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GINÁSTICA GERAL CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Ginástica Geral – Prof.ª Dra. Eliana de Toledo Ishibashi e Prof.ª Ms. Andrea Desiderio da Silva Olá. Meu nome é Andrea Desiderio, sou licenciada em Educação Física e bacharel em treinamento esportivo pela Unicamp, local que fiz mestrado e onde participo do Grupo de Pesquisa em Ginástica e do Grupo Ginástico Unicamp (GGU). Atualmente leciono na Universidade São Judas Tadeu, no Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal.e na Escola do Sitio - Campinas/São Paulo. Tenho experiência na área de Educação Física Escolar e disciplinas relacionadas à área da Ginástica. Sou membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Física Escolar (GEPEFE) da Faculdade de Educação da Unicamp. Desenvolvo trabalhos pedagógicos e artísticos na área do circo e da ginástica desde a infância. Caros alunos! Sou Eliana de Toledo e é uma alegria poder lecionar para vocês a disciplina de Ginástica Geral, área que tanto gosto e que há anos debruço minhas experiências, pesquisas e docência. Sou licenciada em Educação Física, Bacharel em Treinamento em Esportes e mestre em Educação Física pela FEF/Unicamp, instituição onde faço parte do Grupo de Pesquisa em Ginástica. Sou doutora em História pela PUC-SP, diretora da Gímnica – Biblioteca Virtual de Ginástica (www.ginasticas.com/ gimnica) e atualmente leciono na Universidade São Judas Tadeu – USJT/SP (na graduação e pós-graduação). Já atuei em vários campos da ginástica: escolar, fitness, área competitiva (com foco na Ginástica Rítmica – ginasta, técnica, árbitra etc.) e especialmente na Ginástica Geral (ginasta e coordenadora de grupos – Unicamp e USJT, membro da comissão organizadora de intercâmbios e eventos nacionais e internacionais etc.). Atuei e atuo em nível de graduação (Fefisa, Metrocamp, Fia) e pós-graduação (Unicamp, FMU/Gama Filho e Fefisa) como docente nessas áreas e em outras, como a História da Ginástica, Ginástica Laboral, Fundamentos da Ginástica, Rítmica, Folclore, entre outras. Possuo várias publicações na área da Ginástica, com destaque para oito capítulos e uma organização de livros, entre outros artigos e trabalhos científicos que podem ser consultados na base de dados Lattes. Gostaria, ainda, de dizer o quanto meus alunos foram importantes para meu aprendizado nessa trajetória de quase 20 anos na Ginástica, portanto, espero que possamos compartilhar e construir muitas experiências e saberes! Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação GINÁSTICA GERAL Caderno de Referência de Conteúdo Eliana de Toledo Ishibashi Andrea Desiderio da Silva Batatais Claretiano 2013 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP) Versão: dez./2013 796 T58g Toledo, Eliana de Ginástica geral / Eliana de Toledo, Andrea Desiderio – Batatais, SP : Claretiano, 2013. 176 p. ISBN: 978-85-67425-34-4 1. Aspectos históricos da ginástica geral e sua contextualização no universo da ginástica, seu papel na Educação Física e sua relação com a escola. 2. Abordagem de seu panorama na atualidade, seus conceitos, características e formas de desenvolvimento na Educação Física escolar (aulas, eventos etc.). 3. Reflexões e exemplos de sua prática na escola como instrumento de intervenção social. I. Desiderio, Andrea. II. Ginástica geral. CDD 796 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Luis Henrique de Souza Patrícia Alves Veronez Montera Rita Cristina Bartolomeu Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO ............................................................................. 15 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 35 UniDADE 1 – INTRODUÇÃO AO UNIVERSO DA GINÁSTICA 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 37 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 37 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 38 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 39 5 CONCEITOS DE GINÁSTICA ................................................................................ 41 6 O UniVERSO DA GinÁSTiCA (ÁREAS E TiPOS) ................................................... 47 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 54 8 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 55 9 E-REFERÊnCiA .................................................................................................... 56 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 56 UniDADE 2 – A GINÁSTICA E A ESCOLA: ASPECTOS HISTÓRICOS 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 57 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 57 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 58 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 60 5 ASPECTOS HISTÓRICOS DA RELAÇÃO ENTRE GINÁSTICA E ESCOLA .................. 61 6 TEXTOS COMPLEMENTARES .............................................................................. 73 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 75 8 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 76 9 E-REFERÊnCiA .................................................................................................... 76 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 77 UniDADE 3 – PANORAMA DA GINÁSTICA GERAL NA ATUALIDADE 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 79 2 CONTEÚDOS .......................................................................................................79 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 80 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 80 5 PANORAMA DA GINÁSTICA GERAL .................................................................... 81 6 GINÁSTICA GERAL EM DIFERENTES CONTEXTOS ............................................... 81 7 GINÁSTICA GERAL NO BRASIL E NO MUNDO ..................................................... 83 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 97 9 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 98 10 E-REFERÊnCiAS .................................................................................................. 98 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 99 UniDADE 4 – GinÁSTiCA GERAL – COnCEiTOS, ASPECTOS PEDAGÓGiCOS E INTERVENÇÃO SOCIAL 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 101 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 101 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 102 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 104 5 CONCEITOS DE GINÁSTICA GERAL ...................................................................... 105 6 ASPECTOS PEDAGÓGICOS DO ENSINO DE GINÁSTICA GERAL ............................ 110 7 A GINÁSTICA GERAL E A PEDAGOGIA DA AUTONOMIA ..................................... 111 8 INTERVENÇÕES SOCIAIS POR MEIO DA GINÁSTICA GERAL ................................ 118 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 125 10 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 125 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 126 UniDADE 5 – O PLANEJAMENTO DE AULAS EM GINÁSTICA GERAL: OBJETIVOS, CONTEÚDOS E MÉTODOS 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 129 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 129 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 130 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 131 5 OBJETiVOS – PARA QUE ENSINAR? .................................................................... 132 6 COnTEÚDOS – O QUE ENSINAR? ....................................................................... 135 7 MÉTODOS – COMO ENSINAR? ........................................................................... 142 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 151 9 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 152 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 152 UniDADE 6 – A ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS DE GINÁSTICA GERAL 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 153 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 153 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 153 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 155 5 ORGAniZAÇÃO DE EVEnTOS ESPORTiVOS E DE LAZER – ABORDAGEnS GERAIS ............................................................................................................... 155 6 ESPETÁCULOS ..................................................................................................... 166 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 174 8 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 175 9 E-REFERÊnCiA .................................................................................................... 