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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS – FMU GIOVANI VITOR RAPOSEIRO DOS SANTOS // RA:8905378 IGOR ROBERTO DE OLIVEIRA CONCEIÇÃO // RA: 6431143 KALEBE ALVES DA SILVA // RA:5609220 MARIA DE FÁTIMA PIRES CORDEIRO // RA 5453529 PROCESSO PENAL - RITO COMUM APS: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSORA JANAINA THAIS DANIEL VARALLI SÃO PAULO 2020 SUMÁRIO 1. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL (GIOVANI) ....................................................................................... 2 1.1. TRF-5 - HC: 2090 CE 2005.05.00.002388-7 ............................................................................. 2 1.2. STF - RHC: 154680 PE 0106960-61.2018.1.00.0000 ................................................................ 2 1.3. STJ - AgRg no RHC: 119112 RJ 2019/0305213-3 ..................................................................... 3 2. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DO ESTADO DE INOCÊNCIA (IGOR) ...................... 4 2.1. TJ-MT - HC 1003640-21.2017.8.11.0000 - ............................................................................... 4 2.2. TRF-1 - AMS. 0019556-95.2006.4.01.3400............................................................................. 4 3. DIREITO AO SILÊNCIO (KALEBE) ....................................................................................................... 6 3.1. STJ - HC 326956 SP 2015/0139228-6 ...................................................................................... 6 3.2. STJ - AgRg no RHC 100332 / PR ............................................................................................... 6 4. PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DE PROVAS ILÍCITAS (FÁTIMA) ................................................ 8 4.1. STF - RE 251.445- GO ............................................................................................................... 8 4.2. STJ - REsp: 1701504 SC 2017/0252704-2 ................................................................................ 9 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 10 2 1. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL (GIOVANI) Conforme Norberto Avena, define-se: “O princípio da verdade real, também conhecido princípio da verdade material ou da verdade substancial (terminologia empregada no art. 566 do CPP), como, no processo penal, devem ser realizadas as diligências necessárias e adotadas todas as providências cabíveis para tentar descobrir como os fatos realmente se passaram, de forma que o jus puniendi seja exercido com efetividade em relação àquele que praticou ou concorreu para a infração penal. Não se ignora, diante das regras legais e constitucionais que informam o processo penal brasileiro, que a verdade absoluta sobre o fato e suas circunstâncias dificilmente será alcançada. Muitos referem, inclusive, ser ela inatingível. Assim, a afirmação de que a verdade real é a meta do processo criminal significa dizer que o juiz deve impulsioná-lo com o objetivo de aproximar-se ao máximo da verdade plena, apurando os fatos até onde for possível elucidá-los, para que, ao final, possa proferir sentença que se sustente em elementos concretos, e não em ficções ou presunções. Esse, a propósito, o motivo que inspirou a edição de vários dispositivos constitucionais e legais, como por exemplo, as regras do art. 5.º, LXIII, da CF e do art. 186 do CPP, determinando que o silêncio do réu não importa em confissão.[...] Outro ponto importante a analisar em torno da verdade real é o de que sua procura não pode implicar violação de direitos e garantias estabelecidos na legislação. Trata-se de uma busca sujeita a limites, mesmo porque não seria razoável que o Estado, para alcançar a Justiça, pudesse sobrepor-se à Constituição e às leis.” (AVENA, 2020. ADAPTADO) 1.1. TRF-5 - HC: 2090 CE 2005.05.00.002388-7 “PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL. 1. A produção da prova testemunhal deve ser norteada pela necessidade de elucidação da verdade real, princípio magno do direito processual penal; portanto, é descabida a alegação de preclusão do