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Estágio Supervisionado na Licenciatura em Ciências Biológicas

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O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO DE LICENCIATURA EM 
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DO CESUPA: CONTRIBUIÇÕES PARA 
FORMAÇÃO DO PROFESSOR-REFLEXIVO 
 
CASTRO, Sinaida Maria Vasconcelos de – UEPA/ CESUPA 
adianis41@hotmail.com 
 
REIS JÚNIOR, Leandro Passarinho - UFPA 
lpassarinho@hotmail.com 
 
Eixo Temático: Didática: Práticas e Estágios nas Licenciaturas 
Agência Financiadora: não contou com financiamento 
 
Resumo 
 
O presente trabalho propõe-se a refletir sobre a experiência que vem sendo desenvolvida no 
Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Centro Universitário do Pará – CESUPA, 
no sentido de ressignificar o Estágio Supervisionado desenvolvido pelos alunos-estagiários 
desse Curso, por meio da inserção dos licenciandos em diferentes espaços de educação 
formal, além do exercício de práticas que pretendem ir além dos formatos tradicionais de 
estágio. Nesse artigo serão apresentados os elementos que norteiam a realização do Estágio 
Supervisionado e a reflexão sobre algumas das atividades desenvolvidas pelos alunos-
estagiários. Dentre as atividades desenvolvidas serão destacadas as experiências vivenciadas 
durante a realização dos Seminários Integrados e a elaboração dos Diários de Aulas. Os 
Seminários Integrados constituem atividades em torno de temáticas analisadas sob a óptica 
de diversas disciplinas do curso, buscando articular–se com seu contexto de produção e 
promovendo uma constante reflexão ao longo das etapas desse processo. Os Diários de Aulas 
se apresentam como um meio dos alunos-estagiários registrarem suas experiências com a 
vivência diária do estágio, e refletir sobre elas, constituindo-se em um instrumento que 
pretende oportunizar o registro e a análise constante de seu próprio aprendizado. O relato das 
experiências vivenciadas colocadas em diálogo com autores que discutem as questões 
relativas ao papel do estágio supervisionado na formação de professores, numa perspectiva do 
profesor-reflexivo nos leva a concluir que o redimensionamento do estágio tem levado ao 
enfrentamento de dificuldades como a resistência de alguns alunos-estagiários e professores-
titulares das turmas em que se desenvolve o estágio. Entretanto, como resultado final pode-se 
perceber que, esta situação que ora se impõe como desafio, ora como possibilidades, tem 
favorecido um debate que vem propiciando uma melhoria na qualidade da formação dos 
professores, ao lhes possibilitar ainda na formação inicial o exercício de atividades 
integradoras entre as disciplinas e vivência de uma prática reflexiva. 
 
Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Formação de Professores. Licenciatura em 
Biologia. 
10433 
 
