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Aula 7 - POLIFONIA E INTERTEXTUALIDADE

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- -1
ASPECTOS SEMIOLÓGICOS DO DISCURSO
POLIFONIA E INTERTEXTUALIDADE
- -2
Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Analisar as possibilidades de mais de um plano de significação;
2. identificar a polifonia e a intertextualidade nos textos;
3. estudar a virtualidade como possibilidade na leitura dos textos.
1 O que é texto?
O sentido de um enunciado, na teoria de Ducrot, pode ser definido apenas na inter-relação com outros
enunciados, isto é, no discurso. Para esse autor, o texto está relacionado com a entidade abstrata e o discurso
concebido como a realização do texto.
Para Fiorin (2006), o texto não deve ser entendido como um amontoado de frases com significados autônomos.
Os significados das partes de um texto não podem ser considerados de forma isolada, mas sim dentro de
correlações que vão se articulando internamente para criar uma trama de sentido.
Quais são as propriedades de um texto?
Utilizar a linguagem é, enfim, interagir a partir do intercâmbio de textos. Estes, por sua vez, envolvem uma teia
de relações, de recursos, de estratégias e operações que permitem a construção temática.
O texto tem as seguintes propriedades:
materializa a produção discursiva;
organiza-se em um contexto de situação;
pressupõe uma unidade de sentido coerentemente articulada;
permite interação com outros textos.
2 Intertextualidade
Relação de co-presença entre dois ou vários, que se concretiza, mais frequentemente, pela ‘presença efetiva de
um texto em outro’. (Gerard Genette). Essa relação pode-se apresentar sob forma de:
1. citação: forma mais literária e mais explícita;
2. alusão: menos literal e implícita.
- -3
Essa relação é onipresente, sejam quais forem as formas e as intenções. Analisa-se tal relação indicando com
precisão o tipo de empréstimo, a forma de integração, os efeitos visados. É certo que a indicação dos
empréstimos depende, de um lado, de sua marcação mais ou menos clara no texto e, de outro, da cultura do
leitor. No caso da publicidade, Pepino Maluquinho faz alusão ao Menino Maluquinho não só no jogo de palavras,
mas também na imagem do pepino com a panela na cabeça.
A intertextualidade pode ocorrer quando um autor cita outro em seu texto: intertextualidade externa. Mas
ocorre também quando o autor usa outro texto de sua autoria em um novo texto: intertextualidade interna.
Vamos observar um trecho da música Língua de Caetano Veloso: 
E deixa os portugais morrerem à mingua
Minha pátria é minha língua
Fala Mangueira
Fala!
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
o que pode
Esta língua
Agora vamos compará-lo com outros dois textos:
1. Minha Pátria é minha língua. Pouco se me dá que 
Portugal seja invadido, desde que não mexam comigo.
(Fernando Pessoa)
2. Língua portuguesa 
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
- -4
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Intertextualidade externa
Percebemos que na letra de Caetano há referência à frase de Fernando Pessoa e ao poema de Olavo Bilac,
portanto a intenção do autor é trazer para a atualidade de seu texto a fala de outros dois autores de épocas
diferentes para exaltar a língua portuguesa. Trata-se de intertextualidade externa.
Em uma outra musica, agora de Chico Buarque, também encontramos intertextualidade externa em relação a um
poema de Carlos Drummond de Andrade:
Flor da Idade (Chico Buarque)
(...) Carlos amava Dora que amava Lea que amava Lia que
amava Paulo que amava Juca que amava Dora que amava
Carlos amava Dora que amava Rita que amava Dito que
amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava tanto que amava Pedro que
amava a filha que amava Carlos que amava Dora que
amava toda a quadrilha...
amava toda a quadrilha...
amava toda a quadrilha...
Quadrilha (Carlos Drummond de Andrade)
João amava Teresa que amava Raimund
Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
Que não amava ninguém
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história
Vamos verificar como ocorre a :intertextualidade interna
Carlos Drummond de Andrade escreveu um poema muito
conhecido chamado :No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
- -5
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Carlos Drummond de Andrade. . Ed. Pindorama, 1993.Alguma Poesia
Em 1945, O poeta escreve o livro A Rosa do Povo, em que faz uma reflexão na poesia Consideração do Poema
reescrevendo um dos versos citados. O autor cita a si mesmo, isto é, reedita um de seus próprios versos em outro
poema seu.
Uma pedra no meio do caminho
ou apenas um rastro, não importa.
Estes poetas são meus. De todo o orgulho,
de toda a precisão se incorporaram
Ao fatal meu lado esquerdo. Furto a Vinicius
sua mais limpida elegia. Bebo em Murilo.
Que Neruda me dê sua gravata
chamejante. Me perco em Apollinaire.
Adeus Maiakóvski.
A intertextualidade pode ainda ser explicita ou implícita. O primeiro caso ocorre quando há uma citação na
integra e pode ser de parte de um texto, ou provérbio ou de um verso; enquanto o segundo caso exige
interpretação ou conhecimento anterior do leitor, pois a citação aparece modificada ou citada em parte, por isso
é mais complexa.
Livros
Caetano Veloso
Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.
Chão de Estrelas
Silvio Caldas
- -6
A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua, furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
Tu pisavas os astros, distraída,
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão
Na letra da música de Caetano há uma intertextualidade implícita em relação à letra da música de Silvio Caldas. A
dificuldade em percebê-la pode ocorrer por serem músicas de épocas diferentes e os ouvintes de uma e outra
música não terem acesso a uma delas.
