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@dicas.exconcurseira 
 
1 
 
 
 
 
 
 
Legislação Institucional 
da Defensoria Pública 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. Defensoria Pública na Constituição Federal................................................................................................................3 
2. Princípios da Defensoria Pública................................................................................................................................15 
3. Assistência jurídica integral x Assistência judiciária x Gratuidade da justiça.............................................................19 
4. Ondas renovatórias do acesso à justiça.....................................................................................................................40 
5. Funções típicas e atípicas da Defensoria Pública.......................................................................................................43 
6. Atuação da Defensoria Pública na tutela coletiva......................................................................................................45 
7. Defensoria Pública como sujeito da relação processual no CPP e no CPC.................................................................53 
8. Lei Complementar 80/94..........................................................................................................................................106 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
3 
DEFENSORIA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
1. Introdução 
 
 No intuito de equacionar o acesso ao Judiciário e a obtenção das prestações jurisdicionais a todos os indivíduos, 
independentemente da (in)capacidade econômica que os distingue, a CF/88 edificou a Defensoria Pública. 
 
CF, Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como 
expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a ORIENTAÇÃO JURÍDICA, a promoção dos DIREITOS 
HUMANOS e a DEFESA, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS, de forma integral e 
gratuita, aos NECESSITADOS, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. (Redação dada pela EC 80/2014) 
 
CF, Art.5º, LXXIV - o Estado prestará ASSISTÊNCIA JURÍDICA integral e gratuita aos que COMPROVAREM insuficiência de 
recursos; 
 
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA GRATUIDADE DA JUSTIÇA 
Serviço gratuito de representação em 
juízo, suprindo a capacidade 
postulatória (que a parte não tem, mas 
o advogado ou defensor público 
possuem). 
Trata-se de expressão mais ampla, que 
compreende tanto a assistência 
judiciária (representar em juízo), como 
a consultoria e a orientação jurídica, 
inclusive extrajudicial. 
É a dispensa do pagamento das 
despesas processuais. 
 • Art.5º, LXXIV, da CF; 
• Art.134 da CFl 
• Arts.185 a 187 do CPC/15. 
• Lei 1.060/50; 
• Arts.98 a 102 do CPC/15. 
 
1.1. Notícias históricas 
 
 Nada obstante a fragilidade da sua estruturação, a DP pátria hoje se destaca no panorama mundial por ser o Brasil um 
dos poucos países que a alçou, por mandamento constitucional, à condição de carreira de Estado. 
 Merece destaque a atuação do poder constituinte reformador que, por meio de sucessivas emendas constitucionais, 
tem reforçado significativamente as garantias que cercam a carreira, bem com sua autonomia. à ATENÇÃO! CAI MUITO, em 
prova de concurso, saber o que cada emenda constitucional previu em relação à Defensoria Pública. Então, vamos lá! 
 
 EC nº 45/2004: 
• Assegurou às Defensorias Públicas Estaduais à autonomia funcional, autonomia administrativa e iniciativa de sua 
proposta orçamentária, dentro dos limites estabelecidos na LDO. 
 
EC nº 74/2013: 
• Assegurou à Defensoria Pública da União e à Defensoria Pública do Distrito Federal à autonomia funcional, 
autonomia administrativa e iniciativa de sua proposta orçamentária, dentro dos limites estabelecidos na LDO. 
 
DE OLHO NA JURIS! Constitucionalidade da EC 74/2013, que conferiu autonomia à DPU e à DPDF 
A EC 74/2013, que conferiu autonomia às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal, não viola o art. 61, § 1º, II, alínea 
"c", da CF/88 nem o princípio da separação dos poderes, mesmo tendo sido proposta por iniciativa parlamentar. STF. Plenário. 
ADI 5296 MC/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/5/2016 (Info 826). 
 
Participação da Defensoria na discussão da LDO 
É inconstitucional a Lei de Diretrizes Orçamentárias que seja elaborada sem contar com a participação da Defensoria 
Pública para elaborar as respectivas propostas orçamentárias. Assim, a LDO enviada pelo Governador do Estado à Assembleia 
Legislativa deve contar com a participação prévia da Defensoria Pública. Isso porque a LDO fixa limites do orçamento anual que 
será destinado à Instituição. Além do § 2º, também deve ser aplicado o 1º do art. 99 da CF/88 às Defensorias Públicas. STF. 
Plenário. ADI 5381 Referendo-MC/PR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/5/2016 (Info 826). 
 
Governador não pode reduzir proposta orçamentária da Defensoria elaborada de acordo com a LDO 
Governador do Estado, ao encaminhar para a Assembleia Legislativa o projeto de lei orçamentária, não pode reduzir a 
proposta orçamentária elaborada pela Defensoria Pública e que estava de acordo com a LDO. Há, neste caso, violação ao §2º 
do art. 134 da CF/88. Assim, é inconstitucional a redução unilateral pelo Poder Executivo dos orçamentos propostos pelos 
outros Poderes e por órgãos constitucionalmente autônomos, como o Ministério Público e a Defensoria Pública, na fase de 
consolidação do projeto de lei orçamentária anual, quando tenham sido elaborados em obediência às leis de diretrizes 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
4 
orçamentárias e enviados conforme o art. 99, §2º, da CF/88. Caso o Governador do Estado discorde da proposta elaborada, ele 
poderá apenas PLEITEAR ao Poder Legislativo a redução pretendida, visto que a fase de apreciação legislativa é o momento 
constitucionalmente correto para o debate de possíveis alterações no projeto de lei orçamentária. Não pode, contudo, já 
encaminhar o projeto com a proposta alterada. STF. Plenário. ADI 5287/PB, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/5/2016 (Info 826). 
STF. Plenário. ADPF 307 Referendo-MC/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgada em 19/12/2013 (Info 733). 
 
Autonomia da Defensoria Pública e convênio obrigatório com a OAB 
É inconstitucional a legislação do Estado de São Paulo que prevê a celebração de convênio EXCLUSIVO E OBRIGATÓRIO entre 
a Defensoria Pública de SP e a OAB-SP. Esta previsão OFENDE a autonomia funcional, administrativa e financeira 
da Defensoria Pública estabelecida no art. 134, §2º, da CF/88. Somente é possível a prestação, pelo Poder Público, de 
assistência jurídica à população carente por não Defensores Públicos em caso de situação EXCEPCIONAL e TEMPORÁRIA. 
STF.Plenário. ADI 4163/SP, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 29/2/2012 (Info 656). 
 
Comentários do julgado 
 
Previsão do convênio entre a DPE-SP e a OAB-SP: 
A Constituição do Estado de São Paulo prevê em seu art. 109: 
Artigo 109. Para efeito do disposto no artigo 3º desta Constituição, o Poder Executivo manterá quadros fixos de defensores públicos 
em cada juizado e, quando necessário, advogados designados pela Ordem dos Advogados do Brasil - SP, mediante convênio. 
 
O art. 3º, mencionado, traz a seguinte redação: 
Artigo 3º O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que declararem insuficiência de recursos. 
 
A Lei Complementar n.° 988/2006 (Lei Orgânica da DPE-SP), por sua vez, previu: 
Dos Convênios de Prestação de Assistência Judiciária 
Artigo 234. A Defensoria Pública do Estado manterá convênio com a Seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil, 
visando implementar, de forma suplementar, as atribuições institucionaisdefinidas no artigo 5º desta lei. 
§1º (...) 
§2º A remuneração dos advogados credenciados na forma deste artigo, custeada com as receitas previstas no artigo 8º, será 
definida pela Defensoria Pública do Estado e pela Seccional Paulista da Ordem dos Advogados do Brasil. 
§3º - (...) 
 
A previsão deste convênio existe porque a Defensoria Pública em São Paulo somente foi criada em 2006, com um quadro de 
membros insuficiente para as demandas do Estado. Assim, diante do pequeno número de Defensores Públicos, a Constituição 
estadual autorizou a realização de convênio para que advogados privados prestassem assistência jurídica aos hipossuficientes. 
 
ADI proposta pelo PGR: 
O Procurador-Geral da República propôs, no STF, ação direta de inconstitucionalidade contra o art. 109 da Constituição estadual 
e contra o art. 234 da LC paulista 988/2006. 
O PGR alegou, na referida ADI, que os dispositivos mencionados afrontavam o art. 134, §2º da CF/88, que prevê a autonomia 
funcional, administrativa e financeira da Defensoria Pública, considerando que o referido convênio foi previsto de forma “obrigatória” 
para a DPE. 
 
Preliminar de conhecimento da ação: o art. 109 da CE-SP é de 1989 e o art. 134, § 2º da CF é de 2004. Cabe ADI neste caso? 
Antes de adentrar ao exame do mérito da ADI, o STF discutiu questão muito interessante. 
A ADI tinha, como um dos seus objetos, o art. 109 da CE-SP, que foi editada em 1989. 
(Obs: quando se diz que a ADI tinha por objeto determinada norma, o que se está afirmando é que a ADI foi proposta para impugnar 
esta norma. Assim, o objeto da ADI significa a norma impugnada pela ADI). 
O parâmetro de controle deste art. 109 da CE-SP era o art. 134, §2º, da CF/88. Este §2º do art. 134 foi incluído na CF/88 pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004. 
(Obs2: quando se fala em parâmetro de controle de constitucionalidade está se mencionando a norma da Constituição que é 
violada pelo ato impugnado). 
 
Recapitulando: 
• Parâmetro: é a norma formalmente constitucional que está sendo violada. 
• Objeto: é o ato que ofende o parâmetro e, por isso, está sendo impugnado. 
No caso examinado, um dos objetos da ADI (o art. 109 da CE-SP/89) era mais antigo que o parâmetro (§2º do art. 134 da CF, 
incluído pela EC 45/04). Indaga-se: 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
5 
Na ADI, é possível que o objeto da ADI seja anterior, isto é, seja mais antigo que o parâmetro? 
NÃO. Para que a lei ou ato normativo seja impugnado por ADI ou ADC, é necessário que esta lei ou ato normativo tenha sido 
editado DEPOISo parâmetro constitucional invocado. Em outras palavras, o parâmetro, na ADI e na ADC, deve ser anterior ao 
objeto. 
Se o parâmetro é posterior ao ato normativo impugnado, não se está diante de inconstitucionalidade, mas sim de não recepção. 
 
Se não cabe ADI nestes casos, qual é o instrumento cabível? 
Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF). Quando o ato impugnado (objeto) for anterior ao texto 
constitucional (parâmetro), não caberá ADI, mas será possível a propositura de ADPF. 
 
Considerando que não cabia ADI contra o art. 109 da CE-SP, o que o STF decidiu? 
O STF conheceu da ADI como se fosse uma ADPF. 
A ADI, a ADC e a ADPF são fungíveis entre si. Assim, segundo a jurisprudência pacífica do STF, se for proposta uma ADI com 
relação a um ato anterior à CF/88, esta ADI não é cabível, mas pode ser convertida em ADPF. 
 
O STF adotou o rito do art. 12 da Lei 9.868/99 e julgou definitivamente a ação: 
Em alguns casos, quando o autor da ADI pede a concessão de medida cautelar, o STF, pode, ao invés de reunir o Plenário apenas 
para julgar a medida cautelar, decidir, desde logo, definitivamente a ação. Esta previsão está no art. 12, da Lei 9.868/99: 
Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem 
social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-
Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o processo diretamente ao 
Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação. 
 
Foi o que aconteceu neste julgamento. O Tribunal entendeu que, embora se cuidasse de medida cautelar, o STF poderia julgar 
a causa, desde logo, em termos definitivos, porquanto o feito estaria devidamente aparelhado, haja vista que todos os 
intervenientes manifestaram-se exaustivamente, a exemplo da AGU e do Ministério Público. 
Desse modo, o STF não julgou apenas a medida cautelar, mas sim a questão em definitivo. 
 
Quanto ao mérito: 
No mérito, o STF entendeu que o art. 234 da LC 988/2006 impõe a obrigatoriedade da DPE-SP firmar convênio, em termos de 
exclusividade, com a OAB-SP. 
Na visão do Supremo isso descaracteriza o próprio conceito de convênio e VIOLA a autonomia funcional e administrativa da 
Defensoria (art. 134, § 2º, da CF/88). 
O convênio, nos moldes previstos pela legislação paulista, contraria também o art. 14, §2º, da LC 80/94 (Lei Orgânica Nacional 
da Defensoria Pública): 
Art. 14. (...) 
§2º Não havendo na unidade federada Defensoria Pública constituída nos moldes desta Lei Complementar, é autorizado o 
convênio com a entidade pública que desempenhar essa função, até que seja criado o órgão próprio. (Incluído pela LC 98/99). 
 
Para o STF, o Estado de São Paulo não poderia, sob o pálio de convênios firmados para responder a situações temporárias, furtar-
se ao dever jurídico-constitucional de institucionalização plena e de respeito absoluto à autonomia da Defensoria Pública. 
Relativamente ao art. 109 da Constituição paulista, atribuiu-se-lhe interpretação conforme para afirmar que seu texto enunciaria 
apenas mera autorização ou possibilidade de celebração de convênios com a OAB-SP, sem cunho de necessidade, nem 
exclusividade, de modo a ficar garantida à Defensoria Pública, em consonância com sua autonomia administrativa e funcional, a 
livre definição dos seus eventuais critérios administrativo-funcionais de atuação. 
Assim, pela decisão da Corte, a DPE-SP, enquanto ainda não estiver plenamente estruturada, poderá celebrar convênios não 
apenas com a OAB-SP, mas também com outros organismos com capacidade postulatória. A decisão quanto a celebrar ou não os 
convênios e a escolha da entidade com quem será firmado o instrumento é uma decisão da Defensoria, pautada em sua autonomia 
funcional e administrativa. 
Vale ressaltar, no entanto, que a regra primordial para a prestação de serviços jurídicos pela Administração Pública, enquanto 
atividade estatal permanente, é o concurso público, a constituir situação excepcional e temporária a prestação de assistência 
jurídica à população carente por não Defensores Públicos. 
 
Advocacia pro bono e assessoria jurídica gratuita por Municípios 
Um dos temas atualmente de maior destaque nas discussões envolvendo Defensoria Pública e assistência jurídica gratuita é o 
seguinte: 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
6 
A CF/88, ao prever a Defensoria Pública como instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação 
jurídica e a defesa, em todos os graus, dos que comprovarem insuficiência de recursos, proíbe, de maneira reflexa, a advocacia 
pro bono (voluntária) e o oferecimento de assessoria gratuita por municípios? 
A advocacia pro bono, “advocacia para o bem”, em tradução literal, significa a prestação de serviços advocatícios por advogados 
privados, que não recebem nada por isso, e atuam em prol de demandas que atendam ao interesse público. O movimento de 
advocacia pro bono teve início nos EUA. 
As Defensorias Públicas, de uma forma geral, não se voltam contra a prática da advocacia pro bono. Existem alguns setores na 
própria OAB que criticam a advocacia pro bono, afirmando que seria apenas uma forma camuflada de captação de clientes. 
Quanto à prestação de serviços de assistência jurídica gratuita por municípios (as chamadas “Defensorias Públicas municipais”),a 
polêmica é maior, havendo duas correntes sobre o tema: 
1ª corrente: Não seria possível esta prática por violar o art. 134, da CF/88. Este dispositivo constitucional assegurou à Defensoria 
Pública o monopólio da assistência jurídica gratuita estatal, prestada pelo Estado, com recursos públicos. Assim, é 
inconstitucional a prestação de assistência jurídica gratuita por parte dos Municípios. Esta é a posição institucional defendida 
pelas Defensorias Públicas. 
2ª corrente: É possível a prestação de assistência jurídica gratuita por municípios considerando que o art. 134 da CF/88 não 
prevê, em nenhum momento, o monopólio, ou seja, que tais serviços sejam prestados exclusivamente pela DPE e DPU. A 
realidade é que as Defensorias Públicas não possuem estrutura para atender toda a demanda, de sorte que tais serviços, prestados 
por alguns municípios, são importantes para garantir o acesso à justiça das pessoas hipossuficientes. É a tese adotada por alguns 
membros do MP. 
 
Como responder em uma prova discursiva? 
Após explanar as duas correntes, deve-se adotar a primeira se a prova for para a Defensoria Pública. Se o concurso for para o 
Ministério Público, o mais seguro é filiar-se à segunda corrente. 
Um lema tem sido bastante difundido entre os chefes das Defensorias Públicas e entidades de classe. A frase que sintetiza esta 
posição institucional é a seguinte: 
A Defensoria Pública não quer ter o monopólio da assistência jurídica gratuita, sendo reconhecida a importância da advocacia pro 
bono em alguns casos. O que a Defensoria Pública detém, inegavelmente, por força da Constituição Federal é o monopólio da 
assistência jurídica gratuita estatal, prestada pelo Estado, com recursos públicos. 
Nesta ADI julgada, não houve decisão formal e específica sobre nenhum desses temas, mas vale mencionar que o Min. Dias Toffoli, 
ao proferir seu voto, afirmou que vislumbrava a possibilidade de atuação de advocacia pro bono e de assessoria jurídica pelos 
municípios. Ressalte-se, no entanto, que esta não pode ser considerada a posição do STF sobre o assunto. 
 
Inconstitucionalidade da defensoria dativa como forma primordial de assistência jurídica gratuita 
É inconstitucional lei estadual que preveja que o serviço de “assistência jurídica gratuita” será feito primordialmente por 
advogados dativos e não pela Defensoria Pública. É possível a realização de convênio com a OAB para que esta desenvolva 
serviço de assistência jurídica gratuita por meio de defensoria dativa, desde que como forma de suplementar a Defensoria 
Pública ou de suprir eventuais carências desta. STF. Plenário. ADI 3892/SC, ADI 4270/SC, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 14/3/2012 
(Info 658). 
 
Poder Judiciário não pode impor a nomeação de Defensores Públicos para atuar em processos da Justiça Militar em discordância 
dos critérios de alocação de pessoal do órgão 
Ao impor a nomeação de Defensores para atuar em processos na Justiça Militar do Distrito Federal, em discordância com 
critérios de alocação de pessoal previamente aprovados pelo Conselho Superior da Defensoria Pública do DF, a autoridade 
judiciária interfere na autonomia funcional e administrativa do órgão. Reconhecida a inexistência de profissionais concursados 
em número suficiente para atender toda a população do DF, os critérios indicados pelo Conselho Superior da Defensoria Pública 
do DF para a alocação e distribuição dos Defensores Públicos (locais de maior concentração populacional e de maior demanda, 
faixa salarial familiar até 5 salários mínimos) revestem-se de razoabilidade. STJ. 5ª Turma. RMS 59.413-DF, Rel. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, julgado em 07/05/2019 (Info 648). 
 
Comentários do julgado 
 
A situação concreta, com adaptações, foi a seguinte: 
O Juiz da Justiça Militar do Distrito Federal proferiu decisão judicial determinando que a Defensoria Pública do DF designasse um 
Defensor Público para atuar em determinados processos criminais nos quais os réus (policiais e bombeiros militares) eram 
economicamente hipossuficientes e não tinham advogado constituído. 
A Defensoria Pública impetrou mandado de segurança alegando que a decisão judicial violava a autonomia administrativa da 
Instituição. Isso porque, em razão do reduzido número de membros, o Conselho Superior da Defensoria Pública havia decidido, 
há algum tempo, suspender o funcionamento do núcleo da Instituição que atuava na Vara Militar. Logo, a decisão do magistrado 
afrontaria essa deliberação do Conselho Superior. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
7 
O argumento da Defensoria Pública foi acolhido? A decisão do Juiz do juízo de crimes militares foi anulada? 
SIM. 
Vejamos abaixo os principais argumentos invocados no mandado de segurança e quais foram acolhidos pelo STJ. 
 
Alegação de afronta ao princípio da inércia da jurisdição 
A Defensoria Pública alegou que a decisão do magistrado viola o princípio da inércia da jurisdição, já que a indicação de 
Defensor Público para representar o réu foi determinada sem prévia solicitação da parte interessada. 
O STJ, contudo, REJEITOU esse argumento. 
É dever do magistrado zelar pela regularidade do andamento do processo, a fim de evitar nulidade processual. Tal dever, 
principalmente quando voltado para a verificação da efetiva obediência à garantia constitucional do direito ao contraditório e à 
ampla defesa, não demanda necessariamente prévia provocação do réu, mas apenas a constatação de que ele não está 
devidamente representado e não tem condições de constituir um patrono, valendo-se de meios financeiros próprios. 
 
Judiciário pode determinar medidas necessárias à execução de políticas públicas 
O STF admite, ao menos em princípio, que o Poder Judiciário determine ordens para instigar o Poder Público a implementar 
medidas necessárias à execução de políticas públicas se ficar constatada a ocorrência de inescusável omissão do Estado. Uma 
decisão judicial nesse sentido não pode ser considerada uma afronta à autonomia administrativa e gerencial do órgão omisso. 
Ocorre que a constatação de que existe ou não uma inescusável omissão estatal exige que se examine, no caso concreto, os 
motivos e os critérios utilizados pelo administrador, para, só então, verificar a razoabilidade e a proporcionalidade da medida. 
Assim, tanto a atuação como a missão do administrador devem estar ancoradas em fundamentos justificadores idôneos. 
Um dos parâmetros que devem necessariamente nortear a decisão do administrador, assim como a avaliação efetuada pelo 
magistrado sobre a idoneidade de tal decisão, é a razoabilidade e a proporcionalidade da escolha feita pelo administrador diante 
da disponibilidade de recursos (econômicos, financeiros, humanos e físicos) e das circunstâncias fáticas existentes ou previsíveis 
num futuro mais próximo que possam influenciar a possibilidade de atuação e implementação efetiva de políticas públicas. Esse 
tipo de raciocínio, derivado do princípio da razoabilidade, não raras vezes tem sido recebido, na jurisprudência da Corte Suprema, 
a denominação de princípio da reserva do possível. 
 
Princípio da razoabilidade e da reserva do possível 
O princípio da reserva do possível surge na Alemanha, em 1972, fruto de uma ação ajuizada por alunos que pleiteavam o direito 
de ingresso no curso de medicina da universidade pública. 
Em resposta ao pleito, o Tribunal Constitucional Federal alemão afirmou que o direito de acesso à formação profissional, garantido 
pela Lei Fundamental alemã, somente poderia ser efetivado dentro da reserva do possível, o que implicava dizer, no caso concreto, 
que as vagas disponibilizadas atendiam a um limite razoável e congruente com a capacidade financeira do Estado de arcar com os 
custos decorrentes desse exercício. 
Assim, conforme preconiza essa teoria, os recursos são limitados e as necessidades ilimitadas, de forma que não há condições 
financeiras de o Poder Público atender a todas as demandas sociais. 
Vale ressaltar, contudo, que a jurisprudência atual tem afirmado que a reserva do possívelnão pode ser oposta à efetivação 
dos Direitos Fundamentais, já que, quanto a estes, não cabe ao administrador público preteri-los em suas escolhas. 
Se um direito é qualificado pelo legislador como absoluta prioridade, ele deixa de integrar o universo de incidência da reserva do 
possível, já que a sua possibilidade é obrigatoriamente fixada pela Constituição ou pela lei. 
Ademais, tratando-se de direito essencial, incluso no conceito de mínimo existencial, inexistirá empecilho jurídico para que o 
Judiciário estabeleça a inclusão de determinada política pública nos planos orçamentários do ente político, especialmente quando 
não houver comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal. 
 
A exigibilidade da ordem judicial para a implantação de unidades da Defensoria Pública encontra-se condicionada ao término 
do prazo estabelecido na EC 80/2014 (ano de 2022) 
São notórias as dificuldades pelas quais passa a efetiva implantação e instalação da Defensoria Pública no país. A desproporção 
entre os assistidos e os respectivos Defensores é evidente. 
De igual modo, há um número bem menor de Defensores Públicos se comparado com a quantidade de Magistrados e de membros 
do Ministério Público, assim como pelo que se depreende da comparação dos orçamentos disponibilizados a cada uma das 
instituições. 
Em razão de tais dificuldades do Estado, a EC 80, de 4/6/2014, conferiu nova redação ao art. 98 do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias estabelecendo um prazo de 8 anos para instalação de serviços mínimos prestados pela Defensoria, 
que se esgota em 2022. 
Por esse motivo, a jurisprudência do STF tem entendido que a exigibilidade de atendimento integral da população pela Defensoria 
Pública está condicionada ao transcurso do prazo estabelecido na EC 80/2014. 
Nesse sentido: STF. Decisão monocrática. RE 810.883, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/11/2017. 
Esse mesmo critério deve ser utilizado neste caso. 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
8 
Em suma: 
Ao impor a nomeação de Defensores para atuar em processos na Justiça Militar do Distrito Federal, em discordância com 
critérios de alocação de pessoal previamente aprovados pelo Conselho Superior da Defensoria Pública do DF, a autoridade 
judiciária interfere na autonomia funcional e administrativa do órgão. 
Reconhecida a inexistência de profissionais concursados em número suficiente para atender toda a população do DF, os 
critérios indicados pelo Conselho Superior da Defensoria Pública do DF para a alocação e distribuição dos Defensores Públicos 
(locais de maior concentração populacional e de maior demanda, faixa salarial familiar até 5 salários mínimos) revestem-se de 
razoabilidade. 
STJ. 5ª Turma. RMS 59.413-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 07/05/2019 (Info 648). 
 
Nesse mesmo sentido: 
A autonomia administrativa e a independência funcional asseguradas constitucionalmente às defensorias públicas não permitem 
a ingerência do Poder Judiciário acerca da necessária opção de critérios de atuação pelo Defensor Geral e a independência da 
atividade da advocacia. 
STJ. 6ª Turma. HC 310.901/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 16/06/2016. 
 
Não configuração do crime de desobediência na hipótese de não atendimento por Defensor Público-Geral de requisição judicial 
de nomeação de defensor 
Não configura o crime de desobediência (art. 330 do CP) a conduta de Defensor Público Geral que deixa de atender à requisição 
judicial de nomeação de defensor público para atuar em determinada ação penal. A Constituição Federal assegura às 
Defensorias Públicas autonomia funcional e administrativa (art. 134, §2º). A autonomia administrativa e a independência 
funcional asseguradas constitucionalmente às Defensorias Públicas NÃO permitem que o Poder Judiciário interfira nas 
escolhas e nos critérios de atuação dos Defensores Públicos que foram definidos pelo Defensor Público-Geral. STJ. 6ª Turma. 
HC 310901-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 16/6/2016 (Info 586). 
 
 
EC nº 80/2014: 
• Explicitou ser a DP instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Estado (nos mesmos moldes do MP); 
• Inclui o §4º ao art.134 da CF, que constitucionalizou os princípios institucionais da DP (nos mesmos moldes do MP): 
a) Princípio da unidade; 
b) Princípio da indivisibilidade; 
c) Princípio da independência funcional. 
 
DE OLHO NA JURIS! Equiparação entre Defensoria Pública e MP 
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que concede aos Defensores Públicos a aplicação do regime de garantias, 
vencimentos, vantagens e impedimentos do Ministério Público e da Procuradoria-Geral do Estado. Os estatutos jurídicos das 
carreiras do Ministério Público e da Defensoria Pública foram tratados de forma diversa pelo texto constitucional originário. 
Ademais, a equivalência remuneratória entre as carreiras encontra óbice no art. 37, XIII, da CF/88, que veda a equiparação ou 
vinculação remuneratória. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
Obs: o tema foi analisado tendo como parâmetro a redação originária da Constituição Federal de 1988, ou seja, antes das 
Emendas Constitucionais 45/2004 e 80/2014. 
 
• Determinou a aplicação à DP das regras dos arts.93 (regras de organização da Magistratura) e 96, II, CF (iniciativa para 
apresentação de projetos de lei relativos à estruturação da DP); 
 
DE OLHO NA JURIS! Nos concursos da Defensoria Pública podem ser exigidos três anos de atividade jurídica? 
O art. 93, I, da CF/88 exige três anos de atividade jurídica para os candidatos nos concursos da Magistratura. Essa exigência pode 
ser estendida para os concursos da Defensoria Pública. No entanto, é indispensável a edição de uma lei complementar 
prevendo isso (art. 37, I e art. 134, §1º, da CF/88). Enquanto não for editada lei complementar estendendo a exigência dos três 
anos para a Defensoria Pública, continua válida a regra do art. 26 da LC 80/94, que exige do candidato ao cargo de Defensor 
Público apenas dois anos de prática forense, computadas, inclusive as atividades realizadas antes da graduação em Direito. 
Desse modo, não é possível que Resolução do Conselho Superior da Defensoria Pública (ato infralegal) exija três anos de 
atividade jurídica depois da graduação para os concursos de Defensor Público. STJ. 2ª Turma. REsp 1676831/AL, Rel. Min. Mauro 
Campbell Marques, julgado em 05/09/2017 (Info 611). 
 
 
• Acrescentou o art.98 ao ADCT, dispondo que o número de defensores públicos na unidade jurisdicional deverá ser 
proporcional à efetiva demanda pelo serviço da DP e à respectiva população, sendo que no prazo de 8 anos (que se 
vence em 2022), a União, os Estados e o DF deverão contar com defensores em todas as unidades jurisdicionais. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
9 
ADCT, Art. 98. O número de defensores públicos na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda pelo serviço da 
Defensoria Pública e à respectiva população. 
§1º No prazo de 8 anos (QUE VENCE EM 2022), a União, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com defensores 
públicos em TODAS AS UNIDADES JURISDICIONAIS, observado o disposto no caput deste artigo. 
§2º Durante o decurso do prazo previsto no §1º deste artigo, a LOTAÇÃO dos defensores públicos ocorrerá, 
PRIORITARIAMENTE, atendendo as regiões com MAIORES ÍNDICES DE EXCLUSÃO SOCIAL e ADENSAMENTO POPULACIONAL. 
 
DE OLHO NA JURIS! A exigibilidade da ordem judicial para a implantação de unidades da Defensoria Pública encontra-se 
condicionada ao término do prazo estabelecido na EC 80/2014 (ano de 2022) 
São notórias as dificuldades pelas quais passa a efetiva implantação e instalação da Defensoria Pública no país. A desproporção 
entre os assistidos e os respectivos Defensores é evidente. De igual modo, há um número bem menor de Defensores Públicos se 
comparado com a quantidade de Magistrados e de membros do Ministério Público, assim como pelo que se depreende da 
comparação dos orçamentosdisponibilizados a cada uma das instituições. Em razão de tais dificuldades do Estado, a EC 80, de 
4/6/2014, conferiu nova redação ao art. 98 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias estabelecendo um prazo de 8 
anos para instalação de serviços mínimos prestados pela Defensoria, que se esgota em 2022. Por esse motivo, a jurisprudência 
do STF tem entendido que a exigibilidade de atendimento integral da população pela Defensoria Pública está condicionada ao 
transcurso do prazo estabelecido na EC 80/2014. STF. Decisão monocrática. RE 810.883, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
30/11/2017. STJ. 5ª Turma. RMS 59.413-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 07/05/2019 (Info 648). 
 
 
RESUMINDO 
EC nº 45/2004 EC nº 74/2013 EC nº 80/2014 
Assegurou às Defensorias Públicas 
Estaduais à autonomia funcional, 
autonomia administrativa e 
iniciativa de sua proposta 
orçamentária, dentro dos limites 
estabelecidos na LDO. 
Assegurou à Defensoria Pública da 
União e à Defensoria Pública do Distrito 
Federal à autonomia funcional, 
autonomia administrativa e iniciativa 
de sua proposta orçamentária, dentro 
dos limites estabelecidos na LDO. 
Explicitou ser a DP instituição 
permanente e essencial à função 
jurisdicional do Estado (nos mesmos 
moldes do MP); 
 
 Inclui o §4º ao art.134 da CF, que 
constitucionalizou os princípios 
institucionais da DP (nos mesmos moldes 
do MP): 
i) Princípio da unidade; 
ii) Princípio da indivisibilidade; 
iii) Princípio da independência funcional. 
 Determinou a aplicação à DP das regras 
dos arts.93 (regras de organização da 
Magistratura) e 96, II, CF (iniciativa para 
apresentação de projetos de lei relativos 
à estruturação da DP); 
 Acrescentou o art.98 ao ADCT, dispondo 
que o número de defensores públicos na 
unidade jurisdicional deverá ser 
proporcional à efetiva demanda pelo 
serviço da DP e à respectiva população, 
sendo que no prazo de 8 anos (que se 
vence em 2022), a União, os Estados e o 
DF deverão contar com defensores em 
TODAS as unidades jurisdicionais. 
 
 
1.3. Arquitetura e organização da Defensoria Pública 
 
 Nos termos do art.24, XIII, CF, a competência legislativa para a regulamentação da assistência jurídica e da DP é 
concorrente entre a União, os Estados e o DF. Por isso, e apesar da unidade e indivisibilidade da instituição, temos a Defensoria 
Pública da União (DPU), a Defensoria Pública dos Estados (DPEs), a Defensoria Pública do DF e a dos Territórios. 
 
CF, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal LEGISLAR CONCORRENTEMENTE sobre: 
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
10 
CF, Art.134, §1º Lei complementar (É A LC 80/94) organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos 
Territórios e prescreverá normas GERAIS para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, 
mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da INAMOVIBILIDADE e VEDADO O 
EXERCÍCIO DA ADVOCACIA fora das atribuições institucionais. 
 
 Vale recordar ser da competência da União organizar e manter a DP dos Territórios Federais, não mais sendo sua 
atribuição, todavia, organizar e manter a DP do DF (referida tarefa foi deslocada para o próprio DF). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Agora, a transcrição dos outros 3 parágrafos do art.134 da CF, que tratamos ao falarmos das emendas constitucionais 
45/2004, 74/2013 e 80/2014. 
 
CF, Art.134, §2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua 
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, 
§2º. 
§3º Aplica-se o disposto no §2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal. 
§4º São PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA a UNIDADE, a INDIVISIBILIDADE e a INDEPENDÊNCIA 
FUNCIONAL, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. 
 
DE OLHO NA JURIS! Inconstitucionalidade de lei estadual que atribua ao Governador competências administrativas 
na Defensoria Pública 
É inconstitucional lei estadual que atribui ao chefe do Poder Executivo estadual competências administrativas no âmbito 
da Defensoria Pública. Assim, viola o art. 134, §2º da CF/88 a lei estadual que preveja que compete ao Governador: 
a) a nomeação do Subdefensor Público-Geral, do Corregedor-Geral, dos Defensores Chefes e do Ouvidor da Defensoria 
Pública estadual; 
b) autorizar o afastamento de Defensores Públicos para estudos ou missão; c) propor, por meio de lei de sua iniciativa, o 
subsídio dos membros da Defensoria Pública. 
Obs: Tais competências pertencem ao Defensor Público-Geral do Estado. 
STF. Plenário. ADI 5286/AP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/5/2016 (Info 826). 
 
Defensoria Pública não é subordinada ao Governador do Estado 
É inconstitucional, por violar o art. 134, §2º, da CF/88, lei estadual que traga as seguintes previsões: 
a) A DPE integra a Administração Direta; 
b) O Governador do Estado é auxiliado pelo Defensor Geral do Estado; 
c) O Defensor Público-Geral é equiparado a Secretário de Estado. 
As Defensorias Públicas gozam de autonomia funcional e administrativa. Por essa razão, qualquer medida normativa que 
suprima essa autonomia da Defensoria Pública, vinculando-a a outros Poderes, em especial ao Executivo, implicará violação à 
Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 4056/MA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 7/3/2012 (Info 657). 
No mesmo sentido, o STF declarou que lei estadual que estabeleça que a Defensoria Pública ficará subordinada ao Governador 
do Estado é inconstitucional por violar a autonomia da Instituição (art. 134, § 2º da CF/88). STF. Plenário. ADI 3965/MG, Rel. 
Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/3/2012 (Info 657). 
 
Dever do Poder Executivo de efetuar os repasses de duodécimo na forma do art. 168 da CF/88 
O Governador do Estado é obrigado a efetuar o repasse, sob a forma de duodécimos e até o dia 20 de cada mês, da 
integralidade dos recursos orçamentários destinados, pela lei orçamentária, à Defensoria Pública estadual. STF. Plenário. ADPF 
339/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/5/2016 (Info 826). 
 
Comentários do julgado 
 
No caso concreto, o instrumento processual utilizado (ADPF) foi correto? 
SIM. Em caso de descumprimento do dever previsto no art. 168 da CF/88, a jurisprudência do STF entende que cabe a impetração 
de mandado de segurança. No entanto, o MS só poderia ser manejado pelo Defensor Público-Geral enquanto titular da Instituição 
Defensoria Pública dos Território Federais 
Defensoria Pública do Distrito Federal 
organizada e mantida pela União 
organizada e mantida pelo DF 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
11 
(STF MS 21291 AgR-QO), e não pela ANADEP, que não tem legitimidade para o writ, considerando que nenhum direito líquido e 
certo da associação está sendo violado. 
 
Assim, como a ANADEP não pode impetrar MS, resta apenas o ajuizamento da ADPF, sendo preenchido, portanto, o requisito da 
subsidiariedade (art. 4º, § 1º, da Lei nº 9.882/99). 
 
1.4. Garantias, prerrogativas e vedações para os membros da Defensoria Pública 
 
 
 
* DE OLHO NA JURIS! Defensores públicos não são intimados pessoalmente nos juizados 
A jurisprudência do STJ afirma que, no âmbito dos Juizados Especiais, não é necessária a intimação pessoal dos Defensores 
Públicos, podendo esta ocorrer até mesmo pela Imprensa Oficial. Novo CPC: o CPC/2015 prevê a prerrogativa de os Defensores 
Públicos serem intimados pessoalmente (art. 186, § 1º). Isso, contudo, já estava previsto na LC 80/94. Por essa razão, penso que 
o entendimento jurisprudencial acima permanecerá válido com o novo CPC já que a razão que o inspirou está no fato de que 
os Juizados Especiais precisam ser céleres e informais. STJ. 5ª Turma. HC 105548/ES, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado 
em 27/04/2010. 
 
PRERROGATIVASdos membros da Defensoria Pública da União e dos Estado (art.44 = art.128 da LC 80/94 
I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com vista, INTIMAÇÃO PESSOAL em qualquer processo 
e grau de jurisdição ou instância administrativa, contando-se-lhes EM DOBRO todos os prazos; 
ATENÇÃO! Nos Juizados Especiais, é DISPENSÁVEL* a intimação pessoal. 
II - não ser preso, senão por ordem judicial escrita, salvo em flagrante, caso em que a autoridade fará imediata comunicação 
ao Defensor Publico-Geral; 
III - ser recolhido a PRISÃO ESPECIAL ou a SALA ESPECIAL DE ESTADO-MAIOR, com direito a privacidade e, após sentença 
condenatória transitada em julgado, ser recolhido em dependência separada, no estabelecimento em que tiver de ser 
cumprida a pena; 
IV - usar vestes talares e as insígnias privativas da Defensoria Pública; 
VI - ter VISTA PESSOAL DOS PROCESSOS fora dos cartórios e secretarias, ressalvadas as vedações legais; 
VII – comunicar-se, pessoal e reservadamente, com seus assistidos, ainda quando esses se acharem presos ou detidos, 
mesmo incomunicáveis, tendo livre ingresso em estabelecimentos policiais, prisionais e de internação coletiva, 
independentemente de prévio agendamento; 
VIII – examinar, em qualquer repartição pública, autos de flagrantes, inquéritos e processos, assegurada a obtenção de 
cópias e podendo tomar apontamentos; 
IX - manifestar-se em autos administrativos ou judiciais por meio de COTA; 
X – REQUISITAR DE AUTORIDADE PÚBLICA E SEUS AGENTES exames, certidões, perícias, vistorias, diligências, processos, 
documentos, informações, esclarecimentos e providências necessárias ao exercício de suas atribuições; 
XI – REPRESENTAR A PARTE, em feito administrativo ou judicial, INDEPENDENTEMENTE DE MANDATO, ressalvados os casos 
para os quais a lei exija poderes especiais; 
XII - deixar de patrocinar ação, quando ela for manifestamente incabível ou inconveniente aos interesses da parte sob seu 
patrocínio, comunicando o fato ao Defensor Publico-Geral, com as razões de seu proceder; 
XIII - ter o mesmo tratamento reservado aos magistrados e demais titulares dos cargos das funções essenciais à justiça; 
XIV - ser ouvido como testemunha, em qualquer processo ou procedimento, em dia, hora e local previamente ajustados com 
a autoridade competente; 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
12 
 
GARANTIAS dos membros da Defensoria Pública 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL LC 80/94 – DPU LC 80/94 – DPE’s 
Art.134, §1º: (...) assegurada a seus 
integrantes a garantia da 
inamovibilidade (...). 
Art. 43. São garantias dos membros da 
Defensoria Pública da União: 
 
Art. 127. São garantias dos membros da 
Defensoria Pública do Estado, sem 
prejuízo de outras que a lei estadual 
estabelecer: 
 I - independência funcional no 
desempenho de suas atribuições; 
I - independência funcional no 
desempenho de suas atribuições; 
 II - inamovibilidade; II - inamovibilidade; 
 III - irredutibilidade de vencimentos; III - irredutibilidade de vencimentos; 
 IV - estabilidade. IV - estabilidade. 
 
 
VEDAÇÃO aos membros da Defensoria Pública (art.134, §1º, CF) 
EXERCÍCIO DA ADVOCACIA fora das atribuições institucionais. 
 
1.5. Remuneração dos Defensores Públicos 
 
CF, Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II (ADVOCACIA PÚBLICA) e III (NA VERDADE: SEÇÃO 
IV à DEFENSORIA PÚBLICA) deste Capítulo serão remunerados na forma do art. 39, §4º. 
 
CF, Art.39, §4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e 
Municipais serão remunerados exclusivamente por SUBSÍDIO fixado em PARCELA ÚNICA, vedado o acréscimo de qualquer 
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, 
o disposto no art. 37, X (ESTIPULAÇÃO POR LEI ESPECÍFICA + REVISÃO GERAL ANUAL) e XI (TETO REMUNERATÓRIO). 
 
 
 
 
 
 
PRERROGATIVAS dos membros da Defensoria Pública da União e dos Estado (art.44 = art.128 da LC 80/94 
I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com vista, INTIMAÇÃO PESSOAL em qualquer processo 
e grau de jurisdição ou instância administrativa, contando-se-lhes EM DOBRO todos os prazos; 
ATENÇÃO! Nos Juizados Especiais, é DISPENSÁVEL* a intimação pessoal. 
II - não ser preso, senão por ordem judicial escrita, salvo em flagrante, caso em que a autoridade fará imediata comunicação 
ao Defensor Publico-Geral; 
III - ser recolhido a PRISÃO ESPECIAL ou a SALA ESPECIAL DE ESTADO-MAIOR, com direito a privacidade e, após sentença 
condenatória transitada em julgado, ser recolhido em dependência separada, no estabelecimento em que tiver de ser 
cumprida a pena; 
IV - usar vestes talares e as insígnias privativas da Defensoria Pública; 
VI - ter VISTA PESSOAL DOS PROCESSOS fora dos cartórios e secretarias, ressalvadas as vedações legais; 
VII – comunicar-se, pessoal e reservadamente, com seus assistidos, ainda quando esses se acharem presos ou detidos, 
mesmo incomunicáveis, tendo livre ingresso em estabelecimentos policiais, prisionais e de internação coletiva, 
independentemente de prévio agendamento; 
VIII – examinar, em qualquer repartição pública, autos de flagrantes, inquéritos e processos, assegurada a obtenção de 
cópias e podendo tomar apontamentos; 
IX - manifestar-se em autos administrativos ou judiciais por meio de COTA; 
X – REQUISITAR DE AUTORIDADE PÚBLICA E SEUS AGENTES exames, certidões, perícias, vistorias, diligências, processos, 
documentos, informações, esclarecimentos e providências necessárias ao exercício de suas atribuições; 
XI – REPRESENTAR A PARTE, em feito administrativo ou judicial, INDEPENDENTEMENTE DE MANDATO, ressalvados os casos 
para os quais a lei exija poderes especiais; 
XII - deixar de patrocinar ação, quando ela for manifestamente incabível ou inconveniente aos interesses da parte sob seu 
patrocínio, comunicando o fato ao Defensor Publico-Geral, com as razões de seu proceder; 
XIII - ter o mesmo tratamento reservado aos magistrados e demais titulares dos cargos das funções essenciais à justiça; 
XIV - ser ouvido como testemunha, em qualquer processo ou procedimento, em dia, hora e local previamente ajustados com 
a autoridade competente; 
ADVOCACIA PÚBLICA 
DEFENSORIA PÚBLICA 
Remuneradas por 
SUBSÍDIO 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
13 
JURISPRUDÊNCIA SOBRE “DEFENSORIA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO” 
 
É inconstitucional foro por prerrogativa de função para Defensores Públicos 
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função, no Tribunal de Justiça, para 
Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de Polícia. A CF/88, apenas excepcionalmente, 
conferiu prerrogativa de foro para as autoridades federais, estaduais e municipais. Assim, não se pode permitir que os Estados 
possam, livremente, criar novas hipóteses de foro por prerrogativa de função. STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940). 
 
Comentários do julgado 
 
A situação concreta foi a seguinte: 
A Constituição do Estado do Maranhão previu foro por prerrogativa de função para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, 
Defensores Públicos e Delegados de Polícia. Em outras palavras, a Constituição Estadual determinou que tais autoridades 
deveriam ser julgadas criminalmente no Tribunal de Justiça. 
 
Confira o texto da CE/MA: 
Art. 81. Compete ao Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente: 
(...) 
IV - os Juízes do Tribunal de Alçada, Juízes de Direito, os membros do Ministério Público, das Procuradorias Gerais do Estado, da 
Assembleia Legislativa e da Defensoria Pública e os Delegados de Polícia, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a 
competência da Justiça Eleitoral; (Redação da Emenda Constitucional nº 34, de 29/08/2001). 
 
Essa previsão da CE/MA é compatível com a CF/88? 
NÃO. 
É inconstitucional dispositivoda Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função, no Tribunal de Justiça, para 
Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de Polícia. 
STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940). 
 
Vamos entender com calma. 
 
O que é foro por prerrogativa de função? 
Trata-se de uma prerrogativa prevista pela Constituição, segundo a qual as pessoas ocupantes de alguns cargos ou funções 
somente serão processadas e julgadas criminalmente (não engloba processos cíveis) por determinados Tribunais (TJ, TRF, STJ, 
STF). 
 
Razão de existência 
O foro por prerrogativa de função existe porque se entende que, em virtude de determinadas pessoas ocuparem cargos ou 
funções importantes e de destaque, somente podem ter um julgamento imparcial e livre de pressões se forem julgadas por órgãos 
colegiados que componham a cúpula do Poder Judiciário. 
Ex: um Desembargador, caso pratique um delito, não deve ser julgado por um juiz singular, nem pelo Tribunal do qual faz parte, 
mas sim pelo STJ, órgão de cúpula do Poder Judiciário e, em tese, mais adequado para, no caso concreto, exercer a atividade com 
maior imparcialidade. 
Ex2: caso um Senador da República cometa um crime, ele será julgado pelo STF. 
 
