1 São fármacos que têm como função o aumento da urina excretada. De maneira resumida, a maioria dos diuréticos são inibidores dos transportadores renais de íons e diminuem a reabsorção de sódio em diferentes partes do néfron. Como resultado, os íons de sódio e outros, como o cloreto, entram na urina em quantidades maiores do que a quantidade normal juntamente com água, que é carregada passivamente para manter o equilíbrio osmótico. Assim, os diuréticos aumentam o volume de urina e frequentemente alteram seu pH, bem como a composição iônica da urina e do sangue. Seu uso é indicado para a: • Retenção anormal de líquido (edema) • Controle da hipertensão • Insuficiência renal e cardíaca TÚBULO CONTORCIDO PROXIMAL No túbulo contorcido proximal, localizado no córtex renal, praticamente toda glicose, bicarbonato, aminoácidos e outros metabólitos são reabsorvidos. • O cloreto entra no lúmen do túbulo em troca de um ânion. • A água segue passivamente, do lúmen para o sangue, para manter o equilíbrio osmolar. • O sódio reabsorvido é bombeado para o interstício pela bomba Na+/K+-adenosina trifosfatase (ATPase), mantendo, assim, os níveis normais de Na+ e K+ na célula. • A anidrase carbônica na membrana luminal e no citoplasma das células do túbulo proximal modula a reabsorção de bicarbonato. RAMO DESCENDENTE DA ALÇA DE HENLE O filtrado restante, que é isotônico, avança para o ramo descendente da alça de Henle e entra na parte medular dos rins. A osmolaridade aumenta ao longo do ramo descendente da alça de Henle, em decorrência do mecanismo de contracorrente, que é responsável pela reabsorção de água. Isso resulta em um líquido tubular com uma concentração de sal triplicada. Observação: os diuréticos osmóticos exercem parte de sua ação nessa região. RAMO ASCENDENTE DA ALÇA DE HENLE A alça ascendente é uma região de diluição do néfron. Aproximadamente de 25 a 30% do cloreto de sódio tubular volta para o líquido intersticial, auxiliando, dessa forma, a manutenção da osmolaridade elevada. • A reabsorção ativa de sódio, potássio e cloreto é mediada por um cotransportador de Na+/K+/2Cl– • Mg2+ e Ca2+ entram no líquido intersticial pela via paracelular. TÚBULO CONTORCIDO DISTAL • Aproximadamente 10% do cloreto de sódio filtrado é reabsorvido por meio de transporte de Na+/Cl–, que é sensível aos diuréticos tiazídicos. • A reabsorção de cálcio é mediada pela passagem através de um canal e, então, ele é transportado por trocador Na+/Ca2+ para o líquido intersticial. Diuréticos BIANCA LOUVAIN 2 Portanto, esse mecanismo difere daquele da alça de Henle. Adicionalmente, a excreção de cálcio é regulada pelo hormônio da paratireoide nesse ramo do túbulo. DUCTO COLETOR As células principais do túbulo e do ducto coletor são responsáveis pelo transporte de sódio, potássio e água, e as células intercaladas são responsáveis pela secreção de H+. • O sódio entra nas células principais através de canais (canais de sódio epiteliais) que são inibidos por amilorida e triantereno. Uma vez no interior da célula, a reabsorção do sódio depende de Na+/K+-ATPase para ser transportado ao sangue. • Receptores de aldosterona nas células principais influenciam a reabsorção de sódio e a secreção de potássio. A aldosterona aumenta a síntese de canais de sódio e da bomba Na+/K+-ATPase, o que aumenta a reabsorção de sódio, quando combinado. Os receptores do hormônio antidiurético (HAD ou vasopressina) promovem a reabsorção de água dos túbulos e ductos coletores Os tiazídicos são os diuréticos mais amplamente utilizados. Eles são derivados das sulfonamidas. • Clorotiazida, clortalidona, hidroclorotiazida, indapamida e metolazona Observação: clorotiazida, indapamida e metolazona são referidas como diuréticos do tipo tiazídico, pois contêm resíduos sulfonamidas na sua estrutura química, e seu mecanismo de ação é semelhante. Todavia, esses fármacos