Baixe o app para aproveitar ainda mais
Leia os materiais offline, sem usar a internet. Além de vários outros recursos!
Prévia do material em texto
Formação Técnica Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo Brasília, 2015 Formação Técnica Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo Curso Técnico em Agronegócio SENAR - Brasília, 2015 Formação Técnica S474c SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Curso técnico em agronegócio: associativismo, cooperativismo e sindicalis- mo / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural ; Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, Rede e-Tec Brasil, SENAR (Organizadores). – Brasília : SENAR, 2015. 126 p. : il. (SENAR Formação Técnica) ISBN: 978-85-7664-093-6 Inclui bibliografia. 1. Cooperativismo 2. Sindicalismo 3. Agroindústria - ensino. I. Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. II. Rede e-Tec Brasil. III. Título. IV. Série. CDU: 658.114 Sumário Introdução à Unidade Curricular –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6 Tema1: Associativismo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––12 Tópico 1: As Associações e sua Importância no Cenário Brasileiro –––––––––––––––––––––––––––––– 13 Tópico 2: Conceito e Características das Associações –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 27 Tópico 3: Associações de Produtores Rurais ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 33 Encerramento do Tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 35 Atividade de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 35 Tema 2: Cooperativismo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––39 Tópico 1: Organização das Cooperativas Brasileiras O Nascimento de uma Grande Ideia ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––40 Tópico 2: Concepção, Objetivos e Fundo Ético do Sistema Cooperativo Solidarismo e Mutualismo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––46 Tópico 3: A Cooperação no Agronegócio –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––49 Tópico 4: Cooperativismo e as Regras do Mercado –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 53 Tópico 5: A Sociedade Cooperativa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––60 Tópico 6: Atos Cooperativos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 72 Tópico 7: Gestão das Sociedades Cooperativas de Produção Agropecuária –––––––––––––––77 Tópico 8: Análises Estratégicas de Gestão das Organizações Sociais Agropecuárias 81 Tópico 9: Sistema OCB/Sescoop ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 87 Encerramento do Tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––89 Atividade de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––89 Tema 3: Sindicalismo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––93 Tópico 1: Aspectos Gerais e Históricos do Sindicalismo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––94 Tópico 2: Legislação sobre Princípios, Liberdade Sindical e de Organização –––––––––––––98 Tópico 3: Organização e Atividades Sindicais ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––99 Tópico 4: Sindicalismo Rural – Regras e Atores ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––101 : : S474c SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Curso técnico em agronegócio: associativismo, cooperativismo e sindicalis- mo / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural ; Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, Rede e-Tec Brasil, SENAR (Organizadores). – Brasília : SENAR, 2015. 126 p. : il. (SENAR Formação Técnica) ISBN: 978-85-7664-093-6 Inclui bibliografia. 1. Cooperativismo 2. Sindicalismo 3. Agroindústria - ensino. I. Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. II. Rede e-Tec Brasil. III. Título. IV. Série. CDU: 658.114 Curso Técnico em Agronegócio 4 Tópico 5: Sistema Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA –––––––––––– 113 Encerramento do Tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 119 Atividade de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 119 Atividade extra: Análise Conceitual Comparativa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––122 Atividade de aprendizagem – Gabarito ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––123 Atividade extra: Análise Conceitual Comparativa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––124 Referências Bibliográficas –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––125 Introdução à Unidade Curricular Curso Técnico em Agronegócio 6 Introdução à Unidade Curricular Olá, seja bem-vindo(a) à Unidade Curricular Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo do curso Técnico em Agronegócio da Rede e-Tec Brasil do Senar. Para iniciar os estudos, reflita uns momentos sobre estas perguntas: • O que me motivou a fazer este curso? • Estou em busca de conhecimento? Para quê? • O que farei com esse conhecimento? • Estou em busca de mais oportunidades? Para quê? Para o trabalho? Para a comunidade? Dizem que não são as respostas que movem o mundo, e sim as perguntas. Na verdade, os desafios moram nas perguntas, e não nas respostas. Na figura a seguir, você pode analisar um esquema que representa as relações sistêmicas de cooperação para o desenvolvimento sustentado com qualidade de vida. Tente se enxergar nas descrições de cidadãos, profissionais e pessoas. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 7 Qualidade de vida Cooperativas Associações Sindicatos Empresa Individual Assistência técnica Sociedades Insumos Crédito Produtos Comercialização Primários Agroindústria Armazenamento Beneficiados/ Transformados Pesquisa Tecnologia Capacitação Indicador Renda sustentável Defesa de direitos Mercado Área estratégica de Atuação Desenvolvimento Sustentável Viabilidade econômica com sustentabilidade Políticas públicas Participação Valores Cooperação Solidariedade Democracia Respeito às diferenças Conselhos ONG’s MSTR Igrejas Dimensões Movimentos sociais Acordo de conveniência Contratos sociais CIDADÃOS PROFISSIONAIS PESSOAS Curso Técnico em Agronegócio 8 Pessoas Quem são as pessoas? As pessoas são aqueles indivíduos que possuem valores – de participação, cooperação, solidariedade, democracia e respeito às diferenças –, adquiridos e formados durante a sua vida, diante de conceitos que a sociedade impõe. As diferenças entre as pessoas sempre existirão, mas como podem ser minimizadas? Para facilitar a convivência entre as pessoas, existem ferramentas como o “acordo de convivência” ou os “contratos sociais”, que podem ser formais ou informais. Contratos formais são escritos, e, em alguns casos, o seu registro é exigido. Esses contratos também são chamados de “contratos solenes”. Por exemplo, um contrato de compra e venda ou de trabalho. Os informais podem ou não ser escritos, mas não seguem as exigências de um contrato formal, portanto têm menos garantias. Cidadãos Quem são os cidadãos? Os cidadãos são pessoas que convivem em uma sociedade e devemconhecer e exercer seus direitos e deveres, que interferem na vida de toda a sua sociedade. Algumas vezes, esses direitos e deveres são incentivados pelas políticas públicas, pelos conselhos, pelas organizações não governamentais – ONGs, pelos movimentos sociais, (como o Movimento dos Sem Terra – MST), além das variadas associações e igrejas que existem. Perceba que as organizações de pessoas ou cidadãos possuem dimensões diferenciadas, como a cultural, a social, a econômica, a política, a ambiental, a de gênero e a institucional. Profissionais Para que a pessoa busca uma profissão? Para a busca da qualidade de vida, as pessoas – que também são cidadãos – podem atuar como profissionais para o alcance dos seus objetivos materiais. Nesse caso, podem atuar individualmente ou por meio de sociedades, cooperativas, associações e sindicatos. A opção dos profissionais para o trabalho em uma organização poderá facilitar o acesso a aquisição de insumos, crédito, assistência técnica, pesquisa, tecnologia, capacitação e defesa dos direitos. Os produtos do trabalho poderão ser utilizados de forma primária (crua ou bruta) ou poderão ser beneficiados/transformados, e, em conjunto, facilitar a comercialização para o acesso ao mercado. Um exemplo são as agroindústrias e o armazenamento comunitário em cooperativas. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 9 Fonte: Shutterstock A partir desse cenário, a pessoa/cidadão/profissional sempre buscará facilitar a viabilidade econômica com sustentabilidade da sua atividade. No decorrer de nossas aulas, você vai estudar as formas mais comuns de organizações coletivas de cidadãos e entender como o associativismo, o cooperativismo e o sindicalismo podem colaborar para o alcance de melhor qualidade de vida. Antes de conferir os objetivos de aprendizagem desta unidade curricular e de seguir para o Tema 1, pare um minuto, reflita e responda: Para você, o que é qualidade de vida? Curso Técnico em Agronegócio 10 a Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Distinguir os conceitos de associativismo, cooperativismo e sindicalismo com ênfase em ambientes rurais; • compreender o histórico e a importância do associativismo, do cooperativismo e do sindicalismo para o desenvolvimento social e econômico no meio rural; • definir melhores estratégias de estrutura e funcionamento de organizações sociais ligadas ao setor rural; • analisar estratégias de gestão das organizações sociais agropecuárias; • estimular a cooperação social como elemento de transformação sociocultural no agronegócio; • exercitar os conceitos de associativismo, cooperativismo e sindicalismo com ênfase em ambientes rurais. Associativismo 01 Curso Técnico em Agronegócio 12 Associativismo Você sabe por que as pessoas se associam em grupos? Será que o “associativismo” é apenas um termo que os administradores criaram na atualidade ou ele reflete um fenômeno social que sempre existiu? A palavra mágica que resultou no nascimento do associativismo foi “necessidade” – necessidade que desperta interesse. Com a união de esforços, as pessoas com o mesmo interesse buscam o alcance de seus objetivos de maneira mais forte e efetiva. A partir do interesse e da necessidade, as pessoas podem ser motivadas. Fonte: Shutterstock Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 13 Inicialmente, o maior objetivo era a sobrevivência. Os nossos ancestrais organizavam-se em grupos para conseguir alimentação, abrigo e segurança, sendo esses grupos uma resposta criativa dos indivíduos diante dos desafios da natureza. Posteriormente, a união de indivíduos passou a ser motivada para enfrentar mudanças econômicas e sociais que ocorriam em algumas sociedades. Interessante, não? Ao final deste tema, espera-se que você desenvolva as seguintes competências: • conhecer os principais tipos de associativismo; • compreender o histórico e a importância do associativismo no meio rural; • diferenciar o negócio social típico das associações; • entender o conceito de associação e diferenciá-la das demais entidades privadas; • conhecer os passos para a formação de uma associação rural; • identificar as principais vantagens oferecidas pelas associações rurais; • contextualizar a sociedade rural brasileira no desenvolvimento da agricultura. Tópico 1: As Associações e sua Importância no Cenário Brasileiro Fonte: Shutterstock Curso Técnico em Agronegócio 14 A sociedade é constituída de pessoas que vivem em comunidade, mas todos, a todo momento, tomam muitas decisões individuais – sobre do que se alimentar, qual cor da roupa, o corte do cabelo, o modelo do sapato, o time de futebol, no que trabalhar etc. Ou seja, há uma grande diversidade de interesses nas sociedades, sejam interesses individuais ou de grupos. Para facilitar e apoiar a convivência com essas diferenças e diversidades, as pessoas podem se associar de várias maneiras: • associações (de profissionais, de trabalhadores ou de produtores rurais, religiosas, políticas, comerciais); • associações filantrópicas; • conselhos (de desenvolvimento comunitário, de pais, de alunos e professores, de moradores de bairro ou comunidade); • clubes (de esportes, de dirigentes, de produtores, de lazer); • sindicatos (profissionais, de classe, de setores); • grêmios (de estudantes, esportivos); • cooperativas (de produção, de comercialização, de compras, de profissionais); • grupos informais, como pessoas que se unem para uma viagem, um mutirão ou por motivos religiosos; • outras formas de associação. E como isso funciona na nossa lei? Fazendo um exercício de Direito comparado, podemos perceber que a livre associação é um direito em vários países. Direito comparado Chamamos de “Direito comparado” o estudo das diferenças e das semelhanças entre as leis de diferentes países. Ganhou muita ênfase atualmente com a globalização e a democratização dos sistemas de informação por meio da internet. Ele envolve o estudo dos diferentes sistemas jurídicos existentes no mundo, incluindo o Direito comum, os direitos civil e socialista, a lei islâmica, a lei hindu e a lei chinesa, e até mesmo onde não há comparação explícita. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 10 de dezembro de 1948, estipula, no parágrafo 1º do artigo 20, que “toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.” Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 15 Legenda: Sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos. Fonte: Shutterstock A Convenção Europeia dos Direitos Humanos aprovada convenciona que “qualquer pessoa tem direito à liberdade de reunião pacífica e à liberdade de associação, incluindo o direito de, com outrem, fundar e filiar-se em sindicatos para a defesa dos seus interesses.” Já a Constituição da República portuguesa constitui, no seu artigo 46, que: 1. Os cidadãos têm o direito de, livremente e sem dependência de qualquer autorização, constituir associações, desde que estas não se destinem a promover a violência e os respectivos fins não sejam contrários à lei penal. 2. As associações prosseguem livremente os seus fins sem interferência das autoridades públicas, e não podem ser dissolvidas pelo Estado ou suspensas as suas actividades senão nos casos previstos na lei e mediante decisão judicial. 3. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação nem coagido por qualquer meio a permanecer nela. 4. Não são consentidas associações armadas nem de tipo militar, militarizadas ou paramilitares, nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista. d Comentário do autor Esses exemplos mostram que os sistemas de Direito ocidentais e de muitos outros países abordam de maneira libertária, flexível e independente o direito de associação dos cidadãos, independentemente da vontade e da atuação do poder público (ou seja, dos governos). Curso Técnico em Agronegócio 16 Acompanhe, agora, os exemplosespecíficos da experiência do Brasil na legislação do associativismo. 1. O tratamento do associativismo na Constituição Federal A Constituição brasileira de 1891 já determinava, no artigo 72: “A todos é lícito associarem-se e reunirem-se livremente e sem armas, não podendo intervir a polícia senão para manter a ordem pública.” Na Constituição brasileira de1934, também já constava, em seu artigo 113, que “é garantida a liberdade de associação para fins lícitos, nenhuma associação será compulsoriamente dissolvida senão por sentença judiciária.” E a Constituição Federal de 1988, ainda em vigor, ampliou os direitos associativos das pessoas, permitindo a livre manifestação das associações. Fonte: Shutterstock Em destaque, o inciso XII do artigo 29 da Constituição (cooperação das associações representativas no planejamento municipal) proporciona a participação da população nos Conselhos Municipais por meio das organizações representativas. No entanto, houve momentos na história do Brasil em que a liberdade de associação foi restrita, principalmente nos períodos autoritários que começaram em 1964. Apenas associações filantrópicas ou de setores como comércio e indústria tinham alguma liberdade. Entretanto, eram constantemente “vigiadas” pelo governo. Outras associações, como as de movimentos estudantis ou de trabalhadores, eram reprimidas, e seus dirigentes ficavam sem liberdade, pois eram períodos em que não havia liberdade de manifestação. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 17 Antes da Constituição de 1988, a criação e o funcionamento de associações só eram permitidos com a autorização do Estado. Era obrigatória a publicação em jornal oficial do resumo dos seus atos constitutivos. A partir da Constituição de 1988, instituiu-se o Estado Democrático, assegurando o exercício dos direitos sociais e individuais, e a liberdade. Em seu art. 5º, a Constituição permite a li- berdade de locomoção em todo o território nacional e a liberdade de reunião, desde que seja pacífica e sem armas, independen- temente de autorização, sendo necessário apenas o aviso às autoridades. O inciso XVII definiu que “é plena a liberda- de de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.” Definiu, ainda, no inciso XVIII: “A criação de associações e, na forma da lei, a de coope- rativas independe de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu fun- cionamento.” A plena liberdade conferida pela Constituição de 1988 provocou um grande aumento na criação de associações, sendo que muitas foram constituídas com interesses bastante restritos, imediatos, ou por pessoas que se associavam somente pelo “modismo”, e acabaram dissolvidas. 2. O negócio social do associativismo Segundo o Sebrae, “além de ser viável economicamente, um negócio social existe para bus- car solução a uma questão social.” O maior objetivo do negócio social é diminuir as desigualdades sociais, não sendo o lucro seu propósito principal. Legenda: O apoio à atividade rural é um tipo de negócio social. Fonte: Shutterstock Curso Técnico em Agronegócio 18 No entanto, para ser criado, o negócio social precisa ser analisado sob a ótica de sua viabilidade para almejar o benefício social e garantir a sua própria existência. ' Dica Por exemplo, considere a implantação de uma horta comunitária para a geração de trabalho e renda para ajudar as pessoas de uma comunidade, com o apoio de uma grande empresa. A empresa se compromete a auxiliar na sua instalação e a adquirir os produtos. Entretanto, o empreendimento deve mostrar que é autossustentável, mesmo sem o apoio da empresa, pois, caso contrário, não seria social, e sim da empresa patrocinadora. Pode, também, ser considerado como negócio social o Fair Trade, ou, em português, “Comércio Justo”. É uma alternativa em relação ao sistema tradicional comércio. No Brasil, o Decreto nº 7.358/2010 instituiu o Sistema Nacional do Comércio Justo e Solidário. O Comércio Justo é um movimento internacional que teve início na década de 1960 e procura gerar uma alternativa de mercado ao produtor por meio da aquisição de seus produtos por instituições, muitas das quais organizações não governamentais e cooperativas, que pagam preços justos após a