Onde estão previstas as regras sobre o foro por prerrogativa de função? 
Posição tradicional do STF: 
O STF e a doutrina majoritária, tradicionalmente, ensinavam o seguinte: 
• Em regra, os casos de foro por prerrogativa de função são previstos na Constituição Federal. Exs: art. 102, I, “b” e “c”; art. 105, 
I, “a”. 
• As Constituições estaduais podem prever casos de foro por prerrogativa de função desde que seja respeitado o PRINCÍPIO DA 
SIMETRIA com a Constituição Federal. Isso significa que a autoridade estadual que “receber” o foro por prerrogativa na 
Constituição Estadual deve ser equivalente a uma autoridade federal que tenha foro por prerrogativa de função na Constituição 
Federal. 
Ex1: a Constituição Estadual pode prever que o Vice-Governador será julgado pelo TJ. Isso porque a autoridade “equivalente”, em 
âmbito federal (Vice-Presidente da República), possui foro por prerrogativa de função no STF (art. 102, I, “b”, da CF/88). Logo, foi 
respeitado o princípio da simetria. 
Ex2: a Constituição Estadual não pode prever foro por prerrogativa de função para os Delegados de Polícia, considerando que não 
há previsão semelhante para os Delegados Federais na Constituição Federal (STF ADI 2587). 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
14 
Essa autorização para que as Constituições Estaduais prevejam hipóteses de foro por prerrogativa de função no TJ existe por 
força do art. 125, §1º, da CF/88: 
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. 
§1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do 
Tribunal de Justiça. 
 
Assim, à luz do disposto no art. 125, §1º, da Constituição Federal, o constituinte estadual possui legitimidade para fixar a 
competência do Tribunal de Justiça e, por conseguinte, estabelecer a prerrogativa de foro às autoridades que desempenham 
funções similares na esfera federal. 
 
Posição defendida pelo Min. Alexandre de Moraes nesta ADI 2553/MA: 
A CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para as autoridades federais, estaduais e municipais. 
Assim, não se pode permitir que os Estados possam, livremente, criar novas hipóteses de foro por prerrogativa de função. 
A interpretação que conferisse às Constituições estaduais a possibilidade de definir foro, considerando o princípio federativo e 
com esteio no art. 125, §1º, da CF/88, permitiria aos Estados dispor, livremente, sobre essas prerrogativas, o que seria equivalente 
a assinar um “cheque em branco”. 
Desse modo, para o Min. Alexandre de Moraes, as hipóteses de foro por prerrogativa de função somente podem ser previstas 
validamente pela Constituição Estadual se estiverem asseguradas, explicita ou implicitamente, pela Constituição Federal. 
 
Vice-Governador, Secretários de Estado e Comandante dos Militares Estaduais 
Para a primeira posição (tradicional), as Constituições Estaduais podem, com base no art. 125, §1º, da CF/88, prever, para essas 
autoridades, o foro por prerrogativa de função no Tribunal de Justiça. Isso porque estaria respeitado o princípio da simetria, já 
que os equivalentes federais (Vice-Presidente, Ministros de Estado e Comandantes das Forças Armadas) possuem foro por 
prerrogativa de função. 
Para o Ministro Alexandre de Moraes, tais autoridades possuem prerrogativa de função no TJ, independentemente de a 
Constituição Estadual fixá-la ou não, por força do art. 28 da CF/88: 
 
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro domingo 
de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do 
mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o 
disposto no art. 77. 
 
Voltando ao caso concreto: 
Seja pela concepção tradicional, seja pela argumentação trazida pelo Min. Alexandre de Moraes, o certo é que a Constituição 
Estadual não poderia prever foro por prerrogativa de função para os Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defensores 
Públicos e Delegados de Polícia. 
Pela concepção tradicional: os cargos equivalentes a esses, em nível federal, não possuem foro por prerrogativa de função. 
Logo, essa previsão, em nível estadual, violaria o princípio da simetria. 
Pelo entendimento do Min. Alexandre de Moraes: a CF/88 não conferiu, direta ou indiretamente, foro por prerrogativa de 
função para tais autoridades. 
 
Observação 
Alguns Ministros acompanharam a conclusão do voto do Ministro Alexandre de Moraes, mas sem se comprometer expressamente 
com a sua argumentação. Assim, não se pode dizer que esse seja o novo entendimento do STF sobre o tema. 
 
O que é preciso que você saiba, para fins de prova, é o que vou destacar agora: 
 
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função, no Tribunal de Justiça, para 
Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de Polícia. 
A CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para as autoridades federais, estaduais e municipais. Assim, 
não se pode permitir que os Estados possam, livremente, criar novas hipóteses de foro por prerrogativa de função. 
STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
15 
PRINCÍPIOS DA DEFENSORIA PÚBLICA 
 
CF, Art.134, §4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, 
aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. 
 
LC 80/94, Art. 3º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. PRINCÍPIO DA UNIDADE 
 
Unidade é o conceito de que a Defensoria Pública e os órgãos que a integram formam um todo orgânico, sob uma só 
direção administrativa, não funcional, pois seus membros têm independência no exercício das funções. Assim os membros da 
Defensoria Pública compõem um todo único e incindível, não existindo divisões de setores, chefias, inerentes à 
Administração Pública. 
A atuação, portanto, não é do Defensor Público, mas da Instituição que este presenta, figura despersonalizada. 
Note-se que a unidade é um princípio que vige em relação a cada Defensoria Pública, de sorte que inexiste unidade 
entre Defensorias Públicas Estaduais, nem destas com a da União ou do Distrito Federal. 
 
2. PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADEIndivisibilidade é o conceito de que os membros da Defensoria Pública podem substituir-se uns aos outros, a fim de 
preservar a continuidade na execução de suas finalidades institucionais. São hipóteses que exemplificam e justificam a aplicação 
do princípio da indivisibilidade: impedimento, licenças, férias. 
Essa substituição prescinde de substabelecimento, até porque a procuração não é exigida (art. 16, parágrafo único, 
da Lei 1.060/50). Disso resulta que não há simulacro de defesa, por não ter sido dado à parte assistida um defensor público que 
o defendesse do início ao fim, mas mera substituição do representante da Instituição para cada ato. 
A substituição, no entanto, deve ser regulada, por lei ou normas internas. A indivisibilidade implica reconhecer que 
os órgãos da Administração Superior não podem, sem o consentimento do titular do cargo, exercer, delegar ou avocar qualquer 
função de determinado Defensor Público livremente, caso contrário, estar-se-ia violando os princípios da independência 
funcional e a da garantia constitucional da inamovibilidade. 
Deste modo, somente em hipóteses excepcionalmente previstas em lei e devidamente fundamentadas pelo Defensor 
Público-Geral ou Conselho Superior, conforme a legislação específica de cada órgão, assegurada ampla defesa, poderá haver o 
afastamento do Defensor Público de suas funções ordinárias e ensejar a substituição por outro membro da Instituição. 
Deste modo a designação indiscriminada para exercer atividades afetas a outro órgão de execução da Defensoria 
Pública é inconstitucional, pois fere o princípio da inamovibilidade, o qual, em verdade, garante o pleno exercício nas funções do 
titular de determinado cargo, não podendo ele ser removido compulsoriamente, nem mesmo ver suas funções serem 
transferidas, sem o seu assentimento, a outro Defensor Público. 
Assim a lei complementar 80/04, no capítulo que regula a Defensoria Pública da União merece ser interpretada de 
acordo com a Constituição Federal, a fim de não arranhar a garantia constitucional da inamovibilidade. 
Se não vejamos: 
Art. 8º São atribuições do Defensor Público-Geral, dentre outras: 
XV - designar membro da Defensoria Pública da União para exercício de suas atribuições em órgão de atuação diverso do de sua 
lotação ou, em caráter excepcional, perante Juízos, Tribunais ou Ofícios diferentes dos estabelecidos para cada categoria; 
 
Resgata-se, logo, com a inserção pela emenda constitucional n.º 45 o princípio do Defensor Natural. 
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS 
DA DEFENSORIA PÚBLICA 
previstos na CF 
e na LC 80/94 
PRINCÍPIO DA UNIDADE 
PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE 
PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
16 
3. PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL 
 
Independência Funcional é a liberdade de convicção conferida aos membros da Defensoria, que devem apenas 
obediência à Constituição e às leis. 
Tal princípio se projeta tanto internamente quanto externamente. 
Internamente, somente há chefia na Instituição da Defensoria Pública sob o aspecto administrativo, não sob o prisma 
funcional, ainda que o Defensor Público esteja no período de estágio probatório. Não há hierarquia, comum nos órgãos da 
Administração Pública, entre os membros da Defensoria Pública. 
No exercício de atividade-meio, atuação dos membros da Defensoria Pública é hierarquicamente vinculada. 
Nada obsta, no entanto, a expedição de recomendações, sem caráter vinculativo, pela Defensoria Pública-Geral ou 
pela Corregedoria-Geral, no sentido dos órgãos de execução procederem de determinado modo no exercício de suas funções, o 
que eleva qualitativamente os trabalhos da Instituição, mormente porque são fundados em estudos, estatísticas, pareceres, que 
bem acrescentam e exaltam os serviços prestados pela Defensoria Pública. 
Externamente, o membro da Defensoria Pública deve agir de acordo com sua convicção pessoal, sem ingerências de 
outros poderes, notadamente de magistrados, parlamentares, membros do Ministério Público. 
Decerto que o princípio da independência funcional apresenta limites, pois não pode servir de justificativa de atuação 
imotivada de seus membros, nem para posicionar-se ao arrepio da lei. 
Assim, as manifestações apresentadas pelo Defensor Público devem ser fundamentadas, inclusive aos potenciais 
assistidos, ou seja, as pessoas que buscam informação na Defensoria Pública, mormente porque o não exercício de uma 
atividade funcional pelo Defensor Público, quando deveria fazê-lo, pode causar prejuízos ao interessado. 
O Defensor designado pela Defensoria-Geral não atua na titularidade de suas funções ordinárias, mas de acordo e nos 
limites da delegação, agindo na qualidade de “longa manus”, de modo que, por isto, esta atuação não fere o princípio da 
independência funcional. 
O princípio da independência funcional também encontra limites no exercício do direito de recorrer manifestado pelo 
interesse da parte assistida recorrente em conduzir sua demanda para outro grau de jurisdição, posto que o princípio da 
voluntariedade dos recursos vincula à apresentação das respectivas razões recursais pelo Defensor Público, haja vista que este 
princípio tem duplo destinatário: a parte assistida e o Defensor Público. Logicamente somente quando houver sucumbência ou 
proveito para a parte assistida terá o Defensor Público o dever de ofertar o recurso. 
Note-se, no entanto, que o princípio da voluntariedade dos recursos não se estende, no que diz respeito à 
manifestação de vontade do recorrente e a vinculação do Defensor Público à apresentação das razões recursais, à propositura 
de ações judiciais. A manifestação de vontade da parte, nestes casos, embora necessária, está sujeita a outras condições e 
requisitos, atinentes à viabilidade, utilidade, necessariedade, que são avaliadas fundamentadamente pelo Defensor Público. 
Excepcionalmente, em determinadas ações que a lei confere capacidade postulatória à própria parte, como nas ações 
de “habeas corpus” e revisão criminal, sua propositura não vincula o membro da Defensoria Pública, no sentido de arrazoar o 
pleito inicial, ainda que o mérito seja apreciado pelo Poder Judiciário, em decorrência da vontade da parte, desde que 
fundamentada. 
 
PROCESSUAL PENAL. REVISÃO CRIMINAL. PEDIDO EM CAUSA PRÓPRIA. POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 623, DO CPP. 
APRESENTAÇÃO CONCOMITANTE DE RAZÕES PELA DEFENSORIA PÚBLICA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INEXISTÊNCIA.1 - O art. 
623, do CPP autoriza o ajuizamento, pelo próprio condenado, sem intervenção de advogado ou defensor, de revisão criminal. 
Referido dispositivo, segundo entendimento do STF, secundado por esta Corte, foi recepcionado pela Constituição Federal de 
1988. 2 - Não obstante, o fato de, na espécie, ter sido, concomitantemente, apresentado arrazoado também pela defensoria 
pública não rende ensejo a constrangimento ilegal, porquanto, em ultima ratio, há apenas reforço de defesa. 3 - Ordem 
parcialmente concedida. (STJ - HC 17680 - SP - 6ª T. - Rel. Min. Fernando Gonçalves - DJU 22.10.2001, p.357) 
 
No mesmo sentido: 
 
HABEAS CORPUS. REVISÃO CRIMINAL. CAPACIDADE POSTULATÓRIA DO RÉU. MANIFESTAÇÃO CONTRÁRIA DA DEFENSORIA 
PÚBLICA. INDEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO DO PEDIDO REVISIONAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 
623 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 1. A revisão criminal, como na letra do artigo 623 do Código de Processo Penal, pode ser 
requerida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente ou 
irmão. 2. A recusa da Defensoria Pública em formular revisão criminal não é obstáculo legal para o seu conhecimento pelo 
Tribunal de Justiça. 3. Ordem concedida. (STJ - HC 13634 - SP - 6ª T. - Rel. Min. Hamilton Carvalhido - DJU 13.08.2001, p.280) 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
17 
4. PRINCÍPIO DO DEFENSOR NATURAL 
 
 O princípio do defensor natural consiste em que o Defensor Público não poderá ser afastado arbitrariamente dos casos 
em que deva oficiar,de acordo com critérios legais estabelecidos anteriormente, de maneira que apenas os membros da 
Defensoria Pública que tiveram atribuições predeterminadas é que poderão atuar nos casos a que forem submetidos. 
 O assistido terá direito ao patrocínio de seus interesses pelo defensor natural, conforme art.4º-A da LC 80/94. 
 
LC 80/94, Art. 4º-A. São direitos dos assistidos da Defensoria Pública, além daqueles previstos na legislação estadual ou em atos 
normativos internos: 
IV – o patrocínio de seus direitos e interesses pelo defensor natural; 
 
 Tal como o princípio do Promotor Natural, este princípio apresenta dupla garantia, uma vez que se dirige tanto aos 
membros da Defensoria Pública, quanto à sociedade/assistidos. 
 Para o usuário do serviço prestado pela Defensoria, este princípio significa que o assistido será atendido por defensor 
público que, nos termos da lei das normas de organização interna, tem atribuição para tanto. Para o Defensor Público, este 
princípio – decorrente, também, da garantia da inamovibilidade – garante que ele não será removido arbitrariamente do 
exercício de suas funções. 
 
 
DE OLHO NA JURIS! Designação de defensor dativo para audiência em que Defensor Público não pode participar e inexistência 
de violação ao princípio do Defensor Público natural 
Juiz negou pedido da Defensoria Pública para adiar audiência de instrução considerando que, naquela data, o Defensor 
Público que fazia a assistência jurídica do réu já possuía audiência marcada em outra comarca. O magistrado, diante da 
ausência do Defensor, designou defensor dativo para acompanhar o réu na audiência. O STF entendeu que não houve 
violação aos princípios da ampla defesa e do "Defensor Público natural" considerando que: 
a) o inciso IV do art. 4º-A da LC 80/94 não garante exclusividade à Defensoria para atuar nas causas em que figure pessoa 
carente; 
b) o indeferimento do pedido da defesa não causou prejuízo ao réu, já que o defensor dativo teve entrevista prévia reservada 
com o acusado e formulou perguntas na audiência, participando ativamente do ato processual; 
c) a impossibilidade de a Defensoria atuar na comarca não acarreta direito à redesignação dos atos processuais designados. 
STF. 2ª Turma. HC 123494/ES, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/2/2016 (Info 814). 
 
Comentários do julgado 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Dr. Pedro é Defensor Público estadual. Em virtude do déficit de Defensores Públicos no Estado, ele é obrigado a acumular duas 
comarcas ("A" e "B"), atuando em ambas. 
Dr. Pedro foi intimado para participar de uma audiência criminal referente ao réu Carlos a ocorrer no dia 20/03, às 9h, na comarca 
"A". 
Ocorre que alguns dias depois, o Defensor Público foi intimado de outra audiência criminal relacionada com o réu João, a ser 
realizada também no dia 20/03, às 9h, porém, na comarca "B". 
Diante disso, Dr. Pedro peticionou ao juiz da comarca "B" explicando a situação e pedindo a redesignação da audiência 
marcada. 
O magistrado indeferiu o pedido e, a fim de evitar que João ficasse sem defesa técnica, designou um advogado da cidade para 
atuar como defensor dativo do réu unicamente naquela audiência. Na oportunidade, foram ouvidas três testemunhas e 
realizado o interrogatório do réu. Segundo restou consignado no termo de audiência, o defensor dativo teve conversa prévia 
reservada com o acusado e formulou perguntas durante as inquirições. 
Depois da audiência, os debates orais foram substituídos por memoriais, que foram apresentados dias depois pelo Defensor 
Público. 
Ao final do processo, João, que respondia por dois delitos, foi condenado por um dos crimes e absolvido quanto ao outro. 
O Defensor Público alegou que houve nulidade no processo, considerando que o juiz, ao negar o pedido de adiamento formulado 
pela defesa e designar defensor dativo para o ato, violou os princípios da ampla defesa e do "Defensor Público natural". 
 
A tese da defesa foi aceita pelo STF? 
NÃO. 
 
Inciso IV do art. 4º-A da LC 80/94 não garante exclusividade à Defensoria para atuar nas causas em que figure pessoa carente 
O inciso IV do art. 4º-A da LC 80/94, incluído pela LC 132/2009, estabelece que são direitos dos assistidos pela Defensoria Pública 
“o patrocínio de seus direitos e interesses pelo defensor natural”. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
18 
Em linhas gerais, pode-se afirmar que a norma em questão objetiva garantir a imparcialidade na designação (critérios legais) e na 
atuação dos defensores públicos (cf. Exposição de Motivos 00024/2007 - MJ). 
 
Segundo entendeu a 2ª Turma do STF, esse inciso IV acima mencionado não permite concluir que a Defensoria Pública possua a 
exclusividade para atuar nas causas em que figure pessoa carente, especialmente se considerarmos a atual realidade da 
instituição, que enfrenta dificuldades para implantar núcleos de atendimento suficientes para atender as demandas em todas as 
comarcas do país. 
 
Reconhecimento de nulidade pressupõe demonstração de prejuízo 
A jurisprudência do STF entende, com base no art. 563 do CPP e na Súmula 523-STF, que o reconhecimento de nulidade dos atos 
processuais exige, em regra, a demonstração do efetivo prejuízo causado à parte: 
 
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa. 
 
Súmula 523-STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver 
prova de prejuízo para o réu. 
 
Indeferimento não causou prejuízo ao réu 
O STF entendeu que, no caso concreto, o indeferimento do pedido de adiamento de audiência formulado pela Defensoria 
Pública não implicou prejuízo à situação jurídico processual do réu, considerando que ele teve direito à defesa técnica, com 
entrevista privativa reservada prévia, não tendo havido, portanto, cerceamento de defesa. 
Não sendo constituído advogado particular pelo acusado e não havendo Defensor Público disponível para atuar na defesa técnica 
do hipossuficiente, é dever do magistrado socorrer-se de profissionais habilitados (dativos ou ad hoc) para exercerem essa função 
(art. 263 do CPP), sem que tanto configure cerceamento de defesa ou “prejuízo evidente” aos assistidos. Veja o que diz a Lei: 
 
Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro 
de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. 
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. 
 
Impossibilidade de a Defensoria atuar na comarca não acarreta direito à redesignação 
A impossibilidade de atuação da Defensoria Pública na comarca não implica a automática redesignação dos atos nos processos 
conduzidos pela instituição, sob pena de se mitigar os poderes atribuídos ao magistrado na condução dos atos processuais, a 
quem compete definir as datas e os atos a serem realizados, bem assim os respectivos pedidos de adiamento formulados. 
Vale lembrar, ainda, que a CF/88 assegura o direito à duração razoável do processo, no seu art. 5º, LXXVIII, e que, no caso, não 
se poderia adiar indefinidamente a tramitação processual. 
 
“As prerrogativas da Defensoria Pública têm sua legitimidade condicionada ao favorecimento de seus assistidos, de modo que, se 
a atuação do Defensor Natural for prejudicial a tais interesses, inclusive com a virtual eternização da coação exercida pela 
instauração da demanda penal, admite-se a destituição da defesa pública e a substituição por defesa dativa” (STF. Decisão 
monocrática. HC 129470, Min. Edson Fachin, DJe de 3/9/2015). 
 
Resumindo: 
Juiz negou pedido da Defensoria Pública para adiar audiência de instrução considerando que, naquela data, o Defensor 
Público que fazia a assistência jurídica do réu já possuía audiência marcada em outra comarca. O magistrado, diante da ausência 
do Defensor, designou defensor dativo para acompanhar o réu na audiência. 
O STFentendeu que não houve violação aos princípios da ampla defesa e do "Defensor Público natural" considerando que: 
a) o inciso VI do art. 4º da LC 80/94 não garante exclusividade à Defensoria para atuar nas causas em que figure pessoa carente; 
b) o indeferimento do pedido da defesa não causou prejuízo ao réu, já que o defensor dativo teve entrevista prévia reservada 
com o acusado e formulou perguntas na audiência, participando ativamente do ato processual; 
c) a impossibilidade de a Defensoria atuar na comarca não acarreta direito à redesignação dos atos processuais designados. 
STF. 2ª Turma. HC 123494/ES, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/2/2016 (Info 814). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
19 
ASSISTÊNCIA JURÍDICA INTEGRAL x ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA x GRATUIDADE DA JUSTIÇA 
 
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA GRATUIDADE DA JUSTIÇA 
Serviço gratuito de representação em 
juízo, suprindo a capacidade 
postulatória (que a parte não tem, mas 
o advogado ou defensor público 
possuem). 
Trata-se de expressão mais ampla, que 
compreende tanto a assistência 
judiciária (representar em juízo), como 
a consultoria e a orientação jurídica, 
inclusive extrajudicial. 
É a dispensa do pagamento das 
despesas processuais. 
 • Art.5º, LXXIV, da CF; 
• Arts.185 a 187 do CPC/15. 
• Lei 1.060/50; 
• Arts.98 a 102 do CPC/15. 
 
 
Assistência judiciária x assistência jurídica 
 
Assistência JUDICIÁRIA é o acompanhamento, por um profissional do Direito, a uma das partes no processo judicial. 
Consiste no serviço prestado por advogado a um dos litigantes no âmbito do processo. Pode ser gratuita ou onerosa, particular 
ou pública. 
Assistência JURÍDICA, por outro lado, é mais abrangente de que a assistência judiciária, por abarcar, além da atuação 
no processo judicial, também a extrajudicial, mediante consultas, orientação, acordos, entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Constituição Federal de 1988 previu no artigo 5º, inciso XXXV, o direito fundamental de acesso à Justiça ou a 
garantia da inafastabilidade da tutela jurisdicional, nos seguintes termos: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
lesão ou ameaça a direito”. Este dispositivo, se analisado isoladamente, pode ser considerado um direito fundamental de 
primeira geração, pois se limita a prescrever a todos o direito de acesso ao Judiciário, com base na igualdade formal, sem levar 
em consideração os obstáculos a serem enfrentados para tanto. 
 
Logo em seguida, no inciso LXXIV, a fim de equilibrar a desigualdade existente entre as diversas classes sociais, é 
previsto o direito à assistência JURÍDICA integral e gratuita aos necessitados. “o Estado prestará assistência jurídica integral e 
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”. Trata-se de direito fundamental de segunda dimensão, por exigir 
uma atitude positiva do Estado, qual seja, a prestação de um serviço público – a assistência jurídica integral e gratuita. 
 
CF, Art.5º, LXXIV - o Estado prestará ASSISTÊNCIA JURÍDICA integral e gratuita aos que COMPROVAREM insuficiência de 
recursos; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASSISTÊNCIA JURÍDICA 
ASSISTÊNCIA 
JUDICIÁRIA 
 
Direito fundamental de acesso à Justiça 
Direito fundamental à assistência JURÍDICA 
integral e gratuita 
 
direito fundamental de 1ª geração 
direito fundamental de 2ª geração 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
20 
Tal dispositivo inovou em relação às Constituições anteriores, ao prever a assistência jurídica (judicial e extrajudicial) 
integral e gratuita aos necessitados. Além disso, a Constituição Federal determinou que a assistência jurídica integral e gratuita 
aos necessitados deverá ser prestada pelo Estado através do órgão denominado Defensoria Pública (modelo salaried staff, 
lembra?), o qual é composto por agentes públicos aprovados em concurso público e proibidos de exercer a advocacia fora das 
funções institucionais (artigo 134, CF). 
Diante deste panorama, a Defensoria Pública é a instituição responsável por garantir o acesso à Justiça aos 
necessitados, fazendo com que eles recebam assistência jurídica e possam estar devidamente representados no processo 
judicial em todas as instâncias, dando efetividade, em última análise, aos princípios da igualdade e devido processo legal. 
 
 
Justiça Gratuita ou Gratuidade da Justiça 
 
A Justiça Gratuita ou gratuidade judiciária era, em sua grande parte, regulamentada pela Lei nº 1.060/50. Porém, o 
CPC/15, ao entrou em vigor, expressamente revogou diversos artigos desta lei, de forma que, hoje, a normativa principal deste 
assunto se encontra entre os arts.98 a 102 do CPC, além dos remanescentes artigos da Lei 1.060/50 que ainda se encontram em 
vigor. 
Vejamos, a disciplina deste assunto na Lei 1.060/50 e no CPC/15. 
Obs: é mais provável que a sua prova cobre o conhecimento previsto no CPC/15, por ser este mais detalhado e 
“recente”. 
 
CPC/15, Art. 1.072. Revogam-se: 
III - os arts. 2º , 3º , 4º , 6º , 7º , 11 , 12 e 17 da Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950 ; 
 
 
Lei 1.060/50, Art. 1º. Os poderes públicos federal e estadual (+DF + ENTIDADES SOCIAIS E GOVERNAMENTAIS QUE PRESTAM O 
SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA), independente da colaboração que possam receber dos municípios e da Ordem dos 
Advogados do Brasil, - OAB, concederão assistência judiciária aos necessitados nos termos da presente Lei. 
 
 
Lei 1.060/50 CPC/15 
Art. 1º. Os poderes públicos federal e estadual, 
independente da colaboração que possam receber dos 
municípios e da Ordem dos Advogados do Brasil, - OAB, 
concederão assistência judiciária aos necessitados nos 
termos da presente Lei 
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou 
estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as 
custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios 
tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
CF, Art.5º, LXXIV - o Estado prestará ASSISTÊNCIA JURÍDICA integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de 
recursos; 
§1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 
 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a 
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a ASSISTÊNCIA AO DESAMPARADO (INCLUI OS “DESAMPARADOS 
DA JUSTIÇA”), na forma desta Constituição. 
 
CONCLUSÕES: 
• A garantia da assistência jurídica integral e gratuita é direito fundamental de 2ª geração e que deriva diretamente da 
CF; 
• A garantia da assistência jurídica integral e gratuita tem aplicação imediata; 
• A regulamentação deste direito pela Lei 1.060/50 e pelo CPC/15 deve estar em conformidade com os valores 
constitucionais. 
 
 
Lei 1.060/50, Art.2º à TRAZIA O CONCEITO DE “NECESSITADO” E FOI REVOGADO. 
 
 Mas o CPC/15 trouxe este conceito! J 
 
CPC/15, Art. 98. A pessoa NATURAL ou JURÍDICA, BRASILEIRA ou ESTRANGEIRA, com INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS* para pagar 
as CUSTAS, as DESPESAS PROCESSUAIS e os HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
21 
* Como não há no CPC/15 o conceito de “insuficiência de recursos” e com a expressa revogação do art.2º da Lei 1.060/50 pelo 
art.1.072, III, do CPC/15, Daniel Assumpção entende que a insuficiência de recursos está relacionada ao sacrifício para 
manutenção da parte requerente do benefício ou de sua própria família. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CUSTAS PROCESSUAIS 
CUSTAS JUDICIAIS TAXA JUDICIÁRIA EMOLUMENTOS 
São devidas em decorrência do 
processamento dos feitos a cargo dos 
serventuários da Justiça (analistas e 
técnicos judiciários, oficiais de 
justiça, contadores etc.). 
As taxas judiciárias são devidas em 
razão da atuação de juízes e 
promotores (em qualquer 
procedimento judicial). 
 
Os emolumentos são os valores 
cobrados como remuneração pelos 
serviços notariais e de registro 
(atividade extrajudicial).CUSTAS PROCESSUAIS DESPESAS PROCESSUAIS 
Já vimos logo acima e podem ser subdivididas em: custas 
judicias, taxas judiciárias e emolumentos. 
As despesas processuais abrangem todas as outras 
despesas relativas a tarefas necessárias ao andamento do 
processo, não desempenhadas pelo cartório judicial. São a 
remuneração de terceiras pessoas acionadas pelo 
aparelho jurisprudencial, no desenvolvimento da atividade 
do Estado-juiz. Exemplos: honorários de perito, da 
remuneração de tradutor, intérprete, avaliador ou 
depositário e ressarcimento de diligências promovidas 
por Oficial de Justiça. 
 
 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (art.98, CPC) 
Referem-se aos honorários de sucumbência, devidos ao advogado do vencedor. Assim, o beneficiário da gratuidade da 
justiça, a princípio, não precisa pagar os honorários ao advogado do vencedor. Mas, como veremos mais abaixo, esta 
dispensa do pagamento fica sob condição suspensiva. 
A pessoa pobre (beneficiária da justiça gratuita) está isenta do pagamento dos honorários resultantes da sucumbência, ou 
seja, aqueles devidos ao advogado da parte contrária, mas não os devidos ao patrono que com ela contrata, levando em 
conta o eventual proveito que terá na causa. 
 
 
 
 
 
 
 
Gratuidade da 
JUSTIÇA 
Pessoa 
NATURAL 
Pessoa 
JURÍDICA 
BRASILEIRA 
ESTRANGEIRA 
CUSTAS 
INSUFICIÊNCIA 
DE RECURSOS 
para pagar 
DESPESAS 
PROCESSUAIS 
HONORÁRIOS 
ADV. 
natureza TRIBUTÁRIA (STF) 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
22 
 
 DE OLHO NA JURIS! Concessão do benefício à pessoa jurídica 
Súmula 481-STJ: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a PESSOA JURÍDICA COM ou SEM fins lucrativos que DEMONSTRAR sua 
impossibilidade de arcar com os encargos processuais. 
 
Comentários do julgado 
 
Pessoas jurídicas podem pedir o benefício da justiça gratuita? SIM, mas, diferentemente do que ocorre com as pessoas físicas, 
deverão DEMONSTRAR A NECESSIDADE. O CPC/2015 confirmou este entendimento: 
Art. 99 (...) §3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. 
 
PESSOA FÍSICA PESSOA JURÍDICA (com ou sem fins lucrativos) 
Basta alegar que necessita do benefício da gratuidade da 
justiça, pois a necessidade é presumida por lei. 
Deverá DEMONSTRAR que necessita da concessão do 
benefício da gratuidade da justiça. 
 
Pessoas jurídicas sem finalidade lucrativa também precisam demonstrar essa necessidade para requererem a justiça gratuita? 
SIM (é necessário demonstrar). É a posição atual do STF e do STJ. 
 
Vamos resumir o que pensa o STJ sobre o tema: as pessoas jurídicas de direito privado, com ou sem fins lucrativos, para obter 
os benefícios da justiça gratuita, devem comprovar o estado de miserabilidade, não bastando a simples declaração de pobreza. 
Assim, é indispensável que a pessoa jurídica comprove a sua impossibilidade de arcar com os encargos financeiros do processo. 
A prova da hipossuficiência para fins de concessão do benefício da gratuidade da justiça incumbe à pessoa jurídica, sendo 
irrelevante a finalidade lucrativa ou não da entidade requerente. 
Em outras palavras, para que a pessoa jurídica de direito privado obtenha o benefício da justiça gratuita é indispensável que 
demonstre (comprove) sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais. 
Não se justifica realizar a distinção entre pessoas jurídicas com ou sem finalidade lucrativa, pois, quanto ao aspecto econômico-
financeiro, a diferença primordial entre essas entidades não reside na suficiência ou não de recursos para o custeio das despesas 
processuais, mas na possibilidade de haver distribuição de lucros aos respectivos sócios ou associados. 
Além disso, muitas entidades sem fins lucrativos exploram atividade econômica em regime de concorrência com as sociedades 
empresárias, não havendo parâmetro razoável para se conferir tratamento desigual entre essas pessoas jurídicas (EREsp 
603.137/MG). 
 
Vale ressaltar que esta também é a posição do STF: "O pedido de justiça gratuita de pessoa jurídica de direito privado deve ser 
acompanhado de detalhada comprovação da efetiva insuficiência de recursos." (AI 673934 AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda 
Turma, julgado em 23/06/2009). No mesmo sentido: "Tratando-se de entidade de direito privado - com ou sem fins lucrativos -, 
impõe-se-lhe, para efeito de acesso ao benefício da gratuidade, o ônus de comprovar a sua alegada incapacidade financeira, não 
sendo suficiente, portanto, ao contrário do que sucede com a pessoa física ou natural, a mera afirmação de que não está em 
condições de pagar as custas do processo e os honorários advocatícios." (RE 192715 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, 
julgado em 21/11/2006) 
 
 
 DE OLHO NA JURIS! Possibilidade de concessão de gratuidade da justiça a estrangeiros não residentes no Brasil 
O estrangeiro residente no Brasil tem direito à gratuidade da justiça? SIM. O estrangeiro residente no Brasil possui direito 
à gratuidade da justiça. Isso é previsto no CPC/2015 e também já era garantido na Lei nº 1.060/50. E o estrangeiro não residente 
no Brasil? Lei 1.060/50: Não tinha direito. Só poderia ser deferida a gratuidade da justiça para estrangeiros residentes no Brasil 
(art. 2º). CPC/2015: possui o direito. Atualmente, pode ser deferida a gratuidade da justiça para estrangeiros residentes ou não-
residentes no Brasil (art. 98). A gratuidade da justiça passou a poder ser concedida a estrangeiro não residente no Brasil após a 
entrada em vigor do CPC/2015. STJ. Corte Especial. Pet 9815-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 29/11/2017 (Info 
622). 
 
Comentários do julgado 
 
Garantia de assistência jurídica integral e gratuita 
A CF/88 prevê a garantia da assistência jurídica integral e gratuita em seu art. 5º, LXXIV: “o Estado prestará assistência jurídica 
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”. 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
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Esse dispositivo constitucional consagra duas garantias: 
 
I – Assistência jurídica integral e gratuita II – Gratuidade da justiça (Assistência Judiciária Gratuita – AJG). 
Fornecimento pelo Estado de orientação e 
defesa jurídica, de forma integral e gratuita, a ser prestada 
pela Defensoria Pública, em todos os graus, aos 
necessitados (art. 134 da CF). 
Regulada pela Lei Complementar 80/94. 
Isenção das despesas que forem necessárias para que 
a pessoa necessitada possa defender seus interesses em um 
processo judicial. 
Era regulada pela Lei nº 1.060/50, mas o CPC/2015 passou a tratar 
sobre o tema, revogando quase toda essa lei. 
 
Quem tem direito à gratuidade da justiça? 
Tem direito à gratuidade da justiça a pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as 
custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios (art. 98 do CPC/2015). 
 
Quem está abrangido por ela? 
• pessoas físicas (brasileiras ou estrangeiras); 
• pessoas jurídicas (brasileiras ou estrangeiras). 
 
O estrangeiro residente no Brasil tem direito à gratuidade da justiça? 
SIM. O estrangeiro residente no Brasil possui direito à gratuidade da justiça. Isso é previsto no CPC/2015 e também já era 
garantido na Lei nº 1.060/50. 
 
E o estrangeiro NÃO RESIDENTE no Brasil? 
 
Lei 1.060/50 CPC/2015 
Não tinha direito. 
Só poderia ser deferida a gratuidade da justiça para 
estrangeiros residentes no Brasil. 
Possui o direito. Atualmente, pode ser deferida 
a gratuidade da justiça para estrangeiros residentes ou não-
residentes no Brasil. 
Art. 2º Gozarão dos benefícios desta Lei os nacionais 
ou estrangeiros residentes no país, que necessitarem 
recorrer à Justiça penal, civil, militar ou do trabalho. 
(Revogado pela Lei 13.105/2015) 
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, 
com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas 
processuais e os honorários advocatícios tem direito 
à gratuidade da justiça, na forma da lei. 
 
A gratuidade da justiça passou a poder ser concedida a estrangeironão residente no Brasil após a entrada em vigor do 
CPC/2015. 
STJ. Corte Especial. Pet 9.815-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 29/11/2017 (Info 622). 
 
E se o pedido de gratuidade foi negado pelo estrangeiro não residente na época do art. 2º da Lei nº 1.060/50 e o processo 
perdurou durante o CPC/2015? Exemplo: 
Em 2015, antes do novo CPC, Juan, nacional da Colômbia, residente em Bogotá, propôs ação no Brasil e requereu a concessão dos 
benefícios da gratuidade da justiça. 
O pedido foi negado pelo fato de ele não ser residente no Brasil, conforme exigia o art. 2º da Lei nº 1.060/50. 
Juan não se conformou e recorreu contra a decisão. 
Antes que o TJ julgasse o recurso, entrou em vigor o CPC/2015. 
O TJ poderá aplicar a nova regra do art. 98 e conceder a gratuidade da justiça? 
SIM. Isso porque se trata de NORMA DE DIREITO PROCESSUAL, portanto, a sua incidência é IMEDIATA, aplicando-se aos 
processos em curso, consoante dispõe o artigo 14 do CPC/2015: 
(...) 1. O artigo 2º da Lei 1.060/50 fora revogado pelo Novo Código de Processo Civil, cuja matéria passou a ser disciplinada no 
artigo 98 do CPC/2015 (...) 
1.1. Trata-se de norma de direito processual, portanto, a sua incidência é imediata, aplicando-se aos processos em curso, 
consoante dispõe o artigo 14 do CPC/2015. 
2. Em que pese à época da apreciação da matéria pelo Tribunal de piso, a legislação em vigor não prever a possibilidade de 
concessão da assistência judiciária ao estrangeiro residente no exterior, com a vigência das novas regras processuais passou-se a 
admitir tal hipótese. 
2.1. O caput do artigo 98 do Código de Processo Civil vigente ampliou o rol dos sujeitos que podem ser beneficiados pela 
concessão da assistência judiciária, em relação ao disposto no revogado artigo 2º da Lei 1.060/50. Portanto, não há qualquer 
impeditivo legal à pessoa estrangeira residente no exterior de postular a assistência judiciária gratuita e ter deu pedido apreciado 
pelo juízo. (...) 
STJ. 4ª Turma. REsp 1225854/RS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 25/10/2016. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
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Assim, negado o pedido de gratuidade de justiça, com base no art. 2º da Lei nº 1.060/50, vigente à época, o estrangeiro não 
residente no Brasil pode voltar a formulá-lo, já sob a vigência do atual CPC. 
 
DE OLHO NA JURIS! O art. 12, § 2º do Estatuto da Cidade estabelece uma presunção relativa de que o autor da ação de 
usucapião especial urbana é hipossuficiente 
O Estatuto da Cidade, ao tratar sobre a ação de usucapião especial urbana, prevê que "o autor terá os 
benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de registro de imóveis." 
Isso significa que o autor da ação de usucapião especial urbana gozará sempre da gratuidade da justiça? Há uma presunção 
absoluta de que este autor não tem recursos suficientes para pagar as custas? NÃO. O art. 12, §2º da Lei nº 10.257/2001 
(Estatuto da Cidade) estabelece uma presunção RELATIVA de que o autor da ação de usucapião especial urbana é 
hipossuficiente. Isso significa que essa presunção pode ser ilidida (refutada) a partir da comprovação inequívoca de que o autor 
não é considerado "necessitado". 
STJ. 3ª Turma. REsp 1517822-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/2/2017 (Info 599). 
 
 
 Mas, o que está abarcado pela expressão “GRATUIDADE DA JUSTIÇA”? 
 
CPC/15, Art.98, §1º A GRATUIDADE DA JUSTIÇA compreende: à Este rol ampliou as hipóteses do art.3º da Lei 1.060/50, que 
foi revogado expressamente pelo CPC/15. 
I - as taxas ou as custas judiciais; 
 
II - os selos postais; 
 
III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros meios; à Comentários da 
@dicas.exconcurseira: na verdade, neste caso, não há custo, mas sim uma preterição por da publicação por órgão privado. 
 
IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário integral, como se em serviço 
estivesse; à Comentários da @dicas.exconcurseira: mesmo a parte que não é beneficiária está isenta do pagamento de diária 
em razão do múnus público da testemunha, de forma que esta isenção deve ser compreendida quanto às despesas da 
testemunha para comparecer à audiência. 
 
V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames considerados essenciais; 
 
VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de 
versão em português de documento redigido em língua estrangeira; 
 
VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução; à Neste caso, o 
beneficiário da gratuidade da justiça pode propor a execução sem a apresentação do memorial dos cálculos e requerer ao 
juízo a remessa do processo ao contador judicial, o que não gerará qualquer custo ao beneficiário, mesmo que esteja 
representado pela Defensoria Pública. 
 
VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a prática de outros atos 
processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório; 
 
IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro 
ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido 
concedido. 
 
 
DE OLHO NA JURIS! Beneficiário da justiça gratuita tem direito de utilizar a contadoria judicial 
O beneficiário da assistência judiciária, ainda que seja representado pela Defensoria Pública, pode se utilizar do serviço de 
contador judicial para apuração do crédito que será objeto de execução, independentemente da complexidade dos cálculos. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1200099-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/5/2014 (Info 540). 
 
Obs: Prof. Márcio Calvante pensa que o entendimento acima exposto permanece válido com o novo CPC, apesar de não 
existir no CPC/2015 um dispositivo com redação semelhante ao art. 475-B, §3º do CPC/1973. 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CPC/15, Art.98, §2º A concessão de gratuidade NÃO AFASTA a responsabilidade do beneficiário pelas DESPESAS PROCESSUAIS e 
pelos HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DECORRENTES DE SUA SUCUMBÊNCIA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 SOBRE OS EMOLUMENTOS: 
 
CPC/15, Art.98, §7º Aplica-se o disposto no art. 95, §§ 3º a 5º , ao custeio dos emolumentos previstos no §1º, inciso IX, do 
presente artigo, observada a tabela e as condições da lei estadual ou distrital respectiva. 
 
 “Traduzindo”: 
 
• O pagamento dos emolumentos ficará sob CONDIÇÃO SUSPENSIVA DE EXIGIBILIDADE e só poderá ser executado pelo 
credor se, nos 5 anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, este demonstrar que o beneficiário da 
gratuidade da justiça deixou de apresentar situação de “insuficiência de recursos” que justificou a concessão da 
gratuidade. Passado o prazo de 5 anos, não se pode mais executar. à §3º do art.98. 
 
• A concessão da gratuidade da justiça NÃO AFASTA a obrigação de pagar, ao final, as MULTAS PROCESSUAIS. à E nem 
poderia ser diferente, porque caso houvesse a isenção, o beneficiário da gratuidade da justiça teria carta branca para 
barbarizar no processo, praticando todo e qualquer ato de má-fé e deslealdade processual sem o receio de ser 
sancionado por isso. à §4º do art.98. 
 
• A gratuidade quanto ao pagamento dos emolumentos pode ser concedida em relação a algum ou a todos os atos 
registrais e notariais, ou, ainda, consistir na redução do valor que deve ser pago. à §5º do art.98. 
 
CPC/15, Art.98, §8º Na hipótese do §1º, inciso IX, havendo DÚVIDA FUNDADA (PROCEDIMENTO DE SUSCITAÇÃO DE DÚVIDA) 
quanto ao preenchimento atual dos pressupostos para a concessão de gratuidade, o notário ou registrador, APÓS PRATICAR O 
ATO, pode requerer, ao juízo competente para decidir questões notariais ou registrais, A REVOGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL do 
Gratuidade 
da 
JUSTIÇATAXAS 
CUSTAS 
JUDICIAIS 
SELOS 
POSTAIS 
DESPESAS COM 
PUBLICAÇÃO NA 
IMPRENSA OFICIAL 
INDENIZAÇÃO 
DEVIDA À 
TESTEMUNHA 
DESPESAS 
COM EXAMES 
HONORÁRIOS DO 
ADVOGADO/PERITO 
E REMUNERAÇÃO DE 
INTÉRPRETE/TRADUTOR 
CUSTO COM 
ELABORAÇÃO DE 
MEMÓRIA DE 
CÁLCULO 
DEPÓSITOS 
PREVISTOS EM LEI 
EMOLUMENTOS 
Beneficiário da 
Gratuidade da Justiça DEVERÁ ARCAR COM 
DESPESAS PROCESSUAIS 
HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS 
Este dispositivo (inc.V) NÃO veda que o advogado possa cobrar de seu cliente (que seja beneficiário da gratuidade da 
justiça) os honorários advocatícios ajustados entre eles (honorários contratuais). O que este dispositivo quer dizer é que 
a pessoa pobre (beneficiária da justiça gratuita) está isenta do pagamento dos honorários resultantes da sucumbência, ou 
seja, aqueles devidos ao advogado da parte contrária 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
26 
benefício ou a sua SUBSTITUIÇÃO PELO PARCELAMENTO de que trata o §6º deste artigo, caso em que o beneficiário será 
citado para, em 15 dias, manifestar-se sobre esse requerimento (DIREITO AO CONTRADITÓRIO). à Comentários da 
@dicas.exconcurseira: perceba que, primeiro, o notário ou o registrador PRATICA o ato e, depois, suscita o procedimento de 
dúvida ao juiz competente para decidir questões notariais ou registrais, que não necessariamente será o mesmo juiz da causa 
sob análise*. O notário ou registrador tem dúvidas se o requerente do benefício realmente preenche os requisitos para tanto, o 
que o leva a provocar o juiz, requerendo a REVOGAÇÃO (total ou parcial) DO BENEFÍCIO ou a sua SUBSTITUIÇÃO PELO 
PARCELAMENTO. A solução encontrada pelo legislador evita que a discussão atrapalhe o andamento do processo, já que ela 
correrá paralelamente ao outro processo (o dispositivo prevê a citação do beneficiário). 
 