175 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 175 EA D CRC Caderno de Referência de Conteúdo Ementa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Aspectos históricos da ginástica geral e sua contextualização no universo da ginástica, seu papel na Educação Física e sua relação com a escola. Aborda- gem de seu panorama na atualidade, seus conceitos, características e formas de desenvolvimento na Educação Física escolar (aulas, eventos etc.). Reflexões e exemplos de sua prática na escola como instrumento de intervenção social. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO Desde a década de 1980, a Educação Física escolar tem pas- sado por transformações significativas. Uma delas refere-se à re- flexão sobre a abordagem tecnicista nas aulas, muito utilizada na década de 1970, com subsequentes propostas de novas aborda- gens, entre elas a humanista. Essa visão possibilitou um trato mais pedagógico à Educação Física escolar, deslocando seu objetivo da performance esportiva e detecção de talentos, para uma democratização das práticas cor- porais, que deveriam ser vivenciadas por todos, de maneira praze- © Ginástica Geral10 rosa e mais significativa (dialogando com a realidade do aluno, da escola e da comunidade). Já na década de 1990, destaca-se a influência da abordagem culturalista que propôs uma nova concepção acerca dos conteú- dos da Educação Física escolar, que passaram a ser denominados e compreendidos como manifestações da cultura corporal. Outra transformação proporcionada por esse grupo de autores foi uma proposta metodológica para o ensino dessas manifestações. Mas, nesse movimento, onde estava situada a ginástica? Como ela foi inserida no contexto escolar? Como foi conceituada e concebida para as aulas? Quais são os reflexos desse processo na atualidade? Quais são as tendências atuais na área da ginástica para a Educação Física escolar? Esses e muitos outros question- amentos pretendem ser respondidos, reelaborados e ressignifica- dos em nossas aulas de Ginástica Geral. Assim, neste Caderno de Referência de Conteúdo (CRC), o objetivo será possibilitar a você, aluno, os conhecimentos básicos acerca do universo da ginástica, com foco na ginástica geral, assim como seu diálogo com o ambiente escolar e sua presença (e au- sência) na Educação Física escolar. Para atingir esse objetivo serão compostos de seis unidades temáticas, que de maneira correlata poderão proporcionar uma vi- são geral da área da ginástica e seu desenvolvimento na Educação Física escolar, de maneira crítica e reflexiva, a partir das propostas da ginástica geral. E para imergi-lo nessa área tão presente na atualidade, com estudos acadêmicos crescentes e de melhor qualidade, no entan- to, ainda pouco presente nos planejamentos e nas "quadras" da Educação Física escolar, é que este CRC se inicia com a unidade temática "Introdução ao universo da Ginástica". Nela você poderá conhecer os conceitos e os tipos de ginástica existentes, distin- guindo suas características, fundamentos e objetivos, e identifi- cando seus contextos de prática. Claretiano - Centro Universitário 11© Caderno de Referência de Conteúdo Tendo adentrado nesse universo, na Unidade 2, você terá contato com a relação historicamente construída entre a ginástica e a escola, compreendendo como elas coexistiram ao longo do tempo no Brasil,pontuando seus papéis políticos e educacionais, seus objetivos, suas práticas etc. O contato com essa temática possibilitará a você um mel- hor e maior entendimento acerca de uma realidade que se con- stitui num eco de alguns desses processos históricos, assim como poderá instrumentalizá-lo a fazer intervenções para o presente e para o futuro, de maneira menos fragmentada, mais crítica e pro- cessual. A Unidade 3 visa contextualizá-lo na área da ginástica na atu- alidade, oferecendo informações sobre seu panorama nacional e internacional, e provocando reflexões sobre o que vem sendo de- senvolvido no mundo e o que realmente se apropria e/ou se res- significa no contexto brasileiro. Tendo adentrado o universo da ginástica, a sua relação his- toricamente construída com a escola e tendo uma visão de seu pa- norama no cenário nacional e internacional, partimos para as es- pecificidades da ginástica geral, compreendendo-a como a prática mais adequada ao ambiente escolar e uma tendência na área da ginástica. Assim, a Unidade 4 versa sobre os aspectos conceituais e pedagógicos da ginástica geral, a partir dos estudos de diferentes autores. E à Unidade 5 cabe o desenvolvimento da ginástica na Edu- cação Física escolar, oferecendo subsídios para o planejamento das aulas. Para finalizar, acreditando que a ginástica geral também pode ser desenvolvida numa proposta interdisciplinar e de en- volvimento com a comunidade, cujos cidadãos fazem parte do en- torno da escola e da vida dos alunos (pais, amigos, vizinhos etc.), a Unidade 6 dedica-se à organização de eventos de ginástica. © Ginástica Geral12 Para uma breve apresentação das unidades, e para um me- lhor entendimento acerca da relação intrínseca existente entre elas, apresentamos a seguir um texto da autora Eliana Ayoub (1996). Ginástica Geral: um fenômeno sociocultural em expansão no Brasil –––––––––––––––––––– O objetivo central deste texto é refletir sobre o movimento da Ginástica Geral no Brasil, questionando alguns equívocos que têm se verificado no seu processo de expansão e ressaltando o trabalho do Grupo Ginástico Unicamp como uma proposta de vanguarda para a Ginástica Geral brasileira, reconhecida internacio- nalmente. Apesar da escassa bibliografia específica de Ginástica Geral, é possível levantar- mos algumas informações relevantes que possibilitem refletir sobre esse tema. Iniciarei a discussão por um breve histórico a respeito da Ginástica Geral, pas- sando em seguida para alguns acontecimentos que contribuíram para a sua ex- pansão em nosso país, para, finalmente, abordar alguns equívocos que vêm acompanhando esse processo. Embora não se possa precisar quando a Ginástica nasceu, seu berço é, certa- mente, a Europa – local do mundo onde ela é mais difundida e desenvolvida. Segundo Alberto LANGLADE, o ano de 1800 é uma data muito indicada para assinalar o nascimento da Ginástica atual, o qual foi possível devido a uma série de circunstâncias históricas que propiciaram o aparecimento das primeiras sis- tematizações sobre a Ginástica, através das "Escolas" Inglesa, Alemã, Sueca e Francesa. Para o autor "Daí em diante, a ginástica evoluiu incessantemente, não havendo alcançado ainda hoje formas definitivas" (1970, p.22) A Ginástica Geral (GG) também tem sua origem na Europa e grande número de adeptos nesse continente. A GG é proposta e difundida pela FIG, especialmente por meio das Ginastradas Mundiais ("World Gymnaestrada"), e compreende a esfera da Ginástica orientada para o lazer (FIG, 1993, p.3). Sem finalida- de competitiva, ela se situa num plano diferente das modalidades gímnicas de caráter competitivo – os esportes ginásticos, formalizados e institucionalizados, como por exemplo: a Ginástica Artística, a Ginástica Rítmica Desportiva, a Gi- nástica Aeróbica, o Trampolim Acrobático, a Ginástica Acrobática, as Rodas Gi- násticas, entre outras. De acordo com a Federação Internacional de Ginástica (FIG), além das manifes- tações de caráter gímnico, a GG engloba ainda a dança, jogos e expressões folclóricas nacionais. Seus objetivos são desenvolver a saúde, a condição física e a integração social, assim como contribuir para o bem-estar físico e psicológico de seus praticantes. A GG é considerada um fator sócio-cultural (FIG, 1993, p.3). Devido à sua amplitude de possibilidades, a GG não determina limites em rela- ção às metodologias gímnicas, idade, sexo, número e condição física ou técnica dos participantes, tipo de música ou vestimenta, e proporciona uma infinidade de experiências motrizes. Na GG não há "convenções" sobre o que ou como fazer (desde que faça bem para quem está fazendo), o que possibilita uma adaptação às características e interesses do próprio grupo e favorece uma ampla participa- ção, fato que a situa como a forma mais abrangente de Ginástica. Claretiano - Centro Universitário 13© Caderno de Referência de Conteúdo Por tudo isso, a GG, cujo principal alvo de atenção é o ser humano que a pratica, pode estimular a socialização, promovendo a integração entre as pessoas e grupos, bem como o respeito pela cultura de cada povo, e desenvolver a criatividade e o sen- tido de prazer, enfatizando o caráter lúdico da Ginástica. A ludicidade, a criatividade e a liberdade de expressão são aspectos marcantes e determinantes na GG. Estas características básicas da