direito do representante do órgão ministerial de arrolar testemunhas, por cuja oitiva, aliás, poder-se-ia protestar até na fase do Art. 499 do CPP; 2. Demais disso, a audiência cuja realização se procurava obstar, através do presente writ, já foi realizada; 3. Habeas corpus conhecido. Ordem denegada.” (TRF-5 - HC: 2090 CE 2005.05.00.002388-7, Relator: Desembargador Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima, Data de Julgamento: 15/02/2005, Segunda Turma, Data de Publicação: Fonte: Diário da Justiça - Data: 18/03/2005 - Página: 738 - Nº: 53 - Ano: 2005) 1.2. STF - RHC: 154680 PE 0106960-61.2018.1.00.0000 “PROVA – JUIZ – ATUAÇÃO. Considerados os princípios da busca da verdade real e do livre convencimento, admite-se a iniciativa probatória, de maneira subsidiária, por parte do órgão julgador – artigo 209 do Código de Processo Penal.” (STF - RHC: 154680 PE 0106960-61.2018.1.00.0000, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 05/10/2020, Primeira Turma, Data de Publicação: 14/10/2020) 3 1.3. STJ - AgRg no RHC: 119112 RJ 2019/0305213-3 “AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DENÚNCIA. EXPOSIÇÃO DE PERIGO À VIDA E À INTEGRIDADE FÍSICA DE DIVERSAS VÍTIMAS, MEDIANTE EXPLOSÃO. INICIATIVA PROBATÓRIA DO JUIZ NO CURSO DO PROCESSO PENAL. ATUAÇÃO SUBSIDIÁRIA. DETERMINAÇÃO, DE OFÍCIO, DA REALIZAÇÃO DE EXAME COMPLEMENTAR DE CORPO DE DELITO. POSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DO ART. 168, CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE REAL. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Consoante a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, "no curso do processo penal, admite-se que o juiz, de modo subsidiário, possa - com respeito ao contraditório e à garantia de motivação das decisões judiciais - determinar a produção de provas que entender pertinentes e razoáveis, a fim de dirimir dúvidas sobre pontos relevantes, seja por força do princípio da busca da verdade, seja pela adoção do sistema do livre convencimento motivado" (RHC n. 59.475/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, julgado em 9/6/2015, DJe de 18/6/2015). 2. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, o art. 168 do Código de Processo Penal, expressamente, dispõe que se procederá a exame complementar por determinação da autoridade judiciária, de ofício. 3. Na hipótese dos autos, a determinação, no curso do processo penal, embora de ofício, da complementação de exame de corpo de delito já anexado aos autos, não se confunde com a hipótese na qual o magistrado substitui as partes no tocante à produção das provas. 4. Agravo regimental em recurso ordinário em habeas corpus improvido.” (STJ - AgRg no RHC: 119112 RJ 2019/0305213-3, Relator: Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, Data de Julgamento: 19/05/2020, T5- QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/05/2020) 4 2. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DO ESTADO DE INOCÊNCIA (IGOR) Segundo Lorena Ocampos e João Carlos de Freitas Junior, sobre a Presunção de inocência ou estado de inocência ou da situação jurídica de inocência ou da não culpabilidade: “Está expressamente previsto em nossa Constituição Federal: “Art. 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.” Também chamado de presunção da não culpabilidade, é um dever de tratamento de como se deve tratar a pessoa que está dentro de uma persecução penal, que está sendo investigada, e que está sendo processada e não possui uma decisão definitiva a respeito daquela situação. Possui duas dimensões: a) interna (como o juiz trata, como o MP trata) ao processo, e b) externa (como a sociedade trata aquela pessoa, como a mídiatrata aquela pessoa).” (OCAMPOS & FREITAS, 2020, P.47) 2.1. TJ-MT - HC 1003640-21.2017.8.11.0000 - HABEAS CORPUS – EXECUÇÃO PENAL – PRISÃO PREVENTIVA ATACADA QUE JÁ NÃO SUBSISTE – DETERMINADA A UNIFICAÇÃO ENTRE PENA DEFINITIVA E PENA PROVISÓRIA – AVENTADA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA NÃO PRESUNÇÃO DE CULPABILIDADE – OFENSA EXISTENTE – PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA – TRÂNSITO EM JULGADO COMO CONDIÇÃO PARA UNIFICAÇÃO DE PENAS EM PREJUÍZO DO REEDUCANDO – ORDEM