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TCC - Transtorno Mental Os desafios e o dia a dia das pessoas que vivem com o transtorno

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1 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
Curso de Serviço Social 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VALÉRIA APARECIDA PEREIRA CANDIDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNO MENTAL: OS DESAFIOS E O DIA A DIA DAS PESSOAS 
QUE VIVEM COM O TRANSTORNO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ribeirão Preto 
Maio/2019 
2 
 
VALÉRIA APARECIDA PEREIRA CANDIDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNO MENTAL: OS DESAFIOS E O DIA A DIA DAS PESSOAS 
QUE VIVEM COM O TRANSTORNO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à 
Universidade Estácio de Sá como 
requisito parcial para obtenção do 
grau de Bacharel em Serviço Social. 
 
Orientador: Prof. Maria Eunice 
Amaral Dantas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ribeirão Preto 
Maio/2019 
3 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
Curso de Serviço Social 
 
 
 
 
 
VALÉRIA APARECIDA PEREIRA CANDIDO 
 
 
 
 
 
TRANSTORNO MENTAL: OS DESAFIOS E O DIA A DIA DAS PESSOAS 
QUE VIVEM COM O TRANSTORNO 
 
 
Trabalho apresentado à Universidade Estácio de 
Sá, como requisito parcial para obtenção do grau de 
Bacharel em Serviço Social. 
 
 
 
Banca Examinadora: 
 
 
 
 
_______________________________ 
Maria Eunice Amaral Dantas 
Professora Orientadora 
 
 
 
 
_______________________________ 
Professor(a) 2º membro da banca 
 
 
 
 
_______________________________ 
Professor(a) 3º membro da banca 
 
 
 
 
 
RIBEIRÃO PRETO/2019 
4 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha família Renato, João Vítor e 
Manuela, que são a minha base, o meu 
pilar. Que me incentivaram durante toda a 
minha jornada e não me deixaram desistir. 
Através da compreensão e carinho, 
passamos juntos por mais uma etapa. Com 
vocês aprendi o amor, a solidariedade, o 
perdão, a viver. 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À todas as pessoas que me influenciaram e me tornaram quem sou. 
Aos meus pais, exemplo de vida, de garra, de carinho, respeito e paciência. 
Ao meu marido e filhos que me deram suporte para enfrentar os obstáculos 
e superar os desafios. 
Ao meus professores e amigos de uma vida que plantaram cada semente 
do meu ser. 
Aos meus novos amigos que ensinaram-me que a vida possui mais de um 
olhar. 
Deus, obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
RESUMO 
 
CANDIDO, Valéria Aparecida Pereira: Transtorno mental: os desafios e o dia a dia 
das pessoas que vivem com o transtorno. Curso de Serviço Social. Universidade 
Estácio de Sá, 2019. 
 
A partir da contextualização sobre o significado do transtorno mental e saúde mental, 
se faz um reflexão sobre quais são os desafios e o cotidiano das pessoas com o 
distúrbio psiquiátrico. São abordados desde a concepção histórica da loucura no meio 
social, o estigma e preconceitos abarcados pela normatização social marginalizando 
o indivíduo e da negação de direitos, determinantes expressos da questão social onde 
o assistente social tem sua condição profissional, e atrelada à Reforma Psiquiátrica 
na luta pela justiça social e equidade de oportunidades, na garantia de participação e 
inclusão, via sociedade-família-Estado. Em conclusão, é possível afirmar que a 
mudança no modelo de assistência à saúde mental, no cuidado, na reabilitação 
psicossocial e na integração do portador de sofrimento psíquico é, e então somente 
só será possível através da informação, do entendimento global da doença e da 
aceitação social do ‘diferente’ da saúde mental sobre os ‘iguais’. 
Palavras-chaves: Transtorno Mental; Preconceito; Direitos, Reforma 
Psiquiátrica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 8 
2 SAÚDE MENTAL ........................................................................................ 12 
2.1.1 Contexto Histórico da Saúde Mental no Brasil .............................................. 12 
2.1.2 Segregação e Marginalização ....................................................................... 13 
2.1.3 Reforma Psiquiátrica ..................................................................................... 14 
2.1.4 Legislação ..................................................................................................... 16 
2.1.5 Exclusão Social ............................................................................................. 19 
2.2 O QUE É TRANSTORNO MENTAL? ....................................................... 22 
2.2.1 Definição Transtorno Mental ......................................................................... 22 
2.2.2 Tipos de Transtorno ...................................................................................... 22 
2.2.3 Assistência Social na Saúde Mental ............................................................. 24 
2.2.4 Reabilitação Psicossocial .............................................................................. 26 
2.2.5 Desafios do cotidiano .................................................................................... 28 
3 CONCLUSÃO .............................................................................................. 31 
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
1 INTRODUÇÃO 
Os desafios de uma pessoa portadora de saúde mental não difere daqueles 
que não os têm. Educação, trabalho, saúde, valores, crenças, orientação sexual e 
comportamento agregados à realidade social e cultural do indivíduo na sociedade. 
Este processo de socialização é caracterizado por experiências vividas com 
diferentes pessoas, gerações, modificações culturais que moldam e formam o 
indivíduo, sujeito social, na sua compreensão de mundo e no seu comportamento. 
Os determinantes e ou motivos para o desenvolvimento de algum tipo de 
transtorno mental são por diferentes causas: traumas, genética, fatores sociais, 
culturais, econômicos, políticos e ambientais, padrões de vida, química cerebral, 
nutrição, relacionamentos, luto, estresse e tantos outros. 
O termo “doença mental” ou transtorno mental é uma alteração do 
comportamento e da mente do indivíduo. Sem saber quem ou quando, o transtorno 
mental afeta mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo e no Brasil, a 
estimativa é de 23 milhões, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). 
A pessoa com sofrimento psíquico vive um cotidiano de segregação, estigma e 
preconceito, prejuízos causados pela doença, os quais afetam em sua qualidade de 
vida e em seu comprometimento funcional, contribuindo para o seu isolamento social. 
Segundo Gaspari (2002), “o homem não é um ser isolado, é um membro ativo e reativo 
de grupos sociais. A família é um grupo social natural, um sistema que faz parte de 
outros sistemas, que afetam a sua organização. A trama de relações sociais inclui, 
além da família, amigos e colegas”; relações que se estabelecem baseadas em 
diferentes atividades do cotidiano, nas atividades sociais, culturais, esportivas, 
religiosas e de cuidados com a saúde. 
A exclusão social dos usuários com transtorno, a inviabilização dos direitos 
sociais, privação de seu convívio social e do sistema sócio-ocupacional no mercado 
de trabalho e a não inserção dos mesmos nas redes intersetoriais, determinantes das 
expressões da questão social na saúde mental, são vivenciadas na exclusão social 
dos usuários com transtorno mental. 
O artigo 6º da Constituição Federal estabelece que são direitos sociais a 
educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência 
aos desamparados, no entanto, portadores de transtorno metal não têm garantidos 
seus direitos sendo prejudicados e discriminados em todas as áreas de suas vidas. 
9 
 