GG, organizadas aqui a partir de fontes diver- sificadas, indicam o início de um longo caminho a ser percorrido para que esse fenômeno sócio-cultural possa ser compreendido em profundidade naquilo que o distingue e singulariza-o dentro do mundo vasto e complexo da Ginástica. Considerar a Ginástica Geral como um fenômeno sócio-cultural significa estudá- -la concretamente, enquanto processo e produto, no seu inter-relacionamento com a sociedade e com a cultura – entendida no seu sentido mais amplo "(...) como o conjunto de expressões humanas nascidas do processo de construção coletiva criativa da existência social, que é fruto do diálogo humano com seu uni- verso existencial, universo esse que se manifesta concretamente na sociedade a partir das relações de poder travadas no confronto entre os diversos grupos da sociedade." (AYOUB, 1993, p.31) Foi no início da década de 1980 que a Ginástica Geral passou a ser alvo de maior atenção no Brasil, especialmente devido ao empenho dos professores Carlos Alcântara de Rezende (Minas Gerais) e Fernando Brochado (São Paulo). Desde então, teve início o seu processo de expansão em nosso país, o qual vem se acentuando nessa década. Podemos assinalar como fatores significativos para a sua expansão: - os Festivais Nacionais de Ginástica (FEGIN), realizados sob inspiração na "World Gymnaestrada", de 1982 a 1992, na cidade de Ouro Preto – MG, sob a coordenação do Prof. Carlos de Rezende; - a criação de um Departamento de Ginástica Geral pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), com diretoria própria, em 1984, e a oficialização do FEGIN pela CBG, como Festival Nacional de Ginástica Geral, em 1986; - os Cursos de Ginástica Geral e os Festivais de Ginástica e Dança promovidos pela Faculdade de Educação Física da UNESP, em Rio Claro, sob a coordena- ção do Prof. Fernando Brochado, a partir de 1988; - a realização da VII Gimnasiada Americada, em Mogi das Cruzes-SP, em 1990; - o esforço da CBG em ampliar a divulgação e participação de grupos brasileiros nas Ginastradas Mundiais. As Ginastradas Mundiais ("World Gymnaestrada") são festivais Mundiais de Ginás- tica Geral organizados pela FIG com o objetivo fundamental de promover um inter- câmbio de idéias a respeito da variedade de enfoques dentro dos quais a Ginástica é desenvolvida nos diferentes países. De acordo com o pensamento original do seu idealizador, o holandês Jo Sommer, o elemento competitivo não está presente nestes festivais, o que possibilita a participação de crianças a idosos, indepen- dentemente do nível técnico, numa atmosfera de multiplicidade de formas e de congraçamento entre os diferentes povose culturas. É um evento em que se pode apresentar livremente todas as formas, concepções e métodos de movimento, com ou sem equipamentos extra, possibilitando suas idéias peculiares. Caracteriza-se como um valioso espaço gímnico criado para as demonstrações (performances) e não para a competição, em que se pode rever e examinar tudo o que existe no mundo amplo e variado da Ginástica. Lugar irrestrito de encontro, de troca e de © Ginástica Geral14 festa, em que o potencial de cada país em relação aos diversos pontos de vista sobre a ginástica são expostos e respeitados, o seu lema é o seguinte: "Os ganha- dores da Gymnaestrada são os seus participantes". (KRAMER, 1991, p.7) Por tudo isso, a "World Gymnaestrada" é, por excelência, o acontecimento internacional da Ginástica Geral ou, em outras palavras, "La manifestation mondiale afficielle de la Gymnastique Générale est la Gymnaestrada Mondiale". (FIG, 1993, p.3) Em termos comparativos, especialmente com o continente europeu, a Ginástica Geral é um elemento da cultura corporal muito pouco difundido aqui no Brasil. Entretanto, o aumento significativo da participação brasileira nas Ginastradas Mundiais (no ano de 1991, na "IX World Gymnaestrada", realizada em Amster- dam-Holanda, 165 participantes, e no ano de 1995, na "X World Gymnaestrada", realizada em Berlim-Alemanha, 662 participantes, sendo que pela primeira vez o Brasil teve a oportunidade de realizar uma noite nacional independente, a "Noite Brasileira" – em 1991, o Brasil participou conjuntamente com Portugal da "Noi- te Luso-Brasileira") somado ao aumento da quantidade de festivais de GG em âmbito loca, regional e nacional, demonstram que o movimento da GG no Brasil vem ganhando maior número de adeptos, de modo geral em todo o país e mais especificamente em algumas regiões como os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Paralelamente a esta expansão, podemos verificar alguns equívocos que têm acompanhado esse processo, os quais revelam a necessidade de uma compre- ensão mais clara da Ginástica Geral por parte dos profissionais que vêm atuando nessa área. Em primeiro lugar, a GG tem sido tratada como sinônimo de apresentação ou demonstração de ginástica ou dança. A grande maioria dos grupos que têm participado dos eventos de GG são equipes de competição de modalidades espor- tivas de Ginástica, ou grupos de dança de academias, que transformam e adaptam os seus trabalhos em "espetáculos coreográficos de GG" para serem demons- trados. A Ginástica geral aparece, então como conseqüência de outros trabalhos específicos e não como fruto de um trabalho próprio de GG. Nesse sentido, ela é vista apenas enquanto um produto, desconectada de um processo. Outro ponto a ser considerado é que, em ambos os casos acima mencionados, a participação nos eventos de GG parece funcionar como um meio para compensar possíveis lacunas. De um lado, a restrita participação dos atletas em competições, devido ao processo seletivo próprio do esporte competitivo e, de outro, a falta de oportunidade de muitas academias de dança em participar de eventos próprios de sua área, sob a alegação do baixo nível dos seus trabalhos, encontram nos festivais de GG uma brecha para a participação. Nessa perspec- tiva, os eventos de GG assumem uma responsabilidade "compensatória", funcionando como uma espécie de "depósito" de trabalhos. A amplitude de possibilidades e a abrangência da Ginástica Geral têm sido um outro motivo de preocupação quando observamos alguns trabalhos apresen- tados em eventos de GG, no que diz respeito à qualidade. A partir da crença de que na GG tudo cabe, tudo é possível, abre-se um espaço para o "vale tudo", onde a técnica correta para a execução de movimentos é, muitas vezes, deixada de lado, colocando em risco a condição física dos participantes. É o "vale tudo" em detrimento da qualidade. E, finalmente, as Ginastradas Regionais, promovidas pela Delegacia de Esporte, com objetivo competitivo, têm se constituído num grave equívoco, uma vez que Claretiano - Centro Universitário 15© Caderno de Referência de Conteúdo contrariam um dos princípios mais básicos e fundamentais da GG que é a sua finalidade não competitiva. Institucionalizar a competição na Ginástica Geral significaria destruir uma das suas características mais preciosas e, porque não dizer, revolucionárias. Esses equívocos acima explicitados certamente não são os únicos pontos a se- rem discutidos dentro da complexidade que envolve esse tema. Minha intenção é tão somente que essas reflexões sirvam como um "pontapé inicial" para um "jogo/diálogo" a respeito da Ginástica Geral como um fenômeno sócio-cultural em expansão no Brasil. A proposta de trabalho do Grupo Ginástico Unicamp (um grupo de Ginástica Geral da Faculdade de Educação Física da Unicamp, criado desde 1989 e co- ordenado atualmente pelos professores Elizabeth P. M. de Souza e Jorge S. P. Gallardo) caracteriza-se como um exemplo significativo de avanço na área e tem se diferenciado e se destacado no cenário da GG, nacional e internacionalmente. Seus objetivos básicos são proporcionar o aumento da interação social (através de um trabalho de grupo, em que cada um dos participantes assume o papel de socializar as suas experiências e expectativas individuais com todo o grupo), estimular a utilização de recursos materiais tradicionais e/ou adaptados e criar coreografias que possam servir de inspiração para outros trabalhos de GG, com ênfase para a Educação Física Escolar (AYOUB, 1996). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Após essa introdução aos conceitos principais, apresentare- mos, a seguir, no tópico Orientações para estudo, algumas orienta- ções de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendizagem que poderão facilitar o seu estudo. 