 
DE OLHO NA JURIS! Gratuidade de justiça e atos praticados por notários e registradores 
A gratuidade de justiça obsta a cobrança de emolumentos pelos atos de notários e registradores indispensáveis ao cumprimento 
de decisão proferida no processo judicial em que fora concedido o referido benefício. Em resumo, os 
beneficiários da justiça gratuita têm isenção dos emolumentos nas serventias notariais e registrais para os atos necessários ao 
cumprimento da decisão judicial. 
Novo CPC: o CPC/2015 é expresso ao afirmar que a gratuidade abrange os emolumentos das serventias notariais e registrais 
(art. 98, § 1º, IX). STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 24557-MT, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 7/2/2013 (Info 517). 
 
 
 Agora, vejamos os demais parágrafos do art.98 do CPC/15, sem serem tratados sob o viés dos “emolumentos”. 
 
CPC/15, Art.98, §3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob CONDIÇÃO SUSPENSIVA 
DE EXIGIBILIDADE e somente poderão ser executadas se, nos 5 ANOS subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as 
certificou, o credor demonstrar que DEIXOU DE EXISTIR A SITUAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS que justificou a 
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. 
 
DE OLHO NA JURIS! Condenação do beneficiário da justiça gratuita ao pagamento das obrigações de sucumbência 
O art. 12 da Lei nº 1.060/50 foi recepcionado pela CF/88. O CPC 2015 revogou o art. 12 da Lei nº 1.060/50, mas previu regra 
semelhante no §3º do art. 98: §3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição 
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão 
que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de 
gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. STF. Plenário. RE 249003 ED/RS, RE 249277 
ED/RS e RE 284729 AgR/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 9/12/2015 (Info 811). 
 
Comentários do julgado 
 
Se a parte beneficiada pela justiça gratuita, ao final da demanda, for sucumbente (perder a causa), ela terá que pagar os ônus 
da sucumbência (custas e honorários) ou é isenta? 
O beneficiário da justiça gratuita não é isento do pagamento dos ônus sucumbenciais (custas e honorários). Apenas sua 
exigibilidade fica suspensa até que cesse a situação de hipossuficiência ou se decorridos 5 anos. 
 
Veja o que o art. 12 da Lei nº 1.060/50 previa: 
Art. 12. A parte beneficiada pela isenção do pagamento das custas ficará obrigada a pagá-las, desde que possa fazê-lo, sem 
prejuízo do sustento próprio ou da família, se dentro de cinco anos, a contar da sentença final, o assistido não puder satisfazer tal 
pagamento, a obrigação ficará prescrita. 
 
Em outras palavras, o juiz deverá condená-la a pagar as custas, mas a exigibilidade dessa obrigação ficará suspensa aguardando 
que a situação econômica da parte melhore e ela tenha condições de quitar o débito. Assim, enquanto não houver alteração na 
situação econômica da parte, ela não poderá ser cobrada (executada) pela dívida. Essa suspensão irá perdurar durante o prazo de 
5 anos. Passado tal interregno, a obrigação será extinta pela prescrição. 
 
Cuidado nas provas. Isso porque, segundo a interpretação dada pelo STJ a esse dispositivo, a parte beneficiada pela justiça gratuita 
não é isenta do pagamento. Assim, ela é condenada a pagar (a obrigação existe), mas a sua exigibilidade é suspensa. Veja: 
(...) O beneficiário da justiça gratuita não é isento do pagamento dos ônus sucumbenciais, custas e honorários, apenas sua 
exigibilidade fica suspensa até que cesse a situação de hipossuficiência ou se decorridos cinco anos, conforme prevê o art. 12 da 
Lei nº 1.060/50. (...) 
(STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 598.441/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26/05/2015) 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
27 
Segundo a jurisprudência, o art. 12 da Lei nº 1.060/50 era compatível com a CF/88? 
SIM. 
 
A jurisprudência do STJ e a do STF são pacíficas no sentido de que o art. 12 da Lei nº 1.060/50 foi recepcionado pela CF/88. 
Não seria justo privilegiar tributariamente jurisdicionado que recuperasse sua capacidade contributiva para adimplir obrigação 
relacionada à taxa, em detrimento de todo corpo social que pagaria impostos sobre as bases econômicas renda, patrimônio e 
consumo. 
STF. Plenário. RE 249003 ED/RS, RE 249277 ED/RS e RE 284729 AgR/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 9/12/2015 (Info 
811). 
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1414975/SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/11/2015. 
 
O que acontece com o novo CPC? 
O CPC 2015 revogou o art. 12 da Lei nº 1.060/50, mas previu regra semelhante no §3º do art. 98: 
Art. 98 (...) 
§3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e 
somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor 
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, 
passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. 
 
Desse modo, as observações feitas acima a respeito do art. 12 continuam valendo com o CPC 2015. 
 
 
CPC/15, Art.98, §4º A concessão de gratuidade NÃO AFASTA o dever de o beneficiário pagar, ao final, as MULTAS PROCESSUAIS 
que lhe sejam impostas. 
 
CPC/15, Art.98, §5º A gratuidade poderá ser concedida em relação A ALGUM ou A TODOS OS ATOS PROCESSUAIS, ou consistir 
NA REDUÇÃO PERCENTUAL de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento. 
 
CPC/15, Art.98, §6º Conforme o caso, o juiz poderá conceder DIREITO AO PARCELAMENTO de despesas processuais que o 
beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento. à Comentários da @dicas.exconcurseira: ao invés de conceder a 
isenção do pagamento de custas, honorários, emolumentos (etc), o juiz poderá conceder o direito ao parcelamento no 
pagamento destas despesas. 
 
 
 Como se dá o pedido ao juiz para queele conceda o benefício da gratuidade da justiça? ATENÇÃO! É vedada a 
concessão da gratuidade da justiça de ofício pelo juiz; ela sempre depende de requerimento da parte interessada. 
 
CPC/15, Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na PETIÇÃO INICIAL, na CONTESTAÇÃO, na PETIÇÃO 
PARA INGRESSO DE TERCEIRO NO PROCESSO ou EM RECURSO*. 
 
* DE OLHO NA JURIS! Requerimento da justiça gratuita no recurso 
É possível requerer a assistência jurídica gratuita no ato da interposição do recurso? SIM. O STF entendeu que seria cabível 
deferir-se a gratuidade nessa fase processual, salvo se houvesse fraude, como por exemplo, quando a parte não efetuasse o 
preparo e, depois, requeresse que se relevasse a deserção. O Min. Marco Aurélio afirmou que é plausível imaginar a situação 
de uma pessoa que no início do processo pudesse custear as despesas processuais, e, no entanto, depois de um tempo, com a 
mudança de sua situação econômica, não tivesse mais condições de pagar o preparo do recurso, devendo então ter direito de 
pleitear a assistência judiciária nessa fase processual. 
Novo CPC: o CPC/2015 possui regra expressa prevendo a possibilidade de o pedido ser feito no recurso (art. 99). STF. 1ª 
Turma. AI 652139 AgR/MG, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 22/5/2012 (Info 667). 
 
CPC/15, Art. 99, §1º Se SUPERVENIENTE à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por 
PETIÇÃO SIMPLES, NOS AUTOS DO PRÓPRIO PROCESSO, e NÃO SUSPENDERÁ O SEU CURSO. 
 
DE OLHO NA JURIS! Pedido de assistência judiciária gratuita em sede recursal pode ser feito na própria petição recursal 
É possível a formulação de pedido de assistência judiciária gratuita na própria petição recursal, dispensando-se a exigência de 
petição avulsa, quando não houver prejuízo ao trâmite normal do processo. STJ. Corte Especial. AgRg nos EREsp 1222355-MG, 
Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 4/11/2015 (Info 574). 
 
Comentários do julgado 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
28 
Qual é o momento em que deverá ser formulado o pedido de justiça gratuita? 
Normalmente o pedido de justiça gratuita é feito na própria petição inicial (no caso do autor) ou na contestação (no caso do 
réu). No entanto, a orientação pacífica da jurisprudência é de que a assistência judiciária gratuita pode ser pleiteada a qualquer 
tempo (STJ. REsp 1261220/SP, DJe 04/12/2012). 
 
É possível requerer a assistência jurídica gratuita no ato da interposição do recurso? 
SIM. O STF entendeu que seria cabível deferir-se a gratuidade nessa fase processual, salvo se houvesse fraude, como por exemplo, 
quando a parte não efetuasse o preparo e, depois, requeresse que se relevasse a deserção. O Min. Marco Aurélio afirmou que é 
plausível imaginar a situação de uma pessoa que no início do processo pudesse custear as despesas processuais, e, no entanto, 
depois de um tempo, com a mudança de sua situação econômica, não tivesse mais condições de pagar o preparo do recurso, 
devendo então ter direito de pleitear a assistência judiciária nessa fase processual (STF. 1ª Turma. AI 652139 AgR/MG, rel. orig. 
Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 22/5/2012). 
 
O CPC 2015 deixa mais clara a possibilidade de o pedido ser feito a qualquer tempo, inclusive no momento do recurso: 
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de 
terceiro no processo ou em recurso. 
 
Caso o pedido de justiça gratuita seja formulado no momento do recurso, ele deverá ser realizado por meio de petição avulsa 
ou pode ser feito no corpo do próprio recurso? 
No corpo do próprio recurso. 
 
É possível a formulação de pedido de assistência judiciária gratuita na própria petição recursal, dispensando-se a exigência de 
petição avulsa, quando não houver prejuízo ao trâmite normal do processo. 
STJ. Corte Especial. AgRg nos EREsp 1.222.355-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 4/11/2015 (Info 574). 
 
Devem ser considerados os princípios da instrumentalidade das formas, do aproveitamento dos atos processuais, do pas de nullité 
sans grief da economia processual da prestação jurisdicional célere e justa, entre outros tantos. 
Desse arcabouço normativo e principiológico é viável extrair interpretação no sentido de ser possível o recebimento e a apreciação 
do pedido de assistência judiciária gratuita formulado na própria petição recursal. 
 
O Relator ou o Presidente do Tribunal, ao examinar o pedido de gratuidade, deverá: 
(a) indeferi-lo se entender que há elementos nos autos que afastem a alegada hipossuficiência do requerente; 
(b) deferi-lo de plano, já que, nos termos da jurisprudência do STJ e do STF, o benefício da assistência judiciária gratuita pode ser 
pleiteado a qualquer tempo, sendo suficiente para sua obtenção que a parte afirme não ter condição de arcar com as despesas 
do processo. 
 
A análise deste pedido de gratuidade, em regra, não encontrará dificuldade, nem atrasará o curso da demanda principal, sendo, 
portanto, possível dispensar o excesso de formalismo para receber o requerimento de assistência judiciária gratuita formulado na 
petição recursal, sempre que possível. 
 
Em verdade, é possível que a parte contrária impugne o pleito. Aí sim, nesta situação, por demandar maiores digressões, é razoável 
que a impugnação seja processada em apenso, sem suspensão do curso do processo principal. Se esta não for a hipótese, é 
recomendável dispensar-se o excesso de formalismo, dando maior efetividade às normas e princípios constitucionais e 
processuais citados, recebendo-se, pois, o pedido de assistência judiciária gratuita formulado na própria petição recursal. 
 
Como fica a questão com o novo CPC? 
O CPC 2015 autoriza expressamente que o pedido de assistência judiciária gratuita seja formulado a qualquer tempo e em 
qualquer grau de jurisdição, na própria petição recursal, dispensado, com isso, a retrógrada exigência de petição avulsa. Confira: 
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de 
terceiro no processo ou em recurso. 
§1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos 
do próprio processo, e não suspenderá seu curso. 
 
 
CPC/15, Art. 99, §2º O juiz somente poderá INDEFERIR o pedido se houver nos autos elementos que EVIDENCIEM A FALTA DOS 
PRESSUPOSTOS LEGAIS para a concessão de gratuidade, devendo, ANTES DE INDEFERIR o pedido, determinar à parte a 
COMPROVAÇÃO do preenchimento dos referidos pressupostos. 
 
§3º PRESUME-SE VERDADEIRA a alegação de insuficiência deduzida EXCLUSIVAMENTE POR PESSOA NATURAL. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
29 
§4º A assistência do requerente por advogado particular NÃO IMPEDE a concessão de gratuidade da justiça. 
 
DE OLHO NA JURIS! Advogado pode cobrar honorários contratuais de beneficiário da justiça gratuita 
O advogado pode cobrar honorários advocatícios contratuais de seu cliente, em contrato com cláusula ad exitum, mesmo ele 
sendo beneficiário da justiça gratuita. STJ. 4ª Turma. REsp 1065782-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 7/3/2013 (Info 
518). 
 
Comentários do julgado 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Dr. Ruy (advogado) celebrou contrato de prestação de serviços advocatícios com João (seu cliente). No ajuste, ficou previsto que 
os honorários contratuais seriam pagos por João somente ao final da causa, se esta fosse exitosa. 
Assim, se a ação de indenização a ser proposta por João fosse julgada procedente, este deveria pagar ao advogado cinco mil reais. 
Se não obtivesse êxito, João não pagaria nada. 
 
Cláusula quota litis 
Apenas por curiosidade, quando isso ocorre, diz-se que o contrato de honorários possui uma cláusula ad exitum ou quota litis. 
Como a obrigação do advogado é de meio (e não de resultado), havia uma discussão no Conselho Federal da OAB se a 
cláusula quota litis violariaou não o Código de Ética e Disciplina da OAB. 
O Conselho Federal da OAB, em 2010, entendeu que o contrato de prestação de serviços jurídicos com cláusula quota litis, onde 
o advogado aceita receber seus honorários somente no final do processo, em princípio, por si só, não fere o regime ético-
disciplinar. No entanto, segundo a OAB, este tipo de contrato deve ser excepcional (quando a parte não tiver condições de pagar 
antecipadamente), não podendo o advogado transformá-lo em algo corriqueiro (Consulta 2010.29.03728-01). 
 
Voltando ao nosso exemplo 
O advogado elaborou e protocolizou a petição inicial da ação. 
Vale ressaltar que, pelo fato de João ser pobre, requereu-se a justiça gratuita. 
O juiz deferiu os benefícios da justiça gratuita ao autor. 
Após toda a tramitação processual, a ação foi julgada procedente. 
 
O debate jurídico é o seguinte: o advogado pode cobrar honorários advocatícios contratuais de uma pessoa que seja 
beneficiária da justiça gratuita? 
O advogado pode SIM cobrar honorários advocatícios contratuais de seu cliente, mesmo sendo este 
beneficiário da justiça gratuita, sem que tal prática viole o art. 3º, V da Lei nº 1.060/50 (atual art. 98, § 1º, VI, do CPC/2015). 
Vejamos inicialmente o que diz a lei: 
Art. 3º A assistência judiciária compreende as seguintes isenções: 
V - dos honorários de advogado e peritos. 
 
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas 
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. 
§1º A gratuidade da justiça compreende: 
(...) 
VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão 
em português de documento redigido em língua estrangeira; 
 
O art. 3º, V acima transcrito NÃO veda que o advogado possa cobrar de seu cliente os honorários advocatícios ajustados entre 
eles (honorários contratuais). O que este dispositivo quer dizer é que a pessoa pobre (beneficiária da justiça gratuita) está 
isenta do pagamento dos honorários resultantes da sucumbência, ou seja, aqueles devidos ao advogado da parte contrária, 
mas não os devidos ao patrono que com ela contrata, levando em conta o eventual proveito que terá na causa. 
Desse modo, se a ação proposta por João tivesse sido julgada improcedente, ele não teria que pagar os honorários advocatícios 
de sucumbência do advogado do réu. João estaria isento, por força do art. 3º, V supra. 
O STJ tem entendimento majoritário no sentido de que a isenção do art. 3º, V não se estende aos honorários contratuais. Confira 
alguns precedentes: 
(...) Se o beneficiário da Assistência Judiciária Gratuita opta por um determinado profissional em detrimento daqueles postos à 
sua disposição gratuitamente pelo Estado, deverá ele arcar com os ônus decorrentes desta escolha. 
Esta solução busca harmonizar o direito de o advogado receber o valor referente aos serviços prestados com a faculdade de o 
beneficiário, caso assim deseje, poder escolher aquele advogado que considera ideal para a defesa de seus interesses. (...) 
(REsp. 965350/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma,julgado em 9/12/2008) 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
30 
(...) A concessão de assistência judiciária gratuita refere-se, exclusivamente, às custas e verba honorária fixada em juízo, não 
importando em dispensa de pagamento dos honorários contratualmente estabelecidos pelas partes constante da avença entre 
elas firmada. (...) 
(REsp 598.877/RJ, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, Quarta Turma, julgado em 16/11/2010) 
 
Principais argumentos apresentados pelo Min. Luis Felipe Salomão: 
· De fato, o art. 3º da Lei nº 1.060/50 não diferencia honorários advocatícios sucumbenciais e contratuais (o dispositivo fala 
apenas em honorários). No entanto, é preciso interpretar este inciso de acordo com a CF/88 e com as demais normas do 
ordenamento jurídico. 
· Assim, se considerarmos que os benefícios da justiça gratuita se estendem aos honorários contratuais, iremos fazer com 
que uma eventual decisão do Judiciário deferindo a justiça gratuita tenha o condão de desfazer um ato extraprocessual e 
pretérito, qual seja, o contrato celebrado entre o advogado e o cliente, interpretação que viola o ato jurídico perfeito. 
· Vale ressaltar, ainda, que a hipossuficiência reconhecida por ocasião do deferimento da justiça gratuita é absolutamente 
compatível com o pagamento de honorários contratuais pelo êxito da causa, uma vez que a pessoa não tem recursos no 
momento da propositura da ação, mas sendo esta exitosa, poderá ser utilizada parte da verba recebida para remunerar o 
profissional que atuou na causa. 
· Estender os benefícios da justiça gratuita aos honorários contratuais, retirando do causídico a merecida remuneração pelo 
serviço prestado, não contribui para que o hipossuficiente tenha maior acesso ao Judiciário. Ao contrário, não admitir o 
recebimento dos honorários em tais casos traz dificuldades, pois não haverá advogado algum que aceite patrocinar os 
interesses de necessitados, circunstância que fará com que haja uma grande procura pelas Defensorias Públicas, o que 
gerará prejuízo aos demais hipossuficientes já que a instituição ainda não está estruturada para atender a toda esta 
demanda. 
 
A conduta do advogado de cobrar os honorários contratuais do beneficiário da justiça gratuita foi criminosa? Configura 
estelionato? 
NÃO. A 1ª Turma do STF examinou esta questão sob o ponto de vista criminal e decidiu que essa conduta do advogado NÃO 
constitui estelionato. 
De acordo com o STF, não há qualquer ilegalidade ou crime no fato de um advogado pactuar com seu cliente, em contrato de 
risco, a cobrança de honorários no caso de êxito em ação judicial proposta, mesmo quando este goza do 
benefício da gratuidade de justiça. (STF. 1ª Turma. HC 95058/ES, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 4/9/2012). 
 
Possibilidade de concessão de assistência judiciária gratuita ao contratante de serviços advocatícios ad exitum 
É possível o deferimento de assistência judiciária gratuita a jurisdicionado que tenha firmado com seu advogado contrato de 
honorários com cláusula ad exitum. 
Obs: cláusula ad exitum (ou quota litis) é aquela na qual fica previsto que o advogado somente irá receber de seu cliente os 
honorários advocatícios contratuais ao final da causa, se esta for exitosa. STJ. 2ª Turma. REsp 1504432-RJ, Rel. Min. Og 
Fernandes, julgado em 13/9/2016 (Info 590). 
 
Comentários do julgado 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João propôs ação contra Pedro. 
Na petição inicial, o autor requereu os benefícios da justiça gratuita, ou seja, pediu para não pagar as custas judiciais e as despesas 
processuais, conforme previsto no art. 98 do CPC/2015: 
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas 
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. 
 
O juiz proferiu o seguinte despacho: 
"Segundo o art. 98 do CPC/2015, os benefícios da justiça gratuita somente poderão ser deferidos para o jurisdicionado que não 
tenha condições de pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios. Constato que o autor está sendo 
assistido juridicamente por advogado particular. Logo, presume-se que ele está pagando os honorários deste profissional ou 
que ele está trabalhando pro bono. 
Diante do exposto, como condição para o deferimento do benefício, intime-se o autor para que apresente declaração do 
advogado de que não está cobrando honorários advocatícios do requerente, havendo patrocínio gratuito incondicional." 
 
O autor respondeu ao despacho afirmando que celebrou com o advogado contrato ad exitum, ou seja, ele não pagou nada ainda e 
o profissional só receberá caso a ação seja julgada procedente, hipótese na qual o requerente entregará um percentual de 30% sobre 
o que vier a receberdo réu. 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
31 
O que acontecerá neste caso? O autor terá direito ao benefício da justiça gratuita? 
SIM. 
 
É possível o deferimento de assistência judiciária gratuita a jurisdicionado que tenha firmado com seu advogado contrato de 
honorários com cláusula ad exitum. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.504.432-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/9/2016 (Info 590). 
 
O STJ possui entendimento consolidado no sentido de que a parte que celebrou com seu advogado contrato de honorários com 
cláusula ad exitum possui direito de receber os benefícios da justiça gratuita. Nesse sentido: STJ. 3ª Turma. REsp 1.404.556/RS, 
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/6/2014. 
 
Essa solução é consentânea com o propósito da Lei, pois garante ao cidadão de poucos recursos o direito de escolher o 
advogado que, aceitando o risco de não auferir remuneração no caso de indeferimento do pedido, melhor represente seus 
interesses em juízo. 
 
Além disso, esta exigência feita pelo magistrado de que o advogado deverá apresentar declaração de patrocínio gratuito 
incondicional não encontra previsão na lei, tendo sido, portanto, criado um novo requisito em afronta ao princípio da legalidade 
(art. 5º, II da CF/88). 
 
 Continuando a ler os §§ do art.99 do CPC/15. 
 
§5º Na hipótese do §4º, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do 
advogado de beneficiário ESTARÁ SUJEITO A PREPARO, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade. 
à Comentários da @dicas.exconcurseira: E isso porque o benefício da gratuidade da justiça é PESSOAL (interesse da parte 
beneficiária). Quando o recurso versa exclusivamente sobre o valor dos honorários de sucumbência fixados em favor do 
advogado do beneficiário da justiça, quer dizer que este recurso é de interesse do advogado e, assim, a gratuidade concedida à 
parte não se estende ao seu advogado. Para que este tenha direito à gratuidade, ele deve demonstrar que faz jus também a este 
benefício. 
 
§6º O direito à gratuidade da justiça é PESSOAL, não se estendendo a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo 
requerimento e deferimento expressos. 
 
§7º Requerida a concessão de gratuidade da justiça EM RECURSO, o recorrente estará DISPENSADO de comprovar o 
recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se INDEFERI-LO, FIXAR PRAZO PARA 
REALIZAÇÃO DO RECOLHIMENTO (DO PREPARO). 
 
DE OLHO NA JURIS! Caso a parte faça o requerimento da gratuidade da justiça no recurso e o relator indefira o pedido, deverá 
intimar o recorrente para realizar o preparo antes de decretar a deserção 
O interessado deverá ser intimado para a realização do preparo recursal nas hipóteses de indeferimento ou de não 
processamento do pedido de gratuidade da justiça. Nesse sentido é o art. 99, §7º do CPC/2015: § 7º Requerida a concessão 
de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao 
relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento. STJ. Corte Especial. 
EAREsp 742240-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 19/09/2018 (Info 643). 
 
Comentários do julgado 
 
PREPARO 
O que é preparo? 
Preparo consiste no pagamento das despesas relacionadas com o processamento do recurso. 
No preparo incluem-se: 
• taxa judiciária (custas); 
• despesas postais com o envio dos autos (chamado de “porte de remessa e de retorno” dos autos). 
 
Desse modo, “preparar” o recurso é nada mais que pagar as despesas necessárias para que a máquina judiciária dê andamento à 
sua apreciação. O pagamento do preparo é feito, comumente, na rede bancária conveniada com o Tribunal. 
O CPC afirma que a parte que está recorrendo da decisão precisa comprovar o preparo no momento da interposição do recurso. 
Logo, o preparo (recolhimento do valor) deve ser feito antes da interposição do recurso e, junto com o recurso interposto, o 
recorrente deve juntar o comprovante do pagamento. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
32 
O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de 
retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção (art. 1.007, §4º, 
do CPC/2015). 
Deserção é a inadmissibilidade do recurso pela falta de preparo. Se o recurso foi deserto, significa que ele não foi conhecido (não 
foi sequer apreciado). Gramaticalmente, desertar é mesmo que abandonar. 
 
Quem tem direito à gratuidade da justiça? 
Tem direito à gratuidade da justiça a pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as 
custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios (art. 98 do CPC/2015). 
 
Quem está abrangido por ela? 
• pessoas físicas (brasileiras ou estrangeiras); 
• pessoas jurídicas (brasileiras ou estrangeiras). 
 
A pessoa beneficiada pela justiça gratuita está dispensada do pagamento de quais verbas? 
A gratuidade da justiça compreende: 
I - as taxas ou as custas judiciais; 
II - os selos postais; 
III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros meios; 
IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário integral, como se em serviço 
estivesse; 
V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames considerados essenciais; 
VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão 
em português de documento redigido em língua estrangeira; 
VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução; 
VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a prática de outros atos 
processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório; 
IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato 
notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido 
concedido. 
 
Dispensa parcial 
A gratuidade da justiça poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou pode consistir apenas na 
redução percentual das despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento (§5º do art. 98 do 
CPC/2015). 
 
Parcelamento 
A depender do caso concreto, o juiz poderá conceder ao requerente o direito de parcelar as despesas processuais que tiver de 
adiantar no curso do procedimento (§ 6º do art. 98 do CPC/2015). 
 
Despesas processuais e honorários advocatícios de sucumbência 
Mesmo sendo beneficiária da justiça gratuita, a pessoa terá que pagar as despesas processuais e os honorários advocatícios 
decorrentes de sua sucumbência (§2º do art. 98 do CPC/2015). 
No entanto, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão 
ser executadas se, nos 5 anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou 
de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade. Em outras palavras, em até 5 anos, o 
credor deverá demonstrar que o devedor passou a ter condições de custear tais despesas. 
Passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário são consideradas extintas (§ 3º do art. 98 do CPC/2015). 
 
Multas processuais 
Mesmo sendo beneficiária da justiça gratuita, a pessoa terá o dever de pagar, ao final, as multas processuais que lhe foram 
impostas (§4º do art. 98 do CPC/2015). Ex: multa por litigância de má-fé. 
 
O juiz poderá conceder de ofício o benefício da assistência judiciária gratuita? 
NÃO. É vedada a concessão “ex officio” do benefício de assistência judiciária gratuita pelo magistrado. Assim, é indispensávelque 
haja pedido expresso da parte (STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1740075/RJ, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 18/09/2018). 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
33 
Qual é o momento em que deverá ser formulado o pedido de justiça gratuita? 
Normalmente, o pedido de justiça gratuita é feito na própria petição inicial (no caso do autor) ou na contestação (no caso do réu). 
No entanto, o certo é que o pedido de justiça gratuita pode ser formulado a qualquer tempo. 
Veja o que diz o 1º do art. 99 do CPC/2015: 
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de 
terceiro no processo ou em recurso. 
§1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos 
do próprio processo, e não suspenderá seu curso. 
(...) 
 
É possível requerer a assistência jurídica gratuita no ato da interposição do recurso? 
SIM. Mesmo antes do CPC/2015, o STF já possuía julgado dizendo que era cabível deferir-se a gratuidade na fase recursal, salvo 
se houvesse fraude, como por exemplo, quando a parte não efetuasse o preparo e, depois, requeresse que se relevasse a 
deserção. 
O Min. Marco Aurélio afirmou que é plausível imaginar a situação de uma pessoa que, no início do processo pudesse custear as 
despesas processuais, e, no entanto, depois de um tempo, com a mudança de sua situação econômica, não tivesse mais condições 
de pagar o preparo do recurso, devendo então ter direito de pleitear a assistência judiciária nessa fase processual (STF. 1ª Turma. 
AI 652139 AgR/MG, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 22/5/2012). 
 
O CPC/2015 deixou mais clara a possibilidade de o pedido ser feito a qualquer tempo, inclusive no momento do recurso: 
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de 
terceiro no processo ou em recurso. 
 
Caso o pedido de justiça gratuita seja formulado no momento do recurso, ele deverá ser realizado por meio de petição avulsa 
ou pode ser feito no corpo do próprio recurso? 
No corpo do próprio recurso: 
 
É possível a formulação de pedido de assistência judiciária gratuita na própria petição recursal, dispensando-se a exigência de 
petição avulsa, quando não houver prejuízo ao trâmite normal do processo. 
STJ. Corte Especial. AgRg nos EREsp 1.222.355-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 4/11/2015 (Info 574). 
STJ. Corte Especial. EAREsp 693.082/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/11/2018. 
 
Como vimos acima, em regra, a parte que interpuser um recurso precisa comprovar o preparo no momento da interposição. 
Imagine que o juiz já deferiu para a parte o benefício da justiça gratuita no curso do processo. Se essa parte for interpor um 
recurso, ela precisará fazer preparo? 
NÃO. A parte beneficiária da justiça gratuita não precisa de preparo para a interposição de recurso. 
 
(Oficial de Justiça - TRF2 - CONSUPLAN - 2018) O indeferimento do benefício da gratuidade de justiça por meio de decisão 
interlocutória desafia a interposição do recurso de agravo de instrumento, sendo imprescindível que o recorrente demonstre o 
prévio recolhimento de custas recursais para que tal agravo possa ser analisado pelo relator e submetido a posterior julgamento 
(ERRADO). 
 
E se a parte ainda não é beneficiária da justiça gratuita e está formulando esse pedido somente agora, no momento do recurso? 
Dito de outro modo: se a parte, ao interpor o recurso, está pedindo a concessão do benefício da justiça gratuita, ela precisa 
fazer o preparo? O preparo prévio é exigido da parte que recorre e, no recurso, pede a justiça gratuita? 
NÃO. O §7º do art. 99 do CPC/2015 dispensa o preparo nesses casos: 
Art. 99 (...) 
§7º Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do 
preparo (...) 
 
Providências que o relator deverá adotar quando chegar o recurso com pedido de gratuidade 
O relator, ao receber um recurso no qual há pedido de gratuidade, deverá apreciar imediatamente esse requerimento e adotar 
uma das seguintes posturas: 
a) deferir o requerimento de gratuidade; ou 
b) indeferi-lo se entender que há elementos nos autos que afastem a alegada hipossuficiência do requerente. 
 
Se o relator INDEFERIR esse requerimento, ele deverá FIXAR UM PRAZO para que o recorrente realize o RECOLHIMENTO DO 
PREPARO. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
34 
Assim, mesmo que o relator considere que o recorrente não tem direito à gratuidade, ele NÃO pode declarar imediatamente a 
deserção. 
No caso de indeferimento, há que se oportunizar à parte o pagamento do preparo. 
Essa é a previsão da parte final do §7º do art. 99 do CPC/2015: 
 
Art. 99 (...) 
§7º Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do 
preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento. 
 
É também o entendimento do STJ mesmo em situações envolvendo o Código pretérito: 
 
O interessado deverá ser intimado para a realização do preparo recursal nas hipóteses de indeferimento ou de não 
processamento do pedido de gratuidade da justiça. 
STJ. Corte Especial. EAREsp 742.240-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 19/09/2018 (Info 643). 
 
Essa solução é a que melhor atende os direitos fundamentais de assistência jurídica das pessoas economicamente hipossuficientes 
(art. 5º, LXXIV da CF/88) e de amplo acesso à Justiça (art. 5º, XXXV) para que seja assegurada ao jurisdicionado não somente a 
possibilidade de protocolizar o pedido de assistência judiciária por qualquer meio processual e em qualquer fase do processo, mas 
também, caso indeferido o pedido, sua intimação para que realize o recolhimento das custas e porte de remessa e retorno, quando 
for o caso. 
Entendimento diverso vai na contramão da evolução histórica do direito processual e dos direitos fundamentais dos cidadãos, 
privilegiando uma jurisprudência defensiva em detrimento do princípio da primazia do julgamento de mérito. 
 
Eficácia da concessão de assistência judiciária gratuita 
Imagine que o juiz conceda o benefício da justiça gratuita logo no início do processo de conhecimento (ex: na petição inicial 
ou na contestação). É necessário que a parte refaça esse pedido quando se iniciarem as outras fases do processo (ex: na fase 
de recurso, na fase de execução etc.) ou caso tenha incidentes processuais? NÃO. Quando a assistência judiciária gratuita for 
deferida, a eficácia da concessão do benefício prevalecerá, independentemente de renovação de seu pedido, em todas as 
instâncias e para todos os atos do processo — alcançando, inclusive, as ações incidentais ao processo de conhecimento, os 
recursos, as rescisórias, assim como o subsequente processo de execução e eventuais embargos à execução. Assim, depois de 
a justiça gratuita ter sido concedida, ela irá perdurar automaticamente até o final do processo, e só perderá sua eficácia se o juiz 
ou o Tribunal expressamente revogarem caso tenha comprovadamente melhorado a condição econômico-financeira do 
beneficiário. 
Ex: João ajuizou ação de indenização contra Pedro e pediu o benefício da justiça gratuita, o que foi deferido pelo magistrado 
logo na decisão inicial. O juiz julgou o pedido improcedente. João interpôs apelação. O autor não precisará recolher as custas 
porque já lhe foi deferida justiça gratuita (e isso ainda está valendo). No recurso proposto, João não necessita pedir novamente 
o benefício. Imaginemos que o Tribunal condene Pedro a pagar a indenização. No momento do cumprimento de sentença (fase 
de execução), João continuará tendo direito à justiça gratuita mesmo que não faça novo pedido nesse sentido. STJ. Corte 
Especial. AgRg nos EAREsp 86915-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 26/2/2015 (Info 557). 
 
 
 
 Dando seguimentoao processamento do requerimento do benefício da gratuidade da justiça. 
 
CPC/15, Art. 100. DEFERIDO o pedido, a parte contrária poderá oferecer IMPUGNAÇÃO na contestação, na réplica, nas 
contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser 
apresentada no prazo de 15 dias, nos autos do próprio processo, SEM SUSPENSÃO DO SEU CURSO. 
 
Parágrafo único. REVOGADO o benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver deixado de adiantar e pagará, 
em caso de má-fé, até o DÉCUPLO de seu valor a título de MULTA, que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual 
ou federal e poderá ser inscrita em dívida ativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DE OLHO NA JURIS! A condenação por litigância de má-fé não implica a revogação do benefício da assistência judiciária gratuita 
As sanções aplicáveis ao litigante de má-fé são aquelas taxativamente previstas pelo legislador, não comportando interpretação 
extensiva. Assim, apesar de reprovável, a conduta desleal, ímproba, de uma parte beneficiária da assistência judiciária 
gratuita não acarreta, por si só, a revogação do benefício, atraindo, tão somente, a incidência das penas expressamente 
cominadas no texto legal. A revogação do benefício da assistência judiciária gratuita - importante instrumento de 
democratização do acesso ao Poder Judiciário - pressupõe prova da inexistência ou do desaparecimento do estado de 
miserabilidade econômica, não estando atrelada à forma de atuação da parte no processo. STJ. 3ª Turma. REsp 1663193/SP, 
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2018. 
 
 
CPC/15, Art. 101. Contra a decisão que INDEFERIR A GRATUIDADE ou a que ACOLHER PEDIDO DE SUA REVOGAÇÃO caberá 
AGRAVO DE INSTRUMENTO, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá APELAÇÃO. 
 
§1º O recorrente estará DISPENSADO do recolhimento de custas até decisão do relator sobre a questão, preliminarmente ao 
julgamento do recurso. 
 
§2º Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o órgão colegiado determinará ao recorrente o 
RECOLHIMENTOS DAS CUSTAS PROCESSUAIS, no prazo de 5 dias, sob pena de não conhecimento do recurso. 
 
 
CPC/15, Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: 
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; 
 
 
 
 
 
 
 
 
O juiz CONCEDE o 
benefício da 
gratuidade à parte 
A parte contrária pode 
oferecer IMPUGNAÇÃO 
em 15 DIAS 
NÃO SUSPENDE o 
curso do processo 
A forma procedimental de impugnação à decisão concessiva da gratuidade da justiça dependerá 
da forma como o pedido foi elaborado: 
• Pedido na petição inicial à impugnação na contestação; 
• Pedido na contestação, impugnação na réplica; 
• Pedido no recurso à impugnação nas contrarrazões; 
• Pedido superveniente por mera petição ou elaborado por terceiros à petição simples. 
ATENÇÃO! Tanto o PEDIDO da concessão da 
gratuidade quanto a IMPUGNAÇÃO são autuados NOS 
PRÓPRIOS AUTOS do processo e ali decidido 
INCIDENTALMENTE, SEM QUE HAJA A SUSPENSÃO 
DO CURSO DO PROCESSO. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DE OLHO NA JURIS! Juiz que indefere o benefício pelo fato de o requerente receber determinado valor fixo 
Para indeferir esse benefício, o juiz poderá criar critérios próprios, como, por exemplo, negar a gratuidade para todas as 
pessoas que ganhem acima de determinado valor? NÃO. Os critérios utilizados pelo magistrado para deferir ou indeferir o 
benefício da assistência judiciária não podem se revestir de caráter subjetivo, ou seja, não podem ser criados pelo próprio 
julgador. No caso concreto apreciado pelo STJ, o juiz afirmou que adotava como critério somente conceder o benefício para 
quem tinha remuneração líquida inferior a 10 salários mínimos. Esse patamar não está previsto na lei e, portanto, não poderia 
ter sido imposto pelo julgador. Nesse contexto, para a concessão da assistência judiciária gratuita, deve ser considerado o 
BINÔMICO POSSIBILIDADE-NECESSIDADE, com o fim de verificar se as condições econômico-financeiras do requerente 
permitem ou não que este arque com os dispêndios judiciais, bem como para evitar que aquele que possui recursos venha a 
ser beneficiado, desnaturando o instituto. STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 239341-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 
27/8/2013 (Info 528). 
 
 
Recurso contra a decisão que julga a impugnação à justiça gratuita 
A impugnação à justiça gratuita é feita nos autos do próprio processo ou em autos apartados? 
• Antes do CPC/2015: autos apartados. 
• Depois do CPC/2015: NOS AUTOS DO PRÓPRIO PROCESSO. 
Qual é o recurso cabível contra a decisão que acolhe a impugnação à gratuidade de justiça? 
• Antes do CPC/2015: apelação. 
• Depois do CPC/2015: AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
Se a parte ingressou com a impugnação antes do CPC/2015, mas esta somente foi julgada após a vigência do novo Código, 
qual é o recurso que deverá ser interposto contra essa decisão que rejeitou ou acolheu a impugnação? AGRAVO DE 
INSTRUMENTO. Cabe agravo de instrumento contra o provimento jurisdicional que, após a entrada em vigor do CPC/2015, 
acolhe ou rejeita incidente de impugnação à gratuidade de justiça instaurado, em autos apartados, na vigência do regramento 
anterior. Aplica-se aqui o princípio do tempus regit actum, no qual se fundamenta a teoria do isolamento dos atos processuais. 
STJ. 3ª Turma.REsp 1666321-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/11/2017 (Info 615). 
 
Comentários do julgado 
 
Recurso contra a decisão que INDEFERE ou REVOGA o benefício 
O juiz pode indeferir por meio de decisão interlocutória ou na própria sentença. 
· Se for por decisão interlocutória: o recurso cabível é o agravo de instrumento. 
· Se for por sentença: o recurso será a apelação. 
Decisão que INDEFERIR a GRATUIDADE 
Decisão que ACOLHER PEDIDO DE 
REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO 
(decisões que sejam 
RUINS para aquele 
que quer ter direito 
ao benefício) 
AGRAVO DE INSTRUMENTO 
dispensado o recolhimento 
das CUSTAS 
ATENÇÃO! NÃO há previsão de cabimento de agravo de instrumento contra decisão que 
INDEFERE A IMPGUNAÇÃO à concessão do benefício da gratuidade da justiça, restando 
mantida a concessão da gratuidade, mais uma vez tendo falhado o legislador ao considerar o 
conteúdo da decisão para determinar sua recorribilidade. Para Daniel Assumpção, é imperiosa 
uma interpretação extensiva do art.1.015, V, do CPC/15. Mas, não sendo admitida tal 
interpretação, é importante lembrar que a decisão que rejeitar a impugnação NÃO PRECLUI, 
podendo ser impugnada na apelação ou nas contrarrazões. 
Obs: se a decisão for 
proferida em sentença, 
caberá APELAÇÃO 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
37 
A parte contrária poderá impugnar o pedido de justiça gratuita? 
SIM. Isso é comumente chamado de “impugnação à justiça gratuita”, “impugnação à concessão do benefício de assistência 
judiciária gratuita” ou “revogação da justiça gratuita”. 
 
Veja como o CPC/2015 trata sobre o tema (art. 100): 
A parte poderá oferecer impugnação à justiça gratuita na: 
•na contestação; 
•na réplica; 
•nas contrarrazões do recurso; ou 
•nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, a impugnação será feita por meio de petição simples. 
Prazo para oferecimento da impugnação: 15 dias. 
 
A impugnação é feita nos autos do próprio processo ou em autos apartados? 
• Antes do CPC/2015: deveria ser feita em autos apartados, formando-se um incidente de impugnação à assistência judiciária (Lei 
nº 1.060/50). 
• Depois do CPC/2015: deve ser feita nos autos do próprio processo. 
 
Qual é o recurso cabível contra a decisão que acolhe a impugnação à gratuidade de justiça? 
• Antes do CPC/2015: apelação. 
• Depois do CPC/2015: agravo de instrumento (exceção: se a impugnação fordecidida na própria sentença, como um de seus 
capítulos, quando será cabível apelação). 
 
Veja o texto do CPC/2015: 
Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação caberá agravo de instrumento, 
exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação. 
 
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: 
(...) 
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; 
 
Feitas estas considerações, imagine a seguinte situação hipotética: 
João ingressou com ação contra a empresa “XYZ”. 
O autor pediu a gratuidade da justiça, o que foi deferido pelo magistrado. 
A ré ingressou, então, com impugnação à gratuidade de justiça. Como isso ocorreu em janeiro/2016, a ré apresentou essa 
impugnação em autos apartados, conforme exigia a Lei nº 1.060/50. 
Em julho/2016, ou seja, já na vigência do CPC/2015, que revogou quase que integralmente a Lei nº 1.060/50, o juiz acolheu a 
impugnação oferecida e revogou o benefício concedido a Joao. 
 
João não se conforma e quer recorrer. Qual deverá ser o recurso interposto por ele para tentar modificar a decisão que julgou 
o incidente de impugnação à justiça gratuita? 
Agravo de instrumento. 
 
Cabe agravo de instrumento contra o provimento jurisdicional que, após a entrada em vigor do CPC/2015, acolhe ou rejeita 
incidente de impugnação à gratuidade de justiça instaurado, em autos apartados, na vigência do regramento anterior. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.666.321-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/11/2017 (Info 615). 
 
A solução para essa controvérsia envolve a chamada “sucessão de leis processuais no tempo”. Nesses casos, o STJ adota o 
princípio do tempus regit actum, no qual se fundamenta a teoria do isolamento dos atos processuais. 
Sobre a teoria dos atos processuais isolados, importante transcrever a lição de Marinoni e Mitidiero: 
(...) 3. Isolamento dos atos processuais 
A exata compreensão da distinção entre efeito imediato e efeito retroativo da legislação leva à necessidade de 
isolamento dos atos processuais a fim de que saiba se a aplicação da legislação nova importa efeito imediato ou efeito 
retroativo. A observação ganha em importância a propósito da aplicação da lei nova a situações pendentes. O que 
interessa é saber se do ato processual advém ou não direito para qualquer dos participantes do processo. Vale dizer: se 
há ou não direito adquirido processual. Nesse caso, a lei nova tem que respeitar a eficácia do ato processual já praticado. 
O exemplo clássico encontra-se no direito recursal. A lei do recurso é a lei do dia em que se tornou recorrível a decisão. 
A abertura do prazo recursal dá lugar a uma situação jurídica pendente: aguarda-se a interposição ou não do recurso. O 
recorrente tem direito à observação do direito vigente à época da abertura do prazo recursal. Fora daí há ofensa a direito 
processual adquirido e efeito retroativo da legislação. (...) 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
38 
(MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Código de Processual Civil - Comentado artigo por artigo. 5ª ed., São 
Paulo : RT, 2012, p. 997⁄998). 
 
Assim, de acordo com essa teoria - atualmente positivada no art. 14 do CPC/2015 - a lei processual nova tem aplicação imediata 
aos processos em desenvolvimento, resguardando-se, contudo, a eficácia dos atos processuais já realizados na 
forma da legislação anterior, bem como as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. Veja o que diz o 
CPC: 
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos 
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. 
 
O STJ, acolhendo esse princípio, decidiu que “a lei a reger o recurso cabível e a forma de sua interposição é aquela vigente à 
data da publicação da decisão impugnada, ocasião em que o sucumbente tem a ciência da exata compreensão dos 
fundamentos do provimento jurisdicional que pretende combater” (AgInt nos EDcl no AREsp 949.997/AM, 3ª Turma, DJe de 
21/09/2017). 
No caso examinado, a impugnação à concessão da assistência judiciária gratuita foi proposta na vigência da Lei nº 1.060/50. 
No entanto, a decisão que acolheu a impugnação e revogou a gratuidade de justiça anteriormente concedida foi proferida já 
na vigência do CPC/2015. 
Dessa maneira, apesar de instaurado o incidente em autos apartados, o recurso cabível contra o referido provimento 
jurisdicional é o agravo de instrumento, segundo a lei processual vigente à época da prolação da decisão recorrida (CPC/2015). 
 
 
 O último artigo do CPC/15 que disciplina a gratuidade da justiça trata do trânsito em julgado da decisão que revoga o 
benefício. Vejamos. 
 
CPC/15, Art. 102. Sobrevindo o trânsito em julgado de decisão que revoga a gratuidade, a parte deverá efetuar o 
RECOLHIMENTO DE TODAS AS DESPESAS de cujo adiantamento foi dispensada, inclusive as relativas ao recurso interposto, se 
houver, no prazo fixado pelo juiz, sem prejuízo de aplicação das sanções previstas em lei. 
Parágrafo único. Não efetuado o recolhimento, o processo será EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, tratando-se do AUTOR, 
e, nos demais casos, NÃO PODERÁ SER DEFERIDA A REALIZAÇÃO DE NENHUM ATO OU DILIGÊNCIA REQUERIDA PELA PARTE 
ENQUANTO NÃO EFETUADO O DEPÓSITO. 
 
 
 Por fim, apenas a título de conhecimento – pois são raros de cair em prova – seguem os demais artigos da Lei 1.060/50 
que ainda estão em vigor. 
 