verificação das condições de produção. Dentre os segmentos, destacam- se produtos do agronegócio, do artesanato e das confecções, de comunidades, associações e cooperativas dos meios rural e urbano. Fonte: Shutterstock Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 19 As empresas que aderem ao movimento devem ter a licença para usar o selo de Fair Trade. Por exemplo, no Brasil, quando o preço do café está muito baixo, essas instituições adquirem a produção de pequenos produtores, preferencialmente por meio de suas organizações/ cooperativas, após orientação técnica, e comercializam no mercado interno ou externo com o selo de Fair Trade. Vários consumidores, muitos de fora do Brasil, preferem adquirir esses produtos, pois sabem que foram comercializados por um preço justo, contribuindo socialmente para a melhoria de vida dos pequenos produtores, evitando a exploração. O Comércio Justo é mais um apoio à produção e à comercialização dos pequenos agricultores e da agricultura familiar, mas exige o atendimento a padrões sociais e ambientais. p Atividades para praticar em casa Você conhece algum empreendimento social em sua região? Descreva como ele funciona, quem o apoia e quem são os beneficiados. Como sugestão, pesquise sobre o Fair Trade. Há várias empresas no Brasil que atuam com esse mercado e podem ser localizadas por uma busca na internet. Muitas empresas que trabalham com produtores rurais dão preferência para os que são organizados em associações ou cooperativas. Para o processo de desenvolvimento, sobretudo da pequena produção, é importante a busca de ações que oportunizem a autogestão, com ênfase na participação ativa dos atores sociais envolvidos – o agricultor familiar, o pequeno produtor e o empregado rural –, fortalecendo a autonomia da agricultura familiar. Esses são os principais atores no crescimento do movimento associativista no meio rural brasileiro. O governo federal, por meio de ações como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf, financia projetos individuais e coletivos para a geração de renda. Outra ação, o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, tem como objetivos principais promover o acesso à alimentação e incentivar a agricultura familiar. Também diversas empresas privadas buscam a valorização do agricultor familiar e do trabalhador rural: • a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – Contag, com suas federações estaduais e sindicatos, tem assumido importante papel na melhoria da qualidade de vida do trabalhador rural, sendo o incentivo ao associativismo uma importante linha de sua ação; • o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA criaram o programa CNA Jovem para formar novos líderes para o campo (Programa Jovens Liderando o Agro); Curso Técnico em Agronegócio 20 • o Programa Jovem no Campo ajuda a contribuir com a inserção do jovem no mercado de trabalho rural, oferecendo a ele uma visão empreendedora de negócio, com foco nas oportunidades locais e regionais, além de também incentivar as oportunidades associativistas e cooperativistas. ' Dica Lembre-se de que no Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos assuntos tratados na unidade curricular! 3.Histórico e importância do associativismo Acompanhe as imagens a seguir e perceba como a vida em coletividade sempre fez parte da humanidade, com finalidades específicas para cada época: Pré-história Grécia antiga O objetivo de se viver em grupo era combater inimigos em comum (predadores, fome, frio, busca por abrigo) e sobreviver mais facilmente. Ginásios para a prática de esporte, cultura físicae grupos com fim educador de onde se originaram os Jogos Olímpicos. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 21 Roma antiga Idade Média Organizações profissionais, clubes de jovens, escolas militares e de gladiadores. Irmandades, ordens militares e corporações (produtores, aprendizes, jornaleiros, mestres e artesãos de um ofício) até o séc. XIX. No Brasil, a partir do século XIX, quando o grupo desejasse criar uma associação religiosa, científica, beneficente, profissional ou para qualquer outro fim, seria obrigado a ter licença na delegacia mais próxima, e o material escrito deveria ser enviado à Secção de Negócios do Império do Conselho de Estado, sendo que, somente depois de analisado, poderia ser liberado. O Decreto nº 2.711 e a Lei nº 1.083, ambos de 1860, orientavam sobre a criação das sociedades, incluindo as associações, com a aprovação do seu estatuto e dos demais documentos – tudo era controlado pelo governo. A Link No AVA você encontra o Decreto nº 2.711 de 1860 e as demais leis citadas aqui na apostila. Acesse e confira! Nesse período, as associações, em sua maioria, eram beneficentes, religiosas, literárias, científicas ou caixas providenciárias e montepios. Curso Técnico em Agronegócio 22 Como você já estudou, a partir principalmente da Constituição de 1988 e do novo Código Civil de 2002, as associações ficaram mais livres para serem formadas e passaram, enfim, a ter papel mais importante no meio rural brasileiro. d Comentário do autor Atualmente, podemos dizer que todas as empresas se organizam em associação. Por quê? Porque as associações transformam concorrentes em aliados, principalmente na atualidade de um mundo globalizado, em que o cliente escolhe e compra o produto, financia ou paga à vista, com empresas de todo o Brasil e do mundo, com um toque na tela do computador ou do celular. Unidas em entidades representativas, as empresas discutem diretamente com os governos e com a sociedade sobre as melhores políticas de incentivo às suas atividades. No mundo moderno, qualquer produto faz parte de uma cadeia produtiva, em que cada indivíduo é responsável por uma parte do processo. É como uma engrenagem: se um para ou danifica, afeta os outros. Qualquer situação na cadeia produtiva, tanto positiva como negativa, afeta todos os setores envolvidos, mesmo os que não fazem parte direta do processo. ' Dica O dono do restaurante pode ter problemas em quitar as suas dívidas caso seus clientes sejam dispensados do emprego, que pode ser na indústria ou no comércio. Nesse caso, essa dispensa afeta, ainda, o supermercado e o produtor rural que vendeu o produto, continuando o processo negativo na cadeia. O mesmo movimento também acontece ao contrário, ou seja, quando um setor da produção gera mais empregos, o restaurante vende mais, gera mais oportunidades de trabalho, compra mais e paga suas contas em dia no supermercado, e o produtor rural vende maiores quantidades e recebe melhor pelo produto. Os próprios países também se organizam com motivos específicos: • Organização da Nações Unidas – ONU, • Organização dos Estados Americanos – OEA, • G7 – atualmente, Grupo dos Sete – é um grupo que reúne os sete países mais industrializados e desenvolvidos economicamente do mundo. Todos os países fundadores são nações democráticas: Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido. Com a exclusão da Rússia, o G8 passou a ser G7; • G20 – é um fórum informal que promove entendimentos entre países industrializados e emergentes sobre assuntos relacionados à economia global, sendo o Brasil um dos participantes; Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 23 • Mercado Comum do Sul – Mercosul – tem por objetivo a integração de alguns países da América do Sul (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Venezuela) por meio da livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos, do estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum – TEC, da adoção de uma política comercial comum, da coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais, e da harmonização de legislações nas áreas pertinentes; • Brics – é um grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, chamados de “países emergentes”, que busca atuação conjunta para pêr em prática e desenvolver projetos, mas não é reconhecido como um bloco econômico oficial, pois não possui estatuto ou registro formal. BRICS - 5 maiores economias emergentes BRASIL RUSSIA INDIA CHINA ÁFRICADO SUL Fonte: Adaptada Shutterstock A Link Quer saber mais sobre o Mercosul? Acesse: www.mercosul.gov.br 4. Associativismo no meio rural Tendo visto toda a presença e a importância do associativismo no decorrer da história e na economia atual, é hora de se debruçar sobre esse assunto aplicado ao meio rural. O produtor rural, que é o responsável pela produção dos alimentos primários, deveria ter mais consciência da força que aplica na economia. Conforme dados da CNA, a participação do agronegócio no Produto Interno Bruto – PIB do país tem crescido a cada ano, atingindo, em 2014, 31% do PIB total. Por seu lado, as exportações do agronegócio representam cerca de 40% do total exportado pelo país, e o agronegócio gera 37% de todos os postos de trabalho no Brasil. Curso Técnico em Agronegócio 24 Afinal, as pessoas podem viver sem muitos dos bens que consomem ou usam, mas não podem viver sem os alimentos. Há quarenta ou cinquenta anos, o fazendeiro tinha orgulho de dizer que “a única coisa que compro para minha fazenda é o sal e o querosene”. Tinha independência e autonomia, e fazia o escambo (troca de produtos) quando era necessário adquirir coisas “da cidade”. A cadeia produtiva era, em grande parte, “da porteira para dentro” das fazendas. Com a evolução do capitalismo, das tecnologias, da globalização e da especialização da produção (o produtor dever produzir apenas aquilo que ele pode gerar com mais eficiência e menos custo), atualmente, para o produtor rural continuar no mercado, ele deve deixar de ser o fazendeiro tradicional de antigamente para se tornar um empresário rural. As exigências do mercado provocam essa mudança de comportamento do produtor, e, como empresário, ele tende a se especializar em alguma atividade em que tenha mais eficiência e obtenha mais lucros. Fonte: Shutterstock Daí a importância do associativismo, que pode transformar a produção individual ineficiente em participação coletiva e comunitária para aumentar a capacidade produtiva, a eficiência e a lucratividade do negócio. Compra e venda em conjunto, capacitação, aquisição de equipamentos e transporte são algumas das atividades associativas que podem contribuir para os negócios, principalmente para o pequeno agricultor. Daí entende-se que os projetos comunitários, como aquisição de tratores e equipamentos, proporcionam aumento da produção e da produtividade, além de outras atividades em grupo, e são meios que influenciam diretamente o aumento da renda dos produtores. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 25 A capacitação realizada pelo Senar, tanto na promoção social quanto na formação profissional para produtores rurais, em cooperação com as associações, as cooperativas e os sindicatos, é outra atividade que contribui para a melhoria das condições do trabalho e da vida no campo. ' Dica Não se esqueça: no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos assuntos tratados na unidade curricular! 5. O associativismo como desenvolvimento interinstitucional Como você já estudou neste tópico, a Constituição prevê a participação da população por meio de organizações representativas na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. • Você sabe como é essa participação? • Já teve oportunidade de participar? Uma das formas de participar das discussões na sua comunidade é por meio das associações de produtores, das associações comunitárias e de outras entidades representativas, encaminhando um planode ação ou projeto e participando dos conselhos municipais de saúde e de educação, do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentado – CMDRS, do conselho tutelar, entre outros, de acordo com as necessidades da comunidade, para solucionar ou minimizar problemas apresentados. Fonte: Adaptada Shutterstock Curso Técnico em Agronegócio 26 Nesses conselhos (municipais, estaduais e nacional), em que participam outras instituições e representantes do governo, o representante da entidade tem direito a opinar e votar sobre as atividades que receberão verbas públicas. Esses conselhos constituem um grande avanço democrático no país, sendo paritária a participação do governo e de entidades sociais, isto é, o número de participantes do governo e das entidades sociais não governamentais é o mesmo, com o mesmo número de votos. Além disso, as reuniões dos conselhos são abertas a todos os cidadãos, sendo obrigatória a sua divulgação com antecedência. No entanto, só podem votar os representantes eleitos. Conforme o Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União, o controle social pode ser feito individualmente, por qualquer cidadão, ou por um grupo de pessoas organizado. Os conselhos gestores de políticas públicas são canais efetivos de participação, que permitem estabelecer uma sociedade na qual a cidadania deixe de ser apenas um direito, passando a ser uma realidade. A importância dos conselhos está no seu papel de fortalecimento da participação democrática da população na formulação e na implementação de políticas públicas. Além disso, o seu funcionamento adequado e justo pressupõe a ausência de atividades político-eleitorais e de cunho ideológico-partidário. Esses conselhos podem ser deliberativos ou consultivos, sendo que: Conselho deliberativo Conselho consultivo Um conselho deliberativo é aquele que tem poder de decisão, desde a aprovação do plano ou projeto, até o acompanhamento da execução e a prestação de contas, como o Conselho Municipal de Saúde – CMS e o Conselho Municipal de Educação – CME. Contudo, não são órgãos executivos, ou seja, conselhos não realizam as ações de construção, pagamentos e operação. Estas são da alçada dos governos, de ONGs ou empresas. Um conselho consultivo tem a finalidade de aconselhar e opinar sobre questões relativas a atividades de interesse público, como, por exemplo, se deve-se ou não reformar uma estrada, emitindo pareceres e dando opiniões – apenas aconselha, mas não decide. Quem decide é o poder legislativo (vereadores, deputados estaduais e federais, e senadores) com a participação do executivo, e quem executa são órgãos do poder executivo (prefeituras, por exemplo, empresas privadas contratadas ou, ainda, organizações não governamentais autorizadas). Vale lembrar, também, dos conselhos de interesse público, que são paritários entre governo e sociedade, ou seja, por meio de suas entidades representativas, têm o mesmo número de votos. Contudo, os conselhos criados pelas instituições ou empresas privadas não precisam seguir essa regra, e sua composição depende do interesse da empresa ou instituição. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 27 p Atividades para praticar em casa Procure na sua cidade informações sobre as atividades e as reuniões dos conselhos, como o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentado – CMDRS, em que são discutidas ações para atender aos pequenos produtores, como financiamentos do Pronaf, o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, a Declaração de Aptidão ao Pronaf – DAP, entre outras, e participe com suas opiniões. Você terá oportunidade de opinar com representantes de várias entidades e representantes do governo. Isso significa vivenciar a democracia. Participe! Também participam dos conselhos municipais: representantes da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – Emater, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – Cati, da Prefeitura, da Secretaria Municipal da Agricultura, da Secretaria de Ação Social, de associações comunitárias, do Sindicato dos Trabalhadores ou dos Produtores Rurais, de órgãos ambientais, dentre outros. Tópico 2: Conceito e Características das Associações A principal característica das associações está estabelecida no Código Civil de 2002: “Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.” Já vimos que a Constituição define a plena liberdade de associação e que ninguém poderá ser obrigado a se associar ou a permanecer associado. Porém, a concessão de um benefício público não pode ser condicionada à exigência de que a pessoa seja filiada em associação, como, por exemplo, a inscrição da DAP, financiamentos, previdência social, entre outras. Fonte: Shutterstock A maior parte dos programas sociais públicos, como o PAA, da Conab, prevê a participação dos produtores por meio de suas entidades associativas, mas também individualmente, diretamente pelo produtor. Curso Técnico em Agronegócio 28 ' Dica Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos assuntos tratados na unidade curricular! Algumas importantes características das associações comunitárias são: • quando expressamente autorizadas, possuir legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; • atender ao Código Civil, do artigo 53 ao artigo 61; • definir claramente os fins e os objetivos; • se a associação tiver por objetivo a assistência social, atender ao previsto na Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS e nas Resoluções do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS; • ser constituídas por pessoas físicas e/ou jurídicas (empresas), com dois ou mais sócios; • definir, em seu estatuto, sobre a responsabilidade dos sócios, que, em casos omissos, poderão ser responsabilizados; • em caso de dissolução, destinar o remanescente a outra entidade ou ao governo, não podendo ser distribuído entre os sócios, a não ser nos casos em que possuam quotas, o que deve ser previsto no estatuto, como é o caso de clubes. A Resolução CNAS nº 14/2014 define, no artigo 2º: As entidades ou organizações de Assistência Social podem ser isolada ou cumulativa- mente: de atendimento: aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços, executam programas ou projetos e concedem benefícios de proteção social básica ou especial, dirigidos às famílias e indivíduos em situações de vulnerabilidades ou risco social e pessoal, nos termos das normas vigentes; de assessoramento: aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços e executam programas ou projetos voltados prioritariamente para o fortalecimento dos movimentos sociais e das organizações de usuários, formação e capacitação de lideranças, dirigidos ao público da política de assistência social, nos termos das normas vigentes; de defesa e garantia de direitos: aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços e executam programas ou projetos voltados prioritariamente para a defesa e efetivação dos direitos socioassistenciais, construção de novos direitos, promoção da cidadania, enfrentamento das desigualdades sociais e articulação com órgãos públicos de defesa de direitos, dirigidos ao público da política de assistência social, nos termos das normas vigentes. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 29 Para que uma associação possa ser atendida em parcerias com os governos, é importante que, além de constar no estatuto a sua finalidade social, a associação tenha que demonstrar que executa a sua atividade estatutária, mesmo sem recursos públicos. Portanto, se você participa de alguma associação, é importante verificar se o estatuto tem finalidade social! 