2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem Geral Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você possa construir um refe- rencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabilidade social. © Ginástica Geral16 Histórico da Ginástica e da Atividade Física Os exercícios físicos fazem parte e confundem-se com a história do homem. Sob considerações gerais, a prática do exercício físico tem origem na pré-história, assume um papel fundamental na Antigüida- de, é excluída da vida do homem na Idade Média, fundamenta-se na Idade Moderna e somente foi sistematizada, através das diferentes escolas de ginástica nos primórdios da Idade Contemporânea. No homem pré-histórico a atividade física tinha papel re- levante para sua sobrevivência, principalmente pela necessidade vital de atacar e defender-se. O exercício físico de caráter utilitá- rio e sistematizado de forma rudimentar, era transmitido através das gerações e fazia parte dos Na Antigüidade, principalmente no Oriente, os exercícios físicos aparecem nas várias formas de luta, na natação, no remo, no hipismo, na arte de atirar com o arco, como exercícios utilitários, nos jogos, nos rituais religiosos e na preparação guerreira de maneira geral. "Mente sã, corpo são". Há milhares de anos, os homens gre- gos botavam em prática, o que hoje é teoria. Eles se reuniam em ginásios, em centros culturais, apreciavam belas-artes, ouviam a boa música, discutiam filosofia profunda e, para recrear-se, prati- cavam ginástica. Nus. Platão e Aristóteles cultuavam essa rotina, que ressaltava a beleza através dos movimentos do corpo. Nasce então na Grécia, o ideal da beleza humana, o qual pode ser observado nas obras de arte espalhadas pelos museus em todo o mundo, onde a prática do exercício físico era altamente valorizada como educação corporal em Atenas e comopreparação para a guer- ra em Esparta. O fato de ser a Grécia o berço dos Jogos Olímpicos, disputados 293 vezes durante quase 12 séculos (776 aC-393 dC), de- monstra a importância da atividade física nesta época. Em Roma, o exercício físico tinha como objetivo principal a preparação militar e num segundo plano a prática de atividades desportivas como as corridas de carros e os combates de gladia- dores que estavam sempre ligados às questões militares. Recorda- Claretiano - Centro Universitário 17© Caderno de Referência de Conteúdo ções das magníficas instalações esportivas desta época como as termas, o circo, o estádio, ainda hoje impressionam quem os visita pela magnitude de suas proporções. Jogos, rituais e festividades Mas, os cristãos, através do imperador romano Teodósio, acabaram com o culto corporal: em 393 d.C., decretou o fim dos Jogos Olímpicos antigos, em nome de Deus e da moral. Assim, na Idade Média os exercícios físicos foram a base da preparação militar dos soldados, que durante os séculos 11, 12 e XIII lutaram nas Cruzadas empreendidas pela igreja. Entre os nobres eram valorizadas a esgrima e a equitação como requisitos para a participação nas Justas e Torneios, jogos que tinham como objetivo enobrecer o homem e fazê-lo forte e apto. O exercício físico na Idade Moderna, considerada simboli- camente a partir de 1453, quando da tomada de Constantinopla pelos turcos, passou a ser altamente valorizado como agente de educação. Com o Renascimento, houve a readoção dos ideais clás- sicos. Vários estudiosos da época, entre eles inúmeros pedagogos, contribuíram para a evolução do conhecimento da Educação Física com a publicação de obras relacionadas à pedagogia, à fisiologia e à técnica. E o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau conclui: "O exercício tanto torna o homem saudável como sábio e justo". No século 17, desenvolve-se a pedagogia da ginástica, com o sociólo- go inglês sir John Locke e o pedagogo suíço Jean-Henri Pestalozzi. A alemã, influenciada por Rousseau e Pestalozzi, teve como destaque Johann Cristoph Friederick Guts Muths (1759-1839) con- siderado pai da ginástica pedagógica moderna. Jahn grande nacionalista alemão considerado o pai da ginás- tica, foi o responsável pela propagação da ginástica em aparelhos pelo mundo inteiro, uma vez que durante o bloqueio ginástico de 1820 a 1842 na Alemanha, diversos ginastas alemães emigraram para o mundo inteiro difundindo a ginástica de Jahn. © Ginástica Geral18 Separa-se, então, a expressão corporal dos exercícios de treinamento de guerreiros da Antigüidade e ela passa a chamar-se "ginástica olímpica". Em 1861, em sua estréia pública, em Berlim, reúne 6 mil pessoas. A partir daí surgiu um grande movimento de sistematização da prática de exercícios, a Ginástica. A denominação Ginástica, inicialmente utilizada como refe- rência à todo tipo de atividade física sistematizada, cujos conteú- dos variavam desde as atividades necessárias à sobrevivência, aos jogos, ao atletismo, às lutas, à preparação de soldados, adquiriu a partir de 1800 com o surgimento das escolas e movimentos ginás- ticos, uma conotação mais ligada à prática do exercício físico. Inúmeros métodos ginásticos foram sendo desenvolvidos principalmente nos países europeus, os quais influenciaram e até os dias de hoje influenciam, a Ginástica mundial e em particular a brasileira. Dentre aqueles que tiveram maior penetração no Brasil destacam-se as escolas alemã, sueca e francesa. Nos tempos modernos e contemporâneos, a prática de exer- cícios físicos passa pelo contexto de educação do homem como unidade psicobiológicos. Métodos Ginásticos Calistenia A calistenia representa uma série de exercícios localizados, com fins corretivos, fisiológicos e pedagógicos. Dada a sua mobili- dade e simplicidade, adapta-se a qualquer tipo humano, podendo ser considerada como uma ginástica eclética. Modernamente, calistenia é uma série de exercícios físicos executados sem aparelhos, com a finalidade de produzir saúde, força, elegância e bem estar geral Claretiano - Centro Universitário 19© Caderno de Referência de Conteúdo Os exercícios calistênicos afetam principalmente as grandes massas musculares que colaboram na manutenção ereta do tronco e facilitam as atividades dos órgãos vegetativos, base importante da saúde, enquanto o corpo adquire uma atitude esbelta e natural. Escola Alemã a) Teve início do século 19. b) Defesa da pátria, espírito nacionalista. c) Desenvolvimento do corpo saudável a partir de "bases científicas" (biologia, fisiologia, anatomia). d) Movimento ginástico na Alemanha: nacionalista, ultra- nacionalista, socialista e racista. Indivíduo = soldado. e) Brasil: influência de imigrantes alemães. De 1860 a 1912, foi o método oficial na Escola Militar. Nas escolas foi com- batido por Rui Barbosa que preferia o Método sueco. Escola Sueca • Perh Henrik Ling (Pedro Enrique Ling), poeta e educador, representa no campo das atividades físicas um nome in- confundível. Sua obra "A Ginástica Sueca ou de Ling", evo- luiu extraordinariamente, constituindo hoje em dia, um verdadeiro monumento educacional. Contrariando as ideias dominantes da época, estabeleceu novos rumos à prática dos exercícios físicos, com o objetivo de re- generar o povo sueco, minado pela tuberculose, o raquitismo e o alcoolismo. • Em 1808, a Suécia deu os primeiros passos da ginástica escolar com um regulamento que determinou que em todos os centros de educação fossem criadas condições favoráveis para a prática de exercícios de escalada, saltos, acrobacias, natação, etc., sob a direção de um monitor. • Em 1826, um novo regulamento estabeleceu: "nenhum jovem deve ser dispensado da ginástica, salvo se provar que ela lhe é nociva". © Ginástica Geral20 • Introduziu a utilização de salas amplas e padronizadas, providas de equipamentos e materiais especiais para a prática da Ginástica Sueca, dividida em 4 partes: a) Ginástica pedagógica ou educativa: para atender a to- das as pessoas. Desenvolver o indivíduo normal e har- moniosamente. Saúde, vícios, enfermidades, postura. b) Ginástica militar: preparar o guerreiro/soldado. Tiro, esgrima. c) Ginástica médica e ortopédica: curar certas enfermi- dades. d) Ginástica estética: beleza e graça ao corpo. Brasil: Rui Barbosa e Fernando de Azevedo, defensores da ginástica sueca de Ling. Escola Francesa a) Primeira metade do século 19. b) Educação voltada para o desenvolvimento social - ho- mem completo e universal. Todo cidadão tem direito à educação. c) Baseado nas idéias dos alemães Jahn e Guts Muths. d) Visão de corpo anatomofisiológico, forte traço moral e patriótico. Classificação Geral da Ginástica Ginástica é um conceito, que engloba modalidades compe- titivas e não competitivas e envolve a prática de uma série de mo- vimentos exigentes de força, flexibilidade e coordenação motora para fins únicos de aperfeiçoamento físico e mental. Atualmente podemos dividir a ginástica em cinco campos de atuação: condicionamento físico, competitivas, terapêuticas ou corretivas, de demonstração e de conscientização