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Hemoglobinas e Anemias

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Hemoglobina 
• Hemoglobinas normais: três frações identificadas por Hb A, Hb A2 e Hb Fetal. 
A Hb A por ser a molécula mais representativa: a mais capacitada para as funções básicas. 
• Por exemplo: troca gasosa e participação na manutenção do equilíbrio ácido básico, é considerada como 
padrão físico-químico, genético e molecular. 
A Hb A2 é considerada como a hemoglobina mais estável (estrutura molecular). 
• Sua concentração padrão (2 a 4%) tem importância no teste de identificação de talassemia beta 
menor, pois em 95% das pessoas portadoras desse tipo de talassemia a Hb A2 apresenta-se com 
concentração elevada (>4,0% - 7,0%); 
• Por outro lado, a diminuição da Hb A2 abaixo de 2% de sua concentração é indicativo de anemia ferropriva 
ou de talassemia alfa menor (Hb AH). 
A Hb Fetal é fisicamente menos estável que a Hb A. 
• A elevação de Hb Fetal acima de 1,0% em pessoas com idade superior a 6 meses é indicativo de 
talassemia beta menor (Hb Fetal: > 1,0% - 5,0%, associada a anemia microcítica e hipocrômica de discreto 
grau); 
• Talassemia beta maior (Hb Fetal acima de 20%, associada a anemia microcítica e hipocrômica de grave 
intensidade); 
• Por todas essas razões justifica-se sempre no estudo das hemoglobinas a avaliação quantitativa das 
hemoglobinas A, A2 e Fetal; 
• Pessoa portadora de hemoglobinas normais: usa-se a representação Hb AA que indica que o indivíduo 
recebeu do pai e da mãe os genes aA bA; 
• Após o nascimento, observa-se que além das hemoglobinas A, A2 e Fetal; 
Surgem outros cinco tipos de moléculas que constituem o grupo das hemoglobinas glicosiladas: Hb A1a-1, 
Hb A1a-2, Hb A1b, Hb A1c e Hb A1d (representa 5 a 8% da concentração da Hb A). 
• As hexoses permanecem ligadas à Hb A por todo o tempo de vida do eritrócito, que é de 120 dias, em média; 
• A Hb A1c por apresentar maior concentração entre as hemoglobinas glicosiladas, atua como sensível 
marcadora biológica da glicose sanguínea; 
• Cerca de 280 a 320 milhões de moléculas de hemoglobina ocupam o espaço intracelular de cada eritrócito 
(Hemoglobina Corpuscular Média - HCM). 
Hemoglobina C 
• A hemoglobina C (Hb C) é uma hemoglobina anormal: substituições de um aminoácido na posição seis 
da cadeia de betaglobina; 
• O aminoácido Glutâmico é substituído por lisina; 
• É comum em povos da África Ocidental; 
• Os heterozigotos (Hb AC) não possuem anemia e não apresentam evidências de diminuição do número de 
eritrócitos; 
• A análise da morfologia eritrocitária: pode exibir células em alvo; 
• O diagnóstico dos portadores heterozigotos é fundamental do ponto de vista do aconselhamento 
genético, já que essa variante em homozigose ou em associação com Hb S e talassemias apresenta 
alterações clínicas detectáveis; 
• A expressão patológica dessa hemoglobina: portadores homozigotos (Hb CC) e nas associações com Hb 
S (Hb SC) e beta talassemia (Hb C/beta talassemia); 
• A fisiopatologia da Hb C: falta de maleabilidade e do aumento da viscosidade dos eritrócitos que a contém - 
torna as células mais suscetíveis à destruição, principalmente pelo Baço, reduzindo o tempo de vida dos 
eritrócitos; 
• A elevação da viscosidade propicia a ocorrência de oclusão de pequenos vasos sanguíneos; 
• Indivíduos portadores de homozigose para Hb C: anemia hemolítica crônica moderada, esplenomegalia e 
alguns sintomas clínicos; 
• As queixas incluem cansaço, fraqueza, icterícia, dor abdominal, dor óssea, colelitíase e, raramente, sintomas 
semelhantes aos da anemia falciforme, porém de forma mais amena; 
• Os eritrócitos podem apresentar-se normocrômicos e normocíticos, ou com microcitose, hipocromia e 
reticulocitose, e é bastante característico o achado de número elevado de células em alvo no sangue 
periférico; 
• A anemia pode agravar-se após infecções, mas o prognóstico geral é considerado bom. 
 