 
Introdução 
Ao longo do século XX a lógica da estruturação dos cursos de Licenciatura estava 
fundamentada na concepção epistemológica da racionalidade técnica, de acordo com a qual a 
teoria é colocada de um lado e a prática de outro, configurando-se uma relação de 
subordinação das disciplinas pedagógicas – consideradas as disciplinas práticas, em 
detrimento das teóricas – consideradas as disciplinas científicas. Esse formato que ficou 
conhecido como 3 + 1, significando os três anos iniciais do curso que correspondiam a 
formação teórica e 1 ano, final, de prática, representado pelas disciplinas pedagógicas, 
incluindo o Estágio Supervisionado. 
Esse modelo, 3 + 1, foi bastante discutido e criticado no final do século XX por vários 
estudiosos da área, como Pérez Gomes (1992, p.98), que descreve essa visão curricular 
dicotômica da seguinte maneira: 
Os currículos são normativos, com a seqüência de conhecimentos dos princípios 
científicos relevantes, seguidos da aplicação destes princípios e de um practicum, 
cujo objetivo é aplicar na prática cotidiana os princípios da ciência estudada. Dentro 
da racionalidade técnica o desenvolvimento de competências profissionais deve 
colocar-se, portanto após o conhecimento científico básico e aplicado, pois não é 
possível aprender competências e capacidades de aplicação antes do conhecimento 
aplicável. 
Piconez (1998) corrobora o posicionamento de Pérez Gomes ao considerar a 
concepção, temporal e funcional, que configura a disciplina Estágio Supervisionado nos 
currículos dos cursos de licenciatura como: uma disciplina de complementação, ou seja, a ser 
realizada no final do curso com a função de oportunizar que o licenciando colocasse em 
prática o que foi aprendido anteriormente, ou seja, para “complementar” a sua formação. 
Os reflexos desses debates rebateram na elaboração da nova Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Brasileira - LDB 9394/96, que atendendo aos anseios dos sujeitos envolvidos no 
processo de pesquisa e formação de professores, propõe novas diretrizes para o Estágio 
Supervisionado, concebendo-o como componente curricular articulado e orientado pelos 
princípios da relação teoria e prática, e caracterizado pela relação entre as especificidades de 
discussão dos aspectos básicos dos conteúdos específicos (de cada curso: Biologia, Química, 
Física, etc.) e das teorias da aprendizagem aplicadas em forma de ensino, pesquisa e extensão. 
10434 
 
 
A obrigatoriedade do estágio curricular na formação profissional está definida na 
legislação federal LDB 9394/96 e nos atos normativos dali originados. Mais especificamente 
identifica-se sua normatização no Parecer CNE/CP 27/2001, que estabelece que o estágio 
curricular supervisionado deve ser realizado em escolas de educação básica, e no Parecer 
CNE/CP 28/2001, que prevê que o Estágio Supervisionado deve ser vivenciado durante o 
curso de formação e com tempo suficiente para abordar as diferentes dimensões da atuação 
profissional. 
No presente artigo apresentaremos a proposta de trabalho desenvolvida por 
professores de Estágio e de outras disciplinas do Curso de Licenciatura em ciências 
Biológicas do CESUPA (Centro Universitário do Pará), refletindo sobre as dificuldades 
enfrentadas, bem como sobre a superação dessas dificuldades e os aspectos positivos no que 
se refere a construção de uma identidade docente a partir de uma formação inicial pautada na 
vivência de práticas reflexivas e interdisciplinares. 
O Estágio Supervisionado no Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas – CESUPA: 
princípios e objetivos 
O Estágio Supervisionado visa inserir o aluno do curso de Licenciatura em Ciências 
Biológicas no contexto de espaços educativos, para que através dessa vivência, possam 
percebê-los como espaços múltiplos de organização e desenvolvimento do trabalho 
pedagógico. 
As ações do estágio supervisionado são desenvolvidas em quatro momentos distintos 
(5o, 6o, 7o e 8o semestres), em espaços educativos diversos, de maneira a possibilitar aos 
alunos-estagiários o contato com diferentes realidades pedagógicas (CASTRO, 2006). Assim 
sendo as atividades são desenvolvidas da seguinte maneira: 
a) Estágio Supervisionado I (5o sem.)– Escola pública – ensino fundamental 
(Ciências – 6º. ao 9º. ano) 
b) Estágio Supervisionado II (6o sem.) – Escola particular – ensino fundamental 
(Ciências – 6º. ao 9º. ano) 
c) Estágio Supervisionado III (7o sem.) – Escola pública – ensino médio (Biologia – 
1o ao 3o ano) 
d) Estágio Supervisionado IV (8o sem.) – Escola particular – ensino médio (Biologia 
– 1o ao 3o ano) 
10435 
 