corporal. As modalidades não-competivas, composta pelas ginásti- cas de condicionamento físico ou Fitness, que englobam todas as modalidades que possuem o objetivo final de adquirir e manter a Claretiano - Centro Universitário 21© Caderno de Referência de Conteúdo condição física de um praticante ou de um atleta; pelas ginásticas terapêuticas, que abarcam todas aquelas práticas responsáveis pela utilização do exercício físico na prevenção ou tratamento de doenças e as corretivas atuam sobre a postura; e pelas de conscien- tização corporal, que reúnem as novas propostas de abordagem do corpo, também conhecidas por técnicas alternativas ou Ginás- ticas Suaves, que buscam solucionar problemas físicos, funcionais e posturais, além da ginástica laboral e hidroginástica. A ginástica de demonstração tem como principal função a interação social eo compartilhamento do aprendizado e da evo- lução gímnica. É representante deste grupo a Ginástica Geral, cuja principal característica é a não-competitividade, tendo como fun- ção principal a interação social isto é, a formação integral do indi- víduo nos seus aspectos: motor, cognitivo, afetivo e social. As modalidades competivas, que compõem o grupo de mo- dalidades coordenado pela FIG (Federação Internacional de Ginás- tica que é um órgão que tem como objetivo orientar, regulamentar, controlar, difundir e promover eventos na área da Ginástica são 5: Ginástica artística (no Brasil, chamada também de olímpica) Ginástica rítmica Trampolim acrobático Ginástica acrobática Ginástica aeróbica GA: suas competições dividem-se em duas submodalidades, vistas pela FIG como modalidades diferentes e de igual importân- cia às outras cinco: WAG (feminina) e MAG(masculina), com regras e aparelhos distintos. Enquanto os homens disputam oito provas - equipes, concurso geral, cavalo com alças, argolas, barras parale- las, barra fixa, solo e salto -, as mulheres disputam seis - equipes, individual geral, solo, trave e barras assimétricas. Os ginastas de- vem mostrar força, equilíbrio, coordenação, flexibilidade e graça (este último, unicamente na WAG). © Ginástica Geral22 Em cada prova realizam-se dois conjuntos de exercícios, um chamado de obrigatório e outro chamado de livre, criado pelo pró- prio atleta. Para contagem dos pontos são levados em considera- ção: dificuldade, combinação, originalidade e execução. GR: 1996, tornou-se um esporte olímpico, e até 2000 era de- nominada GRD. Provas, aparelhos, arbitragem escolar Trampolim Acrobático Ainda que seu surgimento seja impreciso, é sabido que na Idade Média os acrobatas de circo utilizavam tábuas de molas nas suas apresentações e os trapezistas realizavam novos saltos a partir do impulso realizado em uma rede de segurança. Contudo, apenas no início do século 20, apareceram as performances realizadas em "camas de pular", enquanto forma de entretenimento. Enquanto esporte, o trampolim foi criado por George nissen, em 1936, e ins- titucionalizado como modalidade esportiva nos programas de Edu- cação Física em escolas, universidades e treinamentos de militares. Popularizado, é praticado por profissionais do esporte e amadores. Como modalidade regida pela FIG, o trampolim consiste em liberdade, vôo e espaço. Inúmeros mortais e piruetas são executa- dos a oito metros de altura e requerem precisão técnica e preciso controle do corpo. As competições são individuais ou sincroniza- das para os homens e para as mulheres. São usados um e dois trampolins para um ou dois atletas de performances parecidas que devem executar uma série de dez elementos. Tumbling Modalidade integrante dos Jogos Olímpicos de Los Angeles - 1932, teve como primeiro campeão do mundo, o norte-americano Rolando Wolf. nas décadas de 1960 e 1970 o tumbling atingiu maior popularidade na Europa Oriental, tendo gradualmente adquirido Claretiano - Centro Universitário 23© Caderno de Referência de Conteúdo presença na Europa Ocidental, Estados Unidos, Ásia e Austrália. O tumbling é executado em uma pista elevada de 25 metros, que ajuda os acrobatas dando uma propulsão que os elevam até altura superior a de uma tabela de basquetebol. Durante a performance, o ginasta deve sempre demonstrar velocidade, força e habilidade, enquanto executa uma série de manobras acrobáticas. Mortais com múltiplos saltos e piruetas serão executados sempre em busca de uma performance próxima ao limite de altura e velocidade. Duplo-mini Considerado um esporte relativamente novo, o duplo-mini é um misto do trampolim acrobático e do tumbling: combina a cor- rida horizontal do tumbling com os saltos verticais do trampolim. Depois de uma pequena corrida, o atleta salta sobre um trampolim pequeno, duplamente nivelado, para executar um salto em um dos níveis, ressaltando no segundo, seguido imediatamente por um ele- mento que irá finalizar sobre o colchão de aterrissagem. Os tram- polins modernos podem propulsar os atletas treinados tão alto, que estes podem chegar até 5/6 metros durante as performances! Durante duas séries competitivas de 10 habilidades cada, os atle- tas de nível superior podem facilmente demonstrar uma bela or- dem de saltos duplos, triplos quádruplos e piruetas. Trampolim Sincronizado Exige a mesma habilidade técnica que o trampolim indivi- dual, porém soma-se a isso uma maior precisão de tempo na exe- cução dos exercícios. São usados dois trampolins para dois atletas de performances parecidas que devem executar uma série de 10 elementos ao mesmo tempo. Assim, artisticamente, cada um exe- cuta como se fosse uma imagem de espelho do outro, dobrando a beleza visual da competição de trampolim. Ginástica Acrobática Embora a acrobacia, enquanto prática, tenha desenvolvido- -se durante o século 8º, devido ao surgimento do circo, as primei- © Ginástica Geral24 ras competições do esporte datam do século 20, com o primeira realizada em 1974. Suas competições possuem cinco divisões: par feminino, par masculino, par misto, trio feminino e quarteto masculino. As ro- tinas são executadas em um tablado de 12x12 metros, em igual medida ao da prática artística. Os acrobatas em grupo devem ex- ecutar três séries: de equilíbrio, dinâmica e combinada. As séries dinâmicas são mais ativas e com elementos de lançamentos com vôos do ginasta. As de equilíbrio valorizam os exercícios estáticos. Em níveis mais altos, a combinada é um misto das duas séries an- teriormente citadas. Todas as apresentações são realizadas com música, a fim de enriquecer os movimentos corporais. Ginástica Aeróbica Esta modalidade - elaborada por Kenneth Cooper - foi ini- cialmente desenvolvida para o treinamento de astronautas. Mais tarde, a iniciativa fora continuada por Jane Fonda, que expandiu o programa técnica e comercialmente para se tornar a popular fit- ness aerobics. Assim, a ginástica aeróbica surgiu no final da déca- da de 1980 como forma de praticar exercícios físicos, voltada para o público em geral. Pouco depois, tornou-se também um esporte competitivo para ginastas de alto nível. Esta modalidade requer do ginasta um elevado nível de força, agilidade, flexibilidade e coor- denação. Piruetas e mortais, típicos da ginástica artística, não são movimentos executados pela modalidade aeróbica. Seus eventos são divididos em cinco: individual feminino e masculino, pares mistos, trios e sextetos. De acordo com a FIG, o Brasil é o país com o maior número de praticantes da ginástica aeróbica, com mais 500 mil praticantes. Estados Unidos, Argentina, Austrália e Espanha, são outros países de práticas destacadas. Claretiano - Centro Universitário 25© Caderno de Referência de Conteúdo Modalidades Demonstrativas Ginástica Geral A ginástica para todos traz a essência da prática para den- tro da Federação Internacional, ou seja, é o conceito da própria ginástica, inserida na federação. Historicamente, a origem desta modalidade não competitiva, está atrelada à trajetória da própria FIG e tem por significado a junção de todas as modalidades, que resultam em um conjunto de exercícios que visam os benefícios da prática constante. O importante é realizar os movimentos gímni- cos com prazer e originalidade. Esta modalidade não é competitiva e pode ser praticada por todos independente de idade, porte ou aptidão física. A Ginástica Geral compreende um vasto leque de atividades físicas orientadas para o lazer, fundamentadas nas atividades gí- mnicas, assim como em manifestações corporais com particular interesse no contexto cultural nacional. A presença da Ginástica Geral como um comitê específico dentro da estrutura da FiG a partir de 1984, vem demonstrar a importância deste fenômeno de massa que envolve um incontável número de praticantes em todo o mundo, ultrapassando