Lei 1.060/50, Art. 5º. O juiz, se não tiver fundadas razões para indeferir o pedido, deverá julgá-lo de plano, motivando ou não o 
deferimento dentro do prazo de 72h. à Comentários da @dicas.exconcurseira: deve haver, sim, motivação, no caso de 
indeferimento. 
§1º. Deferido o pedido, o juiz determinará que o serviço de assistência judiciária, organizado e mantido pelo Estado, onde houver, 
indique, no prazo de dois dias úteis o advogado que patrocinará a causa do necessitado. 
§2º. Se no Estado não houver serviço de assistência judiciária, por ele mantido, caberá a indicação à Ordem dos Advogados, por 
suas Seções Estaduais, ou Subseções Municipais. 
§3º. Nos municípios em que não existirem subseções da Ordem dos Advogados do Brasil, o próprio juiz fará a nomeação do 
advogado que patrocinará a causa do necessitado. 
§4º. Será preferido para a defesa da causa o advogado que o interessado indicar e que declare aceitar o encargo. 
§5° Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organizada e por eles mantida, o Defensor Público, ou quem exerça cargo 
equivalente, será intimado pessoalmente de todos os atos do processo, em ambas as Instâncias, contando-se-lhes em dobro 
todos os prazos. 
 
Lei 1.060/50, Art. 8º. Ocorrendo as circunstâncias mencionadas no artigo anterior, poderá o juiz, ex-offício, decretar a 
REVOGAÇÃO dos benefícios, ouvida a parte interessada dentro de 48h improrrogáveis. à Comentários da @dicas.exconcurseira: 
magistrado não pode, de ofício, revogar o benefício da gratuidade da justiça. 
 
Lei 1.060/50, Art. 9º. Os benefícios da ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA compreendem TODOS os atos do processo até decisão final do 
litígio, em todas as instâncias. 
 
Lei 1.060/50, Art. 10. São individuais e concedidos em cada caso ocorrente os benefícios de assistência judiciária, que se não 
transmitem ao cessionário de direito e se extinguem pela morte do beneficiário, podendo, entretanto, ser concedidos aos herdeiros 
que continuarem a demanda e que necessitarem de tais favores, na forma estabelecida nesta Lei. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
39 
 
Lei 1.060/50, Art. 13. Se o assistido puder ATENDER, EM PARTE, as despesas do processo, o Juiz mandará pagar as custas que 
serão rateadas entre os que tiverem direito ao seu recebimento. à Comentários da @dicas.exconcurseira: se o assistido puder 
arcar, em parte, com as despesas do processo, o pouco que ele conseguir pagar será rateado entre aqueles quetiverem direito 
ao seu recebimento. 
 
Lei 1.060/50, Art. 14. Os profissionais liberais designados para o desempenho do encargo de defensor ou de perito, conforme o 
caso, salvo justo motivo previsto em lei ou, na sua omissão, a critério da autoridade judiciária competente, são OBRIGADOS ao 
respectivo cumprimento, sob pena de multa de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) a Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros), sujeita ao 
reajustamento estabelecido na Lei nº 6.205, de 29 de abril de 1975, sem prejuízo de sanção disciplinar cabível. 
§1º Na falta de indicação pela assistência ou pela própria parte, o juiz solicitará a do órgão de classe respectivo. 
§2º A multa prevista neste artigo reverterá em benefício do profissional que assumir o encargo na causa. 
 
Lei 1.060/50, Art. 15. São motivos para a RECUSA do mandato pelo advogado designado ou nomeado: 
§1º - estar impedido de exercer a advocacia. 
§2º - ser procurador constituído pela parte contrária ou ter com ela relações profissionais de interesse atual; 
§3º - ter necessidade de se ausentar da sede do juízo para atender a outro mandato anteriormente outorgado ou para defender 
interesses próprios inadiáveis; 
§4º - já haver manifestado por escrito sua opinião contrária ao direito que o necessitado pretende pleitear; 
§5º - haver dada à parte contrária parecer escrito sobre a contenda. 
Parágrafo único. A recusa será solicitada ao juiz, que, de plano a concederá, temporária ou definitivamente, ou a denegará. 
 
Lei 1.060/50, Art. 16. Se o advogado, ao comparecer em juízo, não exibir o instrumento do mandato outorgado pelo assistido, o 
juiz determinará que se exarem na ata da audiência os termos da referida outorga. 
Parágrafo único. O INSTRUMENTO DE MANDATO NÃO SERÁ EXIGIDO, quando a parte for representada em juízo por advogado 
integrante de ENTIDADE DE DIREITO PÚBLICO incumbido na forma da lei, de prestação de assistência judiciária gratuita (NO 
CASO, A DEFENSORIA PÚBLICA), ressalvados: 
a) os atos previstos no art. 38 do Código de Processo Civil; 
b) o requerimento de abertura de inquérito por crime de ação privada, a proposição de ação penal privada ou o oferecimento de 
representação por crime de ação pública condicionada. 
 
Lei 1.060/50, Art. 18. Os acadêmicos de direito, a partir da 4ª série, poderão ser indicados pela assistência judiciária, ou 
nomeados pelo juiz para auxiliar o patrocínio das causas dos necessitados, ficando sujeitos às mesmas obrigações impostas por 
esta Lei aos advogados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
40 
ONDAS RENOVATÓRIAS DE ACESSO À JUSTIÇA 
(Mauro Cappelletti) 
 
 As ondas renovatórias são fruto do trabalho de Mauro Cappelletti, objetivando efetivar o acesso à justiça. O objetivo 
desse movimento de acesso à justiça é, sem dúvidas, humanizar o mecanismo processual, além de atender aos anseios do 
Estado Democrático de Direito e buscar extinguir métodos que dificultem o acesso da população à justiça. 
 O movimento de acesso à justiça ganhou destaque na década de 1970, quando estudiosos do Direito – e de várias 
outras áreas – concretizaram um projeto específico, levando em consideração diversas realidades mundiais. O conjunto desse 
trabalho é conhecido como “Projeto Florença” e os principais resultados foram expostos na obra “Acesso à Justiça”, de autoria 
de Mauro Cappelletti e Byrant Garth, que dividiram em 3 ondas os principais movimentos renovatórios do acesso à justiça. 
Nesta obra, observa-se a preocupação dos autores com o problema do acesso dos indivíduos mais pobres ao Poder Judiciário, a 
respectiva representatividade, por meio de advogados públicos ou privados, bem como uma decisão justa e efetiva. A 
doutrina também prevê o incentivo à adoção de políticas públicas e judiciárias voltadas para a tutela dos direitos difusos e 
coletivos, assim como o estímulo à solução alternativa de conflitos e à reestruturação ou criação de novos tribunais (a 
exemplo dos juizados de pequenas causas). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Passemos, agora, a analisar os aspectos que envolvem o acesso à justiça, no contexto do Judiciário brasileiro. 
 
 Nossa Constituição assegura o acesso à justiça em seu art.5º, inc.XXXV: 
 
CF, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; à PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA 
JURISDIÇÃO 
 
 Além da CF, o art.8º da Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos (Pacto São José da Costa Rica) – da qual o 
Brasil é signatário – também garante o acesso à justiça: 
 
Artigo 8º - Garantias judiciais 
 
1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal 
competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal 
formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer 
outra natureza. 
Obra “Acesso à justiça”, 
de Mauro Cappelletti e 
Bryant Garth 
dividiu em 3 ondas os 
principais movimentos 
renovatórios do acesso 
à justiça 
Acesso dos indivíduos mais pobres ao Poder Judiciário 
Representatividade, por meio de advogados públicos ou privados 
Decisão justa e efetiva 
Adoção de políticas públicas e judiciárias voltadas à tutela dos direitos coletivos 
Solução alternativa de conflitos 
Reestruturação e criação de novos tribunais 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
41 
 O princípio do acesso à justiça também é conhecido como princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional ou 
princípio do direito de ação. Fazendo uma interpretação literal da lei, isto significa que todos têm acesso à justiça para postular 
tutela jurisdicional (preventiva ou reparatória) relativa a um determinado direito. O princípio contempla os direitos individuais, 
bem como os direitos difusos e coletivos. 
 Importante esclarecer que o princípio do acesso à justiça não se confunde com o direito de petição consagrado no 
art.5º, inc.XXIV, alínea a, da CF. O que diferencia um princípio do outro é que, no princípio garantidor do acesso à justiça, é 
necessário ir a juízo para se pleitear a tutela jurisdicional, tendo em vista que se trata de direito pessoal, sendo necessário que 
se tenha interesse processual, preenchendo, assim, a condição da ação. Por outro lado, para resguardar o direito de petição, 
não é necessário que o peticionário tenha sofrido lesão ao seu direito, pois se caracteriza como direito de participação política, 
onde figure o interesse geral no cumprimento da ordem jurídica. 
 Além disso, ressalta-se que do princípio do acesso à justiça decorre ainda outro princípio, consagrado no inciso LXXIV, 
do art.5º, da CF, que garante a assistência jurídica gratuita e integral aos necessitados. Ainda, a garantia do acesso à justiça não 
significa dizer que o processo deva ser gratuito, nem mesmo que configura ofensa ao princípio do acesso à justiça os casos de 
extinção do processo sem julgamento do mérito, caso não estejam presentes as condições da ação. 
 Observa-se que a justiça brasileira, como a de outros países, também sofre, há considerável tempo, com o problema da 
ineficiência, especialmente na questão do acesso à justiça, tanto no que diz respeito à representatividade e aos custos, 
quanto ao tempo de duração do processo. No Brasil, podemos destacar, como exemplo, a influência do Projeto Florença - na 
busca de maior amparo aos direitos materiais e de maior efetividade aos direitos processuais – a edição da Lei 7.347/85 (Lei da 
Ação Civil Pública), da Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Estaduais), da Lei 10.259/01 (Juizados Especiais Federais) e da Lei 
9.037/96 (Arbitragem). 
 Apesardos avanços de acesso à justiça, muitos empecilhos ainda existem à completa efetividade deste direito social 
básico. A doutrina, a jurisprudência e a própria lei, por vezes, se servem da analogia para se referir ao princípio da igualdade no 
processo, difundindo a expressão “paridade de armas” ou “igualdade de armas”, necessárias ao bom combate ou litigância 
processual entre adversários, traduzindo-se numa forma de explicar a necessidade de que as partes, do início ao fim, tenham as 
mesmas condições, possibilidades e oportunidades para que possam obter uma decisão justa do órgão judicial. Assim, a 
efetividade do acesso à justiça somente se daria num contexto em que as partes possuíssem “paridade de armas”. Além do 
aspecto socioeconômico, encontramos empecilhos culturais, psicológicos e, na esfera do Direito, jurídicos e procedimentais. 
 Neste cenário, o jurista-processualista italiano Mauro Cappelletti e Byrant Garth traduziram o que seria “acesso à 
justiça”, em uma de suas principais obras, por meio do movimento renovatório que se dividia em 3 ondas. Cada “onda” surgiu 
em um lapso temporal. Contudo, todas possuem correlações. 
 A primeira onda diz respeito à assistência judiciária aos mais pobres e está relacionada ao obstáculo econômico do 
acesso à justiça. 
 A segunda onda refere-se à representação dos interesses difusos em juízo e visa contornar o obstáculo organizacional 
do acesso à justiça. 
 Por fim, a terceira onda – denominada de “o enfoque do acesso à justiça” – detém a concepção mais ampla de acesso 
à justiça e tem como escopo instituir técnicas processuais adequadas e melhor preparar estudantes e aplicadores do direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vamos analisar, agora, cada onda renovatória de acesso à justiça. 
 
3 ondas renovatórias 
de acesso à justiça 
1ª onda: Assistência 
judiciária para os pobres 
2ª onda: Representação 
dos interesses difusos 
3ª onda: Acesso à 
representação em juízo, 
uma concepção mais 
ampla de acesso à Justiça 
e um novo enfoque de 
acesso à Justiça 
obstáculo ECONÔMICO 
do acesso à justiça 
obstáculo ORGANIZACIONAL 
do acesso à justiça 
adota concepção mais ampla de 
acesso à justiça e tem como 
escopo instituir técnicas 
processuais adequadas e melhor 
preparar os operadores do Direito 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
42 
1ª onda renovatória: Assistência judiciária para os pobres. 
 
Essa onda busca os meios de facilitar o acesso das classes menos favorecidas à Justiça, esmiuçando os diversos 
modelos de prestação de assistência judiciária aos necessitados. Tais reformas se realizaram adotando dois modelos básicos de 
atuação: através do sistema Judicare e de advogados remunerados pelos cofres públicos. Alguns países, mais recentemente, 
adotaram os dois modelos combinados. 
MODELOS DE ASSISTÊNCIA JURÍDICA 
MODELO PRO BONO MODELO JUDICARE MODELO SALARIED STAFF 
Atuação de profissionais sem qualquer 
relação com o Estado, ausente 
qualquer fonte de custeio. Em nosso 
país ele ainda é encontrado por meio 
da iniciativa de advogados particulares 
que, imbuídos do espírito de 
solidariedade, prestam atendimento às 
pessoas carentes de recursos. 
Os advogados particulares, então, são 
pagos pelo Estado. A finalidade do 
sistema judicare é proporcionar aos 
litigantes de baixa renda a mesma 
representação que teriam se pudessem 
pagar um advogado. Esse sistema ainda 
é identificado na Justiça Federal 
brasileira e nos estados em que o 
serviço de Defensoria Pública não é 
integral, quando se faz necessária a 
nomeação dos denominados 
“advogados dativos”. 
O legislador constituinte fez a adoção 
expressa do salaried staff model, 
incumbindo a Defensoria Pública de 
realizar a assistência jurídica integral e 
gratuita dos necessitados (artigo 134 
da CF). 
Com isso, formalizou-se a opção pela 
criação de organismo estatal destinado 
à prestação direta dos serviços jurídico-
assistenciais, com profissionais 
concursados, titulares de cargos 
públicos efetivos e remunerados de 
maneira fixa diretamente pelo Estado, 
sob regime de dedicação exclusiva. 
 
2ª onda renovatória: Representação dos interesses difusos. 
 
 Esta onda centra o foco de preocupação especificamente nos interesses difusos, forçando a reflexão sobre noções 
básicas do processo civil e sobre o papel dos tribunais. A preocupação da segunda onda resultou da incapacidade de o 
processo civil tradicional, de cunho individualista, servir para a proteção dos direitos ou interesses difusos (também chamados 
de direitos coletivos). É que o processo civil sempre foi visto como campo de disputa entre particulares, tendo por objetivo a 
solução da controvérsia entre elas a respeito de seus próprios interesses individuais. 
 De acordo com Michele Damasceno Marques Mello, “de uma perspectiva equivocada, em que se pensava que se o 
direito ou interesse pertencia a todos é porque não pertencia a ninguém, percebeu-se que se o direito ou interesse não 
pertencia a ninguém é porque pertencia a todos e, a partir desse enfoque, cuidou-se de buscar meios adequados à tutela desses 
interesses, que não encontravam solução confortável na esfera do processo civil (...). Tal onda renovatória permitiu a mudança 
de postura do processo civil, que, de uma visão individualista, funde-se em uma concepção social e coletiva, como forma de 
assegurar a realização dos “direitos políticos” relativos a interesses difusos. (...) Essa nova concepção do direito pôs em relevo a 
transformação do papel do juiz, no processo, e de conceitos básicos como a citação e o direito de defesa, na medida em que os 
titulares de direitos difusos, não podendo comparecer a juízo – por exemplo, todos os interessados na manutenção da 
qualidade do ar em uma determinada região – é preciso que haja um “representante” adequado para agir em benefício da 
coletividade. A decisão deve, em tais casos, ser efetiva, alcançando todos os membros do grupo, ainda que não tenham 
participado individualmente do processo”. 
 O direito brasileiro edifica vários mecanismos para tutelar os direitos transindividuais, entre eles: a ação popular, a 
ação civil pública, o mandado de segurança coletivo, o Código de Defesa do Consumidor. 
 
3ª onda renovatória: Acesso à representação em juízo a uma concepção mais ampla de acesso à justiça e um novo enfoque de 
acesso à justiça. 
 
 Esta onda se formou e ainda não se esgotou. Ela busca a superação do chamado “obstáculo processual”. Nesta onda, 
Mauro Cappelletti e Byran Garth demonstram algo muito além do que foi tratado nas primeira e segunda ondas. Trata-se de 
inovações, sendo importantíssimos trazer à baila a figura dos Juizados Especiais “criados não apenas para desafogar o judiciário, 
mas também para abrir portas para o acesso à justiça nos casos de menor complexidade”, incluindo casos, na maioria das vezes, 
de marginalização de lides advindas de pessoas sem condições de serem representadas por advogados particulares. 
 Portanto, diante da constatação de que somente os mecanismos da primeira e segunda ondas eram insuficientes ao 
efetivo acesso à justiça, já que a solução processual (o processo ordinário contencioso), mesmo quando superados os problemas 
de patrocínio e de organização de interesses, pode não ser a solução mais eficaz, nem no plano de interesses das partes, nem 
naquele dos interesses mais gerais da sociedade, a terceira onda busca novas alternativas para a resolução de conflitos. 
Observa-se que algumas destas alternativas, contempladas no plano do pluralismo jurídico, já estão sendo aceitas como 
instrumento procedimental competente para dirimir litigiosidades, como, por exemplo, a mediação, a conciliação, a 
arbitragem, etc. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
43 
FUNÇÕES TÍPICAS E ATÍPICAS DA DEFENSORIA PÚBLICA 
 
Com base na regra constitucional que impõe a atuação da Defensoria em favor dos necessitados (art. 134, caput), tem-
se como FUNÇÃO TÍPICA toda aquela que se desenvolva, considerando a PREMISSA DA HIPOSSUFICIÊNCIAECONÔMICA do 
necessitado assistido pela instituição. 
E ATÍPICAS corresponderiam aquelas que DESCONSIDERARIAM essa circunstância (seu destinatário não é o 
necessitado econômico, mas o necessitado JURÍDICO), como a atuação da defensoria na defesa do revel e do réu citado por 
edital. É o caso da atuação da defensoria pública como curadora especial, por expressa disposição do art. 4º, inciso XVI, da LC 
80/94. 
 
CPC/15, Art. 72. O juiz nomeará CURADOR ESPECIAL ao: 
I - INCAPAZ, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade; 
II – RÉU PRESO REVEL, bem como ao RÉU REVEL CITADO POR EDITAL ou COM HORA CERTA, enquanto não for constituído 
advogado. 
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como aduz Leandro Carvalho, “a atuação para os necessitados econômicos (que não se limita ao âmbito judicial), 
portanto, é atividade típica da Defensoria, e corresponde, sim, à maior parte das atividades desenvolvidas pela instituição”. Ao 
passo que, na função atípica, a circunstância econômica mostra-se irrelevante. É o caso da atuação institucional no processo 
penal, de maneira a assegurar o direito de defesa; o acompanhamento das execuções penais, a fim de observar o correto e 
humano cumprimento da pena; e ainda, no exercício da defesa no processo civil na condição de curador especial. 
 
Para Leandro Coelho de Carvalho, há uma tendência de ampliação das funções atípicas da Defensoria Pública: 
“Entretanto, há uma nítida tendência legislativa de ampliar as suas funções atípicas, para abranger outros tipos específicos de 
necessitados. No início de 2007, por exemplo, foi pulicada a Lei 11.449/2007, que determina o envio à instituição dos autos de 
prisão em flagrante caso o autuado não informe o nome de seu advogado, como garantia do contraditório. A Lei de Violência 
Doméstica (‘Maria da Penha’ – Lei 11.340/2006) também trouxe algumas inovações”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Classificação TRADICIONAL 
das funções que a DP 
desempenha 
Funções TÍPICAS 
Funções ATÍPICAS 
Atuação para os NECESSITADOS 
ECONÔMICOS. Ex: atuação da DP em 
ações de família. 
Atuação para os NECESSITADOS 
JURÍDICOS. Ex: atuação da DP no 
processo penal, no acompanhamento 
das execuções penais, bem como 
curadora especial. 
Tendência de ampliação das 
funções atípicas da DP. Ex: a ampliação 
da atuação da DP em demandas 
coletivas, em favor dos hipossuficientes 
organizacionais ou “hipervulneráveis”. 
CURATELA 
ESPECIAL 
Exercida pela 
DEFENSORIA PÚBLICA 
Defesa do INCAPAZ 
Réu preso revel 
Réu revel citado por edital 
Réu revel citado com hora certa 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
44 
Todavia, nem todos os autores, concordam com essa divisão. 
 
Augusto Garcia propõe a classificação em atribuições tradicionais (tendencialmente individualistas) e não tradicionais 
(tedencionalmente solidaristas). A atribuição tradicional está fundada no paradigma do individualismo, a qual compreende as 
atribuições ligadas “à carência/hipossuficiência econômica (equiparada a carência ‘jurídica’ da Lei n. 1.060/50)”. Já as 
atribuições “não tradicionais” se fundamentam no paradigma solidarista, estando ou não ligadas à carência/hipossuficiência 
econômica. São exemplos: 
• atribuições nas quais se tem, concomitantemente, a proteção de pessoas carentes e não carentes, como acontece em 
uma ação civil pública relativa a direitos difusos; 
• atribuições que beneficiam de forma nominal pessoas não necessariamente carentes, repercutindo, porém, a favor de 
pessoas carentes, como, por exemplo, a representação judicial de um casal abastado que visa à adoção de uma criança 
internada; 
• atribuições direcionadas a sujeitos protegidos especialmente pela ordem jurídica, possuidores de outras carências que 
não a econômica, a exemplo de um portador de deficiência; e 
• atribuições em favor primacialmente de valores relevantes do ordenamento, como a da defesa do réu sem advogado na 
área criminal e da curadoria especial na área cível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por conseguinte, Augusto Garcia observa 5 tipos distintos de atribuições da Defensoria: 
1. Atribuições ligadas à carência econômica (à qual equiparamos a carência jurídica da Lei 1.060/50); 
2. Atribuições nas quais se tem, concomitantemente, a proteção de pessoas carentes e não carentes, como acontece, 
v.g., em uma ação civil pública relativa a direitos difusos; 
3. Atribuições que beneficiam de forma nominal pessoas não necessariamente carentes, como, por exemplo, a 
representação judicial de um casal abastado que visa à adoção de uma criança internada (exemplo que adiante 
comentaremos com mais vagar); 
4. Atribuições direcionadas a sujeitos protegidos especialmente pela ordem jurídica, possuidores de outras carências 
que não econômica, a exemplo de um portador de deficiência; e 
5. Atribuições em favor primacialmente de valores relevantes do ordenamento, conforme as hipóteses, já mencionadas, 
da defesa do réu sem advogado na área criminal e da curadoria especial na área cível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Classificação de 
Augusto Garcia 
Atribuições 
TRADICIONAIS 
Atribuições NÃO 
TRADICIONAIS 
Paradigma 
INDIVIDUALISTA 
Paradigma 
SOLIDARISTA 
Ligadas à 
hipossuficiência 
econômica 
Pode ou não estar ligada 
à hipossuficiência 
econômica 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
45 
ATUAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA NA TUTELA COLETIVA 
 
1.1. Previsões legais 
 
• LACP (Lei da Ação Civil Pública) – Lei 7.347/1985 
 
Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: 
II - a Defensoria Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007). 
 
• CDC (Código de Defesa do Consumidor) – Lei 8.078/90 à NÃO PREVÊ EXPRESSAMENTE A DP COMO LEGITIMADA 
 
• ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) – Lei 8.069/1990 à NÃO PREVÊ EXPRESSAMENTE A DP COMO 
LEGITIMADA 
 
• Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) à NÃO PREVÊ EXPRESSAMENTE A DP COMO LEGITIMADA 
 
• Lei 7.853/1989 (institui a tutela jurisdicional dos interesses coletivos e difusos das pessoas com deficiência) 
 
Art. 3o As medidas judiciais destinadas à proteção de interesses coletivos, difusos, individuais homogêneos e individuais 
indisponíveis da pessoa com deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela União, 
pelos Estados, pelos Municípios, pelo Distrito Federal (ADMINISTRAÇÃO DIRETA), por associação constituída há mais de 1 ano, 
nos termos da lei civil, por autarquia, por empresa pública e por fundação ou sociedade de economia mista (ADMINISTRAÇÃO 
INDIRETA) que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção dos interesses e a promoção de direitos da pessoa com 
deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
 
• LIA (Lei de Improbidade Administrativa) – Lei 8.429/1992 
 
A LIA prevê como legitimados apenas o Ministério Público e a “pessoa jurídica interessada”. 
No entanto, há doutrina afirmando a legitimidade da Defensoria Pública para propor ação de improbidade 
administrativa, de uma forma geral (adote essa posição numa prova subjetiva de Defensoria Pública). 
Porém, a posição majoritária na doutrina parece ser a de que a Defensoria Pública NÃO tem legitimidade. 
Mas, mesmo os que entendem pela ilegitimidade da DP, parecem aceitar tranquilamente a tese de que a Defensoria 
Pública pode atuar no polo ativo representando a pessoa jurídica interessada. 
 
Colaciono, aqui, artigo da ANADEP (Associação Nacional dos Defensores Públicos): 
 
AÇÃO DE IMPROBIDADE. DEFENSORIA PÚBLICA. LEGITIMIDADE. INSTRUMENTO REPARATÓRIO E PEDAGÓGICO DE PROTEÇÃO 
DOS NECESSITADOS VULNERÁVEIS E SEUS DIREITOS HUMANOS. 
I. Atos de improbidade acarretam as mais graves lesões às camadas mais humildes e carentes da população, integrada por toda 
coletividade de necessitados e vulneráveis – categoria para a qual a Defensoria Pública seapresenta como órgão 
constitucionalmente legítimo para ação protetiva. 
 
II. A legitimidade defensorial para direitos difusos – tais como a probidade –, é reconhecida por decisão vinculante em 
repercussão geral do STF (RE-Rg n. 733.433), órgão que também proferiu acórdão vinculante na ADI n. 3943 confirmando a 
legitimidade coletiva do órgão. Além disso, a Corte Especial do STJ (EREsp n. 1192577) também reconhece a legitimidade 
coletiva da Defensoria. 
 
A LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA PÚBLICA PARA AÇÕES DE IMPROBIDADE 
 
A Defensoria Pública vem se confirmando como ardorosa protetora dos direitos dos indivíduos e coletividades 
necessitadas. Por essa razão, além da concessão expressa da legitimidade coletiva pela via legal (Lei n. 11.448/2007 e LC n. 
80/2009), a EC n. 80/2014 também atribuiu expressa legitimidade coletiva à Defensoria Pública. 
A probidade administrativa é categoria de direito coletivo em sentido amplo, um direito difuso. Não raras vezes, a 
coletividade necessitada é a mais prejudicada pelo ato de improbidade, razão pela qual nada mais natural que se reconhecer a 
legitimidade defensorial para a propositura de ações de improbidade. 
 
Destacam os honrosos membros do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) EMERSON GARCIA e ROGÉRIO 
PACHECO ALVES: 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
46 
“(...) todos os atos de improbidade administrativa afetam a sociedade como um todo, também, e sobretudo, os menos 
favorecidos. (...)”.. 
 
Nesse contexto, a legitimidade para ação de improbidade está diretamente relacionada à legitimidade constitucional 
da Defensoria Pública. Ainda destacam os autores acima transcritos: 
 
“(...) a ação de improbidade é uma inafastável ferramenta da atribuição constitucional de velar pelos interesses 
transindividuais dos necessitados”. 
 
Deve-se afirmar que a legitimidade transindividual é hoje PACÍFICA tanto no Superior Tribunal de Justiça-STJ (EREsp n. 
1192577, da Corte Especial, que é o maior órgão de uniformização do STJ), quanto no Supremo Tribunal Federal-STF por 
decisões vinculantes: ADI n. 3943 e RE-Rg 733.433, esta última confirmando a legitimidade defensorial para direitos difusos. 
 
Decerto, os necessitados vulneráveis não podem ser apartados da possibilidade de assistirem à tutela do direito difuso 
à probidade por meio de seu representante constitucionalmente mais adequado e vocacionado – como bem registra CÁSSIO 
SCARPINELLA BUENO: 
 
“Correto, diante desse quadro, admitir a ampla participação da Defensoria Pública nos processos jurisdicionais, 
individuais e coletivos, reconhecendo-lhe como missão institucional também de atuar como custos vulnerabilis para promover a 
tutela jurisdicional adequada dos interesses que lhes são confiados, desde o modelo constitucional”. 
 
Ressalte-se que confere à Defensoria Pública legitimidade para a propositura de “todas as espécies de ações” protetivas 
dos necessitados – vide a letra legal: 
 
LC n. 80/1994, “Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: 
(...) VII – promover ação civil pública e TODAS as espécies de ações capazes de propiciar a adequada tutela dos direitos 
difusos, coletivos ou individuais homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas 
hipossuficientes;” 
 
Sobre o retrotranscrito inciso VII do art. 4º da LC n. 80/1994, lecionaram FREDIE DIDIER JÚNIOR e HERMES ZANETI 
JÚNIOR: 
 
“Este foi um dos fundamentos para o TJRS decidir pela legitimação da Defensoria Pública para o ajuizamento das ações de 
improbidade”. 
 
Citam caso em que a Defensoria Pública atuou para impedir a dilapidação de verbas públicas destinadas à construção 
de um Centro de Referência em Tratamento para pessoas com deficiência, que estavam sendo malversadas (em benefício 
próprio) pelo então presidente da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE-Bagé/RS)1 , e que gerou o acórdão 
proferido pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA. LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA PÚBLICA. 
A conjunção da Constituição Federal com as leis nº 7.347/85 (art. 5º, II, com a redação que lhe deu a Lei nº 11.448/07), Lei 
Orgânica da Defensoria Pública (artigos 1º, 3º e 4º, com a redação que lhe deu a LC nº 132/09) não deixa dúvidas acerca da 
legitimidade da Defensoria Pública para a propositura de ação civil pública não apenas na defesa dos necessitados, em atenção 
às suas finalidades institucionais, mas também na tutela de todo e qualquer direito difuso, coletivo ou individual homogêneo, na 
forma da lei. 
É manifesta a legitimidade da Defensoria Pública para as ações coletivas que visem garantir, modo integral e universal, a tutela 
de direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos, e garantir, acima de tudo, o postulado da dignidade da pessoa 
humana, que é um dos fundamentos do nosso Estado Democrático de Direito. 
Hipótese concreta em que a Ação Civil Pública ajuizada pela Defensoria Pública visa apurar supostos atos de improbidade 
administrativa cometidos por administradores da APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. Legitimidade ativa 
reconhecida. Decisão a quo que indeferiu pedido de extinção da lide sem resolução de mérito que vai confirmada. RECURSO 
DESPROVIDO. VOTO VENCIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70034602201, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Carlos Roberto Lofego Canibal, Julgado em 19/05/2010) 
 
Este caso é tratado de forma mais detalhada em artigo publicado no volume v. 102, n. 929, da Revista dos Tribunais (p. 
361-415, mar. 2013), mas há outras atuações: 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
47 
APELAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA C/C PEDIDO DE LIMINAR. RECONHECIMENTO DA 
ILEGITIMIDADE ATIVA DA DEFENSORIA PÚBLICA. EXTINÇÃO DO FEITO, COM FULCRO NO ART. 267, VI, DO CÓDIGO DE PROCESSO 
CIVIL VIGENTE À ÉPOCA. SUBLEVAÇÃO DA PROMOVENTE. PRESSUPOSTOS RECURSAIS DE ADMISSIBILIDADE. EXAME À LUZ DO 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973. LEGITIMIDADE ATIVA RECONHECIDA. ALTERAÇÃO DO ART. 5º, DA LEI 7.347/85. 
PREVISÃO EXPRESSA ACERCA DA LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA PÚBLICA. ART. 2º, DA LEI 11.448/2007. PRECEDENTE DO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PROVIMENTO DO APELO. RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM. 
"Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser 
exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça", nos moldes do Enunciado Administrativo nº 02, do Superior Tribunal de Justiça. 
A nova redação dada pela Lei nº 11.448/2007, ao art. 5º da Lei nº 7.347/85, prevê, expressamente, a legitimidade da Defensoria 
Pública para propor Ação Civil Pública. 
Diante do reconhecimento da legitimidade ativa, devem os autos retornarem ao Juízo de origem para o prosseguimento da 
marcha processual. Vistos. 
(TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00077250320148150181, - Não possui -, Relator DES. FREDERICO MARTINHO DA 
NÓBREGA COUTINHO, j. em 21-10- 2016) 
 
Ampla doutrina desenvolvida a partir de atuações, tem-se solidificado na defesa da legitimidade da Instituição para 
tutela da probidade administrativa, sob o argumento fundamental de que os (sempre) maiores prejudicados pela improbidade 
são os destinatários dos serviços da Defensoria Pública que, também por esta razão, é que primeiro conhece das atuações 
improbas. 
Ao remate, registra-se que a legitimidade defensorial para a propositura de ações de improbidade inspira maior 
respeito para com as coletividades necessitadas decorrendo daí o caráter preventivo em favor dos vulneráveis. Aliás, tanto a 
legislação, quanto o STJ, já ressaltaram que basta que a medida defensorial possa repercutir direta ou indiretamente nos 
necessitados para se legitimar a Defensoria: 
 
LC n. 80/1994, “Art. 4º São funções institucionaisda Defensoria Pública, dentre outras: 
(...) VII – promover ação civil pública e TODAS as espécies de ações capazes de propiciar a adequada tutela dos direitos 
difusos, coletivos ou individuais homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas 
hipossuficientes;” 
 
"(...) 5. O juízo prévio acerca da coletividade de pessoas necessitadas deve ser feito de forma abstrata, em tese, 
bastando que possa haver, para a extensão subjetiva da legitimidade, o favorecimento de grupo de indivíduos pertencentes à 
classe dos hipossuficientes, mesmo que, de forma indireta e eventual, venha a alcançar outros economicamente mais 
favorecidos. (...)". (STJ, REsp 1449416/SC, Rel. Min. RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, T3, j. 15/3/2016, DJe 29/3/2016). 
 
Como ensina Erik Palácio Boson: 
 
“Ademais, o fundamento maior da legitimidade da Defensoria Pública na atuação na proteção à moralidade 
administrativa é justamente a otimização de eficiência dos recursos disponíveis, no sentido do potencial que a pluralidade de 
agentes legitimados para essa ação tem na melhoria das condições de vida dos necessitados. 
“Dessa maneira, parece paradoxal garantir aos necessitados, no plano formal, uma instituição com o fim precípuo de 
protegê-los juridicamente, mas tentar alijá-la do processo de controle jurisdicional dos atos que possuem um nítido potencial 
de agravar as desigualdades sociais. 
“É dizer, dinheiro público desviado é dinheiro público não aplicado em políticas públicas de garantia dos direitos 
fundamentais básicos à saúde, à educação e à moradia. Desse modo, sendo a corrupção um dos maiores entraves ao 
desenvolvimento social, então a eficiência no controle da moralidade administrativa está diretamente ligada à eficiência na 
redução da própria desigualdade social, o que atinge diretamente a população carente e, portanto, legitima a atuação da 
Defensoria Pública.” 
Desse modo a 2ª (segunda) onda renovatória de acesso à Justiça (enfoque transindividual) – conforme estudos de 
MAURO CAPPELLETTI e BRYANT GARTH –, será acessível a todos vulneráveis e suas necessidades – ressaltando-se que o dever 
de gerir a coisa pública em favor das necessidades humanas é dever do gestor que muito interessa aos necessitados em 
sociedade. Ou seja, as coletividades necessitadas possuem necessidades coletivas, as quais merecem proteção via Defensoria 
Pública por ser este o órgão responsável pela tutela constitucional dos necessitados (Constituição, art. 134 c/c inc. LXXIV do art. 
5º) – buscando-se assim efetivar a tutela do melhor interesse do vulnerável. 
Enfim, a legitimação da Defensoria Pública garante, por um só instituto, a assistência jurídica realmente integral para o 
acesso à Justiça (2ª onda renovatória) aos necessitados e a busca da construção de uma sociedade livre, justa e solidária, 
fundamentada na dignidade humana e na busca do desenvolvimento humano. 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
48 
Comentários da @dicas.exconcurseira1: obviamente, em um aprova subjetiva ou oral da Defensoria Pública, você 
DEVE mencionar a corrente doutrinária favorável à atuação da Defensoria Pública como legitimada ativa da ação de 
improbidade administrativa. Porém, não deixe de citar a corrente doutrinária mais conservadora (que ainda é majoritária), no 
sentido de que apenas o Ministério Pública e a pessoa jurídica interessada têm legitimidade para ação de improbidade 
administrativa. Como “plus” na sua prova, diga que, mesmo para os mais conversadores, parece tranquila a possibilidade da 
atuação da Defensoria Pública representando a pessoa jurídica interessada, no polo ativo da demanda. Ok? 
Em uma prova objetiva, provavelmente irão exigir de você apenas o conhecimento da letra fria da lei. Portanto, marque 
como correta a alternativa que mencionar como legitimados ativos o MP e a pessoa jurídica interessada (em conformidade com 
o caput do art.17 da LIA). Mas, se a questão sair do “decoreba” e demonstrar mais profundidade, explicando os fundamentos 
legais e jurisprudenciais que embasam a atuação da Defensoria Pública na ACP por ato de improbidade administrativa, fique 
ligado, porque este pode ser o conhecimento que o examinador quer exigir de você. 
 
Comentários da @dicas.exconcurseira2: perceba que nenhuma outra lei (fora a Lei da Ação Civil Pública e o caput do 
art.3º da Lei 7.853/1989, com redação dada pela Lei 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência) prevê, expressamente, 
a legitimidade da DP para tutela dos direitos coletivos – e isso se deu basicamente por dois motivos: 
1º - Por muito tempo, a Defensoria Pública não era vista como um órgão autônomo, independente. Portanto, a sua 
legitimidade estava “implícita”, quando considerávamos que a DP era um órgão integrante do Poder Executivo. Assim, quando a 
lei previa a legitimidade da União e dos Estados, poderíamos considerar que a DP também era legitimada, por ser órgão da 
União (DPU) ou do Estado (DPE’s). Nesta época (até entrar em vigor a Lei 11.448/2007), era assim que se dava a legitimidade da 
DP para a tutela coletiva. 
2º - Apenas com a entrada em vigor da Lei 11.448/2007 foi que a Defensoria Pública alçou, expressamente, a condição 
de legitimada ativa em ação civil pública. Perceba que todas as outras leis aqui citadas (CDC, ECA, Estatuto do Idoso e a LIA) são 
anteriores à Lei 11.448/2007. Portanto, não preveem expressamente a DP como legitimada. Mas isso, absolutamente, não 
impede a atuação da DP na defesa desses grupos (consumidores, crianças e adolescentes, idosos e – mais polemicamente – 
patrimônio público), já que: 
i. A LACP – que é a lei mais genérica e constitui o núcleo do microssistema coletivo (junto ao CDC e à LAP) – 
prevê expressamente a legitimidade da DP; 
ii. O art.134, caput, da CF prevê a como incumbência da DP a “defesa dos direitos individuais e coletivos”; 
iii. O art.4º, inc.VII, da LC 80/94 prevê como função institucional da DP promover ação civil pública e todas as 
espécies de ações capazes de propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais 
homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes. 
iv. O STF e o STJ já reconheceram a ampla legitimidade da DP para a tutela coletiva dos direitos difusos, coletivos 
e individuais homogêneos, como será abordado logo abaixo. 
 
Comentários da @dicas.exconcurseira3: perceba que a legitimidade da Defensoria Pública para a tutela dos direitos 
coletivos foi reconhecida muito mais tarde do que a legitimidade do Ministério Público, considerado o “legitimado universal” na 
tutela coletiva. Vamos construir uma DP forte e ativa, elevá-la ao nível que ela merece (#sangueverde)! A população só ganha 
quando mais legitimados estão na defesa dos direitos coletivos. 
 
 
1.2. Entendimentos jurisprudenciais 
 
DE OLHO NA JURIS! Legitimidade da Defensoria Pública para ACP 
A Defensoria Pública pode propor ação civil pública na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. É 
constitucional a Lei nº 11.448/2007, que alterou a Lei 7.347/85, prevendo a Defensoria Pública como um dos legitimados para 
propor ação civil pública. STF. Plenário. ADI 3943/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6 e 7/5/2015 (Info 784). 
 
Legitimidade da Defensoria Pública para propor ACP na tutela de direitos difusos e coletivos de pessoas necessitadas 
A Defensoria Pública tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em ordem a promover a tutela judicial de direitos 
difusos e coletivos de que sejam titulares, em tese, as pessoas necessitadas. 
STF. Plenário. RE 733433/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/11/2015 (repercussão geral) (Info 806). 
 
Comentários do julgado 
DEFENSORIA PÚBLICA E AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
A Defensoria Pública pode ajuizar ação civil pública? 
SIM. Trata-se, inclusive, de previsão expressa da Lei nº 7.347/85 (Lei da ACP): 
Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: 
II — a Defensoria Pública; (Redação dada pelaLei nº 11.448/2007). 
A inclusão da Defensoria no rol de legitimados para ajuizar ACP foi determinada pela Lei nº 11.448/2007. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
49 
Antes da Lei nº 11.448/2007, a Defensoria tinha legitimidade para propor ACP? 
SIM, considerando que o art. 5º, da LACP e o art. 82, II, do CDC já previam que a ACP poderia ser proposta pela União e pelos 
Estados. Logo, como a DPU é um órgão da União e a DPE é um órgão do Estado, a jurisprudência majoritária entendia que as 
Defensorias já possuíam legitimidade para a ACP mesmo antes da Lei n.° 11.448/2007. Confira um precedente do STJ neste 
sentido: 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE. DEFENSORIA PÚBLICA. INTERESSE. CONSUMIDORES. 
A Turma, por maioria, entendeu que a defensoria pública tem legitimidade para propor ação civil pública na defesa do interesse 
de consumidores. Na espécie, o Nudecon, órgão vinculado à defensoria pública do Estado do Rio de Janeiro, por ser órgão 
especializado que compõe a administração pública direta do Estado, perfaz a condição expressa no art. 82, III, do CDC. (...) 
STJ. 3ª Turma. REsp 555.111-RJ, Rel. Min. Castro Filho, julgado em 5/9/2006. 
 
A alteração promovida pela Lei nº 11.448/2007 foi, no entanto, muito importante porque reforçou ainda mais essa 
legitimidade: 
(...) 2. Este Superior Tribunal de Justiça vem-se posicionando no sentido de que, nos termos do art. 5º, II, da Lei nº 7.347/85 (com 
a redação dada pela Lei nº 11.448/07), a Defensoria Pública tem legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar em 
ações civis coletivas que buscam auferir responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos 
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências. (...) 
STJ. 1ª Turma. REsp 912849/RS, Rel. Min. José Delgado, julgado em 26/02/2008. 
 
ADI 3943 proposta pela CONAMP 
Nem todos, no entanto, ficaram satisfeitos com a importante novidade legislativa. 
A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP) ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade contestando 
a constitucionalidade da Lei n.° 11.448/2007, que acrescentou no art. 5º da Lei n.° 7347/85 o inciso que legitima a Defensoria 
Pública a propor ACP. 
A CONAMP alegou que a possibilidade da Defensoria Pública propor, sem restrição, ACP “afeta diretamente” as atribuições do 
Ministério Público. 
Para a entidade, a inclusão da Defensoria Pública afrontaria também os arts. 5º, LXXIV e 134, caput, da CF/88, considerando que 
a função constitucional da instituição seria a de prestar assistência jurídica integral e gratuita apenas aos hipossuficientes e, no 
bojo de uma ACP, não teria como ter certeza se a ação estaria beneficiando apenas pessoas carentes ou também indivíduos 
economicamente ricos. 
Assim, a CONAMP pediu que esta inclusão fosse declarada inconstitucional ou, então, que o STF dissesse que a Defensoria 
Pública não pode ajuizar ACP em matéria de direitos difusos ou coletivos. Segundo a tese da autora, a Defensoria, se pudesse 
propor ACP, somente poderia fazê-lo quanto a direitos individuais homogêneos e desde que ficasse individualizada e identificada 
a presença de pessoas economicamente hipossuficientes. 
Segundo a autora, a Defensoria Pública foi criada para atender, gratuitamente, aqueles que possuem recursos insuficientes para 
se defender judicialmente ou que precisam de orientação jurídica, de modo que seria impossível a sua atuação na defesa de 
interesses difusos e coletivos em razão da dificuldade de identificar quem é carente. No seu entendimento, os atendidos 
pela Defensoria Pública devem ser, pelo menos, individualizáveis, identificáveis, para que se saiba se a pessoa atendida pela 
Instituição não possui recursos suficientes para o ingresso em juízo. 
 
O STF concordou com os argumentos da ADI proposta? É inconstitucional a previsão de que a Defensoria Pública pode ajuizar 
ACP na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos? 
NÃO. Não há qualquer inconstitucionalidade na previsão da Lei nº 11.448/2007. Ao contrário, essa lei já era compatível com o 
texto originário da CF/88 e isso ficou ainda mais claro quando o Congresso Nacional aprovou a EC 80/2014, que alterou a 
redação do art. 134 da CF/88 prevendo expressamente que a Defensoria Pública tem legitimidade para a defesa de direitos 
individuais e coletivos (em sentido amplo). Veja: 
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como 
expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e 
a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos 
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
80/2014) 
 
Desse modo, seja antes da EC 80/2014 e com maior razão depois, a Defensoria Pública possui sim legitimidade para propor ação 
civil pública na defesa de interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos. 
Segundo pontuou a Ministra Cármen Lúcia, em um país como o nosso, marcado por graves desigualdades sociais e pela elevada 
concentração de renda, uma das grandes barreiras para a implementação da democracia e da cidadania ainda é o efetivo acesso 
à Justiça. Somente se conseguirá promover políticas públicas para reduzir ou suprimir essas enormes diferenças se forem 
oferecidos instrumentos que atendam com eficiência às necessidades dos cidadãos na defesa de seus direitos. Nesse sentido, 
destaca-se a ação civil pública. Dessa feita, não interessa à sociedade restringir o acesso à justiça dos hipossuficientes. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
50 
A interpretação sugerida pela CONAMP restringe, sem fundamento jurídico, a possibilidade de utilização da ação civil pública, que 
é instrumento capaz de garantir a efetividade de direitos fundamentais de pobres e ricos a partir de iniciativa processual 
da Defensoria Pública. 
Exigir que a Defensoria Pública, antes de ajuizar a ACP, comprove a pobreza do público-alvo não é condizente com os princípios e 
regras norteadores dessa instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Estado, menos ainda com a norma do art. 
3º da CF/88. 
Vale ressaltar que no momento da LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO de eventual decisão favorável na ação coletiva, a Defensoria 
Pública irá fazer a ASSISTÊNCIA JURÍDICA APENAS DOS HIPOSSUFICIENTES. Nesta fase é que a tutela de cada membro da 
coletividade ocorre separadamente. 
Além disso, deve-se lembrar que a CF/88 não assegura ao Ministério Público a legitimidade exclusiva para o ajuizamento de ação 
civil pública. Em outras palavras, a Constituição em nenhum momento disse que só o MP pode propor ACP. Ao contrário, o §1º 
do art. 129 da CF/88 afirma que a legitimação do Ministério Público para as ações civis não impede a de terceiros, nas mesmas 
hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. 
 