Anemia Falciforme 
• A doença causada pelas células falciformes se caracteriza por um conjunto de sinais e sintomas 
provocados pela deformação de milhões de eritrócitos com hemoglobina S (Hb S) induzidos pela 
desoxigenação; 
• Eritrócitos com Hb S quando oxigenados (Oi-Hb S) - normais ou discóides no sangue (eventualmente alguns 
eritrócitos afoiçados ou falcizados); 
• Há situações em que o processo de falcização é muito intenso devido à elevada concentração de Hb S 
desoxigenada (desoxi-Hb S). 
 
Paciente com anemia falciforme, 
coletado durante crise dolorosa, 
mostrando eritrócitos discóides 
com vários eritrócitos falcizados. 
• O primeiro relato foi em 1910, por J.B. Herrick: publicou um artigo científico sobre a presença de 
eritrócitos com a forma de foice em um paciente negro com anemia grave, icterícia, e fortes dores nas 
articulações; 
• No ano de 1949 Linus Pauling – separou por meio de eletroforese a hemoglobina anormal que 
causava a falcização eritrocitária, que foi denominada por "sickle hemoglobin" (ou hemoglobina 
falcizante); 
• Para facilitar a divulgação científica desta hemoglobina anormal tomou-se por referência a primeira letra da 
palavra "sickle", surgindo então a Hb S; 
• Hb S com concentrações próximas de 95-98% foi geneticamente caracterizada por Hb SS 
(homozigose da Hb S) – denominada por anemia falciforme; 
• Outros pacientes que, além de células falciformes continham também eritrócitos microcíticos e hipocrômicos 
• O caso mais comum é a presença concomitante da Hb S e Hb A (Hb AS) no portador do traço falcêmico, ou 
heterozigoto falcêmico, clinicamente assintomático e com eritrograma normal, onde a concentração da Hb S 
é menor que a Hb A. 
 
Eletroforese de hemoglobinas em acetato de celulose, pH 8.6, mostrando da esquerda para a direita os genótipos 
Hb AS (heterozigoto de Hb S); Hb AA (padrão normal); 
Hb SS (homozigose de Hb S) e 
 Hb SC (dupla heterozigose de Hb S e Hb C). 
• Em 1956, Ingram estabeleceu quimicamente pela técnica de "fingerprinting" de peptídeos a diferença entre 
Hb A e Hb S; 
• Constatou que se devia à mutação do sexto aminoácido da globina beta – o ácido glutâmico pela valina. 
As células falciformes 
• São mais frágeis que os eritrócitos normais na corrente sanguínea, vivem menos que o tempo médio 
de 120 dias; 
• Na anemia falciforme onde a concentração da Hb S é superior a 90%, o período médio de vida dos 
eritrócitos falcêmicos é de aproximadamente 30 dias; 
• As causas e consequências da falcização, se devem de uma forma geral à deformação patológica das 
células falciformes e à sua precoce destruição motivada pelo ataque da membrana celular por várias 
espécies de radicais livres gerados durante a degradação da Hb S desoxigenada; 
• Como resposta fisiológica natural à reposição de eritrócitos - a eritropoiese medular se torna 
hiperativa; 
• Ocorre a liberação de células imaturas (reticulócitos) e jovens (eritroblastos) para o sangue circulante, 
resultando em reticulocitose e presença de eritroblastos no esfregaço de sangue periférico. 
 
Reticulocitose em amostra de sangue periférico 
de paciente com anemia falciforme, 
caracterizando eritropoiese acentuada. 
 
