largura mínima de 
50 (cinquenta) metros, a partir do espaço 
permanentemente brejoso e encharcado.
O que é a área de Reserva Legal?
De acordo com a Lei 12.651/2012, a título 
de Reserva Legal, todo imóvel rural deve 
manter uma área com cobertura de vegetação 
nativa para assegurar o uso sustentável dos 
recursos naturais, auxiliar a conservação e 
a reabilitação dos processos ecológicos e 
promover a conservação da biodiversidade, 
bem como o abrigo e a proteção da fauna 
silvestre e da flora nativa. Sua dimensão 
mínima, em termos percentuais relativos 
à área do imóvel, depende da localização, 
conforme abaixo:
Imóvel situado na Amazônia Legal
Obs.: Imóveis que realizaram desmatamentos 
na Amazônia entre 1989 e 1996, obedecendo 
o percentual mínimo da época de 50%, estão 
desobrigados a recompor suas áreas a 80%.
No caso da Amazônia Legal, o poder público 
estadual, ouvindo o Conselho Estadual do 
Meio Ambiente, poderá reduzir a Reserva 
Legal para até 50% nos seguintes casos:
• Se o Zoneamento Ecológico-Econômico 
do Estado estiver aprovado e mais de 65% 
do território for ocupado por unidades 
de conservação de domínio público, 
devidamente regularizadas, ou por terras 
indígenas homologadas.
• Quando o município tiver mais de 50% da 
área ocupada por unidades de conservação 
de domínio público ou por terras indígenas 
homologadas.
24
Imóvel localizado nas demais regiões
Aspectos legais
Existem algumas certidões importantes que 
você deve exigir do vendedor para garantir a 
legalidade da compra do imóvel:
• Certidões negativas: do cartório distribuidor 
de Protesto de Títulos; do cartório 
distribuidor Cível; da Justiça Federal; da 
Receita Federal; da Justiça do Trabalho; e do 
INEA; além de ônus e da Prefeitura – ambas 
do imóvel em questão.
• Certidão de inteiro teor da matrícula, 
solicitada no cartório de Registro de Imóveis.
• Declaração de quitação de “Condomínio”, 
assinada pelo responsável com firma 
reconhecida e ata que comprove estar 
habilitado a assinar tal documento.
• Fotocópia autenticada do CPF, da Identidade 
Civil (RG), da certidão de casamento ou 
de nascimento e de um comprovante de 
residência;
• Certificado de Cadastro de Imóvel Rural 
(CCIR).
• Os cinco últimos INCRA/ITR ou a certidão 
relativa ao imóvel junto àReceita Federal.
 Certidão negativa do INEA
Obs.: Todas as certidões exigidas devem 
estar dentro do prazo de validade quando da 
concretização do processo de contemplação.
25
Identificando a 
aptidão da terra
Capítulo 5
Na época de nossos avós, era caro fazer um 
aterro ou corte de barranco com maquinário. 
Manualmente, então, era extremamente 
demorado. As novas tecnologias, porém, 
mudaram esse cenário, permitindo uma maior 
amplitude de atividades nos imóveis rurais.
Um dos princípios da permacultura é a 
chamada Leitura da Paisagem. Ela consiste 
em um estudo contemplativo do local, 
com a observação do caminho do sol, das 
características do solo e da cobertura, dos 
caminhos da água. Enfim, de tudo que dá as 
características do local. A partir dessa análise 
detalhada é possível definir quais atividades 
poderão ser realizadas.
Algumas se adaptam a qualquer tipo de 
solo. Outras demandam melhorias. E ainda 
há aquelas voltadas para um tipo específico 
de clima ou topografia. Nossa intenção neste 
livro não é aprofundar nos sistemas de cultivo, 
mas sim mostrar quais existem para que você 
possa buscar maior conhecimento no futuro.
Agricultura orgânica em cultivo 
protegido
Seja pelos índices de chuva ou pela 
umidade relativa do ar, em algumas regiões 
é impossível produzir orgânicos sem o auxílio 
de estufas. Elas ajudam a manter pragas e 
fungos fora do cultivo, poupando a aplicação 
de defensivos orgânicos e encurtando o 
tempo de maturação das verduras, legumes 
e frutos. 
Existem estufas de vários tipos, inclusive 
algumas resistentes e de baixo custo, como 
as de bambu. A construção ideal ocorre em 
espaços planos, mas também encontramos 
algumas em declividades de até 35 graus. 