CONCEDIDA PARCIALMENTE. Em que pese a práxis forense admitir a expedição da guia de recolhimento antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, a teor da Resolução nº 113/2010 do Conselho Nacional de Justiça, tem-se que aludida providência vem de ser factível tão só com vistas a possibilitar ao reeducando o gozo das benesses a serem concedidas na fase de execução penal, não autorizando, portanto, a unificação das sanções definitivas e provisórias, a teor do comando expresso no art. 105 da Lei de Execuções Penais, sob pena de inexorável vulneração ao princípio da presunção de inocência e, pois, ilegítima execução provisória de sanção penal ainda não confirmada em segunda instância. (Relator Alberto Ferreira de Souza, Publicação: 06/10/2017 Julgamento 04/10/2017) 2.2. TRF-1 - AMS. 0019556-95.2006.4.01.3400. CONCURSO. INVESTIGAÇÃO SOCIAL. EXCLUSÃO DO CANDIDATO. PROCESSO CRIMINAL. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA NÃO- CULPABILIDADE E DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. I - O impetrante foi excluído do concurso público por ter apresentado na fase de investigação social, certidão onde constava ser réu em processo criminal. II - Há comprovação nos autos que a Ação Penal foi julgada extinta por força da prescrição retroativa da pretensão punitiva. III - Assim, não havendo condenação, o ato que eliminou o impetrante do certame constitui prática avessa ao princípio da não-culpabilidade e da 5 presunção de inocência. Precedentes do STJ. IV - Apelação e remessa oficial não providas. 6 3. DIREITO AO SILÊNCIO (KALEBE) Segundo Eugênio Pacelli o princípio do direto ao silêncio: Atingindo duramente um dos grandes pilares do processo penal antigo, qual seja, o dogma da verdade real, o direito ao silêncio, ou a garantia contra a autoincriminação, não só permite que o acusado ou aprisionado permaneça em silêncio durante toda a investigação e mesmo em juízo, como impede que ele seja compelido – compulsoriamente, portanto – a produzir ou a contribuir com a formação da prova contrária ao seu interesse. (PACELLI, 2017, p. 35-36). 3.1. STJ - HC 326956 SP 2015/0139228-6 RECURSO EM HABEAS CORPUS. FALSO TESTEMUNHO. PRETENSÃO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ACUSADO QUE PRESTOU DEPOIMENTO EM JUÍZO, DIVERSO DO APRESENTADO NA FASE EXTRAJUDICIAL, COM O FIM DE SE EXIMIR DO CRIME DE POSSE DE DROGAS PARA USO PESSOAL (ART. 28 DA LEI N. 11.343/2006). EXERCÍCIO DO DIREITO AO SILÊNCIO OU NÃO AUTO- INCRIMINAÇÃO. MANIFESTA ATIPICIDADE DA CONDUTA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 1. Esta Corte pacificou o entendimento, segundo o qual o trancamento de ação penal, pela via eleita, é medido excepcional, cabível apenas quando demonstrada, de plano, a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou a manifesta ausência de provas da existência do crime e de indícios de autoria. 2. Este Superior Tribunal já decidiu ser atípica a conduta de falso testemunho, quando a testemunha, compromissada em juízo, desobriga- se de dizer a verdade, com o fim de evitar sua acusação pela prática de algum crime, tendo em vista os postulados constitucionais do direito ao silêncio e da não autoincriminação.3. No caso, a imputação do crime de falso testemunho ao paciente, decorre do fato de que ele, ao depor em juízo, fez afirmação diversa da prestada na fase extrajudicial, com o fim de ocultar o fato de ter ido ao ponto de tráfico para adquirir droga, ou seja, eximir-se do crime de posse de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei n. 11.343/2006). 4. Recurso provido para, reconhecendo a atipicidade da conduta de falso testemunho imputada ao paciente, determinar o trancamento da ação penal. 3.2. STJ - AgRg no RHC 100332 / PR PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL DA DECISÃO QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DIREITO CONCEDIDO À TESTEMUNHA DE PERMANECER EM SILÊNCIO. INEXISTÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PRINCÍPIO DA NÃO CULPABILIDADE. GARANTIA DA NÃO AUTO- 7 INCRIMINAÇÃO. NEMO TENETUR SE DETEGERE. DISPARIDADE DE TRATAMENTO A SITUAÇÕES JURÍDICAS IDÊNTICAS. NÃO CONFIGURADA. DECISÕES DAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA E ESPECÍFICA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. I - O direito de não produzir prova contra si foi positivado pela Constituição da República no rol petrificado dos direitos e garantias individuais (art. 5.