Presença de eritroblasto ortocromático em amostra de sangue 
periférico de paciente com Hb S/ talassemia beta. 
• Na corrente sanguínea os eritrócitos falcizam e desfalcizam reversivelmente conforme ganham e 
liberam o oxigênio; 
• Geralmente há células que, após seguidos processos de falcização e desfalcização, ao se falcizarem, assim 
permanecem, mesmo que haja oferta de oxigênio; são as células falciformes irreversíveis; 
• Quando o número de células falcizadas irreversivelmente é maior que 5%, tem início o processo de alteração 
do fluxo sanguíneo; 
• O excessivo número de eritrócitos falcizados irreversivelmente se caracteriza pela sua morfologia achatada e 
tentacular fato que os fazem aderir com maior facilidade ao endotélio vascular, e entre elas próprias, 
promovendo a obstrução do fluxo sanguíneo especialmente nos pequenos capilares que ligam as veias às 
artérias; 
• As consequências dessas oclusões vasculares são caracterizadaspor pequenos infartos teciduais e 
dores agudas nas regiões atingidas. 
Principais evidências clínicas 
• Indivíduos com anemia falciforme podem ser portadores também de talassemia alfa ou de 
persistência hereditária da hemoglobina fetal (PHHF); 
• As manifestações clínicas decorrentes das síndromes falciformes são extremamente variáveis entre os 
pacientes e no mesmo paciente ao longo de sua vida; 
• Anemia e fenômenos vaso-oclusivos são as complicações mais frequentes que determinam o quadro clínico 
desses pacientes, caracterizado basicamente por exacerbações ou "crises", entremeados por períodos 
relativamente assintomáticos, e complicações crônicas que podem acarretar disfunção orgânica grave e 
sequelas permanentes; 
• Os sintomas começam a aparecer ainda no primeiro ano de vida (diminuição da concentração de Hb Fetal 
nos eritrócitos); 
• Na primeira década de vida, predominam complicações agudas como infecções, síndrome torácica 
aguda (STA), sequestro esplênico e acidente vascular cerebral (AVC); 
• No paciente adulto: decorre de lesões orgânicas crônicas, como insuficiência renal, doença pulmonar e 
insuficiência cardíaca, efeitos tardios de lesões cerebrovasculares prévias, disfunção hepática e das vias 
biliares, sequelas motoras resultantes do comprometimento do sistema musculoesquelético, entre outros; 
• A crise dolorosa é a complicação mais comum; podem ocorrer isoladamente ou acompanhando fatores 
predisponentes como infecção, desidratação, alteração brusca de temperatura, estresse físico ou emocional; 
• Retinopatia nos pacientes com Hb SC e necrose avascular de cabeça de fêmur na anemia falciforme 
associada à talassemia alfa; 
• A DF tem repercussão em vários aspectos da vida do paciente, como interação social, relações conjugais e 
familiares, educação e emprego. 
Crises dolorosas 
• Principal causa de morbidade e hospitalização na doença falciforme; 
• Acometem principalmente região lombar, ossos longos e articulações (outros locais como tórax, face, 
abdome e pelve podem ser envolvidos); 
• A dor visceral: Baço, Fígado, Pulmões, e outros órgãos (frequentemente associada a náuseas, vômitos e 
sudorese); 
• Adultos com doença falciforme podem evoluir com dor crônica acompanhando quadro de úlceras de 
membros inferiores ou necrose avascular dos ossos; 
• Na DF a crise álgica é gerada pela oclusão microvascular e isquemia tecidual; 
• Entre os fatores desencadeantes mais importantes estão a desidratação, hipóxia, infecção e acidose. Outras 
situações também podem precipitar o aparecimento das crises, como a mudança brusca de temperatura e o 
estresse emocional. 
Tratamento 
• Frequentemente o portador de doença falciforme com dor é atendido nos serviços de emergência - 
deixam de priorizar a queixa do doente; 
• Aumenta a angústia do paciente; 
• O tratamento analgésico frequentemente envolve o uso de medicações diferentes, mas com ações 
sinérgicas; 
• Comum a associação de drogas não-opioides, como os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) que agem 
localmente bloqueando o processo inflamatório, opioides, os quais tem ação no sistema nervoso central, e 
ainda drogas adjuvantes, como anti-histamínicos e benzodiazepínicos. 
Priapismo 
• O priapismo, definido como uma ereção dolorosa, involuntária e sustentada do pênis, durando mais 
de 30 minutos, associada ou não ao estímulo sexual; 
• Na doença falciforme o problema está no processo de reversão da ereção devido à congestão dos corpos 
penianos pelas células falcizadas; 
• Cerca de 40% dos pacientes com anemia falciforme apresentam pelo menos um episódio de 
priapismo; 
• Alguns fatores como relação sexual e ingestão de bebida alcoólica podem desencadear os episódios, no 
entanto, a ereção noturna espontânea parece ser o fator precipitante mais comum; 
• O priapismo prolongado geralmente dura mais de 24 horas; trata-se de complicação grave com 
necessidade de internação; 
• A impotência sexual é a principal sequela do priapismo e acontece em 1/4 dos casos; 
• O hemograma: monitoramento hematológico do paciente e no auxílio do diagnóstico diferencial entre a 
anemia falciforme e a interação Hb S/talassemia; 
• Morfologia eritrocitária: células falciformes, em alvo, dacriócitos, esquizócitos, eritroblastos, policromasia, 
corpos de Howell-Jolly, pontilhados basófilos, micrócitos e macrócitos; 
• Reticulocitose é comum (marcador biológico do grau da eritropoiese); 
• Ferritina: é a mais importante proteína de reserva de ferro. Na carência de ferro, a ferritina diminui antes das 
alterações dos níveis de ferro sérico e das alterações da morfologia eritrocitária. Sua concentração está 
elevada em poli transfundidos, nas anemias hemolíticas e megaloblásticas, e nas lesões hepáticas. Faz, 
parte do grupo de proteínas da fase aguda - se eleva em respostas às infecções, traumatismos e inflamações 
agudas; 
• Bilirrubina: é o principal produto do metabolismo do grupo heme. Cerca de 70% da bilirrubina são 
provenientes da destruição de eritrócitos velhos, 15% provém de fontes hepáticas, e 15% se deve à 
destruição de eritrócitos defeituosos na medula óssea. Concentração de bilirrubina indireta para valores 
acima de 5mg/dL; 
• Ácido úrico: é o maior produto do catabolismo das purinas. À reutilização de ácidos nucléicos provenientes 
da degradação da globina - elevação do nível de ácido úrico é consequência da hemólise; 
• Fosfatase alcalina: enzima presente em praticamente todos os tecidos do organismo, e em especial nas 
membranas das células dos túbulos renais, ossos, placenta, trato intestinal e fígado. Na anemia falciforme é 
freqüente a ocorrência de cálculos biliares (colelitíase) devido à bilirrubinemia desencadeada pelas crises de 
hemólise, situações que elevam a concentração sérica de fosfatase alcalina; 
• Desidrogenase láctica (LDH): é uma enzima intracelular que induz a oxidação reversa do lactato em 
piruvato. Está amplamente distribuída em todas as células do organismo, concentrando-se especialmente no 
miocárdio, rim, fígado, eritrócitos e músculos. Nas doenças falciformes associadas à crises de hemólises, a 
LDH apresenta-se com concentrações elevadas - sensível marcador biológico da destruição de eritrócitos; 
• Metaemoglobina: Hb S maior que 50% a metaemoglobinemia desencadeia a degradação da Hb S com 
formação de corpos de Heinz. 
 