Até mesmo porque áreas com topografia 
mais desafiante – como a que temos em 
Nova Friburgo –, são adequadas para o plantio 
de rizomas e roças de inhames, bananeiras, 
mandioca, milho e agroflorestas, deixando as 
baixadas para verduras, legumes e frutíferas 
de menor porte na estufa.
Esses espaços precisam de um sistema 
de irrigação semiautomático ou 100% 
automatizado. Os mais usados são os da 
Hunter e da Rainbird, mas também existem 
sistemas de código aberto, que podem ser 
controlados pelo smartphone, como é o 
caso do OpenSprinkler, que tem como base 
o Arduino. O importante, porém, é que o sítio 
possua boa captação de água para dar vazão 
a uma produção comercial.
26
Para economizar água, a irrigação por 
gotejamento é a mais recomendada. Em 
cultivos sazonais, como verduras e legumes, 
uma fita ou mangueira gotejadora com furos 
contra entupimento a cada 20, 30 ou 50 cm, 
é a opção mais adequada. Já para frutíferas 
e culturas perenes, o gotejador instalado no 
cano ou mangueira é mais durador. Além 
disso, a irrigação por aspersores também pode 
ser usada, embora os mais comuns sejam os 
microaspersores, que cobrem uma área menor. 
A irrigação também pode ser uma forma de 
introduzir nutrientes, diluindo adubos na 
caixa d’água – em um processo conhecido 
como fertirrigação. 
Mas se você tiver alguma dúvida, nas lojas 
de materiais agrícolas geralmente há um 
vendedor para indicar o melhor sistema para 
o seu caso. Além disso, é sempre possível 
consultar os órgãos de extensão rural da 
sua região.
Sistema agrossilvipastoril
É uma forma de integrar lavouras, espécies 
florestais, pastagens e espaços para os 
animais, levando em consideração aspectos 
paisagísticos e energéticos. É um sistema 
que se adapta a vários tipos de topografia, 
solo e clima, mas ainda é muito pouco falado. 
Deve-se atentar apenas para o que se deseja 
criar, pois cada espécie se adapta melhor a 
um ambiente.
Por se tratar de uma policultura, a rotação de 
piquetes degrada menos o solo, garantindo 
maior usabilidade da área ao longo das 
décadas. Além disso, também gera sombra 
para os animais, aumentando o conforto e 
produtividade. Nesse sentido, consórcios de 
madeira de corte, com animais e culturas 
anuais – como milho, mandioca, feijão, inhame 
– garantem maior rentabilidade por hectare 
e trazem segurança pela diversificação da 
renda e os cultivos de ciclo mais curto.
Caso seja necessário isolar uma área de plantio 
da destinada aos animais, as cercas elétricas 
são uma opção eficiente, pois causam menor 
sofrimento do que o arame farpado. Isso sem 
falar que sistemas autônomos podem ser 
facilmente montados para proteger cultivos 
em áreas remotas e sem energia. 
Sistema Agroflorestal (SAF)
Atualmente é o sistema mais sustentável, 
rebatizado de “Agricultura Sintrópica” pelo seu 
principal expoente, Ernest Gostch. No SAF, a 
produção de alimentos imita o funcionamento 
de uma floresta, podendo ser utilizado até 
mesmo em áreas degradadas para que se 
tornem produtivas em cerca de um a três anos. 
É possível adaptá-lo a qualquer contexto, 
desde áreas de pasto até capoeiras ou floresta, 
embora a prática mais comum seja em áreas 
limpas ou com pouca vegetação, como uma 
forma de agricultura regenerativa. Também 
é atrativo para visitação e renda extra, já 
que muitos buscam estudar sistemas em 
diferentes estágios de implantação.
Apicultura
Áreas mais ricas em vegetação arbustiva e 
arbórea, com menos pasto, possuem uma 
aptidão natural para a apicultura. Até mesmo 
porque abelhas sem ferrão e nativas estão em 
alta, com mel e própolis sendo disputados por 
seu alto valor medicinal e comercial. Além 
disso, alguns sitiantes geram renda extra 
agregando valor aos produtos, produzindo 
cremes com própolis, sabonetes, pães de 
27
mel e diversos produtos que elevam seus 
rendimentos.