Em suma: 
É constitucional a Lei nº 11.448/2007, que alterou a Lei n.° 7.347/85, prevendo a Defensoria Pública como um dos legitimados 
para propor ação civil pública. 
Vale ressaltar que, segundo o STF, a Defensoria Pública pode propor ação civil pública na defesa de direitos difusos, coletivos e 
individuais homogêneos. 
STF. Plenário. ADI 3943/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6 e 7/5/2015 (Info 784). 
 
APROFUNDANDO 
Vou agora aprofundar um pouco mais o tema, tratando de alguns tópicos mais polêmicos e que ainda podem suscitar divergências. 
 
A legitimidade da Defensoria para a ACP é irrestrita, ou seja, a instituição pode propor ACP em todo e qualquer caso? 
Apesar de não ser um tema ainda pacífico, a resposta que prevalece é que NÃO. 
Assim, a Defensoria Pública, ao ajuizar uma ACP, deverá provar que os interesses discutidos na ação têm PERTINÊNCIA com as 
suas finalidades institucionais. 
 
Por que se diz que a legitimidade da Defensoria não é irrestrita?Porque a legitimidade de nenhum dos legitimados do art. 5º é irrestrita, nem mesmo do Ministério Público. O STJ já decidiu, 
por exemplo, que “o Ministério Público não tem legitimidade ativa para propor ação civil pública na qual busca a suposta defesa 
de um pequeno grupo de pessoas - no caso, dos associados de um clube, numa óptica predominantemente individual.” (REsp 
1109335/SE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/06/2011). 
A Defensoria só tem adequada representação se estiver defendendo interesses relacionados com seus objetivos institucionais e 
que se encontram previstos no art. 134 da CF. 
Em outras palavras, a Defensoria Pública somente poderia propor uma ACP se os direitos nela veiculados, de algum modo, 
estiverem relacionados à proteção dos interesses dos hipossuficientes (“necessitados”, ou seja, indivíduos com “insuficiência 
de recursos”). 
Esse é o entendimento tanto do STF (RE 733433/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/11/2015). 
Segundo a jurisprudência, a Defensoria Pública só tem legitimidade ativa para ações coletivas se elas estiverem relacionadas com 
as funções institucionais conferidas pela CF/88, ou seja, se tiverem por objetivo beneficiar os necessitados que não tiverem 
suficiência de recursos (CF/88, art. 5º, LXXIV). 
 
A própria Lei Orgânica da Defensoria Pública (Lei Complementar n.° 80/94) nos faz concluir dessa forma: 
Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: 
(...) 
VII – promover ação civil pública e todas as espécies de ações capazes de propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, 
coletivos ou individuais homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes; 
(Redação dada pela LC 132/2009). 
VIII – exercer a defesa dos direitos e interesses individuais, difusos, coletivos e individuais homogêneos e dos direitos do 
consumidor, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal; (Redação dada pela LC 132/2009). 
X – promover a mais ampla defesa dos direitos fundamentais dos necessitados, abrangendo seus direitos individuais, coletivos, 
sociais, econômicos, culturais e ambientais, sendo admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e 
efetiva tutela; (Redação dada pela LC 132/2009). 
XI – exercer a defesa dos interesses individuais e coletivos da criança e do adolescente, do idoso, da pessoa portadora de 
necessidades especiais, da mulher vítima de violência doméstica e familiar e de outros grupos sociais vulneráveis que mereçam 
proteção especial do Estado; (Redação dada pela LC 132/2009). 
No julgamento da ADI 3943, acima explicada, diversos Ministros manifestaram esse mesmo entendimento. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
51 
A Min. Cármen Lúcia, em determinado trecho de seu voto, afirmou: 
“Não se está a afirmar a desnecessidade de a Defensoria Pública observar o preceito do art. 5º, LXXIV, da CF, reiterado 
no art. 134 — antes e depois da EC 80/2014. No exercício de sua atribuição constitucional, é necessário averiguar a 
COMPATIBILIDADE dos interesses e direitos que a instituição protege com os possíveis beneficiários de quaisquer das 
ações ajuizadas, mesmo em ação civil pública.” 
 
O Min. Roberto Barroso corroborou essa conclusão e afirmou que o fato de se estabelecer que a Defensoria Pública tem 
legitimidade, em tese, para ações civis públicas não exclui a possibilidade de, em um eventual caso concreto, não se reconhecer 
a legitimidade da Instituição. Em tom descontraído, o Ministro afirmou que a Defensoria não teria legitimidade, por exemplo, no 
caso concreto, para uma ação civil pública na defesa dos sócios do “Yatch Club”. E dando outro exemplo extremo, afirmou que a 
Defensoria não teria legitimidade, no caso concreto, para ajuizar uma ação civil pública em favor dos clientes “Personnalité” do 
Banco Itaú. 
O Min. Teori Zavascki segue na mesma linha e afirma que existe uma CONDIÇÃO IMPLÍCITA na legitimidade da Defensoria 
Pública para ações civis públicas que é o fato de ela ter que defender interesses de pessoas hipossuficientes, sendo esta uma 
CONDIÇÃO IMPOSTA pelo art. 134 da CF/88. 
A Min. Rosa Weber também deixou claro que a Defensoria Pública tem legitimidade para propor ações civis públicas, mas que o 
juízo poderá aferir, no caso concreto, sua ADEQUADA REPRESENTAÇÃO. 
 
Atenção. Não confunda: não se está dizendo que a Defensoria Pública só pode propor ACP se os direitos discutidos envolverem 
apenas pessoas “pobres”. Essa era a tese da CONAMP, que foi rechaçada pelo STF. O que estou afirmando é que, para a Defensoria 
Pública ajuizar a ACP aquele interesse discutido na lide tem que, de algum modo, favorecer seu público-alvo (hipossuficientes), 
ainda que beneficie outras pessoas também. 
 
Vale ressaltar ainda que o conceito de "necessitado" pode abranger "necessitados jurídicos": 
O Superior Tribunal de Justiça, ao interpretar os requisitos legais para a atuação coletiva da Defensoria Pública, encampa EXEGESE 
AMPLIATIVA da condição jurídica de "necessitado", de modo a possibilitar sua atuação em relação aos NECESSITADOS 
JURÍDICOS EM GERAL, não apenas dos hipossuficientes sob o aspecto econômico. Caso concreto que se inclui no conceito 
apresentado. 
STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1510999/RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 08/06/2017. 
 
Se o interesse defendido beneficiar pessoas economicamente abastadas e também hipossuficientes, a Defensoria terá 
legitimidade para a ACP? 
SIM, considerando que, no processo coletivo, vigoram os princípios do máximo benefício, da máxima efetividade e da máxima 
amplitude. 
Dessa feita, podendo haver hipossuficientes beneficiados pelo resultado da demanda deve-se admitir a legitimidade 
da Defensoria Pública. 
É o caso, por exemplo, de consumidores de energia elétrica, que tanto podem abranger pessoas com alto poder aquisitivo como 
hipossuficientes: 
LEGITIMIDADE. DEFENSORIA PÚBLICA. AÇÃO COLETIVA. 
A Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu que a Defensoria Pública tem legitimidade para ajuizar ação civil coletiva em 
benefício dos consumidores de energia elétrica, conforme dispõe o art. 5º, II, da Lei nº 7.347/1985, com redação dada pela Lei nº 
11.448/2007. (...) 
REsp 912.849-RS, Rel. Min. José Delgado, julgado em 26/2/2008 (Info 346). 
 
Sobre o tema: 
Ainda que a competência da Defensoria Pública para a defesa de interesses e direitos transindividuais esteja vinculada à 
interpretação das expressões "necessitados" e "insuficiência de recursos", constantes, respectivamente, no texto dos arts. 134 e 
5º, LXXXIV, da CF, essa interpretação deve se dar de forma ampla e abstrata, bastando que possa haver a existência de um grupo 
de hipossuficientes, independentemente de alcançar de forma indireta e eventual outros grupos mais favorecidos 
economicamente. 
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1418091/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/09/2019. 
 Ao julgar o recurso extraordinário sob a repercussão geral, o STF firmou a seguinte tese: 
A Defensoria Pública tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em ordem a promover a tutela judicial de direitos 
difusos e coletivos de que sejam titulares, em tese, as pessoas necessitadas. 
STF. Plenário. RE 733433/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/11/2015 (Info 806). 
 
Legitimidade da defensoria para propor ACP em defesa de juridicamente necessitados 
A Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa de interesses individuais homogêneos de 
consumidores IDOSOS QUE TIVERAM PLANO DE SAÚDE REAJUSTADO EM RAZÃO DA MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA, AINDA QUE 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
52 
OS TITULARES NÃO SEJAM CARENTES DE RECURSOS ECONÔMICOS. A atuação primordial da Defensoria Pública, sem dúvida, é 
a assistência jurídica e a defesa dos necessitados econômicos. Entretanto, também exerce suas atividades em auxílio a 
NECESSITADOS JURÍDICOS, não necessariamente carentes de recursos econômicos. A EXPRESSÃO “NECESSITADOS” prevista no 
art. 134, caput, da CF/88,que qualifica e orienta a atuação da Defensoria Pública, deve ser entendida, no campo da Ação Civil 
Pública, EM SENTIDO AMPLO. Assim, a Defensoria pode atuar tanto em favor dos carentes de recursos financeiros como 
também em prol do NECESSITADO ORGANIZACIONAL (que são os "HIPERVULNERÁVEIS"). STJ. Corte Especial. EREsp 1192577-
RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/10/2015 (Info 573) 
 
Comentários do julgado 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Determinado plano de saúde reajustou o valor das mensalidades para os usuários com idade superior a 60 anos (idosos). 
A Defensoria Pública ajuizou ação civil pública contra esse aumento. 
O juiz, contudo, decidiu que a Defensoria Pública não tinha legitimidade para o oferecimento da ação. Segundo o magistrado, ao 
optar por contratar plano particular de saúde, parece intuitivo que não se está diante de um consumidor que possa ser 
considerado necessitado, a ponto de ser patrocinado, de forma coletiva, pela Defensoria Pública. Assim, o grupo em questão 
não é apto a conferir legitimidade ativa adequada à Defensoria Pública, para fins de ajuizamento de ação civil. 
Houve recurso da Defensoria Pública alegando que o grupo por ela defendido na ação pode ser considerado necessitado sob o 
ponto de vista jurídico, de forma que justificaria a atuação do órgão. 
 
A Defensoria Pública tem legitimidade para, neste caso concreto, propor a ACP? 
SIM. A Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa de interesses individuais homogêneos de 
consumidores idosos que tiveram plano de saúde reajustado em razão da mudança de faixa etária, ainda que os titulares não 
sejam carentes de recursos econômicos. 
 
Necessitados jurídicos 
A atuação primordial da Defensoria Pública, sem dúvida, é a assistência jurídica e a defesa dos necessitados econômicos. 
Entretanto, ela também exerce atividades de auxílio aos necessitados jurídicos, os quais não são, necessariamente, carentes de 
recursos econômicos. Isso ocorre, por exemplo, quando a Defensoria exerce as funções de curador especial (art. 9º, II, do CPC 
1973 / art. 72, parágrafo único, do CPC 2015) e de defensor dativo (art. 265 do CPP). 
No caso, além do direito tutelado ser fundamental (direito à saúde), o grupo de consumidores potencialmente lesado é formado 
por idosos, cuja condição de vulnerabilidade já é reconhecida na própria CF/88 (art. 230). 
 
Expressão necessitados deve ser entendida em sentido amplo 
A expressão "necessitados" prevista no art. 134, caput, da CF/88, que qualifica e orienta a atuação da Defensoria Pública, deve 
ser entendida, no campo da Ação Civil Pública, em sentido amplo. 
Assim, a Defensoria Pública pode atuar tanto em favor dos carentes de recursos financeiros (necessitados em sentido 
estrito/pobres) como também em prol do necessitado organizacional, também chamados de "hipervulneráveis" (nomenclatura 
cunhada pelo Min. Herman Benjamin). 
 
Hipervulneráveis 
Hipervulneráveis é uma expressão que abrange determinadas classes de pessoas que, por conta de sua real debilidade perante 
abusos ou arbítrio dos detentores de poder econômico ou político, 'necessitem' da mão benevolente e solidarista do Estado para 
sua proteção, mesmo que contra o próprio Estado. Dentre eles se incluem: 
· indivíduos socialmente estigmatizados ou excluídos; 
· crianças; 
· idosos; 
· pessoas com deficiência; 
· gerações futuras. 
 
Essa é a opinião também de Ada Pellegrini Grinover: 
"(...) Quando se pensa em assistência judiciária, logo se pensa na assistência aos necessitados, aos economicamente fracos, aos 
"minus habentes". E este, sem dúvida, o primeiro aspecto da assistência judiciária: o mais premente, talvez, mas não o único. 
Isso porque existem os que são necessitados no plano econômico, mas também existem os necessitados do ponto de vista 
organizacional. Ou seja, todos aqueles que são SOCIALMENTE VULNERÁVEIS: os consumidores, os usuários de serviços públicos, 
os usuários de planos de saúde, os que queiram implementar ou contestar políticas públicas, como as atinentes à saúde, à 
moradia, ao saneamento básico, ao meio ambiente etc. (...) 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
53 
DEFENSORIA PÚBLICA COMO SUJEITO DO PROCESSO NO CPP E NO CPC 
 
No Código de Processo Penal 
 
CF, Art.5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
 Defensor é o profissional com habilitação específica, que tem a função de promover a defesa técnica do acusado no 
curso do processo penal. Para ser ampla, como impõe a CF, esta defesa técnica apresenta-se no processo como defesa 
necessária, indeclinável, plena e efetiva, não sendo possível que alguém seja processado sem que possua defensor. 
 Quanto à natureza jurídica da função do Defensor no processo penal, trata-se de representação processual sui generis, 
visto que o Defensor zela pelos interesses do representado mesmo contra a vontade deste. Como a função do defensor vai 
além da defesa de eventual interesse subjetivo do acusado para cumprir uma tarefa que atende ao interesse de toda a 
coletividade, prevalece o entendimento de que se trata de uma injunção legal, porquanto tutela e resguarda a liberdade e os 
direitos individuais ameaçados pelo processo penal. 
 
1. Espécies de defensor 
 
a) Defensor constituído: é o advogado que foi constituído pelo acusado para patrocinar sua defesa técnica no processo penal. 
A constituição é feita, pele menos em regra, por instrumento de procuração. 
 
 Quanto à necessidade de procuração por advogados integrantes de núcleos de prática jurídica ou assistência jurídica, 
geralmente instalados em Faculdades de Direito, há de se fazer uma distinção: 
i) Quando a constituição é feita pelo próprio acusado: deve haver a apresentação do instrumento de 
procuração; 
ii) Quando a nomeação for feita pelo próprio juízo (defensor dativo): é dispensada a apresentação da 
procuração. 
 
Obs: em algumas hipóteses, a lei não se contenta com uma simples procuração genérica feita pelo acusado, exigindo 
que dela constem poderes especiais. É o que ocorre, por exemplo, nas hipóteses de aceitação do perdão do ofendido e 
arguição de falsidade documental. Em outras hipóteses, é a própria jurisprudência que exige procuração com poderes especiais, 
tal como se dá na hipótese de desistência do recurso e renúncia ao direito de recorrer. Como o defensor dativo e o defensor 
público não são dotados de procuração, o ideal é que, nesses casos, as respectivas peças também sejam subscritas pelo 
acusado. 
 
DE OLHO NA JURIS! Nomeação judicial de Núcleo de Prática Jurídica e dispensa de procuração 
A nomeação judicial de Núcleo de Prática Jurídica para patrocinar a defesa de réu DISPENSA a juntada de procuração. STJ. 3ª 
Seção. EAREsp 798496-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 11/04/2018 (Info 624). 
 
Comentários do julgado 
 
O que são os Núcleos de Prática Jurídica? 
O Núcleo de Prática Jurídica, também chamado de “escritório modelo”, é um espaço mantido pelas faculdades de direito no 
qual os alunos, geralmente finalistas do curso, sob a supervisão de um Professor que é advogado, oferecem assistência jurídica 
gratuita às pessoas economicamente carentes. 
O Núcleo funciona, portanto, como uma prática jurídica real, matéria curricular obrigatória dos cursos de Direito. 
Esta atividade tem duplo objetivo: 
a) finalidade pedagógica: considerando que os alunos irão aplicar, na prática, os conhecimentos teóricos que receberam ao longo 
do curso, atuando como se fossem advogados, sempre com a supervisão e sob a responsabilidade de um Professor advogado; 
b) finalidade social: contribuindo com a sociedade carente ao oferecer assistência jurídica gratuita. 
 
Guardadas as devidas proporções, apenas para que você entenda o sentido geral, os núcleos de prática jurídica prestam um 
serviço assemelhado ao da Defensoria Pública. Vale ressaltar, contudo,que o modelo oferecido pela Defensoria Pública é o ideal 
para o assistido porque se trata de um serviço mais organizado, estruturado e com garantias institucionais que os núcleos 
infelizmente não possuem. 
 
Apenas a título de curiosidade, veja o que diz a Portaria nº 1.886/94-MEC, que trata, entre outros temas, sobre os núcleos de 
prática jurídica: 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
54 
Art. 10. O estágio de prática jurídica, supervisionado pela instituição de ensino superior, será obrigatório e integrante do currículo 
pleno, em um total de 300 horas de atividades práticas simuladas e reais desenvolvidas pelo aluno sob controle e orientação do 
núcleo correspondente. 
§1º O núcleo de prática jurídica, coordenado por professores do curso, disporá instalações adequadas para treinamento das 
atividades de advocacia, magistratura, Ministério Público, demais profissões jurídicas e para atendimento ao público. 
§2º As atividades de prática jurídica poderão ser complementadas mediante convênios com a Defensoria Pública outras entidades 
públicas judiciárias empresariais, comunitárias e sindicais que possibilitem a participação dos alunos na prestação de serviços 
jurídicos e em assistência jurídica, ou em juizados especiais que venham a ser instalados em dependência da própria instituição de 
ensino superior. 
 
Art. 11. As atividades do estágio supervisionado serão exclusivamente práticas, incluindo redação de peças processuais e 
profissionais, rotinas processuais, assistência e atuação em audiências e sessões, vistas a órgãos judiciários, prestação de serviços 
jurídicos e técnicas de negociações coletivas, arbitragens e conciliação, sob o controle, orientação e avaliação do núcleo de prática 
jurídica. 
 
Como funcionam, na prática? 
A pessoa carente que precisa de uma assistência jurídica procura o Núcleo; é atendida por um acadêmico (estagiário) que, 
supervisionado pelo Professor, identifica o caso e a providência jurídica. Se for necessário, o acadêmico recolhe cópias dos 
documentos fornecidos pelo assistido e prepara uma peça judicial que será assinada pelo Professor advogado. 
 
Imagine agora a seguinte situação: 
João recebeu, em sua casa, a citação de uma denúncia criminal que foi oferecida contra ele pelo Ministério Público, imputando-
lhe a prática do crime de furto. 
O denunciado procura o Núcleo de Prática Jurídica. 
O acadêmico atende João e prepara a sua resposta à acusação (art. 396 do CPP). 
O Professor revisa e corrige a peça de defesa, assina e protocoliza. 
O Promotor de Justiça alega que a resposta à acusação apresentada não pode ser conhecida considerando que João não outorgou 
procuração para o Professor advogado. Pede que a defesa seja intimada para apresentar o instrumento do mandato. 
O Professor refuta a alegação do MP afirmando que, assim como ocorre com a Defensoria Pública (art. 128, XI, da LC 80/94), 
não se exige procuração para que o Núcleo de Prática Jurídica atue em favor do réu. 
 
A alegação do MP está correta? Exige-se que a parte outorgue procuração para que o Núcleo de Prática Jurídica atue em favor 
do réu no processo criminal? 
SIM. Em regra, o advogado integrante do Núcleo de Prática Jurídica não está dispensado de apresentar procuração, por ausência 
de previsão legal. 
Neste ponto, não há equiparação com a Defensoria Pública. 
A Defensoria Pública, por força de lei expressa, pode atuar na defesa de seus assistidos mesmo sem procuração. 
No caso dos Núcleos de Prática Jurídica, embora prestem relevantes serviços, não existe previsão legal semelhante. Por essa razão, 
seus poderes de representação em juízo dependem necessariamente de procuração. 
O Núcleo de Prática Jurídica, por não se tratar de entidade de direito público, precisa apresentar instrumento de mandato para 
comprovar que o réu hipossuficiente escolheu seu defensor, em consonância com o princípio da confiança. 
 
É possível que a procuração seja outorgada para o Núcleo de Prática Jurídica? Ex: em vez de outorgar a Procuração para o Professor 
advogado, João poderia conferir o mandato para o Núcleo de Prática Jurídica? 
NÃO. A procuração não pode ser outorgada para o Núcleo de Prática Jurídica. 
O Núcleo de Prática Jurídica não possui capacidade para receber nomeação ou mandato. É necessário que, na procuração, seja 
especificado o advogado a quem são atribuídos os poderes de representação (STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 11.931/DF, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, DJe 19/03/2013). 
 
E se fosse uma nomeação judicial, haveria necessidade de procuração? Ex: o juiz nomeou o advogado Rui Salgado, Professor do 
Núcleo de Prática Jurídica, para fazer a defesa do réu no plenário do Tribunal do Júri. Além desta nomeação, será necessário 
que o réu outorgue uma procuração? 
NÃO. 
 
A nomeação judicial de Núcleo de Prática Jurídica para patrocinar a defesa de réu dispensa a juntada de procuração. 
Isso porque, neste caso, não há uma atuação provocada pelo assistido, mas sim o exercício de um munus público por 
determinação judicial. STJ. 3ª Seção. EAREsp 798.496-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 11/04/2018 (Info 624). 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
55 
Além disso, não se mostra razoável a exigência de procuração porque na maioria das vezes, em caso de nomeação judicial, não 
há um contato prévio do advogado com o acusado. A exigência de procuração acarretaria gravosos prejuízos à defesa da 
população necessitada, inviabilizando o acesso à Justiça. 
 
Em suma: 
O advogado integrante de Núcleo de Prática Jurídica, para representar os interesses do réu no processo penal, precisará de: 
• procuração outorgada pelo réu; ou 
• ato de nomeação judicial. 
 
O advogado integrante de Núcleo de Prática Jurídica, no que tange aos poderes de representação em juízo, não está dispensado 
de apresentar procuração ou ato de nomeação apud acta, haja vista que somente é equiparado à Defensoria Pública quanto à 
intimação pessoal dos atos processuais. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1199054/DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 07/06/2018. 
 
 
b) Defensor Público: é o integrante da Defensoria Pública da União, do DF e dos Estados, cuja função precípua é prestar 
assistência jurídica integral e gratuita àqueles que comprovarem insuficiência de recursos. 
 
DE OLHO NA JURIS! Defensoria Pública não precisa provar que o réu procurou a instituição para ser assistido 
A escolha do advogado é um direito do acusado, sendo nulo o julgamento no qual a Defensoria Pública peticiona nos autos 
informando que irá fazer a defesa do réu e esta petição é indeferida pelo juízo sob o argumento de que não houve comprovação 
de que o acusado procurou a Instituição. STF. 2ª Turma. HC 111532/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 7/8/2012. 
 
Comentários do julgado 
 
A situação foi a seguinte: 
“Pedro” estava respondendo a um processo criminal, sendo sua defesa realizada por um defensor dativo. “Pedro” foi absolvido 
em 1ª instância. O MP recorreu. 
“Pedro” procurou a Defensoria Pública e pediu que a Instituição fizesse sua assistência jurídica no recurso. 
A Defensoria protocolizou uma petição ao juízo informando haver assumido o patrocínio do réu. 
Ocorre que o pedido foi indeferido. O juiz argumentou que a Defensoria Pública não provou que o acusado solicitara assistência 
do órgão. Desse modo, determinou que a defesa continuasse a ser feita pelo defensor dativo. A Defensoria Pública não foi, 
contudo, nem intimada desta decisão. Ao ser julgado o recurso do MP, o Tribunal reformou a sentença absolutória e condenou o 
réu. 
A questão chegou até o STF por meio de habeas corpus impetrado pela Defensoria. 
 
O que decidiu a Corte? 
A 2ª Turma do STF anulou o julgamento do recurso e determinou que outro fosse realizado com a Defensoria Pública apresentando 
contrarrazões em favor do réu. 
Os dois principais argumentos utilizados na 2ª Turma foram os seguintes: 
· A escolha do advogado é um direito do acusado e esse direito não foi respeitado considerando que, apesar de o réu ter 
procuradoa Defensoria, o juiz determinou que ele continuasse sendo assistido pelo defensor dativo; 
· A Defensoria não foi intimada da decisão que inadmitiu seu ingresso no feito. Vale ressaltar que o STF possui entendimento 
pacífico no sentido de que a Defensoria Pública deve ser intimada, pessoalmente, dos atos processuais, o que não ocorreu. 
 
Dispensa de procuração para a Defensoria Pública 
Apesar de não ter sido mencionado no julgado, uma questão que merece ser ressaltada é que uma das prerrogativas dos 
Defensores Públicos é que eles representam a parte, em feitos administrativos ou judiciais, independentemente de mandato, 
ressalvados os casos para os quais a lei exija poderes especiais (arts. 44, XI, 88, XI e 128, XI, da LC 80/94). 
Em outras palavras, em regra, o Defensor Público não precisa de procuração para atuar em favor da parte, seja em processos 
administrativos ou judiciais. 
Exceção: somente será necessária procuração se o ato a ser praticado exigir poderes especiais (exs: ajuizar queixa-crime; formular 
arguição de falsidade documental). 
Para defender o réu em processo criminal, como no caso julgado, não era necessária procuração por parte do Defensor Público. 
Logo, foi ilegal a exigência formulada de que a Defensoria Pública provasse que o acusado solicitou a assistência do órgão. O 
Defensor Público quando vai a juízo na defesa de seu assistido não precisa provar de nenhum modo que o réu procurou a 
Instituição. Basta que o Defensor Público afirme que atua na defesa do assistido. Exigir comprovação seria o mesmo que, por via 
transversa, afirmar que seria necessária procuração, o que mitigaria a prerrogativa do membro da Defensoria Pública. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
56 
Em suma, quando Defensor Público apresenta uma petição em favor do réu ele não precisa, em regra, juntar procuração nem 
qualquer outro documento que comprove que o assistido procurou a Instituição. 
Dispensa de procuração para atuar como representante do assistente de acusação 
Em regra, o Defensor Público NÃO precisa de mandato (procuração) para representar a parte em processos administrativos 
ou judiciais. Isso está previsto na LC 80/94. Exceção: será necessária procuração se o Defensor Público for praticar algum dos 
atos para os quais a lei exige poderes especiais (exemplos: transigir, desistir, renunciar — art. 105 do CPC/2015). 
Se a vítima (ou seus sucessores) quiserem ingressar no processo criminal como assistente de acusação, será necessário que 
outorguem uma procuração ao Defensor Público para que este as represente em juízo? NÃO. Quando a Defensoria Pública 
atuar como representante do assistente de acusação, é DISPENSÁVEL a juntada de procuração com poderes especiais. O 
Defensor Público deve juntar procuração judicial somente nas hipóteses em que a lei exigir poderes especiais. Atuar como 
representante do assistente de acusação não é considerado um poder especial, não se exigindo procuração especial. 
A participação da Defensoria Pública como representante do assistente de acusação pode ser negada sob o argumento de que 
a vítima ou seus sucessores não são hipossuficientes (“pobres”)? NÃO. Compete à própria Defensoria o direito de apurar o 
estado de carência de seus assistidos. 
STJ. 5ª Turma. HC 293.979-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 5/2/2015 (Info 555). 
 
 
c) Defensor dativo: é aquele nomeado pelo juiz para o acusado que não tem advogado, para aquele que não tem condições de 
contratar um. ou para aquele que, embora possa constituir um advogado, deixa de fazê-lo. 
 
 Caso não haja Defensoria Pública na comarca (ou subseção judiciária), incumbe ao juiz a nomeação de advogado dativo 
para patrocinar a defesa do acusado. Afinal, segundo o art.261 do CPP, nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será 
processado ou julgado sem defensor. Todavia, o acusado que não for pobre será obrigado a pagar os honorários do defensor, 
arbitrados pelo juiz (art.263, parágrafo único, CPP). 
 
CPP, Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, 
nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. 
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. 
 
DE OLHO NA JURIS! As tabelas de honorários elaboradas unilateralmente pelos Conselhos Seccionais da OAB não vinculam o 
magistrado no momento de arbitrar o valor da remuneração a que faz jus o defensor dativo que atua no processo penal 
O STJ fixou 4 teses a respeito desse tema: 
1) As tabelas de honorários elaboradas unilateralmente pelos Conselhos Seccionais da OAB não vinculam o magistrado no 
momento de arbitrar o valor da remuneração a que faz jus o defensor dativo que atua no processo penal; servem como 
referência para o estabelecimento de valor que seja justo e que reflita o labor despendido pelo advogado. 
2) Nas hipóteses em que o juiz da causa considerar desproporcional a quantia indicada na tabela da OAB em relação aos 
esforços despendidos pelo defensor dativo para os atos processuais praticados, poderá, motivadamente, arbitrar outro valor. 
3) São, porém, VINCULATIVAS, quanto aos valores estabelecidos para os atos praticados por defensor dativo, as tabelas 
produzidas mediante acordo entre o Poder Público, a Defensoria Pública e a seccional da OAB. 
4ª) Dado o disposto no art. 105, parágrafo único, II, da Constituição da República, possui caráter vinculante a Tabela de 
Honorários da Justiça Federal, assim como tabelas similares instituídas, eventualmente, pelos órgãos competentes das Justiças 
dos Estados e do Distrito Federal, na forma dos arts. 96, I, e 125, § 1º, parte final, da Constituição da República. STJ. 3ª Seção. 
REsp 1656322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/10/2019 (Tema 984 – recurso repetitivo) (Info 659). 
 
Comentários do julgado 
 
O que é o “defensor dativo”? 
Defensor dativo é um advogado nomeado (designado) pelo juiz para o acusado que está respondendo a processo criminal sem a 
assistência de um advogado ou Defensor Público. 
O acusado pode estar sem advogado porque não tem condições de contratar um ou porque, mesmo sem ter condições, não o faz. 
Neste último caso, mesmo sendo uma “escolha” do acusado não contratar, esta opção não será válida, já que a defesa técnica 
feita por advogado ou Defensor Público é obrigatória no processo penal. 
 
Ampla defesa e contraditório 
A nomeação de um advogado dativo existe porque ninguém pode responder a um processo penal sem estar sendo assistido 
(auxiliado) por um advogado ou Defensor Público. 
Trata-se de uma garantia consagrada em tratados internacionais sobre direitos humanos, e também prevista em nossa 
Constituição Federal e no CPP: 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
57 
CF/88 
Art. 5º (...) 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
CPP 
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. 
 
O advogado que for nomeado pelo juiz como defensor dativo pode se recusar a exercer essa tarefa? 
Pode, mas desde que apresente um justo motivo para a recusa. 
Veja o que diz o art. 264 do CPP e o art. 34, XII, do Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) sobre o tema: 
 
Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, 
a prestar seu patrocínio aos acusados, quando nomeados pelo Juiz. 
 
Art. 34. Constitui infração disciplinar: 
(...) 
XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado em virtude de impossibilidade da Defensoria 
Pública; 
 
Defensor dativo só deve ser nomeado se não houver possibilidade de a Defensoria Pública atuar 
Vale ressaltar que a instituição que possui a missão constitucional de fazer a assistência jurídica das pessoas necessitadas é 
a DefensoriaPública, nos termos do art. 5º, inciso LXXIV c/c art. 134 da CF/88. 
Dessa forma, o juiz somente deverá designar um advogado como dativo se a Defensoria Pública estiver impossibilitada de atuar. 
Ex: não existe Defensor Público na cidade. 
O Estatuto da OAB afirma isso em dois dispositivos: no art. 34, XII (acima transcrito) e no art. 22, § 1º: 
 
Art. 22 (...) 
§1º O advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente necessitado, no caso de impossibilidade da Defensoria 
Pública no local da prestação de serviço, (...) 
 
Assim, segundo a ordem constitucional vigente, a atuação do defensor dativo é subsidiária à do Defensor Público. 
Norberto Avena faz a seguinte importante observação: 
“Na prática, hoje está bastante restrita a nomeação aleatória de advogados pelos juízes. Isso porque, em primeiro lugar, 
muitas comarcas contam com os serviços da Defensoria Pública, e, em segundo, porque, nos lugares em que não 
há Defensoria Pública organizada, normalmente há convênio entre a OAB ou Poder Judiciário e as Procuradorias-Gerais 
dos Estados, contemplando-se a relação de profissionais dispostos a aceitar a nomeação.” (AVENA, Norberto. Processo 
penal. 9ª ed., São Paulo: Método, 2017, p. 104). 
 
O advogado que for nomeado e atuar como defensor dativo receberá algum valor por isso? 
SIM. O Estatuto da OAB afirma que o Estado deverá pagar honorários advocatícios ao advogado que atuar como defensor dativo 
e que o valor desses horários será definido pela própria OAB: 
 
Art. 22. (...) 
§1º O advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente necessitado, no caso de impossibilidade da Defensoria 
Pública no local da prestação de serviço, tem direito aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho 
Seccional da OAB, e pagos pelo Estado. 
 
Assim, o juiz, no próprio processo, condena o Estado (Estado-membro ou União) a pagar os honorários advocatícios ao profissional 
que atuou como defensor dativo. Essa condenação é título executivo, que poderá ser executado pelo advogado: 
A sentença que fixa a verba honorária, em processo no qual atuou o defensor dativo, faz título executivo judicial certo, líquido 
e exigível, sendo de responsabilidade do Estado o pagamento da referida verba honorária, quando, na comarca, não 
houver Defensoria Pública. 
STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp n. 764.503/BA, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, DJe 19/2/2016. 
 
Tabela de honorários 
Conforme vimos acima, o art. 22, §1º da Lei nº 8.906/94 prevê que os Conselhos Seccionais da OAB deverão elaborar tabelas de 
honorários da advocacia dativa, ou seja, valores que os advogados deverão receber de acordo com os serviços que realizarem. 
Exemplos: 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
58 
Tabela de honorários da OAB/RO: 
• Participação do advogado em audiência de custódia: valor mínimo de honorários: R$ 1.000,00; 
• Defesa em procedimento comum (desde a denúncia até a publicação da sentença): R$ 6.576,15. 
Tabela de honorários da OAB/SE: 
• Participação em audiência admonitória: R$ 977,31; 
• Defesa técnica em procedimento comum de rito ordinário até sentença penal: R$ 7.818,52. 
 
Pergunta: o juiz está vinculado aos valores previstos na tabela aprovada pela OAB? Em outras palavras, o juiz está obrigado a 
condenar o Estado a pagar, no mínimo, aquele valor que foi fixado pela OAB? 
NÃO. O STJ, ao analisar o tema sob a sistemática dos recursos repetitivos, respondeu que não e definiu a seguinte tese: 
 
As tabelas de honorários elaboradas unilateralmente pelos Conselhos Seccionais da OAB não vinculam o magistrado no 
momento de arbitrar o valor da remuneração a que faz jus o defensor dativo que atua no processo penal; servem como 
referência para o estabelecimento de valor que seja justo e que reflita o labor despendido pelo advogado. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/10/2019 (Tema 984 – recurso repetitivo) (Info 
659). 
 
Veja abaixo os argumentos do STJ: 
 
Necessidade de compatibilizar a fixação dos honorários com a sustentabilidade das contas públicas 
Os gastos com pagamentos de honorários são suportados com o orçamento da Administração Pública. 
Sob esse enfoque, há que se compatibilizar a garantia da ampla defesa com a necessidade de controle dos gastos públicos. 
Deve-se, portanto, ter responsabilidade com os gastos públicos, levando-se em consideração a prevalência do interesse público 
sobre os interesses individuais. 
 
Tabela de honorários da OAB é um instrumento referencial (indicativo) 
A tabela de honorários elaborada pelas seccionais da OAB serve apenas como instrumento referencial ou consultivo, que auxilia 
o magistrado com a indicação de um parâmetro razoável, em consonância com as diretrizes previstas no Código de Processo Civil 
para fixação judicial dos honorários advocatícios. 
 
Ausência de uniformização dos critérios para a produção das tabelas de honorários 
Não há uniformidade nos critérios para a produção das tabelas fornecidas pelas diversas entidades representativas dos Estados, 
o que acaba resultando em indicação de valores díspares entre elas. Ou seja, para a prática de um mesmo ato processual 
específico, o valor a ser pago sofre considerável diferença entre as unidades da federação. 
Exemplificando: 
• para a defesa do réu em plenário do Tribunal do Júri, a tabela de honorários do Estado de Santa Catarina prevê o valor de R$ 
25.500,00. Na Paraíba, a tabela da OAB/PB prevê, para esse mesmo procedimento, o valor mínimo de R$ 6.000,00. 
• em Santa Catarina, para uma única impetração de habeas corpus perante o plantão é previsto o valor de R$ 11.000,00. Já no 
Estado do Amapá, para esse mesmo serviço, a tabela produzida pela Seccional indica o valor de R$ 5.000,00. 
Além disso, do confronto entre os valores indicados nas tabelas produzidas unilateralmente pela OAB com os subsídios mensais 
de um Defensor Público do Estado de Santa Catarina, constata-se total descompasso entre a remuneração por um mês de 
serviços prestados pelo Defensor Público e o que perceberia um advogado dativo, por atuação específica a um ou outro ato 
processual. 
 
Segundo argumenta o Min. Rogerio Schietti Cruz: 
“O que mais chama a atenção é que, se confrontarmos tais valores com a remuneração mensal de um Defensor Público do Estado 
de Santa Catarina – que era de R$ 10.500,00 até o ano passado e, neste ano, ao que tudo indica, gira em torno de R$ 17.000,00 –
, é possível se chegar a duas constatações: 1ª) é nítida a fragilidade da capacidade econômica desse ente federativo em relação 
aos demais estados, porquanto tal remuneração é uma das mais baixas entre as entidades congêneres e 2ª) a remuneração de 
um mês de serviços prestados pelo Defensor Público é suplantada pelo valor cobrado por uma única defesa em plenário do 
advogado dativo, o que, a meu juízo, não apenas avilta a função – absolutamente similar quanto ao serviço prestado – do defensor 
público, como contradiz o princípio da razoabilidade e da economicidade, notadamente porque envolve despesa pública 
suportada por entes federados.” 
 
A fixação dos honorários do defensor dativo não pode seguir a lógica do mercado 
Para o Min. Rogerio Schietti Cruz, não pode o advogado pretender transformar o múnus público da advocacia dativa em uma 
fonte principal de renda, ou, ao menos – se for essa sua intenção –, não pode, transversamente, deslocar todo o seu labor e 
respectiva remuneração para o setor público, que, obviamente, tem suas regras e seus limites. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
59 
Se um Defensor Público, concursado e limitado por regras inerentes ao funcionalismo público e a essa específica carreira, é 
remunerado mensalmente com um teto, independentemente do número de processos em que atua e atendimentos que realiza, 
como permitir que com algumas poucas petições um advogado obtenha rendimentos superiores ao equivalente a um mês de 
subsídios de um Defensor Público? 
A lógica a prevalecer, portanto, não é a “do mercado”, ou dos interesses profissionaisou privados, mas a lógica do Direito 
Público, porque, ao atuar como defensor dativo, o advogado age sob um múnus público, na defesa de hipossuficiente, 
sujeitando-se, pois, às limitações e princípios que informam qualquer atividade pública. 
O trabalho do advogado criminalista, se bem executado, exige dedicação intensa e esforços direcionados à pesquisa e estudo do 
caso concreto, assessoramento ao cliente, deslocamentos ao fórum e a outros locais, além de dispêndio de tempo para audiências, 
preparação e redação de petições etc. Tudo isso justifica, por evidente, uma remuneração digna, compatível com tal labor. 
Tal circunstância, porém, não pode ser traduzida como argumento ou justificativa para que se imponha, ao poder público, a 
observância rígida das tabelas de honorários produzidas unilateralmente pelas seccionais – sem participação, portanto, do Poder 
Público ou da sociedade civil –, nas quais se definam valores notoriamente incompatíveis para a realidade de nosso país e 
exorbitantes para o Erário. 
 
A parte final do §1º do art. 22 da Lei nº 8.904/94 foi declarada inconstitucional? 
NÃO. Segundo o STJ, o que houve foi apenas uma interpretação conforme a Constituição do art. 22, §1º do Estatuto da OAB. 
A utilização da expressão “segundo tabela organizada”, prevista no §1º do art. 22 do Estatuto da OAB, deve ser entendida como 
referencial, visto que não se pode impor à Administração o pagamento de remuneração com base em tabela produzida 
unilateralmente por entidade representativa de classe de natureza privada, como contraprestação de serviços prestados, fora das 
hipóteses legais de contratação pública. 
Já a expressão “não podendo ser inferiores”, contida no §2º, objetiva resguardar, no arbitramento de honorários, a pretensão do 
advogado particular que não ajustou o valor devido pela prestação dos serviços advocatícios. 
 
Veja novamente a redação deste art. 22: 
Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por 
arbitramento judicial e aos de sucumbência. 
§1º O advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente necessitado, no caso de impossibilidade da Defensoria 
Pública no local da prestação de serviço, tem direito aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho 
Seccional da OAB, e pagos pelo Estado. 
§2º Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados por arbitramento judicial, em remuneração compatível com o 
trabalho e o valor econômico da questão, não podendo ser inferiores aos estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho 
Seccional da OAB. 
(...) 
 
Juiz pode fixar valor diferente da tabela da OAB 
Assim, a tabela de honorários produzida pela OAB deve servir apenas como referencial, sem nenhum conteúdo vinculativo. Isso 
significa que: 
 
Nas hipóteses em que o juiz da causa considerar desproporcional a quantia indicada na tabela da OAB em relação aos esforços 
despendidos pelo defensor dativo para os atos processuais praticados, poderá, motivadamente, arbitrar outro valor. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/10/2019 (Tema 984 – recurso repetitivo) (Info 
659). 
 
Tabelas produzidas em conjunto pela Defensoria Pública, Poder Público e OAB 
Em alguns Estados, a Defensoria Pública, a Administração Pública e a OAB se reúnem e elaboram uma tabela de honorários 
específica para as condenações envolvendo defensor dativo. 
Nestes casos, o STJ afirmou que essa tabela terá caráter vinculante porque foi feita a partir de um acordo que envolveu também 
o Poder Público (que irá pagar as quantias): 
 
São vinculativas, quanto aos valores estabelecidos para os atos praticados por defensor dativo, as tabelas produzidas mediante 
acordo entre o Poder Público, a Defensoria Pública e a seccional da OAB. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/10/2019 (Tema 984 – recurso repetitivo) (Info 
659). 
 
Tabela de honorários da Justiça Federal é vinculante 
O Conselho da Justiça Federal (CJF) editou a Resolução nº 305/2014, que dispõe, dentre outros assuntos, sobre o pagamento de 
honorários a advogados dativos no âmbito da Justiça Federal e da jurisdição federal delegada. Essa Resolução, que não teve 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
60 
participação direta da OAB, traz os valores que deverão ser pagos aos advogados que atuarem como defensor dativo na Justiça 
Federal. 
Para o STJ, os valores fixados nesta tabela prevista na Resolução nº 305/2014 são vinculantes porque ela foi elaborada nos termos 
do art. 105, parágrafo único, II, da CF/88: 
Art. 105 (...) 
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: 
(...) 
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça 
Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter 
vinculante. (Incluído pela EC 45/2004) 
 
Se os Tribunais Estaduais elaborarem tabelas semelhantes a essa, também terão caráter vinculante, já que esses Tribunais 
possuem poder de auto-organização e autoadministração, na forma dos arts. 96, I e 125, § 1º da CF/88: 
Art. 96. Compete privativamente: 
I - aos tribunais: 
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias 
processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; 
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade 
correicional respectiva; 
(...) 
 
Art. 125 (...) 
§1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do 
Tribunal de Justiça. 
 
Dado o disposto no art. 105, parágrafo único, II, da Constituição da República, possui caráter vinculante a Tabela de Honorários 
da Justiça Federal, assim como tabelas similares instituídas, eventualmente, pelos órgãos competentes das Justiças dos Estados 
e do Distrito Federal, na forma dos arts. 96, I, e 125, § 1º, parte final, da Constituição da República. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/10/2019 (Tema 984 – recurso repetitivo) (Info 
659). 
 
Mudança de entendimento 
Vale ressaltar que a decisão acima constitui-se em mudança de entendimento, considerando que, até então, o STJ decidia que “o 
defensor dativo nomeado para atuar em feitos criminais tem direito à verba advocatícia a ser fixada em observância aos valores 
estabelecidos na tabela organizada pelo respectivo Conselho Seccional da Ordem dos Advogados” (AgRg no REsp n. 1.665.14/SC, 
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 15/8/2017). 
 
O tema acima tratava sobre processos penais. No entanto, indaga-se: nos processos de natureza cível, a tabela de honorários 
elaborada pela OAB também possui natureza meramente orientadora? 
SIM. Nesse sentido: 
A Tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB tem natureza orientadora, não vinculando o julgador, devendo ser ajustável 
à realidade fática de cada caso. 
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1347595/SE, Rel. Ministro Humberto Martins, DJe28/11/2012. 
Os valores praticados pela tabela de honorários da OAB devem ser considerados como parâmetro norteador da fixação de 
honorários advocatícios devidos a defensor dativo, não podendo serem adotados como dispositivos de aplicação compulsória. 
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp n. 1.740.720/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe 27/8/2018. 
 
A Tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB tem natureza meramente orientadora, não vinculando o julgador, devendo 
ser levado em consideração a realidade do caso concreto. 
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp n. 1.209.432/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 26/9/2018. 
 
 
d) Defensor ad hoc (ou substituto): é aquele nomeado pelo juiz apenaspara um determinado ato processual, quando o 
defensor a ele não comparecer sem motivo justificado, a despeito de ter sido notificado para o ato. 
 
