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2 - Dos direitos das crianças e dos adolescentes
2.1 A proteção dos direitos da criança e do adolescente em âmbito internacional
	O reconhecimento da criança e do adolescente como um sujeito de direitos, ou seja, como pessoa, na acepção de ser titular de direitos a serem protegidos pela família, pelo Estado e pela sociedade (tal como concebemos na atualidade) é algo recente na história de nossa sociedade.
	No decorrer da história se verifica que, no âmbito internacional, a preocupação legislativa com a proteção das crianças e dos adolescentes somente surgiu incipientemente com a Declaração de Genebra, no ano de 1924, após a Primeira Guerra Mundial. “Este documento, resultado da luta travada pela união internacional Salve as Crianças pelos direitos da infância, vislumbra que a proteção à infância deve abranger todos os aspectos da vida da criança (MATTIOLI; OLIVEIRA, 2013, p. 16).
	Foi após a Segunda Guerra Mundial que surgiu uma preocupação efetiva com a proteção das crianças e dos adolescentes. Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), em 1948, as Nações Unidas fizeram menção expressa a essa proteção, no artigo XXV, item 2: “A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio gozarão da mesma proteção social.” (ONU, 1948, grifos nossos).
 
	Somente no ano de 1990 esse documento foi oficializado como lei internacional, passando a vigorar obrigatoriamente e possuindo força coercitiva (UNICEF BRASIL, 2018b). No seu primeiro artigo, a Convenção define quem é criança: “Para efeitos da presente convenção considera-se como criança todo ser humano com menos de 18 anos de idade, a não ser que, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada antes” (ONU, 1989).
	A Convenção de 1989 estabeleceu um rol de direitos, entre eles: direito à vida (art. 6º); direito ao nome, à nacionalidade, a conhecer os pais e a ser cuidado por eles (art. 7º); direito à identidade (art. 8º), proteção ante a separação dos pais (art. 9º), à liberdade de expressão (art. 13), pensamento, consciência e crença (art. 14); proteção contra exploração e abuso sexual (art. 19); acesso a serviços de saúde e previdência social (art. 24, 25 e 26); direito à educação (art. 28); direito ao descanso e ao lazer (art. 31); proteção contra a exploração econômica, com a fixação de idade mínima para admissão em emprego (art. 32), entre outros.
	A par da Convenção sobre os Direitos da Criança, visando fortalecer o rol de medidas protetivas “no tocante à exploração econômica e sexual de crianças e no tocante à participação de crianças em conflitos armados, foram adotados, em 25 de maio de 2000, dois Protocolos Facultativos à Convenção” (PIOVESAN; PIROTTA, 2015, p. 462), por meio da Resolução A/RES/54/263 da Assembleia Geral das Nações Unidas: 
• Protocolo Facultativo sobre a Venda de Crianças, Prostituição e Pornografia Infantis; 
• Protocolo Facultativo sobre o Envolvimento de Crianças em Conflitos Armados. 
	Com o objetivo de controlar e fiscalizar os direitos enunciados na Convenção e visando cumprir o disposto no seu artigo 43, foi instituído o Comitê sobre os Direitos da Criança, ao qual “cabe monitorar a implementação da Convenção, por meio do exame de relatórios periódicos encaminhados pelos Estados-partes” (PIOVESAN; PIROTTA, 2015, p. 462). 
	O Brasil ratificou a Convenção sobre os Direitos da Criança em 24 de setembro de 1990 e promulgou-a no âmbito interno por meio do Decreto n. 99.710, de 21 de novembro de 1990, bem como ratificou os Protocolos Facultativos em 27 de janeiro de 2004.
	O Unicef atua em 191 países com o objetivo de ajudar a assegurar o respeito e proteção dos direitos da criança e do adolescente, trabalhando para (UNICEF BRASIL, 2018a): 
• Garantir que cada criança tenha um início de vida com saúde, proteção e educação, pois é nessa fase que se desenvolvem as habilidades essenciais para o futuro. 
• Promover a educação de garotas e assegurar a conclusão, pelo menos, da educação primária. 
• Assegurar que todas as crianças sejam vacinadas e estejam bem-nutridas. 
• Prevenir o avanço do HIV/aids entre crianças e adolescentes, oferecendo as ferramentas necessárias para que se protejam e protejam os outros, além de tratamento e cuidados adequados para aqueles afetados pelo vírus. 
• Envolver toda a sociedade na construção de ambientes seguros para as crianças e os adolescentes.
• Estar presente nas ações emergenciais sempre que a infância estiver ameaçada. 
• Garantir o cumprimento da Convenção sobre os Direitos da Criança. 
• Combater qualquer tipo de discriminação, especialmente as sofridas por meninas e mulheres. 
• Ajudar os países para que alcancem os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). 
• Assegurar a paz e a segurança. 
• Estimular a participação dos adolescentes nos processos de decisão em sua comunidade, em sua cidade, em seu estado e em seu país.
2.2 ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
	O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n. 8.069/90, é a consagração do disposto no artigo 227 da Constituição Federal de 1988: 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1988, grifos nossos)
Estatuto da Criança e Adolescente (ECA)
 
