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Legislação Institucional da DP-compactado

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@dicas.exconcurseira 
 
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Legislação Institucional 
da Defensoria Pública 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
1. Defensoria Pública na Constituição Federal................................................................................................................3 
2. Princípios da Defensoria Pública................................................................................................................................15 
3. Assistência jurídica integral x Assistência judiciária x Gratuidade da justiça.............................................................19 
4. Ondas renovatórias do acesso à justiça.....................................................................................................................40 
5. Funções típicas e atípicas da Defensoria Pública.......................................................................................................43 
6. Atuação da Defensoria Pública na tutela coletiva......................................................................................................45 
7. Defensoria Pública como sujeito da relação processual no CPP e no CPC.................................................................53 
8. Lei Complementar 80/94..........................................................................................................................................106 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DEFENSORIA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
1. Introdução 
 
 No intuito de equacionar o acesso ao Judiciário e a obtenção das prestações jurisdicionais a todos os indivíduos, 
independentemente da (in)capacidade econômica que os distingue, a CF/88 edificou a Defensoria Pública. 
 
CF, Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como 
expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a ORIENTAÇÃO JURÍDICA, a promoção dos DIREITOS 
HUMANOS e a DEFESA, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS, de forma integral e 
gratuita, aos NECESSITADOS, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. (Redação dada pela EC 80/2014) 
 
CF, Art.5º, LXXIV - o Estado prestará ASSISTÊNCIA JURÍDICA integral e gratuita aos que COMPROVAREM insuficiência de 
recursos; 
 
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA GRATUIDADE DA JUSTIÇA 
Serviço gratuito de representação em 
juízo, suprindo a capacidade 
postulatória (que a parte não tem, mas 
o advogado ou defensor público 
possuem). 
Trata-se de expressão mais ampla, que 
compreende tanto a assistência 
judiciária (representar em juízo), como 
a consultoria e a orientação jurídica, 
inclusive extrajudicial. 
É a dispensa do pagamento das 
despesas processuais. 
 • Art.5º, LXXIV, da CF; 
• Art.134 da CFl 
• Arts.185 a 187 do CPC/15. 
• Lei 1.060/50; 
• Arts.98 a 102 do CPC/15. 
 
1.1. Notícias históricas 
 
 Nada obstante a fragilidade da sua estruturação, a DP pátria hoje se destaca no panorama mundial por ser o Brasil um 
dos poucos países que a alçou, por mandamento constitucional, à condição de carreira de Estado. 
 Merece destaque a atuação do poder constituinte reformador que, por meio de sucessivas emendas constitucionais, 
tem reforçado significativamente as garantias que cercam a carreira, bem com sua autonomia. à ATENÇÃO! CAI MUITO, em 
prova de concurso, saber o que cada emenda constitucional previu em relação à Defensoria Pública. Então, vamos lá! 
 
 EC nº 45/2004: 
• Assegurou às Defensorias Públicas Estaduais à autonomia funcional, autonomia administrativa e iniciativa de sua 
proposta orçamentária, dentro dos limites estabelecidos na LDO. 
 
EC nº 74/2013: 
• Assegurou à Defensoria Pública da União e à Defensoria Pública do Distrito Federal à autonomia funcional, 
autonomia administrativa e iniciativa de sua proposta orçamentária, dentro dos limites estabelecidos na LDO. 
 
DE OLHO NA JURIS! Constitucionalidade da EC 74/2013, que conferiu autonomia à DPU e à DPDF 
A EC 74/2013, que conferiu autonomia às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal, não viola o art. 61, § 1º, II, alínea 
"c", da CF/88 nem o princípio da separação dos poderes, mesmo tendo sido proposta por iniciativa parlamentar. STF. Plenário. 
ADI 5296 MC/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/5/2016 (Info 826). 
 
Participação da Defensoria na discussão da LDO 
É inconstitucional a Lei de Diretrizes Orçamentárias que seja elaborada sem contar com a participação da Defensoria 
Pública para elaborar as respectivas propostas orçamentárias. Assim, a LDO enviada pelo Governador do Estado à Assembleia 
Legislativa deve contar com a participação prévia da Defensoria Pública. Isso porque a LDO fixa limites do orçamento anual que 
será destinado à Instituição. Além do § 2º, também deve ser aplicado o 1º do art. 99 da CF/88 às Defensorias Públicas. STF. 
Plenário. ADI 5381 Referendo-MC/PR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/5/2016 (Info 826). 
 
Governador não pode reduzir proposta orçamentária da Defensoria elaborada de acordo com a LDO 
Governador do Estado, ao encaminhar para a Assembleia Legislativa o projeto de lei orçamentária, não pode reduzir a 
proposta orçamentária elaborada pela Defensoria Pública e que estava de acordo com a LDO. Há, neste caso, violação ao §2º 
do art. 134 da CF/88. Assim, é inconstitucional a redução unilateral pelo Poder Executivo dos orçamentos propostos pelos 
outros Poderes e por órgãos constitucionalmente autônomos, como o Ministério Público e a Defensoria Pública, na fase de 
consolidação do projeto de lei orçamentária anual, quando tenham sido elaborados em obediência às leis de diretrizes 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
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orçamentárias e enviados conforme o art. 99, §2º, da CF/88. Caso o Governador do Estado discorde da proposta elaborada, ele 
poderá apenas PLEITEAR ao Poder Legislativo a redução pretendida, visto que a fase de apreciação legislativa é o momento 
constitucionalmente correto para o debate de possíveis alterações no projeto de lei orçamentária. Não pode, contudo, já 
encaminhar o projeto com a proposta alterada. STF. Plenário. ADI 5287/PB, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/5/2016 (Info 826). 
STF. Plenário. ADPF 307 Referendo-MC/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgada em 19/12/2013 (Info 733). 
 
Autonomia da Defensoria Pública e convênio obrigatório com a OAB 
É inconstitucional a legislação do Estado de São Paulo que prevê a celebração de convênio EXCLUSIVO E OBRIGATÓRIO entre 
a Defensoria Pública de SP e a OAB-SP. Esta previsão OFENDE a autonomia funcional, administrativa e financeira 
da Defensoria Pública estabelecida no art. 134, §2º, da CF/88. Somente é possível a prestação, pelo Poder Público, de 
assistência jurídica à população carente por não Defensores Públicos em caso de situação EXCEPCIONAL e TEMPORÁRIA. 
STF.Plenário. ADI 4163/SP, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 29/2/2012 (Info 656). 
 
Comentários do julgado 
 
Previsão do convênio entre a DPE-SP e a OAB-SP: 
A Constituição do Estado de São Paulo prevê em seu art. 109: 
Artigo 109. Para efeito do disposto no artigo 3º desta Constituição, o Poder Executivo manterá quadros fixos de defensores públicos 
em cada juizado e, quando necessário, advogados designados pela Ordem dos Advogados do Brasil - SP, mediante convênio. 
 
O art. 3º, mencionado, traz a seguinte redação: 
Artigo 3º O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que declararem insuficiência de recursos. 
 
A Lei Complementar n.° 988/2006 (Lei Orgânica da DPE-SP), por sua vez, previu: 
Dos Convênios de Prestação de Assistência Judiciária 
Artigo 234. A Defensoria Pública do Estado manterá convênio com a Seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil, 
visando implementar, de forma suplementar, as atribuições institucionaisdefinidas no artigo 5º desta lei. 
§1º (...) 
§2º A remuneração dos advogados credenciados na forma deste artigo, custeada com as receitas previstas no artigo 8º, será 
definida pela Defensoria Pública do Estado e pela Seccional Paulista da Ordem dos Advogados do Brasil. 
§3º - (...) 
 
A previsão deste convênio existe porque a Defensoria Pública em São Paulo somente foi criada em 2006, com um quadro de 
membros insuficiente para as demandas do Estado. Assim, diante do pequeno número de Defensores Públicos, a Constituição 
estadual autorizou a realização de convênio para que advogados privados prestassem assistência jurídica aos hipossuficientes. 
 
ADI proposta pelo PGR: 
O Procurador-Geral da República propôs, no STF, ação direta de inconstitucionalidade contra o art. 109 da Constituição estadual 
e contra o art. 234 da LC paulista 988/2006. 
O PGR alegou, na referida ADI, que os dispositivos mencionados afrontavam o art. 134, §2º da CF/88, que prevê a autonomia 
funcional, administrativa e financeira da Defensoria Pública, considerando que o referido convênio foi previsto de forma “obrigatória” 
para a DPE. 
 
Preliminar de conhecimento da ação: o art. 109 da CE-SP é de 1989 e o art. 134, § 2º da CF é de 2004. Cabe ADI neste caso? 
Antes de adentrar ao exame do mérito da ADI, o STF discutiu questão muito interessante. 
A ADI tinha, como um dos seus objetos, o art. 109 da CE-SP, que foi editada em 1989. 
(Obs: quando se diz que a ADI tinha por objeto determinada norma, o que se está afirmando é que a ADI foi proposta para impugnar 
esta norma. Assim, o objeto da ADI significa a norma impugnada pela ADI). 
O parâmetro de controle deste art. 109 da CE-SP era o art. 134, §2º, da CF/88. Este §2º do art. 134 foi incluído na CF/88 pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004. 
(Obs2: quando se fala em parâmetro de controle de constitucionalidade está se mencionando a norma da Constituição que é 
violada pelo ato impugnado). 
 