“As estruturas da vida cotidiana expressam e estabelecem os espaços de 
vida possíveis paraestas pessoas. O cotidiano está relacionado não somente 
à evolução da doença, mas desempenha um papel ativo de construção 
psíquica e sócio-cultural do indivíduo doente” (GOLDBERG, 1998). 
O indivíduo se insere na sociedade através da interação e participação por meio 
de atividades, interesses e comportamentos na família, amigos, colegas de trabalho 
construindo sua rede de relações sociais. 
Para Foucault, “o louco não pode ser louco para si mesmo, mas apenas aos 
olhos de um terceiro que, somente este, pode distinguir o exercício da razão da própria 
razão”. Na sociedade em geral para ter justificada a exclusão do doente mental, ainda 
prevalece o estigma advindo de um processo sócio-histórico, onde é necessário 
ensinar as regras e condições de convívio social ou de proteger os “normais” de ações 
insanas. Instalado, enclausurado e marginalizado. 
“A exclusão do louco/doente mental se perpetuou no tempo, de tal modo que, 
ainda hoje, o tratamento se faz sobremaneira pela rotulação, pelo tratamento 
dos sintomas à base de medicamentos e pela manutenção do doente em 
instituição psiquiátrica; retirando-o da família, do mercado de trabalho, dos 
vínculos sociais; excluindo-o da vida em sociedade” (Psico-USF, v. 13, n. 1, 
p. 115-124, jan./jun. 2008; 116). 
Com os avanços das Reformas Sanitária e Psiquiátrica no Brasil e estudos sob 
a saúde mental, surgiram novas propostas de tratamento que não coloca a doença 
como eixo principal, e sim os serviços substitutivos e a comunidade. 
“O processo de saúde e doença é compreendido em complexa integração 
com aspectos biológicos, psicológicos, sociais e ambientais, estando em 
evidência a conexão entre o corpo individual e o social” (MINAYO, 2004). 
Dessa forma, a inclusão social da pessoa com transtorno mental deve ocorrer 
com o usuário vivendo em sua comunidade. “As pessoas com transtorno mental 
precisam articular o tratamento com a vivência na sociedade” (SARACENO, 2001). 
No campo de saúde mental muitas mudanças vêm ocorrendo no eixo da 
saúde, mas a principal e mais importante é o processo de desinstitucionalização da 
pessoa com sofrimento psíquico com a implementação de serviços de saúde em 
meio aberto, como os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), os Hospitais-dia e as 
Residências Terapêuticas. 
A reabilitação psicossocial é um processo que atua com a finalidade de 
propiciar a inserção social através do acolhimento, da assistência, de cuidados 
especializados e humanização para reabilitação do indivíduo com doença mental. 
No entanto, nem a sociedade, nem a família estão preparadas e amparadas 
para o acolhimento do portador de sofrimento psíquico, somente através da 
informação e entendimento global da doença e no cuidado integralizado ao portador 
10 
 
é possível avançar na eliminação do estigma e preconceito sem julgamento e 
discriminação para as pessoas que estão mentalmente doentes. 
"O cuidado oferecido deve respeitar e acolher a diferença do psicótico, ele 
deve ser percebido como um sujeito humano e não como um sintoma a ser 
debelado; além disso, o exercício da ousadia, da criatividade e da alegria 
deve estar sempre associado à atividade terapêutica" (TEIXEIRA, 1999). 
Mas, o que fazer? como fazer? É necessário divulgar e conhecer a doença 
mental, o que é, qual é sua evolução, quais os tipos de tratamento, quais as políticas 
públicas, formas de assistência e reabilitação. 
Sabemos o quando. É agora! 
A reabilitação somente será possível quando sujeitos – família – governo – 
comunidade estiverem integrados na construção de políticas públicas eficazes para a 
saúde mental, prestação de atendimento integrado entre a saúde e a assistência 
social, pesquisas, informações de promoção e prevenção, ações que ressignificam a 
doença contribuindo para a eliminação do estigma e preconceito social. 
Percebendo a importância do debate sobre a pessoa que vive com o transtorno 
mental, esse trabalho surgiu do interesse em adentrar em um universo cercado de 
estereótipos e tabus sociais e de aproximação em questões em torno da saúde 
mental, desenvolvidas ao longo da minha graduação, no qual fiz participação em três 
semestres letivos na AAPSI – Associação de Apoio ao Psicótico – RP, que por sua 
vez, através de experiências, vivências e na convivência com pessoas com transtorno 
mental, foi possível um melhor aprofundamento e conhecimento na questão da saúde 
mental. 
No campo de estágio, na atuação do assistente social, foi possível conhecer os 
desafios vivenciados diariamente da pessoa com transtorno mental. Por meio do 
acolhimento, da convivência e depoimentos de familiares e usuários, foi possível 
conhecer a realidade que vivem, os desafios e buscar meios de assistência. 
Diante disso, a pesquisa que emerge esse trabalho, no primeiro Capítulo será 
abordado o contexto histórico do qual circunscreve a saúde mental, a segregação e 
marginalização dos doentes, a Reforma Psiquiátrica e o processo de 
desinstitucionalização e a legislação, bem como o processo que se configura as 
desigualdades e o estigma vivenciados pelo portador de transtorno mental. Para isso, 
buscamos analisar a definição de transtorno mental, seu processo histórico bem como 
a exclusão social, do qual destaco contribuições literárias de alguns autores como: 
Michel Foucault, Paulo Amarante, Thomas Szasz e Maurílio Costa Matos. 
11 
 
No segundo Capítulo, busco mostrar como a profissão do Serviço Social é 
inserida no contexto da Saúde Mental no Brasil, o processo de humanização e a luta 
diária para se viver uma vida comum. Esse capítulo vai abordar também os transtornos 
metais e tipologia, a família e sociedade como espaço de vivências e socialização, 
finalizando ao mostrar como é possível romper com o preconceito e estigma. 
Como pergunta de investigação: Afinal, o que define o “normal”? 
Dessa forma, na busca da resposta da pergunta acima, espera-se, com esta 
pesquisa, contribuir para reflexão sobre os processos estabelecidos na sociedade 
diante das pessoas que vivem com transtorno mental. Identificando as condições e 
práticas favoráveis ou desfavoráveis à qualidade de vida, reconhecendo sua 
participação social e cidadania, conhecendo os direitos legais das pessoas que vivem 
com problemas de saúde mental e na compreensão da doença. 
Pela grande dificuldade e desafios vivenciados pelas pessoas com transtorno 
mental, é comum um desarranjo familiar, existe a segregação e marginalização das 
pessoas por preconceito e desinformação, os espaços sociais são reduzidos por falta 
de reabilitação e tratamento, mau acompanhamento clínico e psiquiátrico, políticas 
públicas deficitárias e pela complexidade que envolve interação e participação social 
das pessoas com transtorno mental na sociedade, e na necessidade de informar, 
conscientizar e transformar, esta pesquisa apresenta uma proposta de conhecimento 
e reconhecimento do doente mental enquanto ser, ser social. 
O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica, através da identificação dos 
principais problemas vivenciados pelos doentes mentais dos quais se destacam o 
estigma e preconceito, a exclusão social e a falta de informação, que impedem o pleno 
exercício da cidadania em uma sociedade que padroniza comportamentos. 
Buscamos descrever a complexidade que envolve o transtorno mental e as 
interações sociais bem como as motivações subjetivas de experiências, vivências e 
percepções do cotidiano que impactam na relação sujeito e sociedade na necessidade 
de gerar informação e conhecimento úteis de interesse social no propósito da 
reinserção, integração e inclusão. 
 