 
O Estágio Supervisionado tem como objetivos: 
a) Proporcionar ao aluno-estagiário as vivências inerentes ao contexto dos espaços 
educativos (relação professor-aluno; organização do espaço de ensino e de 
aprendizagem; currículo; atendimento às diferenças; estratégias e procedimentos 
de ensino; avaliação da aprendizagem); 
b) Promover uma reflexão critica sobre o fazer pedagógico; 
c) Desenvolver regências de aulas como preparação teórico-metodológica para 
futura atuação profissional; 
d) Estimular e promover a reflexão e a vivência de procedimentos metodológicos no 
processo ensino-aprendizagem que propiciem uma prática dinâmica e inovadora; 
e) Realizar intercâmbio eparcerias com instituições escolares públicas e privadas 
para conhecimento de projetos educativos desenvolvidas pelas mesmas. 
Visando alcançar os objetivos propostos os diferentes períodos do Estágio têm uma 
meta em comum que é: observação e participação do contexto educativo a partir de elementos 
como: o projeto político-pedagógico, o planejamento da ação didática, as estratégias e 
procedimentos de ensino-aprendizagem, a relação professor-aluno e a questão da ética no 
trabalho docente, nos diferentes níveis e redes de ensino. Mas, possuem também metas 
específicas para cada período que são: 
a) Estágio Supervisionado I – Elabora e implementa um projeto de pesquisa sobre o 
ensino e a aprendizagem de Ciências Naturais; 
b) Estágio Supervisionado II - Contextualiza a prática docente por meio de regências 
de classe; 
c) Estágio Supervisionado III- Elabora e aplica projetos para o ensino e a 
aprendizagem de Biologia; 
d) Estágio Supervisionado IV - Elabora e executa de um projeto de intervenção. 
O Estágio Supervisionado no Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas – CESUPA: 
experiências e reflexões 
Nesta sessão abordaremos duas experiências executadas ao longo da realização do 
estágio supervisionado do Curso abordando suas naturezas, aplicações, dificuldades e êxitos, 
bem como sua colaboração no processo de construção da identidade docente dos licenciandos 
em Biologia. 
10436 
 
 
Os Seminários Integrados: uma experiência interdisciplinar 
Os Seminários Integrados apresentam-se como possibilidade de uma vivência 
interdisciplinar, contextualizada e reflexiva, na medida em que permitem a realização de 
atividades em torno de temáticas analisadas sob a óptica de diversas disciplinas do curso, 
buscando articular–se com seu contexto de produção e promovendo uma constante reflexão 
ao longo das etapas desse processo. Os trabalhos devem ser estruturados de modo que o aluno 
demonstre ser capaz de abordar os temas sob o enfoque das diversas disciplinas, integrando-
as. 
O Seminário Integrado III, de acordo com o que está previsto no Projeto do Curso, por 
se realizar no 5º. Período, no qual se dá o ingresso efetivo dos licenciandos nas escolas 
através do Estágio Supervisionado I, deve ter como produto atividades nas escolas. E foi 
nessa perspectiva que o Seminário Integrado III, trabalhou a Produção de Modelos Didáticos, 
a serem confeccionados a partir da Temática: Briófitas como Habitat para Invertebrados. 
A realização desse seminário envolveu as seguintes disciplinas: Estágio 
Supervisionado I, Prática Docente V: Identidade dos Seres Vivos, Prática em Educação 
Ambiental, Seres Vivos III: Plantas Criptógamas e Seres Vivos IV: Parazoa, Radiata e 
Protostomados. E teve como objetivos: exercitar o método de pesquisa científica, assim como 
a prática docente; desenvolver uma prática docente voltada para integração entre as 
disciplinas; promover articulação entre os conteúdos trabalhados em sala e o contexto em que 
ocorrem; estimular a reflexão e análise dos assuntos abordados; estimular a interação dos 
alunos através do trabalho de equipe, assim como dos alunos e professores através da 
orientação acadêmica; conceber, construir e administrar situações de aprendizagem e de 
ensino adequadas à disseminação do saber científico produzido. 
Os trabalhos foram desenvolvidos por equipes estruturadas de acordo com o campo de 
estágio em que estavam lotados os alunos, portanto, sendo 05 (cinco) as escolas para o estagio 
I resultaram em 05 (cinco) grupos. A partir da temática Briófitas como Habitat para 
Invertebrados, foram definidos os 05 (cinco) sub-temas a serem trabalhados por cada uma 
das equipes. Os sub-temas foram os seguintes: Briófitas como habitat para Rotífera; 
Briófitas como habitat para Nematoda; Briófitas como habitat para Annelida; Briófitas como 
habitat para Insecta (Arthropoda); e Briófitas como habitat para Arachnida (Arthropoda). 
O trabalho foi desenvolvido pelas equipes obedecendo às seguintes etapas: 
10437 
 