Recapitulando: 
• Parâmetro: é a norma formalmente constitucional que está sendo violada. 
• Objeto: é o ato que ofende o parâmetro e, por isso, está sendo impugnado. 
No caso examinado, um dos objetos da ADI (o art. 109 da CE-SP/89) era mais antigo que o parâmetro (§2º do art. 134 da CF, 
incluído pela EC 45/04). Indaga-se: 
 
 
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Na ADI, é possível que o objeto da ADI seja anterior, isto é, seja mais antigo que o parâmetro? 
NÃO. Para que a lei ou ato normativo seja impugnado por ADI ou ADC, é necessário que esta lei ou ato normativo tenha sido 
editado DEPOISo parâmetro constitucional invocado. Em outras palavras, o parâmetro, na ADI e na ADC, deve ser anterior ao 
objeto. 
Se o parâmetro é posterior ao ato normativo impugnado, não se está diante de inconstitucionalidade, mas sim de não recepção. 
 
Se não cabe ADI nestes casos, qual é o instrumento cabível? 
Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF). Quando o ato impugnado (objeto) for anterior ao texto 
constitucional (parâmetro), não caberá ADI, mas será possível a propositura de ADPF. 
 
Considerando que não cabia ADI contra o art. 109 da CE-SP, o que o STF decidiu? 
O STF conheceu da ADI como se fosse uma ADPF. 
A ADI, a ADC e a ADPF são fungíveis entre si. Assim, segundo a jurisprudência pacífica do STF, se for proposta uma ADI com 
relação a um ato anterior à CF/88, esta ADI não é cabível, mas pode ser convertida em ADPF. 
 
O STF adotou o rito do art. 12 da Lei 9.868/99 e julgou definitivamente a ação: 
Em alguns casos, quando o autor da ADI pede a concessão de medida cautelar, o STF, pode, ao invés de reunir o Plenário apenas 
para julgar a medida cautelar, decidir, desde logo, definitivamente a ação. Esta previsão está no art. 12, da Lei 9.868/99: 
Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem 
social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-
Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o processo diretamente ao 
Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação. 
 
Foi o que aconteceu neste julgamento. O Tribunal entendeu que, embora se cuidasse de medida cautelar, o STF poderia julgar 
a causa, desde logo, em termos definitivos, porquanto o feito estaria devidamente aparelhado, haja vista que todos os 
intervenientes manifestaram-se exaustivamente, a exemplo da AGU e do Ministério Público. 
Desse modo, o STF não julgou apenas a medida cautelar, mas sim a questão em definitivo. 
 
Quanto ao mérito: 
No mérito, o STF entendeu que o art. 234 da LC 988/2006 impõe a obrigatoriedade da DPE-SP firmar convênio, em termos de 
exclusividade, com a OAB-SP. 
Na visão do Supremo isso descaracteriza o próprio conceito de convênio e VIOLA a autonomia funcional e administrativa da 
Defensoria (art. 134, § 2º, da CF/88). 
O convênio, nos moldes previstos pela legislação paulista, contraria também o art. 14, §2º, da LC 80/94 (Lei Orgânica Nacional 
da Defensoria Pública): 
Art. 14. (...) 
§2º Não havendo na unidade federada Defensoria Pública constituída nos moldes desta Lei Complementar, é autorizado o 
convênio com a entidade pública que desempenhar essa função, até que seja criado o órgão próprio. (Incluído pela LC 98/99). 
 
Para o STF, o Estado de São Paulo não poderia, sob o pálio de convênios firmados para responder a situações temporárias, furtar-
se ao dever jurídico-constitucional de institucionalização plena e de respeito absoluto à autonomia da Defensoria Pública. 
Relativamente ao art. 109 da Constituição paulista, atribuiu-se-lhe interpretação conforme para afirmar que seu texto enunciaria 
apenas mera autorização ou possibilidade de celebração de convênios com a OAB-SP, sem cunho de necessidade, nem 
exclusividade, de modo a ficar garantida à Defensoria Pública, em consonância com sua autonomia administrativa e funcional, a 
livre definição dos seus eventuais critérios administrativo-funcionais de atuação. 
Assim, pela decisão da Corte, a DPE-SP, enquanto ainda não estiver plenamente estruturada, poderá celebrar convênios não 
apenas com a OAB-SP, mas também com outros organismos com capacidade postulatória. A decisão quanto a celebrar ou não os 
convênios e a escolha da entidade com quem será firmado o instrumento é uma decisão da Defensoria, pautada em sua autonomia 
funcional e administrativa. 
Vale ressaltar, no entanto, que a regra primordial para a prestação de serviços jurídicos pela Administração Pública, enquanto 
atividade estatal permanente, é o concurso público, a constituir situação excepcional e temporária a prestação de assistência 
jurídica à população carente por não Defensores Públicos. 
 
Advocacia pro bono e assessoria jurídica gratuita por Municípios 
Um dos temas atualmente de maior destaque nas discussões envolvendo Defensoria Pública e assistência jurídica gratuita é o 
seguinte: 
 
 
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A CF/88, ao prever a Defensoria Pública como instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação 
jurídica e a defesa, em todos os graus, dos que comprovarem insuficiência de recursos, proíbe, de maneira reflexa, a advocacia 
pro bono (voluntária) e o oferecimento de assessoria gratuita por municípios? 
A advocacia pro bono, “advocacia para o bem”, em tradução literal, significa a prestação de serviços advocatícios por advogados 
privados, que não recebem nada por isso, e atuam em prol de demandas que atendam ao interesse público. O movimento de 
advocacia pro bono teve início nos EUA. 
As Defensorias Públicas, de uma forma geral, não se voltam contra a prática da advocacia pro bono. Existem alguns setores na 
própria OAB que criticam a advocacia pro bono, afirmando que seria apenas uma forma camuflada de captação de clientes. 
Quanto à prestação de serviços de assistência jurídica gratuita por municípios (as chamadas “Defensorias Públicas municipais”),a 
polêmica é maior, havendo duas correntes sobre o tema: 
1ª corrente: Não seria possível esta prática por violar o art. 134, da CF/88. Este dispositivo constitucional assegurou à Defensoria 
Pública o monopólio da assistência jurídica gratuita estatal, prestada pelo Estado, com recursos públicos. Assim, é 
inconstitucional a prestação de assistência jurídica gratuita por parte dos Municípios. Esta é a posição institucional defendida 
pelas Defensorias Públicas. 
2ª corrente: É possível a prestação de assistência jurídica gratuita por municípios considerando que o art. 134 da CF/88 não 
prevê, em nenhum momento, o monopólio, ou seja, que tais serviços sejam prestados exclusivamente pela DPE e DPU. A 
realidade é que as Defensorias Públicas não possuem estrutura para atender toda a demanda, de sorte que tais serviços, prestados 
por alguns municípios, são importantes para garantir o acesso à justiça das pessoas hipossuficientes. É a tese adotada por alguns 
membros do MP. 
 
Como responder em uma prova discursiva? 
Após explanar as duas correntes, deve-se adotar a primeira se a prova for para a Defensoria Pública. Se o concurso for para o 
Ministério Público, o mais seguro é filiar-se à segunda corrente. 
Um lema tem sido bastante difundido entre os chefes das Defensorias Públicas e entidades de classe. A frase que sintetiza esta 
posição institucional é a seguinte: 
A Defensoria Pública não quer ter o monopólio da assistência jurídica gratuita, sendo reconhecida a importância da advocacia pro 
bono em alguns casos. O que a Defensoria Pública detém, inegavelmente, por força da Constituição Federal é o monopólio da 
assistência jurídica gratuita estatal, prestada pelo Estado, com recursos públicos. 
Nesta ADI julgada, não houve decisão formal e específica sobre nenhum desses temas, mas vale mencionar que o Min. Dias Toffoli, 
ao proferir seu voto, afirmou que vislumbrava a possibilidade de atuação de advocacia pro bono e de assessoria jurídica pelos 
municípios. Ressalte-se, no entanto, que esta não pode ser considerada a posição do STF sobre o assunto. 
 
Inconstitucionalidade da defensoria dativa como forma primordial de assistência jurídica gratuita 
É inconstitucional lei estadual que preveja que o serviço de “assistência jurídica gratuita” será feito primordialmente por 
advogados dativos e não pela Defensoria Pública. É possível a realização de convênio com a OAB para que esta desenvolva 
serviço de assistência jurídica gratuita por meio de defensoria dativa, desde que como forma de suplementar a Defensoria 
Pública ou de suprir eventuais carências desta. STF. Plenário. ADI 3892/SC, ADI 4270/SC, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 14/3/2012 
(Info 658). 
 
Poder Judiciário não pode impor a nomeação de Defensores Públicos para atuar em processos da Justiça Militar em discordância 
dos critérios de alocação de pessoal do órgão 
Ao impor a nomeação de Defensores para atuar em processos na Justiça Militar do Distrito Federal, em discordância com 
critérios de alocação de pessoal previamente aprovados pelo Conselho Superior da Defensoria Pública do DF, a autoridade 
judiciária interfere na autonomia funcional e administrativa do órgão. Reconhecida a inexistência de profissionais concursados 
em número suficiente para atender toda a população do DF, os critérios indicados pelo Conselho Superior da Defensoria Pública 
do DF para a alocação e distribuição dos Defensores Públicos (locais de maior concentração populacional e de maior demanda, 
faixa salarial familiar até 5 salários mínimos) revestem-se de razoabilidade. STJ. 5ª Turma. RMS 59.413-DF, Rel. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, julgado em 07/05/2019 (Info 648). 
 
