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AT 1 2 32 S U M Á R IO 3 UNIDADE 1 – Introdução 4 UNIDADE 2 – Percurso Histórico da Educação Física 4 2.1- Atividades físicas do homem pré-histórico 5 2.2.1- As atividades físicas entre os chineses 5 2.2.2- As atividades físicas entre os hindus 5 2.2.3- As atividades físicas entre os japoneses 6 2.3.1- O Egito 6 2.3.2 - Assírios e Caldeus 6 2.3.3- Hebreus 6 2.3.4- Medas e Persas 6 2.3.5- Fenícios e Insulares 6 2.4- A Educação Física na Grécia Antiga 7 2.4.1- Os grandes jogos 7 2.4.2- Principais provas praticadas pelos gregos 8 2.5- A Educação Física na Roma Antiga 8 2.5.1- Locais para a prática desportiva em Roma 9 2.6- A Educação Física na Idade Média 9 2.7- A Educação Física no Renascimento 10 2.8- A Educação Física e o Iluminismo 10 2.9- A Educação Física na Idade Contemporânea 11 UNIDADE 3 – O Aparecimento dos Primeiros Métodos Regulares 11 3.1- Método de Hebert 11 3.2- Método Francês 11 3.3- Método Calistênico 12 3.4- Educação Desportiva 12 3.5- Método de Amoros 13 3.6- Método Culturista 14 UNIDADE 4 – Educação Física no Brasil 14 4.1- Brasil Colônia 14 4.2- Brasil Império 14 4.3- Brasil República 16 UNIDADE 5 – Educação Física no Brasil: O Início das Concepções Pedagógicas 19 UNIDADE 6 – Educação Física: Da Prática Pedagógica à Regulamentação 22 UNIDADE 7 – Conceitos Básicos e Atuais Da Educação Física 25 UNIDADE 8 – Jogos Olímpicos da Era Moderna: Informações Básicas 28 UNIDADE 9 – Considerações Finais 29 REFERÊNCIAS 2 33 UNIDADE 1 – Introdução A Educação Física, no âmbito escolar e em outros espaços formais de prática, vem mudando, ao longo do tempo, de acordo com os princípios éticos da sociedade e os projetos políticos-pedagógicos construí- dos em sua época. Assim, o que chamamos hoje de Educação Física passa, necessaria- mente, pela reflexão sobre o processo de constituição como componente curricular da história da escola moderna. Inicialmente denominada Gymnástica, sua inserção como componente curricular foi motivada por um conjunto de fatores condicionados pela emergência de uma nova ordem social na Europa dos séculos XVIII e XIX, fundamentada, especialmen- te, nos conhecimentos da Medicina e na necessidade de constituição do Estado Nacional. O ideário de civilidade exigia uma nova forma de lidar com o corpo e conceber a vida, pautada na conquista individual do organismo sadio e da vontade disciplinada (SOARES, 2001). De acordo com Bracht (1999), a ciência moderna destacou a importância do movi- mento como forma de promoção da saúde. Segundo ainda esse autor, o corpo passou a ser entendido como uma estrutura me- cânica passível de ser conhecido no seu funcionamento, mas também controlado e aperfeiçoado. O autor supracitado destaca ainda que, desde então, com esse objetivo, no século XIX, a Educação Física foi incor- porada nos currículos da grande maioria das escolas, principalmente das brasileiras, na forma de exercícios ginásticos, esgrima e evoluções militares. Nesse sentido, tal prática foi motivada pela ideia de que seria capaz de higienizar, disciplinar e corrigir os corpos das crianças que frequentavam as escolas com objetivos ortopédicos conso- lidando uma nova ordem escolar. Desde então, a Educação Física vem participando de diferentes projetos edu- cacionais, os quais ao longo do século XX foram sempre orientados por expectativas permeadas nas possibilidades de interven- ções com finalidades de adaptar os corpos às necessidades sanitárias, morais, cívicas, produtivas, dentre outras. 4 54 UNIDADE 2 – Percurso Histórico da Educação Física A história da Educação Física tem por fim a narração verídica dos fatos relacio- nados com a origem do trabalho físico e com a maneira pela qual se processou sua evolução, metodização e regulamentação. Dessa maneira, a trajetória histórica des- te componente curricular está atrelada à história geral propriamente dita, nos seus aspectos políticos, econômicos, militares e sociais. No que se refere às relações das grandes divisões da História com a Educação Física, Almeida (1995) adverte que os exercícios físicos evoluíram em períodos distintos, obedecendo a influências mesológicas, políticas e culturais. Ainda segundo esse autor, é possível distinguir cinco fases na evolução da Educação Física, as quais per- mitem dividir a história em cinco períodos relacionados com os grandes aconteci- mentos históricos, conforme destacados a seguir: 1º- Período Pré-histórico antigo: tem início com o aparecimento do homem so- bre a terra, sendo os agrupamentos hu- manos mais expressivos os chineses, egípcios, persas, hindus e mesopotâmi- cos. É a chamada Antiguidade Oriental. 2º- Período Clássico: é aquele em que a história da Educação Física assume mais precisão, em face de um conhecimento melhor das condições das civilizações que o caracterizam. Inicia-se com a Grécia, e vai até o Império Romano do Ocidente. 3º- Período Medieval: abrange a Idade Média, desde o Império Bisantino de Justi- niano, até o século XIV. É o período obscuro da Educação Física. 4º- Período Renascimento: marca o aparecimento dos grandes precursores da Educação Física. 5º- Período Contemporâneo: principia com a crítica feita ao Método Sueco prolon- gando-se aos dias atuais. É o mais rico em informações e de maior interesse para a atualidade físico-pedagógica. Adiante serão apresentadas mais infor- mações a despeito de cada um desses perí- odos, e como os mesmos relacionavam-se e ainda traz influências para a Educação Física. 2.1- Atividades físicas do ho- mem pré-histórico O período pré-histórico constituiu uma época com raríssimas documentações da prática da Educação Física e, portanto suscita um raciocínio um tanto quanto in- dutivo e dedutivo. De acordo com Almei- da (1995), as atividades físicas do homem pré-histórico passam por alguns estágios elencados a seguir: a) Aspecto natural: inicialmente a atividade física do homem aparece sob o aspecto mais rudimentar, que é o natural (correr, saltar, lançar, dentre outros). b) Aspecto utilitário: a preocupação de abater a caça ou o inimigo ao primeiro gol- pe, de subir em árvores mais rapidamen- te, saltar maior distância, de transportar maior peso, levou-o a adestrar-se para re- alizar suas tarefas com maior rendimento. c) Aspecto guerreiro: o homem nesse 4 55 período sentia a necessidade de defender através da força física, suas culturas, seus rebanhos, suas habitações e sua vida con- tra tribos nômades. Assim surgia, então, a finalidade guerreira da atividade física, com a prática das provas de arremessos e lançamentos. Além disso, a segurança e violência dos golpes de espada, a veloci- dade na corrida, a resistência nas marchas, o domínio das artes de nadar, navegar e montar, valorizavam-se extraordinaria- mente, mesmo em tempo de paz, pois era preciso estar preparado para a guerra. 2.2- A Educação Física nos sistemas educacionais dos povos do Extremo Oriente 2.2.1- As atividades físicas entre os chineses Nos estudos de Accioly (1984), é pos- sível identificar registros que apontam as principais atividades físicas realizadas pe- los chineses em diferentes épocas de sua história, como se pode observar: - luta – inicialmente, desporto militar que depois se popularizou, integrando às festas tradicionais; - tiro ao arco e danças – propagavam- -se como forma de cerimônia; - jogos sociais – estavam eminente- mente baseados na imitação dos animais; - esgrima de sabre – desporto militar que originou a dança de sabre; - tsu-chu – era o desporto chinês mais popular de todos; - caça – esporte que era privilégio dos elementos da corte; - boxe – ocupou lugar dos mais impor- tantes entre os chineses. As atividades físicas entraram em declí- nio na China, quando os filósofos começa- ram a incutir no povo uma filosofia de vida baseada na inação, a qual recomendava repouso e meditação como forma de obter sabedoria. Assim, os preceitos budistas in- troduzidosna China, por volta do ano 155 a. C. incluía um programa diário de meditação religiosa. Tais hábitos de meditação incor- porados pela cultura chinesa dessa época, tornou a população sedentária e contrária à atividade física, perdurando ainda por muitos séculos. 