em larga escala o total de atletas das modalidades competitivas dirigidas pelamesma federação. Gymnaestrada Por mostrar-se mais interessado pelos festivais de ginástica e pelos benefícios da modalidade do que pelas competições, o até en- tão presidente Nicolas Cupérus, idealizou uma Gymnaestrada com a idéia de realizar um evento sem a preocupação com o aspecto com- petitivo, isto é, um evento em que os participantes comparecessem pelo prazer de sua performance e sem limitações de qualquer tipo. © Ginástica Geral26 Modalidades Não Competitivas Ginásticas de Condicionamento Físico/Fitness Aqui estão incluídas todas as modalidades que tem por ob- jetivo a aquisição ou a manutenção da condição física do indivíduo normal e/ ou do atleta. A ginástica localizada é dita uma das formas mais tradicionais e populares desta modalidade de ginástica, den- tre as demais modalidades não esportivas e consiste em exercícios priorizando séries para cada segmento muscular ou pelos segmen- tos articulares. Com duração de aproximados sessenta minutos, as práticas da ginástica localizada levam ao condicionamento físico, emagrecimento e fortalecimento muscular. A ginástica de academia, subdivide-se em categorias meno- res - como step, aeroboxe, body pump, musculação e circuito -, consiste em um apanhado organizado de movimentos ginásti- cos, a fim de moldar o corpo e dar aos praticantes hábitos mais saudáveis. É através da repetição, que a ginástica utilizada nas academias atinge resultados satisfatórios. Ginástica Corretiva A ginástica corretiva, por sua vez, é uma modalidade de prática individual, de uso da medicina, que visa a correção da col- una vertebral, bem como o tratamento de anomalias musculares e deformações congênitas. Entre alguns desvios posturais que a corretiva é capaz de amenizar estão a escoliose e a hiperlordose. As de compensação e de conservação possuem o mesmo caráter individual da corretiva, e visam a melhora postural do indivíduo antes da fase de correção. Ginástica de Conscientização Corporal Baseadas em propostas inovadoras na abordagem corporal, incluem-se neste ítem o Pilates, a Yoga, o Método Cidadão-Corpo, de Ivaldo Bertazzo, o método GDS da Godelieve e outros mais. Claretiano - Centro Universitário 27© Caderno de Referência de Conteúdo Também conhecidas por Técnicas alternativas ou Ginásticas Suaves, que foram introduzidas no Brasil a partir da década de 70, tendo como pioneira a Anti-Ginástica. A grande maioria destes trabalhos teve origem na busca da solução de problemas físicos e posturais. Hidroginástica A hidroginástica tem por finalidade melhorar a capacidade aeróbica e cardiorespiratória, a resistência e a força muscular, a flexibilidade e o bem-estar de seus praticantes. Possui a vantagem de poder ser praticada por pessoas de qualquer sexo e idade. A hidroginástica é uma opção alternativa para o programa de práti- ca mais comum de exercícios, como a ginástica de academia. Sua eficácia vai de atletas em treinamento, gestantes, pessoas em fase de reabilitação, inclusive pessoas que estão acima ou abaixo do peso ou apresentam algum tipo de deficiência. Os exercícios aquáticos são divertidos, agradáveis, efica- zes, estimulantes, cômodos e seguros. A hidroginástica permite a redução no esforço articular. Ginástica Laboral A ginástica laboral é definida como a realização de exercí- cios físicos no ambiente de trabalho, durante o horário de expe- diente, para promover a saúde dos funcionários e evitar lesões de esforços repetitivos e doenças ocupacionais. Além dos exercícios físicos, consiste em alongamentos, relaxamento muscular e flexi- bilidade das articulações. Apesar da prática da ginástica laboral ser coletiva, ela é mol- dada de acordo com a função exercida por cada trabalhador. Nas- cida em 1925, na entre os operários poloneses, a ginástica laboral foi passada à Holanda, Rússica, Bulgária e Alemanha Oriental. Mais tarde, chegou ao Japão. Após a Segunda Guerra Mundial, o progra- ma evoluiu e espalhou-se pelo mundo. © Ginástica Geral28 Ginástica Formativa A Ginástica Formativa ou Educativa é elaborada a partir de exercícios artificiais, formais ou construídos, os quais tem a finali- dade de educar ou "formar" o corpo humano, de forma segmen- tada, sem considerá-lo como um todo. A Ginástica sueca e seus movimentos estão aqui colocados pelas suas características real- mente educativas, que buscam "formar" a criança e o adolescente, e por isso recebem este nome quando aplicadas nesta faixa etária: crianças e adolescentes. Ginástica Escolar A Ginástica Escolar apresenta uma perspectiva ampliada em todos os níveis de ensino, considerando as diferentes fases do de- senvolvimento motor e características do processo pedagógico e da cultura corporal dos alunos, e será discutida em detalhes na última Unidade deste caderno. O que é importante para uma aula de ginástica? a) Faixa Etária: ë determinante para a montagem do grupo. Deve ser considerada juntamente com o estágio de desen- volvimento motor em que a criança se encontra. Temos um padrão para este desenvolvimento motor, que normalmen- te se apresenta de acordo com as diversas idades. Ao iden- tificar a etapa de desenvolvimento motor em que o grupo se encontra, não corremos o risco de pular etapas e pode- mos atuar sobre bases científicas mais concretas. b) Sexo: embora nas primeiras etapas não exista muita mo- dificação comportamental entre um sexo e outro, com as mudanças hormonais a atividade física passa a ter se- xualidade. Se pudermos durante esta fase de descober- ta sexual trabalhar as diferenças e maiores capacidades físicas com os sexos separadamente, até por causa do constrangimento entre eles, os resultados serão mais eficientes. Nos dias atuais as classes de educação física são mistas, nos mais diferentes grupos. Tal atitude do homem nos tem permitido visualizar melhor quais são as diferenças sexuais de genótipo, no que se refere à ati- Claretiano - Centro Universitário 29© Caderno de Referência de Conteúdo vidade física, uma vez que as mesmas já são realizadas por ambos os sexos igualmente. c) Instalações: toda aula de atividade física, independente do seu caráter deve levar em consideração as instala- ções existentes e que estas realmente possam ser apro- veitadas para qualificação da aula. Sabemos que salas de ginástica sem barras e sem espelhos, que quadras esportivas fora das medidas padronizadas, interferem no padrão das performances, bem como servem como fatores desmotivantes para os alunos. d) Tempo Disponível: independente de outros fatores, uma aula de educação física tem duração média de uma hora. e) Número de Integrantes. f) Habilidades e Atitudes. g) Objetivos. Partes Componentes de uma Aula de Ginástica Aquecimento: parte principal Constitui 4/6 da aula ou do tempo disponível. Visa à desaceleração cardíaca, trazendo cada indivíduo para a freqüência cardíaca normal, ou pelo menos, a 60% da Frequência Cardíaca Máxima (FCmax). Nesta parte da aula os exercícios são feitos geralmente sentados ou deitados. Atitude do professor a) Clareza na Comunicação. b) Gestos. c) Paciência e Compreensão. d) Linguagem. e) Voz. Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom do- © Ginástica Geral30 mínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci- mento dos temas tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo Ginástica Geral. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos: 1) Educação Física: "[...] a Educação física é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica, formas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corpo- ral" (COLETiVO DE AUTORES, 1992, p. 50). 2) Escola: "[...] um espaço de formação e informação, em que a aprendizagem de conteúdos deve necessariamen- te favorecer a inserção do aluno no dia a dia das ques- tõessociais marcantes e em um universo cultural maior. A formação escolar deve propiciar o desenvolvimento de capacidades, de modo a favorecer a compreensão e a intervenção nos fenômenos sociais e culturais, assim como possibilitar aos alunos usufruir das manifestações culturais nacionais e universais" (BRASIL – Secretaria de Educação Fundamental, 1997, p. 45). 3) Ginástica: entende-se por ginástica uma prática siste- matizada de exercícios, com fundamentação científica, cujas características principais podem ser identificadas em práticas gímnicas historicamente consolidadas (em especial a partir dos métodos europeus de ginástica). 