Comentários do julgado 
 
A situação concreta, com adaptações, foi a seguinte: 
O Juiz da Justiça Militar do Distrito Federal proferiu decisão judicial determinando que a Defensoria Pública do DF designasse um 
Defensor Público para atuar em determinados processos criminais nos quais os réus (policiais e bombeiros militares) eram 
economicamente hipossuficientes e não tinham advogado constituído. 
A Defensoria Pública impetrou mandado de segurança alegando que a decisão judicial violava a autonomia administrativa da 
Instituição. Isso porque, em razão do reduzido número de membros, o Conselho Superior da Defensoria Pública havia decidido, 
há algum tempo, suspender o funcionamento do núcleo da Instituição que atuava na Vara Militar. Logo, a decisão do magistrado 
afrontaria essa deliberação do Conselho Superior. 
 
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O argumento da Defensoria Pública foi acolhido? A decisão do Juiz do juízo de crimes militares foi anulada? 
SIM. 
Vejamos abaixo os principais argumentos invocados no mandado de segurança e quais foram acolhidos pelo STJ. 
 
Alegação de afronta ao princípio da inércia da jurisdição 
A Defensoria Pública alegou que a decisão do magistrado viola o princípio da inércia da jurisdição, já que a indicação de 
Defensor Público para representar o réu foi determinada sem prévia solicitação da parte interessada. 
O STJ, contudo, REJEITOU esse argumento. 
É dever do magistrado zelar pela regularidade do andamento do processo, a fim de evitar nulidade processual. Tal dever, 
principalmente quando voltado para a verificação da efetiva obediência à garantia constitucional do direito ao contraditório e à 
ampla defesa, não demanda necessariamente prévia provocação do réu, mas apenas a constatação de que ele não está 
devidamente representado e não tem condições de constituir um patrono, valendo-se de meios financeiros próprios. 
 
Judiciário pode determinar medidas necessárias à execução de políticas públicas 
O STF admite, ao menos em princípio, que o Poder Judiciário determine ordens para instigar o Poder Público a implementar 
medidas necessárias à execução de políticas públicas se ficar constatada a ocorrência de inescusável omissão do Estado. Uma 
decisão judicial nesse sentido não pode ser considerada uma afronta à autonomia administrativa e gerencial do órgão omisso. 
Ocorre que a constatação de que existe ou não uma inescusável omissão estatal exige que se examine, no caso concreto, os 
motivos e os critérios utilizados pelo administrador, para, só então, verificar a razoabilidade e a proporcionalidade da medida. 
Assim, tanto a atuação como a missão do administrador devem estar ancoradas em fundamentos justificadores idôneos. 
Um dos parâmetros que devem necessariamente nortear a decisão do administrador, assim como a avaliação efetuada pelo 
magistrado sobre a idoneidade de tal decisão, é a razoabilidade e a proporcionalidade da escolha feita pelo administrador diante 
da disponibilidade de recursos (econômicos, financeiros, humanos e físicos) e das circunstâncias fáticas existentes ou previsíveis 
num futuro mais próximo que possam influenciar a possibilidade de atuação e implementação efetiva de políticas públicas. Esse 
tipo de raciocínio, derivado do princípio da razoabilidade, não raras vezes tem sido recebido, na jurisprudência da Corte Suprema, 
a denominação de princípio da reserva do possível. 
 
Princípio da razoabilidade e da reserva do possível 
O princípio da reserva do possível surge na Alemanha, em 1972, fruto de uma ação ajuizada por alunos que pleiteavam o direito 
de ingresso no curso de medicina da universidade pública. 
Em resposta ao pleito, o Tribunal Constitucional Federal alemão afirmou que o direito de acesso à formação profissional, garantido 
pela Lei Fundamental alemã, somente poderia ser efetivado dentro da reserva do possível, o que implicava dizer, no caso concreto, 
que as vagas disponibilizadas atendiam a um limite razoável e congruente com a capacidade financeira do Estado de arcar com os 
custos decorrentes desse exercício. 
Assim, conforme preconiza essa teoria, os recursos são limitados e as necessidades ilimitadas, de forma que não há condições 
financeiras de o Poder Público atender a todas as demandas sociais. 
Vale ressaltar, contudo, que a jurisprudência atual tem afirmado que a reserva do possívelnão pode ser oposta à efetivação 
dos Direitos Fundamentais, já que, quanto a estes, não cabe ao administrador público preteri-los em suas escolhas. 
Se um direito é qualificado pelo legislador como absoluta prioridade, ele deixa de integrar o universo de incidência da reserva do 
possível, já que a sua possibilidade é obrigatoriamente fixada pela Constituição ou pela lei. 
Ademais, tratando-se de direito essencial, incluso no conceito de mínimo existencial, inexistirá empecilho jurídico para que o 
Judiciário estabeleça a inclusão de determinada política pública nos planos orçamentários do ente político, especialmente quando 
não houver comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal. 
 
A exigibilidade da ordem judicial para a implantação de unidades da Defensoria Pública encontra-se condicionada ao término 
do prazo estabelecido na EC 80/2014 (ano de 2022) 
São notórias as dificuldades pelas quais passa a efetiva implantação e instalação da Defensoria Pública no país. A desproporção 
entre os assistidos e os respectivos Defensores é evidente. 
De igual modo, há um número bem menor de Defensores Públicos se comparado com a quantidade de Magistrados e de membros 
do Ministério Público, assim como pelo que se depreende da comparação dos orçamentos disponibilizados a cada uma das 
instituições. 
Em razão de tais dificuldades do Estado, a EC 80, de 4/6/2014, conferiu nova redação ao art. 98 do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias estabelecendo um prazo de 8 anos para instalação de serviços mínimos prestados pela Defensoria, 
que se esgota em 2022. 
Por esse motivo, a jurisprudência do STF tem entendido que a exigibilidade de atendimento integral da população pela Defensoria 
Pública está condicionada ao transcurso do prazo estabelecido na EC 80/2014. 
Nesse sentido: STF. Decisão monocrática. RE 810.883, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/11/2017. 
Esse mesmo critério deve ser utilizado neste caso. 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
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Em suma: 
Ao impor a nomeação de Defensores para atuar em processos na Justiça Militar do Distrito Federal, em discordância com 
critérios de alocação de pessoal previamente aprovados pelo Conselho Superior da Defensoria Pública do DF, a autoridade 
judiciária interfere na autonomia funcional e administrativa do órgão. 
Reconhecida a inexistência de profissionais concursados em número suficiente para atender toda a população do DF, os 
critérios indicados pelo Conselho Superior da Defensoria Pública do DF para a alocação e distribuição dos Defensores Públicos 
(locais de maior concentração populacional e de maior demanda, faixa salarial familiar até 5 salários mínimos) revestem-se de 
razoabilidade. 
STJ. 5ª Turma. RMS 59.413-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 07/05/2019 (Info 648). 
 
Nesse mesmo sentido: 
A autonomia administrativa e a independência funcional asseguradas constitucionalmente às defensorias públicas não permitem 
a ingerência do Poder Judiciário acerca da necessária opção de critérios de atuação pelo Defensor Geral e a independência da 
atividade da advocacia. 
STJ. 6ª Turma. HC 310.901/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 16/06/2016. 
 
Não configuração do crime de desobediência na hipótese de não atendimento por Defensor Público-Geral de requisição judicial 
de nomeação de defensor 
Não configura o crime de desobediência (art. 330 do CP) a conduta de Defensor Público Geral que deixa de atender à requisição 
judicial de nomeação de defensor público para atuar em determinada ação penal. A Constituição Federal assegura às 
Defensorias Públicas autonomia funcional e administrativa (art. 134, §2º). A autonomia administrativa e a independência 
funcional asseguradas constitucionalmente às Defensorias Públicas NÃO permitem que o Poder Judiciário interfira nas 
escolhas e nos critérios de atuação dos Defensores Públicos que foram definidos pelo Defensor Público-Geral. STJ. 6ª Turma. 
HC 310901-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 16/6/2016 (Info 586). 
 
 
EC nº 80/2014: 
• Explicitou ser a DP instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Estado (nos mesmos moldes do MP); 
• Inclui o §4º ao art.134 da CF, que constitucionalizou os princípios institucionais da DP (nos mesmos moldes do MP): 
a) Princípio da unidade; 
b) Princípio da indivisibilidade; 
c) Princípio da independência funcional. 
 
DE OLHO NA JURIS! Equiparação entre Defensoria Pública e MP 
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que concede aos Defensores Públicos a aplicação do regime de garantias, 
vencimentos, vantagens e impedimentos do Ministério Público e da Procuradoria-Geral do Estado. Os estatutos jurídicos das 
carreiras do Ministério Público e da Defensoria Pública foram tratados de forma diversa pelo texto constitucional originário. 
Ademais, a equivalência remuneratória entre as carreiras encontra óbice no art. 37, XIII, da CF/88, que veda a equiparação ou 
vinculação remuneratória. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
Obs: o tema foi analisado tendo como parâmetro a redação originária da Constituição Federal de 1988, ou seja, antes das 
Emendas Constitucionais 45/2004 e 80/2014. 
 
• Determinou a aplicação à DP das regras dos arts.93 (regras de organização da Magistratura) e 96, II, CF (iniciativa para 
apresentação de projetos de lei relativos à estruturação da DP); 
 
DE OLHO NA JURIS! Nos concursos da Defensoria Pública podem ser exigidos três anos de atividade jurídica? 
O art. 93, I, da CF/88 exige três anos de atividade jurídica para os candidatos nos concursos da Magistratura. Essa exigência pode 
ser estendida para os concursos da Defensoria Pública. No entanto, é indispensável a edição de uma lei complementar 
prevendo isso (art. 37, I e art. 134, §1º, da CF/88). Enquanto não for editada lei complementar estendendo a exigência dos três 
anos para a Defensoria Pública, continua válida a regra do art. 26 da LC 80/94, que exige do candidato ao cargo de Defensor 
Público apenas dois anos de prática forense, computadas, inclusive as atividades realizadas antes da graduação em Direito. 
Desse modo, não é possível que Resolução do Conselho Superior da Defensoria Pública (ato infralegal) exija três anos de 
atividade jurídica depois da graduação para os concursos de Defensor Público. STJ. 2ª Turma. REsp 1676831/AL, Rel. Min. Mauro 
Campbell Marques, julgado em 05/09/2017 (Info 611). 
 