2.2.2- As atividades físicas entre os hindus Os hindus se consagravam à realização de exercícios corporais e práticas higiêni- cas. Os exercícios físicos realizados possu- íam características extremamente fisioló- gicas. Dentre as atividades físicas praticadas pelos hindus, segundo Almeida (1995), as mais difundidas foram as corridas, a equi- tação, a caça, a natação, o boxe e a luta. 2.2.3- As atividades físicas entre os japoneses Entre as atividades físicas praticadas pelos japoneses ainda no período dos anos a.C. destacam-se a natação, a navegação e a pesca, todas com objetivos de suprirem as necessidades do povo. A ginástica pro- pagou-se principalmente no período feu- dal, caracterizando-se por exercícios sem 6 7 aparelhos, de flexibilização, de destreza, entre outros. A marcha, a corrida, o salto, e os exercícios de equilíbrio obtiveram gran- de desenvolvimento nessa época. O jiu- -jitsu alcançou grande êxito, aperfeiçoan- do-se como um sistema verdadeiramente nacional de cultura física. Inicialmente, es- tava reservado aos samurais tornando-os invencíveis nas lutas, corpo a corpo. Outros tipos de luta, advindos da China e da Índia também se desenvolveram no Japão. O jiu- -jitsu, contudo, é a arte de defesa pessoal que se conserva tradicionalmente até os dias de hoje. 2.3- A Educação Física nos sistemas educacionais dos povos do Oriente Próximo 2.3.1- O Egito A história do Egito teve origem na Ásia com início a quase quarenta séculos a. C.. Pelas pinturas e desenhos encontrados nas paredes das tumbas, as atividades fí- sicas dos egípcios foram as mais diversas possíveis. Dentre as mais populares, é pos- sível destacar: a corrida, o salto, a luta, os arremessos, a esgrima,o boxe, a natação, o remo, as corridas de carro, arco e flecha, danças e os exercícios ginásticos. 2.3.2 - Assírios e Caldeus Como todos os povos antigos, os assírios e caldeus viviam sob o terror dos deuses e o domínio absoluto de reis divinizados; eram essencialmente guerreiros e caça- dores. Pelas condições de sua própria vida, tais povos cultivavam exageradamente a força física, a destreza, a resistência, en- tregando-se às mais variadas atividades. As longas marchas, as rápidas corridas, o manejo do arco e flecha, o arremesso da lança, as lutas, a equitação e a canoagem, constituíram-se os exercícios indispensá- veis à formação física desses povos. 2.3.3- Hebreus Embora não possuíssem exército, nem fossem de natureza bélica, os hebreus sa- biam usar as armas e lutavam quando eram hostilizados. Esses povos manejavam, com destreza, o arco e a flecha, arremessavam com precisão a lança, usavam muito bem a espada, e usavam gritos ensurdecedores antes de atacar, quer para elevar a própria moral ou para atemorizar os seus adversá- rios. 2.3.4- Medas e Persas Esses povos, de acordo com os historia- dores, eram exímios montadores de cava- los, atiravam com o arco, eram obrigados a guardar a cidade e a caçar e, em sua gran- de maioria, eram constituídos de homens altos, delgados, dotados de grande força física, dinâmica e cultivavam a honradez da palavra dada. 2.3.5- Fenícios e Insulares Dentre as principais atividades físicas convém citar: a navegação, a equitação, o manejo do arco e flecha, o arremesso de lanças, a caça e a luta. Eram também adep- tos dos exercícios de força e velocidade, da corrida a pé, do boxe e, sobretudo, das touradas. 2.4- A Educação Física na Grécia Antiga 6 7 Os locais onde se praticava a cultura físi- ca, na Grécia, eram: Ginásio, Palestra, Está- dio e Efebia. A Grécia dava o nome de giná- sio ao conjunto de lugares especialmente destinados à educação da mocidade e aos exercícios que a todos os bons cidadãos se impunham, como dever para com eles e para com a pátria. Os ginásios primitivos consistiam em simples pistas de corridas a pé, de lançamentos e áreas arenosas para os exercícios corporais. Esses locais, em geral, eram à margem de rios e juntos aos bosques e todos de propriedade do Estado. As palestras eram locais de dimensões restritas, com piso de saibro, providas de banheiros e compartimentos para fricções, lutas, duchas, banhos quentes. Eram de um modo geral de propriedade particular. À palestra e ao ginásio, ajuntava-se o estádio, geralmente perpendicular a am- bos, com pistas cobertas, destinando-se às competições esportivas. Na Grécia, qua- se todas as cidades possuíam seu ginásio, sendo que os principais eram o de Atenas, Olímpia, Delfos, Éfeso, Nemeia e Corinto. 2.4.1- Os grandes jogos Na Grécia Antiga eram disputados vários tipos de jogos com os mais diversos fins. Conforme registros históricos, pode-se destacar os seguintes: - jogos Fúnebres; - jogos Gregos; - jogos Olímpicos; - jogos Píticos; - jogos Nemeus; - jogos Ísticos. Dentre estes, vale ressaltar os Jogos Olímpicos, os quais deram origem a esse grande evento esportivo da atualidade e tiveram dois grandes momentos na histó- ria dos mesmos. Na Grécia Antiga, os Jogos Olímpicos já eram celebrados de 4 em 4 anos, em Olímpia e disputados em honra de Júpiter. É incontestável o grau de adiantamen- to e esplendor que a Educação Física atin- giu nesse período. Havia na Grécia Anti- ga, a crença de que o grego ao se tornar um atleta era comparado a semideuses e, portanto, todos se dedicavam à prática da Educação Física, a fim de buscar o aperfei- çoamento físico e, consequentemente, o desenvolvimento intelectual e moral. As provas a que em Olímpia se concediam prê- mios eram: a corrida a pé, o salto, o disco, o dardo e a luta, o pugilato, o pancrácio, a corrida armada, a corrida de carros e a cor- rida de cavalos. Após um largo período de decadência, em 394 d. C., foram os Jogos Olímpicos suprimidos, por ordem de Teo- dósio, o Grande, imperador romano. 2.4.2- Principais provas praticadas pelos gregos Corridas: era o mais popular, natural e antigo desporto praticado pelos gregos. O estádio era a corrida de velocidade, de 192 metros. O diaulo era a corrida em que o concorrente corria duas vezes a exten- são do estádio. A hípica consistia em uma corrida de 740 metros em um percurso se- melhante ao usado nas corridas de cavalo. A délica era corrida de fundo com distância de 4.440 metros. Hipólito: era uma corrida na qual o cor- redor corria armado. O percurso era den- tro da arena, e a corrida representava uma exaltação do valor guerreiro do grego. 8 9 Corridas de carro: prova de aristocra- cia, uma das causas do aparecimento do atleta profissional, que ao vencer a prova dava o prêmio ao seu senhor. Corridas de cavalo: eram de duas es- pécies e realizadas em hipódromos: ou o cavaleiro montava sem sela ou sobre uma simples manta. Se o cavaleiro caísse, e o cavalo chegasse em primeiro lugar, assim mesmo era considerado vencedor. Saltos: o povo grego conhecia os saltos em altura, em extensão, em profundidade e o salto em extensão com o auxílio de uma vara. Arremesso do dardo: no princípio, nada mais era do que o arremesso de uma lança usada quer como arma de guerra, quer como arma de caça. Era empregada a pé ou a cavalo, como arma de choque ou de arremesso. Inicialmente, os arremessos foram feitos em precisão, mais tarde em al- cance e, finalmente, em distância e ao alvo. Primeiramente, os arremessos eram feitos com dardo de guerra, e, posteriormente, por questões de segurança, foi substituído por outro de madeira com ponta de metal. Arremesso do disco: teve início com o arremesso de um pequeno escudo. Nas Olimpíadas, o arremesso era feito de uma plataforma inclinada, sendo sua técnica idêntica a dos dias atuais. Lutas: a mais comum era a luta vertical, em pé, vencendo aquele que derrubasse o outro. Havia tambéma luta horizontal, em que vencia o que o colocasse as espáduas do outro contra o solo, por determinado es- paço de tempo. Pugilato era a luta com os punhos, pois utilizavam-se luvas de couros com pontas de ferro denominadas cestos. Pancrácio: era a luta livre, combinada com o pugilato, mas praticada sem o cesto. Era uma luta de muito prestígio entre os gregos e configurava um verdadeiro “vale tudo”. Pentatlo: Foi a prova olímpica mais im- portante, reunindo as seguintes provas: corrida, arremesso de disco, salto em dis- tância, arremesso de dardo e luta. Todas as provas eram eliminatórias, de modo que só chegassem à final dois atletas que dispu- tavam a vitória. 