Precipitados intra-eritrocitários de corpos de 
Heinz em pessoa com anemia falciforme 
Hb AS - Traço falciforme ou falcemia heterozigota 
• O traço falciforme caracteriza o portador assintomático, laboratorialmente representado pela 
associação das hemoglobinas A e S, ou Hb AS; 
• A concentração da Hb S no traço falciforme é sempre menor que a Hb A, variando entre 30 e 40%; 
• Eventualmente, quando associado com anemia ferropriva ou talassemia alfa, a concentração da Hb S pode se 
situar abaixo de 30%; 
• O portador heterozigoto não padece da doença e não apresenta alterações hematológicas 
significativas; 
• Os processos vaso-oclusivos sob condições fisiológicas normais inexistem, e, portanto, não há mortalidade e 
nem morbidades seletivas; 
• Geralmente detecta-se o portador de Hb AS em estudos populacionais e pré natal, ou em análises de familiares 
com membros portadores do gene da Hb S; 
• No Brasil a prevalência média de Hb AS é próxima de 2,0% na população total, entretanto se 
considerarmos somente pessoas de cor negra a prevalência média é por volta de 5%, com grandes 
diferenças regionais; 
• Entre pessoas de cor branca a prevalência média de Hb AS é variável entre 1,0 e 1,3%; 
• Outros testes que apenas detectam a presença de Hb S, sem identificar o seu genótipo, são os testes de 
falcização e de solubilidade. 
 