 
• Acrescentou o art.98 ao ADCT, dispondo que o número de defensores públicos na unidade jurisdicional deverá ser 
proporcional à efetiva demanda pelo serviço da DP e à respectiva população, sendo que no prazo de 8 anos (que se 
vence em 2022), a União, os Estados e o DF deverão contar com defensores em todas as unidades jurisdicionais. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
9 
ADCT, Art. 98. O número de defensores públicos na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda pelo serviço da 
Defensoria Pública e à respectiva população. 
§1º No prazo de 8 anos (QUE VENCE EM 2022), a União, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com defensores 
públicos em TODAS AS UNIDADES JURISDICIONAIS, observado o disposto no caput deste artigo. 
§2º Durante o decurso do prazo previsto no §1º deste artigo, a LOTAÇÃO dos defensores públicos ocorrerá, 
PRIORITARIAMENTE, atendendo as regiões com MAIORES ÍNDICES DE EXCLUSÃO SOCIAL e ADENSAMENTO POPULACIONAL. 
 
DE OLHO NA JURIS! A exigibilidade da ordem judicial para a implantação de unidades da Defensoria Pública encontra-se 
condicionada ao término do prazo estabelecido na EC 80/2014 (ano de 2022) 
São notórias as dificuldades pelas quais passa a efetiva implantação e instalação da Defensoria Pública no país. A desproporção 
entre os assistidos e os respectivos Defensores é evidente. De igual modo, há um número bem menor de Defensores Públicos se 
comparado com a quantidade de Magistrados e de membros do Ministério Público, assim como pelo que se depreende da 
comparação dos orçamentosdisponibilizados a cada uma das instituições. Em razão de tais dificuldades do Estado, a EC 80, de 
4/6/2014, conferiu nova redação ao art. 98 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias estabelecendo um prazo de 8 
anos para instalação de serviços mínimos prestados pela Defensoria, que se esgota em 2022. Por esse motivo, a jurisprudência 
do STF tem entendido que a exigibilidade de atendimento integral da população pela Defensoria Pública está condicionada ao 
transcurso do prazo estabelecido na EC 80/2014. STF. Decisão monocrática. RE 810.883, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
30/11/2017. STJ. 5ª Turma. RMS 59.413-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 07/05/2019 (Info 648). 
 
 
RESUMINDO 
EC nº 45/2004 EC nº 74/2013 EC nº 80/2014 
Assegurou às Defensorias Públicas 
Estaduais à autonomia funcional, 
autonomia administrativa e 
iniciativa de sua proposta 
orçamentária, dentro dos limites 
estabelecidos na LDO. 
Assegurou à Defensoria Pública da 
União e à Defensoria Pública do Distrito 
Federal à autonomia funcional, 
autonomia administrativa e iniciativa 
de sua proposta orçamentária, dentro 
dos limites estabelecidos na LDO. 
Explicitou ser a DP instituição 
permanente e essencial à função 
jurisdicional do Estado (nos mesmos 
moldes do MP); 
 
 Inclui o §4º ao art.134 da CF, que 
constitucionalizou os princípios 
institucionais da DP (nos mesmos moldes 
do MP): 
i) Princípio da unidade; 
ii) Princípio da indivisibilidade; 
iii) Princípio da independência funcional. 
 Determinou a aplicação à DP das regras 
dos arts.93 (regras de organização da 
Magistratura) e 96, II, CF (iniciativa para 
apresentação de projetos de lei relativos 
à estruturação da DP); 
 Acrescentou o art.98 ao ADCT, dispondo 
que o número de defensores públicos na 
unidade jurisdicional deverá ser 
proporcional à efetiva demanda pelo 
serviço da DP e à respectiva população, 
sendo que no prazo de 8 anos (que se 
vence em 2022), a União, os Estados e o 
DF deverão contar com defensores em 
TODAS as unidades jurisdicionais. 
 
 
1.3. Arquitetura e organização da Defensoria Pública 
 
 Nos termos do art.24, XIII, CF, a competência legislativa para a regulamentação da assistência jurídica e da DP é 
concorrente entre a União, os Estados e o DF. Por isso, e apesar da unidade e indivisibilidade da instituição, temos a Defensoria 
Pública da União (DPU), a Defensoria Pública dos Estados (DPEs), a Defensoria Pública do DF e a dos Territórios. 
 
CF, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal LEGISLAR CONCORRENTEMENTE sobre: 
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
10 
CF, Art.134, §1º Lei complementar (É A LC 80/94) organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos 
Territórios e prescreverá normas GERAIS para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, 
mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da INAMOVIBILIDADE e VEDADO O 
EXERCÍCIO DA ADVOCACIA fora das atribuições institucionais. 
 
 Vale recordar ser da competência da União organizar e manter a DP dos Territórios Federais, não mais sendo sua 
atribuição, todavia, organizar e manter a DP do DF (referida tarefa foi deslocada para o próprio DF). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Agora, a transcrição dos outros 3 parágrafos do art.134 da CF, que tratamos ao falarmos das emendas constitucionais 
45/2004, 74/2013 e 80/2014. 
 
CF, Art.134, §2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua 
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, 
§2º. 
§3º Aplica-se o disposto no §2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal. 
§4º São PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA a UNIDADE, a INDIVISIBILIDADE e a INDEPENDÊNCIA 
FUNCIONAL, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. 
 
DE OLHO NA JURIS! Inconstitucionalidade de lei estadual que atribua ao Governador competências administrativas 
na Defensoria Pública 
É inconstitucional lei estadual que atribui ao chefe do Poder Executivo estadual competências administrativas no âmbito 
da Defensoria Pública. Assim, viola o art. 134, §2º da CF/88 a lei estadual que preveja que compete ao Governador: 
a) a nomeação do Subdefensor Público-Geral, do Corregedor-Geral, dos Defensores Chefes e do Ouvidor da Defensoria 
Pública estadual; 
b) autorizar o afastamento de Defensores Públicos para estudos ou missão; c) propor, por meio de lei de sua iniciativa, o 
subsídio dos membros da Defensoria Pública. 
Obs: Tais competências pertencem ao Defensor Público-Geral do Estado. 
STF. Plenário. ADI 5286/AP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/5/2016 (Info 826). 
 
Defensoria Pública não é subordinada ao Governador do Estado 
É inconstitucional, por violar o art. 134, §2º, da CF/88, lei estadual que traga as seguintes previsões: 
a) A DPE integra a Administração Direta; 
b) O Governador do Estado é auxiliado pelo Defensor Geral do Estado; 
c) O Defensor Público-Geral é equiparado a Secretário de Estado. 
As Defensorias Públicas gozam de autonomia funcional e administrativa. Por essa razão, qualquer medida normativa que 
suprima essa autonomia da Defensoria Pública, vinculando-a a outros Poderes, em especial ao Executivo, implicará violação à 
Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 4056/MA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 7/3/2012 (Info 657). 
No mesmo sentido, o STF declarou que lei estadual que estabeleça que a Defensoria Pública ficará subordinada ao Governador 
do Estado é inconstitucional por violar a autonomia da Instituição (art. 134, § 2º da CF/88). STF. Plenário. ADI 3965/MG, Rel. 
Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/3/2012 (Info 657). 
 
Dever do Poder Executivo de efetuar os repasses de duodécimo na forma do art. 168 da CF/88 
O Governador do Estado é obrigado a efetuar o repasse, sob a forma de duodécimos e até o dia 20 de cada mês, da 
integralidade dos recursos orçamentários destinados, pela lei orçamentária, à Defensoria Pública estadual. STF. Plenário. ADPF 
339/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/5/2016 (Info 826). 
 
Comentários do julgado 
 
No caso concreto, o instrumento processual utilizado (ADPF) foi correto? 
SIM. Em caso de descumprimento do dever previsto no art. 168 da CF/88, a jurisprudência do STF entende que cabe a impetração 
de mandado de segurança. No entanto, o MS só poderia ser manejado pelo Defensor Público-Geral enquanto titular da Instituição 
Defensoria Pública dos Território Federais 
Defensoria Pública do Distrito Federal 
organizada e mantida pela União 
organizada e mantida pelo DF 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
11 
(STF MS 21291 AgR-QO), e não pela ANADEP, que não tem legitimidade para o writ, considerando que nenhum direito líquido e 
certo da associação está sendo violado. 
 
Assim, como a ANADEP não pode impetrar MS, resta apenas o ajuizamento da ADPF, sendo preenchido, portanto, o requisito da 
subsidiariedade (art. 4º, § 1º, da Lei nº 9.882/99). 
 
1.4. Garantias, prerrogativas e vedações para os membros da Defensoria Pública 
 
 
 
* DE OLHO NA JURIS! Defensores públicos não são intimados pessoalmente nos juizados 
A jurisprudência do STJ afirma que, no âmbito dos Juizados Especiais, não é necessária a intimação pessoal dos Defensores 
Públicos, podendo esta ocorrer até mesmo pela Imprensa Oficial. Novo CPC: o CPC/2015 prevê a prerrogativa de os Defensores 
Públicos serem intimados pessoalmente (art. 186, § 1º). Isso, contudo, já estava previsto na LC 80/94. Por essa razão, penso que 
o entendimento jurisprudencial acima permanecerá válido com o novo CPC já que a razão que o inspirou está no fato de que 
os Juizados Especiais precisam ser céleres e informais. STJ. 5ª Turma. HC 105548/ES, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado 
em 27/04/2010. 
 