2.5- A Educação Física na Roma Antiga Na Roma Antiga, no período ante-Gré- cia, os exercícios físicos eram praticados no Campo de Marte, local de treinamentos próximo aos grandes monumentos. Nes- ses, praticavam-se corridas, saltos, trans- portes de fardos, arremessos de dardo, com caráter militar, lutas, esgrima, exercí- cios equestres, natação no rio Tibre, hidro- terapia e massagem. No período pós-Grécia, praticavam-se a Esferomaquia, a qual era jogada com uma bola em quatro modalidades: Choli, Trigon, Pagani e Harpastum, semelhante ao nosso futebol. Também o Quinquertium, originá- rio do pentatlo, constava das mesmas pro- vas: corrida, salto, arremesso de disco, de dardo e luta. Baseados nos Jogos Olímpicos, os roma- nos criaram os Jogos Augustus – realizados anualmente; os Jogos Acciacos e os Jogos Capitolinos, ambos realizados de 5 em 5 anos. 2.5.1- Locais para a práti- 8 9 ca desportiva em Roma Circo: com arquibancadas enormes e luxuosas, era uma imitação do hipódro- mo dos gregos. Nele se realizavam as pro- vas hípicas e as competições atléticas. Em Roma, os circos foram numerosos e nesses as corridas de carros faziam as delícias dos expectadores. Os carros denominavam-se bigas, trigas ou quadrigas, conforme fos- sem puxados por dois, três ou quatro ani- mais. Anfiteatro: o anfiteatro, espetacular obra da arquitetura romana, diferencia- va-se do circo, pela sua finalidade, pela sua forma e disposição interna, mas a ele nivelava-se na pompa, na majestade e na capacidade de público. Possuía como peça principal uma arena circular ou elíptica, cir- cundada por maciça arquitetura, onde se desenrolavam os combates de gladiado- res, de feras e os sacrifícios. Estádio: construído nos moldes dos existentes na Grécia. Era destinado às competições e lutas atléticas. Neles, diver- sas vezes, eram efetuados concursos de ginástica, canto, música, poesia e eloquên- cia. Termas: eram locais próprios para ba- nhos quentes, duchas, massagens, fric- ções e banhos a vapor. Possuíam piscinas, onde o sexo feminino se fazia representar. Os desportos mais praticados em Roma eram: esferomaquia, corrida de car- ros, corrida a cavalo, luta de gladiadores, atletismo, naumaquia, competições navais e luta entre embarcações. 2.6- A Educação Física na Idade Média Nesse período da história, observou-se segundo os historiadores, maior predomí- nio da destreza da equitação e do manejo das armas. Nos pátios castelhanos e nos campos vizinhos, os jovens praticavam o arremesso de lanças, o manejo da espada e da maçã. Além disso, praticavam também corridas e domação de potros bravios. Os meninos maiores e os jovens divertiam-se ao ar livre, com cerca de 220 variedades de jogos. Aprendiam também, de acordo com Callois (1990), a dançar e a cantar nos dias chuvosos e jogavam xadrez e dama junto ao fogo. Os grandes desportos da Idade Média, além da caça às feras e caça por meio do falcão, foram os Torneios e a Justa, ambos com o objetivo de adquirir a nobreza atra- vés da aptidão e da força física. Os Torneios eram combates em forma de festas, porém violentos e sangrentos. As justas configu- ravam combates entre dois cavaleiros que se arremetiam, lançavam-se em riste como propósito de derrubar o adversário do ca- valo. 2.7- A Educação Física no Renascimento Observa-se, dentro das concepções de Almeida (1995), que como o homem sem- pre demonstrou interesse em seu próprio corpo, nesse período da história mais uma vez a cultura física, bem como a arte, a música, a ciência e a literatura obtiveram grande esplendor. Nesse sentido, a beleza do corpo, que anteriormente sugestiona- va atitude pecaminosa, é novamente ex- plorada pelos grandes artistas da época. É desse período, inclusive, o grande avanço dos estudos anatômicos, como a disseca- ção de cadáveres humanos. 10 1110 2.8- A Educação Física e o Iluminismo Nesse movimento contra o abuso do po- der no campo social ocorrido no século XVII, observam-se várias influências dos pensa- dores e estudiosos da época em relação à prática de Educação Física. Rousseau con- tribuiu com as propostas da Educação Físi- ca para as crianças da educação infantil, já que de acordo com esse filósofo, a energia obtida do corpo a partir do movimento era essencial ao ato de pensar. Da mesma maneira, Pestalozzi contri- buiu nesse período com a prática da ati- vidade física ao instituir a escola primária popular, sempre enfatizando a execução correta dos exercícios físicos. 2.9- A Educação Física na Idade Contemporânea A ginástica localizada observada nos dias atuais alcança grande desenvolvimen- to na Idade Contemporânea. Nessa pers- pectiva, quatro grandes escolas possuem grande responsabilidade, por isso, e são as seguintes: a alemã, a nórdica, a francesa e a inglesa. A escola alemã teve como grande des- taque Johann Cristoph Friederick Guts Mu- ths, o qual foi considerado o precursor da ginástica pedagógica moderna. Em seguida, surgiu outro tipo de ginás- tica, a turnkunst, criada por Friederick Lu- dwig Jahn (1788 – 1825), cujo fundamento principal era o desenvolvimento da força e contrapunha as questões pedagógicas propostas pelas escolas da época. Nes- sa época e a partir das concepções desse pensador surgiram: a barra fixa, as barras paralelas, dentre outros, possibilitando o surgimento da Ginástica Artística. Dando prosseguimento aos fatos ocor- ridos nesse período da história, os interes- ses da escola voltaram a ser defendidos com Adolph Spiess (1810-1858) introdu- zindo definitivamente a Educação Física nas escolas alemãs, sendo inclusive um dos pioneiros na defesa da ginástica femi- nina. A escola nórdica escreve a sua histó- ria através de Nachtegall (1777-1847) que fundou seu próprio instituto de ginástica (1799) e o Instituto Civil de Ginástica para formação de professores de Educação Físi- ca, em 1808. 10 1111 De acordo com Almeida (1995), os pri- meiros sistemas regulares da Educação Física detalhados a seguir, foram funda- mentados em bases científicas com obje- tivos definidos e surgiram a partir da me- tade do século XVII, com Amoros, Ling e Basedow, propugnando uma importância muito grande à ginástica. Prosseguindo ainda nos estudos desse autor, é possível depreender que apare- ceram as grandes linhas doutrinárias que até nos dias atuais, influenciados pelos Desportos, efetuam uma integração de processos de trabalho e de princípios. 3.1- Método de Hebert Também denominado Método Natural, foi idealizado e organizado por Georges Hebert. Viajando por regiões pouco civi- lizadas, pôde esse notável educador ob- servar os indígenas, que desfrutavam de excelente saúde e alto grau de robustez. Estudando as civilizações primitivas, ve- rificou que a vida ao ar livre, em contato com a natureza, dava ao homem perfeitas condições físicas, em face de suas cons- tantes atividades, na luta pela sobrevi- vência. Também os animais, machos e fê- meas, foram por ele observados, notando uma perfeita igualdade de condições nos seus esforços físicos. Baseado nos fatos expostos, que se ca- racterizavam pela volta à natureza, criou Hebert, de acordo com as condições de vida social moderna, o seu sistema está- tico, higiênico e cheio de utilitarismo. Os tipos de exercícios propostos por esse métodosão os seguintes: marchar, correr, saltar, quadrupedar, trepar, equilibrar, le- vantar e transportar, lançar, defender-se e nadar. 3.2- Método Francês Originou-se na escola de Joinville-le- -Pont, fundada em 1852. Introduzido no Brasil, foi muito difundido, em todo o ter- ritório nacional. Para alcançar os seus ob- jetivos, esse método propõe sete formas de trabalho: jogos, flexões, exercícios educativos, exercícios mímicos, aplica- ções, desportos individuais e desportos coletivos. Adota também, quatro regras a serem seguidas para a realização do tra- balho: grupamento dos indivíduos, adap- tação do exercício, atração do exercício e verificação periódica. No que se refere ao planejamento pe- dagógico, a prática da Educação Física é dividida em três etapas: sessão prepa- ratória, lição propriamente dita e volta à calma. A primeira parte proposta por esse método compreendia os exercícios de evoluções, flexões de braços, per- nas, tronco, combinados, assimétricos e de tórax. A segunda comporta exercícios naturais: marchar, escalar, equilibrar, sal- tar, levantar e transportar, correr, lançar e atacar e defender-se. Por fim, a volta à calma, compreendendo exercícios de fra- ca intensidade: marcha lenta, com exer- cícios respiratórios, marcha com canto ou assovio e alguns exercícios de ordem. 3.3- Método Calistênico Dentro das concepções de Almeida (1995), o conceito moderno situa caliste- nia como um sistema de ginástica, prati- UNIDADE 3 – O Aparecimento dos Primeiros Métodos Regulares 12 13 cado com aparelhos leves ou à mão livre, destinado a contrapor os efeitos da vida sedentária. Foi utilizado inicialmente, em 1785, em recintos fechados, na Europa. Em 1931, passou a ser utilizado nos Esta- dos Unidos e na América do Sul através da Associação Cristã de Moços, com a prática dos seguintes exercícios: preliminares de braços e pernas, exercícios póstero-supe- riores do tronco, exercícios estafantes e exercícios calmantes. 