 
 
 
 
2.3 Combate ao trabalho infantil e à pedofilia 
2.3.1 Combate ao trabalho infantil
 De acordo com o relatório da UNICEF sobre os 25 anos do ECA, houve uma evolução positiva em relação ao combate ao trabalho infantil, sendo essa uma da grande conquistas do ECA. 
	O artigo 7º, inciso XXXIII, da Constituição Federal, dispõe sobre a questão do trabalho infantil nos seguintes termos: 
Art. 7.º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
 XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. (BRASIL, 1988)
	O artigo 67 do ECA proíbe o trabalho:
• Noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte, visando garantir o bom desenvolvimento físico dos adolescentes diante da necessidade de garantia de uma boa noite de sono.
• "Perigoso, insalubre ou penoso" e "realizado em locais prejudiciais à sua formação de seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social", como por exemplo, os vinculados a jogos, sexo, violência ou droga.
• Realizado em horários e locais que não permitam a frequência à escola, o que demonstra que a preocupação da legislação é maior com a educação do que com o trabalho.
PROGRAMAS DE COMBATE AO TRABALHO INFANTIL
 Programa Internacional para Eliminação do trabalho infantil (IPEC)
 Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil(FNPETI)
 Programa de Erradicação do trabalho Infantil (PETI)
 Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho infantil (CONAETI)
2.3.2 Combate à pedofilia
 A pedofilia é tratada como transtorno de personalidade, elencado entre os transtornos de preferência sexual pelo código Internacional de Doenças (CID 10-F65.4), que define a pedofilia como sendo uma "preferência sexual por crianças, meninos ou meninas ou ambos, geralmente na idade pré- puberal ou no início da puberdade" (DATASUS, 2016).
 A pedofilia inclui não só qualquer prática sexual entre adulto e crianças ou adolescente, como também a captura de imagens envolvendo crianças e adolescente em atos sexuais , o que se chama de pornografia infantil ou pedopornografia (CARDIN; BARRETO, 2009, p. 3985).
LEGISLAÇÃO:A legislação brasileira não é omissa: desde a nossa Constituição Federal há expressa disposição sobre o assunto, mais precisamente no seu artigo 227, parágrafo 4º: 
“A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente” (BRASIL, 1988).
 Código Penal:
 Art. 213- Estupro.
 Art.217 -A - Estupro de vulnerável.
 ECA: artigos 240 a 241-E - crime de produção de material pornográfico.
Lei Joanna Maranhão - altera o art. 111 do CP, incluindo o inciso V:
Art. 111 – A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: 
[...] 
V – nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.
A maioria dessas inovações legislativas são resultado da CPA da pedofilia:
leis que “tornaram mais rígidas a punição de pessoas envolvidas em práticas pedofílicas, a exemplo dos crimes de estupro de vulnerável e de produção de material pornográfico envolvendo criança e adolescentes, bem como a inclusão do abuso sexual de menores no rol dos crimes hediondos” (MACHADO, 2013 p. 50).

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