º, inciso LXIII), sendo essa a norma que garante status constitucional ao princípio do nemo tenetur se detegere (STF, HC 80.949/RJ, Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 14/12/2001). II - Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, "Qualquer pessoa que sofra investigações penais, policiais ou parlamentares, ostentando, ou não, a condição formal de indiciado - ainda que convocada como testemunha (RTJ 163/626 - RTJ 176/805- 806) -, possui, dentre as várias prerrogativas que lhe são constitucionalmente asseguradas, o direito de permanecer em silêncio e de não produzir provas contra si própria" (RTJ 141/512, Rel. Min. Celso de Mello). Precedentes. III - In casu, inexiste qualquer flagrante ilegalidade, uma vez que o magistrado processante, de forma motivada, e atento à prerrogativa constitucional contra a autoincriminação, franqueou o silêncio da testemunha. O contexto delineado pelas instâncias de origem explicita que a oitiva em questão tinha como escopo esclarecer eventual relação fraudulenta entre a testemunha e a Polícia Federal, o que a levou a ser orientada pelo seu advogado a permanecer em silêncio. IV - Tem-se despropositada, por meio da presente via, qualquer determinação no sentido de compelir a testemunha a agir em sentido diametralmente oposto ao orientado por sua defesa técnica, consoante bem exarado pela c. Corte de origem, "tampouco buscar-se eficaz uma medida que a obrigasse a testemunhar sobre fatos que entende auto incriminadores." No mesmo sentido, descabido o pleito de determinação ao juízo para realizar as perguntas, uma vez que, conforme o contexto fático narrado pelas instâncias ordinárias, o procurador da testemunha já a orientou a permanecer silente. Qualquer incursão que escape a moldura fática ora apresentada, demandaria inegável revolvimento fático-probatório, não condizente com os estreitos lindes deste átrio processual, ação constitucional de rito célere e de cognição sumária. Agravo regimental desprovido. 8 4. PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DE PROVAS ILÍCITAS (FÁTIMA) Conforme Norberto Avena, define-se: “Provas obtidas por meios ilícitos, como tal consideradas aquelas que afrontam direta ou indiretamente garantias tuteladas pela Constituição Federal, não poderão, em regra, ser utilizadas no processo criminal como fator de convicção do juiz. Constituem uma limitação de natureza constitucional (art. 5.º, LVI) ao sistema do livre convencimento estabelecido no art. 155 do CPP, segundo o qual o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial. O art. 157 do CPP definiu provas ilícitas como as obtidas mediante violação a normas constitucionais ou legais. Considerando que, historicamente, sempre se conceituou como ilegítimas as provas angariadas mediante a violação de normaslegais, reservando-se o adjetivo ilícitas àquelas realizadas com afrontamento ao texto constitucional, deve-se reputar que o art. 157, ao referir-se à “violação a normas constitucionais”, incide em relação às provas alcançadas com ofensa direta ao texto da Carta Republicana (v.g., interceptação telefônica sem ordem judicial, ofendendo se ao que reza o art. 5.º, XII, da CF), sendo que a alusão à “violação a normas legais” compreende a hipótese de violação indireta do texto constitucional (v.g., 1.3.5. interrogatório judicial sem advogado, com afrontamento direto do art. 185 do CPP e violação indireta do art. 5.º, LV, da CF). Tangente, por outro lado, às provas realizadas com violação a normas puramente processuais, sem nenhum reflexo constitucional (v.g., perícia realizada por apenas um perito nomeado, infringindo-se o art. 159, § 1.