Crise de dor em qualquer parte do corpo e febre 
Tratamento hospitalar: 
• Afastar outras causas de dor (principalmente infecções), hidratação venosa; 
• Analgésicos: dipirona venosa em intervalos fixos (6/6 horas ou 4/4 horas) •Melhora após 6 horas: liberar com 
dipirona; 
• Sem melhora após 6 horas:a) Associar codeína ou anti-inflamatório não esteroide; 
b) Piora da dor: associar codeína e anti-inflamatório não esteroide; 
• Piora da dor após 6 horas do último esquema: avaliar infusão contínua de morfina. 
 
Infecção/Sepse febre e prostração 
Tratamento hospitalar obrigatório em qualquer das seguintes condições: 
• Casos graves, foco não localizado, pneumonia, crianças menores de três anos de idade; 
• Antibioticoterapia; 
• Exames: hemograma, hemocultura, urina rotina, Gram, radiografia do tórax. 
Poiquilocitoses (Alterações de Forma) E Inclusões Eritrocitárias 
Poiquilocitose: termo genérico utilizado para caracterizar as alterações de forma nos eritrócitos. 
• Tipos de poiquilócitos: 
1) Esferócitos: eritrócitos pequenos e hiper saturados (hiper corados) de Hb (elevam a CHCM) 
Exemplos: esferocitose hereditária; anemia hemolítica autoimune, aloimune; talassemias maior; 
hemoglobino patias S e C; pôs esplenectomia; queimaduras; anemias hemolíticas com corpos de 
Heinz; transfusão incompatível. 
 
• Eliptócitos ou ovalócitos: são eritrócitos alongados em forma ovalada ou elíptica. São decorrentes de 
defeitos nas interações horizontais nas proteínas de membrana eritrocitária (eliptocitose hereditária) ou como 
forma alongada em razão da falta de conteúdo por defeito maturativo de hemoglobinização (anemias 
ferroprivas). 
Exemplos: eliptocitose hereditária; anemia ferropriva (Eliptócitos hipocrômicos – células alongadas, 
em forma de lápis ou charuto); anemias megaloblásticas (macroovalócitos); mielo fibrose com 
metaplasia mieloide. 
Observação: as formas aparentemente elípticas da anemia falciforme, fase anterior à formação da célula em 
foice desoxigenada, não são nem devem ser referendadas como eliptócitos 
 
• Dacriócitos: eritrócitos em forma de lágrima ou gota. 
Exemplos: mieloproliferações, principalmente na mielofibrose com metaplasia mieloide; talassemias; 
anemias megaloblásticas etc 
 
• Células em alvo: são eritrócitos que na circulação apresentam-se em forma de alvo (conócitos). Possuem 
excesso de lipídios na membrana, região intermediária mais delgada (passagem de luz) e região central densa. 
São também chamadas leptócitos. 
Exemplos: hemoglobinopatias C, S e E (em homo ou heterozigose); talassemias; interações HbS-
talassemias; hepatopatias; pós-esplenectomia; deficiência de LCAT (lecitina –colesterol 
aciltransferase), anemia ferropriva (raro, e em apenas poucas células); etc. 
 
• Drepanócitos: são eritrócitos em forma de foice. Tomam tal forma na circulação quando desoxigenadas e 
mais de 50% do total de suas moléculas de Hb são HbS. As formas não totalmente desoxigenadas aparentam 
(mas não são) eliptócitos. 
Exemplos: doenças falciformes como a anemia falciforme (SS); doença SC; interações HbS-
talassemias; HbS-persistência de Hb fetal; etc. 
 