1. Classificação das associações A classificação das atividades desenvolvidas por qualquer instituição ou empresa no Brasil é definida pelo Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE, que é um cadastro de abrangêncianacional no qual estão organizadas e descritas todas as atividades possíveis de serem exercidas por pessoas jurídicas. É importante lembrar que uma associação, ou qualquer empresa no Brasil, só poderá exercer as atividades previstas no seu estatuto ou contrato social (no caso de empresas), que deverão constar nas informações cadastrais do seu Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ. A Link Para definir o código e a atividade da entidade, acesse: http://cnae.ibge.gov.br Veja um exemplo de classificação do CNAE (que deve constar no CNPJ da associação): CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA PRINCIPAL 94.30-8-00 - Atividades de associações de defesa de direitos sociais CÓDIGO E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS SECUNDÁRIAS 94.93-6-00 - Atividades de organizações associativas ligadas à cultura e à arte 94.99-5-00 - Atividades associativas não especificadas anteriormente CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA 399-9 - Associação Privada Curso Técnico em Agronegócio 30 A classificação da associação também é importante para definir perante a Receita Federal se é imune ou isenta ao pagamento de tributos. São imunes do imposto sobre a renda e estão obrigadas a entregar a Declaração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – DIPJ: a) os templos de qualquer culto (CF/1988, art. 150, VI, “b”); b) os partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais de trabalhadores, (CF/1988, art. 150, VI, “c”), desde que observados os requisitos do art. 14 do CTN, com redação alterada pela Lei Complementar n º 104, de 2001; c) as instituições de educação e as de assistência social, sem fins lucrativos (CF/1988, art. 150, VI, “c”). Para o gozo da imunidade tributária, as instituições citadas em “b” e “c” estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados, exceto no caso de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Oscip, em que a legislação prevê a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade que atuem efetivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços específicos; b) aplicar integralmente no país seus recursos na manutenção e no desenvolvimento dos seus objetivos institucionais; c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e) apresentar, anualmente, a DIPJ, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; f) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de extinção da pessoa jurídica, ou a órgão público; g) não distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o funcionamento das entidades citadas. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 31 Consideram-se isentas de tributos as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico, e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos (Lei nº 9.532, de 1997, art.15). A Receita Federal presta outros esclarecimentos quanto a imunidade e isenção. É importante reconhecer que a isenção não é “automática”: além de atender aos requisitos previstos, a entidade deve fazer a solicitação à Receita Federal, que publica no Diário Oficial da União após o reconhecimento. ' Dica Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos assuntos tratados na unidade curricular! 2. Aquisição e constituição da personalidade jurídica Para a formalização da associação, são necessários a elaboração, a aprovação e o registro dos seus atos constitutivos, que são a ata de fundação e o estatuto, conforme dispõe a lei. Assim estabelece o Código Civil – Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002: Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, a demissão e a exclusão dos associados; Curso Técnico em Agronegócio 32 III - os direitos e os deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V - o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução; VII - a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. Assim, é importante que o grupo interessado discuta bastante o estatuto da sua futura associação antes da sua aprovação em Assembleia Geral Constitutiva, principalmente com relação à finalidade da entidade e à sua forma de gestão e eleição da diretoria e dos conselhos. Esclareça e discuta todos os itens do estatuto, de modo que todos os sócios tenham acesso (cópia) ao estatuto, conhecendo seus direitos e deveres na associação. c Leitura complementar Na biblioteca do AVA, você encontra um anexo com modelos de estatuto para uma associação. 3. Registro do ato constitutivo Para que a entidade tenha personalidade jurídica, ou seja, para que ela exista formalmente, o estatuto deve ser registrado em cartório. Para tanto, deve ser cumprido um rito de constituição previsto na legislação, conforme o passo a passo: • o grupo interessado deve fazer o convite à comunidade para a realização da assembleia de fundação por meio de edital, em que devem constar data, horário, local, assuntos (leitura, discussão e aprovação do estatuto, eleição e posse dos membros da diretoria e do conselho fiscal ou outros órgãos, conforme preveja o estatuto); • elaborar a ata que deve ser assinada e rubricada por todos os presentes, em todas as folhas. Nessa ata, deverão ser inscritos os sócios fundadores, com nome completo (sem abreviar), CPF ou CNPJ (para empresas), identidade, endereço, profissão, estado civil, além de outros dados que possam identificar o associado; • o estatuto aprovado e a ata de fundação, em que constam os nomes de todos eleitos, devem, então, ser registrados em Cartório de Registro de Títulos e Documentos das Pessoas Jurídicas no município onde se localiza a entidade comunitária (verificar no cartório as taxas para o registro); • de acordo com a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, em seu art. 1º, § 2º, “os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados”. Assim, um advogado deve dar um visto na ata e no estatuto constitutivo da associação; • solicitar cadastro junto à Receita Federal do Brasil para obtenção do CNPJ, após registro de seu Estatuto em Cartório; Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 33 • é importante a assessoria de um profissional de contabilidade para a inscrição e a atualização das declarações e da documentação nos órgãos municipal, estadual e federal; • caso venha utilizar a DAP Jurídica ou Inscrição Coletiva, deverá ser providenciada a inscrição na Secretaria Estadual da Fazenda; • fazer inscrição no INSS, mesmo que não tenha empregado; • verificar com a prefeitura a obrigatoriedade do registro municipal e do alvará de funcionamento; • em alguns casos, será necessária a obtenção de licenças de órgão de vigilância sanitária, corpo de bombeiros, entre outros, dependendo do tipo de atividade e da localização. Tópico 3: Associações de Produtores Rurais Vamos começar este tópico relembrando uma informação importante: todas as associações devem atender à característica básica previstano art. 53 do Código Civil de 2002, que é a união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. As associações de produtores rurais, assim como as demais associações, devem fazer constar em seus estatutos as atividades que serão destinadas ao atendimento de seus associados, cujo objetivo não poderá ser a obtenção de lucro para distribuição aos associados. Os lucros eventuais devem ser usados em investimentos na própria associação. A associação deve definir com clareza qual é o seu púbico constitutivo, ou seja, qual é a característica de seus sócios, como, por exemplo, se é de pequenos, médios ou grandes produtores ou da agricultura familiar, ou de apicultores, ou de moradores de uma determinada comunidade, e assim por diante. Fonte: Shutterstock Curso Técnico em Agronegócio 34 A área de abrangência também pode ser definida: se de produtores de uma determinada comunidade, distrito, município ou região, como associação dos pequenos produtores da comunidade X, ou associação dos agricultores familiares do município Y. Vale lembrar que as condições para as pessoas se associarem e quanto à área de atuação devem ser explícitas no estatuto, podendo ser em uma determinada comunidade, região, município ou vários municípios, estado ou em todo país, desde que a estrutura da associação tenha condições de atendimento. Acompanhe as principais vantagens de se trabalhar em associação rural: • uma associação legalmente constituída possibilita às pessoas maior participação na sociedade em conselhos do município, do estado e do país; • aumenta o poder de reivindicação e de negociação do grupo; • facilita o contrato em grupo dos produtores com empresas que comercializam produtos agropecuários, como supermercados e sacolões, pela escala de produção e programação de entrega dos produtos; • possibilita a participação em fóruns, seminários e em todos os espaços de decisão pública, promovidos pelas câmaras municipais e assembleias legislativas, podendo ter voz e se fazer ouvir na sociedade e nos espaços de decisão pública; • facilita a assistência técnica em grupo e o processo de capacitação, que poderá aumentar a renda e o lucro com relação à produção e à melhoria da produtividade; • permite a aquisição em grupo de insumos, sementes, adubos e fertilizantes a preços mais vantajosos; • permite a realização legal de convênios com o governo e contratos com entidades e empresas privadas, viabilizando projetos e busca de recursos, físicos e financeiros, para atendimento aos fins da associação; • os produtores organizados em grupos terão facilidades de acesso a linhas de crédito e programas governamentais, visto que o atendimento não exclui o produtor individual, mas a sua preferência é para aqueles organizados em grupos formais e informais; • com a geração de emprego e renda, o associativismo contribui para a redução do êxodo rural. 