3.4- Educação Desportiva Esse método constitui atualmente, o ponto mais expressivo de influência da escola francesa. Procura substituir o exer- cício realizado por obrigação, pelo efetu- ado por prazer ou necessidade salutar. A Educação Física baseada nessa propos- ta pedagógica compõe-se das seguintes etapas: iniciação Desportiva – generalizada ou especializada; treinamento Desportivo – generali- zado ou especializado. Utilizam-se exercícios configurados em seis classes: naturais e jogos, preparató- rios ou de formação corporal desportos coletivos, desportivos individuais, des- portos de combate e desportos ao ar livre ou de exterior. A prática desses exercícios físicos é ainda assim subdividida: exercícios de aquecimento (efeitos higiênicos); exercícios de flexibilidade e desen- volvimento muscular (efeitos morfológi- cos); exercícios de agilidade e de energia (efeitos sobre o caráter); exercícios desportivos, sob forma lú- dica, tendo em vista um caráter de com- petição. Considerando que os movimentos es- pontâneos e naturais despertam prazer pela atividade física, procura esse mé- todo, através da proposta generalizada, livrar-se da concepção de uma única gi- nástica e de um único desporto de espe- cialização prematura, realizando a unifi- cação das duas atividades. 3.5- Método de Amoros Esse método, ponto de partida da sis- tematização da Educação Física na Fran- ça, tinha por objetivo fazer homens com- pletos, não somente fortes e rígidos, mas sobretudo, corajosos e audazes, possuin- do um justo sentimento do bem, do dever e do devotamento. Visava ao desenvolvi- mento das qualidades físicas, o aumento da energia e a exaltação dos sentimentos elevados. Admitia três tipos de ginástica: civil, militar e médica. Utilizava uma gama enorme de exercícios, classificados em dezessete séries e dispunha de meios de verificação do treinamento. Esses exer- cícios ainda classificavam-se da seguinte maneira: durante a lição – exercícios elemen- tares com canto, marchas, corridas e sal- tos, exercícios de equilíbrio, transposição de obstáculos, lutas, lançamentos e nata- ção, dentre outros; fora da lição – tiro ao alvo, esgrima (a pé e a cavalo), equitação, danças, exer- cícios especiais para aumentar a resistên- cia a dor (abandonados posteriormente). Foi uma método idealizado pelo educa- dor espanhol, naturalizado francês, Fran- 12 13 cisco Amoros y Ondeano, o qual atuou en- tre os anos 1770-1848. Para a verificação dos resultados físicos de modo apropriado, Amoros estabeleceu dois tipos de fichas individuais: de infor- mações gerais (dados psicológicos, mor- fológicos e fisiológicos), e de aproveita- mento de treinamento (medidas de força). A sucessão e a alternância dos exercícios durante uma sessão de trabalho, asseme- lhavam-se ao atual Circuit-Training. 3.6- Método Culturista Não configurava propriamente dito um método, já que sua finalidade prin- cipal era a cultura das qualidades físicas do elemento, procurando desenvolver o sistema muscular, por meio de exercícios analíticos, executados com resistência e utilizando, com frequência, halteres le- ves. Dentro das concepções de Bracht (1999), a oficialização da Educação Física nas práticas escolares entre os séculos XVIII e XIX, ocorreu sob grandes influ- ências dos aspectos militar e médico. De acordo com esse autor, no que diz respeito ao caráter militar, observava-se o predo- mínio da prática através de exercícios sis- tematizados, esses eram ressignificados, numa perspectiva terapêutica e pedagó- gica, e subsidiados pelo aspecto médico. Assim, prosseguindo na ótica desse autor, a educação do corpo com fins produtivos torna-se sinônimo de saúde, a qual pres- supõe hábitos saudáveis, higiênicos, com vistas ao serviço nacionalista e patriota. 14 1514 A história da Educação Física no Brasil pode ser dividida igualmente a sua Histó- ria Política, em três períodos: 1º Período: Brasil Colônia (1500 a 1822). 2º Período: Brasil Império (1822 a 1889). 3º Período: Brasil República (1889 até os dias atuais). 4.1- Brasil Colônia O aspecto físico dos nossos primeiros habitantes, segundo os historiadores, era excelente. Eles eram corpulentos, bem dispostos fisicamente, robustos e forço- sos. Entre as atividades que praticavam, citamos as de sua necessidade diária das quais tiravam o seu sustento. Eis porque eram exímios na arte de ma- nejar o arco e a flecha, suas principais ar- mas de ataque e defesa. A corrida a pé foi muito praticada entre os nativos, caçando ou guerreando. Natação e canoagem tam- bém tiveram grande desenvolvimento en- tre os primeiros habitantes do Brasil. A equitação foi muito praticada por al- gumas tribos, principalmente os guaicu- rus, que povoavam o sul do Mato Grosso, e que fizeram dela uso, principalmente para a guerra. Com a vinda dos Jesuítas, por volta de 1549, e a criação de seus colégios, tive- ram aqueles o cuidado necessário de es- timular sempre a atividade física aos seus discípulos, mesmo porque o ensino da época exigia quase imobilidade absoluta do aluno, em consequência dos processos utilizados, contrapondo-se ao espírito fi- sicamente ativo do selvagem dessa épo- ca. 4.2- Brasil Império Neste período, segundo os historiado- res, exceto algumas iniciativas isoladas, nada ou quase nada se fez em prol da Educação Física, no Brasil. As atividades esportivas se limitavam às provas de na- tação, remo no mar, esgrima, equitação, pelota e ciclismo. Com a instalação da Escola Militar, no Rio de Janeiro, a Educação Física alcançou altos índices de desenvolvimento dos es- portes aquáticos, principalmente a cano- agem. A esgrima de baioneta, de sabre flore- te e espada haviam sido oficializadas nas competições. Também foram realizadas as escaladas ao Pão de Açúcar e ao Morro da Urca constituindo provas de tenacida- de, coragem e resistência. Diversas confe- rências foram realizadas para se debater a institucionalização da Educação Física no Brasil e aos interessesda mesma nos cur- rículos das escolas brasileiras. Já no fim do período do Brasil Império foi criado um projeto para instituir uma ses- são especial de ginástica em cada escola; estendendo posteriormente a ambos os sexos, em horários diferentes do recreio e após as aulas. 4.3- Brasil República Por volta de 1905, foi criado um proje- to de lei criando duas escolas de Educação Física no Brasil: uma civil e outra militar. Além disso, a contratação de pessoal ca- UNIDADE 4 – Educação Física no Brasil 14 1515 paz para a sua instalação, a aquisição de terreno para a sua construção, para a prá- tica de jogos ao ar livre, nas escolas supe- riores e a instituição da prática da ginásti- ca sueca. Em 1907, surgiu a primeira sala de ar- mas, fundada no Brasil, pela Missão Militar Francesa, na Força Pública do Estado de São Paulo. Nessa mesma instituição, dois anos mais tarde, cria-se a escola de Edu- cação Física, que diplomou em cursos re- gulares, os primeiros mestres de esgrima. Já no ano de 1922, foi criado o Centro Militar de Educação Física. A primeira tur- ma de monitores diplomada pela Escola de Preparação de Monitores da Marinha ocorreu em 1929, no Rio de Janeiro. Na Vila Militar, em 1929, entra em funciona- mento o Curso Provisório de Educação Física. Nesse curso, ao lado de militares, foi matriculada uma turma de professores primários, o que hoje corresponde ao En- sino Fundamental I, aumentando assim a importância do empreendimento. Com a criação do Ministério de Educa- ção e Saúde Pública, em 1930, e a con- sequente orientação metodológica, a Educação Física passou a ser ministrada com mais subsídios pedagógicos, tendo os professores daquela época, ainda que limitado, um referencial para orientar as práticas docentes. Também contribuiu bastante a cons- tituição e funcionamento das Escolas de Educação Física do Estado de São Paulo e do Espírito Santo, bem como a criação, em 1933, por decreto, da Escola de Educa- ção Física do Exército, pela transformação do Centro Militar de Educação Física ali já existente. A partir do advento das escolas de Edu- cação Física e a realização de cursos e jor- nadas internacionais, de 1933 em diante, as publicações especializadas dissemi- naram e culminaram com a criação da Di- visão da Educação Física do Ministério da Educação e Saúde. Em 1939, integrando a Universidade do Brasil, foi fundada a Es- cola Nacional de Educação Física e Des- portos. 