 
a) Elaboração de um mini-projeto para confecção do Modelo, em que deveria conter 
informações como: tema, sub-tema, objetivos, material utilizado e instruções para 
confecção e aplicação. Foi recomendado aos alunos que utilizassem 
prioritariamente material reciclável e/ou reutilizável; 
b) Confecção dos Modelos Didáticos; 
c) Apresentação Prévia para as professoras responsáveis pelo Seminário e para a 
turma; 
d) Aplicação dos Modelos Didáticos, em aulas ministradas pelos estagiários, nas 
turmas de 6ª. Série das Escolas – Campos de Estágio, versando sobre o 
Tema/Sub-tema; 
e) Elaboração de Relatório contendo basicamente: introdução, revisão bibliográfica, 
relato das atividades realizadas e análise crítica da atividade; 
f) Exposição Interativa dos Modelos Didáticos e Relato da Experiência no 
CESUPA. 
Os materiais produzidos variaram não só em função da (sub)temática, mas também do 
material utilizado, da sua estrutura, tamanho, representatividade e etc. Em todas as etapas do 
processo de construção e aplicação do material, assim como no momento de socialização das 
experiências, os alunos foram assessorados pela equipe de professoras responsáveis pelo 
Seminário. Esse assessoramento se deu a partir dos encontros periódicos para orientação 
acadêmica, onde foram apresentados e discutidos: os mini-projetos, as versões preliminares 
dos modelos, os relatórios, etc. As professoras orientadoras dos seminários também se 
alternaram nas escolas para acompanhar a apresentação do material durante as aulas e 
acompanharam em conjunto o momento de socialização no CESUPA. 
De uma maneira geral os Seminários Integrados de que temos participado (orientado), 
ou que temos acompanhado (assistido), tem tido uma avaliação positiva por parte da maioria 
dos atores envolvidos, porque se revelam como momento de criação e integração, que 
permitem experiências de interdisciplinaridade, considerando que “A interdisciplinaridade 
está no âmago de cada disciplina. As disciplinas não são fatias do conhecimento, mas a 
realização da unidade do saber nas particularidades de cada uma.(GADOTTI-BARCELLOS, 
1993, p.31) 
O caso particular do Seminário Integrado III, aqui apresentado, nos permitiu vivenciar 
com nossas colegas professoras e com nossos alunos-estagiários inúmeras experiências e 
10438 
 