Isso pode se tornar a atividade principal 
ou complementar do seu sítio, mas de 
qualquer forma é preciso pensar na logística 
de produção e distribuição. Se não houver 
um entreposto de mel na cidade, é preciso 
investir em um. Caso as vendas sejam locais, 
como um produto artesanal, o investimento 
inicial será menor e com menos exigências 
burocráticas. 
Ecoturismo e Hotelaria
Existem locais tão exuberantes que tiram 
nosso fôlego. E se nós apreciamos estar ali, por 
que outras pessoas também não gostariam? 
Há muito potencial no segmento de turismo 
e hotelaria, mas também muito investimento 
envolvido. Caso a terra pretendida possua 
edificações para esse fim, avalie o estado 
para não ter gastos extras com reformas. 
Também é preciso ter cuidado com o excesso 
de otimismo. Criar fluxo turístico em um local 
sem essa tradição é difícil, embora tenhamos 
muitos casos de sucesso no Brasil. 
 
Visitas Ecopedagógicas
Chácaras e sítios próximos a grandes cidades 
podem explorar um mercado em ascensão: 
as visitas ecopedagógicas. Se o espaço for 
bem preparado para receber crianças, com 
edificações bonitas e feitas com materiais 
de baixo impacto, composteiras e hortas-
mandala, é possível desenvolver um trabalho 
educacional e transformar as visitas em um 
negócio lucrativo. Ele também pode ser 
explorado junto a outras frentes, sendo uma 
fonte de renda extra.
Agroindústria
Alguns sítios possuem uma infraestrutura 
montada para agroindústrias, com casa 
de farinha, laticínios, galpões etc. Muitos 
segmentos podem ser explorados nesse 
sentido, desde o processamento de alimentos 
até a manufatura de peças estruturais e 
tratamento de bambu e eucalipto para 
construção civil. Alguns modelos são viáveis 
com pouco investimento, outros exigem mais 
infraestrutura. É preciso ficar atento ao quanto 
você deseja investir.
Nesse caso, evite apenas imóveis mais 
distantes dos centros urbanos e que não 
apresentam boas condições de trafegabilidade. 
A ligação com energia trifásica também deve 
ser verificada, uma vez que solicitar esse tipo 
de ligação tem custos elevados, a depender 
da distância. 
Centro Holístico
Há locais que chamam atenção pela “energia” 
ou vibração de cura e paz. Por isso, algumas 
pessoas compram sítios para estabelecer 
locais de cura e terapias holísticas. Se o 
local tem fácil acesso e está próximo do 
centro urbano, pacotes de day spa podem ser 
explorados, com um custo de operaçãobem 
menor por não necessitar da infraestrutura 
de hotelaria. Caso sua intenção seja com 
experiências imersivas, os mesmos cuidados 
do modelo de negócio de hotelaria devem 
ser observados.
Ecovila
Alguns empreendedores têm obtido sucesso 
com a compra de grandes áreas para 
desenvolver projetos de ecovilas, condomínios 
ecológicos, comunidades ou até mesmo smart 
cities. São projetos complexos, ambiciosos e 
28
que demandam dedicação exclusiva, além de 
muito investimento. Caso você julgue que a 
terra em que está possui essa aptidão, estude 
o modelo de negócios com muita cautela, pois 
ele possui grandes riscos inerentes. 
Produção de Sementes
Você sabia que é possível gerar mais de 9 mil 
reais em apenas 3m² produzindo sementes? 
Não estamos falando de nada ilegal, mas de 
um segmento muito pouco explorado por 
pequenos produtores. É possível aprender o 
manejo em campo, colheita, beneficiamento 
e tratamento de sementes, conforme a 
legislação vigente no Brasil e, com isso, 
fornecer sementes orgânicas de alface, rúcula, 
espinafre, brócolis e diversas outras espécies. 
Também existe a possibilidade de colheita 
de sementes florestais - algumas valem uma 
verdadeira fortuna e são muito requisitadas 
por viveiros de produção de mudas de árvores 
nativas.
29
Identificando a aptidão 
do empreendedor
Capítulo 6
Uma vez identificada a aptidão da terra, 
deve-se avaliar se ela é compatível com a 
equipe que gerenciará a operação. Se você 
está fazendo a transição para uma nova 
vida, fique atento para não cair em ciladas e 
acabar trabalhando com algo que não lhe dá 
prazer. Afinal, uma pessoa sem paciência com 
crianças não seria indicada para trabalhar 
com visitas ecopedagógicas, por exemplo.