A intertextualidade implícita não é uma citação direta e é preciso que o interlocutor a recupere na memória para
encontrar o sentido.
Conceito de
paródia
A paródia é uma imitação cômica de uma composição literária (também existem
paródias de filmes e músicas), sendo portanto uma imitação que possui efeito cômico,
utilizando a ironia e o deboche.
Processo de
intertextualização
Ela geralmente é parecida com a obra de origem e quase sempre tem sentidos
diferentes, Na literatura a paródia é um processo de intertextualização, com a
finalidade de desconstruir ou reconstruir um texto.
Surgimento da
paródia
A paródia surge a partir de uma nova interpretação, da recriação de uma obra já
existente e, em geral, consagra. Seu objetivo é adaptar a obra original a um novo
contexto, passando diferentes versões para um lado mais despojado, e aproveitando
o sucesso da obra original para passar um pouco de alegria.
F o r m a d e
intertextualidade
É uma reescritura de caráter contestador, irónico, zombeteiro, crítico, satírico,
humorístico, jocoso. Nesse topo de intertextualidade constrói-se um percurso de
desvio em relação ao texto parodiado, numa espécie de insubordinação crítica,
cômica.
Observe as paródias:
SÓ O ROCK’N’ROLL SALVA
Elvis Presley que estais no Céu,
- -7
Muito escutado seja Bill Haley,
Venha a nós o Chuck Berry,
Seja feito barulho à vontade,
Assim como Hendrix, Sex Pistols e Rolling Stones.
Rock and roll que a cada dia nos melhora,
Escutai sempre Clapton e Neil Young,
Assim como Pink Floyd e David Bowie,
Muddy Waters e The Monkees.
E não deixeis cair o volume do som
102,1 de estação.
Mas livrai-nos doAxé
Amém! (fanáticos, uni-vos! KISS, 102,1 FM)
A FORMIGA BOA
Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé de um formigueiro. Só parava quando cansadinha;
e seu divertimento então era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos arrepiados passavam o dia cochilando nas
tocas.
A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu: tique, tique, tique...
Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
"Que quer?”, perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.
“Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...”
A formiga olhou-a de alto a baixo.
"E que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa?”
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse.
"Eu cantava, bem sabe...”
“Ah!”, exclamou a formiga recordando-se. "Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos
para encher as
tulhas?””
"Isso mesmo, era eu...”
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"Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele
chiado nos distraia e aliviava o trabalho. Diziamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora!
Entre amiga, que aqui, terá cama e
mesa durante todo o mau tempo.”
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
(LOBATO, Monteiro. Fábula. São Paulo, Editora Brasiliense, 1966.)
A REFERÊNCIA
Você deve ter percebido que esses textos fazem referência a outros textos: o primeiro ao Pai Nosso, usando a
irreverência e o humor; o segundo busca amenizar a fábula passando moral menosA Formiga e a Cigarra, 
dramática.
Intertextualidade externa e explícita com Canção de Exílio de Gonçalves Dias:
Minha terra tem palmeiras.
Onde cante o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá;
Sem que eu desfrute os primores
Que não encontro por cá
- -9
Nesta publicidade verificamos intertextualidade com figuras públicas.
Intertextualidade OMO/ONU.
- -10
No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio de
caminho tinha uma pedra.
(Drummond)
Intertextualidade em charges
Polifonia
Em linguística, polifonia é, segundo Mikhail Bakhtin, a presença de outros textos dentro de um texto, causada
pela inserção do autor em um contexto que já inclui textos anteriores que lhe inspiram ou influenciam.
Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, pode-se perceber a polifonia, quando Brás Cubas inicia a narração e
dirige-se ao leitor fazendo referência a outras obras e outros autores:
“Toda essa gente viajou: Xavier de Maistre à roda do quarto, Garret na terra dele, Sterne na terra dos outros. De
Brás Cubas se pode dizer que viajou a roda da vida.”
Segundo Brás Cubas, sua obra foi influenciada por Tristram Shandy (1760/1767), de Laurence Steme, publicada
mais de um século antes de Memórias Póstumas de Brás Cubas.
O autor citado também utiliza um narrador que conta tudo o que vem à consciência. Da mesma forma, Machado
colocou Brás Cubas contando a história de sua vida em Memória Póstumas de Brás Cubas. Tristram interrompe o
discurso para dar opiniões, explicar cenas, definir termos. Fato comum na ficção machadiana, característica que
Machado utiliza no processo narrativo, quando o narrador dirige-se frequentemente ao leitor.
Em Um Episódio de 1814 (cap. XII. p. 24) existe uma referência a Antônio José da Silva (1705-1739), dramaturgo
nascido no Rio de Janeiro, que viveu em Portugal desde os oito anos. Conhecido por “Judeu”, tem suas peças
classificadas como óperas por pedirem acompanhamento musical.
O romance de Machado traz bons exemplos de polifonia.
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O que vem na próxima aula
• Distinções entre o texto literário e o não literário;
• a função estética e a função utilitária do texto;
• o plano da expressão e o plano do conteúdo;
• formas simbólicas de expressão cultural no discurso.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Observar as possibilidades de mais de um plano de significação;
• analisar a intertextualidade em diferentes tipos de texto;
• percebeu que no texto há uma virtualidade, possibilidades significativas.
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	Olá!
	1 O que é texto?
	2 Intertextualidade
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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