1. Sociedade Rural Brasileira A Sociedade Rural Brasileira – SRB, entidade de caráter associativista representativa da classe rural, fundada no dia 19 de maio de 1919 na cidade de São Paulo, completou, em 2015, 96 anos de importância e contribuição ao desenvolvimento do setor agropecuário. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 35 A entidade trabalha como agente negociador político do agronegócio perante os públicos estratégicos do setor, atua como polo disseminador de conhecimento e funciona como centro de serviços e gerador de oportunidades e negócios para a cadeia produtiva rural. Ela representa o produtor rural brasileiro com reivindicações e propostas às autoridades na defesa dos interesses do setor e atua como mediadora entre os elos das cadeias produtivas, estimulando as políticas públicas favoráveis ao setor agropecuário brasileiro. ' Dica Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos assuntos tratados na unidade curricular! Encerramento do Tema Parabéns! Você está concluindo o primeiro tema deste curso, que trata sobre associativismo. Nesta etapa, você teve a oportunidade de aprender que, organizadas em associações, as pessoas podem conhecer melhor e reivindicar seus direitos, manifestando-se junto ao governo e à sociedade. O cidadão consciente de seus direitos e deveres buscará de forma organizada a melhoria da qualidade de vida para ele e para a sua comunidade. O associativismo atende, basicamente, às questões sociais e permite o apoio às questões econômicas, como, por exemplo, por meio da capacitação. Entretanto, para que as pessoas busquem o aumento da sua renda, é necessário o trabalho de produção ou de serviços, o que nos leva ao cooperativismo, uma das formas de organização mais utilizada em todo o mundo. No próximo tema, você verá como as pessoas podem se organizar em cooperativas, além das vantagens e das limitações atreladas a essa decisão. Depois que realizar as atividades de aprendizagem, você poderá começar a se sentir bem- vindo ao cooperativismo! Atividade de aprendizagem 1. Qual destas atividades não é considerada associativa? a) Conselho de desenvolvimento comunitário. b) Sindicato de trabalhadores rurais. c) Empreendedor individual. d) Cooperativa. e) Horta comunitária. Curso Técnico em Agronegócio 36 2. Em que condições o trabalhador rural é obrigado a ser associado na associação dos pequenos produtores rurais? a) Para se aposentar. b) Para receber seguro desemprego. c) Para receber assistência técnica, como a do Emater. d) As letras a, b e c estão corretas. e) As letras a, b, c e d não estão corretas. 3. Onde é feita a inscrição do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ da entidade associativa para a sua formalização? a) No escritório de contabilidade. b) Na Secretaria da Receita Federal do Brasil. c) Na Prefeitura. d) No escritório do advogado. e) No escritório da empresa de assistência técnica. 4. Para qual destas atividades é necessário que o grupo seja formalizado? a) Receber assistência técnica em grupo. b) Buscar o banco para financiamento em grupo. c) Adquirir insumos, sementes e adubos em grupo, diminuindo custos. d) Participar de seminários e reuniões para discutir assuntos de interesse dos produtores. e) Representar a comunidade perante o judiciário ou outros órgãos públicos para a aprovação de projetos de interesses comuns. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 37 5. Os conselhos municipais, como o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentado – CMDRS e o Conselho Municipal de Assistência Social – CMAS, servem para: a) Reunir amigos depois do trabalho. b) Falar do trabalho da sua propriedade rural. c) Ser o local em que a população participa da discussão e do acompanhamento das políticas públicas. d) Ser o local em que os políticos fazem as campanhas eleitorais. e) Aprovar sem discutir tudo o que o prefeito e os vereadores fizeram. Cooperativismo 02 Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 39 Tema 2: Cooperativismo O que vem à sua cabeça quando se fala em cooperativismo? Quantas cooperativas você conhece? Estão difundidas no nosso mercado, hoje, cooperativas de vários tipos, como as de trabalho, as sociais, as de crédito... Em sua definição, cooperativismo é um movimento, uma filosofia de vida e um modelo socioeconômico capaz de unir desenvolvimento econômico e bem-estar social. Seus referenciais fundamentais são: participação democrática, solidariedade, independência e autonomia. Fonte: Shutterstock Curso Técnico em Agronegócio 40 É um sistema fundamentado na reunião de pessoas, e não no capital – ele visa às necessidades do grupo, e não o lucro –, buscando a prosperidade conjunta, e não a individual. Essas diferenças fazem do cooperativismo a alternativa socioeconômica que pode levar ao sucesso empreendimentos com equilíbrio e justiça entre os participantes. “Associado a valores universais, o cooperativismo se desenvolve independentemente de território, língua, credo ou nacionalidade” (Organização das Cooperativas Brasileiras –OCB). Ao final deste tema, espera-se que você desenvolva as seguintes competências: • conhecer e definir a sociedade cooperativa e diferenciá-la da associação; • identificar o solidarismo e o mutualismo nas relações cooperativas; • conhecer o principal objetivo da sociedade cooperativa; • conhecer o instituto da cooperação; • compreender as condicionantes do desenvolvimento econômico; • identificar cada um dos aspectos econômicos na relação com o mercado; • diferenciar lucro de sobras líquidas na sociedade cooperativa; • identificar as atividades inerentes à sociedade cooperativa de produção agropecuária; • diferenciar os negócios realizados pela sociedade cooperativa de produção agropecuária; • conhecer o tratamento tributário ao ato cooperativo; • conhecer as atividades qualificadas como “ato não cooperativo”; • identificar as principais relações contratuais realizadas pelas sociedades cooperativas; • conhecer as principais estratégicas utilizadas pelas entidades; • conhecer as atribuições de cada sistema. Vamos ao tópico 1? Tópico 1. Organização das Cooperativas Brasileiras: o Nascimento de uma Grande Ideia No século XVIII, aconteceu a Revolução Industrial na Inglaterra. Com a introdução das máquinas que substituíram os trabalhadores, a mão de obra perdeu grande poder de troca e de negociação. Os baixos salários e a longa jornada de trabalho resultantes trouxeram muitas dificuldades socioeconômicas para a população, que levaram também a protestos populares. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 41 Fonte: Shutterstock Diante dessa crise, surgiram lideranças que criaram associações de caráter assistencial. Essa experiência não teve resultado positivo na atenuação da situação econômica dos trabalhadores e ainda manteve pessoas ociosas nas ruas. d Comentário do autor Alguns anos de problemas socioeconômicos se passaram sem soluções para contornar eficientemente os efeitos colaterais da modernização da indústria. Com base nessas experiências, buscaram-se novas formas associativas que fossem eficazes para a viabilidade econômica de empreendimentos coletivos até chegarem ao que denominaram de cooperativa. Esse modelo de reunião cooperativa teve início com a reunião de 28 cidadãos ingleses, em sua maioria tecelões, que se reuniram para discutir e avaliar suas ideias sobre alternativas de empreendimentos viáveis que não repetissem as falhas do modelo capitalista de gestão. Respeitando seus costumes e suas tradições, e estabelecendo normas e metas para a organização de uma cooperativa, após um ano de trabalho, acumularam um pequeno capital (28 libras, que é a moeda inglesa) e conseguiram abrir as portas de um pequeno armazém cooperativo, em 1844, no bairro de Rochdale, na cidade de Manchester (Inglaterra). Curso Técnico em Agronegócio 42 Legenda: Os ingleses da sociedade de Rochdale são reconhecidos como os pioneiros do cooperativismo. Fonte: Shutterstock Nascia a Sociedade dos Probos de Rochdale, conhecida como a primeira cooperativa moderna do mundo. Ela criou os princípios morais e a conduta que são considerados, até hoje, a base do cooperativismo. Em 1848, já eram 140 membros, e, 12 anos depois, chegou a ter 3.450 sócios com um capital de 152 mil libras. No Brasil, conforme dados da OCB, existem 6.827 cooperativas, distribuídas em todos os estados, com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste do país, atividade que envolve diretamente 11 milhões de pessoas. Destas, 1.597 são de cooperativas agropecuárias, com cerca de um milhão de cooperados, com um faturamento, em 2014, de mais de R$ 100 bilhões e representando mais de 10% do PIB do agronegócio, com 152 mercados de destino, sendo responsáveis por 6% das exportações do agronegócio brasileiro Acompanhe a simbologia que envolve o emblema que representa o cooperativismo! O pinheiro é considerado o símbolo da imortalidade e da fecundidade: multiplica-se com facilidade, inclusive em terrenos inóspitos. Dois pinheiros simbolizam a união e a fraternidade. O círculo é uma figura geométrica que não tem começo nem fim, simbolizando a eternidade do cooperativismo. O verde-escuro dos pinheiros simboliza o princípio vital da natureza e toda a esperança que ela representa. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 43 O amarelo-ouro, cor do sol, fonte de toda energia e calor, significa a fonte de toda a vida e de renda. A combinação desses símbolos resultou na marca mundial do cooperativismo. Em qualquer país, em qualquer língua, quaisquer que sejam os princípios religiosos ou políticos, o emblema do cooperativismo mostra o círculo abraçando os dois pinheiros unidos nos seus princípios, perenes na multiplicação de seus ideais. A esperança verde e a energia amarela dos adeptos do cooperativismo são marcadas pelas cores dos emblemas. 1. Diferenças entre associação e cooperativa No primeiro tema desta unidade curricular, você estudou sobre o associativismo. Acompanhe as principais diferenças entre uma associação e uma cooperativa. As associações são instituições que buscam promover a educação, a cultura, a política e os interesses comuns de determinadas classes, regiões ou setores. Já as cooperativas desenvolvem mais um trabalho comercial e empresarial de uma maneira coletiva. Nas cooperativas, os cooperados são beneficiários e administradores do negócio, podendo ser beneficiados pelos resultados gerados. Nas associações, os associados não são exatamente os proprietários das instituições (elas são de interesse público), e, caso ocorra o seu fechamento, o valor que tiver sido acumulado deverá ser encaminhado a uma instituição que realize um trabalho semelhante ao seu ou ao governo. O quadro a seguir mostra as principais características distintivas entre as associações e as cooperativas. Característica/tipo de organização Associação Cooperativa Definição Sociedade civil sem fins econômicos e sem fins lucrativos. Sociedade simples de fins econômicos e comerciais sem fins lucrativos. Finalidade Representar e defender os interesses dos associados, como prestar serviços e viabilizar assistências técnica, cultural e educativa aos associados. Prestar serviços, viabilizar assistências técnica, cultural e educativa aos cooperados, bem como promover a venda e a compra em comum, desenvolvendo atividades de consumo, produção, prestação de serviços, crédito e comercialização. . . . Curso Técnico em Agronegócio 44 Característica/tipo de organização Associação Cooperativa Número de sócios Não existe um número mínimo legal de associados. Como se trata de uma sociedade, exigem-se, no mínimo, duas pessoas. Mínimo de 20 pessoas físicas (mínimo de sete pessoas nas cooperativas de trabalho). Remuneração de dirigentes Os dirigentes não são remunerados pelo exercício de suas funções, recebendo apenas o reembolso das despesas realizadas para o desempenho das suas atividades. A remuneração dos dirigentes é definida na assembleia geral, na forma de pro labore, para compensar o afastamento do trabalho anterior, em valor de acordo com a profissão e o mercado. Direito a voto Cada associado tem direito a um voto em assembleia geral. Cada associado tem direito a um voto em assembleia geral. Receita Composta por contribuições dos associados, taxas, doações, legados, subvenções, fundos e reservas. Taxas de serviços sobre as operações dos cooperados e das operações bancárias, diferenças entre custos de produção ou compra e venda de produtos. Capital e patrimônio Não tem capital social. Contribuições dos associados, taxas, doações, legados, subvenções, fundos e reservas podem se constituir em patrimônio. Tem capital social, que é formado por quotas/partes. Por ter capital social, as cooperativas podem realizar operações financeiras. Sistema representativo Em âmbitos municipal, estadual e federal, as associações podem ser representadas por federações e confederações, respectivamente. Em casos de açõescoletivas, podem representar seus associados. Em âmbito nacional, cooperativas são representadas pela Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB. Em âmbito estadual, são representadas pelas Federações. Em casos de ações coletivas, podem representar seus associados. . . . Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 45 Característica/tipo de organização Associação Cooperativa Responsabilidades Os associados não responderão, ainda que subsidiariamente, pelas obrigações contraídas pela associação, salvo aquelas deliberadas em assembleia geral e na forma em que o forem. A responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações. É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. Contabilidade Escrituração simplificada. A escrituração é completa, com todas as demonstrações contábeis. Comercialização A comercialização é feita diretamente pelo associado, assessorado pela associação A comercialização é feita diretamente pela cooperativa. As cooperativas podem tomar e repassar créditos aos produtores rurais e podem operar com instrumentos públicos de política agrícola, como aquisições do governo federal, além de poder tomar empréstimos. Resultados financeiros As possíveis sobras das operações financeiras não são divididas entre os sócios, sendo aplicadas integralmente no atendimento dos objetivos sociais da associação. Distribuição das sobras líquidas do exercício aos associados, proporcionalmente às operações realizadas por cada um, salvo deliberação em contrário da assembleia geral. . . . Curso Técnico em Agronegócio 46 Característica/tipo de organização Associação Cooperativa Tributação Pode ser isenta ou imune, desde que atenda à legislação. A declaração de Imposto de Renda é obrigatória. Não incide imposto sobre os atos cooperados. As cooperativas são tributadas sobre atos não cooperados, como os juros obtidos pela aplicação financeira. Fiscalização As associações podem ser fiscalizadas pela prefeitura, pela fazenda estadual, pelo INSS, pelo Ministério do Trabalho e pela Receita Federal. Cooperativas podem ser fiscalizadas pela prefeitura, pela fazenda estadual, pelo INSS, pelo Ministério do Trabalho, pela Receita Federal e por outros órgãos públicos. Dissolução Definida em assembleia geral ou mediante intervenção judicial realizada por representante do Ministério Público. O saldo do patrimônio se reverterá às instituições congêneres. Solucionado o passivo e reembolsados os cooperados até o valor de suas quotas-partes, o remanescente é distribuído de acordo com o estatuto. Fonte: Associações rurais: práticas associativas, características e formalização (SENAR, 2011). Tópico 2: Concepção, Objetivos e Fundo Ético do Sistema Cooperativo: Solidarismo e Mutualismo Dizemos que a solidariedade e a mútua colaboração fazem parte do embasamento de um sistema cooperativo. Como elas são aplicadas e qual a sua ligação com a ética? Para responder a essa pergunta, primeiro revise o que significa ética: I - Ética é uma palavra de origem grega (ethos), que significa “propriedade do caráter”. Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o próximo. Ser ético é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade em que se vive. II - O exercício da ética profissional implica na obrigatoriedade do indivíduo cumprir com todas as atividades de sua profissão, seguindo os princípios determinados pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho. III - Persistir na conduta ética possibilita ao profissional a realização do bem comum e individual – que é o propósito da Ética – e conduz ao desenvolvimento social, compondo um binômio inseparável. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 47 IV - No mundo organizacional das cooperativas, cabe ao sócio o preponderante papel de agente de desenvolvimento social para o bem-estar da coletividade. Vejamos um exemplo real de como a ética está presente no mundo cooperativo por meio do código de ética da cooperativa Coopifor: “Art. 1º - O trabalho realizado pelo sócio através da COOPIFOR implica em compromisso moral, ético e profissional com a Cooperativa e seu quadro social, o contratante de serviços da mesma e com a sociedade em geral, impondo direitos, deveres e responsabilidades indelegáveis.” ' Dica Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos assuntos tratados na unidade curricular! Já a Aliança Cooperativa Internacional orienta que todas as cooperativas devam ser baseadas nos valores de autoajuda, autorresponsabilidade, democracia, equidade e solidariedade. Seus membros acreditam nos valores éticos da honestidade, da abertura (transparência), da responsabilidade social e da preocupação com os outros. Segundo Walmor Franke, a palavra “cooperativismo” pode ser tomada em duas acepções. Por um lado, designa o sistema de organização econômica que visa eliminar os desajustamentos sociais oriundos dos excessos da intermediação capitalista; por outro, significa a doutrina corporificada no conjunto de princípios que devem reger o comportamento do homem integrado ao sistema capitalista. Voltando à pergunta inicial deste tópico, sobre a relação do cooperativismo e a ética, o princípio ético do sistema cooperativo traduz-se no lema “Um por todos, todos por um”, que é uma aplicação particular do princípio de solidariedade, a cujo império fica submetida a atividade dos cooperados. Costuma-se dizer, por isso, que o cooperativismo se identifica com o solidarismo, em contraste com o capitalismo, que, na sua forma histórica mais extremada, tem caráter marcadamente individualista. A obtenção de vantagens econômicas em favor das economias individuais dos associados é o escopo fundamental das sociedades cooperativas. Com relação ao mutualismo, trata-se de uma teoria econômica e social que propõe que “volumes iguais de trabalho devem receber pagamento igual”. Foi Pierre-Joseph Proudhon quem criou o termo “mutualismo” para descrever a sua teoria econômica, na qual o valor se baseia no trabalho. Curso Técnico em Agronegócio 48 Fonte: Shutterstock Vale ressaltar que, atualmente, já se reconhece que a nossa sociedade é formada por trabalhadores de capacidades distintas, com diferentes formações e especialidades, sem que isso implique em qualquer diferença de nobreza entre os trabalhos. p Atividades para praticar em casa Para reflexão: em sua opinião, como podem ocorrer a ajuda mútua e a solidariedade na cooperativa? Pesquise pela sua região sobre alguma atividade de ajuda mútua desenvolvida pelas cooperativas locais! 