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Interpretação da Lei Penal Prof. Ms. Mauro Stürmer Conceito • Interpretar significa extrair da norma penal seu exato alcance e real significado. •O interprete deve buscar a real vontade da lei, desconsiderando – muitas vezes – quem a fez. Espécies de Interpretação I. Quanto ao Sujeito II. Quanto ao Meio III. Quanto ao Resultado Um (i) sujeito busca um (ii) meio de chegar a um (iii) resultado. Quanto ao Sujeito 1. Autêntica 2. Doutrinária 3. Jurisprudencial Espécies de Interpretação •Autêntica ou Legislativa: feita pelo próprio órgão encarregado da elaboração da lei. •Exemplo: a própria lei explica do que é funcionário público para fins penais. •Vincula os Interpretes. Divisão •Contextual – nasce com a lei a ser esclarecida; •Posterior – nasce posterior a lei a lei que deve ser esclarecida. Espécies de Interpretação Doutrinária: feita pelos estudiosos do direito. ◦Atenção: a exposição de motivos do CP é interpretação doutrinária e não autêntica. Espécies de Interpretação Judicial: feita pelos órgãos do poder judiciário (não é obrigatória). Cuidado: poderá ter caráter vinculante. Súmulas Vinculantes ou decisões em controle de constitucionalidade. Quanto ao meio 1. Gramatical/filológica 2. Lógica/Teleológica 3. Sistemática 4. Histórica 5. Progressiva Quanto ao meio •Gramatical/filológica: leva-se em conta o sentido literal das palavras. •Lógica ou Teleológica: busca-se a vontade da lei, atendendo-se aos seus fins no ordenamento jurídico. Quanto ao meio •Sistemática: analisa a coerência da lei com as demais normas do sistema, bem como em conjunto com os demais princípios de direito. Quanto ao meio •Histórica: analisa as condições e fundamento da origem da norma. •Busca investigar a sociedade na época da edição da norma. Quanto ao meio •Progressiva: busca o significado legal de acordo com o progresso da ciência. Quanto ao resultado 1. Declarativa 2. Restritiva 3. Extensiva Quanto ao resultado •Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente ao significado desejado pelo legislador. Espécies de Interpretação Restritiva: o legislador disse mais do que desejava dizer, cabendo ao interprete restringir seu significado. Exemplo • Artigo 28, I e II, do CP. • Emoção, a paixão não excluem a imputabilidade, respondendo o sujeito pelo crime praticado. • Deve ser interpretado restritivamente, somente persistindo a imputabilidade, caso esses estados não sejam considerados patológicos. Aplicar-se-á o artigo 26. • O intérprete restringir os casos às hipóteses em que não haja patologia. Quanto ao resultado •Extensiva: a Lei ficou aquém da vontade do legislador (disse menos do que desejava), cabendo ao interprete ampliar seu significado. É possível interpretação extensiva contra o réu? • Divergência • 1ª Corrente – é possível, o que deve o interprete fazer é buscar a fiel interpretação da lei. A CF não veda a interpretação extensiva. • 2ª Corrente – (LFG – Defensoria) não é possível. Na dúvida o juiz deve interpretar favoravelmente ao réu (traz para a interpretação o indubio pro reu – que é utilizado nas provas). • Cuidado: o estatuto de Roma (que criou o TPI), em seu art. 22, § 2º, anuncia que no caso de dúvida de interpretação essa deve ser favorável ao réu. • 3ª Corrente – Zaffaroni – com regra não cabe interpretação extensiva contra o réu, exceto quando dessa interpretação resultar em notória irracionalidade (aqui traduzida como sendo caso de ofensa ao princípio da proteção ineficiente). Ex.: o art. 157 do CP em seu § 2ª, aumenta a pena quando há emprego de “arma” (qual arma?) • 1ª) Nucci – arma em sentido amplo (arma de fogo, qualquer instruimento que sirva para o ataque (faca de cozinha) • 2ª) Arma (Estatuto de Roma) – só que foi criado com finalidade bélica • 3ª) para não gerar proteção ineficiente até faca de cozinha é arma, mas arma de brinquedo não é arma Interpretação Analógica •É intralegem (dentro da lei) •O texto traz um cláusula genérica, após trazer uma fórmula casuística. • Ex.: Homicídio qualificado • Art. 121, § 2° Se o homicídio é cometido: • I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; • IV – “outro recurso que dificultem ou torne difícil a defesa da vítima” Interpretação Analógica •Art. 121, §2º, III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; Analogia •Não é forma de interpretação, mas sim de integração, pois serve para suprir lacunas legislativas. •Nada mais é do que a utilização de lei para outro caso semelhante. •Fundamento: “Onde está a mesma razão, aplica-se o mesmo direito.” Pressupostos para utilização da analogia em direito penal 1. Que seja favorável ao réu. In bonan partem 2. Existência de uma efetiva lacuna (omissão involuntária do legislador) - Silêncio eloquente do legislador. - Art. 181 do CP não abrange “união estável” em face de uma omissão involuntária. - Assim: - Beneficia o réu - E houve uma omissão involuntária - Aplica-se a analogia Cuidado • Já o artigo 155, § 2º do CP trata do furto privilegiado (assim como a receptação (art. 180), apropriação indébita privilegiada (art. 168) e estelionato privilegiado (art. 171) e não tenho no roubo (art. 157). Neste último houve silêncio legislador, mas esse foi voluntário (não quis dar ao roubo a privilegiadora (em função da violência ou grave ameaça). Assim, ainda que favorecendo o réu não se aplica a analogia. Espécies de Analogia •Legal – utiliza a analogia tendo por base outra disposição legal para caso semelhante. •Jurídica: utiliza um princípio geral de direito. Espécies de Analogia • In Bonam partem: aplica-se ao caso omisso um lei que beneficia o réu. • In malam partem: consiste em aplicar a um caso concreto uma lei que irá prejudicar o réu. • Associação para o tráfico não é hediondo (lei 8.072/90 ) Quadro comparativo Interpretação analógica Interpretação Extensiva Analogia Forma de interpretação Forma de interpretação Não é forma de interpretação. É forma de integração. Existe norma para o caso concreto. Existe norma. Cria-se uma norma. Existe um exemplo, seguido de uma fórmula genérica. Ex.: art. 121 Amplia-se o alcance da norma. Ex.: arma (art. 157) Requisitos: - In bonan partem - Omissão involuntária do legislador Ex.: Art. 180 (união estável) •Aplicação em concurso Pode-se afirmar que a interpretação teleológica: • A) é a realizada adaptando a lei às necessidades e concepções do presente, seguindo o progresso da humanidade. • B) é aquela em que o legislador, ao descrever uma conduta (preceito primário), prescreve hipótese exemplificativa, permitindo ao intérprete a aplicação aos casos análogos. • C) consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição relativa a um caso semelhante • D) provém do próprio órgão do qual emana a lei, podendo ser no próprio texto (contextual) ou posterior, ou seja, por meio de uma lei nova. • E) busca a vontade ou intenção objetiva da lei, valendo-se dos elementos ratio legis, sistemáticos, históricos, Direito Comparado ou Extrapenal e Ciências Extrajurídicas. Pode-se afirmar que a interpretação teleológica: • A) é a realizada adaptando a lei às necessidades e concepções do presente, seguindo o progresso da humanidade. • B) é aquela em que o legislador, ao descrever uma conduta (preceito primário), prescreve hipótese exemplificativa, permitindo ao intérprete a aplicação aos casos análogos. • C) consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição relativa a um casosemelhante • D) provém do próprio órgão do qual emana a lei, podendo ser no próprio texto (contextual) ou posterior, ou seja, por meio de uma lei nova. • E) busca a vontade ou intenção objetiva da lei, valendo-se dos elementos ratio legis, sistemáticos, históricos, Direito Comparado ou Extrapenal e Ciências Extrajurídicas. Em relação à interpretação da norma penal, é CORRETO afirmar: • A) O Direito Penal veda o uso da interpretação analógica em desfavor do réu. • B) O resultado da interpretação da norma penal necessariamente será declarativo. • C) A interpretação autêntica vincula o entendimento dos demais intérpretes e operadores do Direito Penal. • D) A interpretação gramatical ou literal é a única admitida em matéria penal em relação às normas penais incriminadoras. Em relação à interpretação da norma penal, é CORRETO afirmar: • A) O Direito Penal veda o uso da interpretação analógica em desfavor do réu. • B) O resultado da interpretação da norma penal necessariamente será declarativo. • C) A interpretação autêntica vincula o entendimento dos demais intérpretes e operadores do Direito Penal. • D) A interpretação gramatical ou literal é a única admitida em matéria penal em relação às normas penais incriminadoras. •A exposição de motivos do CP é típico exemplo de interpretação autêntica contextual. •( ) certo ( ) errado •A exposição de motivos do CP é típico exemplo de interpretação autêntica contextual. •( ) certo ( x ) errado •Se o presidente do STF, em palestra proferida em seminário para magistrados de todo o Brasil, interpreta uma lei penal recém-publicada, essa interpretação é considerada interpretação judicial. •( ) certo ( ) errado •Se o presidente do STF, em palestra proferida em seminário para magistrados de todo o Brasil, interpreta uma lei penal recém-publicada, essa interpretação é considerada interpretação judicial. •( ) certo ( x ) errado •A lei penal admite interpretação analógica, recurso que permite a ampliação do conteúdo da lei penal, através da indicação de fórmula genérica pelo legislador. •( ) certo ( ) errado •A lei penal admite interpretação analógica, recurso que permite a ampliação do conteúdo da lei penal, através da indicação de fórmula genérica pelo legislador. •( x ) certo ( ) errado
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