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2 - Interpretação da Lei Penal - (38) - Jan 2017 - ok

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Interpretação da Lei Penal 
 
 
Prof. Ms. Mauro Stürmer 
Conceito 
• Interpretar significa extrair da norma penal 
seu exato alcance e real significado. 
 
•O interprete deve buscar a real vontade da 
lei, desconsiderando – muitas vezes – 
quem a fez. 
Espécies de Interpretação 
I. Quanto ao Sujeito 
 
II. Quanto ao Meio 
 
III. Quanto ao Resultado 
Um (i) sujeito busca um (ii) meio de chegar a um (iii) resultado. 
Quanto ao Sujeito 
1. Autêntica 
2. Doutrinária 
3. Jurisprudencial 
Espécies de Interpretação 
•Autêntica ou Legislativa: feita pelo 
próprio órgão encarregado da elaboração 
da lei. 
•Exemplo: a própria lei explica do que é 
funcionário público para fins penais. 
•Vincula os Interpretes. 
 
Divisão 
•Contextual – nasce com a lei a ser 
esclarecida; 
 
•Posterior – nasce posterior a lei a lei que 
deve ser esclarecida. 
 
 
Espécies de Interpretação 
Doutrinária: feita pelos estudiosos do 
direito. 
◦Atenção: a exposição de motivos do CP 
é interpretação doutrinária e não 
autêntica. 
 
Espécies de Interpretação 
Judicial: feita pelos órgãos do poder 
judiciário (não é obrigatória). 
Cuidado: poderá ter caráter vinculante. 
 
 Súmulas Vinculantes ou decisões em controle de constitucionalidade. 
 
Quanto ao meio 
1. Gramatical/filológica 
2. Lógica/Teleológica 
3. Sistemática 
4. Histórica 
5. Progressiva 
Quanto ao meio 
•Gramatical/filológica: leva-se em conta o 
sentido literal das palavras. 
 
 
•Lógica ou Teleológica: busca-se a 
vontade da lei, atendendo-se aos seus fins 
no ordenamento jurídico. 
 
 
 
Quanto ao meio 
 
•Sistemática: analisa a coerência da lei 
com as demais normas do sistema, bem 
como em conjunto com os demais princípios 
de direito. 
 
Quanto ao meio 
•Histórica: analisa as condições e 
fundamento da origem da norma. 
 
•Busca investigar a sociedade na época da 
edição da norma. 
Quanto ao meio 
•Progressiva: busca o significado legal de 
acordo com o progresso da ciência. 
 
 
Quanto ao resultado 
1. Declarativa 
2. Restritiva 
3. Extensiva 
Quanto ao resultado 
•Declarativa: a letra da lei corresponde 
exatamente ao significado desejado pelo 
legislador. 
Espécies de Interpretação 
Restritiva: o legislador disse mais do que 
desejava dizer, cabendo ao interprete 
restringir seu significado. 
 
Exemplo 
• Artigo 28, I e II, do CP. 
• Emoção, a paixão não excluem a imputabilidade, respondendo o 
sujeito pelo crime praticado. 
• Deve ser interpretado restritivamente, somente persistindo a 
imputabilidade, caso esses estados não sejam considerados 
patológicos. Aplicar-se-á o artigo 26. 
• O intérprete restringir os casos às hipóteses em que não haja 
patologia. 
 
Quanto ao resultado 
•Extensiva: a Lei ficou aquém da vontade 
do legislador (disse menos do que 
desejava), cabendo ao interprete ampliar 
seu significado. 
 
É possível interpretação extensiva contra 
o réu? 
• Divergência 
• 1ª Corrente – é possível, o que deve o interprete fazer é buscar a fiel interpretação da lei. 
A CF não veda a interpretação extensiva. 
• 2ª Corrente – (LFG – Defensoria) não é possível. Na dúvida o juiz deve interpretar 
favoravelmente ao réu (traz para a interpretação o indubio pro reu – que é utilizado nas 
provas). 
• Cuidado: o estatuto de Roma (que criou o TPI), em seu art. 22, § 2º, anuncia que no caso de dúvida de interpretação essa 
deve ser favorável ao réu. 
• 3ª Corrente – Zaffaroni – com regra não cabe interpretação extensiva contra o réu, exceto 
quando dessa interpretação resultar em notória irracionalidade (aqui traduzida como sendo 
caso de ofensa ao princípio da proteção ineficiente). Ex.: o art. 157 do CP em seu § 2ª, 
aumenta a pena quando há emprego de “arma” (qual arma?) 
• 1ª) Nucci – arma em sentido amplo (arma de fogo, qualquer instruimento que sirva para o ataque (faca 
de cozinha) 
• 2ª) Arma (Estatuto de Roma) – só que foi criado com finalidade bélica 
• 3ª) para não gerar proteção ineficiente até faca de cozinha é arma, mas arma de brinquedo não é arma 
Interpretação Analógica 
•É intralegem (dentro da lei) 
•O texto traz um cláusula genérica, após trazer uma 
fórmula casuística. 
 