 
situações, que transitaram entre o conflito, a perplexidade e a satisfação. Dentre todos os 
momentos vividos destacamos como os mais ricos, sob o nosso ponto de vista: a apresentação 
dos modelos nas escolas e a exposição interativa no CESUPA. 
O momento de apresentação do material para as turmas nas escolas representou 
inicialmente um momento de tensão para muitos dos alunos-estagiários que estavam pela 
primeira vez assumindo uma turma na condução de uma aula, entretanto passado esse 
momento de tensão inicial, o que pode se constatar, pela observação direta ou pelos relatos 
apresentados, foi o sentimento de entusiasmo e realização que predominou no momento da 
análise crítica nos relatórios, e que pode ser ilustrada por manifestações como: 
Ao desenvolver-se a atividade em sala de aula com os alunos, pode-se perceber que 
eles não estavam buscando respostas fáceis ou receitas, mas estavam desejando 
serem desafiados intelectualmente e reconhecidos pelo que sabem e o que são 
capazes de fazer. (Grupo de Briófitas como habitat para Arachnida) As crianças 
na segunda atividade, que era construir os personagens da história com massa de 
modelar, na maioria cooperou positivamente, já que ficaram fascinados com a 
dinâmica [...] muitos surpreenderam criando seus próprios modelos. (Grupo de 
Briófitas como habitat para Rotífera) 
Essas manifestações que parecem revelar uma aprendizagem dos conhecimentos 
científicos em sala de aula como um desafio prazeroso, significativo para todos, tanto para o 
professor quanto para o conjunto de alunos que compõem a turma (DELIZOICOV, 2002,p.153) 
A Exposição Interativa, momento de apresentação para comunidade acadêmica em 
geral, no CESUPA, também representou momento de partilha e construção de conhecimento 
para todos, na medida em que permitiu além da divulgação do material produzido, a reflexão 
de todo processo de construção e aplicação dos Modelos, contribuindo significativamente 
para formação desses futuros professores, ao lhes oportunizar uma ação reflexiva sobre sua 
própria prática. 
Os Seminários Integrados desde sua origem vem representando um momento de 
encontro e reflexão para os professores e alunos do Curso, já tendo sofrido ajustes no sentido 
de se adaptar as exigências e necessidades da comunidade acadêmica, consolidando-se cada 
vez mais como atividade desafiadora e por isso mesmo enriquecedora para ação educativa dos 
professores formadores e dos professores em formação. 
10439 
 
 
Os Diários de Aulas 
Os Diários de Aulas representam mais uma das atividades desenvolvidas pelos alunos 
do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas durante a realização do Estágio 
Supervisionado. E se apresenta como um meio dos alunos-estagiários registrarem suas 
experiências com a vivência diária do estágio, e refletir sobre elas, constituindo-se em um 
instrumento que pretende oportunizar o registro e a análise constante de seu próprio 
aprendizado. Como o nome diz, trata-se de um diário, a ser preenchido ao longo do trabalho 
do semestre, com riqueza de detalhes que caracterizam cada um dos momentos vividos, isto 
inclui: datas, locais, atividades, descobertas, dúvidas, idéias novas que tenham lhe ocorrido e 
suas reflexões. 
O diários de aulas ao constituírem um conjunto de narrações que refletem as 
perspectivas do professor, nas dimensões objetiva e subjetiva, sobre os processos mais 
significativos da sua ação, possibilita uma perspectiva diacrônica das situações vividas pelo 
professor e, portanto, da sua evolução e desenvolvimento profissional num determinado 
período de tempo (ZABALZA, 2004). Além disso, o diário de aula pode ser considerado uma 
das estratégias com possibilidades de contribuir significativamente para a formação de 
professores, na medida em que ao associar a escrita a atividade reflexiva, permite ao professor 
uma observação mais profunda dos acontecimentos da prática. 
A construção dos diários de aula se processa de maneira individual, devendo cada um 
dos alunos-estagiários efetuar o registro detalhado de fatos, práticas, experiências vivenciadas, 
condições estruturais e pedagógicas, relações interpessoais, e todos os demais elementos que 
permeiam o contexto escolar em que os estagiários se encontram inseridos. A cada um dos 
aspectos apresentados deve-se associar uma reflexão, que deverá inclusive estar ancorada a 
uma referência bibliográfica que possa lhe dar suporte. 
Os diários elaborados devem ser discutidos em sala de aula, na faculdade, com o 
professor-supervisor do estágio, e em algumas situações socializados com a turma para debate 
e reflexões. Esses momentos de debate têm se mostrado bastante frutíferos na medida em que 
promovem um intercâmbio de experiências capaz de identificar pontos em comum, que 
permitem que os sujeitos desconstruam impressões de singularidade da situação vivenciada, 
passando a encará-las com maior naturalidade, e conseqüentemente, aumentando a segurança 
para seu enfrentamento. Percebe-se, também, que o processo de debate e reflexão em grupo 
propicia um avanço no processo de reflexão dos diários elaborados subseqüentes. 
10440 
 