 
 
 
 
12 
 
2 SAÚDE MENTAL 
Saúde Mental é um estado de bem estar relacionado ao nível de qualidade de 
vida cognitiva ou emocional; refere-se à capacidade do indivíduo de manter o 
equilíbrio de suas ações por meio de atitudes positivas à si próprio e às exigências do 
ambiente, harmonizando desejos, capacidades, ambições, ideiase emoções com o 
intuito de promover crescimento, desenvolvimento e auto realização. 
 
 
2.1.1 Contexto Histórico da Saúde Mental no Brasil 
São nas relações de grupo e de classe social que são construídos significados, 
padrões de comportamento e sentimento de pertencimento onde são apontados a 
saúde e a doença, no qual o adoecimento psíquico está associado a diferentes causas 
relacionados à fatores biológicos, sociais e culturais, ou seja, a doença mental 
representa o indivíduo inserido na sua cultura social. 
As representações que foram construídas acerca do doente mental durante o 
tempo interferem diretamente nas relações e interações sociais do indivíduo 
associando a loucura à doença mental, expondo o estigma e a exclusão destes 
indivíduos fazendo-os viverem à margem da sociedade dita “normal”. 
A partir do nascimento da sociedade moderna, a loucura passou a ser vista de 
um modo muito diferente. É verdade que sempre existiram formas de encarceramento 
dos loucos; igualmente, desde a Antiguidade, a Medicina se ocupava deles; eram 
também abordados por práticas mágicas e religiosas; muitos, ainda, vagavam pelos 
campos e pelas cidades. Contudo, nenhuma dessas formas de relação da sociedade 
com a loucura prevalecia, variando sua predominância conforme as épocas e os 
lugares. Apenas a partir do final do século XVIII, instala-se, ao menos na sociedade 
ocidental, uma forma universal e hegemônica de abordagem dos transtornos mentais: 
sua internação em instituições psiquiátricas (FOUCAULT, 1961). 
Com o declínio dos ofícios artesanais e o início da sociedade industrial, as 
cidades, cada vez maiores, encheram-se de pessoas que não encontravam lugar 
nesta nova ordem social. Multiplica-se nas ruas os desocupados, os mendigos e os 
vagabundos – os loucos dentre eles (FOUCAULT, 1961). 
 As medidas adotadas para abordar esse problema social foram 
essencialmente repressivas – estas pessoas eram sumariamente internadas nas 
casas de correção e de trabalho e nos chamados hospitais gerais. Tais instituições, 
13 
 
muitas vezes de origem religiosa, não se propunham a ter função curativa – limitando-
se à punição do pecado da ociosidade. Ali, o louco não era percebido como doente, e 
sim como um dentre vários personagens que haviam abandonado o caminho da 
Razão e do Bem. É esse o fenômeno chamado por Foucault de Grande Internação 
(MINAS GERAIS, 2006). 
 
 
2.1.2 Segregação e Marginalização 
Estar segregado e marginalização traduz o estar do indivíduo separado do resto 
da sociedade, forçado a ocupar as margens sociais, ou seja, não ser considerado 
parte integrante da sociedade. 
Desde a concepção da “loucura” e os estereótipos criados relacionados à 
doença e ao imaginário popular, o louco é o indivíduo que não é capaz de viver em 
sociedade, portanto, deveria ser separado. 
Neste contexto de enclausuramento e exclusão, a assistência psiquiátrica ao 
doente mental estava atrelada ao tratamento restrito ao interior de hospícios e 
manicômios com internação prolongada e manutenção da segregação do portador de 
transtorno mental, permanecendo durante muito tempo acorrentado à alienação, a 
segregação social e ao estigma da loucura, aprisionados e desprovidos de autonomia 
e isolados da família e do meio social. 
À instituição hospitalar cabia a responsabilidade de eliminar os sintomas da 
desordem psíquica. E, muitos são os relatos e histórias das pessoas que sofreram e 
ainda sofrem com esta condição de tratamento empregadas à elas, muitas são as 
marcas físicas, psicológicas e sociais da falta de humanização e cidadania. 
Após transformações sociais que influenciaram os modos de vida da 
sociedade, um olhar foi de encontro às necessidades da pessoa com distúrbio mental 
e uma mudança se fazia necessária; tocante à isso, estruturou-se movimentos de 
reforma, que tinham como temática central o aprimoramento e a humanização nos 
hospitais psiquiátricos, que começaram a ser substituídos por serviços territorializados 
de saúde mental, agora em liberdade. 
Nesse momento, inicia- se o processo de desintucionalização na saúde mental, 
que consiste no processo de desconstrução das práticas manicomiais (tratamento 
onde eram utilizados recursos que iam desde a internação, técnicas de hidroterapia, 
administração excessiva de medicamentos, até aplicação de estímulos elétricos ou o 
14 
 
uso de procedimentos cirúrgicos) e construção de novos saberes com o intuito de 
privilegiar a subjetividade e autonomia do indivíduo, bem como o livre exercício de sua 
cidadania. 
 
 
2.1.3 Reforma Psiquiátrica 
A partir da segunda metade do século XX, impulsionada principalmente 
por Franco Basaglia1, inicia-se uma radical crítica e transformação do saber 
psiquiátrico, do tratamento e das instituições, que se baseavam na assistência asilar 
de permanência e isolamento, onde o indivíduo era transformado em objeto de 
intervenção clínica, sem identidade, sem valores, sem nome. Sendo, portanto, uma 
intervenção excludente e repressora. 
Esse movimento inicia-se na Itália, mas tem repercussões em todo o mundo e 
muito particularmente no Brasil. Este movimento promovia a substituição do 
tratamento hospitalar e manicomial por uma rede de atendimento. 
Na defesa dos direitos humanos e no resgate da cidadania dos portadores de 
distúrbio mental, dá-se início ao movimento de Reforma Psiquiátrica, que propunha a 
inclusão da pessoa com transtorno mental na sociedade e na família. 
No Brasil, o movimento de reforma psiquiátrica inicia-se no final da década de 
70 com a mobilização de profissionais e familiares no modelo de atenção em saúde 
mental com a criação de novos dispositivos de tratamento bem como a terapêutica e 
o modo de conceber e tratar a pessoa com transtorno mental. 
Entendemos por Reforma Psiquiátrica um processo complexo no qual quatro 
dimensões simultâneas se articulam e se retroalimentam. Por um lado, pela dimensão 
epistemológica que opera uma revisão e reconstrução no campo teórico da ciência, 
da psiquiatria e da saúde mental. Por outro, na construção e invenção de novas 
estratégias e dispositivos de assistência e cuidado, tais como os centros de 
convivência, os núcleos e centros de atenção psicossocial, as cooperativas de 
trabalho, dentre outras. Na dimensão jurídico-política, temos a revisão de conceitos 
fundamentais na legislação civil, penal e sanitária (irresponsabilidade civil, 
periculosidade, etc.), e a transformação, na prática social e política, de conceitos como 
 
