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A investigação em questão trata-se de uma observação do comportamento dos pais frente ao desenvolvimento e crescimento dos filhos desde a infância até a vida adulta. Apontando os principais pontos como: os causadores de conflitos, explicando a complexidade da criação dos filhos e a extrema dificuldade em entende-los durante a adolescência, a importância do diálogo e de um relacionamento saudável, a difícil tarefa de dar limite aos filhos, e por fim, a insegurança da criança com seus pais. Essa investigação tem o objetivo de esclarecer as principais dúvidas sobre o comportamento e os sentimentos dos pais perante o crescimento do seu eterno ‘’bebê’’ a partir de 2 (duas) entrevistas com duração de 1 (uma) hora e 30 (trinta) minutos e análise documental de sites na internet. O Entrevistado A é uma mãe de 42 anos com 4 filhas: Filha 1 de 22 anos, Filha 2 de 21 anos, Filha 3 de 19 anos e Filha 4 14 anos, residentes da cidade de Palmeira – PR. O Entrevistado B é uma mãe de 48 anos com 3 filhos: Filho 1 de 29 anos, Filho 2 de 25 anos e Filho 3 de 18 anos, residentes da cidade de Palmeira – PR. As duas entrevistas foram feitas anonimamente sem a divulgação dos nomes por pedido dos entrevistados. Como existe uma enorme diferença entre os inúmeros estudos direcionados aos filhos e relativamente poucos sobre os pais, foi visto essa necessidade em realiza- la. Além disso, foi analisada a extrema dificuldade que alguns pais tem em manter um bom relacionamento com seus filhos, pois muitos depois da vida adulta nem mesmo apresentam um convívio direto com seus pais, essa e outras razões fomentaram a necessidade em explicar a causa disso e a partir delas, os pais poderem ter uma visão ampla da situação, podendo assim optar por moldar a situação ou até mesmo avaliar junto a um profissional uma possível intervenção psicoterapêutica, As variáveis dependentes são aquelas que sua alteração é medida em uma experiência, ou seja, o comportamento dos pais frente ao crescimento dos filhos. Enquanto a variável independente, visto como algo que afeta um determinado tipo de comportamento, pode-se dizer que é o crescimento dos filhos. Pode-se também realizar algumas hipóteses para explicar pontos importantes do comportamento dos pais e auxiliar no bom convívio com seus filhos. Qual a visão dos pais sobre um filho adulto? É papel dos pais estabelecerem uma educação para os filhos, ensinando quais são os limites da sociedade, esclarecendo as suas responsabilidades enquanto cidadão e para que se adequem ao conceito de liberdade, explicando a diferença entre ética e valores, etc. Esse processo ocorre desde muito cedo a partir da convivência e depois são refletidos na sociedade. Entretanto, nem sempre os pais exercem esses deveres de forma adequada, muitas vezes é feito de forma informal e totalmente antiética, ensinando o errado por meio de falsas ideias ou da ignorância sobre determinado assunto. O que pode ser um dos pontos responsáveis para os conflitos familiares, logo que o filho terá suas expectativas destruídas por ideias utópicas. Contudo, os ensinamentos não param, os pais muitas vezes enxergarão seus filhos adultos como pessoas dependentes de seus cuidados e conselhos até que se prove o contrário. Sem dúvidas, esses filhos são amados desde os primeiros segundos de vida até o último suspiro, porém, eles necessitam desse suspiro durante a sua vida e sobretudo da sua própria emancipação. Os chamados ‘’pais-helicóptero’’, ou seja, aqueles que estão sempre girando em torno dos filhos, são aqueles que criam filhos incapazes e dependentes, controlam como devem brincar, como guardar as coisas, como agir, etc. Frases como ‘’Tome cuidado para não cair’’ ou ‘’Coma devagar para não engasgar’’, são princípios inocentes que infelizmente podem ser prejudiciais para o desenvolvimento da criança, pois, está privando-as de enfrentar sozinha os desafios próprios da sua idade. Durante a vida adulta, os pais-helicóptero ainda carregam esse título, pois são sensíveis às necessidades do filho que não teve seu próprio desenvolvimento. Entrevistado A: ‘’eu me sentia insegura vendo-os crescendo, eu sou uma boa mãe, apesar de todas as brigas. Mas não nego que durante esse tempo eu me sentia inútil por não ter o controle sobre eles, eu sentia que eles não me respeitavam mais.’’ Entrevistado B: ‘’’meus filhos sempre foram muito próximos a mim, sempre pediam as coisas e eu fazia, jurei ser a mãe exemplar que não tive quando criança. Eu não sei o que faria se eles fossem embora e me deixassem quando crescessem, eu ficaria muito triste, porque filho é para ficar com os pais. Os pais dão a vida pelo filho e não a mulher ou namorada.’’ Vemos aqui dois casos de pais que tem uma necessidade de controle com os filhos, chegando ao ponto de prematuramente pensar que ficariam tristes se os filhos fossem embora de casa e de se sentir inútil pois não conseguem mais acompanhar o crescimento dos mesmos. Essa necessidade está atrelada a comportamentos perfeccionistas, de insegurança própria, de falta de segurança no outro, etc. Estar sempre no controle de tudo é assumir responsabilidades que não dizem respeito a você. Qual a importância do diálogo para prevenção de conflitos? Essa hipótese não se limita apenas ao pai – filho. Telma Vinha, professora de Psicologia Educacional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), enfatiza a implantação de um espaço de diálogo sobre a qualidade das relações e os problemas de convivência e propor maneiras não violentas de resolvê-las dentro das escolas. Os conflitos familiares são extremamente prejudiciais para manter uma boa convivência dentro do círculo. Pois, eles delimitam interações afetiva entre os participantes, como troca de boas palavras, elogios, conversas para melhorar o todo, etc. Muitas vezes os conflitos chegam até a agressão física, onde a pessoa é agredida por conta de uma ação que ela fez ou uma discussão momentânea. De acordo com os relatórios Ocultos à plena Luz, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 58 países cerca de 17% das crianças são agredidas em prol de uma ‘’educação’’ conservadora, podendo se tornarem adultos pré-dispostos a possuir o comportamento agressivo com seus filhos ou cônjuge. Esse tipo de ‘’educação’’ é considerada por muitos a responsável pela boa educação e costumes dos filhos, porém, a verdade é que o filho se reprime e sente medo de expor suas opiniões e pensamentos pois espera que a agressão venha, isso o torna um indivíduo reprimido, com falta da sua própria essência, com possível disposição a depressão, ansiedade e crise de identidade. A criança está à mercê da pusilanimidade de ser agredida fisicamente, verbalmente e moralmente. O diálogo, claro, feito de forma adequada e sem julgamentos, é um poderoso remédio para combater os conflitos familiares e auxiliar nos conflitos internos de qualquer integrante desse círculo. Ele previne e promove uma boa interação entre pais e filhos, mas precisa ser exercido desde a infância. Entrevistado A: ‘’eu converso muito com minhas filhas, principalmente com a mais velha, conversamos sobre literalmente tudo... Já com as mais novas, ainda conversamos, mas é mais limitado. Mesmo com essas conversas eu ainda não tenho total noção de como elas estão. Em relação de discussões, a gente discute muito sim, todo dia, principalmente depois do trabalho’’ Entrevistado B: ‘’quando tive meu primeiro filho eu discutia muito, mas depois que nasceu os outros dois isso parou. Sempre conversamos muito, mas não sobre tudo. e eu acho que isso é a razão de sermos tão unidos, os conflitos são raros. Eu aprendi a evoluir como mãe quando via meus erros com meu primeiro filho.’’ Os dois casos são diferentes, o Entrevistado A tem brigas diretas com as filhas mesmo mantendo um diálogo diário e conversandosobre assuntos delicados. Durante a entrevista nota-se que a mãe tem mais intrigas com a filha número 3, a mãe diz que a filha foi bastante complicada, desde o inicio da gravidez, até a vida adulta: notas ruins na escola, uso de drogas, prisões, etc, e isso é a culpa das diversas brigas. Já com a filha número 1, as brigas são quase nulas, segundo a mãe, ela sempre foi uma filha carinhosa, respeitosa, estudiosa e muito educada. Com o Entrevistado B nota-se que os conflitos são raros, a mãe aprendeu a lidar com situações que poderiam virar discussões evoluindo a partir dos conflitos que teve com o primeiro filho. Porém, os assuntos das conversas são mais escassos, não conversam sobre assuntos delicados ou tabus, como, relacionamentos, sexo e até mesmo sentimento. Como os pais podem auxiliar na independência dos filhos? A autonomia do filho previne que ele seja inseguro e sem iniciativa perante a escolhas da vida. Quando uma criança nasce dependente dos pais dentro de um relacionamento tóxico e com responsáveis ‘’pais-helicóptero’’, elas não são estimuladas a terem sua própria autonomia e se tornam adultos dependentes de cuidados, inseguros, indecisos, etc. Podendo até recusarem convites para se mudarem de casa. Para criar um filho independente é necessário primeiro dispor a ele o poder de escolha, ou seja, oferecer-lhe que tenha suas próprias escolhas, que devem ser acompanhadas da reflexão de suas consequências. Quando se dá a criança o poder de escolha, incentiva-se a tomada de decisões. Porém, é importante ressaltar que as ações tem uma reação, que podem ser positivas ou negativas, a importância e entendimento dessa questão está na conscientização da criança, que é um reflexo de uma boa educação. Um importante ponto a mencionar é que a autonomia pode contribuir para a iniciativa e consequentemente a criança buscará desenvolver todas suas habilidades, pois quem participa mais se desenvolve mais. Para incentivar o filho que não deseja ter uma autonomia, é