 Segundo o art.265, §§1º e 2º do CPP, a audiência poderá ser adiada, por motivo justificado, o defensor não puder 
comparecer. Ainda segundo o CPP, incumbe defensor provar o impedimento até a abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz 
não determinará o adiamento de ato algum do processo, devendo nomear defensor substituto. 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
61 
CPP, Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo* senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob 
pena de multa* de 10 a 100 salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. 
§1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor não puder comparecer. 
§2o Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará o 
adiamento de ato algum* do processo, devendo nomear defensor substituto, ainda que provisoriamente ou só para o efeito do 
ato. 
 
 * Quanto à realização dos atos processuais com a presença de defensor ad hoc, em virtude da ausência injustificada do 
defensor, especial atenção deve ser dispensada à natureza desse ato. Explica-se: em se tratando de mera oitiva de testemunhas, 
a nomeação de defensor ad hoc não trará qualquer prejuízo ao acusado. Porém, se o ato em questão exigir conhecimento 
pormenorizado da imputação e da prova constante dos autos, é evidente que a defesa técnica não poderá ser exercida por 
defensor ad hoc, sob pena de violação à ampla defesa, com a consequente nulidade absoluta do feito. 
 
 * Em sua atuação na defesa dos hipossuficientes, o Defensor Público exerce múnus público em nome da DP. Por 
consequência, eventuais sanções aplicadas aos seus membros com base no art.265 do CPP, a exemplo daquela decorrente do 
abandono do plenário do júri, devem ser suportadas pela instituição, sem prejuízo de eventual ação regressiva. 
 
* DE OLHO NA JURIS! O fato de o juiz aplicar a multa prevista no art. 265 do CPP contra o advogado ou Defensor Público não 
viola a autonomia da OAB e da Defensoria Pública 
O fato de o juiz aplicar a multa prevista no art. 265 do CPP contra o advogado ou Defensor Público viola a autonomia da OAB 
e da Defensoria Pública, que têm a competência legal de impor sanções contra infrações disciplinares de seus membros? 
NÃO. A punição do advogado, nos termos do art. 265 do CPP, não entra em conflito com sanções aplicáveis pelos órgãos a que 
estão vinculados os causídicos, uma vez que estas têm caráter administrativo, e a multa do Código de Processo Penal tem 
caráter processual. As instâncias judicial-penal e administrativa são independentes. Além disso, o próprio texto da norma 
ressalva a possibilidade de aplicação de outras sanções. O reconhecimento de que os advogados, membros do Ministério 
Público e da Defensoria Pública exercem funções essenciais à Justiça não lhes outorga imunidade absoluta. STJ. 5ª Turma. 
RMS 54.183-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/08/2019 (Info 658). 
 
Comentários do julgado 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
No dia 15/03 seria realizado, no plenário do júri, o julgamento de Pedro, acusado de homicídio qualificado. 
Pedro estava sendo assistido juridicamente pela Defensoria Pública. 
Quem atuava mais diretamente no seu caso era o Defensor Público João. 
Ao ser aberta a sessão do júri, João formulou requerimento à Juíza-Presidente pedindo o adiamento do júri considerando que 
uma das testemunhas arroladas pela defesa não compareceu. 
A magistrada indeferiu o pedido sob o argumento de que essa testemunha foi arrolada sem o caráter de imprescindibilidade. 
Logo, não seria o caso de adiamento, nos termos do art. 461 do CPP: 
 
Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a sua 
intimação por mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste Código, declarando não prescindir do depoimento e 
indicando a sua localização. 
 
Diante disso, o Defensor Público, alegando que houve cerceamento de defesa, decidiu abandonar o plenário do Júri. 
Como o réu ficou sem defesa técnica, a Juíza proferiu decisão remarcando a sessão do júri e aplicando, contra o Defensor Público, 
multa de 10 salários-mínimos, por abandono do processo, nos termos do art. 265 do CPP: 
 
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de 
multa de 10 a 100 salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. 
 
O Defensor Público-Geral impetrou, no TJ, mandado de segurança. O TJ manteve a decisão e houve a interposição de recurso 
ao STJ. 
Vamos analisar alguns aspectos jurídicos deste interessante tema. 
 
Em primeiro lugar, cumpre perguntar: o art. 265 do CPP é compatível com o contraditório e a ampla defesa assegurados 
constitucionalmente? 
SIM. 
O STJ firmou entendimento pela constitucionalidade do art. 265 do CPP, cuja aplicação não acarreta ofensa ao contraditório e à 
ampla defesa, mas representa, isto sim, estrita observância do regramento legal. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
62 
O não comparecimento de advogado a audiência sem apresentar prévia ou posterior justificativa plausível para sua ausência, 
pode ser qualificado como abandono de causa que autoriza a imposição da multa prevista no art. 265 do CPP. 
STJ. 5ª Turma. AgInt no RMS 58.366/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 19/03/2019. 
 
A conduta do advogado ou Defensor Público de abandonar o plenário do Júri (como estratégia de defesa) pode configurar 
abandono do processo, ensejando a multa do art. 265 do CPP? 
 
 
ABANDONO DO JÚRI PODE CONFIGURAR ABANDONO DO PROCESSO (ART. 265 DO CPP)? 
SIM NÃO 
A 5ª Turma do STJ tem rechaçado a postura de abandonar o 
plenário do Júri como tática da defesa, considerando se tratar 
de conduta que configura, sim, abandono processual, apto, 
portanto, a atrair a aplicação da multa do art. 265 do CPP. 
STJ. 5ª Turma. RMS 54.183-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. 
Acd. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
13/08/2019 (Info 658). 
Não constitui a hipótese do art. 265 do Código de Processo 
Penal o abandono de ato processual pelo defensor do réu se 
este permaneceu na causa, tendo, inclusive, atuado nos atos 
subsequentes. 
 
STJ. 6ª Turma. RMS 51.511/SP, Rel. Acd. Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 22/08/2017. 
 
O fato de o juiz aplicar a multa prevista no art. 265 do CPP contra o advogado ou Defensor Público viola a autonomia da OAB 
e da Defensoria Pública, que têm a competência legal de impor sanções contra infrações disciplinares de seus membros? 
NÃO. 
 
A punição do advogado, nos termos do art. 265 do CPP, não entra em conflito com sanções aplicáveis pelos órgãos a que estão 
vinculados os causídicos, uma vez que estas têm caráter administrativo, e a multa do Código de Processo Penal tem caráter 
processual. 
As instâncias judicial-penal e administrativa são independentes. 
Além disso, o próprio texto da norma ressalva a possibilidade de aplicação de outras sanções. 
O reconhecimento de que os advogados, membros do Ministério Público e da Defensoria Pública exercem funções essenciais à 
Justiça não lhes outorga imunidade absoluta. 
STJ. 5ª Turma. RMS 54.183-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/08/2019 (Info 
658). 
 
No caso concreto, a justificativa apresentada pelo Defensor Público para abandonar o júri é legítima? 
NÃO. 
 
O abandono do Tribunal do Júri se deu em virtude de alegado cerceamento de defesa, uma vez que a Magistrada indeferiu o 
pedido de adiamento da sessão, em razão do não comparecimento de testemunha, e indeferiu o pedido de oitiva de 
testemunha referida. 
Contudo, como é de conhecimento, o art. 461, caput, do CPP dispõe que o julgamento não será adiado se a testemunha deixar 
de comparecer, salvose uma das partes tiver requerido sua intimação com cláusula de imprescindibilidade, o que não era o 
caso. 
Da mesma forma, o art. 400, §1º, do CPP autoriza o juiz a indeferir as provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou 
protelatórias. 
Nesse contexto, estando devidamente fundamentado o indeferimento do pleito da defesa, nos estritos termos da lei, 
considerou-se que a justificativa apresentada pelo Defensor Público não revela motivo imperioso para abandono do Plenário 
do Júri. 
Existem meios processuais próprios para que a defesa possa se insurgir contra o indeferimento de seus pleitos, motivo pelo 
qual não se pode considerar como legítima a conduta praticada. 
STJ. 5ª Turma. RMS 54.183-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/08/2019 (Info 
658). 
 
A multa do art. 265 do CPP deve ser aplicada contra o Defensor Público ou contra a Defensoria Pública? 
Contra a Defensoria Pública. 
O Defensor Público atua institucionalmente, não sendo razoável responsabilizá-lo pessoalmente se atuou em sua condição de 
agente presentante do órgão da Defensoria Pública. 
Assim, as sanções aplicadas aos seus membros, nesse contexto, devem ser suportadas pela instituição, sem prejuízo de eventual 
ação regressiva, acaso verificado excesso nos parâmetros ordinários de atuação profissional, com abuso do direito de defesa: 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
63 
A multa por abandono do plenário do júri por defensor público, com base no art. 265 do CPP, deve ser suportada 
pela Defensoria Pública, sem prejuízo de eventual ação regressiva. 
STJ. 5ª Turma. RMS 54.183-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/08/2019 (Info 
658). 
 
 
e) Defensor curador: é aquele nomeado ao índio não adaptado, assim como ao acusado após a instauração do incidente de 
insanidade mental. Nestes casos, há necessidade de nomeação de curador ao acusado, sendo que a doutrina e jurisprudência 
entendem que este encargo deve recair sobre o próprio defensor do acusado. 
 
 Obs: quanto ao curador de que trata o art.262 do CPP para o acusado menor de 21 anos, é firme o entendimento de 
que tal dispositivo foi revogado tacitamente pelo art.5º do CC, que fixou a maioridade aos 18 anos. 
 
CPC, Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. 
 
 
ESPÉCIES DE DEFENSOR 
DEFENSOR 
CONSTITUÍDO 
DEFENSOR PÚBLICO DEFENSOR DATIVO DEFENSOR AD HOC 
(ou SUBSTITUTO) 
DEFENSOR CURADOR 
É o advogado que foi 
constituído pelo 
acusado para 
patrocinar sua defesa 
técnica no processo 
penal. A constituição é 
feita, pele menos em 
regra, por 
instrumento de 
procuração. 
 
É o integrante da 
Defensoria Pública da 
União, do DF e dos 
Estados, cuja função 
precípua é prestar 
assistência jurídica 
integral e gratuita 
àqueles que 
comprovarem 
insuficiência de 
recursos. 
 
É aquele nomeado 
pelo juiz para o 
acusado que não tem 
advogado, para 
aquele que não tem 
condições de 
contratar um. ou para 
aquele que, embora 
possa constituir um 
advogado, deixa de 
fazê-lo. 
É aquele nomeado 
pelo juiz apenas para 
um determinado ato 
processual, quando o 
defensor a ele não 
comparecer sem 
motivo justificado, a 
despeito de ter sido 
notificado para o ato. 
 
É aquele nomeado ao 
índio não adaptado, 
assim como ao 
acusado após a 
instauração do 
incidente de 
insanidade mental. 
Nestes casos, há 
necessidade de 
nomeação de curador 
ao acusado, sendo que 
a doutrina e 
jurisprudência 
entendem que este 
encargo deve recair 
sobre o próprio 
defensor do acusado. 
 
 
 
2. Defensoria Pública 
 
 Para Renato Brasileiro, a CF outorga à Defensoria Pública apenas a defesa de investigados e acusados que não possuam 
condições financeiras para contratar um advogado. 
 Nesse contexto, a apreciar Ação Direta de Inconstitucionalidade, o STF já teve a oportunidade de declarar 
inconstitucional norma estadual que atribuía à Defensoria Pública do Estado a defesa de servidores públicos estaduais 
processados civil ou criminalmente, em razão do regular exercício da função. 
 Quanto ao acusado abastado que se negar a contratar advogado, como este não pode ser processado criminalmente 
sem defesa técnica (art.261, CPP), e como não é possível a atuação da DP, a solução passa pela nomeação de defensor dativo. 
 Nada impede o exercício de funções acusatórias pela DP. Logo, desde que se trate de pessoa necessitada, é 
perfeitamente possível que um ofendido em um crime de ação penal privada procure a DP para fins de ajuizamento da 
respectiva ação penal privada. Também se revela possível a assistência jurídica da DP para atuação como representante do 
assistente de acusação (arts.168 e seguintes do CPP). 
 
 
3. Outros dispositivos legais do CPP 
 
CPP, Art. 261. NENHUM ACUSADO, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado SEM DEFENSOR. 
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por DEFENSOR PÚBLICO ou DATIVO, será sempre exercida através de 
manifestação FUNDAMENTADA. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
64 
 Defesa meramente formal, que se limita a um pedido vago e genérico de absolvição, desprovido de qualquer 
fundamentação, caracteriza-se como verdadeira ausência de defesa, acarretando a anulação do feito, nos termos da Súmula 
523 do STF. 
 
 
Súmula 523-STF 
Súmula 523-STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver 
prova de prejuízo para o réu. 
 
FALTA de defesa à Nulidade ABSOLUTA 
DEFICIÊNCIA da defesa à Nulidade RELATIVA 
 
Em caso de atuação vaga e genérica por parte do defensor, recai sobre o Ministério Público e sobre o juiz o dever de 
fiscalizar a atuação defensiva do advogado, evitando-se, assim, possível caracterização de nulidade absoluto do feito, por 
violação à ampla defesa. 
 
 
DE OLHO NA JURIS! Juiz pode designar Defensor Público para réu hipossuficiente mesmo sem sua prévia solicitação 
Não afronta o princípio da inércia da jurisdição a decisão do Juízo penal que determina seja designado Defensor Público para 
réu hipossuficiente economicamente, sem sua prévia solicitação. Isso porque o dever do magistrado de zelar pela regularidade 
do andamento do processo, com o fim de evitar nulidade processual, manifesta-se de forma mais destacada no bojo do 
processo penal, quando voltado para a verificação da efetiva obediência às garantias constitucionais do devido processo legal 
substantivo e do direito ao contraditório e à ampla defesa do réu que não está devidamente representado e/ou não tem 
condições financeiras de constituir um patrono. STJ. 5ª Turma. RMS 59413-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado 
em 07/05/2019 (Info 648). 
No mesmo sentido, determina o CPP: Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado 
sem defensor. 
 
 
CPP, Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defensores os parentes do juiz. à nos termos do art.267, são 
“parentes” do juiz: o cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o 3º grau do magistrado. 
 
 
4. Entendimentos jurisprudenciais 
 
4.1. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
 
Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de 
depoimentos orais na fase de inquérito policial 
Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito 
policial. Não haverá nulidade dos atos processuais caso essa intimação não ocorra. O inquérito policial é um procedimento 
informativo, de natureza inquisitorial, destinado precipuamente à formação da opinio delicti do órgão acusatório. Logo, no 
inquérito há uma regular mitigação das garantias do contraditório e da ampla defesa. Esse entendimento justifica-se porque os 
elementos de informação colhidos no inquérito não se prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal. A Lei nº 
13.245/2016 implicou um reforço das prerrogativas da defesa técnica, sem, contudo,conferir ao advogado o direito subjetivo 
de intimação prévia e tempestiva do calendário de inquirições a ser definido pela autoridade policial. STF. 2ª Turma. Pet 
7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (Info 933). 
 
 
4.2. PRAZOS 
 
MP não tem direito a prazo em dobro no processo penal 
O prazo para interposição de AGRAVO REGIMENTAL NO STF, em PROCESSOS CRIMINAIS, é de 5 DIAS CORRIDOS (não são dias 
úteis, como no CPC). 
O MP e a Defensoria Pública possuem prazo em dobro para interpor esse agravo? 
• MP: NÃO. Em matéria penal, o Ministério Público não goza da prerrogativa da contagem dos prazos recursais em dobro. Logo, 
o prazo para interposição de agravo pelo Estado-acusador em processo criminal é de 5 dias. 
• Defensoria Pública: SIM. Mesmo em matéria penal, são contados em dobro todos os prazos da Defensoria Pública. Logo, o 
prazo para a Defensoria Pública interpor agravo regimental é de 10 dias. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
65 
STF. 1ª Turma. HC 120275/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/5/2018 (Info 902). 
 
Comentários do julgado 
 
Poderes do Relator 
Quando um recurso ou uma ação originária chega ao Tribunal, é sorteado um magistrado para exercer a função de Relator deste 
processo. 
O Relator examina o recurso antes dos demais magistrados e elabora um relatório e um voto que serão levados ao colegiado para 
que os demais juízes (em sentido amplo) decidam se concordam ou não com as conclusões do Relator. 
Ocorre que, antes mesmo de elaborar o voto, o Relator tem poderes para, sozinho, ou seja, de forma monocrática, tomar uma 
série de medidas e decisões. 
O Relator poderá, por exemplo, monocraticamente, não conhecer do recurso que seja inadmissível, prejudicado ou que não tenha 
impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida. 
Os poderes do Ministro Relator no STJ estão descritos no art. 34 do RISTJ e os do STF no art. 21 do RISTF. 
 
Qual é o recurso que a parte prejudicada poderá interpor contra a decisão do Ministro Relator do STF ou STJ que, 
monocraticamente, decide de forma contrária aos seus interesses no processo de natureza criminal? 
Agravo regimental. 
 
Qual é o prazo deste agravo em processos de natureza criminal? 
Com a entrada em vigor do CPC/2015, surgiu a seguinte dúvida/divergência: 
 
1ª corrente: 15 dias 2ª corrente: 5 dias 
Aplica-se o art. 1.070 do CPC/2015: 
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá 
agravo interno para o respectivo órgão colegiado, 
observadas, quanto ao processamento, as regras do 
regimento interno do tribunal. 
(...) 
Art. 1.070. É de 15 (quinze) dias o prazo para a interposição 
de qualquer agravo, previsto em lei ou em regimento interno 
de tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão 
unipessoal proferida em tribunal. 
O art. 1.070 do novo CPC não se aplica aos processos de 
natureza criminal (ações originárias ou recursos) que tramitam 
no STF e STJ. Isso porque existe previsão específica no art. 39 da 
Lei nº 8.038/90, que não foi derrogado: 
 
Art. 39. Da decisão do Presidente do Tribunal, de Seção, de 
Turma ou de Relator que causar gravame à parte, caberá agravo 
para o órgão especial, Seção ou Turma, conforme o caso, no 
prazo de cinco dias. 
 
O STF e o STJ adotaram a 2ª corrente, ou seja, o prazo do agravo regimental nos processos de natureza criminal que tramitam 
nestes Tribunais continua sendo de 5 dias. 
 
O CPC/2015 previu que os prazos devem ser contados somente em dias úteis (art. 219). Esta regra vale também para o agravo 
regimental nos processos criminais? O prazo de 5 dias do agravo deverá ser contado em dias úteis? 
NÃO. Não se aplica o art. 219 do CPC/2015 (que prevê a contagem dos prazos em dias úteis) considerando que existe regra 
específica no processo penal determinando que todos os prazos serão contínuos, não se interrompendo por férias, domingo ou 
dia feriado (art. 798 do CPP). 
 
Isso significa que: 
O agravo interposto contra decisão monocrática do Ministro Relator no STF e STJ, em recursos ou ações originárias que versem 
sobre matéria penal ou processual penal NÃO obedece às regras no novo CPC. Isso significa que: 
• o prazo deste agravo é de 5 dias, nos termos do art. 39 da Lei nº 8.038/90 (não se aplicando o art. 1.070 do CPC/2015); 
• este prazo é contado em dias corridos, conforme prevê o art. 798 do CPP (não se aplicando a regra da contagem em dias úteis 
do art. 219 do CPC/2015). 
STF. Decisão monocrática. HC 134554 Rcon, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 10/06/2016 (Info 830). 
STJ. 3ª Seção. AgRg na Rcl 30.714/PB, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/04/2016. 
 
No processo PENAL, o MP e a Defensoria Pública possuem algum benefício de prazo? 
• MP: NÃO. Em matéria penal, o Ministério Público não goza da prerrogativa da contagem dos prazos recursais em dobro. STJ. 3ª 
Seção. AgRg no EREsp 1.187.916-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 27/11/2013 (Info 533). 
• Defensoria Pública: SIM. Também em matéria penal, são contados em dobro todos os prazos da Defensoria Pública (STJ. AgRg 
no AgRg no HC 146.823, julgado em 03/09/2013). 
 
No processo CIVIL, o MP e a Defensoria Pública possuem algum benefício de prazo? 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
66 
Contam-se em dobro todos os seus prazos (arts. 180 e 186 do CPC/2015). 
 
O MP E A DEFENSORIA PÚBLICA POSSUEM PRAZO EM DOBRO? 
Processo PENAL Processo CIVIL 
MP: NÃO 
Defensoria: SIM MP e Defensoria: SIM 
 
Como foi cobrado em concursos: 
“A respeito dos prazos no processo penal, assinale a opção correta. Ao Ministério Público e à Defensoria Pública, por serem órgãos 
estatais, fazem jus a prazo em dobro para a interposição de recurso e em quádruplo para a contestação”. 
(Defensor Público-RR – CESPE – 2013 – Falso). 
 
“Quanto à fluência dos prazos no processo penal, assinale a opção correta.Tanto para o MP quanto para a defensoria pública, os 
prazos contam-se em dobro”. 
(Delegado de Polícia-MT – CESPE – 2017 – Falso). 
 
Resumindo: 
O prazo para interposição de agravo regimental no STF, em processos criminais, é de 5 dias corridos (não são dias úteis, como 
no CPC). 
O MP e a Defensoria Pública possuem prazo em dobro para interpor esse agravo? 
• MP: NÃO. Em matéria penal, o Ministério Público não goza da prerrogativa da contagem dos prazos recursais em dobro. Logo, 
o prazo para interposição de agravo pelo Estado-acusador em processo criminal é de 5 dias. 
• Defensoria Pública: SIM. Mesmo em matéria penal, são contados em dobro todos os prazos da Defensoria Pública. Logo, o 
prazo para a Defensoria Pública interpor agravo regimental é de 10 dias. 
STF. 1ª Turma. HC 120275/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/5/2018 (Info 902). 
 
 
4.3. INTIMAÇÕES 
 
 A intimação da Defensoria somente se aperfeiçoa com a remessa dos autos mesmo que o Defensor esteja presente na 
audiência na qual foi proferida a decisão 
A LC 80/94 (Lei Orgânica da Defensoria Pública) prevê, como uma das prerrogativas dos Defensores Públicos, que eles devem 
receber intimação pessoal (arts. 44, I, 89, I e 128, I). 
Se uma decisão ou sentença é proferida pelo juiz na própria audiência, estando o Defensor Público presente, pode-se dizer 
que ele foi intimado pessoalmente naquele ato ou será necessário ainda o envio dos autos à Defensoria para que a intimação 
se torne perfeita? Para que a intimação pessoal do Defensor Público se concretize, será necessária ainda a REMESSA DOS 
AUTOS À DEFENSORIA PÚBLICA. A intimação da Defensoria Pública, a despeito da presença do defensor na audiência de leitura 
da sentença condenatória, somente se aperfeiçoa com sua intimação pessoal, mediante a remessa dos autos. Assim, a data da 
entrega dos autos na repartição administrativa da Defensoria Pública é o termo inicial da contagem do prazo para 
impugnação de decisão judicial pela instituição, independentemente de intimação do ato em audiência. STJ. 3ª Seção. HC 
296759-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/8/2017 (Info 611). STF. 2ª Turma. HC 125270/DF, Rel.Min. Teori 
Zavascki, julgado em 23/6/2015 (Info 791). 
 
Comentários do julgado 
 
Intimação pessoal dos Defensores Públicos 
A Lei Complementar n.° 80/94 (Lei Orgânica da Defensoria Pública) prevê, como uma das prerrogativas dos Defensores Públicos, 
que eles devem receber intimação pessoal (arts. 44, I, 89, I e 128, I). 
Até aí tudo bem. Não há qualquer dúvida. A pergunta mais interessante vem agora: 
 
Se uma decisão ou sentença é proferida pelo juiz na própria audiência, estando o Defensor Público presente, pode-se dizer que 
ele foi intimado pessoalmente naquele ato ou será necessário ainda o envio dos autos à Defensoria para que a intimação se 
torne perfeita? 
Para que a intimação pessoal do Defensor Público se concretize, será necessária ainda a remessa dos autos à Defensoria Pública. 
 
A intimação da Defensoria Pública, a despeito da presença do defensor na audiência de leitura da sentença condenatória, 
somente se aperfeiçoa com sua intimação pessoal, mediante a remessa dos autos. 
STF. 2ª Turma. HC 125270/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/6/2015 (Info 791). 
 
 
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A data da entrega dos autos na repartição administrativa da Defensoria Pública é o termo inicial da contagem do prazo para 
impugnação de decisão judicial pela instituição, independentemente de intimação do ato em audiência. 
STJ. 3ª Seção. HC 296.759-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/8/2017 (Info 611). 
Exemplo: 
João foi condenado pelo juiz em sentença proferida na própria audiência, fato ocorrido dia 02/02/2015. 
O Defensor Público que fazia sua assistência jurídica estava presente no ato. 
Em 03/03/2015, os autos do processo foram remetidos à Defensoria Pública que, no dia seguinte, apresentou recurso de apelação. 
O Tribunal julgou a apelação intempestiva sob o argumento de que o prazo para o recurso se iniciou no dia da audiência. 
Não agiu corretamente o Tribunal. 
Segundo a jurisprudência do STF e do STJ, mesmo que o Defensor Público esteja presente na audiência, para que a sua intimação 
pessoal se aperfeiçoe é indispensável a remessa dos autos à instituição. 
 
Segundo afirmou o Min. Teori Zavaski: 
“Considerar intimado o defensor público pela presença na audiência de leitura da sentença condenatória, sem a ulterior remessa 
dos autos, acaba por esvaziar o direito primordial do paciente à ampla e efetiva defesa. Nessa perspectiva, há de se oferecer 
condições e facilidades, asseguradas por lei, à preparação das teses defensivas.” 
 
O entendimento acima explicado vale também para processos cíveis? Ex: se, em uma ACP, o juiz profere uma decisão em 
audiência na qual o Defensor Público está presente, será necessária remessa dos autos ao Parquet para que se inicie o prazo 
recursal? 
Ainda não há uma certeza sobre o tema, mas, para fins de prova objetiva, prevalece que não. Isso porque o CPC/2015 previu o 
seguinte: 
 
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia 
Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. 
§1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a decisão. 
 
 
Intimação da Defensoria Pública quanto ao julgamento do habeas corpus 
A intimação pessoal da Defensoria Pública quanto à data de julgamento de habeas corpus só é necessária se houver pedido 
EXPRESSO para a realização de sustentação oral. STF. 2ª Turma. HC 134.904/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/9/2016 
(Info 839). 
 
Comentários do julgado 
A defesa precisa ser intimada da data em que o Tribunal irá julgar o habeas corpus por ela impetrado? Ex: a Defensoria 
Pública impetrou habeas corpus em favor de um assistido; o Tribunal marcou o dia 12/12 para julgar o writ; é necessário 
intimar o Defensor Público? 
Depende: 
· Se o Defensor Público requereu a realização de sustentação oral: SIM (será necessária a intimação). 
· Se não houve requerimento de sustentação oral: NÃO (não será necessária a intimação). 
 
(...) Conquanto inexista previsão legal ou regimental da intimação da pauta de julgamento do habeas corpus, que, dado o seu rito 
célere, é apresentado em mesa pelo Relator, em havendo manifestação expressa do impetrante no sentido de ser comunicado 
da sessão em que o feito será levado à apreciação do Colegiado, com o fim de proferir sustentação oral, configura cerceamento 
de defesa e constrangimento ilegal a realização do julgamento sem a prévia intimação da defesa (Precedentes desta Corte 
Superior e do STF). (...) 
STJ. 5ª Turma. HC 309.191/PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 06/10/2015. 
 
(...) O julgamento do habeas corpus, em razão de seu rito sumário, independe de pauta ou qualquer outro tipo de comunicação 
ao advogado do paciente, sendo o processo colocado em mesa para julgamento, salvo se houver pedido expresso de intimação 
ou ciência prévia para expor oralmente ao colegiado as razões da impetração, o que não ocorreu nos autos. (...) 
STJ. 6ª Turma. RHC 27.528/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 27/10/2015. 
 
(...) Por não depender de pauta, a jurisprudência desta Corte tem acolhido a tese de que somente haverá nulidade do 
julgamento de habeas corpus, por ausência de comunicação prévia, quando a defesa requerer que seja cientificada da data do 
julgamento. Assim, ausente requerimento de sustentação oral, não há falar em cerceamento de defesa. (...) 
STF. 2ª Turma. RHC 124313, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/03/2015. 
 
 
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Não havendo pedido de sustentação oral da Defensoria Pública, a falta de intimação para a sessão de julgamento não suprime o 
direito da defesa do Recorrente de comparecer para efetivar essa sustentação. 
STF. 2ª Turma. RHC 116173, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 20/08/2013. 
 
Resumindo: 
A intimação pessoal da Defensoria Pública quanto à data de julgamento de habeas corpus só é necessária se houver pedido 
expresso para a realização de sustentação oral. 
STF. 2ª Turma. HC 134.904/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/9/2016 (Info 839). 
 
Obs: existe um precedente da 1ª Turma do STF no qual o Min. Roberto Barroso sustentou que a intimação da Defensoria Pública 
a respeito da data de julgamento do HC seria indispensável mesmo que ela não tivesse formulado requerimento de sustentação 
oral: STF. 1ª Turma. RHC 117029, Rel. Min. Dias Toffoli, Rel. p/ Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 17/11/2015. Divulgo 
este acórdão apenas para fins de conhecimento, mas a posição majoritária foi aquela acima explicada. 
 
 
E no caso de APELAÇÃO? É necessário intimar a defesa do dia em que será julgada a apelação? 
SIM. É indispensável a intimação sobre o dia em que será julgada a apelação, considerando que é direito da defesa acompanhar, 
se quiser, o julgamento, podendo, inclusive, antes de serem proferidos os votos, fazer sustentação oral. Assim, o defensor do 
réu deve ser intimado da data marcada para julgamento da apelação criminal. Há, inclusive, uma súmula nesse sentido: 
 
Súmula 431-STF: É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou publicação da pauta, 
salvo em habeas-corpus. 
 
Como é feita essa intimação? 
· Se for DEFENSOR PÚBLICO ou DATIVO: essa intimação deverá ser PESSOAL. 
· Se for defensor constituído: essa intimação pode ser por meio de publicação no órgão oficial de imprensa. 
 
A falta de intimação pessoal do advogado nomeado pelo próprio réu acerca da data do julgamento do recurso não consubstancia 
nulidade processual. Somente se exige intimação pessoal para o defensor público ou defensor dativo (STJ. 5ª Turma. HC 187.757-
SP, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 22/5/2012). 
 
 
Ausência de intimação pessoal da Defensoria Pública deverá ser alegada na primeira oportunidade, sob pena de preclusão 
A não observância da intimação pessoal da Defensoria Pública deve ser impugnada IMEDIATAMENTE, na primeiraoportunidade processual, sob pena de preclusão. No caso concreto, a Defensoria Pública não foi intimada pessoalmente do 
dia de julgamento da apelação. No entanto, apesar de a Defensoria Pública ter oposto embargos de declaração contra o 
acórdão, nada falou sobre esse vício, só suscitando tal alegação no momento em que interpôs recuso especial. O STF 
entendeu que houve preclusão. STF. 2ª Turma. HC 133476, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 14/6/2016 (Info 830). 
 
 
4.4. AÇÃO CIVIL EX DELICTO 
 
Ilegitimidade do MP e necessidade de prévia intimação da Defensoria Públicaa 
O reconhecimento da ilegitimidade ativa do Ministério Público para, na qualidade de substituto processual de menores 
carentes, propor ação civil pública ex delicto, SEM A ANTERIOR INTIMAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA para tomar ciência da 
ação e, sendo o caso, assumir o polo ativo da demanda, configura violação ao art. 68 do CPP. Antes de o magistrado 
reconhecer a ilegitimidade ativa do Ministério Público para propor ação civil ex delicto, é indispensável que a Defensoria 
Pública seja intimada para tomar ciência da demanda e, sendo o caso, assumir o polo ativo da ação. STJ. 4ª Turma. REsp 
888081-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 15/9/2016 (Info 592). 
 
Comentários do julgado 
 
Efeitos da sentença 
A sentença penal condenatória, depois de transitada em julgado, produz diversos efeitos. 
Um dos efeitos é que a condenação gera a obrigação do réu de reparar o dano causado: 
Código Penal 
Art. 91. São efeitos da condenação: 
I — tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; 
 
 
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A sentença condenatória, inclusive, constitui-se em título executivo judicial: 
Código de Processo Civil 
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: 
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; 
 
Assim, a vítima (ou seus sucessores), de posse da sentença que condenou o réu, após o seu trânsito em julgado, dispõe de um 
título que poderá ser executado no juízo cível para cobrar o ressarcimento pelos prejuízos sofridos em decorrência do crime. 
Veja o que diz o CPP: 
 
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da 
reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. 
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do 
inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. 
 
Ação de execução ex delicto (art. 63 do CPP) 
DEPOIS QUE TRANSITAR EM JULGADO, poderá ser proposta, no juízo cível, a execução da sentença penal condenatória, na qual 
o pedido será para que o condenado seja obrigado a reparar os danos causados à vítima (art. 63 do CPP). Isso é chamado de ação 
de execução ex delicto. 
 
Ação civil ex delicto (art. 64 do CPP) 
MESMO QUE A SENTENÇA PENAL AINDA NÃO TENHA TRANSITADO EM JULGADO, a vítima, seu representante legal ou herdeiros 
já poderão buscar a reparação dos danos no juízo cível. O CPP confere essa possibilidade: 
 
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra 
o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. 
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela. 
 
Essa demanda é conhecida na doutrina como ação civil ex delicto. 
Obs: tecnicamente, existe diferença entre a ação de execução (art. 63) e a ação civil ex delicto (art. 64). No entanto, você poderá 
encontrar alguns autores ou julgados chamando ambas as demandas de ação civil ex delicto. 
 
Quem são os legitimados? 
Poderão propor a ação de execução ex delicto ou a ação civil ex delicto: 
a) a vítima (ofendido); 
b) o seu representante legal; ou 
c) seus herdeiros (caso a vítima tenha morrido). 
 
O Ministério Público poderá ajuizar a ação de execução ou a ação civil ex delicto em favor da vítima? 
O texto do CPP diz que sim: 
 
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1º e 2º), a execução da sentença condenatória (art. 
63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público. 
 
O STF, contudo, entendeu que, a partir da Constituição Federal de 1988, esta legitimidade não mais pertence ao Ministério Público 
(e sim à Defensoria Pública). Isso porque o constituinte conferiu à Defensoria (e não ao MP) a competência para promover a 
assistência jurídica dos necessitados (art. 134 da CF/88). 
Havia, no entanto, um problema de ordem prática: quando o STF proferiu esta decisão, a Defensoria Pública ainda não estava 
totalmente instalada nas diversas cidades do país (como ainda hoje, infelizmente, não está). Logo, seria prejudicial às vítimas 
se o STF simplesmente proibisse o MP de propor a ação civil ex delicto já que, na maioria dos lugares não havia Defensoria e o 
ofendido ficaria desassistido. 
Por conta disso, o STF adotou a seguinte solução: ele declarou que o art. 68 do CPP estava EM PROCESSO DE 
INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA e que deveria continuar válido até que a Defensoria Pública estivesse totalmente 
instalada. Assim, nos locais onde há Defensoria Pública, o MP não pode ajuizar as ações de que trata o art. 68. Por outro lado, 
onde não existir a Defensoria, o Parquet continua tendo, ainda, legitimidade. 
 
Veja a ementa do julgado: 
 
LEGITIMIDADE - AÇÃO "EX DELICTO" - MINISTÉRIO PÚBLICO - DEFENSORIA PÚBLICA - ARTIGO 68 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - 
CARTA DA REPÚBLICA DE 1988. 
 
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A teor do disposto no artigo 134 da Constituição Federal, cabe à Defensoria Pública, instituição essencial à função jurisdicional do 
Estado, a orientação e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do artigo 5º, LXXIV, da Carta, estando restrita a 
atuação do Ministério Público, no campo dos interesses sociais e individuais, àqueles indisponíveis (parte final do artigo 127 da 
Constituição Federal). 
 
INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA - VIABILIZAÇÃO DO EXERCÍCIO DE DIREITO ASSEGURADO CONSTITUCIONALMENTE - 
ASSISTÊNCIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA DOS NECESSITADOS - SUBSISTÊNCIA TEMPORÁRIA DA LEGITIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 
Ao Estado, no que assegurado constitucionalmente certo direito, cumpre viabilizar o respectivo exercício. Enquanto não criada por 
lei, organizada - e, portanto, preenchidos os cargos próprios, na unidade da Federação - a Defensoria Pública, permanece em vigor o 
artigo 68 do Código de Processo Penal, estando o Ministério Público legitimado para a ação de ressarcimento nele prevista. (...) 
STF. Plenário. RE 135328, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/06/1994. 
 
Em suma, o Ministério Público somente tem legitimidade para propor ação civil (ou execução) ex delicto em favor de pessoas 
pobres nas hipóteses em que a Defensoria Pública não estiver organizada no respectivo Ente da Federação. 
 
Feitas estas considerações, imagine a seguinte situação hipotética: 
"CR" praticou estupro de vulnerável contra "JL", uma adolescente moradora de rua. 
O Promotor de Justiça, na qualidade de substituto processual de "JL", ajuizou ação civil ex delicto contra "CR" objetivando a 
reparação pelos danos morais e materiais sofridos pela vítima, inclusive com o pagamento de pensão mensal. 
O réu, invocando a decisão do STF acima explicada, suscitou a ilegitimidade ativa do Ministério Público, alegando que já 
existe Defensoria Pública instalada no Estado, razão pela qual o Parquet não mais poderia propor a ação. 
O juiz acolheu a alegação e extinguiu o processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, VI, do CPC/2015: 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; 
 
Agiu corretamente o juiz? 
NÃO. 
É certo que o MinistérioPúblico não detém legitimidade ativa para a propositura de ação civil ex delicto quando houver Defensoria 
Pública em funcionamento, em razão da aplicação da chamada inconstitucionalidade progressiva do art. 68 do CPP. No entanto, 
essa situação (existência da Defensoria Pública) não acarreta, de pronto, a simples extinção do processo sem julgamento do 
mérito. Antes é necessário que o juiz determine a intimação da Defensoria para que tome ciência do feito e, a partir de então, 
assuma a defesa da parte hipossuficiente ou, se for o caso, informe da ausência de interesse na continuação da demanda. 
A extinção do feito antes da intimação da Defensoria pode ocasionar prejuízo irreparável à parte necessitada, que, até então, 
recebia assistência do Ministério Público. 
Assim, antes de o magistrado reconhecer a ilegitimidade ativa do Ministério Público para propor ação civil ex delicto, é indispensável que 
a Defensoria Pública seja intimada para tomar ciência da demanda e, sendo o caso, assumir o polo ativo da ação. Se esta providência 
não for adotada, haverá violação do art. 68 do CPP. 
 
O reconhecimento da ilegitimidade ativa do Ministério Público para, na qualidade de substituto processual de menores 
carentes, propor ação civil pública ex delicto, sem a anterior intimação da Defensoria Pública para tomar ciência da ação e, 
sendo o caso, assumir o polo ativo da demanda, configura violação ao art. 68 do CPP. 
STJ. 4ª Turma. REsp 888.081-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 15/9/2016 (Info 592). 
 
 
4.5. PRISÃO 
 
Concessão de liberdade provisória sem fiança a flagranteado assistido pela Defensoria Pública 
O indivíduo foi preso em flagrante. O magistrado concedeu liberdade provisória com a fixação de 2 salários-mínimos de 
fiança. Como não foi paga a fiança, o indivíduo permaneceu preso. A Defensoria Pública impetrou habeas corpus e o STF 
deferiu a liberdade provisória em favor do paciente com dispensa do pagamento de fiança. Os Ministros afirmaram que era 
injusto e desproporcional condicionar a expedição do alvará de soltura ao recolhimento da fiança. Segundo entendeu o STF, o 
réu não tinha condições financeiras de arcar com o valor da fiança, o que se poderia presumir pelo fato de ser assistido pela 
Defensoria Pública, o que pressuporia sua hipossuficiência. Assim, não estando previstos os pressupostos do art. 312 do CPP e 
não tendo o preso condições de pagar a fiança, conclui-se que nada justifica a manutenção da prisão cautelar. STF. 1ª Turma. 
HC 129474/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 22/9/2015 (Info 800). 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
71 
4.6. NULIDADES 
 
A ausência de defensor, devidamente intimado, à sessão de julgamento não implica, por si só, nulidade processual 
A ausência de defensor, devidamente intimado, à sessão de julgamento não implica, por si só, nulidade processual. 
Caso concreto: em ação penal originária que tramitava no TJ, o defensor foi intimado da sessão de julgamento, mas deixou de 
comparecer e de fazer a sustentação oral; não há nulidade. Intimada a defesa para a sessão de julgamento da ação penal 
originária, a ausência da sustentação oral prevista no art. 12 da Lei nº 8.038/90 não invalida a condenação. STF. 1ª Turma. HC 
165534/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2019 (Info 950). 
Comentários do julgado 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João é uma autoridade que possui foro por prerrogativa de função no Tribunal de Justiça. 
João foi denunciado e estava respondendo ação penal no TJ. 
Como ele é advogado, estava fazendo a sua própria defesa. 
Ao final da instrução, o acusado, mesmo intimado por Diário Oficial e, depois, pessoalmente, deixou de apresentar alegações 
finais. 
Diante disso, o Desembargador encaminhou os autos à Defensoria Pública e um dos membros da Instituição apresentou alegações 
finais num documento de 34 páginas. 
O julgamento das ações penais originárias nos Tribunais é feito de forma colegiada, ou seja, é marcada uma sessão de julgamento 
na qual o colegiado (Câmara, Turma, Pleno etc.) irá ouvir o voto do Relator e os demais julgadores irão dizer se concordam ou 
não. 
Essa sessão de julgamento foi marcada para o dia 20/09. 
O Defensor Público foi pessoalmente intimado, mas não compareceu no dia da sessão de julgamento. 
O réu foi condenado pelo TJ. 
Após isso, ele constituiu advogado que impetrou habeas corpus afirmando que o julgamento foi nulo porque não houve a 
presença da defesa técnica que poderia ter feito a sustentação oral prevista no art. 12, I, da Lei nº 8.038/90: 
 
Art. 12. Finda a instrução, o Tribunal procederá ao julgamento, na forma determinada pelo regimento interno, observando-se o 
seguinte: 
I - a acusação e a defesa terão, sucessivamente, nessa ordem, prazo de uma hora para sustentação oral, assegurado ao assistente 
um quarto do tempo da acusação; 
II - encerrados os debates, o Tribunal passará a proferir o julgamento, podendo o Presidente limitar a presença no recinto às partes 
e seus advogados, ou somente a estes, se o interesse público exigir. 
 
A tese da defesa foi acolhida pelo STF? Houve nulidade? 
NÃO. 
A sustentação oral, possível no julgamento colegiado de ação penal originária, não é ato essencial à defesa, mas mera faculdade 
da parte. 
Conforme já explicado, o defensor foi intimado para a sessão de julgamento, não sendo possível à parte alegar nulidade que, se 
existente, teria sido por ela mesmo provocada (art. 565 do CPP): 
Art. 565. Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a 
formalidade cuja observância só à parte contrária interesse. 
 
O STF e o STJ possuem diversos julgados nesse mesmo sentido: 
Intimada a defesa para a sessão de julgamento da ação penal originária, a ausência da sustentação oral prevista no art. 12 da 
Lei nº 8.038/90 não invalida a condenação. 
STF. 1ª Turma. RHC 119194, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 02/09/2014. 
 
Para afastar a alegação de nulidade pela falta da sustentação oral prevista no art. 12, I, da Lei nº 8.038/90, basta que tenha havido 
a regular intimação do advogado do réu para a sessão de julgamento, pois é faculdade da parte o comparecimento e a produção 
da sustentação oral a que alude o referido dispositivo.STJ. 6ª Turma. HC 281.263/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 
23/08/2016. 
 
Em suma: 
A ausência de defensor, devidamente intimado, à sessão de julgamento não implica, por si só, nulidade processual. 
STF. 1ª Turma. HC 165534/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2019 (Info 950). 
 
Vale ressaltar, por fim, que a intimação é indispensável. O que não causa nulidade é a ausência do defensor se ele foi devidamente 
intimado. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
72 
Sustentação oral em tempo reduzido 
Diante das peculiaridades do Tribunal do Júri, o fato de ter havido sustentação oral em plenário por tempo reduzido não 
caracteriza, necessariamente, a deficiência de defesa técnica. STJ. 6ª Turma. HC 365008-PB, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. 
Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/04/2018 (Info 627). 
Obs: existe decisão reconhecendo a ocorrência de nulidade pelo simples fato de a sustentação oral ter sido feita em poucos 
minutos: STJ. 6ª Turma. HC 234.758-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/6/2012.No entanto, entendo que a 
posição majoritária é no sentido que isso não conduz, obrigatoriamente, à nulidade, conforme decidido no HC 365.008-PB. Se 
houve defesa e não se comprova prejuízo, não há que se falar em nulidade de julgamento por defesa consideravelmente curta. 
Peculiaridades do caso concreto: o MP usou 1h30 para sustentação oral, na qual pediu a absolvição do réu. Na sequência, a 
defesa fez sua sustentação de apenas três minutos. Ainda assim, houve condenação pelo Tribunal do Júri. Logo, a 2ª Turma 
do STF entendeu não houve ausência de defesa, de modo que descabe cogitar nulidade absoluta.Assim, se houve nulidade, 
foi apenas relativa, a qual depende da demonstração de efetivo prejuízo, o que não ocorreu. STF. 2ª Turma. HC 164535-RJ, Rel 
Min. Carmém Lúcia, julgado em 17/03/2020. 
 
 
Julgamento adiado e intimação de julgamento a ser realizado no dia seguinte 
A Defensoria Pública, ao tomar ciência de que o processo será julgado em data determinada ou nas sessões subsequentes, 
não pode alegar cerceamento de defesa ou nulidade de julgamento quando a audiência não realizada no dia previamente 
marcado, ocorrer no dia seguinte à nova intimação. Ex: no dia 17/06/2014, o Defensor Público se fez presente para realizar a 
sustentação oral, no entanto, não houve tempo para julgamento do recurso e este foi adiado sem que fosse informada nova 
data. No dia 15/09/2014, o Defensor Público foi intimado pessoalmente de uma lista de 90 processos que seriam julgados no 
dia seguinte, entre eles a apelação que havia sido adiada. No dia 16/09/2014, o recurso foi julgado sem que o Defensor 
Público tenha comparecido para fazer a sustentação oral. Entendeu-se que não houve qualquer nulidade, já que a Defensoria 
Pública foi intimada quanto à nova inclusão dos autos para julgamento em sessão do dia seguinte e mesmo assim não 
requereu adiamento ou qualquer outra providência. STF. 1ª Turma. HC 126081/RS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 
25/8/2015 (Info 796). 
 