1 Franco Basaglia era médico e psiquiatra, e foi o precursor do movimento de reforma 
psiquiátrica italiano conhecido como Psiquiatria Democrática. Nasceu no ano de 1924 em Veneza, 
Itália, e faleceu em 1980. 
http://www.ccs.saude.gov.br/memoria%20da%20loucura/Mostra/basaglia.html
15 
 
cidadania, direitos civis, sociais e humanos. Finalmente, na dimensão cultural, um 
conjunto muito amplo de iniciativas vão estimulando as pessoas a repensarem seus 
princípios, preconceitos e suas opiniões formadas (com a ajuda da psiquiatria) sobre 
a loucura. É a transformação do imaginário social sobre a loucura, não como lugar de 
morte, de ausência e de falta, mas como também de desejo e de vida. (PAULO 
AMARANTE2, 1830-1920.1982). 
Em 1990, o Brasil torna-se signatário da Declaração de Caracas3 na qual 
propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica, e, em 2011, é aprovada a Lei 
Federal 10.216 que dispões sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de 
transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. 
A lei 10.216 de 2001, conhecida como a Lei da Reforma Psiquiátrica estabelece 
a necessidade de respeito à dignidade humana das pessoas com transtorno mental. 
As legislações anteriores relacionadas à Saúde Mental no Brasil se preocupavam mais 
em excluir as pessoas com transtornos mentais – então denominados “alienados” e 
“psicopatas” – do convívioem sociedade para evitar a “perturbação da ordem”, do que 
em oferecer tratamento adequado para a melhora do paciente. Os decretos traziam 
dezenas de artigos, cuja maioria apenas regulamentava o ambiente terapêutico que 
se dava dentro do hospital psiquiátrico (BRITO, VENTURA, 2012). 
Com o decreto da nova legislação o enfoque foi ressignificado para a proteção, 
atendimento médico e modelo assistencial às pessoas com transtorno mental. A lei 
reconhece a pessoa com transtorno mental como cidadão e suas relações com 
profissionais da saúde, sociedade e Estado. 
Com o intuito de desinstitucionalizar a pessoa com transtorno mental, a reforma 
criou projetos de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico, como os Centros de 
Atenção Psicossocial (CAPS), as residências terapêuticas e leitos psiquiátricos em 
hospitais gerais, regulamentados conforme a portaria do nº. 336, de 19 de fevereiro 
de 2002. 
Constituem-se em serviços estratégicos, substitutivos ao modelo manicomial. 
São caracterizados por porte e clientela, recebendo as denominações de: CAPS I, 
CAPS II, CAPS III, CAPS i e CAPS ad. Estes devem estar capacitados para realizar 
 
2 AMARANTE, P. D. de C. Psiquiatria social e colônias de alienados no Brasil: 1830-1920. 1982. 
Dissertação (Mestrado em Medicina social) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1982. 
3 Documento que marca as reformas na atenção à saúde mental nas Américas. 
http://www.revistas.usp.br/rdisan/article/view/56228/59440
16 
 
prioritariamente o atendimento de pacientes com transtornos mentais severos e 
persistentes em sua área territorial, em regime de tratamento intensivo, semi-intensivo 
e não-intensivo. Além disso, deverão funcionar independentemente de qualquer 
estrutura hospitalar4. 
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são unidades especializadas em 
saúde mental para tratamento clínico e terapêutico com ações de reinserção social e 
inclusão do indivíduo na sociedade. 
 
 
2.1.4 Legislação 
Lei n° 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das 
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em 
saúde mental. 
Art. 1o Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, 
de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto 
à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, 
família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu 
transtorno, ou qualquer outra. 
Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e 
seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos 
enumerados no parágrafo único deste artigo. 
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental: 
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas 
necessidades; 
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de 
beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no 
trabalho e na comunidade; 
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; 
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas; 
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a 
necessidade ou não de sua hospitalização involuntária; 
 
4 Ministério da Saúde. Portaria/GM nº 336, de 19 de fevereiro de 2002. Define e estabelece 
diretrizes para o funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde; 
2002. 
17 
 
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; 
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de 
seu tratamento; 
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos 
possíveis; 
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. 
Art. 3o É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde 
mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos 
mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada 
em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades 
que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais. 
Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada 
quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. 
§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do 
paciente em seu meio. 
§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a 
oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo 
serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros. 
§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em 
instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos 
mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no 
parágrafo único do art. 2o. 
Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize 
situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de 
ausência de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e 
reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária 
competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, 
assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário. 
Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico 
circunstanciado que caracterize os seus motivos. 
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação 
psiquiátrica: 
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário; 
18 
 
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário 
e a pedido de terceiro; e 
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça. 
Art. 7o A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a 
consente, deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por 
esse regime de tratamento. 
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação 
escrita do paciente ou por determinação do médico assistente. 
Art. 8o A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por 
médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado 
onde se localize o estabelecimento. 
§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas 
horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do 
estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser 
adotado quando da respectiva alta. 
§ 2o O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do 
familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável 
pelo tratamento. 
Art. 9o A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação 
vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do 
estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e 
funcionários. 
Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e 
falecimento serão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos 
familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária 
responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência. 
Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não 
poderão ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu 
representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos profissionais 
competentes e ao Conselho Nacional de Saúde. 
19 
 
Dessa lei origina-se a Política de Saúde Mental5 que busca consolidar um 
modelo de atenção à saúde mental abertae de base comunitária, na qual, 
basicamente, visa garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental em serviços 
substitutivos aos hospitais psiquiátricos, superando assim a lógica das internações de 
longa permanência que tratam o paciente isolando-o do convívio com a família e com 
a sociedade como um todo, através de uma rede de atendimento através de diferentes 
mecanismos de assistência os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços 
Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e os leitos de 
atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III) e o Programa de Volta para 
Casa. 
 