PRERROGATIVASdos membros da Defensoria Pública da União e dos Estado (art.44 = art.128 da LC 80/94 
I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com vista, INTIMAÇÃO PESSOAL em qualquer processo 
e grau de jurisdição ou instância administrativa, contando-se-lhes EM DOBRO todos os prazos; 
ATENÇÃO! Nos Juizados Especiais, é DISPENSÁVEL* a intimação pessoal. 
II - não ser preso, senão por ordem judicial escrita, salvo em flagrante, caso em que a autoridade fará imediata comunicação 
ao Defensor Publico-Geral; 
III - ser recolhido a PRISÃO ESPECIAL ou a SALA ESPECIAL DE ESTADO-MAIOR, com direito a privacidade e, após sentença 
condenatória transitada em julgado, ser recolhido em dependência separada, no estabelecimento em que tiver de ser 
cumprida a pena; 
IV - usar vestes talares e as insígnias privativas da Defensoria Pública; 
VI - ter VISTA PESSOAL DOS PROCESSOS fora dos cartórios e secretarias, ressalvadas as vedações legais; 
VII – comunicar-se, pessoal e reservadamente, com seus assistidos, ainda quando esses se acharem presos ou detidos, 
mesmo incomunicáveis, tendo livre ingresso em estabelecimentos policiais, prisionais e de internação coletiva, 
independentemente de prévio agendamento; 
VIII – examinar, em qualquer repartição pública, autos de flagrantes, inquéritos e processos, assegurada a obtenção de 
cópias e podendo tomar apontamentos; 
IX - manifestar-se em autos administrativos ou judiciais por meio de COTA; 
X – REQUISITAR DE AUTORIDADE PÚBLICA E SEUS AGENTES exames, certidões, perícias, vistorias, diligências, processos, 
documentos, informações, esclarecimentos e providências necessárias ao exercício de suas atribuições; 
XI – REPRESENTAR A PARTE, em feito administrativo ou judicial, INDEPENDENTEMENTE DE MANDATO, ressalvados os casos 
para os quais a lei exija poderes especiais; 
XII - deixar de patrocinar ação, quando ela for manifestamente incabível ou inconveniente aos interesses da parte sob seu 
patrocínio, comunicando o fato ao Defensor Publico-Geral, com as razões de seu proceder; 
XIII - ter o mesmo tratamento reservado aos magistrados e demais titulares dos cargos das funções essenciais à justiça; 
XIV - ser ouvido como testemunha, em qualquer processo ou procedimento, em dia, hora e local previamente ajustados com 
a autoridade competente; 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
12 
 
GARANTIAS dos membros da Defensoria Pública 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL LC 80/94 – DPU LC 80/94 – DPE’s 
Art.134, §1º: (...) assegurada a seus 
integrantes a garantia da 
inamovibilidade (...). 
Art. 43. São garantias dos membros da 
Defensoria Pública da União: 
 
Art. 127. São garantias dos membros da 
Defensoria Pública do Estado, sem 
prejuízo de outras que a lei estadual 
estabelecer: 
 I - independência funcional no 
desempenho de suas atribuições; 
I - independência funcional no 
desempenho de suas atribuições; 
 II - inamovibilidade; II - inamovibilidade; 
 III - irredutibilidade de vencimentos; III - irredutibilidade de vencimentos; 
 IV - estabilidade. IV - estabilidade. 
 
 
VEDAÇÃO aos membros da Defensoria Pública (art.134, §1º, CF) 
EXERCÍCIO DA ADVOCACIA fora das atribuições institucionais. 
 
1.5. Remuneração dos Defensores Públicos 
 
CF, Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II (ADVOCACIA PÚBLICA) e III (NA VERDADE: SEÇÃO 
IV à DEFENSORIA PÚBLICA) deste Capítulo serão remunerados na forma do art. 39, §4º. 
 
CF, Art.39, §4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e 
Municipais serão remunerados exclusivamente por SUBSÍDIO fixado em PARCELA ÚNICA, vedado o acréscimo de qualquer 
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, 
o disposto no art. 37, X (ESTIPULAÇÃO POR LEI ESPECÍFICA + REVISÃO GERAL ANUAL) e XI (TETO REMUNERATÓRIO). 
 
 
 
 
 
 
PRERROGATIVAS dos membros da Defensoria Pública da União e dos Estado (art.44 = art.128 da LC 80/94 
I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com vista, INTIMAÇÃO PESSOAL em qualquer processo 
e grau de jurisdição ou instância administrativa, contando-se-lhes EM DOBRO todos os prazos; 
ATENÇÃO! Nos Juizados Especiais, é DISPENSÁVEL* a intimação pessoal. 
II - não ser preso, senão por ordem judicial escrita, salvo em flagrante, caso em que a autoridade fará imediata comunicação 
ao Defensor Publico-Geral; 
III - ser recolhido a PRISÃO ESPECIAL ou a SALA ESPECIAL DE ESTADO-MAIOR, com direito a privacidade e, após sentença 
condenatória transitada em julgado, ser recolhido em dependência separada, no estabelecimento em que tiver de ser 
cumprida a pena; 
IV - usar vestes talares e as insígnias privativas da Defensoria Pública; 
VI - ter VISTA PESSOAL DOS PROCESSOS fora dos cartórios e secretarias, ressalvadas as vedações legais; 
VII – comunicar-se, pessoal e reservadamente, com seus assistidos, ainda quando esses se acharem presos ou detidos, 
mesmo incomunicáveis, tendo livre ingresso em estabelecimentos policiais, prisionais e de internação coletiva, 
independentemente de prévio agendamento; 
VIII – examinar, em qualquer repartição pública, autos de flagrantes, inquéritos e processos, assegurada a obtenção de 
cópias e podendo tomar apontamentos; 
IX - manifestar-se em autos administrativos ou judiciais por meio de COTA; 
X – REQUISITAR DE AUTORIDADE PÚBLICA E SEUS AGENTES exames, certidões, perícias, vistorias, diligências, processos, 
documentos, informações, esclarecimentos e providências necessárias ao exercício de suas atribuições; 
XI – REPRESENTAR A PARTE, em feito administrativo ou judicial, INDEPENDENTEMENTE DE MANDATO, ressalvados os casos 
para os quais a lei exija poderes especiais; 
XII - deixar de patrocinar ação, quando ela for manifestamente incabível ou inconveniente aos interesses da parte sob seu 
patrocínio, comunicando o fato ao Defensor Publico-Geral, com as razões de seu proceder; 
XIII - ter o mesmo tratamento reservado aos magistrados e demais titulares dos cargos das funções essenciais à justiça; 
XIV - ser ouvido como testemunha, em qualquer processo ou procedimento, em dia, hora e local previamente ajustados com 
a autoridade competente; 
ADVOCACIA PÚBLICA 
DEFENSORIA PÚBLICA 
Remuneradas por 
SUBSÍDIO 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
13 
JURISPRUDÊNCIA SOBRE “DEFENSORIA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO” 
 
É inconstitucional foro por prerrogativa de função para Defensores Públicos 
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função, no Tribunal de Justiça, para 
Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de Polícia. A CF/88, apenas excepcionalmente, 
conferiu prerrogativa de foro para as autoridades federais, estaduais e municipais. Assim, não se pode permitir que os Estados 
possam, livremente, criar novas hipóteses de foro por prerrogativa de função. STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940). 
 
Comentários do julgado 
 
A situação concreta foi a seguinte: 
A Constituição do Estado do Maranhão previu foro por prerrogativa de função para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, 
Defensores Públicos e Delegados de Polícia. Em outras palavras, a Constituição Estadual determinou que tais autoridades 
deveriam ser julgadas criminalmente no Tribunal de Justiça. 
 
Confira o texto da CE/MA: 
Art. 81. Compete ao Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente: 
(...) 
IV - os Juízes do Tribunal de Alçada, Juízes de Direito, os membros do Ministério Público, das Procuradorias Gerais do Estado, da 
Assembleia Legislativa e da Defensoria Pública e os Delegados de Polícia, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a 
competência da Justiça Eleitoral; (Redação da Emenda Constitucional nº 34, de 29/08/2001). 
 
Essa previsão da CE/MA é compatível com a CF/88? 
NÃO. 
É inconstitucional dispositivoda Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função, no Tribunal de Justiça, para 
Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de Polícia. 
STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940). 
 
Vamos entender com calma. 
 
O que é foro por prerrogativa de função? 
Trata-se de uma prerrogativa prevista pela Constituição, segundo a qual as pessoas ocupantes de alguns cargos ou funções 
somente serão processadas e julgadas criminalmente (não engloba processos cíveis) por determinados Tribunais (TJ, TRF, STJ, 
STF). 
 
Razão de existência 
O foro por prerrogativa de função existe porque se entende que, em virtude de determinadas pessoas ocuparem cargos ou 
funções importantes e de destaque, somente podem ter um julgamento imparcial e livre de pressões se forem julgadas por órgãos 
colegiados que componham a cúpula do Poder Judiciário. 
Ex: um Desembargador, caso pratique um delito, não deve ser julgado por um juiz singular, nem pelo Tribunal do qual faz parte, 
mas sim pelo STJ, órgão de cúpula do Poder Judiciário e, em tese, mais adequado para, no caso concreto, exercer a atividade com 
maior imparcialidade. 
Ex2: caso um Senador da República cometa um crime, ele será julgado pelo STF. 
 