necessário o diálogo frequente, começando primeiros com pequenas tarefas como: tomar banho, escovar os dentes, arrumar a cama, etc. Contar histórias de personagens que demonstram sua autonomia, pois a criança se inspira em seus heróis. É importante também incentivar e estimular as funções executivas, como resolver sozinha um conflito na escola. Uma ótima forma de estimular a independência e autonomia é pedir para que a criança resolva tarefas primeiramente simples, conforme sua idade, e ao longo do seu crescimento podendo até ajudar nas tarefas domesticas. Segue uma lista: Figura 1- Tabela de idade Fonte: SOESCOLA, a-tabela-montessori, 18 de julho de 2017 Entrevistado A: ‘’três das minhas quatro filhas ainda moram comigo, uma delas conheceu um rapaz no inicio de 2019 e estão morando juntos, mas sempre vem me visitar. Eu sempre estimulei meus filhos a serem independentes, todas elas começaram a ajudar em casas desde criança e a trabalhar para terem seu próprio dinheiro desde a adolescência. Quanto a isso, acredito que elas conseguiriam se virar sozinhas na vida.’’ Entrevistado B: ‘’isso é complicado, eu sempre fiz de tudo para os meus filhos, confesso que até o prato de comida eu deixava pronto. Meu filho mais novo ajuda em casa, lavando louça e varrendo a casa. Eu nunca precisei me preocupar com os problemas que eles deveriam resolver sozinhos, pois isso nunca acontecia, eles nunca tinham problemas. Um dos meus filhos já mora sozinho, tem filho e esposa, os outros dois moram comigo. Mesmo eu não tendo ajudado eles com isso, acho que eles têm a própria autonomia.’’ O entrevistado A diz que estimulava as filhas para que ajudassem em casa desde criança, e isso logo agravou na necessidade de terem o próprio dinheiro na adolescência. Ela acredita que as filhas conseguiriam se sustentar sozinhas, visto que uma delas já não mora mais com a mãe. O entrevistado B diz que nunca precisou se preocupar em despejar a responsabilidade que os filhos deveriam ter neles mesmos, pois eles nunca tiveram um conflito escolar, por exemplo. Ela confessa que fazia o prato de comida para eles. Para ir à pratica de problema e delimitar os resultados e objetivos da pesquisa, foi destacado itens como: observação do comportamento dos pais diante do crescimento dos filhos, foi estudado durante todo o ciclo da infância até a vida adulta com dados fornecidos a partir de 2 (duas) entrevista com pais e análise documental de sites da internet, essas entrevistas e os dados forem dispostos a partir de videoconferências pelo Skype e com entrevistas físicas com duração de 1 (uma) hora e 30 (trinta) minutos. Nota-se que as famílias entrevistadas são similares em alguns aspectos e se divergem muito em outros. Foi concluído que as duas mães não conseguem lidar muito bem com o fato de os filhos estarem crescendo, ainda continuam se culpando por não terem tanto controle dos filhos, protegem incansavelmente os mesmos para que não tenham nenhum conflito para resolver, podendo resultar em um filho com comportamento dependente, sem experiência e deprimido. Durante as entrevistas, notou-se que varias perguntas não foram respondidas corretamente, o assunto era desviado e muitas vezes respondiam a pergunta com outras perguntas, por exemplo, em nenhum dos casos responderam diretamente sobre o sentimento de solidão e se pensam que os filhos vão as deixar quando forem embora, essa pergunta surgiu pelo fato das mesmas terem dito que não gostavam da ideia dos filhos irem morar em outra cidade, mesmo que as visitas fossem frequentes. Pode-se entender isso como uma imaturidade emocional e ainda a necessidade de controle sobre os filhos até mesmo depois de adultos, e agora uma dependência não de pai para filho e sim de filho para pai. DILL, Michele Amaral; CALDERAN, Thanabi Bellenzier. A importância do papel dos pais no desenvolvimento dos filhos e a responsabilidade civil por abandono. Instituo Brasileiro de Direito de Família, 17 de jan de 2011. Disponível em: <https://ibdfam.org.br/artigos/703/A+importância+do+papel+dos+pais+no+des envolvimento+dos+filhos+e+a+responsabilidade+civil+por+abandono+>. Acesso em: 15 de nov de 2020. GARCÍA, Carolina. ‘Pais-helicóptero’ criam filhos incapazes e dependentes. EL PAÍS, Mádri, 22 de jun de 2018. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/06/20/actualidad/1529486353_430587.ht ml>. Acesso em: 15 de nov de 2020. BOLZE, Simone Dill Azeredo et al . Conflitos Conjugais e Parentais em Famílias com Crianças: Características e Estratégias de Resolução. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto , v. 27, supl. 1, p. 457-465, 2017 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 863X2017000400457&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 15 nov. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/1982-432727s1201711. http://dx.doi.org/10.1590/1982-432727s1201711
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