Cada modelo de negócio exige habilidades 
natas ou que devem ser desenvolvidas. 
Quem gosta de trabalhar com o corpo pode 
se beneficiar dos modelos de produção de 
alimentos. Como diz um amigo produtor rural, 
“roça não tem calendário. Não existe domingo 
ou terça. Existe pulgão, chuva, umidade e a 
necessidade de agir na hora certa”. É, sem 
dúvidas, um trabalho que necessita de muito 
comprometimento.
Já quem é comunicativo e sabe lidar com 
público pode se aventurar por modelos 
que exigem essas habilidades, como 
ecohostel, visitas ecopegógicas e estação 
de permacultura. Para quem gosta de cuidar 
do próximo, possui dons com cura, nutrição e 
terapias holísticas, os modelos de day spa ou 
centros holísticos podem ser uma boa saída.
Mas se você não possui as habilidades 
compatíveis com as aptidões da sua terra, é 
preciso ser bem criterioso ao montar a equipe 
de apoio. Colaboradores que faltam ou não 
desempenham bem suas obrigações deixarão 
lacunas que você terá que preencher, mesmo 
sem saber como. 
30
Escolhendo a melhor forma 
de se institucionalizar
Capítulo 7
Cada modelo de negócio exige uma 
formalização diferente. É importante conhecê-
las para tomar uma decisão consciente na 
hora de sair da informalidade: 
Produtor Rural de Agricultura Familiar
A principal vantagem de se enquadrar 
como agricultor familiar é estar apto ao 
Programa Nacional de Fortalecimento da 
Agricultura Familiar (Pronaf), que concede 
empréstimos a taxas de juro baixas. Além 
disso, existem políticas estaduais de repasses 
à fundo perdido, como o caso da Rio Rural, 
que beneficia agricultores e associações 
com quantias entre R$ 9 mil e R$ 150 mil. 
Porém, existem algumas restrições para você 
conseguir se enquadrar nessa categoria:
• A terra não pode ter mais do que quatro 
módulos fiscais. Lembrando que um módulo 
equivale a 10 hectares no estado do Rio 
de Janeiro.
• Pelo menos 50% dos seus rendimentos 
devem vir da agricultura familiar, podendo 
levar em consideração o ecoturismo.
• O CPF não pode estar vinculado à nenhuma 
empresa, seja como MEI ou empresário.
• Você não pode ter carteira de trabalho 
assinada.
Organização sem fins lucrativos
Quando há um grupo de pessoas engajadas no 
projeto, vale a pena se institucionalizar como 
uma ONG. As vantagens são, principalmente, 
o acesso a editais de empresas e do governo. 
Escrevendo um bom projeto você pode 
conseguir recursos suficientes para viabilizar 
sua ideia. Alguns editais que indicamos:
• Itaú Ecomudança.
• Fundação Banco do Brasil.
• Petrobrás.
• Fundo de Amparo à Pesquisa do seu estado 
(Ex. FAPERJ, FAPESP etc.).
Outra vantagem é a não incidência de imposto 
de renda sobre as receitas. E caso consiga o 
título de utilidade pública, existe um processo 
que pode habilitar seu projeto a receber 
doações de empresas, que podem descontar 
dos valores do IR. Além disso, compor a 
diretoria de uma ONG não te impede de ser 
agricultor familiar, pelo menos na maioria dos 
estados. Consulte a Emater ou órgão emissor 
do Documento de Aptidão (DAP) de sua cidade 
para mais informações sobre isso.
Criar uma ONG, porém, tem suas dificuldades 
e custos. Gastos com contabilidade, cartório 
e outros devem ser avaliados junto a um 
31
advogado ou contador de sua confiança antes 
de tomar a decisão.
Produtor Rural
Indo até a Secretaria de Agricultura do seu 
município é possível se informar sobre o 
processo para criar um CNPJ e ter o talão de 
notas de produtor rural. Este caso é utilizado 
para quem está fora das regras do agricultor 
familiar e pode envolver custos extras, que 
devem ser levados em consideração antes 
da decisão.
Microempreendedor Individual 
(MEI)
O registro como MEI é rápido e simples. Ao 
mesmo tempo em que você regulariza seu 
negócio, contribui com tempo de serviço para 
aposentadoria e fica assegurado pelo INSS 
no caso de invalidez ou doença. 