 
É nessa perspectiva que a equipe de professores do Estágio Supervisionado vem 
trabalhando junto aos alunos-estagiários a proposta de elaboração dos diários, por entendê-los 
como estratégia capaz de desencadear o processo a que Schon (1995) designou como 
"reflexão sobre a reflexão na ação", que seria o olhar retrospectivamente para a ação e refletir 
sobre o momento da reflexão na ação: o que aconteceu, o que o professor observou, que 
significados atribuiu e que outros significados pode atribuir ao que aconteceu. 
Alguns alunos têm apresentado dificuldades em construir diários que expressem esse 
nível de reflexão, mas o que se pode perceber é que com o avanço dos períodos, e a 
conseqüente vivência dessa prática, ocorre um amadurecimento desses profissionais em 
formação, como podemos observar ao analisar os diários de um mesmo estagiário em 
diferentes momentos do estágio, conforme ilustra os trechos extraídos dos diários da aluna-
estagiária N: 
A professora (J) utiliza basicamente o quadro e o livro-texto. O livro-texto é 
basicamente a única fonte de informação utilizada; trechos são selecionados e 
copiados no quadro; a explicação utiliza as próprias palavras do livro. A aula é 
puramente expositiva e com poucas interações. (Estagiária N, Estágio I, 5o. 
período) Não é que o ensino tradicional não tenha seu valor e suas vantagens; o 
problema é ele ser o único utilizado. Qualquer método, por mais inusitado e 
promissor que seja, apresenta falhas se for o único apresentado aos alunos. Variar é 
importante para manter o interesse não só dos discentes, mas dos próprios docentes, 
que repetem a mesma rotina por décadas. (Estagiária N, Estágio IV, 8o. período) 
O que se pode perceber nos trechos apresentados é uma evolução na abordagem da 
aluna-estagiária ao discutir questões relativas às metodologias adotadas em sala de aula, uma 
vez que no fragmento do Diário do Estágio I (5o. período) a mesma restringe-se a descrever 
as aulas observadas, enquanto que nos escritos referentes ao Estágio IV (8o. período) é 
possível identificar uma ação mais reflexiva, no momento em que questiona o emprego de 
uma única metodologia e infere sobre suas conseqüências na ação docente. 
Outro aspecto a ser considerado na análise dos diários diz respeito as reflexões feitas 
pelos estagiários acerca da sua futura atuação profissional, como pode ser observado nos 
fragmentos que seguem: 
10441 
 