1. Por que se associar em cooperativas? Na definição legal (art. 3º da Lei nº 5.764/71), celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro. Como regra geral, as cooperativas são constituídas de pessoas físicas. Excepcionalmente é permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos. As cooperativas Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 49 singulares não podem ser constituídas somente por pessoas jurídicas (empresas). As cooperativas podem ser constituídas em cooperativas centrais, federações ou confederações. d Comentário do autor Observe que a cooperativa constituída não terá objetivo de lucro. No entanto, o aumento da renda e o lucro dos cooperados, por meio da distribuição dos resultados das cooperativas, contribuirão para atender ao principal objetivo da cooperativa, queé social. Isso, por consequência, proporciona melhoria na qualidade de vida dos cooperados e da comunidade. Portanto, as cooperativas não visam lucro para o negócio, mas a distribuição dos ganhos da atividade cooperada gera, indiretamente, um aumento de renda e lucro dos cooperados. Acompanhe, no próximo tópico, exemplos de cooperação aplicada no agronegócio! Tópico 3: A Cooperação no Agronegócio Para iniciar este tópico, veja algumas notícias recentes da imprensa nacional: SUDENE: ACORDOS DE COOPERAÇÃO NO AGRONEGÓCIO Os acordos de cooperação, que abrangem a área de atuação da Sudene, visam, ainda, o fortalecimento das cadeias produtivas de pecuária e da fruticultura, além da ampliação da capacidade estática e dinâmica de armazenagem, e na maximização da eficiência de utilização dos sistemas de armazenagem. Fonte: http://www.agendaparaiba.com/sudene-acordos-de-cooperacao-no-agronegocio/. MINISTRA INICIA MISSÃO NA RÚSSIA NESTA TERÇA-FEIRA (7) A comitiva brasileira é composta também pelo senador Wellington Fagundes (PR-MT) e pelo deputado Newton Cardoso Junior (PMDB-MG), além de diversos empresários de setores que procuram aprofundar as relações comerciais com a Rússia, como laticínios, carnes, café, grãos, cereais e etanol. Fonte: http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2015/07/ministra-inicia-missao-na-russia-nesta-terca-fei- ra-7. Em suma, é importante perceber que a cooperação funciona como os elos de uma corrente, em que todos são importantes no processo – produtores rurais, fornecedores, trabalhadores, entidades, órgãos públicos e consumidores –, em todas as instâncias, tanto local, regional ou mundial. Avante! Curso Técnico em Agronegócio 50 1. O que esperar da cooperação Imagine um jogo de futebol: jogadores em campo, técnico e torcida. Qual jogador é mais importante em um time? O que todos esperam? Você, com certeza, mesmo sem entender de futebol, sabe a resposta. Todos esperam que se façam gols e ganhem a partida. Sendo um time, todos dependem da cooperação de cada um para chegar à vitória, o que está vinculado à cooperação de todos, inclusive da torcida. Para que haja cooperação, é necessário que todos tenham o mesmo objetivo. Legenda: Cooperação no futebol: será que o atacante poderá cabecear para o gol se o zagueiro e o meia não tiverem o mesmo objetivo? Fonte: Shutterstock E no agronegócio? Será possível trabalhar em cooperação? Claro que sim! O agronegócio é um dos principais redutos do cooperativismo no Brasil. Com a cooperação, os produtores podem se ajudar, trabalhar junto aos fornecedores e clientes, e melhorar o desempenho da cadeia produtiva. Essa colaboração pode começar mesmo informalmente, por meio de parcerias, e o mutirão, tão comum no meio rural, é uma das formas de cooperação. d Comentário do autor A cooperação é um tipo de ação tão rica que pode gerar o que chamamos de intercooperação. Esse termo designa a cooperação entre cooperativas, um dos princípios do cooperativismo. Nesse caso, as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto por meio das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais. Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 51 Vamos resumir um exemplo hipotético e realçado, mas cuja essência é o objetivo do cooperativismo e que realmente acontece em muitas regiões do agronegócio brasileiro. Acompanhe a história! Estudo de caso Há alguns anos, as pessoas de uma certa região viviam uma vida rotineira, trabalhando apenas quando apare- cia alguém oferecendo serviço avulso. Nem sempre re- cebiam como se devia, mas “quebravam o galho” de vez em quando e ganhavam uns trocados. Quando o traba- lhador recebia, era a vez de pagar a conta do armazém, do bar, da farmácia, além de fazer outro fiado. O resto do tempo era empenhado em “jogar conversa fora”. Como a região possuía terras baratas para quem co- nhecesse a tecnologia certa, e tinha, também, água com fartura e clima bom, começaram a chegar produtores rurais de outras regiões comprando as terras para plantio e criação de gado. O povo do lugar ficou meio desconfiado, observando a maneira daquelas pessoas “estrangeiras” trabalharem. “Chegam de carro novo, com tratores e animais, cons- troem e reformam casas, fazem a feira. Mas cadê aque- le supermercado?” O dono do armazém do lugar nem sabia direito o que era cartão de crédito, apenas tinha ouvido falar... Certo dia, os novos produtores fizeram uma reunião também convidando os outros membros da comunida- de. O assunto? Abrir uma cooperativa dos produtores. Mesmo desconfiados, muitos foram a essa reunião. Lá, os novos produtores falaram das dificuldades que estavam tendo para adquirir os insumos e armazenar a produção; faltava assistência técnica e até farmácia para comprar remédio para o gado. Explicaram que seria mais fácil e rentável se se reunissem em uma cooperativa, pois isso dimi- nuiria as despesas de cada um com os atravessadores que atendiam à região. Afinal, de onde vieram, já tinham experiência em trabalhar de forma cooperada. Depois de várias outras reuniões, resolveram criar a cooperativa dos produtores rurais da região. Fonte: Shutterstock Fonte: Shutterstock Curso Técnico em Agronegócio 52 Já durante a montagem das instalações da cooperativa, começou a aparecer serviço para o pessoal, com cartei- ra assinada e pagando tudo direitinho, como décimo terceiro, Fundo de Garantia e tudo o mais. A cooperativa também precisou contratar pessoal para trabalhar: atendentes, secretária, vigias, faxineiras, todo o pessoal de apoio. Com o movimento de pessoas que vinham de fora, como engenheiros, agrônomos, veterinários e fiscais do estado, a dona da pensão teve que aumentar e melho- rar o atendimento. Recentemente, colocou até internet sem fio para atender o pessoal. Com o aumento do movimento de pessoas por causa da cooperativa, também aumentou o dinheiro circulando na região. Uma rede bancária se interessou e colocou um posto de atendimento no local. Com mais gente, e com mais dinheiro, a prefeitura tam- bém foi cobrada para melhorar os serviços na cidade: posto de saúde, escola, posto da polícia. Começaram a chegar à cidade supermercado, lojas e posto de combustível. Com isso, o pessoal local foi in- centivado a se capacitar, estudar mais, para conseguir os bons empregos. Alguns anos depois, a cooperativa tinha gerado muitos empregos diretos, e os produtores passaram a ter mais lucro, pois a cooperativa prestava toda assistência. Muitas pessoas da cidade tinham emprego melhor e a prefeitura arrecadava mais impostos, podendo melho- rar os serviços públicos. Como em toda boa história, no final, as pessoas estavam vivendo mais felizes. Ainda que este “causo” narrado seja apenas hipotético, contado como um exemplo, você pode acreditar que muitos fatos semelhantes aconteceram em vários locais do país, com as cooperativas contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região. Fonte: Shutterstock Fonte: Shutterstock Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo 53 p Atividades para praticar em casa E você? Conhece alguma história parecida com essa? Escreva os pontos principais e relate para os seus colegas no fórum do AVA! Tópico 4: Cooperativismo e as Regras do Mercado Neste tópico, vamos conceituar primeiramente as ideias de mercado e o papel do liberalismo na economia. O liberalismo pode ser resumido na liberdade dos cidadãos e das empresas para praticar negócios de qualquer natureza, com as regras sendo ditadas mais pelo mercado do que pelos governos. A história do liberalismo abrange a maior parte dos últimos quatro séculos. O liberalismo começou como uma doutrina principal e esforço intelectual em resposta às guerras religiosas na Europa durante os séculos XVI e XVII, embora o contexto histórico para a ascensão do liberalismo remonte à Idade Média. A primeira encarnação notável da agitação liberal veio com
Compartilhar