Onde estão previstas as regras sobre o foro por prerrogativa de função? 
Posição tradicional do STF: 
O STF e a doutrina majoritária, tradicionalmente, ensinavam o seguinte: 
• Em regra, os casos de foro por prerrogativa de função são previstos na Constituição Federal. Exs: art. 102, I, “b” e “c”; art. 105, 
I, “a”. 
• As Constituições estaduais podem prever casos de foro por prerrogativa de função desde que seja respeitado o PRINCÍPIO DA 
SIMETRIA com a Constituição Federal. Isso significa que a autoridade estadual que “receber” o foro por prerrogativa na 
Constituição Estadual deve ser equivalente a uma autoridade federal que tenha foro por prerrogativa de função na Constituição 
Federal. 
Ex1: a Constituição Estadual pode prever que o Vice-Governador será julgado pelo TJ. Isso porque a autoridade “equivalente”, em 
âmbito federal (Vice-Presidente da República), possui foro por prerrogativa de função no STF (art. 102, I, “b”, da CF/88). Logo, foi 
respeitado o princípio da simetria. 
Ex2: a Constituição Estadual não pode prever foro por prerrogativa de função para os Delegados de Polícia, considerando que não 
há previsão semelhante para os Delegados Federais na Constituição Federal (STF ADI 2587). 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
14 
Essa autorização para que as Constituições Estaduais prevejam hipóteses de foro por prerrogativa de função no TJ existe por 
força do art. 125, §1º, da CF/88: 
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. 
§1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do 
Tribunal de Justiça. 
 
Assim, à luz do disposto no art. 125, §1º, da Constituição Federal, o constituinte estadual possui legitimidade para fixar a 
competência do Tribunal de Justiça e, por conseguinte, estabelecer a prerrogativa de foro às autoridades que desempenham 
funções similares na esfera federal. 
 
Posição defendida pelo Min. Alexandre de Moraes nesta ADI 2553/MA: 
A CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para as autoridades federais, estaduais e municipais. 
Assim, não se pode permitir que os Estados possam, livremente, criar novas hipóteses de foro por prerrogativa de função. 
A interpretação que conferisse às Constituições estaduais a possibilidade de definir foro, considerando o princípio federativo e 
com esteio no art. 125, §1º, da CF/88, permitiria aos Estados dispor, livremente, sobre essas prerrogativas, o que seria equivalente 
a assinar um “cheque em branco”. 
Desse modo, para o Min. Alexandre de Moraes, as hipóteses de foro por prerrogativa de função somente podem ser previstas 
validamente pela Constituição Estadual se estiverem asseguradas, explicita ou implicitamente, pela Constituição Federal. 
 
Vice-Governador, Secretários de Estado e Comandante dos Militares Estaduais 
Para a primeira posição (tradicional), as Constituições Estaduais podem, com base no art. 125, §1º, da CF/88, prever, para essas 
autoridades, o foro por prerrogativa de função no Tribunal de Justiça. Isso porque estaria respeitado o princípio da simetria, já 
que os equivalentes federais (Vice-Presidente, Ministros de Estado e Comandantes das Forças Armadas) possuem foro por 
prerrogativa de função. 
Para o Ministro Alexandre de Moraes, tais autoridades possuem prerrogativa de função no TJ, independentemente de a 
Constituição Estadual fixá-la ou não, por força do art. 28 da CF/88: 
 
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro domingo 
de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do 
mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o 
disposto no art. 77. 
 
Voltando ao caso concreto: 
Seja pela concepção tradicional, seja pela argumentação trazida pelo Min. Alexandre de Moraes, o certo é que a Constituição 
Estadual não poderia prever foro por prerrogativa de função para os Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defensores 
Públicos e Delegados de Polícia. 
Pela concepção tradicional: os cargos equivalentes a esses, em nível federal, não possuem foro por prerrogativa de função. 
Logo, essa previsão, em nível estadual, violaria o princípio da simetria. 
Pelo entendimento do Min. Alexandre de Moraes: a CF/88 não conferiu, direta ou indiretamente, foro por prerrogativa de 
função para tais autoridades. 
 
Observação 
Alguns Ministros acompanharam a conclusão do voto do Ministro Alexandre de Moraes, mas sem se comprometer expressamente 
com a sua argumentação. Assim, não se pode dizer que esse seja o novo entendimento do STF sobre o tema. 
 
O que é preciso que você saiba, para fins de prova, é o que vou destacar agora: 
 
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função, no Tribunal de Justiça, para 
Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de Polícia. 
A CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para as autoridades federais, estaduais e municipais. Assim, 
não se pode permitir que os Estados possam, livremente, criar novas hipóteses de foro por prerrogativa de função. 
STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
15 
PRINCÍPIOS DA DEFENSORIA PÚBLICA 
 
CF, Art.134, §4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, 
aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. 
 
LC 80/94, Art. 3º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. PRINCÍPIO DA UNIDADE 
 
Unidade é o conceito de que a Defensoria Pública e os órgãos que a integram formam um todo orgânico, sob uma só 
direção administrativa, não funcional, pois seus membros têm independência no exercício das funções. Assim os membros da 
Defensoria Pública compõem um todo único e incindível, não existindo divisões de setores, chefias, inerentes à 
Administração Pública. 
A atuação, portanto, não é do Defensor Público, mas da Instituição que este presenta, figura despersonalizada. 
Note-se que a unidade é um princípio que vige em relação a cada Defensoria Pública, de sorte que inexiste unidade 
entre Defensorias Públicas Estaduais, nem destas com a da União ou do Distrito Federal. 
 
2. PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADEIndivisibilidade é o conceito de que os membros da Defensoria Pública podem substituir-se uns aos outros, a fim de 
preservar a continuidade na execução de suas finalidades institucionais. São hipóteses que exemplificam e justificam a aplicação 
do princípio da indivisibilidade: impedimento, licenças, férias. 
Essa substituição prescinde de substabelecimento, até porque a procuração não é exigida (art. 16, parágrafo único, 
da Lei 1.060/50). Disso resulta que não há simulacro de defesa, por não ter sido dado à parte assistida um defensor público que 
o defendesse do início ao fim, mas mera substituição do representante da Instituição para cada ato. 
A substituição, no entanto, deve ser regulada, por lei ou normas internas. A indivisibilidade implica reconhecer que 
os órgãos da Administração Superior não podem, sem o consentimento do titular do cargo, exercer, delegar ou avocar qualquer 
função de determinado Defensor Público livremente, caso contrário, estar-se-ia violando os princípios da independência 
funcional e a da garantia constitucional da inamovibilidade. 
Deste modo, somente em hipóteses excepcionalmente previstas em lei e devidamente fundamentadas pelo Defensor 
Público-Geral ou Conselho Superior, conforme a legislação específica de cada órgão, assegurada ampla defesa, poderá haver o 
afastamento do Defensor Público de suas funções ordinárias e ensejar a substituição por outro membro da Instituição. 
Deste modo a designação indiscriminada para exercer atividades afetas a outro órgão de execução da Defensoria 
Pública é inconstitucional, pois fere o princípio da inamovibilidade, o qual, em verdade, garante o pleno exercício nas funções do 
titular de determinado cargo, não podendo ele ser removido compulsoriamente, nem mesmo ver suas funções serem 
transferidas, sem o seu assentimento, a outro Defensor Público. 
Assim a lei complementar 80/04, no capítulo que regula a Defensoria Pública da União merece ser interpretada de 
acordo com a Constituição Federal, a fim de não arranhar a garantia constitucional da inamovibilidade. 
Se não vejamos: 
Art. 8º São atribuições do Defensor Público-Geral, dentre outras: 
XV - designar membro da Defensoria Pública da União para exercício de suas atribuições em órgão de atuação diverso do de sua 
lotação ou, em caráter excepcional, perante Juízos, Tribunais ou Ofícios diferentes dos estabelecidos para cada categoria; 
 
Resgata-se, logo, com a inserção pela emenda constitucional n.º 45 o princípio do Defensor Natural. 
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS 
DA DEFENSORIA PÚBLICA 
previstos na CF 
e na LC 80/94 
PRINCÍPIO DA UNIDADE 
PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE 
PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
16 
3. PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL 
 