• Equinócitos (eritrócitos crenados): são células com 10 a 30 espiculas de pontas finas e uniformemente 
distribuídas. Na grande maioria dos casos, essas células são apenas artefatos, como consequência da 
depleção de trifosfato de adenosina (ATP, adenosine triphosphate) do meio ou por ação do ácido 
etilenodiaminotetracético (EDTA, ethylenediaminetetraacetic acid) (apenas os equinócitos não arte fatuais 
devem ser mencionados como alteração morfológica). Certifique-se de que o esfregaço foi feito a partir de 
amostra fresca. 
Exemplos: é um achado importante em pacientes com insuficiência renal aguda. Também pode ocorrer 
em casos de anemia hemolítica por drogas; queimaduras; desidratação; anemia hemolítica 
microangiopática; uremia; uso de heparina; doença hepática; hipotiroidismo etc. 
 
• Acantócitos: eritrócitos com espiculas rombudas, em pequeno número e que se dispõe de modo não simétrico 
na superfície celular. 
Exemplos: hepatopatas graves; insuficiência renal; acantocitose hereditária; prematuros; deficiência 
de tocoferol dos primeiros meses de vida; esplenectomizados; uremia; alcoolismo etc. 
 
• Esquizócitos: são pedaços distorcidos, restos ou fragmentos de eritrócitos sem forma definida. Decorrem de 
várias etiologias, geralmente por trauma mecânico na vasculatura por filamentos de fibrina ou por próteses 
cardíacas. 
Exemplos: anemias microangiopática; coagulação intravascular disseminada (CIVD); púrpura 
trombocitopênico trombótica (PTT); síndrome hemolítico-urêmica (SHU), lúpus eritematoso, 
glomerulonefrites agudas, hipertensão maligna, eclampsia, hemangiomas, Amiloidose; pacientes com 
válvulas cardíacas; talassemias maior; anemias hemolíticas por drogas; anemia hemolítica por 
queimaduras; anemias por traumas mecânicos em geral, na piropoiquilocitose hereditária 
(ovalocitose), ou em casos graves de anemia ferropriva. 
 
• Estomatócitos: eritrócitos com halo central em forma de fenda. 
Exemplos: doenças hepáticas; recém-nascidos; tratamento com asparaginase; estomatomicose 
hereditária. 
 
• Roleaux: empilhamento dos eritrócitos por neutralização da sua natural repulsão (cargas eletronegativas). 
Exemplos: nas doenças inflamatórias ou infecciosas com aumento de fibrinogênio e globulinas 
(doenças crônicas graves), nas neoplasias de plasmócitos ou linfoplasmócitos (produtores de 
imunoglobulinas – paraproteínas), como no mieloma múltiplo, linfoma linfoplasmocítico. 
 
• Aglutinação de eritrócitos: agregação dos eritrócitos por mecanismo imunológico. Anemias associadas às 
crio aglutininas. 
 
Inclusões eritrocitárias 
 
• Pontilhado basofílico: pequenos e inúmeros pontos de cor basofílica de precipitados de ribossomos (RNA). 
Exemplos: anemias hemolíticas (estados eritropoéticos hiper regenerativos); talassemias; leucemias; déficit de 5 
piridinonucleotidase (que é uma enzima hepática com função hidrolizante); intoxicação por chumbo; benzeno etc. 
 
• Corpúsculos de HowellJolly: fragmento cromossômico pequeno, denso, basofílico, arredondado, geralmente 
único, que se desprendeu do restante da cromatina nuclear. 
Exemplos: pôs esplenectomias; anemias hemolíticas graves; nas anemias megaloblásticas e mielodisplásicas (são mais 
numerosos e podem ser múltiplos). 
 
• Corpos de Pappenheimer: precipitados de ferro intra-eritrocitários visíveis na coloração do hemograma. 
Correspondem aos siderócitos na coloração de Perls. 
Exemplos: nas anemias hemolíticas graves (transfusão dependente), na esplenectomia; anemias refratarias das mielodisplásicas 
e anemias sideroblástica. 
 
• Anel de Cabot: inclusão eritrocitária de cor lilás em forma de anel ou “em oito”, como remanescências 
nucleares do final do fuso mitótico. 
Exemplos: anemia megaloblástica; leucemias; mielodisplásicas; talassemias; intoxicação por chumbo etc. 
 