16 1716 O objetivo de se obter saúde através das aulas de Educação Física, sempre es- teve incorporado nas práticas das escolas brasileiras desde a sua inserção nos currí- culos escolares ainda no século XIX. Tal di- mensão pedagógica atravessou o século XX, vinculando a prática da atividade físi- ca à ausência de doença, revelando quase sempre uma compreensão bastante res- trita e empobrecida de corpo humano, re- duzido apenas à sua dimensão biológica. Antes da Segunda Guerra Mundial, o Brasil vivia a expansão de sua industria- lização, e novas exigências foram coloca- das para a escola, com destaque para a responsabilidade de formar homens pro- dutivos, aptos para o trabalho, agora cada vez mais voltados para a máquina e a téc- nica. Da Educação Física era esperada a tarefa de não apenas corrigir e endireitar o corpo das crianças, mas educá-lo tam- bém para torná-lo eficiente, eficaz, pro- dutivo, a fim de atender as demandas do mundo do trabalho (VALGO, 2002). É possível perceber, de acordo ainda com o autor supracitado, que nesse movi- mento, houve uma importante e significa- tiva mudança. O conteúdo, Ginástica, que por excelência era a principal prática da Educação Física foi paulatinamente subs- tituído por outra prática, que vivia um pro- cesso de franca expansão e difusão pelo mundo: o esporte. Tal fato ocorreu porque o esporte se organiza em torno de valores semelhantes aos de uma sociedade indus- trializada, como por exemplo: competição, rendimento, resultado, eficiência. Aliado a esse acontecimento, os meios de comunicação disseminaram o esporte por todo o mundo e ampliaram considera- velmente os interesses em torno do mes- mo, devido a sua potencialidade em pro- duzir lucros. Em decorrência disso, a Educação Fí- sica passou a ser compreendida como a área responsável pelo estudo e ensino do esporte, que passou a ocupar o centro de suas preocupações, desde a formação de professores até a organização de seu ensino na escola. Iniciava uma nova fase denominada esportivização da Educação Física, que atravessa toda a segunda me- tade do século XX. De acordo com Bracht (1995), espe- cialmente a partir da década de 1960, a Educação Física passou a ser pensada, na escola, como a “base da pirâmide esporti- va nacional”. Não obstante, é preciso per- ceber, também, os limites desse projeto, diante da realidade das escolas, especial- mente as públicas, que recebem a maioria de estudantes. Nesse sentido, a falta de condições materiais (quadras, ginásios, bolas e outros equipamentos) e estrutu- rais da escola, ambos limitados nas ques- tões institucionais e legais, dificultaram a efetivação de tal projeto. Apesar de todo este cenário dificultoso à Educação Física Escolar, não foi suficien- te para impedir que alguns dos valores presentes nos esportes de alto rendi- mento orientassem, em certa medida, a vivência dessa prática cultural nas aulas de Educação Física. Dentre os principais, é possível citar: a busca incessante pelo resultado, a otimização da vitória, a refe- UNIDADE 5 – Educação Física no Brasil: O Início das Concepções Pedagógicas 16 1717 rência às regras universais de cada moda- lidade, a exacerbação da competição, en- tre outros. Faz-se necessário salientar que a le- gislação federal, por meio do Decreto nº 69.450 (1971 – 1996), concebia a Educa- ção Física como atividade, que, por seus meios, processos e técnicas, desperta, de- senvolve e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando, construindo um dos fa- tores básicos da educação nacional (BRASIL, 1971). Com base nesse decreto, é possível depreender que a Educação Física, ten- do como referência a aptidão física dos educandos, só deveria interessar-se por corpos jovens e saudáveis, dando pre- ferência àqueles com potencial para se tornarem atletas ou juntar-se às forças armadas. Nesse sentido, dispensava-se os maiores de 30 anos, as mulheres com prole, os portadores de qualquer tipo de anomalia, dentre outros. A partir da década de 1980, com os movimentos pela redemocratização do Brasil, alcançando inclusive a renovação pedagógica, estendeu-se as discussões acerca da Educação Física Escolar, objeti- vando a reconfiguração de sua proposta pedagógica. Essas questões obtiveram maior ênfa- se, ainda, na década de 1990, sendo em sua maioria, contempladas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, nº 9394/1996), a qual asseve- rou, em seu artigo 26: A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da educação básica, ajustando-se às faixas etá- rias e às necessidades da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos (BRASIL, 1996). Tal documento normativo teve esse ar- tigo alterado, por meio da Lei nº10.328, de 12 de dezembro de 2001 e, em segui- da, em 1º de dezembro de 2003, pela Lei, passando a ter a seguinte redação: Art. 3º. A educação física, integra- da à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua práti- ca facultativa ao aluno: - que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; - maior de trinta anos de idade; - que estiver prestando servi- ço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; - amparado pelo De- creto-Lei nº 1.044, de 21 de outubro de 1969; - que tenha prole. É importante salientar que essa altera- ção da LDB 9394/96 apresentou ao mes- mo tempo avanços e retrocessos. Por um lado, incluiu-se aEducação Física em todos os turnos de ensino da educação básica, contemplando os estudantes dos cursos noturnos. Não obstante, por outro lado, retrocedeu-se frente ao pressuposto de que esse componente curricular é essen- cial apenas para os alunos considerados saudáveis, com idade inferior a 30 anos, sem filhos e que estejam fora do mercado de trabalho. Essa situação, de acordo com Almeida (1995), tornou-se discriminató- ria, já que a Educação Física deve ser um componente curricular reservado a todos, 18 1918 e não apenas àqueles considerados jo- vens, hábeis e produtivos. Outro documento legal que legitimou a Educação Física com o mesmo valor ao dos outros componentes curriculares, fo- ram as Diretrizes Curriculares Nacionais, outorgadas pelo Conselho Nacional de Educação. Tal documento ampliou o sig- nificado da Educação Física, atribuindo à mesma maior intencionalidade educativa. Assim, garantiu-se à Educação Física ho- rário na grade curricular e igual valor aos demais componentes curriculares. Igualmente aos documentos supracita- dos, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) possibilitaram entender a Educa- ção Física como componente curricular absolutamente responsável em engajar os educandos no universo da cultura cor- poral de movimentos. A mesma envolve os conhecimentos produzidos e vivencia- dos por todos, tendo como base o corpo e os movimentos permitidos por ele. Nesse documento oficial do Ministério da Educação, a Educação Física na escola deve ser constituída de três blocos rela- cionados entre si e que com possibilida- des de serem, ou não, implementados em uma mesma aula. São, pois: - jogos, ginásticas, esportes e lutas – propõem atividades como ginástica artís- tica, ginástica rítmica, voleibol, handebol, basquetebol, futsal, atletismo, capoeira, judô, dentre outros; - atividades rítmicas e expressivas – compreendem atividades que se relacio- nam à expressão corporal, danças, entre outros; - conhecimentos sobre o corpo – re- lacionam as reflexões sobre o corpo, indo desde a sua estrutura anatômica até às diferentes formas culturais de lidar com esse instrumento. Assim, sob a concepção de uma educa- ção inclusiva, os PCNs possibilitaram mais incisivamente o direito ao acesso de to- dos às práticas corporais de movimentos, indiferentemente de sua condição física, etária e social. 18 1919 O modelo de esportivização da Educa- ção Física, de acordo com Bracht (1999), já discutido anteriormente, foi amplamente disseminado desde o início do período do Brasil República, e imperiosamente incen- tivado no projeto de nação que se insta- lou, no Brasil, na década de 1960. Resta claro, nas concepções desse autor, que a Educação Física exercia uma função de destaque no projeto de Brasil dos milita- res, relacionada às funções de desenvol- vimento da aptidão física através do des- porto. Assim, tal projeto era considerado importante para a capacidade produtiva da nação contribuindo para firmar o Brasil como potência. As teorias que fundamentavam as prá- ticas da Educação Física até a década de 1970 eram de caráter pedagógico. Essas antecederam as ciências do esporte e fo- ram implementadas numa perspectiva de intervenção educativa sobre o corpo, res- paldadas pelas ciências biológicas. Nesse sentido, de acordo ainda com o autor su- pracitado, propunha-se a educação in- tegral apoiada no tão conhecido aspecto biopsicossocial sem, contudo, legitimar a Educação Física na escola. Detinha-se apenas, o caráter específico da contribui- ção dessa para o desenvolvimento da ap- tidão física e esportiva. Com o advento das ciências sociais e humanas relacionadas à Educação Física, foi possível observar várias críticas nesse tão propalado paradigma da aptidão fí- sica, iniciando um movimento renovador da Educação Física no início da década de 1980. Por um lado, precisa-se acrescentar um viés científico à prática da Educação Físi- ca; tornava-se necessário orientar a prá- tica pedagógica no conhecimento cien- tífico. Todavia, a cientificidade já estava impregnada no percurso histórico da