Não se institucionalizar
Se você quer ficar 100% fora do sistema, 
também é possível trabalhar apenas na 
informalidade. Há diversos poréns nesse 
sentido, mas caso funcione para você e para o 
seu contexto atual, não há nenhum problema.
32
O que são empreendimentos 
sustentáveis?
Capítulo 8
No Instituto Pindorama, chamamos de 
empreendimentos sustentáveis a soma de um 
ou mais modelos de negócio alinhados à ética 
e à metodologia de design da permacultura. 
Todos os modelos sugeridos neste livro 
trabalham o cuidado com as pessoas e com 
o planeta, de forma a partilhar os excedentes 
– princípios básicos para um crescimento 
sustentável.
Muitas startups inovadoras também estão 
adotando esses ideais, mas deve-se cuidar 
para que a falta de um olhar cuidadoso não 
torne o empreendimento apenas mais do 
mesmo. A Uber, por exemplo, revolucionou 
a mobilidade urbana, porém já foi alvo de 
processos pelo descaso com os motoristas. 
Mesmo que eles contribuam para a queda 
de emissões de CO2 na atmosfera – e deve 
haver algum estudo sobre isso –, falta um 
equilíbrio para manter o negócio rodando 
com respeito à natureza e aos colaboradores.
33
Ferramentas para 
desenvolvimento do seu 
empreendimento 
Capítulo 9
Nos cursos e consultorias do Instituto 
Pindorama, utilizamos o Canvas para 
modelagem de negócios. Essa metodologia 
surgiu no início dos anos 2000, a partir 
dos estudos de Alexander Osterwalder 
sobre modelos de negócios. Mais de 470 
colaboradores, de cerca de 45 países, 
ajudaram na pesquisa, transformada no livro 
Business Model Generation. 
Você encontra muito material na internet 
sobre esta metodologia, mas a principal 
vantagem é a rapidez para fazer um “plano 
de negócios”. Com o Canvas, em menos de 
três horas é possível prever as áreas do 
desenvolvimento para chegar a um Produto 
Viável Mínimo (MVP, na sigla em inglês), um 
protótipo do produto ou serviço para “validar” 
se tem aceitação no mercado.
Você pode testar seu produto em uma feira 
ou evento, por exemplo, sem precisar abrir 
uma empresa. Assim você testa a aceitação 
do produto, recebe o feedback e faz os ajustes 
até ter segurança de formalizar seu negócio.
34
Iniciando um 
negócio do zero
Capítulo 10
Observar o mundo é a melhor forma de 
ter ideias. Ao interagir com produtos e 
serviços, você acumula experiências, desenha 
sugestões de como melhorá-los em suacabeça e, a partir daí, passa a idealizar um 
negócio próprio.
Nesse início, muitos planos parecem inviáveis, 
mas não os descarte. É bom assumir que, 
a princípio, nada é impossível, criando um 
estoque de ideais para que você possa avaliar 
a viabilidade. Se estiver produzindo em grupo, 
é bom estabelecer a regra de que é proibido 
censurar ideias, sendo todas bem-vindas.
Classificar a ideia
Deve-se avaliar o tipo de ideia, o potencial 
negócio e os limites geográficos de atuação. 
Ao final dessa etapa, você precisará saber 
como o negócio vai gerar lucro. As ideias 
podem ser:
• Aperfeiçoamento de um negócio já existente.
• Nova abordagem ou combinação de 
negócios já existentes. 
• Necessidade específica de um nicho.
• Demandas de negócios tradicionais que 
ainda possuem pouca/nenhuma oferta. 
• Produto ou negócio inovador.
Estudo
É o momento de avaliar a viabilidade do 
negócio. Ao final dessa etapa, você precisa ter 
certeza de que conhece quais são os fatores-
chave para o sucesso. Veja o que precisa ser 
levado em consideração:
• Buscar informações detalhadas sobre 
a operação.
• Identificar os principais canais de vendas.
• Mapear concorrentes diretos e indiretos.
• Identificar formadores de opinião, entidades 
de classe e órgãos reguladores. 
• Avaliar qual o conhecimento necessário 
para exercer bem essa atividade.
Teste
É quando serão realizadas pesquisas 
detalhadas junto ao público do negócio. Ao 
final dessa etapa, tenha certeza de que existe 
demanda, considerando o posicionamento 
definido nas etapas anteriores.