• Eritroblastos circulantes: precursores eritroides normalmente encontrados na medula óssea, mas que 
podem ir para o sangue em casos de anemias hemolíticas graves, metaplasia mieloide ou neoplasias 
(hematológicas, as leucemias agudas, mieloproliferações crônicas e mielodisplásicas ou metástases em 
medula óssea). 
 
 
 
 
 
 
 
Contagem de reticulócitos 
• Os reticulócitos são eritrócitos jovens, contendo RNA; 
• Em condições normais de maturação, passam de dois a três dias na medula óssea e um dia no sangue 
periférico, quando, então, tornam-se eritrócitos maduros; 
• A contagem de reticulócitos indica a velocidade de produção eritroide na medula óssea; 
• São células fisiologicamente hipodensas (CHCM abaixo do normal); 
• Sua contagem pode ser feita manualmente ou por contadores (reticulograma). 
Contagem manual 
• Fundamento: baseia-se na capacidade que os corantes supra vitais (como o azul de cresil brilhante ou o novo 
azul de metileno) tem de corar os precipitados de RNA residual (reticulina), dando aos eritrócitos jovens aspecto 
característico, sendo, então, chamados reticulócitos; 
• Material: 
Amostra: sangue total em EDTA (obrigatoriamente recém-colhido); 
Solução corante (azul cresil brilhante ou novo azul de metileno); 
Tubos de hemólise; banho maria; cronômetro; micropipetae ponteiras; 
Microscópio, óleo de imersão. 
Procedimento 
1) Em tubo de hemólise, misturar partes iguais de soluçado corante e sangue (100 ml cada); 
2) Levar a mistura para banho-maria a 37°C por 30 min; 
3) Fazer esfregaço; 
4) Deixar secar; 
5) Proceder à contagem em objetiva de imersão. 
• Os reticulócitos são eritrócitos que possuem pelo menos dois grãos precipitados de RNA em seu citoplasma; 
• Dependendo da sua preferência, tem-se a opção de sobre corar o esfregaço com Leishman, Wright etc., para 
só, em seguida, fazer contagem; 
• Quando corados pelo azul de cresil (ou pelo novo azul de metileno), sem sobrecoloração, os 
reticulócitos são eritrócitos esverdeados com precipitados de cor azul intensa. 
 
• Quando sobre corados, passam a adquirir tonalidade alaranjada com precipitados arroxeados. 
Contagem: determinação do percentual de reticulócitos não corrigido 
• Contar em diferentes campos escolhidos ao acaso, em local apropriado para avaliação da morfologia 
eritrocitária, o número de reticulócitos ao final da contagem de aproximadamente (pelo menos) 1.000 eritrócitos 
maduros 
 
Observações técnicas 
• A contagem manual de reticulócitos é o método mais simples para avaliação da produção dos 
eritrócitos; 
• Essa determinação apresenta imprecisão de 30 a 40% para contagens em torno de 1%; 
• Por isso, em casos de reticulócitos normais ou diminuídos a contagem deve ser estendida de 1.000 para 
cerca de 2.000 eritrócitos; 
• Para contagens mais elevadas (acima de 10%), o grau de imprecisão pode ficar em torno de 10 a 20%, mesmo 
quando apenas aproximadamente 1.000 eritrócitos são contados; 
• A utilização de corantes catiônicos ou corantes fluorescentes (fluorocromo) para RNA tornou viável a contagem 
de reticulócitos pela automação, o que trouxe grande precisão e exatidão . 
 
Interpretação 
• Reticulócitos normais ou diminuídos em indivíduos anêmicos são sinais de baixa produção medular (anemias 
por diminuição de produção); 
• Reticulocitose (valores acima do normal) é bom indicativo da resposta terapêutica nas anemias carenciais; 
• Pacientes com anemia ferropriva ou megaloblásticas tratadas com ferro ou folato/B12, por exemplo, 
respondem com intensa reticulocitose até a elevação da Hb a níveis normais; 
• Reticulocitose sem história de perda sanguínea ou de tratamento a anemias carenciais é indicativo de 
processos hemolíticos.

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