Edu- cação Física e, então, surge nesse contex- to, os estudos do desenvolvimento huma- no, sobretudo, o desenvolvimento motor e a aprendizagem motora. Inicia-se nesse momento, mais precisa- mente a partir da década de 1970, um es- paço mais acadêmico na Educação Física por força da estruturação das universida- des. Nos estudos de Oliveira (2002), ocor- reu uma incorporação das práticas cien- tíficas e nesse sentido um considerável aumento de qualificação docente através de cursos de pós-graduação, passando a Educação Física incorporar as discussões pedagógicas influenciadas pelas ciências humanas. Frente a esse contexto e de acordo ain- da com esse autor, observou-se no Brasil na década de 1980, uma Educação Física grandemente marcada por uma pedago- gia crítica e progressista, a qual trouxe enorme influência nas aulas de Educação Física desenvolvidas atualmente. Aliás, o repertório dessas propostas pedagógicas é diversificado, apesar de em sua grande maioria ser respaldado com ênfase na ap- tidão física e esportivização. Tal repertó- rio supracitado tem sua gênese nas duas últimas décadas e disponibiliza um con- junto de alternativas pedagógicas. É possível citar a abordagem desenvol- vimentista, a qual possui como ideia cen- UNIDADE 6 – Educação Física: Da Prática Pedagógica à Regulamentação 20 21 tral possibilitar à criança oportunidades diversas de experiências motoras de mo- dos a partir dos fundamentos da Educa- ção Física. Outra abordagem amplamente disseminada nos últimos anos foi aquela baseada na qual o objeto de estudo da Educação Física é a cultura corporal dos seus praticantes, concretizada nos temas: esporte, ginástica, jogos, lutas, dança e mímica. Ainda seria possível citar outras abordagens que compõem as tendências pedagógicas atuais da Educação Física, como as baseadas nos estudos filosóficos do movimento humano. Todavia, esse de- talhamento ficaria mais reservado em ou- tro momento de estudo do programa da Educação Física. Em suma, a Educação Física passou por grandes transformações ao longo dos tempos, principalmente nas duas últimas décadas, objetivando sempre outra or- ganização no aspecto social. É possível depreender que a partir de 1980 ocorreu considerável mudança nas estruturas de poder e fiscais, do esporte de rendimento. Nesse contexto, surgem os patrocinado- res, através das empresas que contrata- vam atletas, técnicos, entre outros, ori- ginando uma boa geração de campeões. Dando prosseguimento, na década de 1990, o esporte, com fins de promoção à saúde, é amplamente disseminado como: esporte educação, esporte participação e esporte performance. Dando prosseguimento a essa nova or- dem social absorvida pela Educação Física nos anos 80 e 90, foi criado, em 1998, o Conselho Federal de Educação Física – CONFEF, legitimado pela Lei nº 9696/98. Configurou-se uma entidade com objetivo profícuo de orientar, disciplinar e fiscali- zar o exercício profissional da Educação Física. Frente a isso, suscitou-se a regu- lamentação dessa profissão, através do exercício regularmente registrado nos respectivos Conselhos Regionais de Edu- cação Física (CREF) (OLIVEIRA, 2002). Assim, ainda sob a ótica desse autor, a criação desse Conselho, detinha a ideia principal de monitorar e até mesmo limi- tar os profissionais da área, resguardando esse direito aos devidamente registrados, sob fiscalização do mesmo, com vistas de proteger o mercado de trabalho, impedin- do o exercício da profissão por pessoas sem a qualificação adequada. Ainda, nes- se sentido, foi atribuída à importância da criação do Conselho a melhoria da quali- dade pedagógica das aulas e garantia de postos de trabalho disponíveis aos profis- sionais habilitados. Tal situação foi respaldada nesse docu- mento normativo, conforme observado: Art. 2º: Determina-se que ape- nas serão inscritos nosquadros dos Conselhos Regionais de Educação Física os profissionais possuidores de diploma obtidos em cursos de Educação Física, oficialmente auto- rizado ou reconhecido (nacional ou estrangeiro) e os que, até a data do início da vigência desta lei, tenham comprovadamente exercido ativi- dades próprias dos Profissionais de Educação Física, nos termos a serem estabelecidos pelo Conselho Federal de Educação Física. (BRASIL, 1998). E ainda, a fim de assegurar de forma mais clara e incisiva as funções legítimas do profissional de Educação Física, é im- prescindível destacar o Art. 3º dessa le- 20 21 gislação o qual assevera: Art. 3º: compete ao Profissional de Educação Física coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e pro- jetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializa- dos, participar de equipes multidis- ciplinares e interdisciplinares e ela- borar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de ati- vidades físicas e do desporto. (BRA- SIL, 1998) Vale ressaltar, que tal fiscalização por parte desses conselhos alcançou também as pessoas jurídicas que prestam serviços dessa natureza, as quais têm o dever le- gal de contratar profissionais qualificados e regulamentados sob pena de sofrer as punições previstas em lei. 22 2322 UNIDADE 7 – Conceitos Básicos e Atuais Da Educação Física Inicialmente serão propostas algumas reflexões acerca de alguns conceitos re- lacionados ao termo Educação Física pro- postos por Kolyanik Filho (2008). Nas con- cepções dessa autora, a Educação Física remete a uma série de práticas sistema- tizadas em diversas situações com o fito de desenvolver as qualidades motoras do ser humano. Essa mesma autora salienta ainda que a Educação Física também con- figura um componente curricular consti- tuído de processos educacionais formais. E também, que é considerada uma área de conhecimento, a qual possui como objeto de estudo o corpo e alguns fenômenos por meio de métodos científicos. Conforme observado nas descrições anteriores e com base no referencial teó- rico proposto nesse documento, o objeti- vo profícuo da Educação Física sempre foi e continua sendo o movimento humano. O que se observa, atualmente, com maior destaque é que a Educação Física vem buscando continuamente relacionar mais incisivamente o movimento com as outras áreas do conhecimento. Nas concepções de Silva (2005), as questões culturais influenciam e muito as características da Educação Física e ainda, a ideia de corpo que cada indivíduo detém. É possível depreender ao longo do percur- so histórico pelo qual passou a Educação Física, sobretudo a partir da década de 1980, que essa prática ultrapassou o do- mínio dos espaços extraescolares, alcan- çando clubes, academias, entre outros. Nesse sentido, a Educação Física nos tem- pos atuais é entendida como um processo educacional que utiliza dos meios físicos para contribuir com os indivíduos na con- quista de competências, habilidades e bem-estar físico, emocional, afetivo, so- cial, dentre outros. O que é possível pontuar nas práticas atuais é que através da estruturação pe- dagógica de atividades físicas, obtém-se o desenvolvimento global do indivíduo; ou seja, uma prática baseada no modelo desenvolvimentista. Tal modelo de ação pedagógica que objetiva proporcionar às crianças oportunidades que as permitem um amplo desenvolvimento no que se re- fere ao aspecto motor, de forma que mais ou menos aos 12 anos seja possível apre- ender uma gama diversificada das habili- dades físicas básicas. Nos estudos de Darido (2008), torna-se depreender em relação à abordagem de- senvolvimentista, a seguinte concepção: Para a abordagem desenvolvi- mentista, a Educação Física deve proporcionar ao aluno condições para que seu comportamento motor seja desenvolvido através da inte- ração entre o aumento da diversi- ficação e a complexidade dos movi- mentos. Assim, o principal objetivo da Educação Física é oferecer expe- riências de movimento adequadas ao nível de crescimento e desenvol- vimento do indivíduo, a fim de que a aprendizagem das habilidades mo- toras seja alcançada. A criança deve aprender a se movimentar para se adaptar às demandas e exigências do cotidiano em termos de desafios 22 2323 motores (Disponível em http://www. acer vo digital.unesp.b r/ bit s tre- am/123456789/41548/1/01d19t02. pdf) Nessa perspectiva, tal modelo sugere a aquisição de habilidades motoras e, con- sequente aprimoramento das mesmas; além, obviamente do bem-estar promovi- do pela conquista da aptidão física. Todo esse conjunto de aprendizagens possibili- ta aos praticantes mudanças de compor- tamento configurado por meio de atitudes positivas no cotidiano de todos. Ademais, os benefícios promovidos pela Educação Física são abrangentes e alcançam outras dimensões do desenvolvimento humano. Tal característica própria ora