 
• Identificar fornecedores.
• Observar o comportamento do mercado: 
funcionários, clientes, concorrentes.
• Conversar com os jogadores e formadores 
de opinião.
35
• Elaborar e testar protótipos de produtos 
(se necessário).
• Operar temporariamente o negócio 
(pop-up).
Análise
Aqui será necessário definir quais as metas e 
prazos, visando a lucratividade, a estabilidade 
e a expansão do negócio. Ao final, é preciso 
saber quanto será necessário vender para 
que a ideia se torne lucrativa.
 
• Verificar as condições de sustentabilidade 
do negócio (ponto de equilíbrio).
• Calcular as necessidades de capital.
• Identificar fontes de recursos/financiamento 
(se necessário).
• Elaborar projeções de resultados (24 meses).
• Utilizar ferramentas como plano de 
negócios, Canvas, PMI etc. (se necessário).
Matriz F.O.F.A
Este é um instrumento de análise simples 
e valioso. O objetivo é detectar quais os 
pontos fortes e fracos, além de corrigir as 
deficiências para tornar a empresa eficiente 
e competitiva. F.O.F.A. é um acróstico para: 
Forças / Oportunidades / Fraquezas / 
Ameaças.
Forças
Características internas da empresa ou 
dos donos, que representam vantagem 
competitiva sobre os concorrentes ou 
facilidade para atingir os objetivos propostos. 
Exemplos: boa rede de contato, conhecimento 
sobre a área de atuação.
Oportunidades
Situações positivas vindas do ambiente 
externo que permitem à empresa alcançar 
seus objetivos ou melhorar a posição no 
mercado. Exemplos: existência de linhas de 
financiamento e de poucos concorrentes na 
região.
Fraquezas
Fatores internos que deixam a empresa 
em situação de desvantagem frente à 
concorrência ou que prejudicam a atuação 
no ramo escolhido. Exemplos: falta de 
experiência e ausência de recursos financeiros.
Ameaças
Situações externas, das quais se têm pouco 
controle, que impõem dificuldades para a 
empresa, ocasionando perda de mercado ou 
redução da lucratividade. Exemplos: escassez 
de mão de obra qualificada e violência 
na região.
36
Matriz de Risco
É uma ferramenta para mensurar, avaliar e ordenar os eventos de riscos que podem 
afetar o empreendimento. Basicamente, a Matriz de Risco apresenta as escalas de 
probabilidade de ocorrência e impacto no negócio.
37
Pesquisas de Mercado 
Tendências de consumo sustentável 
38
Marca e propósito
É o que dá sentido para nossas vidas e nos move adiante. É aquilo que nos motiva a 
trabalhar – não apenas porque estamos ganhando dinheiro, mas porque sentimos que 
fazemos diferença no mundo. As marcas também precisam trabalhar isso. Convido a todos 
a construir negócios que lucrem por meio da paixão e de um propósito maior.
Descubra o 
propósito 
atrelado ao seu 
empreendimento.
Internalize o seu 
propósito: “de 
dentro pra fora”.
Comunique com 
transparência e 
gere engajamento.
O que o mundo 
perderia sem a 
minha empresa?
O meu propósito dá 
um significado maior 
à existência do meu 
empreendimento?
Sou coerente com 
o que comunico? 
Qual mensagem 
quero passar?
68%
80%
48%
Solicitam que mais empresas se 
envolvam em ações com causas.
Estão dispostos a mudar de marca 
para aquelas que têm uma causa.
Já mudaram de marca ou 
experimentaram novos produtos.
39
Criando uma presença online 
para seu empreendimento
Capítulo 11
Se seu empreendimento não está no 
Instagram, Facebook, WhatsApp, YouTube e 
Google, você não terá penetração no mercado. 
Existem diversas formas de utilização destas 
ferramentas, dependendo do formato do 
seu empreendimento, podendo alcançar 
plataformas como AirBnB, Booking e podcasts. 
Se todos estes nomes soam estranhos para 
você, é melhor buscar na internet informações 
para se aprofundar em cada um. Você não 
precisa usar todas, porém vai descobrir 
que pelo menos uma ou duas podem ser 
importantes canais de comunicação com seu 
público.