 
2.1.5 Exclusão Social 
O relatório sobre a Saúde no Mundo da OMS (2001) evidencia com clareza o 
impacto dos transtornos mentais sobre a sociedade. Estes são universais afetando 
pessoas de todos os países, sociedades, classes sociais e em todas as idades. 
Os processos psíquicos do indivíduo, sofre influência por diversos fatores, a 
bem mais por ter um caráter subjetivo, contemplando a área social, econômica e 
cultural, que baseado nestas condições aquele que se parece “anormal” ou “fora do 
padrão” é colocado à margem da sociedade e passa a ser rotulado de louco. 
A legislação que protege, os mecanismos que atendem, não efetiva a cidadania 
do portador de transtorno mental. O estigma, o preconceito e a falta de oportunidades 
e garantias de acesso, oportunidades e serviços condicionam a segregação e 
marginalização do doente. 
Tradicionalmente, o doente mental era o sujeito que possuía uma patologia 
natural, manifestada por meio de sintomas, em analogia às doenças orgânicas. Na 
contemporaneidade, duas perspectivas diferentes da tradicional se destacam: uma 
formulada por Carl Wernicke, postula que “as doenças mentais são doenças 
cerebrais”. Outra vertente; fundada por E. Kraepelin, considerado o pai da moderna 
medicina mental, considera a loucura como resultado de um distúrbio originado no 
 
5 A Política Nacional de Saúde Mental é uma ação do Governo Federal, coordenada pelo 
Ministério da Saúde, que compreende as estratégias e diretrizes adotadas pelo país para organizar 
a assistência às pessoas com necessidades de tratamento e cuidados específicos em saúde mental. 
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/visualizar_texto.cfm?idtxt=24134&janela=1
20 
 
interior do indivíduo. “A doença mental” pode também refletir uma desorganização da 
chamada “personalidade individual” (MINAS GERAIS, 2006). 
Independentemente da classificação da doença mental o que caracteriza o 
estigma e a desigualdade estão condicionadas à norma que é imposta a sociedade e 
estes indivíduos violam. O indivíduo é considerado louco em relação a um outro, tido 
como normal, ou seja, a definição de loucura está relacionada a de “normalidade”, 
“racionalidade” ou “saúde” (MINAS GERAIS, 2006). 
Erasmo de Roterdam, em Elogio da Loucura (1509), chega a afirmar ser a 
loucura o estado natural do homem. Diz que não há sábio, filósofo ou cientista que 
não tenha tido seu momento de loucura. Henri Ey dizia que a doença mental é a 
patologia da liberdade, a perda da liberdade interior. Infelizmente, constatamos com 
grande frequência que a doença mental também é acompanhada da perda da 
liberdade exterior, do direito de ir e vir, de ter opinião, de ser ouvido, de ser tratado 
com respeito e dignidade. É necessário que se encontre o justo equilíbrio entre o dever 
de tratar os cidadãos com transtornos mentais e o direito destes à liberdade (EY, 
1994). 
A razão determina o consenso, os padrões e as regras sociais da coletividade 
na sociedade, e aquele que não se adequa tendo consciência ou não da infração deve 
ser punido, ou seja, aprisionado. 
A cidadania está diretamente ligada a qualidade de ser cidadão, sujeito de 
direitos e deveres, na participação ativa do governo e do povo, e quem dela não a tem 
está excluído ou marginalizado da vida social e da tomada de decisões, figurando 
posição inferior a outrem. 
O tratamento involuntário, a falta de conhecimento na forma pela qual se lida 
com a loucura, a concepção da doença à periculosidade e incurabilidade, 
comportamentos condicionados impostos socialmente, vontade, autonomia e 
liberdade cerceados, uso de contenção física e química indiscriminadamente, 
hospitalização de longa permanência e compulsória imprime modos que dificultam a 
convivência social; retirando-o da família, do mercado de trabalho, dos vínculos 
sociais; excluindo-o da vida em sociedade. 
“A justificativa para a exclusão social do doente mental é, quase sempre, a 
necessidade de ensinar a eles regras e condições de convívio social ou de 
proteger os “normais” de ações insanas” (BIRMAN,1991). 
Historicamente, a doença mental tem sido considerada, por sua própria 
natureza, como uma condição que incapacita o indivíduo para tomar decisões válidas, 
21 
 
autônomas. É preciso voltar nossas vistas para a relação entre saúde mental e 
liberdade, saúde mental e cidadania, doença mental e direitos humanos; Se faz 
necessária a desconstrução da loucura que permeia nossa sociedade, o manicômio 
mental, silencioso, que destrói novas formas de pensar; não adianta novas estratégias 
de cuidar em liberdade se na mente e nas atitudes do meio social ainda estão 
impregnadas ideias que remetem ao preconceito e ao estigma da loucura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
2.2 O QUE É TRANSTORNO MENTAL? 
 
 
2.2.1 Definição Transtorno Mental 
Transtorno mental ou “doença mental” é uma desordem mental com impactos 
na cognição, emoções e comportamento do indivíduo que causam sofrimento 
clinicamente significativo dele com ele mesmo e/ou com as pessoas ao redor ou 
prejuízo funcional. 
Segundo o DSM-5: 
“Um Transtorno Mental é uma Síndrome caracterizada por perturbação 
clinicamente significativa na cognição, na regulação emocional ou no 
comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos processos 
psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao 
funcionamento mental. Transtornos Mentais estão frequentemente 
associados a sofrimento ou incapacidade significativos que afetam atividades 
sociais, profissionais ou outras atividades importantes. Uma resposta 
esperada ou aprovada culturalmente a um estressor ou perda comum, como 
a morte de um ente querido, não constitui transtorno mental. Desvios sociais 
de comportamento (por exemplo, de natureza política, religiosa ou sexual) e 
conflitos que são basicamente referentes ao indivíduo e à sociedade não são 
transtornos mentais a menos que o desvio ou conflito seja o resultado de uma 
disfunção no indivíduo, conforme descrito” (DSM-5, p. 20). 
 
 O transtorno mental ou distúrbio psíquico possui uma grande variedade de 
condições que afetam humor, raciocínio e comportamento, caracterizado pelo 
sofrimento; é o sofrimento clinicamente significativo e incapacitante socialmente, 
emocionalmente, profissionalmente e em outra área da vida do indivíduo em qualquer 
pessoa e idade, que determina qual o tipo de transtorno. 
“Existem diversos transtornos mentais, com apresentações diferentes. Eles 
geralmente são caracterizados por uma combinação de pensamentos, 
percepções, emoções e comportamento anormais, que também podem afetar 
as relações com outras pessoas” (OPAS/OMS). 
 
 
2.2.2 Tipos de Transtorno 
Entre os transtornos mentais, estão a depressão, o transtorno afetivo bipolar, a 
esquizofrenia e outras psicoses, demência, deficiência intelectual e transtornos de 
desenvolvimento, incluindo o autismo. 
Os transtornos mentais mais comuns (TUA SAÚDE, 2018), são: 
23 
 
• Ansiedade: é caracterizada por uma sensação de desconforto, tensão, 
medo ou mau pressentimento forte o bastante para interferir na sua vida 
diária; 
• Depressão: definida como um estado de humor deprimido persistente, 
tristeza, perda do interesse ou prazer das atividades acompanhadoscom sintomas como irritabilidade, insônia ou excesso de sono, apatia, 
emagrecimento ou ganho de peso, falta de energia ou dificuldade para 
se concentrar; 
• Esquizofrenia: é o principal transtorno psicótico, caracterizado como 
uma síndrome que provoca distúrbios da linguagem, pensamento, 
percepção, atividade social, afeto e vontade apresentando sinais e 
sintomas comumente de alucinações, alterações do comportamento, 
delírios, pensamento desorganizado, alterações do movimento ou afeto 
superficial; 
• Transtornos alimentares: intensa preocupação com o peso com uma 
percepção distorcida da forma corporal e auto avaliação baseada no 
peso e na forma física; 
• Estresse pós traumático: é a ansiedade que surge após ser exposto a 
alguma situação traumática, como um assalto, uma ameaça de morte ou 
perda de um ente querido, com recordações ou sonhos persistentes com 
intensa ansiedade e sofrimento psicológico; 
• Somatização: múltiplas queixas físicas em diferentes partes do corpo 
sem alteração clínica; 
• Transtorno Bipolar: é uma doença psíquica que provoca oscilações 
imprevisíveis no humor, variando entre depressão e impulsividade; 
• Transtorno obsessivo compulsivo: pensamentos obsessivos e 
compulsivos que prejudicam que levam a comportamentos repetitivos, 
como exagero em limpeza, obsessão por lavar as mãos, necessidade 
de simetria ou impulsividade por acumular objetos. 
Existe ainda diversos outros tipos de transtornos, relacionados a problemas 
sociais, educacionais, profissionais ou econômicos. 
 