apresen- tada dessa área do conhecimento requer uma formação criteriosa dos seus profis- sionais, os quais têm a opção dos cursos de Bacharelado, Licenciatura ou ambos, conforme a área de atuação. Dessa ma- neira, o licenciado poderá atuar somente como professor no ensino fundamental e médio, conforme regulamentação encon- trada na Lei nº 9.394/96; ou realizar pes- quisas na área científica. Para tanto, o alu- no da licenciatura deve se situar durante a graduação como funcionam as práticas escolares. Já o bacharel tem um campo de atua- ção mais diversificado, possuindo a re- gulamentação também legitimada em lei já descrita anteriormente, para atuar em clubes, academias, centros de treinamen- tos com as mais variadas modalidades esportivas, ginásticas, rítmicas, entre ou- tras. Essa possibilidade distinta de formação acadêmica permitida surgiu para ampliar o entendimento das questões inerentes da Educação Física, bem como do seu princi- pal objeto de estudo: o corpo. Nesse senti- do, essa área do conhecimento deve ocu- par lugar de destaque nos diversos meios específicos de atuação, a fim de eliminar efetivamente conceitos simplistas e con- trários que acreditam ser responsabilida- de da Educação Física apenas a dimensão física dos alunos. O entendimento de mo- vimento vai muito mais além do desloca- mento de ossos e músculos em determi- nado espaço. Ele significa e ressignifica o ser e estar do sujeito no mundo. Desven- da a identidade, a cultura, as emoções e pensamentos vivenciados pelo indivíduo. Em relação à corporeidade, é impor- tante destacar que esse termo, segundo a maioria dos autores, constitui um dos componentes fundamentais na relação do corpo com as emoções, sentimentos, de- sejos, manifestados nas mais diversifica- das formas de movimentos e expressões. A expressão cultura corporal de movi- mentos, muito em destaque no momento, abarca todas as formas de movimento hu- mano sob a responsabilidade de execução da Educação Física Escolar implementada através de uma ação pedagógica, tendo como principal instrumento de trabalho, o corpo, suas relações motoras esportivas, lúdicas, ginásticas, rítmicas, entre outros. É considerada atividade física a grande maioria das ações musculares realizadas na direção de um objetivo, ou não, e que exigem gasto energético. Obviamente, há uma diferença entre essas e aquelas que interessam o universo da prática da Edu- cação Física. No que diz respeito aos exer- cícios físicos, resta claro, relacioná-los às sequências previamente planejadas, de 24 2524 forma sistemática, com fins de melhoria da aptidão física e do rendimento. Faz-se necessário também atentar para o termo comumente utilizado no campo da Educação Física que é qualidade física ou capacidade física. A literatura es- pecífica adota ora um, ora outro, confor- me diferentes concepções. Porém, ambos relacionam-se como características de um organismo, possíveis de serem treinadase capazes de sofrerem adaptações con- forme o estímulo permitido pelo exercício físico. O termo esporte alcançou evidência na metade do século XX quando o termo esportivização foi incorporado pela Edu- cação Física. É sabido que constitui um conjunto de atividades físicas que exige qualidades físicas específicas, como: for- ça, ritmo, velocidade, destreza, precisão, entre outras. Com o propósito de se alcan- çar um objetivo específico. Os esportes são regidos por um conjunto de regras de- finidas, podendo ser competitivos ou não. Na prática de todo e qualquer esporte, o treinamento é realizado para favorecer o uso do corpo como um todo, de forma mais habilidosa possível. No caso das competi- ções oficiais, as regras são estabelecidas por órgãos de natureza esportiva, locais, nacionais e internacionais, sendo os últi- mos responsáveis por atualizá-las e/ou adaptá-las conforme a necessidade técni- ca, social, política, dentre outras. São de- vidamente registrados também em com- petições oficiais, os recordes coletivos e individuais, a título de arquivos históricos. 24 2525 Conforme já apontado anteriormente, respaldado nos autores citados, a história dos Jogos Olímpicos é oriunda de muitos séculos antes de Cristo e foram idealiza- dos pelos gregos da Grécia Antiga. Toda- via, os Jogos Olímpicos da Era Moderna foram resgatados por um francês deno- minado Charles Pierre de Fredy, conside- rado idealizador da Olimpíada Moderna. De acordo com registros históricos, tal situação foi suscitada pelo ideal de edu- cação através do esporte propagado por Coubertin, com o objetivo de aproximar os povos e disseminar a paz. Assim, em 6 de abril de 1896, iniciava em Atenas, na Grécia, após longo período de interrupção depois de serem proibidos pelo Imperador Teodósio I e considerados como festas pagãs, a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Desde essa primeira edição, usa-se a tradicional frase: “Declaro aberto os Jogos Olimpícos de....”, e competiram aí 285 atletas de 13 países, nas provas de atletismo, ciclismo, luta, esgrima, ginástica, halterofilismo, natação e tênis. Daí em diante, essa competição evo- luiu consideravelmente e é realizada de 4 em 4 anos, tornando-se o grande ícone esportivo do planeta. Reúne atletas em competições de verão e de inverno (alter- nando de 2 em 2 anos), nas quais milhares de atletas participam de várias disputas. Também são realizados os Jogos Paralím- picos, destinados a atletas portadores de alguns tipos de deficiências. Atualmente, os Jogos Olímpicos são re- gidos pela Carta Olímpica, a qual constitui um conjunto de códigos e princípios fun- damentais que orientam a realização dos mesmos. De natureza dinâmica, contêm protocolos, anuários, regras, entre ou- tros, incorporando, sempre que, neces- sário, alterações e correções com o fito de estabelecer as condições ideais para a realização desse grande evento. Configura-se, nesse sentido, o Movi- mento Olímpico, atualmente composto por federações esportivas, comitês olím- picos nacionais e demais comissões or- ganizadoras. Todos orientados pelo COI – Comitê Olímpico Internacional –, órgão de função normativa e deliberativa res- ponsável, dentre outros, por escolher a cidade anfitriã de cada edição. Em função das adequações permitidas pelo COI, a fim de atender as crescentes mudanças econômicas, políticas e reali- dades tecnológicas do século XX, os Jogos Olímpicos se distanciaram do verdadeiro amadorismo, da forma como idealizado por Coubertin, para possibilitar o envolvi- mento de atletas profissionais. A grande influência dos meios de comunicação de- vido aos interesses econômicos gerou a questão do patrocínio corporativo e a co- mercialização dos Jogos. Constitui também tarefa do COI, a de- finição do programa olímpico, ou seja, as modalidades esportivas a serem disputa- das a cada edição dos jogos. A celebração dessa competição que envolve atualmen- te mais de 13 mil atletas em dezenas de modalidades esportivas, é regida por sím- bolos que perpetuam ao longo dos tem- pos, como destacados a seguir: UNIDADE 8 – Jogos Olímpicos da Era Mo- derna: Informações Básicas 26 27 Bandeira Olímpica: idealizada por Courbertin em 1914, possui um fundo branco com cinco anéis entrelaçados e co- loridos (azul, preto, vermelho, amarelo e verde), representando a união dos povos dos cinco continentes em torno do ideal olímpico. Tocha Olímpica: representa o pon- to de ligação entre os Jogos Olímpicos da Antiguidade e os Jogos da Era Moderna. Nesse sentido, o fogo de natureza sa- grada traz o significado de purificação convocando os países do mundo inteiro a celebrá-los em paz. Desde 1936, existe o revezamento que consiste em levar a tocha olímpica de Atenas até a sede dos Jogos, iniciando sempre com um corredor grego. Sempre que possível, o percurso deve ser feito por terra com a participa- ção de corredores dos países pelos quais a tocha vai sendo passada, de mão em mão. O último é o que acende a pira olímpica no momento da cerimônia de abertura, deve ser um atleta do país organizador. A tocha olímpica permanece acesa em uma pira, no Estádio Olímpico, durante toda competição e é apagada ao final da cerimônia de encerramento. Em cada edi- ção de uma Olimpíada, a cidade-sede cria desenhos e formas para a sua própria to- cha, considerada as suas características culturais. O Lema Olímpico: consiste em uma frase latina, criada pelo padre Henri Mar- tin, grande amigo de Pierre de Fredy, con- tendo as seguintes expressões gregas: “Citius, Altius, Fortius”, as quais signifi- cam: “O Mais Rápido, O Mais Alto, O Mais Forte”. Tais expressões foram utilizadas desde sempre para qualificar os atributos atléticos. A Mascote Olímpica: representa ele- mento figurativo utilizado como embaixa- dor