4) Ginástica Geral: "[...] uma manifestação da cultura cor- poral, que reúne as diferentes interpretações da ginás- tica (natural, construída, artística, rítmica desportiva, aeróbica etc) integrando-as com outras formas de ex- pressão corporal (dança, folclore, jogos, teatro, mímica etc), de forma livre e criativa, de acordo com as caracte- rísticas do grupo social e contribuindo para o aumento da interação social entre os participantes" (GALLARDO e SOUZA, 1994, p. 292). Esquema dos Conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es- Claretiano - Centro Universitário 31© Caderno de Referência de Conteúdo quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteú- do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican- do as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en- tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque- mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen- to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. © Ginástica Geral32 Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimen- to, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs. br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). Fonte: adaptado de Toledo (1999, p. 120). Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo de Ginástica Geral. Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre Claretiano - Centro Universitário 33© Caderno de Referência de Conteúdo um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendizagem. Este esquema, por exemplo, possibilita que você compreenda que a ginástica geral se legitima no ambiente escolar por se tratar de uma prática que faz parte da área da Ginástica, e que esta, por sua vez, caracteriza-se como uma das manifestações da cultura corporal da disciplina curricular escolar Educação Física. O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien- te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza- das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio con- hecimento. Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis- sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com o ensino da Ginástica Geral pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se prepa- rando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari- to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas). © Ginástica Geral34 As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte integrante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustrativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com- partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno dos Curso de Graduação na modalidade EaD e futuro profissional da educação, necessita de uma forma- ção conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da Claretiano - Centro Universitário 35© Caderno de Referência de Conteúdo interação com seus colegas. Sugerimos,pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AYOUB, Eliana. Interesses físicos no lazer como Área de Intervenção profissional de Educação Física. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1993. (Dissertação de Mestrado). BRASIL - Secretaria de Educação Fundamental, v.1, 1997 p. 45. COLETiVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992GALLARDO, J. S. P.; AZEVEDO, L. H. R. Fundamentos básicos da ginástica acrobática competitiva. Campinas: Autores Associados, 2007. Claretiano - Centro Universitário 1 EA D Introdução ao Universo da Ginástica 1. OBJETIVOS • Apresentar o vasto universo da ginástica, que compreen- de todas as suas manifestações gímnicas da atualidade. • Compreender as particularidades que as distinguem, as- sim como as similitudes que as fazem pertencer ao uni- verso da ginástica. • Estabelecer relações possíveis entre essas práticas no âm- bito escolar, especialmente nas aulas de Educação Física. • Identificar o que faz a ginástica geral pertencer a esse uni- verso e uma tendência dentro dele. 2. CONTEÚDOS • Conceitos de ginástica. • Áreas de prática da ginástica, segundo seus objetivos prioritários. © Ginástica Geral38 • Tipos de ginástica que fazem parte dessas áreas, com des- taque para as mais desenvolvidas atualmente no Brasil. • Relação entre esses tipos de ginástica, identificando se- melhanças e diferenças. • Reflexões sobre a possibilidade de inserção das diversas práticas gímnicas no contexto escolar. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Antes de iniciar, avalie qual é o seu conceito de ginás- tica e quais práticas gímnicas você conhece (seja pela nomenclatura e/ou pelas características), que tenham sido vividas, observadas, estudadas etc. Esse exercício também é interessante de se fazer com aqueles que o rodeiam (parentes, amigos etc.). E, ao longo da unidade, tente estabelecer relações entre o que foi levantado e o que foi apresentado. Dessa maneira, você poderá refle- tir sobre os motivos desses saberes existirem ou não e perceber o quão ainda é necessário que os professores e a comunidade em geral conheçam melhor a vasta e importante área da Educação Física e de nossa cultura. 2) Visite clubes, academias, atualmente os maiores con- textos de prática da ginástica, escolas, associações, e analise quais práticas gímnicas são desenvolvidas nes- ses espaços. Tente relacionar o que foi desenvolvido na unidade com o que for observado. Você poderá se sur- preender por vários motivos (que serão refletidos nas questões autoavaliativas. 3) Procure aprofundar os conhecimentos da unidade bus- cando na internet não só as leituras disponíveis on-line (indicadas na bibliografia e outras que não estejam), mas também fotos e vídeos, que, de maneira mais didática, poderão ilustrar o vasto e rico universo da ginástica. 4) Todas as referências a seguir foram mencionadas no texto e podem ser encontradas na biblioteca virtual de Claretiano - Centro Universitário 39© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica ginástica. Disponível em: < http://www.ginasticas.com/ conteudo/gimnica/gimnica_apresentacao.html >. Aces- so em: 23 fev. 2012. a) SOUZA, E. P. M. O universo da ginástica. s. n. t., 1996. b) ______. Ginástica geral: um campo de conhecimen- to da Educação Física. Campinas: Universidade Esta- dual de Campinas, 1997. (Tese de Doutorado). c) SOUZA, E. P. M.; TOLEDO, E.; PALERMO, C. T. Elemen- tos Corporais. s. n. t. 1995. d) TOLEDO, E. Proposta de Conteúdos para a Ginástica Escolar: um paralelo com a teoria de Coll. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1999. (Disser- tação de Mestrado). 5) Você também pode complementar a leitura desta uni- dade com: • Códigos de pontuação das modalidades gímnicas competitivas (artística, rítmica, acrobática, aeróbica, de trampolim etc.), disponíveis em: <www.cbginasti- ca.com.br>. Acesso em: 23 fev. 2012. • Livros e manuais específicos das práticas gímnicas (competitivas, de condicionamento físico, de de- monstração etc.) para melhor conhecer e compreen- der suas especificidades. • Textos que não se caracterizam como artigos cientí- ficos, desenvolvidos por professores renomados na área da ginástica, utilizados como apoio ou leitura básica de graduandos e professores e que estão dis- poníveis on-line. Destacamos os textos O universo da ginástica e Elementos corporais. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Vários estudos já publicados, como o de Polito (1998) e nos- sa intervenção como docente, em cursos de graduação, especial- ização e extensão, na organização de eventos nacionais e interna- © Ginástica Geral40 cionais, atuando em intercâmbios como pesquisadoras etc., têm deflagrado que a ginástica está, ainda, pouco presente nas aulas de Educação Física escolar. São inúmeros os motivos para que isso aconteça, entre os quais: 1) Os professores não tiveram a disciplina durante sua gra- duação e não se sentem aptos a desenvolvê-la em suas aulas. 2) Os professores que a tiveram e formaram-se há mais tempo, somente tiveram acesso aos movimentos das gi- násticas tradicionais, oriundas dos métodos europeus de ginástica, ou somente uma ou duas práticas competitivas (em especial a ginástica artística – antes denominada gi- nástica olímpica – e a ginástica rítmica). No entanto, tive- ram essas práticas num contexto específico (disciplinar e competitivo) e não conseguem adaptá-las para o universo da escola, com as tendências pedagógicas atuais. 3) Muitos não sabem lidar com a falta de material existente nas escolas, o que acaba impedindo sua implantação. 4) Mesmo sabendo pouco a respeito da ginástica, muitos professores ainda têm receio para ensinar os movimen- tos gímnicos aos alunos, temendo que eles sofram le- sões. O comportamento acontece porque não se sentem aptos para dar a devida segurança e/ou fazer uma es- trutura de aula em que um único professor possa "dar conta" desse ensino para todos da classe. 5) Alguns professores não possuem o apoio da coordena- ção pedagógica ou da direção da escola para desenvol- ver os conteúdos gímnicos. 