 
24 
 
2.2.3 Assistência Social na Saúde Mental 
O assistente social tem caracterização profissional a área da saúde, raiz de 
formação e fundamentação, a justiça social, o direito social e democracia, a garantia 
da efetividade dos direitos sociais, o protagonismo social, inserção nas redes 
intersetoriais, fazendo intervenções nas diversas Expressões da Questão Social. 
Seu fazer profissional na Saúde Mental está relacionado aos mecanismos de 
atendimento realizados nos Centros de Atenção Psicossocial – Caps, os quais são 
fundamentais para o processo de reabilitação e ressocialização dos usuários dos 
serviços de saúde mental. 
O cenário atual da Política Nacional de Saúde Mental, por meio da Reforma 
Psiquiátrica e do Movimento da Luta Antimanicomial6, buscam a reversão do modelo 
hospitalar para uma ampliação significativa da rede extra–hospitalar, de base 
comunitária, nos lembrando que todo cidadão sem distinção têm o direito fundamental 
à liberdade, o direito de viver em sociedade, além do direito de receber cuidado e 
tratamento. 
Após a incorporação da saúde no texto constitucional, a área da saúde mental 
passa a ser regulamentado pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Esta Lei de 
criação do Sistema Único de Saúde - SUS, dispõe sobre as ações e serviços para a 
promoção, proteção e recuperação da saúde. 
A partir da década de 90, observa-se que a trajetória de Serviço Social na área 
da saúde tem enfrentado alguns desafios para atingir sua maioridade intelectual, 
tendo por meta a articulação com os demais profissionais de saúde e os movimentos 
sociais. Assim, compreende-se que cabe ao Serviço Social, em uma ação articulada 
com outros segmentos que defendem a melhoria do Sistema Único de Saúde - SUS, 
formular estratégias que busquem reforçar ou criar experiências nos serviços de 
saúde que efetivem o direito social à saúde, levando-se em conta que o trabalho do 
assistente social, que queira se nortear pelo projeto ético profissional, deve estar 
articulado com os projetos de Reformas Sanitárias (MATOS, 2003; BRAVOS e 
MATOS, 2004). 
O assistente social enquanto defensor dos direitos humanos, conforme prevê o 
Código de Ética Profissional do Assistente Social, tem como princípios a busca pela 
 
6 O Movimento da Luta Antimanicomial se caracteriza pela luta pelos direitos das pessoas com 
sofrimento mental. 
25 
 
concretização desses direitos; sua ação profissional é fundamental no processo de 
construção de uma rede de cuidados, na efetivação de tratamento digno e, na defesa 
da socialização e participação política. 
“Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o 
respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e 
à discussão das diferenças”. (Artigo VI – Código de Ética do/a Assistente 
Social – Princípios Fundamentais. Lei Federal nº 8.662/1993). 
A atuação do Serviço Social junto à Saúde Mental trabalha na reabilitação 
social, no fortalecimento de vínculos familiares, na orientação e no esclarecimento das 
dúvidas, possibilidades de tratamento acerca da doença e ajudar na construção da 
percepção que a doença não é um impeditivo de vida. 
A intervenção do Serviço Social na área de saúde mental é de grande 
relevância institucional, pois mediante o assistente social, que se (re)conhece a 
história de vida de cada usuário atrelado ao seu instrumental se viabiliza todo 
atendimento, ou seja, através do resgate de sua história, bem como seus projetos e 
internações. Em posse de todas as informações, busca-se intervir no ambiente do 
usuário como forma de reinseri-lo em seu contexto sócio familiar, por meio da 
desmistificação da doença no meio social. 
As práticas voltadas para os considerados doentes mentais apresentam a 
mesma lógica que move os mecanismos de dominação e imposição da lei e da ordem. 
Dentro de uma perspectiva sociológica, torna-se muito difícil discerni-las do conjunto 
de instituições aparelhadas para vigiar e classificar, punir e produzir as condutas 
consideradas criminosas e controlar as camadas populares urbanas percebidas como 
classes perigosas. (PAIXÃO, 1985, p. 11-44). 
No campo das políticas públicas de saúde a ‘humanização” é ação ou efeito de 
transformar os modelos de atendimento de gestão dos serviços e sistemas de saúde, 
determinando ao assistente social atuação e participação vinculando-se à todas as 
etapas da atenção da saúde mental; nas atividades de acolhimento e escuta 
qualificada, no fortalecimento de vínculos, na orientação, na reabilitação e tratamento 
terapêutico, na efetivação dos direitos e benefícios, até na inserção e reinserção social 
do usuário. Articulando, mediando e inovando frente às demandas impostas, por meio 
de encaminhamentos à rede socioassistencial. 
O olhar diferenciado do assistente social proporciona aos usuários e familiares, 
que estão fragilizados, baseado no relacionamento humano como principal 
componente do processo de trabalho em saúde, viabilizar orientações e ações 
26 
 
socioeducativas, potencializar mudanças no plano simbólico, em concepções de 
mundo e valores, e dessa maneira, modificar as relações sociais mais gerais da 
sociedade. 
 
 
2.2.4 Reabilitação Psicossocial 
As estratégias de reabilitação psicossocial são entendidas como um conjunto 
de práticas que visam promover o protagonismo para o exercício dos direitos de 
cidadania de usuários e familiares da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) por meio 
da criação e desenvolvimento de iniciativas articuladas com os recursos do território 
nos campos do trabalho/economia solidária, da habitação, da educação, da cultura, 
da saúde, produzindo novas possibilidades de projetos para a vida. (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE). 
A Rede de Atenção Psicossocial – Raps, é formada por diferentes pontos de 
atenção, de cuidado à pessoa com transtorno mental, engloba de acordo com o 
Ministério da Saúde, os serviços e atendimentos: 
• Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): possui diferentes 
modalidades de atendimento caracterizados pela territorialidade e 
tipificação dos transtornos; 
• Urgência e emergência: SAMU, sala de estabilização, UPA 24h e pronto 
socorro: serviços de atendimento de urgência e emergência 
determinados pela classificação de atendimento e risco; 
• Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT): moradias destinadas aocuidado de pacientes egressos de internações psiquiátricas de longa 
permanências que não possuam suporte social e laços familiares; 
• Unidades de Acolhimento (UA): oferece cuidados contínuos de 
atendimento, em ambiente residencial para pessoas que apresentem 
acentuada vulnerabilidade social e/ou familiar; 
• Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental: serviços que atuam no 
tratamento dos pacientes que apresentem transtornos mentais, por meio 
de consultas em atendimento integrado e multiprofissional; 
27 
 