Independência Funcional é a liberdade de convicção conferida aos membros da Defensoria, que devem apenas 
obediência à Constituição e às leis. 
Tal princípio se projeta tanto internamente quanto externamente. 
Internamente, somente há chefia na Instituição da Defensoria Pública sob o aspecto administrativo, não sob o prisma 
funcional, ainda que o Defensor Público esteja no período de estágio probatório. Não há hierarquia, comum nos órgãos da 
Administração Pública, entre os membros da Defensoria Pública. 
No exercício de atividade-meio, atuação dos membros da Defensoria Pública é hierarquicamente vinculada. 
Nada obsta, no entanto, a expedição de recomendações, sem caráter vinculativo, pela Defensoria Pública-Geral ou 
pela Corregedoria-Geral, no sentido dos órgãos de execução procederem de determinado modo no exercício de suas funções, o 
que eleva qualitativamente os trabalhos da Instituição, mormente porque são fundados em estudos, estatísticas, pareceres, que 
bem acrescentam e exaltam os serviços prestados pela Defensoria Pública. 
Externamente, o membro da Defensoria Pública deve agir de acordo com sua convicção pessoal, sem ingerências de 
outros poderes, notadamente de magistrados, parlamentares, membros do Ministério Público. 
Decerto que o princípio da independência funcional apresenta limites, pois não pode servir de justificativa de atuação 
imotivada de seus membros, nem para posicionar-se ao arrepio da lei. 
Assim, as manifestações apresentadas pelo Defensor Público devem ser fundamentadas, inclusive aos potenciais 
assistidos, ou seja, as pessoas que buscam informação na Defensoria Pública, mormente porque o não exercício de uma 
atividade funcional pelo Defensor Público, quando deveria fazê-lo, pode causar prejuízos ao interessado. 
O Defensor designado pela Defensoria-Geral não atua na titularidade de suas funções ordinárias, mas de acordo e nos 
limites da delegação, agindo na qualidade de “longa manus”, de modo que, por isto, esta atuação não fere o princípio da 
independência funcional. 
O princípio da independência funcional também encontra limites no exercício do direito de recorrer manifestado pelo 
interesse da parte assistida recorrente em conduzir sua demanda para outro grau de jurisdição, posto que o princípio da 
voluntariedade dos recursos vincula à apresentação das respectivas razões recursais pelo Defensor Público, haja vista que este 
princípio tem duplo destinatário: a parte assistida e o Defensor Público. Logicamente somente quando houver sucumbência ou 
proveito para a parte assistida terá o Defensor Público o dever de ofertar o recurso. 
Note-se, no entanto, que o princípio da voluntariedade dos recursos não se estende, no que diz respeito à 
manifestação de vontade do recorrente e a vinculação do Defensor Público à apresentação das razões recursais, à propositura 
de ações judiciais. A manifestação de vontade da parte, nestes casos, embora necessária, está sujeita a outras condições e 
requisitos, atinentes à viabilidade, utilidade, necessariedade, que são avaliadas fundamentadamente pelo Defensor Público. 
Excepcionalmente, em determinadas ações que a lei confere capacidade postulatória à própria parte, como nas ações 
de “habeas corpus” e revisão criminal, sua propositura não vincula o membro da Defensoria Pública, no sentido de arrazoar o 
pleito inicial, ainda que o mérito seja apreciado pelo Poder Judiciário, em decorrência da vontade da parte, desde que 
fundamentada. 
 
PROCESSUAL PENAL. REVISÃO CRIMINAL. PEDIDO EM CAUSA PRÓPRIA. POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 623, DO CPP. 
APRESENTAÇÃO CONCOMITANTE DE RAZÕES PELA DEFENSORIA PÚBLICA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INEXISTÊNCIA.1 - O art. 
623, do CPP autoriza o ajuizamento, pelo próprio condenado, sem intervenção de advogado ou defensor, de revisão criminal. 
Referido dispositivo, segundo entendimento do STF, secundado por esta Corte, foi recepcionado pela Constituição Federal de 
1988. 2 - Não obstante, o fato de, na espécie, ter sido, concomitantemente, apresentado arrazoado também pela defensoria 
pública não rende ensejo a constrangimento ilegal, porquanto, em ultima ratio, há apenas reforço de defesa. 3 - Ordem 
parcialmente concedida. (STJ - HC 17680 - SP - 6ª T. - Rel. Min. Fernando Gonçalves - DJU 22.10.2001, p.357) 
 
No mesmo sentido: 
 
HABEAS CORPUS. REVISÃO CRIMINAL. CAPACIDADE POSTULATÓRIA DO RÉU. MANIFESTAÇÃO CONTRÁRIA DA DEFENSORIA 
PÚBLICA. INDEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO DO PEDIDO REVISIONAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 
623 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 1. A revisão criminal, como na letra do artigo 623 do Código de Processo Penal, pode ser 
requerida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente ou 
irmão. 2. A recusa da Defensoria Pública em formular revisão criminal não é obstáculo legal para o seu conhecimento pelo 
Tribunal de Justiça. 3. Ordem concedida. (STJ - HC 13634 - SP - 6ª T. - Rel. Min. Hamilton Carvalhido - DJU 13.08.2001, p.280) 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
17 
4. PRINCÍPIO DO DEFENSOR NATURAL 
 
 O princípio do defensor natural consiste em que o Defensor Público não poderá ser afastado arbitrariamente dos casos 
em que deva oficiar,de acordo com critérios legais estabelecidos anteriormente, de maneira que apenas os membros da 
Defensoria Pública que tiveram atribuições predeterminadas é que poderão atuar nos casos a que forem submetidos. 
 O assistido terá direito ao patrocínio de seus interesses pelo defensor natural, conforme art.4º-A da LC 80/94. 
 
LC 80/94, Art. 4º-A. São direitos dos assistidos da Defensoria Pública, além daqueles previstos na legislação estadual ou em atos 
normativos internos: 
IV – o patrocínio de seus direitos e interesses pelo defensor natural; 
 
 Tal como o princípio do Promotor Natural, este princípio apresenta dupla garantia, uma vez que se dirige tanto aos 
membros da Defensoria Pública, quanto à sociedade/assistidos. 
 Para o usuário do serviço prestado pela Defensoria, este princípio significa que o assistido será atendido por defensor 
público que, nos termos da lei das normas de organização interna, tem atribuição para tanto. Para o Defensor Público, este 
princípio – decorrente, também, da garantia da inamovibilidade – garante que ele não será removido arbitrariamente do 
exercício de suas funções. 
 
 
DE OLHO NA JURIS! Designação de defensor dativo para audiência em que Defensor Público não pode participar e inexistência 
de violação ao princípio do Defensor Público natural 
Juiz negou pedido da Defensoria Pública para adiar audiência de instrução considerando que, naquela data, o Defensor 
Público que fazia a assistência jurídica do réu já possuía audiência marcada em outra comarca. O magistrado, diante da 
ausência do Defensor, designou defensor dativo para acompanhar o réu na audiência. O STF entendeu que não houve 
violação aos princípios da ampla defesa e do "Defensor Público natural" considerando que: 
a) o inciso IV do art. 4º-A da LC 80/94 não garante exclusividade à Defensoria para atuar nas causas em que figure pessoa 
carente; 
b) o indeferimento do pedido da defesa não causou prejuízo ao réu, já que o defensor dativo teve entrevista prévia reservada 
com o acusado e formulou perguntas na audiência, participando ativamente do ato processual; 
c) a impossibilidade de a Defensoria atuar na comarca não acarreta direito à redesignação dos atos processuais designados. 
STF. 2ª Turma. HC 123494/ES, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/2/2016 (Info 814). 
 
Comentários do julgado 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Dr. Pedro é Defensor Público estadual. Em virtude do déficit de Defensores Públicos no Estado, ele é obrigado a acumular duas 
comarcas ("A" e "B"), atuando em ambas. 
Dr. Pedro foi intimado para participar de uma audiência criminal referente ao réu Carlos a ocorrer no dia 20/03, às 9h, na comarca 
"A". 
Ocorre que alguns dias depois, o Defensor Público foi intimado de outra audiência criminal relacionada com o réu João, a ser 
realizada também no dia 20/03, às 9h, porém, na comarca "B". 
Diante disso, Dr. Pedro peticionou ao juiz da comarca "B" explicando a situação e pedindo a redesignação da audiência 
marcada. 
O magistrado indeferiu o pedido e, a fim de evitar que João ficasse sem defesa técnica, designou um advogado da cidade para 
atuar como defensor dativo do réu unicamente naquela audiência. Na oportunidade, foram ouvidas três testemunhas e 
realizado o interrogatório do réu. Segundo restou consignado no termo de audiência, o defensor dativo teve conversa prévia 
reservada com o acusado e formulou perguntas durante as inquirições. 
Depois da audiência, os debates orais foram substituídos por memoriais, que foram apresentados dias depois pelo Defensor 
Público. 
Ao final do processo, João, que respondia por dois delitos, foi condenado por um dos crimes e absolvido quanto ao outro. 
O Defensor Público alegou que houve nulidade no processo, considerando que o juiz, ao negar o pedido de adiamento formulado 
pela defesa e designar defensor dativo para o ato, violou os princípios da ampla defesa e do "Defensor Público natural". 
 
A tese da defesa foi aceita pelo STF? 
NÃO. 
 
Inciso IV do art. 4º-A da LC 80/94 não garante exclusividade à Defensoria para atuar nas causas em que figure pessoa carente 
O inciso IV do art. 4º-A da LC 80/94, incluído pela LC 132/2009, estabelece que são direitos dos assistidos pela Defensoria Pública 
“o patrocínio de seus direitos e interesses pelo defensor natural”. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
18 
Em linhas gerais, pode-se afirmar que a norma em questão objetiva garantir a imparcialidade na designação (critérios legais) e na 
atuação dos defensores públicos (cf. Exposição de Motivos 00024/2007 - MJ). 
 
Segundo entendeu a 2ª Turma do STF, esse inciso IV acima mencionado não permite concluir que a Defensoria Pública possua a 
exclusividade para atuar nas causas em que figure pessoa carente, especialmente se considerarmos a atual realidade da 
instituição, que enfrenta dificuldades para implantar núcleos de atendimento suficientes para atender as demandas em todas as 
comarcas do país. 
 
Reconhecimento de nulidade pressupõe demonstração de prejuízo 
A jurisprudência do STF entende, com base no art. 563 do CPP e na Súmula 523-STF, que o reconhecimento de nulidade dos atos 
processuais exige, em regra, a demonstração do efetivo prejuízo causado à parte: 
 
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa. 
 
Súmula 523-STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver 
prova de prejuízo para o réu. 
 
Indeferimento não causou prejuízo ao réu 
O STF entendeu que, no caso concreto, o indeferimento do pedido de adiamento de audiência formulado pela Defensoria 
Pública não implicou prejuízo à situação jurídico processual do réu, considerando que ele teve direito à defesa técnica, com 
entrevista privativa reservada prévia, não tendo havido, portanto, cerceamento de defesa. 
Não sendo constituído advogado particular pelo acusado e não havendo Defensor Público disponível para atuar na defesa técnica 
do hipossuficiente, é dever do magistrado socorrer-se de profissionais habilitados (dativos ou ad hoc) para exercerem essa função 
(art. 263 do CPP), sem que tanto configure cerceamento de defesa ou “prejuízo evidente” aos assistidos. Veja o que diz a Lei: 
 
Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro 
de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. 
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. 
 