 
A maioria dos procedimentos atitudinais e metodológicos utilizados pela professora 
que estagio, não estão de acordo com o que gostaria de propor aos meus alunos 
futuramente. Todavia, essas disparidades ou similaridades servem como um modo 
de reflexão para o que queremos ser, como futuros professores. Sendo necessário 
refletir o que estou buscando na sala de aula, e qual a contribuição que posso 
oferecer e aproveitar dos alunos. (Estagiária D, Estágio Supervisionado I, 5o. 
periodo) Não sei até quando o modelo de educação tradicional com aulas puramente 
teóricas e secas irá atuar em nosso país,mas, creio que a partir da socialização e de 
uma movimentação ativa de novos professores que tem a oportunidade de realizar 
em seus cursos uma prática docente eficaz, poderá transformar esse modelo em 
outro bem mais participativo e consistente com a realidade dos alunos. Para Chassot 
(1993), a linguagem da Ciência deve facilitar nossa leitura de mundo natural para 
que possamos entender nós mesmos e o ambiente que nos cerca. (Estagiário M, 
Estágio Supervisionado IV, 8o. periodo) 
Através de manifestações como essas é possível perceber que a forma de inserção do 
no contexto do ambiente escolar e a abordagem que vem sendo dada as atividades 
desenvolvidas durante o estágio, permitem que o estagiário perceba os desafios que a carreira 
docente lhe oferecerá, podendo assim refletir sobre a profissão que irá assumir. 
Enfim, acreditamos que, como atividade capaz de sistematizar elementos constituintes 
do percurso de formação profissional, os Diários de aulas elaborados durante o Estágio, têm 
se revelado bastante significativos, ao permitirem exercícios de reflexão, que propiciam a 
aproximação entre teoria e prática, a construção de saberes, e a autodescoberta / auto-análise / 
autoformação, pois assim como Busato (2005) incorporamos a idéia de que modificar e 
construir alternativas para ressignificar o processo de avaliação do estágio nos cursos de 
licenciatura“requer pensar em caminhos teórico-metodológicos, em pontos de partida para 
reflexão e teorização da prática.” 
Considerações Finais 
O caráter de obrigatoriedade instituído ao Estágio Supervisionado, como condição do 
currículo mínimo de qualquer curso de formação profissional, geralmente se reveste de pesar 
para os alunos-estagiários que de modo geral assimilaram a cultura instituída no país de 
desvalorização da profissão docente nos seus diversos aspectos. Por outro lado a 
implementação dessas horas obrigatórias bem como a orientação de que esse componente 
curricular deve acompanhar a formação do professor permite que as instituições por meio de 
suas propostas oportunizem a esse aluno rever e transformar sua visão, visualizar e aplicar 
metodologias próprias ao ensino das ciências mediante a inserção na vivencia escolar e na 
prática de outros professores. 
10442 
 
 
O estágio proposto e desenvolvido a partir das práticas ora relatadas, além de outras 
desenvolvidas ao longo dos diferentes períodos e campos em que o mesmo se desenvolve, 
busca a superação da concepção do estágio como uma ação pragmática e tecnicista, tentando 
transformá-lo diante do olhar do aluno-estagiário e do professor-titular das turmas de ensino 
fundamental e médio em uma oportunidade de exercício da criatividade, da inovação e da 
reflexão sobre a ação docente. 
Nesse sentido, ações que promovem a integração das atividades do Estágio com outras 
disciplinas do curso, como é o caso dos seminários integrados, são fundamentais para a 
formação desses futuros professores, pois representam além da otimização do tempo, do 
exercício da interdisciplinaridade a superação da dicotomia entre disciplinas da prática – as 
pedagógicas – e disciplinas da teoria – as cientificas, atuando em um continuum possível e 
aplicável. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 - Estabelece as Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional. Brasília, 1996. 
BUSATO, Zelir Salete Lago. Avaliação nas práticas de ensino e estágios: a importância 
dos registros na reflexão sobre a ação docente. PortoAlegre: Mediação, 2005. 
CASTRO, Sinaida Maria Vasconcelos. Manual de estágio supervisionado. [Belém]: Centro 
Universitário do Pará, 2006. Não paginado. 
DELIZOICOV, Demétrio et all. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: 
Cortez, 2002 (Coleção Docência em Formação) 
GADOTTI, Moacir e BARCELLOS, Eronita Silva. Construindo a escola cidadã no 
Paraná. Brasília, MEC, 1993 (Cadernos Educação Básica). 
PÉREZ GÓMEZ, Angel. O pensamento Prático do Professor - A formação do professor como 
profissional reflexivo. In: NÓVOA, Antonio (coord.). Os Professores e a sua Formação. 
Lisboa: Publicações D. Quixote, 1992. 
PICONEZ, Stela C.Bertolo (Coord.) A Prática de Ensino de Estágio Supervisionado. 10 
ed. Campinas, SP: Papirus, 2004 (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico) 
SCHÖN, Donald. Formar professores como profissionais reflexivos. In: Nóvoa, Antonio. 
(coord.). Os professores e a sua formação. 2º ed. Lisboa: D. Quixote,1995. 
10443 
 
 
ZABALZA, Miguel. Diários de aula. Contributo para o estudo dos dilemas práticos dos 
professores. Porto Alegre: ArtMed, 2004.

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