• Comunidades Terapêuticas: serviço de cuidado contínuos de saúde, de 
caráter residencial transitório para pacientes, com necessidades clínicas 
estáveis; 
• Enfermarias Especializadas em Hospital Geral: serviços destinados ao 
tratamento e manejo adequado de pacientes com quadro clínico 
agudizados, em ambiente protegido e com suporte; 
• Hospital Dia: assistência intermediária entre a internação e o 
atendimento ambulatorial. 
A rede de serviços e a reabilitação psicossocial integram o processo que 
proporciona melhora na qualidade de vida e a busca de autonomia e funcionamento 
independente da pessoa com transtorno mental na sociedade, minimizando 
incapacidades através de métodos na organização, cuidado e intervenções com a 
finalidade de habilitação no indivíduo na comunidade, participando de atividades 
sociais e econômicas. 
Anthony, Cohen e Farkas, assinalam que o tratamento e a reabilitação são 
procedimentos que idealmente deverão ocorrer em sequência ou simultaneamente, 
sobrepostos e complementares um a outro. Apontam que as técnicas de tratamento e 
reabilitação são realizadas no mesmo programa ou em programas separados na 
mesma instituição. E ambos, tratamento e reabilitação, algumas vezes providos pelo 
mesmo profissional. 
A reabilitação psicossocial em saúde mental visa ampliar a autonomia da 
pessoa, preservar de direitos, poder de participação na tomada de decisões que 
impactam em sua vida, acreditando na dignidade da pessoa humana e escolhas, no 
resgate e preservação da história de vida das pessoas. 
“Os princípios da reabilitação psiquiátrica são os seguintes: individualização 
de todos os serviços; máximo envolvimento de clientes, preferência e 
escolha; normalização e serviços comunidade-baseado; focalizar os pontos 
fortes; avaliação situacional; integração tratamento/reabilitação, abordagem 
holística; serviços coordenados, acessíveis e contínuos; foco vocacional; 
treinamento de habilidades; modificações ambientais e suporte; participação 
com a família e foco orientado na identificação, avaliação e resultado”( 
PRATT W, GIL KJ, BARRET, NM ET AL.1999) 
 A reabilitação depende do relacionamento interpessoal entre profissional e 
usuário, a validação de identidade, do respeito, do acolhimento, no partilhar 
experiências e no desenvolvimento de ações práticas do cotidiano que resultam em 
modificações concretas na vida das pessoas. 
28 
 
Portanto, a reabilitação psicossocial está associada ao desenvolvimento de 
possibilidades de transformação no cotidiano das pessoas que vivem com o transtorno 
mental. 
 
 
2.2.5 Desafios do cotidiano 
As necessidades, dificuldades, alegrias, sentimentos, desafios diários, ao 
mesmo tempo que diferem de pessoa pra pessoa, que são modificados pelo ambiente, 
as experiências, relacionamentos e percepções é comum para todas as pessoas. 
A pessoa com transtorno mental tem uma perturbação mental aumentada, 
ainda tabu na sociedade devido ao desconhecimento da doença, sintomas, 
motivações, reações e tratamento, devido a falsos conceitos ou pré-concebidos 
erroneamente, são deveras incompreendidos, julgados, excluídos, marginalizados 
vivendo no contexto da segregação. 
A pessoa com transtorno mental tem dificuldades na expressão de sentimentos 
e sensações, são devastados por uma doença que tem acometido cada dia mais 
pessoas, devem participar de uma rotina de tratamento e atendimento multidisciplinar, 
que param parte da sua vida e, ainda encontram dificuldade no voltar. 
O dia 10 de Outubro é comemorado em todo o mundo o Dia Internacional da 
Saúde Mental, data instituída em 1992, na intenção de chamar atenção pública para 
o assunto. 
A falta de informação, que no passado transformaram as pessoas com 
transtorno mental pessoas desprovidos de direitos, cidadãos excluídos da sociedade 
e submetidos a internação hospitalar, na contemporaneidade mesmo considerado 
cidadão possuidor de direitos e participando na mesma comunidade, vivem a 
segregação isolados do convívio com outras pessoas, a exclusão social. Os mitos, 
aliados à discriminalização, aumentam os sintomas do problema. 
O conceito “sociedade” tem sua característica um processo de construção e 
reconstrução de relações tanto individuais e coletivas. É um sistema de intercâmbio 
de ideias, valores, crenças, dinâmico entre seus integrantes, formando a rede social. 
Na construção de sua identidade, o indivíduo pertence à múltiplas 
comunidades e a expressão relacionada neste conjunto emerge o pertencimento, 
29 
 
onde neste momento ele reconhece a si mesmo, seus interesses e afetos, 
canalizados e formalizados no grupo. 
Mesmo vivendo na comunidade, esta população muitas vezes está isolada da 
convivência e é justamente na convivência na comunidade que são favorecidas a 
formação e construção de relacionamentos. 
A desinformação, preconceito e disseminação de falsos conceitos atrelados à 
saúde mental que a doença promove conceituação descontruídos da realidade. O 
dizer que a doença é fruto da imaginação pessoal, é frescura, ela escolhe ter ou não 
ter, as pessoas são preguiçosas, é disfarce para não encarar problemas, falta força 
de vontade para superar, que o processo de exclusão social acontece. 
A atenção, o acolhimento e a compreensão dessas pessoas e seus familiares 
são fundamentais para a identificação de necessidades assistenciais, alívio do 
sofrimento, planejamento de intervenções e no tratamento favorecem a diminuição 
das dificuldades vivenciadas por elas. 
O cuidado com as pessoas com transtorno mental e seus familiares envolve 
respeito à suas necessidades, adaptação após o diagnóstico da doença, orientação 
familiar, adesão ao tratamento, internação, auxílio financeiro, assistência para 
transporte, inclusão nos serviços extra-hospitalares antes e após os episódios. A 
integração, reinserção social e o estabelecimento de vínculos interpessoais 
juntamente à pessoa com transtorno mental proporciona a reabilitação das mesmas. 
Na construção de redes sociais, o estabelecimento de relações e trocas são 
necessárias e significativas ao sujeito em diferentes células, na família, amigos, 
trabalho, estudo, amor e relacionamentos que compõe uma rede social ampliada e 
diversificada. 
É notória a importância da comunidade na vida cotidiana das pessoas, a forma 
com que se relacionam com as pessoas e nem sempre àquelas com transtorno mental 
têm acesso, reflete um contexto social que impera a discriminação e o preconceito. 
As pessoas com transtornos mentais precisam de incentivo e oportunidades de se 
definirem independente de sua doença mental. 
É necessário incluir, desmitificar padrões, informar, conhecer a realidade das 
pessoas que vivem com o transtorno, seus desafios e cotidiano em busca da 
reconstrução da sua identidade e dos laços sociais, para que na prática a sociedade 
possa acolher. É preciso transformar a visão das pessoas de ver o doente mental. 
30 
 