Impossibilidade de a Defensoria atuar na comarca não acarreta direito à redesignação 
A impossibilidade de atuação da Defensoria Pública na comarca não implica a automática redesignação dos atos nos processos 
conduzidos pela instituição, sob pena de se mitigar os poderes atribuídos ao magistrado na condução dos atos processuais, a 
quem compete definir as datas e os atos a serem realizados, bem assim os respectivos pedidos de adiamento formulados. 
Vale lembrar, ainda, que a CF/88 assegura o direito à duração razoável do processo, no seu art. 5º, LXXVIII, e que, no caso, não 
se poderia adiar indefinidamente a tramitação processual. 
 
“As prerrogativas da Defensoria Pública têm sua legitimidade condicionada ao favorecimento de seus assistidos, de modo que, se 
a atuação do Defensor Natural for prejudicial a tais interesses, inclusive com a virtual eternização da coação exercida pela 
instauração da demanda penal, admite-se a destituição da defesa pública e a substituição por defesa dativa” (STF. Decisão 
monocrática. HC 129470, Min. Edson Fachin, DJe de 3/9/2015). 
 
Resumindo: 
Juiz negou pedido da Defensoria Pública para adiar audiência de instrução considerando que, naquela data, o Defensor 
Público que fazia a assistência jurídica do réu já possuía audiência marcada em outra comarca. O magistrado, diante da ausência 
do Defensor, designou defensor dativo para acompanhar o réu na audiência. 
O STFentendeu que não houve violação aos princípios da ampla defesa e do "Defensor Público natural" considerando que: 
a) o inciso VI do art. 4º da LC 80/94 não garante exclusividade à Defensoria para atuar nas causas em que figure pessoa carente; 
b) o indeferimento do pedido da defesa não causou prejuízo ao réu, já que o defensor dativo teve entrevista prévia reservada 
com o acusado e formulou perguntas na audiência, participando ativamente do ato processual; 
c) a impossibilidade de a Defensoria atuar na comarca não acarreta direito à redesignação dos atos processuais designados. 
STF. 2ª Turma. HC 123494/ES, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/2/2016 (Info 814). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
19 
ASSISTÊNCIA JURÍDICA INTEGRAL x ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA x GRATUIDADE DA JUSTIÇA 
 
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA GRATUIDADE DA JUSTIÇA 
Serviço gratuito de representação em 
juízo, suprindo a capacidade 
postulatória (que a parte não tem, mas 
o advogado ou defensor público 
possuem). 
Trata-se de expressão mais ampla, que 
compreende tanto a assistência 
judiciária (representar em juízo), como 
a consultoria e a orientação jurídica, 
inclusive extrajudicial. 
É a dispensa do pagamento das 
despesas processuais. 
 • Art.5º, LXXIV, da CF; 
• Arts.185 a 187 do CPC/15. 
• Lei 1.060/50; 
• Arts.98 a 102 do CPC/15. 
 
 
Assistência judiciária x assistência jurídica 
 
Assistência JUDICIÁRIA é o acompanhamento, por um profissional do Direito, a uma das partes no processo judicial. 
Consiste no serviço prestado por advogado a um dos litigantes no âmbito do processo. Pode ser gratuita ou onerosa, particular 
ou pública. 
Assistência JURÍDICA, por outro lado, é mais abrangente de que a assistência judiciária, por abarcar, além da atuação 
no processo judicial, também a extrajudicial, mediante consultas, orientação, acordos, entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Constituição Federal de 1988 previu no artigo 5º, inciso XXXV, o direito fundamental de acesso à Justiça ou a 
garantia da inafastabilidade da tutela jurisdicional, nos seguintes termos: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
lesão ou ameaça a direito”. Este dispositivo, se analisado isoladamente, pode ser considerado um direito fundamental de 
primeira geração, pois se limita a prescrever a todos o direito de acesso ao Judiciário, com base na igualdade formal, sem levar 
em consideração os obstáculos a serem enfrentados para tanto. 
 
Logo em seguida, no inciso LXXIV, a fim de equilibrar a desigualdade existente entre as diversas classes sociais, é 
previsto o direito à assistência JURÍDICA integral e gratuita aos necessitados. “o Estado prestará assistência jurídica integral e 
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”. Trata-se de direito fundamental de segunda dimensão, por exigir 
uma atitude positiva do Estado, qual seja, a prestação de um serviço público – a assistência jurídica integral e gratuita. 
 
CF, Art.5º, LXXIV - o Estado prestará ASSISTÊNCIA JURÍDICA integral e gratuita aos que COMPROVAREM insuficiência de 
recursos; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASSISTÊNCIA JURÍDICA 
ASSISTÊNCIA 
JUDICIÁRIA 
 
Direito fundamental de acesso à Justiça 
Direito fundamental à assistência JURÍDICA 
integral e gratuita 
 
direito fundamental de 1ª geração 
direito fundamental de 2ª geração 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
20 
Tal dispositivo inovou em relação às Constituições anteriores, ao prever a assistência jurídica (judicial e extrajudicial) 
integral e gratuita aos necessitados. Além disso, a Constituição Federal determinou que a assistência jurídica integral e gratuita 
aos necessitados deverá ser prestada pelo Estado através do órgão denominado Defensoria Pública (modelo salaried staff, 
lembra?), o qual é composto por agentes públicos aprovados em concurso público e proibidos de exercer a advocacia fora das 
funções institucionais (artigo 134, CF). 
Diante deste panorama, a Defensoria Pública é a instituição responsável por garantir o acesso à Justiça aos 
necessitados, fazendo com que eles recebam assistência jurídica e possam estar devidamente representados no processo 
judicial em todas as instâncias, dando efetividade, em última análise, aos princípios da igualdade e devido processo legal. 
 
 
Justiça Gratuita ou Gratuidade da Justiça 
 
A Justiça Gratuita ou gratuidade judiciária era, em sua grande parte, regulamentada pela Lei nº 1.060/50. Porém, o 
CPC/15, ao entrou em vigor, expressamente revogou diversos artigos desta lei, de forma que, hoje, a normativa principal deste 
assunto se encontra entre os arts.98 a 102 do CPC, além dos remanescentes artigos da Lei 1.060/50 que ainda se encontram em 
vigor. 
Vejamos, a disciplina deste assunto na Lei 1.060/50 e no CPC/15. 
Obs: é mais provável que a sua prova cobre o conhecimento previsto no CPC/15, por ser este mais detalhado e 
“recente”. 
 
CPC/15, Art. 1.072. Revogam-se: 
III - os arts. 2º , 3º , 4º , 6º , 7º , 11 , 12 e 17 da Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950 ; 
 
 
Lei 1.060/50, Art. 1º. Os poderes públicos federal e estadual (+DF + ENTIDADES SOCIAIS E GOVERNAMENTAIS QUE PRESTAM O 
SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA), independente da colaboração que possam receber dos municípios e da Ordem dos 
Advogados do Brasil, - OAB, concederão assistência judiciária aos necessitados nos termos da presente Lei. 
 
 
Lei 1.060/50 CPC/15 
Art. 1º. Os poderes públicos federal e estadual, 
independente da colaboração que possam receber dos 
municípios e da Ordem dos Advogados do Brasil, - OAB, 
concederão assistência judiciária aos necessitados nos 
termos da presente Lei 
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou 
estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as 
custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios 
tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
CF, Art.5º, LXXIV - o Estado prestará ASSISTÊNCIA JURÍDICA integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de 
recursos; 
§1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 
 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a 
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a ASSISTÊNCIA AO DESAMPARADO (INCLUI OS “DESAMPARADOS 
DA JUSTIÇA”), na forma desta Constituição. 
 
CONCLUSÕES: 
• A garantia da assistência jurídica integral e gratuita é direito fundamental de 2ª geração e que deriva diretamente da 
CF; 
• A garantia da assistência jurídica integral e gratuita tem aplicação imediata; 
• A regulamentação deste direito pela Lei 1.060/50 e pelo CPC/15 deve estar em conformidade com os valores 
constitucionais. 
 
 
Lei 1.060/50, Art.2º à TRAZIA O CONCEITO DE “NECESSITADO” E FOI REVOGADO. 
 
 Mas o CPC/15 trouxe este conceito! J 
 
CPC/15, Art. 98. A pessoa NATURAL ou JURÍDICA, BRASILEIRA ou ESTRANGEIRA, com INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS* para pagar 
as CUSTAS, as DESPESAS PROCESSUAIS e os HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
21 
* Como não há no CPC/15 o conceito de “insuficiência de recursos” e com a expressa revogação do art.2º da Lei 1.060/50 pelo 
art.1.072, III, do CPC/15, Daniel Assumpção entende que a insuficiência de recursos está relacionada ao sacrifício para 
manutenção da parte requerente do benefício ou de sua própria família. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CUSTAS PROCESSUAIS 
CUSTAS JUDICIAIS TAXA JUDICIÁRIA EMOLUMENTOS 
São devidas em decorrência do 
processamento dos feitos a cargo dos 
serventuários da Justiça (analistas e 
técnicos judiciários, oficiais de 
justiça, contadores etc.). 
As taxas judiciárias são devidas em 
razão da atuação de juízes e 
promotores (em qualquer 
procedimento judicial). 
 
Os emolumentos são os valores 
cobrados como remuneração pelos 
serviços notariais e de registro 
(atividade extrajudicial).

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