40
Implementando os 
modelos de negócio
Capítulo 12
Agora que você já fez o canvas e trabalhou 
a presença online do seu empreendimento, 
é hora de executar o plano e implementar 
seu modelo de negócio. Seja realista nas 
estimativas de receita e tente criar um 
Produto Mínimo Viável. Antes de investir, faça 
pequenos testes. Opere temporariamente em 
uma feira para testar a saída do seu produto, 
por exemplo, e invista em um crescimento 
com os pés no chão.
Aliás, tome bastante cuidado para não se 
deslumbrar e investir errado. É comum que 
pessoas sem experiência quebrem com menos 
de três anos de empreendimentos rurais. 
Cuidado para não entrar no que chamamos 
“risco da ruína”, que é investir suas fichas em 
um único modelo de negócio. Caso ele falhe, 
você irá à bancarrota. 
Soluções pequenas e lentas, não se esqueça 
disso. Depois de validar seu modelo, produto 
ou serviço com total segurança, aumente seus 
investimentos e a área de atuação.
41
Uma forma diferente 
de atrair e remunerar 
colaboradores
Capítulo 13
A economia colaborativa traz diversas formas 
de parcerias. No Instituto Pindorama, muitas 
vezes trocamos a execução de serviços por 
cursos, por exemplo. Mas também existem 
redes para anúncio de vagas para voluntários. 
Dois bem conhecidas são o site World Packers 
e o World-Wide Opportunities on Organic 
Farms (WOOF). Este último reúne organizações 
nacionais que promovem trabalho voluntário 
em sítios e fazendas orgânicas de todo o 
mundo, trocando hospedagem e alimentação 
por quatro horas de trabalho diário.
Há prós e contras em se trabalhar com 
voluntários, mas aos poucos é possível tornar 
a parceria justa para ambos os lados. Um 
cuidado que temos é a assinatura de um termo 
de trabalho voluntário, cujo objetivo é nos 
resguardar de ações trabalhistas de pessoas 
de má fé e isentar da responsabilidade em 
caso de acidentes que surjam de má conduta, 
como não utilizar EPIs ou realizar trabalhos 
sem a devida supervisão.
42
Cuidados para o sítio não 
virar um ralo de dinheiro
Capítulo 14
O sonho pode se tornar um pesadelo, ainda 
mais se você se expor frequentemente a riscos. 
Veja algumas dicas para evitar desperdício 
de recursos:
• Soluções pequenas e lentas! Planeje, reflita, 
espere e depois aja.
• Faça croquis das benfeitorias e plantios, 
com estimativa de gastos. Coloque ordem 
de prioridade e não abra muitas frentes 
simultâneas para não perder fôlego.
• Tente construir um fundo de reserva com 
o equivalente a seis meses de gastos e 
mantenha guardado.
• Cuidado com aventureiros. Muitaspessoas 
darão mil ideias para seu espaço, irão 
embora e, caso você tenha embarcado no 
sonho alheio, você terá que dar conta. 
• Criações de animais podem representar 
um custo elevado com cuidadores, ração 
e logística. 
• Busque apoio técnico da Embrapa 
ou de pessoas experientes em seus 
empreendimentos.
• Antes de pedir um empréstimo, tente outras 
vias. Algum familiar ou amigo que queira ser 
investidor anjo, financiamento coletivo ou 
editais são melhores opções do que pegar 
dinheiro em banco. Isso só deve ser feito 
depois que o modelo estiver muito bem 
planejado e validado.
43
Considerações finais
Capítulo 15
Uma vida mais simples no interior é algo sem 
preço. Para alguns será mais fácil, para outros 
mais desafiante, mas é uma experiência 
inesquecível. Não há dinheiro que pague a 
bênção de se banhar, de beber e de cozinhar 
com água não-tratada, de acessar o alimento 
direto da terra, de ter segurança e qualidade 
de vida e de estar mais integrado com a 
natureza.
Desejamos que você tenha sucesso em ser um 
praticante e multiplicador da permacultura, 
seja na cidade ou no campo, e que desenvolva 
seu lado empreendedor para materializar 
soluções para os problemas socioambientais 
de nosso país. É uma jornada desafiante, 
porém recompensadora!
Àqueles que desejam se aprofundar de 
verdade e aumentar suas chances de sucesso, 
recomendo que se inscreva em nossa lista 
de e-mails e fique atento ao lançamento do 
próximo Workshop Viver fora do Sistema.
Mãos à horta =)
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