A situação está posta. A sociedade se depara com a situação e precisa 
relacionar-se com os doentes, vivemos e convivemos sem ao menos saber ou ter 
consciência dos mesmos, sem ter rosto. Os velhos modelos estão retidos no 
imaginário popular, são necessárias a reinvenção de novas formas de ver, tratar e se 
aproximar, ajudar, e lidar no dia a dia com as pessoas com transtorno mental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
313 CONCLUSÃO 
Afinal o que define o normal? 
Em suas observações sobre a doença mental, Lévi – Strauss, percebe que as 
doenças mentais podem ser também consideradas como incidência sociológica na 
conduta do indivíduo cuja história e constituições pessoais se dissociaram 
parcialmente do sistema simbólico do grupo dele ser alienado. E mais: que a saúde 
individual do espírito implica participação da vida social, como a recusa em prestar-se 
a essa participação (sempre em obediência às modalidades impostas) corresponde 
ao surgimento das perturbações mentais. 
Normal, ou seja, aquele que age conforme a regra, que se comporta de acordo 
com a norma, que não foge aos padrões. O meio exerce uma pressão para que toda 
a sociedade se promova entre os iguais. E, o que é desigual, o que não é normal não 
pode e não deve pertencer, dessa forma o indivíduo que não se enquadra nesse 
ambiente pode se sentir excluído e a partir deste fato, desenvolver a doença mental. 
Ligada a fatores biológicos e predominantemente por fatores sociais, a doença 
mental ainda é cercada por ignorância, preconceito e discriminação, pilares fundantes 
do estigma. 
Além de todas as dificuldades enfrentadas pela doença, as pessoas com 
transtorno mental ainda sofrem pela barreira social causada pelo estigma e 
preconceito. 
No mundo contemporâneo onde a pressão sobre as tarefas diárias são cada 
vez maiores, as relações interpessoais são mais valorizadas, a autopromoção 
evidenciada, o índice de doenças mentais também tornaram-se mais frequentes. É 
preciso dialogar sobre a doença mental. 
O debate, o esclarecimento e a conscientização são necessárias para a 
reflexão sobre os processos estabelecidos socialmente consigo e com os demais, na 
complexidade e multiplicidade de fatores que possam promover a qualidade de vida, 
conhecimento, participação, mudanças e transformação. 
Segundo Aristóteles, a práxis – definida por ele como a ação voluntária de um 
agente racional em vista de um fim considerado bom – é, por excelência é a política. 
Para ele o homem é, por natureza, um ser político que não consegue viver sozinho, 
por isso realiza a sua felicidade plena na polis. É na cidade que se concretiza a 
felicidade, já que não teria sentido algum para o homem ser virtuoso se não fosse com 
o objetivo de compartilhar com os demais cidadãos. 
32 
 
A pessoa com transtorno mental se sente sozinha no mundo e em suas 
relações social, consequente retrato fiel do cotidiano desses indivíduos. 
“O homem é o lobo do homem” (Thomas Hobbes). 
A cidadania é a tomada de consciência do indivíduo de seus direitos, de 
participação e contribuição social. É por meio da sociedade que os seres buscam 
qualidade de vida individual e coletiva e liberdade. Cada pessoa é única, em história, 
necessidades e angústias. 
A difusão das doenças mentais estão caracterizadas pelo perfil da sociedade, 
exigente e perfeccionista, da dependência dos meios tecnológicos e de comunicação 
que nos isolam socialmente e na facilidade de acesso às drogas, utilizadas com meio 
de fuga da realidade e recreação. 
As doenças mentais resultam na perda considerável da capacidade humana, 
com prejuízos à toda comunidade, a resistência da abordagem em saúde mental é 
histórica e nunca foi tão amplamente discutida como nos dias atuais, mas apesar do 
avanço, ainda prevalece o estigma e preconceito. 
A eliminação de qualquer tipo de preconceito deve estar atrelada a uma 
abordagem baseada nos direitos humanos, na equidade e na justiça social, na 
garantia e no respeito ao acesso a saúde, emprego e educação. 
As dificuldades que são caracterizadas após o diagnóstico transformam a vida 
da pessoa com transtorno mental e dos demais que os cercam, seu círculo familiar e 
social, suas condições físicas, biológicas e psíquicas são alteradas, que não só 
dificultam, mas aumentam a resistência e o enfrentamento. 
Compreender a doença, quais ações e contribuições e como é possível 
contribuir para a diminuição do sofrimento das pessoas é responsabilidade de toda a 
sociedade, de envolvimento conjunto com o paciente, a família e o Estado. 
Novas abordagens são necessárias, novas práticas acionadas, o planejamento 
e desenvolvimento de políticas públicas eficazes, qualidade no tratamento e 
atendimento, acolhimento e acima de tudo o respeito ao cidadão. 
É necessário o cuidado àqueles que sofrem, atrelado aos princípios 
fundamentais e deveres do Serviço Social, é preciso que haja um esforço intenso e 
direcionado no combate contra as desigualdades, eliminar preconceitos em busca da 
formação e participação plena do cidadão na sociedade, na construção do bem estar 
social. 
33 
 
Expor o problema e buscar soluções, conscientizar, educar, falar abertamente 
sobre, ser informado e informar, compreender e entender a doença; é tarefa que cabe 
a cada um de nós, na responsabilidade por mudanças e transformação, no olhar e ver 
a pessoa com transtorno mental. 
Todos somos iguais, aceitar e respeitar a diferença, isso sim é normal. 
“O que cura é o contato afetivo de uma pessoa com a outra. O que cura é a 
alegria, o que cura é a falta de preconceito” (Nilse da Silveira). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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	1 INTRODUÇÃO
	2 SAÚDE MENTAL
	2.1.1 Contexto Histórico da Saúde Mental no Brasil
	2.1.2 Segregação e Marginalização
	2.1.3 Reforma Psiquiátrica
	2.1.4 Legislação
	2.1.5 Exclusão Social
	2.2 O QUE É TRANSTORNO MENTAL?
	2.2.1 Definição Transtorno Mental
	2.2.2 Tipos de Transtorno
	2.2.3 Assistência Social na Saúde Mental
	2.2.4 Reabilitação Psicossocial
	2.2.5 Desafios do cotidiano
	3 CONCLUSÃO
	REFERÊNCIAS
	BRASIL, Saúde e Direito sem Fronteiras. Lei 10.216 de 2001: Reforma Psiquiátrica e os Direitos das Pessoas com Transtornos Mentais no Brasil. Disponível em: <saudedireito.org/2014/05/26/lei-10-216-de-2001-reforma-psiquiatica-e-os-direitos-das-pessoas-...
	TUA SAÚDE, Equipe Editorial. Transtornos mentais mais comuns: como identificar e tratar. Disponível em <https://www.tuasaude.com/transtornos-mentais> Acesso em 25 fev. 2019.

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