º, do CPP), reputamos que não são alcançadas pelo rigor do art. 157 do CPP, até porque, eventualmente, tal ordem de provas pode conduzir à ocorrência de nulidade meramente relativa, cuja característica fundamental é a convalidação caso não arguida oportuno tempore.” (AVENA, 2020) 4.1. STF - RE 251.445- GO Prova Ilícita: Inadmissibilidade (Transcrições) RE 251.445-GO* RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO EMENTA: PROVA ILÍCITA. MATERIAL FOTOGRÁFICO QUE COMPROVARIA A 5 PRÁTICA DELITUOSA (LEI Nº 8.069/90, ART. 241). FOTOS QUE FORAM FURTADAS DO CONSULTÓRIO PROFISSIONAL DO RÉU E QUE, ENTREGUES À POLÍCIA PELO AUTOR DO FURTO, FORAM UTILIZADAS CONTRA O ACUSADO, PARA INCRIMINÁ-LO. INADMISSIBILIDADE (CF, ART. 5º, LVI). - A cláusula constitucional do due process of law encontra, no dogma da inadmissibilidade processual das provas ilícitas, uma de suas mais expressivas projeções concretizadoras, pois o réu tem o direito de não ser denunciado, de não ser processado e de não ser condenado com apoio em elementos probatórios obtidos ou produzidos de forma incompatível com os limites ético-jurídicos que restringem a atuação do Estado em sede de persecução penal. - A prova ilícita - por qualificar-se como elemento inidôneo de informação - é repelida pelo ordenamento constitucional, apresentando-se destituída de qualquer grau de eficácia jurídica. - Qualifica-se como prova ilícita o material fotográfico, que, embora alegadamente comprobatório de prática delituosa, foi furtado do interior de um cofre existente em consultório odontológico pertencente ao réu, vindo a 9 ser utilizado pelo Ministério Público, contra o acusado, em sede de persecução penal, depois que o próprio autor do furto entregou à Polícia as fotos incriminadoras que havia subtraído. No contexto do regime constitucional brasileiro, no qual prevalece a inadmissibilidade processual das provas ilícitas, impõe-se repelir, por juridicamente ineficazes, quaisquer elementos de informação, sempre que a obtenção e/ou a produção dos dados probatórios resultarem de transgressão, pelo Poder Público, do ordenamento positivo, notadamente naquelas situações em que a ofensa atingir garantias e prerrogativas asseguradas pela Carta Política (RTJ 163/682 - RTJ 163/709), mesmo que se cuide de hipótese configuradora de ilicitude por derivação (RTJ 155/508), ou, ainda que não se revele imputável aos agentes estatais o gesto de desrespeito ao sistema normativo, vier ele a ser concretizado por ato de mero particular. Doutrina. 4.2. STJ - REsp: 1701504 SC 2017/0252704-2 PROCESSUAL PENAL E PENAL. RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE DROGAS. PROVA ILÍCITA. NULIDADE. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA ACESSO DE DADOS DE APLICATIVO CELULAR WHATSAPP. INADMISSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. Ilícita é a devassa de dados, bem como das conversas de whatsapp, obtidas diretamente pela polícia em celular apreendido no flagrante, sem prévia autorização judicial. 2. Recurso especial provido para declarar a nulidade das provas obtidas no celular do recorrente sem autorização judicial e, bem assim, das provas consequentes, a serem aferidas pelo magistrado na origem, devendo o material respectivo ser extraído dos autos, procedendo-se à prolação de nova sentença com base nas provas remanescentes, estendido seus efeitos aos demais corréus, ficando prejudicadas as demais questões arguidas no recurso. (STJ - REsp: 1701504 SC 2017/0252704-2, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data de Julgamento: 27/02/2018, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 20/03/2018) 10 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AVENA, Norberto. Processo Penal. São Paulo: Grupo GEN, 2020. 9788530991708. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca. com.br/#/books/9788530991708/>. Acesso em: 22 out. 2020. AVENA, Norberto. Processo Penal. / Norberto Avena. – 12. ed., – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9788530991708/.> Acesso em: 23 out. 2020. PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. – 21. Ed. Rev. Atual e ampl. – São Paulo: atlas, 2017. OCAMPOS, Lorena; FREITAS JR, João Carlos. DIREITO PROCESSUAL PENAL. 1ª edição. Brasília, Organizado por CP Iuris ISBN 978-85-5805-012-8, 2020. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/81467143/processo-penal-lorena-ocampos-e-joao- carlos-de-freitas-junior-2020> Acesso em 30 out. 2020.
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