6) Quando a disciplina é desenvolvida, possui uma carga horária menor e está presente em menos anos letivos do que outras práticas tradicionais, como os esportes co- letivos (futebol, basquetebol, voleibol e handebol). Isso acontece porque os fatores anteriormente mencionados influenciam e porque há, culturalmente, em nosso país, uma valorização dessas práticas em detrimento de ou- tras, como a ginástica, os esportes de aventura (ou ra- dicais ou da natureza), as lutas, a dança, a capoeira etc. Claretiano - Centro Universitário 41© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica Em nosso entendimento, a presença da ginástica na escola, o direitodos alunos de ter acesso a esse conhecimento, cultural e his- toricamente construído, pode ser potencializado, primeiramente, pelo acesso dos professores ao universo da ginástica (conceitos, áreas e tipos). Ou seja, um ganho de saberes em sua diversidade e profundi- dade acerca dessa área tão antiga, versátil, útil e encantadora. Nossa meta é que você possa se aproximar desse mundo, apropriando-se dele com autonomia para uma possível interven- ção na escola, mesmo que inicialmente de maneira tímida. A partir deste momento, liberte-se de eventuais "pré-conceitos" e permita-se adentrar nesse universo. Transite nele com o entusiasmo de quem está prestes a se surpreender com o que pode encontrar e com a curiosidade de quem anseia pelo saber e por uma Educação Física escolar mais digna e diferenciada! Convite aceito, vamos nessa! 5. CONCEITOS DE GINÁSTICA Muitos são os conceitos de ginástica que foram desenvolvi- dos ao longo de seu percurso histórico, alguns existentes (de for- ma ressignificada) até a atualidade. Alguns autores consideram que o simples fato de o homem primitivo exercitar-se era uma evidência da ginástica, ou seja, o simples fato de o homem movimentar-se para sobreviver (lutar, caçar etc.) caracterizava-se como uma prática gímnica. Outros ain- da consideram que as práticas mais sistematizadas da Antiguidade, como os movimentos respiratórios, o kung fu, a ioga, entre outras, podem ser consideradas ginástica. No entanto, ao estudarmos a história da ginástica e sua ori- gem etimológica, foi na Grécia antiga que surgiu o primeiro con- ceito do termo: "gymnastiké-salicet téchue; a arte de exercitar-se com o corpo nu" (SÉRGiO e PEREiRA, s.d., p. 391). © Ginástica Geral42 Segundo Jaeger (2001), Bonorino (1931), Azevedo (1960) e Godoy (1996), a ginástica fazia parte dos jogos entre os povos, en- tre outras práticas como as corridas (com e sem cavalos), as lutas e os jogos. De maneira geral, em especial no caso da ginástica, a principal função dessas atividades estava vinculada à formação do cidadão grego. Havia a concepção física e moral de que os conhecimentos do culto ao corpo e à música estavam presentes juntamente com a filosofia e a sabedoria da época. Objetivava-se, também, com a prática da ginástica, o de- senvolvimento da saúde e dos valores estéticos e morais. Ela era praticada nos ginásios, locais que tinham somente esse objetivo. Tais espaços eram considerados de convívio seletivo, uma vez que somente os cidadãos gregos podiam praticar a ginástica (o que ex- clui forasteiros, escravos, mulheres etc.). Considerando que a ginástica tinha no contexto cultural e histórico essa concepção, características e objetivos, não parece coerente considerar que as práticas que a antecederam sejam consideradas "ginástica". Dito de outra maneira, causa certa estra- nheza a defesa de que práticas mais antigas que o surgimento da ginástica possam ser "ginásticas". Por esse motivo, defendemos que as práticas da Antigu- idade não sejam assim denominadas, justamente porque possuem uma concepção, características e um contexto cultural e histórico próprios, que as legitimam e as identificam como tais. No entanto, não é incomum encontrarmos em academias de ginástica da atualidade e em conversas de professores de Edu- cação Física a abordagem das artes marciais e das manifestações da ioga como práticas de ginástica, o que, para nós, é um grande equívoco. Claretiano - Centro Universitário 43© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica Outros conceitos de ginástica vão surgir a partir do Renascimento. Aproximadamente em 1800, surgem os métodos europeus de ginástica, cuja cronologia de origem foi orga- nizada por Langlade & Langlade (1970, p.20). Para muitos autores, o grande precur- sor do método alemão Friedrich Ludwig Jahn, denominado na literatura como Jahn (Figura 1), é considerado o pai da ginástica moderna. Segundo Paoliello (1996, n. p.): A denominação Ginástica, inicialmente utilizada como referência a todo tipo de atividade física sistematizada, cujos conteúdos varia- vam desde as atividades necessárias à sobrevivência, aos jogos, ao atletismo, às lutas, à preparação de soldados, adquiriu, a partir de 1800, com o surgimento das escolas e movimentos ginásticos aci- ma descritos, uma conotação mais ligada à prática do exercício físico. De acordo com Soares (1994:64), a partir desta época, a Ginástica passou a desempenhar importantes funções na sociedade industrial, "apresentando-se como capaz de corrigir vícios posturais oriundos das atitudes adotadas no trabalho, demonstrando assim, as suas vin- culações com a medicina e, desse modo, conquistando status. Nesse período, destacam-se os pesquisadores de diferentes áreas do saber (médicos, filósofos, pedagogos), que irão protago- nizar as publicações na área da ginástica, objetivando sua com- preensão e ensino. Alguns nomes e obras em destaque, de acordo com Toledo (1999, p. 84), são apresentados na Tabela 1. Tabela 1 Pesquisadores e publicações na área da ginástica Maffeo Vegio Educação da Creança Antonio Gazi Florida de Corona Francisco Rabelais Gargantua e de Pantagruel Jeronimo Merculiari De Arte Gymnastica F. Hoffmann Do movimento artificial e As sete regras da saúde Fonte: Toledo (1999, p. 84). Figura 1 Friedrich Ludwig Jahn. © Ginástica Geral44 Nessa época, a ginástica aparece como "grande salvadora" de um momento histórico que exigia homens (trabalhadores) for- tes, saudáveis, disciplinados e patriotas. O objetivo era aprimorar a saúde dos indivíduos (crianças e adultos), assim como neles sus- citar conceitos higiênicos e morais. Ou seja, independentemente do método, o conceito de ginástica estava voltado para esses objetivos, como esclarece Soares (1994, p. 65): Apresentando algumas particularidades a partir do país de origem, essas escolas, de um modo geral possuem finalidades semelhan- tes: regenerar a raça (não nos esqueçamos do grande número de mortes e de doenças); promover a saúde (sem alterar as condições de vida); desenvolver a vontade, a coragem, a força, a energia de viver (para servir à pátria nas guerras e na indústria) e , finalmente, desenvolver a moral (que nada mais é do que uma intervenção nas tradições e nos costumes dos povos). E durante muitos anos, até o século 20, a ginástica terá essa conotação. É possível analisar esse conceito na Revista Educação Physica (publicada nas décadas de 1930 e 1940, no Brasil), vincu- lada a um preceito higienista e eugenista da época, gradualmente também aplicada à beleza feminina e à performance esportiva. E é no final do século 20 que sua conceituação parece sofrer algumas modificações. Provavelmente, devido ao movimento em prol da saúde que foi preconizado em todo mundo, especialmente na Europa, denominado "Sport For All", traduzido no Brasil como a campanha do "Mexa-se" (TOLEDO, 2010). Mais uma vez, a ginástica é atrelada ao conceito de saúde e considerada um de seus carros-chefes dentro do contexto do condi- cionamento físico proposto pelas academias e endossado por médi- cos e educadores físicos (pesquisadores do treinamento desportivo e das relações entre doenças crônico-degenerativas e exercício). Com o forte respaldo acadêmico da área médica, seu concei- to parece ter sido voltado para um objetivo muito mais funcional do que pedagógico. Um desses conceitos expressa essa constata- Claretiano - Centro Universitário 45© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica ção, conforme aponta a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasi- leira apud TOLEDO, 1995a, p. 15): Uma forma ou modalidade de educação física, isto é, uma maneira de formar fisicamente o corpo humano, sendo as restantes, além dela, os jogos e os desportos. A definição científica diz-nos que a ginástica é a exercitação metódica dos órgãos no seu conjunto (relacionada ao movimento e à atitude), por intermédio de exercícios corporais, de "forma" precisamente determinada e ordenados sistematicamente, de
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