Comentários do julgado 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
João foi condenado em 1ª instância e interpôs apelação por intermédio da Defensoria Pública. 
No recurso, o Defensor Público pediu para fazer sustentação oral. 
O Relator deferiu o pedido de sustentação oral e pautou o julgamento da apelação, proferindo o seguinte despacho: 
"Defiro o pedido de sustentação oral formulado pela Defensoria Pública e informo que o recurso será julgado na Sessão do dia 17 
de junho de 2014 ou sessões subsequentes". 
 
No dia 17/06/2014, o Defensor Público se fez presente para realizar a sustentação oral, no entanto, não houve tempo para 
julgamento do recurso e este foi adiado sem que fosse informada nova data. 
No dia 15/09/2014, o Defensor Público foi intimado pessoalmente de uma lista de 90 processos que seriam julgados no dia 
seguinte, entre eles a apelação que havia sido adiada. 
No dia 16/09/2014, o recurso foi julgado sem que o Defensor Público tenha comparecido para fazer a sustentação oral. 
 
Houve nulidade no julgamento do recurso? 
NÃO. 
A Defensoria Pública, ao tomar ciência de que o processo será julgado em data determinada ou nas sessões subsequentes, não 
pode alegar cerceamento de defesa ou nulidade de julgamento quando a audiência não realizada no dia previamente marcado, 
ocorrer no dia seguinte à nova intimação. 
Entendeu-se que a Defensoria Pública foi intimada quanto à nova inclusão dos autos para julgamento em sessão do dia seguinte 
e mesmo assim não requereu adiamento ou qualquer outra providência. 
STF. 1ª Turma. HC 126081/RS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 25/8/2015 (Info 796). 
 
 
Falta de intimação pessoal do defensor público ou dativo para a sessão de julgamento 
Como regra, a falta de intimação pessoal do defensor público ou dativo para a sessão de julgamento é causa de nulidade. 
Contudo, as circunstâncias do caso importam para definir se essa nulidade será declarada ou não. Isso porque se a arguição 
da nulidade não ocorre no primeiro momento em que a defesa falou nos autos após o vício, mas tão somente anos após o 
julgamento, deve ser reconhecida a preclusão da matéria, não sendo declarada a nulidade. STJ. 6ª Turma. HC 241060-SC, Rel. 
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 18/9/2012. 
 
 
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73 
Comentários do julgado 
Imagine a seguinte situação (adaptada do caso concreto): 
“X” respondeu a ação penal e foi condenado em 1ª instância. 
Irresignada, a defesa interpôs recurso de apelação. 
Por meio do Diário da Justiça, de 16/05/2006, o advogado do réu (defensor dativo) foi intimado da data de julgamento da 
apelação. 
No julgamento da apelação, o TJ manteve a sentença condenatória. 
A defesa interpôs então recursos especial e extraordinário, que não foram conhecidos. 
A execução da pena teve início em 01/02/2011. 
Você consegue identificar alguma nulidade nesse processo? 
O defensor do réu deve ser intimado da data marcada para julgamento da apelação criminal. Nesse sentido, há inclusive súmula: 
 
Súmula 431-STF: É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou publicação da pauta, salvo 
em habeas-corpus. 
 
Como é feita essa intimação? 
· Se for defensor público ou dativo: essa intimação deverá ser PESSOAL. 
· Se for defensor constituído: essa intimação pode ser por meio de publicação no órgão oficial de imprensa. 
 
Repetindo: a falta de intimação pessoal do advogado nomeado pelo próprio réu acerca da data do julgamento do recurso não 
consubstancia nulidade processual. Somente se exige intimação pessoal para o defensor público ou defensor dativo (STJ. 5ª 
Turma. HC 187.757-SP, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 22/5/2012). 
 
No HC 241.060-SC destacado acima, o advogado do réu era defensor dativo (defensor nomeado pelo juiz) e ele foi intimado da 
data de julgamento da apelação por meio da imprensa oficial. 
Desse modo, houve uma nulidade no julgamento da apelação pela ausência de intimação pessoal do defensor. 
 
A defesa impetrou habeas corpus alegando essa nulidade. O caso chegou até o STJ. O que decidiu a Corte? 
A 6ª Turma do STJ afirmou que não resta dúvida de que houve uma nulidade. Entretanto, é preciso examinar as peculiaridades 
do caso concreto. 
Segundo afirmou a Ministra Relatora, a defesa, quando interpôs o RE e REsp, não alegou tal nulidade nesses recursos. 
A arguição do vício somente ocorreu seis anos após o julgamento da apelação, por meio de um habeas corpus. 
Desse modo, o STJ entendeu que não era possível, neste caso concreto, reconhecer a nulidade por conta da ausência de 
alegação em tempo oportuno e tendo em vista o princípio da segurança jurídica. 
Vale ressaltar que existem outros precedentes do STJ e do próprio STF afirmando que, se a arguição da nulidade não ocorre no 
primeiro momento em que a defesa falou nos autos após o vício, mas tão somente anos depois do julgamento, deve ser 
reconhecida a preclusão da matéria, não sendo declarada a nulidade. Veja: 
 
Precedentes do STF: 
Habeas Corpus. 2. Falta de intimação pessoal do defensor dativo da data de julgamento da apelação. Lei n. 9.271/1996 concedeu 
ao defensor dativo status de defensor público. Nulidade alegada após mais de 12 anos da data do julgado. 3. Constrangimento 
ilegal não evidenciado. 4. Ordem indeferida. 
(HC 99.226/SP - Rel. Min. Gilmar Mendes - DJ 08-10-2010) 
 
(...) 1. Via de regra, o entendimento da Corte caminha no sentido de que “a falta de intimação pessoal do defensor público ou 
dativo para a sessão de julgamento é causa de nulidade” (HC nº 111.976/BA, Segunda Turma, Relator o Ministro Ricardo 
Lewandowski, DJe de 12/4/12). 2. Contudo, as circunstâncias do caso importam, na linha de precedentes, no reconhecimento da 
preclusão da matéria, pois, conforme se verifica, a alegada nulidade veio a ser invocada, tão somente, por ocasião do HC nº 
200.029/SP impetrado ao Superior Tribunal de Justiça em 17/3/11, ou seja, mais de 13 (treze) anos após o julgamento do recurso 
apelação, ocorrido em 16/4/98. 3. Ordem denegada. 
(HC 110954, Relator Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, julgado em 22/05/2012) 
 
1. Habeas corpus. 2. Defensoria Pública. Intimação Pessoal. Vício. Nulidade. Princípio da Eventualidade. 3. Verificado o vício quanto 
à intimação pessoal da defensoria Pública, o defeito deve ser argüido na primeira oportunidade de manifestação do órgão (arts. 
564, IV, 571, VIII, e 572, I, do Código Penal). 4. Insubsistência jurídica do pedido de nulidade por falta de intimação do defensor 
público ante a preclusão, perdendo o Estado o direito de executar a sanção imposta na sentença condenatória transitada emjulgado. (...) 
(RHC 85847, Relator Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado em 11/10/2005) 
 
 
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Precedente da 6ª Turma do STJ: 
1. Na linha da iterativa jurisprudência desta Corte, os defensores públicos e dativos possuem a prerrogativa de intimação pessoal 
para o julgamento da apelação. 
2. Entretanto, no caso presente, a referida nulidade somente foi arguida mais de seis anos após o julgamento, circunstância que 
faz incidir a preclusão da matéria, mormente considerando que a defensora pública foi intimada da data de sessão do julgamento 
através da imprensa oficial, bem como recebeu ciência pessoal do acórdão de apelação. (...) 
(HC 237.721/SP, Rel. Ministro Og Fernandes, Sexta Turma, julgado em 02/08/2012) 
O entendimento acima exposto é o que prevalece no STF e no STJ, apesar de serem identificados alguns julgados (minoritários) 
em sentido contrário (AgRg no HC 165.184/SP). 
 
Intimação da data da audiência realizada no juízo deprecado e réu assistido pela Defensoria 
O entendimento consolidado na jurisprudência é o de que, intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se 
desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado. Contudo, se o réu for assistido pela Defensoria Pública e, na 
sede do juízo deprecado, a Instituição estiver instalada e estruturada, será OBRIGATÓRIA a intimação da Defensoria acerca do 
dia do ato processual designado, sob pena de nulidade. STF.1ª Turma. RHC 106394/MG, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 
30/10/2012. 
 
Comentários do julgado 
 
Em um processo penal que tramita em Feira de Santana (BA), se for necessário ouvir testemunhas ou interrogar o réu e eles 
residirem em Salvador (BA), como é praticado esse ato processual? 
1ª opção: o juízo poderá inquirir essas testemunhas ou interrogar o réu por meio de viodeconferência (art. 185, §2º e art. 222, 
§3º do CPP); 
2ª opção: o juízo poderá expedir uma carta precatória para que as testemunhas ou o réu sejam ouvidos no local em que residem 
pelo juízo de lá. 
Vamos relembrar um pouco sobre as cartas precatórias: 
 
O que são as cartas? 
Todo juízo possui competência restrita a limites territoriais. Dentro destes limites, o próprio magistrado pode praticar os atos 
processuais por meio de ordem judicial. Se o ato tiver que ser praticado fora dos limites territoriais onde o juízo exerce sua 
competência, ele terá que se valer das chamadas “cartas”. 
 
Espécies de carta 
Carta, para o direito processual, é um instrumento de auxílio entre dois juízos. 
Determinado juízo expede uma carta para que outro juízo pratique determinado ato processual na esfera de sua competência. 
 
Carta de ordem Carta rogatória Carta precatória 
Serve para que um Tribunal 
delegue a juízo inferior 
“subordinado” a ele a prática de 
determinado ato processual. 
 
Ex: o Ministro do STF expede carta 
de ordem para que o juízo federal 
ouça uma testemunha localizada 
em Natal (RN). 
Ocorre quando um juízo solicita que 
outro juízo pratique determinado ato 
processual fora do país. 
 
Ex: juízo de Belém (PA) expede uma 
carta rogatória para que seja ouvida 
uma testemunha residente na 
Alemanha, pela autoridade judiciária 
alemã. 
Ocorre quando um juízo solicita que outro juízo, 
de igual hierarquia, pratique determinado ato 
processual, nos limites de sua competência, 
dentro do Brasil. 
 
Ex: o juízo da comarca de Niterói expede uma 
carta precatória para que o juízo da comarca de 
Búzios ouça uma testemunha que lá reside. 
 
Voltemos ao nosso exemplo: 
No processo penal de “João”, o juízo de Feira de Santana (BA) expediu uma carta precatória para que o juízo de Salvador (BA) 
ouvisse uma testemunha que lá reside. 
O despacho determinando a expedição da carta precatória foi proferido em 02/03/2012, tendo sido a defesa e o MP intimados 
sobre isso. 
 
Caso a defesa não tivesse sido intimada da expedição da carta precatória, haveria nulidade? 
SIM. No entanto, trata-se de nulidade relativa. 
 
Súmula 155-STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de 
testemunha. 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
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Chegando a carta no juízo de Salvador (BA), chamado de juízo deprecado, foi designada audiência para oitiva da testemunha no 
dia 02/06/2012. 
 
A defesa precisará ser intimada da data da audiência no juízo deprecado? 
NÃO. 
 
Súmula 273-STJ: Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência no 
juízo deprecado. 
 
 
 
Até aqui, tudo bem. A novidade vem agora: 
A 2ª Turma do STF decidiu que, se o réu for assistido pela Defensoria Pública no juízo deprecante e, na sede do juízo deprecado, 
houver Defensoria instalada e estruturada, será obrigatória a intimação do órgão acerca do dia e hora do ato processual 
designado para que o Defensor lotado no juízo deprecado compareça e faça a assistência do réu na inquirição das testemunhas. 
Segundo decidiu o STF, caso não haja a intimação do dia da audiência, haverá nulidade do ato. 
Trata-se de julgado importantíssimo, especialmente para concursos da Defensoria Pública. 
 
 
Hipótese em que a ausência de intimação pessoal do defensor dativo não gerou nulidade 
Obrigatoriedade de intimação pessoal do Defensor Público e do defensor dativo: 
• Em regra, é obrigatória a intimação pessoal do defensor dativo, inclusive a respeito do dia em que será julgado o recurso 
(art. 370, § 4º do CPP). Se for feita a sua intimação apenas pela imprensa oficial, isso é causa de nulidade. 
• Exceção: não haverá nulidade se o próprio defensor dativo pediu para ser intimado dos atos processuais pelo diário oficial. 
Exemplo: o réu foi acusado de um crime. Na localidade, não havia Defensoria Pública, razão pela qual o juiz nomeou um 
defensor dativo para fazer a assistência jurídica do acusado. O réu foi condenado em 1ª instância. Irresignada, a defesa interpôs 
recurso de apelação. Na petição do recurso, o defensor dativo afirmou que preferia ser intimado pela imprensa oficial, 
declinando da prerrogativa de ser pessoalmente cientificado dos atos processuais. Por meio do Diário da Justiça, o defensor 
dativo foi intimado da data de julgamento da apelação. No julgamento do recurso, o TJ manteve a sentença condenatória. 
A partir daí, a Defensoria Pública foi estruturada no Estado e o Defensor Público que assumiu a assistência jurídica de João 
impetrou habeas corpus sustentando que houve nulidade do julgamento da apelação, já que o defensor dativo não foi 
pessoalmente intimado. O STJ negou o pedido afirmando que a intimação do defensor dativo apenas pela impressa oficial 
não implica reconhecimento de nulidade caso este tenha optado expressamente por esta modalidade de comunicação dos 
atos processuais, declinando da prerrogativa de ser intimado pessoalmente. 
STJ. 5ª Turma. HC 311676-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 16/4/2015 (Info 560). 
 
 
Nulidade do júri pelo pouco tempo que o defensor teve para estudar o caso 
O CPP determina que, se o advogado do acusado não comparecer à sessão designada para o Júri, sem apresentar escusa 
(justificativa) legítima, e se outro advogado não for constituído pelo réu, o juiz deverá designar nova data para o julgamento, 
intimando a Defensoria Pública para que participe do novo julgamento e faça a defesa do acusado caso este não apresente 
novamente defensor constituído. O novo julgamento deverá ser marcado com uma antecedência mínima de 10 dias, a fim de 
que o defensor do acusado possa conhecer o processo. Tal previsão está contida no art. 456 do CPP. No caso concreto, o 
advogado constituído do réu não apareceu na sessão de julgamento, tendo sido designado novo júri com antecedência de 12 
dias e intimação da Defensoria Pública. No dia do júri, a defesa em Plenário foi feita pelo Defensor Público, tendo ele alegado 
não ter tido tempo suficiente para conhecer os autos. O réu foi condenado, tendo sido impetrados sucessivos habeas corpus 
até que a questão chegasse ao STF.A 2ª Turma do STF decidiu que, apesar da decisão do juiz de adiar o júri ter sido praticada 
em conformidade com a lei, no caso concreto, o prazo concedido para o Defensor Público estudar o processo (12 dias) foi 
muito exíguo considerando que se tratava de uma causa complexa e com vários volumes de autos. Dessa forma, o julgamento 
foi considerado nulo por conta da violação aos princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e, ainda, do devido processo 
legal substantivo (e não o meramente formal). STF. 2ª Turma. HC 108527/PA, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2013 
(Info 706). 
 
 
4.7. RECURSOS 
 
Princípio da voluntariedade 
A ausência de interposição de recurso pelo defensor, por si só, não é suficiente para comprovar eventual prejuízo sofrido pelo 
réu com consequente nulidade processual. Assim, a ausência da interposição de recurso cabível pelo advogado do réu, ainda 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
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que este seja assistido por defensor público ou dativo, não constitui falta de defesa, uma vez que, no art. 574, caput, do CPP, é 
adotado o princípio da voluntariedade dos recursos. STJ. 6ª Turma. HC 111393-RS, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira 
(Desembargadora convocada do TJ-PE), julgado em 2/10/2012. 
Comentários do julgado 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Sérgio respondeu a uma ação penal e foi absolvido em primeira instância. O MP interpôs apelação contra essa decisão. 
O Tribunal de Justiça reformou a sentença absolutória condenando o réu. 
A intimação dessa condenação foi feita mediante publicação do dispositivo do acórdão no Diário Oficial. 
O defensor do acusado não interpôs nenhum recurso contra esse acórdão condenatório. 
 
 
Indaga-se: há nulidade pelo simples fato de não ter sido interposto recurso? 
NÃO. A jurisprudência do STJ entende que, em face do princípio da voluntariedade dos recursos, previsto no art. 574, caput, do 
CPP, o defensor, seja ele constituído ou dativo, devidamente intimado, não está obrigado a recorrer: 
(...) Conforme o posicionamento firmado pelo Supremo Tribunal Federal e por esta Corte Superior de Justiça, a ausência da 
interposição de recurso cabível pelo advogado do réu, ainda que este seja assistido por defensor público ou dativo, não constitui 
falta de defesa, uma vez que, no art. 574, caput, do Código de Processo Penal, é adotado o princípio da voluntariedade dos 
recursos. 
2. Na ausência de efetivo prejuízo causado ao réu pela não interposição de recurso cabível, não há como reconhecer nulidade em 
matéria penal. (...) 
(HC 120.092/RJ, Relatora Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe de 23.8.2010) 
 
Veja a redação do art. 574: 
 
Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz: 
I - da sentença que conceder habeas corpus; 
II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, 
nos termos do art. 411. 
 
O princípio da voluntariedade dos recursos é aplicável mesmo que o réu esteja sendo assistido juridicamente por Defensor 
Público ou defensor dativo? 
SIM. O Defensor Público ou o defensor dativo também não estão obrigados a sempre recorrer. 
 
DEFESA EXERCIDA POR DEFENSOR PÚBLICO. INEXISTÊNCIA DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL E/OU EXTRAORDINÁRIO. 
PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE OBEDECIDO. DUE PROCESS OF LAW GARANTIDO. 
1. No sistema brasileiro vige o princípio da voluntariedade, inserto no art. 574, caput, do CPP, cuja previsão não obriga a defesa a 
interpor recurso contra decisão desfavorável ao réu. 
2. Comprovado que o Defensor Público foi intimado pessoalmente acerca do teor do acórdão proferido no julgamento da apelação 
criminal, não há que se falar em ofensa ao devido processo legal pelo fato de não ter interposto recurso para as instâncias superiores. 
(...) 
(HC 235.905/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 28/06/2012) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
77 
No Código de Processo Civil 
 
PARTE GERAL 
 
LIVRO I 
DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS 
 
TÍTULO ÚNICO 
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS 
 
CAPÍTULO I 
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL 
 
 
CPC, Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. à PRINC. DA INAFASTABILIDADE DA 
JURISDIÇÃO 
§3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, 
advogados, DEFENSORES PÚBLICOS e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Sobre a solução consensual de conflitos, os autores Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido 
Rangel Dinamarco ponderam: “Abrem-se os olhos agora, todavia, para todas essas modalidades de soluções não-jurisdicionais 
dos conflitos, tratadas como meios alternativos de pacificação social. Vai ganhando corpo a consciência de que, se o que 
importa é pacificar, torna-se irrelevante que a pacificação venha por obra do Estado ou por outros meios, desde que eficientes. 
Por outro lado, cresce também a percepção de que o Estado tem falhado muito na sua missão pacificadora, que ele tenta 
realizar mediante o exercício da jurisdição e através das formas do processo civil, penal ou trabalhista”. 
 Cabe ao Estado disponibilizar aos cidadãos as alternativas para o tratamento de seus conflitos ou de seus grupos, o que 
está longe de significar o simples acesso ao Judiciário. E cabe a Defensoria Pública, como órgão público responsável pela 
assistência jurídica e promoção dos direitos humanos, assumir, de uma vez por todas, a pauta da pacificação social, dentro ou 
fora do processo, como sua primeira bandeira, pois, naturalmente, traz consigo espírito restaurativo. 
 
 
CPC, Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena 
de nulidade. 
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de 
defensores públicos ou do Ministério Público. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Solução consensual/ 
extrajudicial de conflitos 
juízes 
advogados 
defensores públicos 
promotores de justiça 
DENTRO do processo 
FORA do processo 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
78 
LIVRO III 
DOS SUJEITOS DO PROCESSO 
 
TÍTULO I 
DAS PARTES E DOS PROCURADORES 
 
CAPÍTULO I 
DA CAPACIDADE PROCESSUAL 
 
CPC, Art. 72. O juiz nomeará CURADOR ESPECIAL ao: 
I - INCAPAZ, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele*, enquanto durar a 
incapacidade; 
II – RÉU PRESO REVEL, bem como ao RÉU REVEL CITADO POR EDITAL ou COM HORA CERTA, enquanto não for constituído 
advogado. 
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei. 
 
LC 80/94, Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: 
XVI – exercer a curadoria especial nos casos previstos em lei; 
 
* O STJ já decidiu que o simples fato de o representante ter se descurado do bom andamento do processo não é o suficiente 
para representar a colisão de interesses entre ele e o incapaz, cabendo ao MP, como fiscal da ordem jurídica, suprir as falhas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CPC, Art. 245. Não se fará citação quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-
la. 
§4º Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, observando, quanto à sua escolha, a preferência 
estabelecida em lei e restringindo a nomeação à causa. à Caso o réu não possua representante legal ou seja identificado o 
comprometimento da representação em virtude da colidência de interesses, deverá o réu incapaz ser representado no processo 
por curador especial (art.72, I, CPC). 
CURATELA 
ESPECIAL 
Exercida pela 
DEFENSORIA PÚBLICA 
Defesa do INCAPAZ 
Réu preso revel 
Réu revel citado por edital 
Réu revel citadocom hora certa 
Hipóteses 
previstas 
no art.72 
Outras hipóteses 
de nomeação de 
curador 
Citando impossibilitado de 
receber citação (art.245 CPC) 
Ausente* (art.671, I, CPC) 
Incapaz quando concorrer na partilha com o 
seu representante legal e houver 
colisão de interesses (art.671, II, CPC) 
Curador civil (figura de direito material) 
Curador especial 
(figura de direito 
processual) 
Processo de interdição (art.752, §2º, CPC) 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
79 
CPC, Art. 671. O juiz nomeará curador especial: à DISPOSIÇÕES QUE SE APLICAM AO PROCESSO DE INVENTÁRIO E PARTILHA 
I - ao AUSENTE*, se não o tiver; 
II - ao INCAPAZ, se concorrer na partilha com o seu representante, desde que exista colisão de interesses. 
* Não há como atribuir à palavra “ausente”, empregada pelo legislador no art.671, I, do CPC, acepção propriamente jurídica. Se 
o sujeito for judicialmente declarado ausente pelo juiz, nos termos do art.22 e seguintes do CC, receberá curador civil (figura de 
direito material), e não curador especial (figura de direito processual). Dentro dessa ordem, caso o indivíduo judicialmente 
declarado ausente venha a figurar como autor ou réu em algum processo judicial, terá seus interesses representando pelo 
curador civil, e não pelo curador especial. Assim, conclui-se que o termo “ausente” constante do art.671, I, do CPC deve ser 
interpretado de maneira meramente lexicográfica, sendo entendido como aquele que não está presente. 
 
CPC, Art. 752. Dentro do prazo de 15 dias contado da entrevista, o interditando poderá impugnar o pedido. 
§2º O interditando poderá constituir advogado, e, caso não o faça, deverá ser nomeado CURADOR ESPECIAL. 
 
 
 A curadoria especial possui caráter eminentemente protetivo, sendo destinada a assegurar a tutela dos interesses 
daquele cuja peculiar condição de vulnerabilidade poderia impedi-lo de ter plena ciência acerca do processo ou de exercer 
adequadamente a defesa de seus direitos em juízo. 
 Apesar da semelhança vocabular, a curadoria especial não possui qualquer relação com a tutela e a curatela previstas 
no ordenamento substantivo civil. A curadoria especial constitui instituto de direito processual, sendo voltada para o processo e 
dotada de finalidade específica que, uma vez exaurida, esgota automaticamente a função do curador; já a tutela e a curatela, 
previstas no CC, constituem figuras de direito material, sendo direcionadas à regência de pessoas e bens. 
 Em virtude de sua elementar importância no modelo processual brasileiro, o exercício da curadoria especial restou 
atribuído à Defensoria Pública, como função institucional atípica e exclusiva (art.72, parágrafo único, do CPC c/c art.4º, XVI, da 
LC 80/94). Por se tratar de função institucional atípica, a intervenção da curadoria especial não exige a prévia comprovação da 
incapacidade financeira. 
 ATENÇÃO! A atuação da DP como curadora especial não decorre da nomeação realizada pelo Poder Judiciário, mas de 
expressa determinação legal. Assim, como a investidura decorre diretamente da lei, deverá o magistrado simplesmente 
determinar a abertura de vista para que o Defensor Público analise a existência de hipótese legal de atuação institucional e, se 
for o caso, passe a exercer a função de curador especial. 
 Caso o Defensor Público entenda inexistir hipótese de atuação da curadoria especial, deverá dar imediata ciência do 
fato ao Defensor Público-Geral, que decidirá a controvérsia, indicando, se for o caso, outro Defensor Público para atuar (art.4º, 
§8º, da LC 80/94). 
 
 
DE OLHO NA JURIS! Desnecessidade de nomeação de curador especial se a interdição não foi proposta pelo MP 
A curatela é um encargo (múnus) imposto a um indivíduo (chamado de “curador”), por meio do qual ele assume o 
compromisso judicial de cuidar de uma pessoa (“curatelado”) que, apesar de ser maior de idade, necessita de auxílio para a 
prática de determinados atos. 
Para que a curatela seja instituída, é necessária a instauração de um processo judicial por meio de uma ação de interdição. É 
necessário que o juiz nomeie curador especial ao interditando? 
• Se a ação de interdição for proposta pelo MP: SIM. O juiz deverá nomear curador à lide (curador especial), nos termos do art. 
1.179 do CPC. 
• Se a ação de interdição for proposta por outro legitimado: NÃO é necessária a nomeação de curador à lide porque o próprio 
MP já irá fazer a defesa dos interesses do interditando (art. 1.770 do CC). 
STJ. 4ª Turma. REsp 1099458-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 2/12/2014 (Info 553). 
Observação: com o CPC/2015, não importa, para fins de curador especial, se a ação foi proposta ou não pelo MP. Se o 
interditando não apresentar advogado, o juiz deverá, obrigatoriamente, nomear curador especial mesmo que o autor da ação 
não tenha sido o MP e mesmo que o Promotor de Justiça esteja atuando nos autos como fiscal da ordem jurídica. 
 
Comentários do julgado 
 
Curatela 
Em regra, se a pessoa for maior de 18 anos, ela é plenamente capaz e está habilitada à prática de todos os atos da vida civil (art. 
5º do CC). 
No entanto, existem determinadas pessoas que, mesmo sendo maiores, não podem exercer alguns atos patrimoniais da vida civil 
sozinhos, necessitando da assistência de terceiros. 
Para resguardar os direitos de tais pessoas, o Direito Civil previu uma proteção jurídica chamada de “curatela”. 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
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Mas o que vem a ser a curatela? 
A curatela é um encargo (múnus) imposto a um indivíduo (chamado de “curador”), por meio do qual ele assume o compromisso 
judicial de cuidar de uma pessoa (“curatelado”) que, apesar de ser maior de idade, necessita de auxílio para a prática de 
determinados atos. 
Por conta disso, o curatelado só poderá praticar certos atos patrimoniais se for assistido pelo curador. 
 
Tutela x Curatela 
 
Tutela Curatela 
Instrumento jurídico para proteger a criança ou adolescente 
que não goza da proteção do poder familiar em virtude da 
morte, ausência ou destituição de seus pais. 
A tutela é uma espécie de colocação da criança ou adolescente 
em família substituta. 
Instrumento jurídico voltado para a proteção de uma pessoa 
que, apesar de ser maior de 18 anos, necessita da 
assistência de outra para a prática de determinados atos de 
cunho patrimonial como uma forma de lhe proteger. 
 
Hipóteses em que ocorre a curatela 
O art. 1.767 do CC traz o rol de pessoas que estão sujeitas à curatela. Esse dispositivo foi recentemente alterado pela Lei nº 
13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Veja a alteração promovida: 
 
Antes Depois 
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: 
 
I — aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; 
 
II — aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem 
exprimir a sua vontade; 
 
III — os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados 
em tóxicos; 
 
IV — os excepcionais sem completo desenvolvimento 
mental; 
 
V — os pródigos. 
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: 
 
I — aqueles que, por causa transitória ou permanente, não 
puderem exprimir sua vontade; 
 
 
II — (Revogado); 
 
 
III — os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
 
 
IV — (Revogado); 
 
 
V — os pródigos. 
 
Repare que a Lei nº 13.146/2015 retirou do art. 1.767 do CC as menções que eram feitas à deficiência mental e outras expressões 
congêneres. Diante disso, indaga-se: pode-se dizer que acabou a possibilidade de a pessoa com deficiência ser submetida à 
curatela? Isso deixou de existir? 
NÃO. Mesmo depois da Lei nº 13.146/2015, ainda existe a possibilidade de a pessoa com deficiência ser submetida à curatela 
quando essa medida protetiva extraordinária se mostrar necessária. 
 
O Estatuto da Pessoa com Deficiência expressamente prevê isso. Confira: 
Art. 84. (...) 
§1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei. 
(...) 
§3º A definição de curatela de pessoacom deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e 
às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível. 
(...) 
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial. 
§1º A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à 
saúde, ao trabalho e ao voto. 
§2º A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua definição, preservados 
os interesses do curatelado. 
(...) 
 
O objetivo da Lei nº 13.146/2015, ao alterar o art. 1.767 do CC, foi o de deixar claro que não é pelo simples fato de a pessoa 
apresentar deficiência que ela terá que ser interditada. Ao contrário. Com a nova Lei, a regra passa a ser a não interdição da 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
81 
pessoa com deficiência. A pessoa com deficiência só será submetida à curatela quando isso se mostrar necessário e tal situação 
durará o menor tempo possível. 
 
Como é instituída a curatela? 
Para que a curatela seja instituída, é necessária a instauração de um processo judicial, de jurisdição voluntária, regulado pelos 
arts. 1.177 a 1.186 do CPC 1973 (arts. 747 a 758 do CPC 2015). 
Esse processo é iniciado por meio de uma ação de interdição. 
 
Legitimados 
O rol dos legitimados para propor ação de interdição está descrito no CPC. Confira: 
 
CPC 1973 CPC 2015 
Art. 1.177. A interdição pode ser promovida: 
I — pelo pai, mãe ou tutor; 
II — pelo cônjuge ou algum parente próximo; 
III — pelo órgão do Ministério Público. 
Art. 747. A interdição pode ser promovida: 
I — pelo cônjuge ou companheiro; 
II — pelos parentes ou tutores; 
III — pelo representante da entidade em que se 
encontra abrigado o interditando; 
IV — pelo Ministério Público. 
Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada 
por documentação que acompanhe a petição inicial. 
 
Obs.: o rol de legitimados para a ação de interdição é TAXATIVO. 
 
Essa ordem de legitimados do art. 1.177 do CPC 1973 (art. 747 do CPC 2015) é preferencial? Em outras palavras, para que 
alguém do inciso II ajuíze a ação, é necessário que não haja ninguém do inciso I e assim por diante? 
NÃO. 
 
A ordem de legitimados para o ajuizamento de ação de interdição NÃO é preferencial. 
A enumeração dos legitimados pelo art. 1.177 do CPC 1973 (art. 747 do CPC 2015) é taxativa, mas não é preferencial. Trata-se 
de legitimação concorrente, não sendo a propositura da ação prerrogativa de uma única pessoa. Mais de um legitimado pode 
requerer a curatela, formando-se um litisconsórcio ativo facultativo. Assim, ambos os pais, ou mesmo mais de um parente, 
podem propor a ação, cabendo ao juiz escolher, em momento oportuno, quem vai exercer o encargo. 
Note-se, ainda, que a redação do artigo utiliza o verbo "poder", em vez de "dever", evidenciando, portanto, a ideia de mera 
faculdade, e não obrigação. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.346.013-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/10/2015 (Info 571). 
 
Quando o inciso II do art. 1.177 do CPC 1973 (art. 747 do CPC 2015) fala em "parente", abrange também os parentes por 
afinidade? 
SIM. 
 
Qualquer pessoa que se enquadre no conceito de parente do Código Civil é parte legítima para propor ação de interdição. 
Assim, a interdição pode ser requerida por quem a lei reconhece como parente: ascendentes e descendentes de qualquer grau 
(art. 1.591 do CC) e parentes em linha colateral até o quarto grau (art. 1.592 do CC). 
Como afinidade gera relação de parentesco (art. 1.595), nada impede que os afins requeiram a interdição e exerçam a curatela. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.346.013-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/10/2015 (Info 571). 
 
Situações em que o MP poderá ajuizar a ação de interdição: 
 
CPC 1973 CPC 2015 
Art. 1.177. A interdição pode ser promovida: 
I — pelo pai, mãe ou tutor; 
II — pelo cônjuge ou algum parente próximo; 
III — pelo órgão do Ministério Público. 
 
 
Art. 747. A interdição pode ser promovida: 
I — pelo cônjuge ou companheiro; 
II — pelos parentes ou tutores; 
III — pelo representante da entidade em que se encontra 
abrigado o interditando; 
IV — pelo Ministério Público. 
Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por 
documentação que acompanhe a petição inicial. 
Art. 1.178. O órgão do Ministério Público só requererá a 
interdição: 
Art. 748. O Ministério Público SÓ promoverá interdição em 
caso de DOENÇA MENTAL GRAVE: 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
82 
I — no caso de anomalia psíquica; 
II — se não existir ou não promover a interdição alguma das 
pessoas designadas no artigo antecedente, ns. I e II; 
III — se, existindo, forem menores ou incapazes. 
I — se as pessoas designadas nos incisos I, II e III do art. 747 não 
existirem ou não promoverem a interdição; 
II — se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas nos 
incisos I e II do art. 747. 
 
Petição inicial 
Incumbe ao autor, na petição inicial, especificar os fatos que demonstram a incapacidade do interditando para administrar seus 
bens e, se for o caso, para praticar atos da vida civil, bem como o momento em que a incapacidade se revelou. 
O requerente deverá juntar laudo médico para fazer prova de suas alegações ou informar a impossibilidade de fazê-lo. 
Curador provisório 
Justificada a urgência, o juiz pode nomear curador provisório ao interditando para a prática de determinados atos. 
 
Citação 
O interditando será citado para, em dia designado, comparecer perante o juiz, que o entrevistará minuciosamente acerca de sua 
vida, negócios, bens, vontades, preferências e laços familiares e afetivos e sobre o que mais lhe parecer necessário para 
convencimento quanto à sua capacidade para praticar atos da vida civil, devendo ser reduzidas a termo as perguntas e respostas. 
Não podendo o interditando deslocar-se, o juiz o ouvirá no local onde estiver. 
A entrevista poderá ser acompanhada por especialista. 
Durante a entrevista, é assegurado o emprego de recursos tecnológicos capazes de permitir ou de auxiliar o interditando a 
expressar suas vontades e preferências e a responder às perguntas formuladas. 
A critério do juiz, poderá ser requisitada a oitiva de parentes e de pessoas próximas. 
 
Impugnação ao pedido (defesa do suposto incapaz) 
O interditando tem o direito de provar que pode gerir a sua própria vida, administrar seus bens e exercer sua profissão. 
Justamente por isso, o CPC prevê que o interditando poderá impugnar o pedido de interdição, apresentando uma espécie de 
defesa (art. 1.182). 
Essa impugnação deverá ser protocolada dentro do prazo de 5 dias contados da audiência de interrogatório. 
 
Defensor do suposto incapaz 
Dentro do prazo de 15 dias contado da entrevista, o interditando poderá impugnar o pedido. 
Segundo o CPC 2015, o interditando poderá constituir advogado, e, caso não o faça, deverá ser nomeado curador especial (art. 
752, §2º). Caso o interditando não constitua advogado, o seu cônjuge, companheiro ou qualquer parente sucessível poderá 
intervir como assistente (§3º). 
 
Qual é o papel do MP no processo? 
O MP poderá ser autor da ação de interdição (art. 748 do CPC 2015) e, se não estiver nesta condição de requerente, ele intervirá 
como fiscal da ordem jurídica (art. 752 do CPC 2015). 
 
Nomeação de curador especial 
 
CPC 1973 CPC 2015 
Previa que, quando a interdição fosse requerida pelo 
Ministério Público, o juiz deveria nomear ao interditando 
curador à lide (art. 1.179). 
Assim, a jurisprudência dizia o seguinte: 
· ação de interdição proposta pelo MP: o juiz deveria 
nomear curador à lide (curador especial); 
· ação de interdição proposta por outro legitimado: não 
seria necessária a nomeação de curador à lide porque o 
próprio MP já iria ser o responsável pela defesa dos 
interesses do interditando. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.099.458-PR, Rel. Min. Maria Isabel 
Gallotti, julgado em 2/12/2014 (Info 553). 
Segundo o CPC 2015, o interditandopoderá constituir 
advogado para defendê-lo no processo, e somente se ele não 
apresentar advogado é que o juiz irá nomear um curador 
especial (art. 752, § 2º). 
O papel de curador especial será exercido pela Defensoria 
Pública (art. 72, parágrafo único, do CPC 2015; art. 4º, XVI, da 
LC 80/94). 
Importante: a atuação da Defensoria Pública como curadora 
especial não exige que o réu seja hipossuficiente 
economicamente. Nesses casos do art. 72 do CPC 2015, 
entende-se que o réu ostenta hipossuficiência jurídica, sendo, 
portanto, necessária a atuação da Defensoria Pública. 
O entendimento jurisprudencial exposto no REsp 1.099.458-
PR não prevalece com o novo CPC, não importando, para fins 
de curador especial, se a ação foi proposta ou não pelo MP. 
 
Quais são os poderes do curador especial? O que ele faz no processo? 
O curador especial exerce um múnus público. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
83 
Sua função é a de defender o réu em juízo naquele processo. 
Possui os mesmos poderes processuais que uma “parte”, podendo oferecer as diversas defesas (contestação, exceção, 
impugnação etc.), produzir provas e interpor recursos. 
Obviamente, o curador especial não pode dispor do direito do réu (não pode, por exemplo, reconhecer a procedência do pedido), 
sendo nulo qualquer ato nesse sentido. 
 
Obs.: não confundir o curador do interditando, que é nomeado ao final, caso a ação seja julgada procedente (art. 1.183, parágrafo 
único do CPC 1973 / art. 755, I, do CPC 2015), com o curador especial, que é designado logo no início da ação e unicamente para 
resguardar os interesses processuais do interditando. Apesar de o nome ser parecido, são figuras completamente diferentes. O 
curador à lide é um instituto processual, que só existe enquanto perdurar o processo. O curador do interditando é uma figura de 
direito material, que vai surgir caso a ação de interdição seja julgada procedente. 
 
 
O recurso interposto pela Defensoria, na qualidade de curadora especial, não precisa de preparo 
Tendo em vista os princípios do contraditório e da ampla defesa, o recurso interposto pela Defensoria Pública, na qualidade de 
curadora especial, está dispensado do pagamento de preparo. STJ. Corte Especial. EAREsp 978895-SP, Rel. Min. Maria Thereza 
de Assis Moura, julgado em 18/12/2018 (Info 641). 
 
Comentários do julgado 
 
Curador especial 
O CPC prevê que, em determinadas situações, o juiz terá que nomear um curador especial que irá defender, no processo civil, os 
interesses do réu. 
O curador especial também é chamado de curador à lide. 
 
Hipóteses em que será nomeado curador especial: 
Estão previstas no art. 72 do CPC. São quatro situações: 
a) Quando o réu for incapaz e não tiver representante legal; 
b) Quando o réu for incapaz e tiver representante legal, mas os interesses deste (representante) colidirem com os interesses 
daquele (incapaz); 
c) Quando o réu estiver preso e for revel; 
d) Quando o réu tiver sido citado por edital ou com hora certa e for revel (em ambos os casos), enquanto não for constituído 
advogado. 
 
Veja a redação legal: 
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao: 
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade; 
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado. 
 
Quais são os poderes do curador especial? O que ele faz no processo? 
O curador especial exerce um múnus público. 
Sua função é a de defender o réu em juízo naquele processo. 
Possui os mesmos poderes processuais que uma “parte”, podendo oferecer as diversas defesas (contestação, exceção, 
impugnação etc.), produzir provas e interpor recursos. 
Obviamente, o curador especial não pode dispor do direito do réu (não pode, por exemplo, reconhecer a procedência do pedido), 
sendo nulo qualquer ato nesse sentido. 
Vale ressaltar que, ao fazer a defesa do réu, o curador especial pode apresentar uma defesa geral (“contestação por negação 
geral”), não se aplicando a ele o ônus da impugnação especificada dos fatos (parágrafo único do art. 341 do CPC). Desse modo, 
o curador especial não tem o ônus de impugnar pontualmente (de forma individualizada) cada fato alegado pelo autor. 
 
O curador especial pode apresentar reconvenção? 
SIM. 
O curador especial tem legitimidade para propor reconvenção em favor do réu cujos interesses está defendendo. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.088.068-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 29/08/2017 (Info 613). 
 
Como já dito, o curador nomeado tem como função precípua defender o réu nas hipóteses legais. 
Por “defesa”, deve-se entender isso de forma ampla, incluindo, portanto, também a possibilidade de propor reconvenção. 
Tal orientação é a que melhor se coaduna com o direito ao contraditório e à ampla defesa. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
84 
A doutrina vai além e afirma que o curador especial pode também propor ações autônomas de impugnação, a exemplo do 
mandado de segurança contra ato judicial. 
 
Este art. 72 é aplicável apenas ao processo (fase) de conhecimento? 
NÃO. O art. 72 deve ser aplicado em qualquer processo, inclusive no caso de execução. 
 
Súmula 196-STJ: Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com 
legitimidade para apresentação de embargos. 
 
Com efeito, há entendimento do STJ que é dispensado à Defensoria Pública atuando como curador especial, oferecer garantia 
ao juízo como condição de admissibilidade aos Embargos à Execução Fiscal. Nessa linha, exigir garantia nos embargos à execucão 
fiscal "consubstanciaria desproporcional embaraço ao exercício do que se constitui um munus público, com nítido propósito de 
se garantir o direito ao contraditório e à ampla defesa" (STJ. 1ª Turma. REsp 11.691.059-MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado 
em 11/09/2018). 
 
O que essa função de curador especial tem a ver com a Defensoria Pública? 
A Lei Orgânica da Defensoria Pública (LC 80/94) estabelece o seguinte: 
 
Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: 
XVI – exercer a curadoria especial nos casos previstos em lei; 
 
Desse modo, o múnus público de curador especial de que trata o art. 72 do CPC deve ser exercido pelo Defensor Público. 
O CPC/2015 também afirmou isso expressamente: 
Art. 72 (...) 
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei. 
 
Quando o Defensor Público atua como “curador especial”, ele terá direito de receber honorários? 
NÃO. 
O Defensor Público não faz jus ao recebimento de honorários pelo exercício da curatela especial por estar no exercício das suas 
funções institucionais, para o que já é remunerado mediante o subsídio em parcela única. 
STJ. Corte Especial. REsp 1.201.674-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 6/6/2012. 
 
Todavia, ao final do processo, se o réu se sagrar vencedor da demanda, a instituição Defensoria Pública terá direito aos honorários 
sucumbenciais. 
Desse modo, apenas para que fique claro, o que se está dizendo é que o Defensor Público que atua como curador especial não 
tem que receber honorários para atuar neste múnus público, considerando que já se trata de uma de suas atribuições previstas 
em lei. 
 
O Ministério Público pode exercer a função de curador especial? 
NÃO. 
 
O que é preparo? 
Preparo consiste no pagamento das despesas relacionadas com o processamento do recurso. 
No preparo incluem-se: 
• taxa judiciária (custas); 
• despesas postais com o envio dos autos (chamado de “porte de remessa e de retorno” dos autos). 
 
Desse modo, “preparar” o recurso é nada mais que pagar as despesas necessárias para que a máquina judiciária dê andamento à 
sua apreciação. O pagamento do preparo é feito, comumente, na rede bancária conveniada com o Tribunal. 
 
O CPC afirma que a parte que está recorrendo da decisão precisa comprovar o preparo no momento da interposição do recurso. 
Logo, o preparo (recolhimentodo valor) deve ser feito antes da interposição do recurso e, junto com o recurso interposto, o 
recorrente deve juntar o comprovante do pagamento. 
 
Se o recorrente, quando interpuser o recurso, não comprovar que fez o preparo, o seu recurso será 
considerado deserto (deserção). Ainda que o recorrente tenha efetuado o recolhimento, se ele, no momento da interposição do 
recurso, não comprovar que fez o preparo, terá seu recurso inadmitido por deserção. 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
85 
Deserção é a inadmissibilidade do recurso pela falta de preparo. Se o recurso foi deserto, significa que ele não foi conhecido (não 
foi sequer apreciado). Gramaticalmente, desertar é mesmo que abandonar. 
 
Existia uma corrente que defendia que, se a Defensoria Pública interpusesse recurso na condição de curadora especial seria 
necessário o prévio preparo tendo em vista que, como a parte é revel, não seria possível presumir que ela tem direito à 
gratuidade da justiça. Essa tese prevaleceu no STJ? Quando a Defensoria Pública vai interpor recurso, na qualidade de curadora 
especial, é necessário preparo? 
NÃO. 
A posição atual é a de que não é necessário preparo. 
 
Se o réu é revel e está sendo assistido pela Defensoria Pública, a exigência do pagamento das custas processuais significaria, na 
prática, tornar impossível a interposição do recurso, uma vez que não se pode esperar, tampouco exigir que o curador especial 
efetue o pagamento do preparo por sua conta. Em outras palavras, não é exigível que o Defensor Público ou a Defensoria 
Pública utilize seus próprios recursos para pagar o preparo. 
 
Aliás, não é essa a sua função, não sendo isso exigido pela lei. A Defensoria Pública tem apenas o múnus público de exercer a 
curadoria especial, mas não de arcar com as despesas do preparo em nome da parte. 
 
Exigir preparo para o conhecimento de recurso interposto pela Defensoria Pública, na condição de curadora especial de réu 
ausente, representa indevido obstáculo ao livre exercício do múnus público atribuído à instituição. 
 
A dispensa do preparo, neste caso, é uma decorrência do princípio constitucional da ampla defesa, o qual também deve ser 
assegurado na instância recursal. 
 
Desse modo, tendo em vista os princípios do contraditório e da ampla defesa, o recurso interposto pela Defensoria Pública, na 
qualidade de curadora especial, está dispensado do pagamento de preparo. 
 