• Ex.: Homicídio qualificado 
• Art. 121, § 2° Se o homicídio é cometido: 
• I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro 
motivo torpe; 
• IV – “outro recurso que dificultem ou torne difícil a defesa da vítima” 
Interpretação Analógica 
•Art. 121, §2º, III - com emprego de veneno, 
fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro 
meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum; 
Analogia 
•Não é forma de interpretação, mas sim de 
integração, pois serve para suprir 
lacunas legislativas. 
•Nada mais é do que a utilização de lei para 
outro caso semelhante. 
•Fundamento: “Onde está a mesma razão, 
aplica-se o mesmo direito.” 
Pressupostos para utilização da 
analogia em direito penal 
1. Que seja favorável ao réu. In bonan partem 
 
2. Existência de uma efetiva lacuna (omissão involuntária do legislador) 
- Silêncio eloquente do legislador. 
- Art. 181 do CP não abrange “união estável” em face de uma omissão 
involuntária. 
- Assim: 
- Beneficia o réu 
- E houve uma omissão involuntária 
- Aplica-se a analogia 
Cuidado 
• Já o artigo 155, § 2º do CP trata do furto 
privilegiado (assim como a receptação (art. 180), 
apropriação indébita privilegiada (art. 168) e 
estelionato privilegiado (art. 171) e não tenho no 
roubo (art. 157). Neste último houve silêncio 
legislador, mas esse foi voluntário (não quis dar ao 
roubo a privilegiadora (em função da violência ou 
grave ameaça). Assim, ainda que favorecendo o 
réu não se aplica a analogia. 
Espécies de Analogia 
•Legal – utiliza a analogia tendo por base 
outra disposição legal para caso 
semelhante. 
 
•Jurídica: utiliza um princípio geral de 
direito. 
 
Espécies de Analogia 
• In Bonam partem: aplica-se ao caso 
omisso um lei que beneficia o réu. 
 
• In malam partem: consiste em aplicar a 
um caso concreto uma lei que irá 
prejudicar o réu. 
• Associação para o tráfico não é hediondo (lei 8.072/90 ) 
Quadro comparativo 
Interpretação 
analógica 
Interpretação 
Extensiva 
Analogia 
Forma de 
interpretação 
Forma de 
interpretação 
Não é forma de 
interpretação. É 
forma de integração. 
Existe norma para o 
caso concreto. 
Existe norma. Cria-se uma norma. 
Existe um exemplo, 
seguido de uma 
fórmula genérica. 
Ex.: art. 121 
Amplia-se o alcance 
da norma. 
Ex.: arma (art. 157) 
Requisitos: 
- In bonan partem 
- Omissão 
involuntária do 
legislador 
Ex.: Art. 180 (união 
estável) 
 
 
 
•Aplicação em concurso 
Pode-se afirmar que a interpretação teleológica: 
 
• A) é a realizada adaptando a lei às necessidades e concepções do 
presente, seguindo o progresso da humanidade. 
• B) é aquela em que o legislador, ao descrever uma conduta (preceito 
primário), prescreve hipótese exemplificativa, permitindo ao intérprete a 
aplicação aos casos análogos. 
• C) consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição 
relativa a um caso semelhante 
• D) provém do próprio órgão do qual emana a lei, podendo ser no próprio 
texto (contextual) ou posterior, ou seja, por meio de uma lei nova. 
• E) busca a vontade ou intenção objetiva da lei, valendo-se dos 
elementos ratio legis, sistemáticos, históricos, Direito Comparado ou 
Extrapenal e Ciências Extrajurídicas. 
Pode-se afirmar que a interpretação teleológica: 
 
• A) é a realizada adaptando a lei às necessidades e concepções do 
presente, seguindo o progresso da humanidade. 
• B) é aquela em que o legislador, ao descrever uma conduta (preceito 
primário), prescreve hipótese exemplificativa, permitindo ao intérprete a 
aplicação aos casos análogos. 
• C) consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição 
relativa a um casosemelhante 
• D) provém do próprio órgão do qual emana a lei, podendo ser no próprio 
texto (contextual) ou posterior, ou seja, por meio de uma lei nova. 
• E) busca a vontade ou intenção objetiva da lei, valendo-se dos 
elementos ratio legis, sistemáticos, históricos, Direito Comparado ou 
Extrapenal e Ciências Extrajurídicas. 
Em relação à interpretação da norma penal, é CORRETO 
afirmar: 
• A) O Direito Penal veda o uso da interpretação analógica em 
desfavor do réu. 
• B) O resultado da interpretação da norma penal 
necessariamente será declarativo. 
• C) A interpretação autêntica vincula o entendimento dos 
demais intérpretes e operadores do Direito Penal. 
• D) A interpretação gramatical ou literal é a única admitida em 
matéria penal em relação às normas penais incriminadoras. 
Em relação à interpretação da norma penal, é CORRETO 
afirmar: 
• A) O Direito Penal veda o uso da interpretação analógica 
em desfavor do réu. 
• B) O resultado da interpretação da norma penal 
necessariamente será declarativo. 
• C) A interpretação autêntica vincula o entendimento 
dos demais intérpretes e operadores do Direito Penal. 
• D) A interpretação gramatical ou literal é a única admitida 
em matéria penal em relação às normas penais 
incriminadoras. 
•A exposição de motivos do CP é típico 
exemplo de interpretação autêntica 
contextual. 
•( ) certo ( ) errado 
•A exposição de motivos do CP é típico 
exemplo de interpretação autêntica 
contextual. 
•( ) certo ( x ) errado 
•Se o presidente do STF, em palestra 
proferida em seminário para magistrados de 
todo o Brasil, interpreta uma lei penal 
recém-publicada, essa interpretação é 
considerada interpretação judicial. 
•( ) certo ( ) errado 
•Se o presidente do STF, em palestra 
proferida em seminário para magistrados 
de todo o Brasil, interpreta uma lei penal 
recém-publicada, essa interpretação é 
considerada interpretação judicial. 
•( ) certo ( x ) errado 
•A lei penal admite interpretação analógica, 
recurso que permite a ampliação do 
conteúdo da lei penal, através da indicação 
de fórmula genérica pelo legislador. 
•( ) certo ( ) errado 
•A lei penal admite interpretação analógica, 
recurso que permite a ampliação do 
conteúdo da lei penal, através da indicação 
de fórmula genérica pelo legislador. 
•( x ) certo ( ) errado

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