e mensageiro da amizade. Foi adotada pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1968, em Grenoble, na França e personificam as características cultu- rais, históricas, ambientais, entre outras, da cidade-sede. A cada edição de uma Olimpíada é criada sempre muitas expec- tativas a despeito da nova mascote. Existem outros símbolos olímpicos, como a leitura do Juramento Olímpico des- de os Jogos da Antuérpia, em 1920, e o Hino idealizado na primeira edição dos Jo- gos Olímpicos da Era Moderna e adotado pelo COI, em 1958. Tal hino é executado durante o hasteamento da Bandeira Olím- pica. Todas as delegações inscritas nos Jogos Olímpicos são obrigadas a participar do desfile de abertura e ter pelo menos um representante na cerimônia de encerra- mento. A primeira delegação a desfilar é sempre a da Grécia, seguindo-se a do pa- ís-sede e as demais, por ordem alfabética. Atualmente, os números de participan- tes direta e indiretamente dos jogos olím- picos tem crescido consideravelmente. E igualmente a isso, os desafios estrutu- rais, políticos e sociais para a realização, são cada vez maiores. A cada edição des- se grandioso evento esportivo, crescem as chances de inúmeros atletas conquis- tarem fama internacional, por meio de resultados e/ou recordes olímpicos. Os Jo- gos Olímpicos configuram possibilidades valiosas para a cidade e o país que sediam mostrarem-se para o mundo. Os Jogos Paralímpicos inicialmente fo- ram realizados através de festivais espor- 26 27 tivos anuais com fins terapêuticos, sendo o ano de 1948, o marco desse evento, com o objetivo de promover a reabilitação dos soldados após a Segunda Guerra Mun- dial. Mantiveram esse formato até 1960, quando nos Jogos Olímpicos de Roma 400 atletas participaram de uma competição paralela, ficando conhecida como a I Para- limpíada. Desde então, passaram ser reali- zados a cada ano olímpico. Ficou acordado em 1988, nos Jogos Olímpicos de Seul, na Coreia do Sul, que a cidade-sede de uma Olimpíada também seria responsável pela realização imediata, das Paralimpíadas. A primeira participação do Brasil em Jo- gos aconteceu em 1920, nos Jogos Olímpi- cosda Antuérpia, na Bélgica. Devido à cri- se econômica que atravessa, o Brasil não dispôs de recursos para custear as despe- sas de uma delegação que pudesse repre- sentá-lo nos Jogos Olímpicos de 1928 em Amsterdã, na Holanda, sendo a única vez que esteve ausente de uma olimpíada. Desde então, esteve presente em todas as outras edições dos Jogos Olímpicos de Verão. No que se refere aos Jogos Olímpicos de Inverno, o Brasil estreou em 1992, em Al- bertville, na França. Em suma, podem-se totalizar as participações do Brasil em Jo- gos Olímpicos em 30 edições no transcur- so de sua história. Nesse sentido, são as seguintes: - 22 participações nos Jogos Olímpicos de Verão; - 06 participações nos Jogos Olímpicos de Inverno; - 01 participação nos Jogos Olímpicos da Juventude de Verão; - 01 participação nos Jogos Olímpicos da Juventude de Inverno. A primeira medalha de ouro conquista- da por um atleta brasileiro coincidiu exa- tamente com a primeira participação do Brasil em Olimpíadas. Foi em 1920, nos Jo- gos Olímpicos da Antuérpia, pelo tenente do Exército Guilherme Paranaense. Esse atleta brasileiro fazia parte de uma equi- pe composta por sete atiradores, os quais custearam as próprias despesas para par- ticipar do evento esportivo. A atribulada viagem prolongou por 27 exaustivos dias e antes de chegarem ao destino tiveram parte das armas e munição roubada. Fo- ram auxiliados por um grupo de atletas americanos, os mesmos que foram derro- tados pelos brasileiros durante as provas. O Brasil será o primeiro país sul-ameri- cano a receber uma edição dos Jogos Olím- picos de Verão, na cidade do Rio de Janei- ro, em 2016. Toda uma estrutura física, humana, política, financeira, dentre ou- tras, está sendo preparada e aguardada com muita expectativa por atletas, téc- nicos, dirigentes, entre outros, do mundo inteiro. 28 2928 Foram apresentadas ao longo deste documento as origens da Educação Físi- ca, suas relações com a história geral, o avanço alcançado nas questões pedagó- gicas, o processo de regulamentação da profissão, alguns conceitos básicos da re- lacionados à prática pedagógica, além de informações básicas organizacionais dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Tal material acadêmico não pretendeu esgotar conceitos, orientações e aborda- gens teóricas acerca do assunto estuda- do; e sim subsidiar estudos, pesquisas e novas produções que em muito contribui- rão para a disseminação de novos conhe- cimentos. Faz-se necessário destacar que o surgi- mento das novas tendências, abordagens e possibilidades permitidas à Educação Física a partir da década de 1980, contri- buíram para um grande avanço para essa área do conhecimento. Nesse sentido, ao longo de toda a história da Educação Físi- ca e, mais incisivamente nas últimas déca- das, as influências de pensadores, a des- coberta de novos métodos, as pesquisas e surgimento de tendências, o processo de regulamentação da Educação Física en- quanto componente curricular e também da profissão, promoveram mudanças es- senciais que culminaram nas práticas pe- dagógicas observadas nos mais variados espaços, atualmente. Enfim, as questões pedagógicas que permeiam a Educação Física e que susten- tam as razões que a justificam enquanto componente curricular nos espaços esco- lares e também como área do conhecimen- to nos demais espaços esportivos devem ser fundamentadas em teorias afins. Tal necessidade se dá pelo papel importan- tíssimo que a Educação Física assumiu no mundo contemporâneo em educar para a aquisição de hábitos mais saudáveis e me- lhoria da qualidade de vida dos cidadãos. UNIDADE 9 – Considerações Finais 28 2929 ACCIOLY, A. História da Educação Física e dos Desportos. 6 ed. Rio de Janeiro: EPD, 1984. ALMEIDA, José O. História da Educação Física. 3 ed. Viçosa: Imprensa Universitá- ria da UFV, 1995. BRACHT, Valter. A constituição das te- orias pedagógicas da Educação Física. Ca- derno CEDES, Campinas, 1999. BRASIL. Decreto 69.450,1º Nov. 1971. Regulamenta o art. 22 da Lei n. 4.024, de 20 de dez. 1961 e dá outras providências. ________________Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1.996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e dá outras providências. ________________Lei n. 10.328 de 12 de dezembro de 2001. Altera a redação do art. 26, § 3º, que “estabelece as dire- trizes e bases da educação nacional” e dá outras providências. ________________Lei n. 10.793, de 1º de dezembro de 2003. Altera a redação do art. 26, § 3º e do art. 92 da Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996 que “estabelece as diretrizes e bases da educação nacio- nal” e dá outra providências. _______________Lei n. 9.696 de 1º de setembro de 1998. Dispõe sobre a re- gulamentação da Profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselho Fe- deral e Conselhos Regionais de Educação Física. KOLYANIAK FILHO, Carol. Educação Fí- sica: Uma (nova) Introdução. 1 ed. Editora EDUC, São Paulo, 2008.SILVA, Charles M. Educação Física: Conceitos e Propostas. 1 ed. Editora SEM, Rio de Janeiro, 2005. OLIVEIRA, M. O percurso histórico da Educação Física. 5 ed. São Paulo, 2002. REFERÊNCIAS 30 AT UNIDADE 1 – Introdução UNIDADE 2 – Percurso Histórico da Educação Física 2.1- Atividades físicas do homem pré-histórico 2.2.1- As atividades físicas entre os chineses 2.2.2- As atividades físicas entre os hindus 2.2.3- As atividades físicas entre os japoneses 2.3.1- O Egito 2.3.2 - Assírios e Caldeus 2.3.3- Hebreus 2.3.4- Medas e Persas 2.3.5- Fenícios e Insulares 2.4- A Educação Física na Grécia Antiga 2.4.1- Os grandes jogos 2.4.2- Principais provas praticadas pelos gregos 2.5- A Educação Física na Roma Antiga 2.5.1- Locais para a prática desportiva em Roma 2.6- A Educação Física na Idade Média 2.7- A Educação Física no Renascimento 2.8- A Educação Física e o Iluminismo 2.9- A Educação Física na Idade Contemporânea UNIDADE 3 – O Aparecimento dos Primeiros Métodos Regulares 3.1- Método de Hebert 3.2- Método Francês 3.3- Método Calistênico 3.4- Educação Desportiva 3.5- Método de Amoros 3.6- Método Culturista UNIDADE 4 – Educação Física no Brasil 4.1- Brasil Colônia 4.2- Brasil Império 4.3- Brasil República UNIDADE 5 – Educação Física no Brasil: O Início das Concepções Pedagógicas UNIDADE 6 – Educação Física: Da Prática Pedagógica à Regulamentação UNIDADE 7 – Conceitos Básicos e Atuais Da Educação Física UNIDADE 8 – Jogos Olímpicos da Era Moderna: Informações Básicas UNIDADE 9 – Considerações Finais REFERÊNCIAS
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