não são tiazídicos verdadeiros. Todos os tiazídicos afetam o túbulo contorcido distal, e todos apresentam efeito diurético máximo semelhante, diferindo somente em potência. Os tiazídicos são algumas vezes denominadas diuréticos de teto baixo, pois o aumento da dosagem, acima da dose terapêutica normal, não promove resposta diurética adicional. • Mecanismo de ação: Os diuréticos tiazídicos e tipo tiazídicos atuam principalmente na região cortical da alça ascendente de Henle e no túbulo contorcido distal, diminuindo a reabsorção de Na+, pela inibição de um cotransportador de Na+/Cl– na membrana luminal dos túbulos. Como resultado, esses fármacos aumentam a concentração de Na+ e Cl– no líquido tubular. Ele gera aumento da excreção de Na+ e Cl– (urina hipersmolar/concentrada), perda de K+, perda Mg2+, redução da resistência vascular e diminuição da excreção urinária de cálcio. • Uso terapêutico: hipertensão, insuficiência cardíaca, hipercalciúria e diabetes insípido. • Farmacocinética: é administrado por via oral e excretado pelos rins através do sistema secretor de ácido orgânico renal. • Efeitos adversos: depleção de potássio, hiponatremia, hiperuricemia, diminuição de volume, hipercalcemia e hiperglicemia. Têm sua ação diurética principal no ramo ascendente da alça de Henle. • Furosemida – é a mais usada do grupo • Bumetanida e torsemida – são muito mais potentes do que a furosemida, e o seu uso está aumentando • Ácido etacrínico - é raramente usado, devido ao perfil dos efeitos adversos Entre todos os diuréticos, esses fármacos apresentam a maior eficácia na mobilização de Na+ e Cl– do organismo. Eles produzem quantidade de urina abundante. • Mecanismo de ação: os diuréticos de alça inibem o cotransporte de Na+ /K+ /2Cl– na membrana luminal, no ramo ascendente da alça de Henle. Dessa forma, a reabsorção desses íons diminui. o Os diuréticos de alça atuam rapidamente, mesmo em pacientes com função renal diminuída ou que não responderam a outros diuréticos. o Ao contrário do tiazídicos, os diuréticos de alça aumentam o conteúdo de Ca2+ da urina. o Os diuréticos de alça podem aumentar o fluxo de sangue nos rins, possivelmente pelo aumento da síntese de prostaglandinas. Os AINEs inibem a síntese de prostaglandinas nos rins e podem diminuir a ação diurética dos diuréticos de alça. • Uso terapêutico: são fármacos de escolha para reduzir o edema pulmonar agudo e edema periférico agudo ou crônico causado pela insuficiência cardíaca ou renal. Também são úteis no tratamento da hipercalcemia e hiperpotassemia. • Farmacocinética: são administrados por via oral ou parenteral e secretados na urina. 3 • Efeitos adversos: ototoxicidade (se usados com outros fármacos ototóxicos, como os aminoglicosídeos), hiperuricemia, hipovolemia aguda, depleção de potássio e hipomagnesemia. Os diuréticos poupadores de potássio atuam no túbulo coletor inibindo a reabsorção de Na+ e a excreção de K+. • Indicação de uso: o principal uso dos poupadores de potássio é no tratamento da hipertensão (mais frequente em associação com um tiazídico) e da insuficiência cardíaca (antagonistas da aldosterona). É extremamente importante que os níveis de potássio sejam monitorados atentamente em pacientes tratados com diuréticos poupadores de potássio. Esses diuréticos devem ser evitados em pacientes com disfunção renal devido ao aumento do risco de hiperpotassemia. Nesta classe, há fármacos com dois mecanismos de ação distintos: • Os antagonistas da aldosterona • Os bloqueadores dos canais de sódio ANTAGONISTAS DA ALDOSTERONA • Espironolactona e eplerenona • Mecanismo de ação: a espironolactona é um esteroide sintético que antagoniza a aldosterona no receptor intracelular citoplasmático, inativando o complexo espironolactona-receptor, bloqueando a produção de proteínas mediadoras que normalmente estimulam os locais de troca Na+ /K+ do túbulo