Em suma: 
Tendo em vista os princípios do contraditório e da ampla defesa, o recurso interposto pela Defensoria Pública, na qualidade de 
curadora especial, está dispensado do pagamento de preparo. 
STJ. Corte Especial. EAREsp 978.895-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 18/12/2018 (Info 641). 
 
 
CAPÍTULO II 
DOS DEVERES DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES 
 
Seção I 
Dos Deveres 
 
CPC, Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de 
qualquer forma participem do processo: 
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; 
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento; 
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa do direito; 
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação; 
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial ou profissional onde receberão 
intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva; 
VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. 
§1º Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser 
punida como ato atentatório à dignidade da justiça. 
§2º A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA, devendo o juiz, sem 
prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável MULTA de até 20% do valor da causa, de 
acordo com a gravidade da conduta. 
§3 o Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no §2º será inscrita como dívida ativa da União ou do 
Estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal, 
revertendo-se aos fundos previstos no art. 97 . 
§4º A multa estabelecida no §2º poderá ser fixada independentemente da incidência das previstas nos arts. 523, § 1º , e 536, 
§ 1º . 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
86 
§5º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa prevista no §2º poderá ser fixada em até 10 vezes o valor do 
salário-mínimo. 
§6º Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério Público NÃO SE APLICA o 
disposto nos §§ 2º a 5º, devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou 
CORREGEDORIA, ao qual o juiz oficiará. à Comentários da @dicas.exconcurseira: os Defensores Públicos que praticarem os 
atos previstos no incisos IV e VI, apesar de praticarem atos considerados atentatórios à dignidade da justiça, NÃO serão punidos 
pelo juiz (com multa de até 20% do valor da causa), mas, sim, terá a sua responsabilidade disciplinar apurada pela Corregedoria. 
CPC, Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e a 
qualquer pessoa que participe do processo empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados. 
 
 
Seção III 
Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas 
 
CPC, Art. 91. AS DESPESAS DOS ATOS PROCESSUAIS praticados a requerimento da Fazenda Pública, do Ministério Público ou da 
Defensoria Pública serão pagas AO FINAL PELO VENCIDO. 
 
§1º As PERÍCIAS requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública poderão ser realizadas por 
ENTIDADE PÚBLICA ou, havendo previsão orçamentária, ter os valores adiantados por aquele que requerer a prova. 
 
§2º Não havendo previsão orçamentária no exercício financeiro para adiantamento dos honorários periciais, eles serão pagos 
no exercício seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o processo se encerre antes do adiantamento a ser feito pelo ente público. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CPC, Art. 93. As despesas de atos adiados ou cuja repetição for necessária ficarão a cargo da parte, do auxiliar da justiça, do 
órgão do Ministério Público ou da Defensoria Pública ou do juiz que, sem justo motivo, houver dado causa ao adiamento ou à 
repetição. 
 
 
 
Despesas de atos 
processuais praticados a 
requerimento da DP 
serão pagas, ao final, por 
quem PERDER a demanda 
Perícia requerida 
pela DP 
realizada por ENTIDADE PÚBLICA 
pode ser paga ao perito particular de forma adiantada 
SE HOUVER PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA para isso 
se NÃO houver previsão 
orçamentária no exercício 
financeiro vigente 
será paga no exercício 
financeiro seguinte 
será paga, ao final, por 
quem perder a demanda 
Se o Defensor Público der causa à 
adiamento ou repetição de ato processual 
quem arcará com a despesa é a 
DEFENSORIA PÚBLICA 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
87 
CPC, Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do ASSISTENTE TÉCNICO que houver indicado, sendo a do PERITO adiantada* 
pela PARTE QUE HOUVER REQUERIDO A PERÍCIA ou RATEADA quando a perícia for determinada DE OFÍCIO ou requerida por 
AMBAS as partes. 
* “adiantamento” da remuneração do perito à necessidade de depositar, em juízo, a integralidade dos honorários periciais. 
§3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de BENEFICIÁRIO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA, ela poderá ser: 
I - custeada com recursos alocados no orçamento do ENTE PÚBLICO e realizada por SERVIDOR DO PODER JUDICIÁRIO ou por 
ÓRGÃO PÚBLICO CONVENIADO; 
II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal,no caso de ser realizada por 
particular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho 
Nacional de Justiça. 
§4º Na hipótese do §3º, o juiz, após o trânsito em julgado da decisão final, oficiará a Fazenda Pública para que promova, contra 
quem tiver sido condenado ao pagamento das despesas processuais, a execução dos valores gastos com a perícia particular ou 
com a utilização de servidor público ou da estrutura de órgão público, observando-se, caso o responsável pelo pagamento das 
despesas seja beneficiário de gratuidade da justiça, o disposto no art. 98, §2º . 
§5º Para fins de aplicação do §3º, é vedada a utilização de recursos do fundo de custeio da Defensoria Pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Despesa com 
ASSISTENTE TÉCNICO 
adiantada pela parte que 
houver indicado o assistente 
Despesa com 
PERITO 
se a PARTE requerer 
se o JUIZ determinar DE OFÍCIO 
se AMBAS AS PARTES requererem 
será adiantada pela parte que 
houver requerido 
será RATEADA por ambas as 
partes 
Quando o pagamento da 
perícia é de responsabilidade 
de BENEFICIÁRIO DA 
GRATUIDADE DA JUSTIÇA 
custeada com recursos 
públicos do ente público 
realizada por SERVIDOR PÚBLICO 
do Poder Judiciário 
ou 
por ÓRGÃO PÚBLICO conveniado 
custeada com recursos 
públicos da União, 
Estados ou DF 
se realizada por 
PARTICULAR 
é VEDADA a utilização 
de recursos do fundo 
de custeio da DP para 
fazer este pagamento 
Como tal remuneração é considerada expressamente como “despesa judicial” pelo art.84 do CPC, 
será responsável pelo pagamento à parte sucumbente, de forma que caberá à parte derrotada 
reembolsar a parte contrária nos valores despendidos na contratação do assistente técnico. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
88 
 Obs: Apesar de o §3 prever regra apenas para o pagamento da verba pericial, portanto, um dever do vencido, esta 
regra também se aplica para o adiantamento de tal verba quando a perícia for pedida pelo beneficiário da gratuidade da justiça. 
 A forma preferencial será o custeio da perícia com recursos alocados ao orçamento do ente público e realizada por 
servidor do Poder Judiciário ou por órgão público conveniado. Como não é do Poder Judiciário, mas sim do Estado, o dever de 
prestação de assistência judiciária aos beneficiários da gratuidade da justiça, o ideal nesse caso é que a perícia seja feita pelo 
próprio Estado, sempre que existir órgão público que atue no ramo de especialidade que a prova técnica exigir. 
 Apesar de o ideal ser produzir a prova pericial por órgão público, não se descarta a sua realização por particular, sendo 
nesse caso o trabalho remunerado de acordo com o valor fixado conforme tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua 
omissão, do CNJ, e pago com recursos alocados ao orçamento da União, do Estado e do DF. 
 
 
TÍTULO IV 
DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA 
 
CAPÍTULO I 
DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ 
 
CPC, Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: 
X - quando se deparar com diversas demandas individuais REPETITIVAS, oficiar o Ministério Público, a DEFENSORIA PÚBLICA e, 
na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5º da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 , e o art. 82 da Lei nº 
8.078, de 11 de setembro de 1990 , para, se for o caso, promover a propositura da AÇÃO COLETIVA RESPECTIVA. à NOVIDADE 
DO CPC/15 
 
 
CAPÍTULO II 
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO 
 
CPC, Art. 144. Há IMPEDIMENTO do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: 
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu CÔNJUGE ou 
COMPANHEIRO, ou QUALQUER PARENTE, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o 3º grau, inclusive; 
§1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério 
Público JÁ INTEGRAVA o processo ANTES do início da atividade judicante do juiz. 
 
 
 O impedimento do juiz é causa absoluta de parcialidade, significando que basta a ocorrência de uma das causas 
previstas no art.144 do CPC, para que o juiz seja afastado da condução do processo, não sendo necessária a pesquisa a respeito 
da efetiva influência gerada na imparcialidade do juiz no caso concreto. Segundo o STJ, é hipótese de nulidade absoluta na qual 
é presumida a parcialidade do juiz. 
 Trata-se de matéria de ordem pública, de forma que o juiz pode conhecer seu impedimento de ofício e as partes podem 
arguir a parcialidade do juiz a qualquer momento do processo. Após o trânsito em julgado, o impedimento do juiz torna-se vício 
de rescindibilidade, o que permite no prazo decadencial de 2 anos o ingresso da ação rescisória. 
 O STJ entende que o rol previsto no art.144 do CPC é taxativo, não comportando ampliação analógica. 
 
 
CAPÍTULO III 
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA 
 
Seção I 
Do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do Oficial de Justiça 
 
CPC, Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria: 
IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não permitindo que saiam do cartório, exceto: 
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública; 
 
 
Seção II 
Do Perito 
 
CPC, Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
89 
§2º Para formação do cadastro (DE PERITOS), os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de divulgação na rede 
mundial de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de classe, ao 
Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos 
técnicos interessados. 
 
 
TÍTULO VII 
DA DEFENSORIA PÚBLICA 
 
CPC, Art. 185. A Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos 
individuais e coletivos dos NECESSITADOS, em todos os graus, de forma integral e gratuita. 
 
 
CPC, Art. 186. A Defensoria Pública gozará de PRAZO EM DOBRO para todas as suas manifestações processuais. 
 
 ATENÇÃO! Apenas os prazos processuais são DOBRADOS. Os prazos materiais não estão sujeitos a esta regra. 
 
§1º O prazo tem início com a INTIMAÇÃO PESSOAL* do defensor público, nos termos do art. 183, § 1º . 
 
§2º A requerimento da Defensoria Pública, o juiz determinará a intimação pessoal DA PARTE PATROCINADA quando o ato 
processual depender de providência ou informação que SOMENTE por ela possa ser realizada ou prestada. à INTIMAÇÃO 
PESSOAL DO ASSISTIDO PELA DEFENSORIA PÚBLICA 
 
 Obs: no cumprimento de sentença, o devedor assistido pela DP deverá ser intimado por carta com aviso de 
recebimento (art.513, §2º, II), pois o cumprimento da sentença é ato personalíssimo da parte. Esta mesma lógica também foi 
adotada na hipótese de expropriação, por adjudicação, de bens penhorados pertencentes ao executado assistido pela DP 
(art.876, §1º, II). 
 
§3º O disposto no caput (PRAZO EM DOBRO) aplica-se aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas 
na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria 
Pública. 
 
§4º NÃO SE APLICA O BENEFÍCIO DA CONTAGEM EM DOBRO quando a lei estabelecer, de forma expressa, PRAZO PRÓPRIO 
para a Defensoria Pública. 
 
 
CPC, Art. 187. O membro da Defensoria Pública será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no 
exercício de suas funções. 
 
* O CPC/15 afirma que o prazo para a prática dos atos processuais tem início com a intimação pessoal do Defensor 
Público, nos termos do art.183, §1º. Este dispositivo, por sua vez, fala que a intimação pessoal é feita por meio eletrônico, por 
carga ou remessa. Portanto, nos termos do CPC,a intimação da DP pode ocorrer por meio de intimação pessoal em sentido 
estrito (carga ou remessa) ou por meio eletrônico, quando o órgão de atuação com atribuição para atuar no feito realizar a 
consulta eletrônica ao teor da intimação nos portais criados pelos tribunais para esse fim. É a mesma disciplina prevista no 
art.4º, §2º, da Lei 11.419/2996 (Lei do Processo Eletrônico), que equipara a intimação eletrônica à intimação pessoal. 
 Estes dispositivos, no entanto, estão em descompasso com a previsão específica do regimento especialmente dedicado 
a tratar da DP. De acordo com os arts.44, I, 89, I e 128, I, da LC 80/94, a intimação pessoal em qualquer processo e grau de 
jurisdição ou instância administrativa se faz mediante entrega dos autos com vista, seja por carga ou por remessa. Assim, faz-
se necessário analisar a compatibilidade entre o CPC e a LC 80/94. 
 O limite da equiparação é o núcleo protetivo que se extrai das regras sobre a intimação pessoal. 
 A intimação eletrônica, não obstante fragilizar a segurança jurídica buscada pela LC 80/94, não promove uma quebra na 
isonomia em relação à Defensoria Pública, na medida em que direciona as mesmas diretrizes para advogados, públicos e 
privados, e para o MP. Nesse sentido, a equiparação, mesmo tendo reduzido uma prerrogativa funcional da DP, dentro de um 
sistema de ponderações de interesses, coaduna-se com o objetivo de instauração de um novo modelo de processo, construído 
sobre a lógica da era da informatização. 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
90 
LIVRO IV 
DOS ATOS PROCESSUAIS 
 
TÍTULO I 
DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS 
 
CAPÍTULO I 
DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS 
 
Seção V 
Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria 
 
CPC, Art. 207. O escrivão ou o chefe de secretaria numerará e rubricará todas as folhas dos autos. 
Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao membro do Ministério Público, ao defensor público e aos auxiliares da justiça é 
facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos em que intervierem. 
 
 
CAPÍTULO III 
 DOS PRAZOS 
 
Seção I 
 Disposições Gerais 
 
CPC, Art. 220. SUSPENDE-SE o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, 
inclusive. 
§1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria 
Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça EXERCERÃO suas atribuições durante o período previsto no caput. 
 
 
CPC, Art. 230. O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o Ministério Público será contado 
da citação, da intimação ou da notificação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Seção II 
Da Verificação dos Prazos e das Penalidades 
 
CPC, Art. 233. Incumbe ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem motivo legítimo, os prazos estabelecidos em lei. 
§2º Qualquer das partes, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá REPRESENTAR AO JUIZ CONTRA SERVENTUÁRIO 
que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei. 
 
CPC, Art. 234. Os advogados públicos ou privados, o defensor público e o membro do Ministério Público devem RESTITUIR OS 
AUTOS no prazo do ato a ser praticado. 
§2º Se, intimado, o advogado não devolver os autos no prazo de 3 dias, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em 
MULTA correspondente à metade do salário-mínimo. 
§4º Se a situação envolver membro do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da Advocacia Pública, a MULTA, se for o 
caso, será aplicada ao AGENTE PÚBLICO responsável pelo ato (E NÃO À DEFENSORIA PÚBLICA). 
 
 
SUSPENSÃO DOS 
PRAZOS PROCESSUAIS 
20 DEZ à 20 JAN 
A DP deverá funcionar neste 
período, SALVO: 
férias individuais 
feriados instituídos por lei 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
91 
 
 
 
 
CPC, Art. 235. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao corregedor do tribunal ou ao 
Conselho Nacional de Justiça CONTRA O JUIZ OU RELATOR que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei, 
regulamento ou regimento interno. 
 
 
TÍTULO II 
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS 
 
CAPÍTULO II 
DA CITAÇÃO 
 
CPC, Art. 250. O mandado que o oficial de justiça tiver de cumprir conterá: 
IV - se for o caso, a intimação do citando para comparecer, acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de 
conciliação ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do lugar do comparecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO IV 
DAS INTIMAÇÕES 
 
CPC, Art. 270. As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da lei. 
Parágrafo único. Aplica-se ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Advocacia Pública o disposto no §1º do art. 
246 (CITAÇÕES E INTIMAÇÕES ELETRÔNICA). à Já estudamos quando comentamos o art.186, §1º, do CPC. 
 
 
CPC, Art.272, §6º A RETIRADA DOS AUTOS do cartório ou da secretaria em carga pelo advogado, por pessoa credenciada a 
pedido do advogado ou da sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério Público 
IMPLICARÁ INTIMAÇÃO de qualquer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de publicação. 
 
 
TÍTULO IV 
DA DISTRIBUIÇÃO E DO REGISTRO 
 
CPC, Art. 287. A petição inicial deve vir acompanhada de procuração, que conterá os endereços do advogado, eletrônico e não 
eletrônico. 
Parágrafo único. DISPENSA-SE A JUNTADA DE PROCURAÇÃO: 
(...) 
II - se a parte estiver representada pela Defensoria Pública; 
 
CPC, Art. 289. A distribuição poderá ser fiscalizada pela parte, por seu procurador, pelo Ministério Público e pela Defensoria 
Pública. 
 
 
PARTE ESPECIAL 
 
LIVRO I 
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 
 
TÍTULO I 
DO PROCEDIMENTO COMUM 
 
MULTA por não restituição dos autos no prazo legal será aplicada ao DEFENSOR PÚBLICO 
CITAÇÃO PARA COMPARECIMENTO À 
AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO/MEDIAÇÃO 
deve conter a informação de que o citando deve 
comparecer na presença de DEFENSOR PÚBLICO/ advogado 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
92 
CAPÍTULO V 
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO 
 
CPC, Art.334, §9º As partes DEVEM estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos. 
 
CAPÍTULO VI 
DA CONTESTAÇÃO 
 
CPC, Art.341, Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos NÃO SE APLICA ao defensor público, ao advogado 
dativo e ao curador especial. 
 
 O ônus da impugnação específica não se aplica aos advogados dativos, curador especial e ao defensor público, que 
podem elaborar a contestação com fundamento em negativa geral, instituto que permite que ao réu uma impugnação genérica 
de todos os fatos narrados pelo autor, sendo tal forma de reação o suficiente para tornar todos os fatos controvertidos. Na 
realidade, mesmo que não haja a expressa indicação de que o réu está se valendo da negativa geral, uma interpretação lógica 
desse benefício impede que o juiz presuma verdadeiros os fatos alegados pelo autor. Basta, portanto, a apresentação da 
contestação para que os fatos se considerem controvertidos, cabendo ao autor, ao mesmo em regra, o ônus da prova. 
 O curador especial e o advogado dativo estão dispensados de observar esse ônus ao elaborarem a defesa dos seus 
presentados. Isso porque são representantes que assumem suas funções em situação que não lhes permite, no mais das vezes, 
ter acesso imediato ao réu, de quem poderiam extrair as informações indispensáveis para a elaboração de uma defesa 
específica. 
 Quanto à aplicação desta regra aos defensores públicos, é importante recordar que a sua razão de ser pressupõe a 
dificuldade concreta de comunicação entre o representante judicial e o réu. Mas esta dificuldade nem sempre ocorre. Para 
alguns doutrinadores, prever que a regra da impugnação específica não se aplica aos defensores públicos é diminuir a instituição 
e possibilitar que – alguns – aproveitem-se de tal regra, elaborando peças genéricas e não fundamentadas. Em bom português:os defensores públicos devem, sim, sempre prezar pela elaboração de contestações ricas, onde se contradite os fatos alegados 
pelo autor. 
 
 
CAPÍTULO XI 
DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 
 
CPC, Art. 360. O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe: 
IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados, os membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e qualquer 
pessoa que participe do processo; 
 
CPC, Art. 362. A audiência poderá ser adiada: 
(...) 
§2º O juiz poderá DISPENSAR A PRODUÇÃO DAS PROVAS requeridas pela parte cujo advogado ou defensor público não tenha 
comparecido à audiência, aplicando-se a mesma regra ao Ministério Público. à Comentários da @dicas.exconcurseira: assim, 
sendo injustificada a ausência do defensor público (ou advogado e promotor de justiça), além de a audiência ser realizada 
normalmente, o juiz poderá dispensar a prova requerida pelo defensor público faltante. Correta a doutrina que afirma que, em 
se tratando de demanda de direito indisponível, o juiz será obrigado a produzir a prova; tratando de direito disponível, caberá 
ao magistrado analisar, no caso concreto, a conveniência de produzir a prova para a formação de seu convencimento. 
 
 
CAPÍTULO XII 
DAS PROVAS 
 
Seção VII 
Da Prova Documental 
 
Subseção I 
Da Força Probante dos Documentos 
 
CPC, Art. 425. Fazem a mesma prova que os originais: 
VI - as REPRODUÇÕES DIGITALIZADAS de qualquer documento PÚBLICO ou PARTICULAR, quando juntadas aos autos pelos 
órgãos da justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pela Defensoria Pública e seus auxiliares, pelas 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
93 
procuradorias, pelas repartições públicas em geral e por advogados, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de 
adulteração. 
 
Subseção II 
Da Produção da Prova Testemunhal 
 
CPC, Art. 454. São inquiridos em sua residência ou onde exercem sua função: 
V - o advogado-geral da União, o procurador-geral do Estado, o procurador-geral do Município, o defensor público-geral federal 
e o defensor público-geral do Estado; 
 
 
CPC, Art. 455. Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da 
audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo. 
§4º A intimação será feita pela VIA JUDICIAL quando: 
IV - a testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública; 
 
 
 Cabe à parte que arrolou a testemunha decidir se pretende ou não proceder à sua intimação, podendo dispensá-la no 
caso concreto e comprometer-se a levar a testemunha à audiência independentemente de intimação. 
 Na hipótese de ausência justificada da testemunha, nenhuma diferença fará ela ter sido ou não intimada, porque será 
caso de designação de nova oportunidade para sua oitiva. Já na hipótese de ausência injustificada, as consequências são bem 
diversas. Se a testemunha tiver sido intimada a pedido da parte, será conduzida coercitivamente para prestar seu depoimento e 
ficará responsável pelas despesas do adiamento. Caso a parte tenha pedido a dispensa da intimação do juízo e a testemunha 
faltar injustificadamente, ocorrerá a preclusão da prova, presumindo-se que a parte dela desistiu. 
 Assim, o CPC passou a prever que, em regra, a intimação da testemunhou passou a ser tarefa do advogado que a 
arrolou, e não mais ao juízo. 
 Ocorre que o §4º prevê hipóteses em que a intimação ainda será feita pela via judicial, dentre elas: quando a 
testemunha for arrolada pela DP. 
 
 
TÍTULO II 
DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA 
 
CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
CPC, Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber e conforme a 
natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código. 
§2º O DEVEDOR será INTIMADO para CUMPRIR A SENTENCA: 
II – POR CARTA COM AVISO DE RECEBIMENTO, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador 
constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV; à POIS CUMPRIR A OBRIGAÇÃO ESTIPULADA NA SENTENÇA É ATO 
PERSONALÍSSIMO A SER CUMPRIDO PELO PRÓPRIO DEVEDOR – daí a necessidade de ele ser intimado pessoalmente, por 
carta com aviso de recebimento. 
 
 
DE OLHO NA JURIS! Se o devedor for assistido da Defensoria, o prazo do art. 475-J do CPC/1973 deverá ser contado em dobro 
Se o devedor for assistido da Defensoria Pública, o prazo do art. 475-J do CPC/1973 deverá ser contado EM DOBRO, ou seja, o 
executado terá 30 DIAS para o débito. A prerrogativa da contagem em dobro dos prazos tem por objetivo compensar as 
peculiares condições enfrentadas pelos profissionais que atuam nos serviços de assistência judiciária do Estado, que enfrentam 
deficiências de material, pessoal e grande volume de processos. A intimação para o cumprimento da sentença gera ônus para o 
representante da parte vencida, que deverá comunicá-la do desfecho desfavorável da demanda e alertá-la de que a ausência 
de cumprimento voluntário implica imposição de sanção processual. Logo, deve ser aplicado o prazo em dobro nesta situação. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1261856-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/11/2016 (Info 594). 
 
CUIDADO!! Este julgado foi prolatado na égide do CPC/73. LEIA A PARTE FINAL DOS COMENTÁRIOS DESTACADA EM AMARELO. 
 
Comentários do julgado 
 
O procedimento para execução de quantia pode ser realizado de duas formas: 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
94 
a) execução de quantia fundada em título executivo extrajudicial; 
b) execução de quantia fundada em título executivo judicial (cumprimento de sentença). 
 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
“A” ajuíza uma ação de cobrança contra “B”. 
O juiz julga a sentença procedente, condenando “B” a pagar 1 milhão de reais a “A”. 
“B” perdeu o prazo para a apelação, de modo que ocorreu o trânsito em julgado. 
 
O que acontece agora? 
“A” terá que ingressar com uma petição em juízo requerendo o cumprimento da sentença. 
 
O início da fase de cumprimento da sentença pode ser feito de ofício pelo juiz? 
NÃO. O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, só pode ser feito a 
requerimento do exequente (art. 513, §1º do CPC/2015). 
Cabe ao credor o exercício de atos para o regular cumprimento da decisão condenatória, especialmente requerer ao juízo que dê 
ciência ao devedor sobre o montante apurado, consoante demonstrativo discriminado e atualizado do crédito (art. 524 do 
CPC/2015). 
Em outras palavras, o início da fase de cumprimento da sentença exige um requerimento do credor: 
 
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o 
cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no 
prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. 
 
A partir do requerimento do credor, o que faz o juiz? 
O juiz determina a intimação do devedor para pagar a quantia em um prazo máximo de 15 dias. 
Não ocorrendo pagamento voluntário neste prazo, o débito será acrescido de multa de 10% e, também, de honorários de 
advogado de 10% (art. 523, § 1º, do CPC/2015). 
 
Esse prazo de 15 dias, previsto no art. 523 do CPC 2015 (art. 475-J do CPC 1973), é contado a partir de quando? 
Da intimação do devedor para pagar. Não basta que o devedor já tenha sido intimado anteriormente da sentença que o condenou. 
Para começar o prazo de 15 dias para pagamento, é necessária nova intimação. 
Assim, a multa de 10% depende de nova intimação prévia do devedor. 
A forma dessa intimação está prevista no art. 513 do CPC 2015: 
 
Art. 513 (...) 
§2º O devedor será intimado para cumprir a sentença: 
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos; 
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído 
nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV; 
III - pormeio eletrônico, quando, no caso do §1º do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos 
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento. 
§3º Na hipótese do §2º, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o devedor houver mudado de endereço sem 
prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274. 
§4º Se o requerimento a que alude o §1º for formulado após 1 ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita na 
pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço constante dos autos, observado o 
disposto no parágrafo único do art. 274 e no § 3º deste artigo. 
 
Se o devedor for assistido da Defensoria Pública, o prazo de 15 dias do art. 475-J do CPC 1973 será contado em dobro, ou seja, 
será de 30 dias? 
A 4ª Turma do STJ decidiu que sim: 
 
Se o devedor for assistido da Defensoria Pública, o prazo do art. 475-J do CPC/1973 deverá ser contado em dobro, ou seja, o 
executado terá 30 dias para o débito. 
A prerrogativa da contagem em dobro dos prazos tem por objetivo compensar as peculiares condições enfrentadas pelos 
profissionais que atuam nos serviços de assistência judiciária do Estado, que enfrentam deficiências de material, pessoal e 
grande volume de processos. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
95 
A intimação para o cumprimento da sentença gera ônus para o representante da parte vencida, que deverá comunicá-la do 
desfecho desfavorável da demanda e alertá-la de que a ausência de cumprimento voluntário implica imposição de sanção 
processual. Logo, deve ser aplicado o prazo em dobro nesta situação. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.261.856/DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/11/2016. 
 
Novo CPC 
O julgamento acima foi proferido ainda sob a ótica do CPC/1973, considerando que os fatos ocorreram na vigência do Código 
passado. 
Há dúvidas se o entendimento permanece válido com o novo CPC. Isso porque o art. 513, §2º, II, do CPC/2015 determina que 
se o devedor for assistido da Defensoria Pública, ele deverá ser intimado para cumprir a sentença por meio de CARTA COM 
AVISO DE RECEBIMENTO. Essa previsão não existia no CPC/1973. 
Assim, em tese, a intimação para cumprimento da sentença não demandaria mais nenhum ônus para o Defensor Público. Logo, 
em princípio, não haveria motivo para se aplicar o prazo em dobro, já que o cumprimento voluntário teria deixado de ser um 
ato de natureza dúplice e seria, agora, um ato a ser praticado apenas pela parte. 
É preciso, no entanto, aguardar para se ter certeza. Qualquer novidade, você será alertado no site. 
 
 
CAPÍTULO III 
DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS 
 
Seção I 
Disposições Gerais 
 
CPC, Art.554, §1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo GRANDE NÚMERO DE PESSOAS, serão feitas a 
citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a 
intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Esta norma pretende regular os conflitos possessórios onde o polo passivo está sendo ocupado por um grande número 
de possuidores ou uma coletividade de possuidores; foi criada para regular a judicialização dos graves conflitos sociais sobre a 
terra, em geral relacionados à pretensão de reforma agrária ou ao direito de moradia. 
 
 
Seção II 
Da Manutenção e da Reintegração de Posse 
 
CPC, Art. 565. No LITÍGIO COLETIVO PELA POSSE DE IMÓVEL, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver 
ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de 
mediação, a realizar-se em até 30 dias, que observará o disposto nos §§ 2º e 4º. 
§2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será intimada sempre que houver 
parte beneficiária de gratuidade da justiça. 
 
Ação possessória cujo 
polo passivo seja UM 
GRANDE NÚMERO DE 
PESSOAS 
CITAÇÃO PESSOAL 
CITAÇÃO POR EDITAL 
INTIMAÇÃO 
INTIMAÇÃO 
dos ocupantes que forem encontrados no local 
dos ocupantes que NÃO forem encontrados no local 
do Ministério Público 
da Defensoria Pública 
SEMPRE! 
se envolver 
pessoas com 
hipossuficiência 
ECONÔMICA 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
96 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO VI 
DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA 
 
Seção I 
Disposições Gerais 
 
CPC, Art. 610. Havendo TESTAMENTO ou interessado INCAPAZ, proceder-se-á ao inventário JUDICIAL. 
§1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por ESCRITURA PÚBLICA, a qual constituirá 
documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições 
financeiras. 
§2 o O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado ou por 
defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. 
 
 
CAPÍTULO X 
DAS AÇÕES DE FAMÍLIA 
 
CPC, Art.695, §4º Na audiência, as partes DEVERÃO estar acompanhadas de seus advogados ou de defensores públicos. 
 
 
CAPÍTULO XV 
DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 
 
Seção I 
Disposições Gerais 
 
CPC, Art. 720. O procedimento terá início por provocação do interessado, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, 
cabendo-lhes formular o pedido devidamente instruído com os documentos necessários e com a indicação da providência 
judicial. 
 
 
Seção IV 
Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de União Estável e da Alteração do Regime de Bens do 
Matrimônio 
 
CPC, Art. 733. O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união estável, não havendo nascituro 
ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados por ESCRITURA PÚBLICA, da qual constarão as 
disposições de que trata o art. 731 . 
§2º O tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem assistidos por advogado ou por defensor público, cuja 
qualificação e assinatura constarão do ato notarial. 
 
 
 
 
LITÍGIO COLETIVO 
PELA POSSE 
DE IMÓVEL 
POSSE VELHA 
(mais de ano e dia) 
ANTES de apreciar 
o pedido de LIMINAR 
realiza-se AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO 
(tentativa de solução consensual) 
presença da 
DEFENSORIA PÚBLICA 
se houver BENEFICIÁRIO DA 
GRATUIDADE DA JUSTIÇA 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
97 
LIVRO II 
DO PROCESSO DE EXECUÇÃO 
 
CAPÍTULO IV 
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR QUALQUER EXECUÇÃO 
 
Seção I 
Do Título Executivo 
 
 
CPC, Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: 
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos 
advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; 
 
 
Seção IV 
Da Expropriação de Bens 
 
Subseção I 
 Da Adjudicação 
 
Art. 876. É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer que lhe sejam adjudicados os bens 
penhorados. 
§1º Requerida a adjudicação, o executado será intimado do pedido: 
II - por CARTA COM AVISO DE RECEBIMENTO, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador 
constituído nos autos; 
 
 
Subseção II 
Da Alienação 
 
CPC, Art. 890. Pode oferecer lance quem estiver na livre administração de seus bens, com exceção: 
III - do juiz, do membro do Ministério Público e da Defensoria Pública, do escrivão, do chefe de secretaria e dos demais 
servidores e auxiliares da justiça, em relação aos bens e direitos objeto de alienação na localidade onde servirem ou a que se 
estender a sua autoridade; 
 
 
TÍTULO I 
DA ORDEM DOS PROCESSOS E DOS PROCESSOS DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS 
 
CAPÍTULO III 
DO INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA 
 
CPC, Art. 947. É admissível a assunção de competência (IAC) quando o julgamento de recurso, deremessa necessária ou de 
processo de competência originária envolver RELEVANTE QUESTÃO DE DIREITO, com GRANDE REPERCUSSÃO SOCIAL, SEM 
REPETIÇÃO em múltiplos processos. 
§1º Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator proporá, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério 
Público ou da Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária JULGADO 
PELO ÓRGÃO COLEGIADO QUE O REGIMENTO INDICAR. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Defensoria Pública tem legitimidade para provocar o 
relator do processo que corre no Tribunal, a fim de que 
ele o remeta ao órgão colegiado que o regimento 
interno indicar como competente para apreciar o IAC. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
98 
CAPÍTULO VII 
DA AÇÃO RESCISÓRIA 
 
CPC, Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319 , devendo o autor: 
I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo; 
II - depositar a importância de 5% sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de 
votos, declarada inadmissível ou improcedente. 
§1º NÃO SE APLICA o disposto no inciso II à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, às suas respectivas 
autarquias e fundações de direito público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e aos que tenham obtido o benefício de 
gratuidade da justiça. 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO VIII 
DO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS 
 
CPC, Art. 977. O pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente de tribunal: 
I - pelo juiz ou relator, por ofício; 
II - pelas partes, por petição; 
III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição. 
 
 
 
 
 
 
 A legitimidade conferida pelo dispositivo à Defensoria Pública e ao Ministério Público é nitidamente extraordinária, ou 
seja, não há substituição no plano material, mas apenas no plano processual, na medida em que a lei confere legitimidade a 
quem não é parte na relação jurídica de direito material para integrar a relação jurídica processual. Desse modo, estes 
legitimados podem valer-se do IRDR para uniformizar teses jurídicas, mesmo em demandas em que não são partes. 
 Por outro lado, quando a DP suscitar o incidente como representante processual da parte, não haverá substituição 
processual. Neste caso, a legitimidade para suscitar o incidente será da parte na relação jurídica de direito material, e a DP 
apenas exercerá a representação processual. 
 Contudo, excepcionalmente, a legitimidade da DP poderá ser ordinária. Nada impede que a instituição suscite o 
incidente quando for parte na relação de direito material, nas hipóteses de defesa de prerrogativa institucional. 
 
 
TÍTULO II 
DOS RECURSOS 
 
CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
CPC, Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a 
Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. 
 
DE OLHO NA JURIS! Para que a DPE atue no STJ, é necessário que possua escritório de representação em Brasília 
A Defensoria Pública Estadual pode atuar no STJ, no entanto, para isso, é necessário que possua escritório de representação 
em Brasília. Se a Defensoria Pública estadual não tiver representação na capital federal, as intimações das decisões do STJ nos 
processos de interesse da DPE serão feitas para a DPU. Assim, enquanto os Estados, mediante lei específica, não organizarem 
suas Defensorias Públicas para atuarem continuamente nesta Capital Federal, inclusive com sede própria, o 
acompanhamento dos processos no STJ constitui prerrogativa da DPU. A DPU foi estruturada sob o pálio dos princípios da 
unidade e da indivisibilidade para dar suporte às Defensorias Públicas estaduais e fazer as vezes daquelas de Estados-Membros 
longínquos, que não podem exercer o múnus a cada recurso endereçado aos tribunais superiores. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 
A necessidade de depositar a quantia de 5% do valor da causa, a fim de que a 
petição inicial da ação rescisória seja conhecida, NÃO SE APLICA À 
DEFENSORIA PÚBLICA NEM AO BENEFICIÁRIO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA. 
A DEFENSORIA PÚBLICA TEM LEGITIMIDADE 
ATIVA PARA SUSCITAR O IRDR 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
99 
378.088/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/12/2016. STF. 1ª Turma. HC 118294/AP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, 
red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 7/3/2017 (Info 856). 
 
Entendimentos jurisprudenciais 
 
Admite-se a intervenção da DPU no feito como custos vulnerabilis nas hipóteses em que há formação de precedentes em favor 
dos vulneráveis e dos direitos humanos 
Custos vulnerabilis significa “guardiã dos vulneráveis” (“fiscal dos vulneráveis”). Enquanto o Ministério Público atua como 
custos legis (fiscal ou guardião da ordem jurídica), a Defensoria Pública possui a função de custos vulnerabilis. Assim, segundo a 
tese da Instituição, em todo e qualquer processo onde se discuta interesses dos vulneráveis seria possível a intervenção da 
Defensoria Pública, independentemente de haver ou não advogado particular constituído. Quando a Defensoria Pública atua 
como custos vulnerabilis, a sua participação processual ocorre não como representante da parte em juízo, mas sim como 
protetor dos interesses dos necessitados em geral. O STJ afirmou que deve ser admitida a intervenção da Defensoria Pública 
da União no feito como custos vulnerabilis nas hipóteses em que há formação de precedentes em favor dos vulneráveis e dos 
direitos humanos. STJ. 2ª Seção. EDcl no REsp 1712163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/09/2019 (Info 657). 
 
Comentários do julgado 
 
NOÇÕES GERAIS SOBRE CUSTOS VULNERABILIS 
 
Em que consiste o custos vulnerabilis? 
Custos vulnerabilis significa “guardiã dos vulneráveis” (“fiscal dos vulneráveis”). 
Enquanto o Ministério Público atua como custos legis (fiscal ou guardião da ordem jurídica), a Defensoria Pública possui a função 
de custos vulnerabilis. 
 
DEFENSORIA PÚBLICA MINISTÉRIO PÚBLICO 
Custos vulnerabilis (guardiã dos vulneráveis) Custos legis (fiscal ou guardião da ordem jurídica) 
 
 
Na definição de Maurílio Casas Maia, maior especialista sobre o tema no Brasil, 
“‘custos vulnerabilis’ representa uma forma interventiva da Defensoria Pública EM NOME PRÓPRIO e em prol de SEU 
INTERESSE INSTITUCIONAL (constitucional e legal) – atuação essa subjetivamente vinculada aos interesses dos 
vulneráveis e objetivamente aos direitos humanos – representando a busca democrática do progresso jurídico-social das 
categorias mais vulneráveis no curso processual e no cenário jurídico-político” (Legitimidades institucionais no Incidente 
de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) no Direito do Consumidor: Ministério Público e Defensoria Pública: 
similitudes & distinções, ordem & progresso. Revista dos Tribunais. vol. 986. ano 106. págs. 27-61. São Paulo: Ed. RT, 
dezembro 2017, p. 45). 
 
Cassio Scarpinella Bueno esclarece que: 
“A expressão 'custos vulnerabilis', cujo emprego vem sendo defendido pela própria Defensoria Pública, é pertinente para 
descrever o entendimento aqui robustecido. Seu emprego e difusão têm a especial vantagem de colocar lado a lado – 
como deve ser em se tratando de funções essenciais à administração da justiça – esta modalidade interventiva a cargo 
da Defensoria Pública e a tradicional do Ministério Público. 
O 'fiscal dos vulneráveis', para empregar a locução no vernáculo, ou, o que parece ser mais correto diante do que 
corretamente vem sendo compreendido sobre a legitimidade ativa da Defensoria Pública no âmbito do 'direito processual 
coletivo', o 'fiscal dos direitos vulneráveis', deve atuar, destarte, sempre que os direitos e/ou interesses dos processos 
(ainda que individuais) justifiquem a oitiva (e a correlata consideração) do posicionamento institucional da Defensoria 
Pública, inclusive, mas não apenas, nos processos formadores ou modificadores dosindexadores jurisprudenciais, tão 
enaltecidos pelo Código de Processo Civil. Trata-se de fator de legitimação decisória indispensável e que não pode ser 
negada a qualquer título.” (Curso sistematizado de direito processual civil, vol. 1: teoria geral do direito processual civil: 
parte geral do código de processo civil. 9ª edição. São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 219). 
 
Assim, segundo a tese da Instituição, em todo e qualquer processo onde se discuta interesses dos vulneráveis seria possível a 
intervenção da Defensoria Pública, independentemente de haver ou não advogado particular constituído. 
 
Quando a Defensoria Pública atua como custos vulnerabilis, a sua participação processual ocorre não como representante da 
parte em juízo, mas sim como protetor dos interesses dos necessitados em geral. 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
100 
No âmbito das EXECUÇÕES PENAIS, a Defensoria Pública argumenta que, desde 2010, existe previsão expressa na Lei nº 
7.210/84 autorizando a intervenção da Instituição como custos vulnerabilis: 
 
Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular execução da pena e da medida de segurança, oficiando, no processo executivo 
e nos incidentes da execução, para a defesa dos necessitados em todos os graus e instâncias, de forma individual e coletiva. 
No ÂMBITO CÍVEL, especificamente no caso das AÇÕES POSSESSÓRIAS, o art. 554, §1º do CPC é exemplo de intervenção custos 
vulnerabilis: 
 
Art. 554. (...) 
§1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos 
ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério 
Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. 
 
Vale ressaltar que as duas previsões acima são exemplificativas, admitindo-se a intervenção defensoral como custos 
vulnerabilis em outras hipóteses. A Defensoria Pública defende, inclusive, que essa intervenção pode ocorrer mesmo em casos 
nos quais não há vulnerabilidade econômica, mas sim vulnerabilidade social, técnica, informacional, jurídica. É o caso, por 
exemplo, dos consumidores, das crianças e adolescentes, dos idosos, dos indígenas etc. Veja o que diz o ECA: 
 
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, 
por qualquer de seus órgãos. 
 
Assim, nos casos de outras espécies de vulnerabilidades, não importa se estamos tratando de pessoas economicamente 
necessitadas. As outras formas de vulnerabilidades já justificariam a intervenção do órgão na causa. 
 
Como é a atuação do custos vulnerabilis? 
A intervenção defensorial como custos vulnerabilis tem o objetivo trazer, para os autos, argumentos, documentos e outras 
informações que reflitam o ponto de vista das pessoas vulneráveis, permitindo que o juiz ou tribunal tenha mais subsídios para 
decidir a causa. É uma atuação da Defensoria Pública para que a voz dos vulneráveis seja amplificada. 
 
O custosvulnerabilis é o mesmo que amicus curiae? 
NÃO. Vejamos as principais diferenças: 
 
Amicus curiae 
(“amigo do Tribunal”) 
Custos vulnerabilis 
(“guardiã dos vulneráveis”) 
Pode intervir como amicus curiae qualquer pessoa natural 
ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com 
representatividade adequada. 
Somente a Defensoria Pública pode intervir como custos 
vulnerabilis. 
Em regra, admite-se a intervenção do amicus curiae em 
qualquer tipo de processo, desde que: 
a) a causa tenha relevância; e 
b) a pessoa tenha capacidade de oferecer contribuição ao 
processo. 
Admite-se a intervenção do custos vulnerabilis em qualquer 
processo no qual estejam sendo discutidos interesses de 
vulneráveis. 
Em regra, o amicus curiae não pode recorrer. 
Exceção 1: o amicus curiae pode opor embargos de 
declaração em qualquer processo que intervir (art. 138, § 1º 
do CPC/2015). 
Exceção 2: o amicus curiae pode recorrer da decisão que 
julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 
138, § 3º do CPC/2015). 
O custos vulnerabilis pode interpor qualquer espécie de 
recurso. 
 
Em sentido semelhante, apontando outros aspectos: ROCHA, Jorge Bheron. A Defensoria como custos vulnerabilise a advocacia 
privada. Disponível em https://www.conjur.com.br/2017-mai-23/tribuna-defensoria-defensoria-custos-vulnerabilis-advocacia-
privada 
 
Para aprofundar 
Se você desejar aprofundar os estudos sobre Custos Vulnerabilis, recomendo o livro de Maurílio Casas Maia, Edilson Santana 
Gonçalves Filho e Jorge Bheron Rocha: CUSTOS VULNERABILIS: A Defensoria Pública e o equilíbrio nas relações político-jurídicas 
dos vulneráveis. Editora CEI. 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
101 
CASO CONCRETO NO QUAL O STJ RECONHECEU O INSTITUTO 
Plano de saúde e medicamento importado não registrado pela ANVISA 
A 2ª Seção do STJ afetou ao rito dos recursos especiais repetitivos a discussão do seguinte assunto (Tema 990): as operadoras de 
plano de saúde estão obrigadas a fornecer medicamento importado, não registrado pela ANVISA? 
Isso significa que existiam vários recursos especiais tratando sobre esse assunto e o STJ escolheu um deles para definir a tese 
jurídica aplicável ao tema e aplicar essa mesma tese para todos os processos idênticos que estavam aguardando posicionamento. 
Neste rito dos recursos repetitivos, devido à relevância da discussão envolvida, o STJ aceita a intervenção de órgãos e entidades 
que, mesmo sem serem partes, trazem aos autos suas contribuições jurídicas na qualidade de amicus curiae. 
Quando o Tema 990 foi afetado, os seguintes órgãos e entidades pediram para participar das discussões: a União, a Federação 
Nacional de Saúde Suplementar (FENASAÚDE), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Instituto de Estudos de Saúde 
Suplementar (IESS) e a Defensoria Pública da União (DPU). 
O STJ aceitou a participação desses órgãos e entidades, afirmando, contudo, que eles estavam intervindo na qualidade 
de amicus curiae. 
 
Embargos de declaração 
A DPU opôs embargos de declaração afirmando que pediu a sua intervenção como custos vulnerabilis (e não como amicus 
curiae) requerendo, portanto, que isso fosse expressamente admitido. 
Justificou dizendo que, ao ser admitida como custos vulnerabilis, ela poderia interpor todo e qualquer recurso. 
Defendeu a sua legitimidade para intervir em demandas que possam surtir efeitos nas esferas das pessoas ou grupos de 
necessitados, mesmo em casos nos quais não há vulnerabilidade econômica, mas sim vulnerabilidade social, técnica, 
informacional, jurídica. 
 
O STJ concordou com os embargos de declaração da DPU? 
SIM. 
Admite-se a intervenção da Defensoria Pública da União no feito como custos vulnerabilis nas hipóteses em que há formação 
de precedentes em favor dos vulneráveis e dos direitos humanos. 
STJ. 2ª Seção. EDcl no REsp 1.712.163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/09/2019 (Info 657). 
 
A Defensoria Pública, nos termos do art. 134 da CF/88, é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção 
dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral 
e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. 
 
Assim, a Defensoria Pública, com fundamento no art. 134 da CF/88, e no seu intento de assegurar a promoção dos direitos 
humanos e a defesa de forma integral, deve, sempre que o interesse jurídico justificar a oitiva do seu posicionamento institucional, 
atuar nos feitos que discutem direitos e/ou interesses, tanto individuais quanto coletivos, para que sua opinião institucional seja 
considerada, construindo assim uma decisão jurídica mais democrática. 
 
Mais uma vez recorrendo à Cassio Scarpinella Bueno: 
(...) com base na missão institucional

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