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Sistema notorial e registral - COMPLETO

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Prévia do material em texto

Sistema Notarial e Registral 
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Tercius Zychan de Moraes 
Revisão Textual:
 Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Questões Preliminares
• A História do Direito Notarial e Registral;
• O Direito Notarial e Registral no Brasil;
• A Natureza Jurídica das Atividades Notariais e Registrais;
• Atividades Notariais e Registrais;
• Presunção de Boa-Fé dos Atos Notariais e Registrais.
• Entender as origens das Atividades Notariais e Registrais ao longo da História;
• Conhecer como o Direito Notarial e Registral chegou ao Brasil, bem como as previsões 
legais para o exercício deste tão relevante Serviço Público;
• Entender quais são as atividades específi cas desenvolvidas com relação à Atividade Nota-
rial e Registral, bem como a boa-fé que deve contaminar os Atos jurídicos decorrentes da 
prestação desses Serviços Públicos.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Questões Preliminares
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Questões Preliminares
A História do Direito Notarial e Registral
Antes de percorrermos os conhecimentos mais aprofundados e atuais a respeito 
das Atividades Notariais e Registrais, faremos uma breve contextualização delas, a 
partir do que as pesquisas indicam como nascedouro desse tipo de “serviço”.
Pesquisadores, ao tratarem sobre a origem histórica das Atividades Notariais e 
Registrais, dão conta de que foram os denominados “escribas” egípcios os primei-
ros percussores dos Atos notariais e de Registro.
Os escribas eram dotados de formação específica e tinham muito reconhecimen-
to por parte da Sociedade, merecendo destacar que esta atividade detinha caráter 
sucessório, ou seja, transmitia-se de pai para filho.
Cabe destacar que os registros históricos dão conta de que os “escribas” não 
eram dotados do que hoje requer a Atividade Notarial e Registral, ou seja, da no-
minada fé-pública.
Seus atos somente passavam a possuir essa qualificação a contar de uma “ho-
mologação” por outra autoridade, de condição superior à deles.
Assim, os registros passavam a serem dotados de reconhecimento coletivo e de 
autenticidade de seu conteúdo. 
Figura 1
Fonte: Pixabay
Em razão da dinâmica social que as Relações Negociais e a discussão sobre 
direitos vão assumindo surge a necessidade de serem criadas certificações, dando 
conta de que essas relações efetivamente ocorreram, com o fulcro de preservar os 
direitos das partes mediante consolidação das relações praticadas.
Cabe fazermos menção às palavras de José Roberto Pugliese a respeito des-
sa situação:
8
9
Sente-se que, desde as mais priscas eras, a sociedade já sentia a necessi-
dade para fixar e perpetuar os seus convênios e dessa necessidade foram 
surgindo os encarregados de redigir os contratos, ainda que com diver-
sidade de denominações e com limitação no exercício de suas funções. 
(PUGLIESE, 1989, p.24)
Na Grécia antiga, existia a figura dos mnemons, que exerciam uma função simi-
lar à dos escribas do Egito, que eram responsáveis por registrar e, inclusive, memo-
rizar os atos, principalmente, os contratos que redigiam. 
Junto a eles, tínhamos a figura dos hieromnemos, que eram responsáveis pelo 
arquivo e guarda dos registros.
A atividade de registro foi evoluindo ainda mais na Roma antiga. Naqueles tem-
pos, existia a figura do manufirmatio, que se tratava de um ato solene feito em 
público, que conferia aos documentos autenticidade e reconhecia os compromissos 
neles registrados.
A consumação do Ato se dava com a atitude formal de se passar a mão pelo 
documento, o que ocorria depois de sua leitura pelo notarius.
A ideia era que todos esses Atos fossem realizados em local público, para dar 
valor probatório aos tratos que se firmavam.
Uma questão relevante, nesse período, foi a possibilidade de o “cidadão”, dar 
“fé pública” a determinados Acordos, sendo que sua palavra poderia ser usada em 
caso de “lide”.
Vale destacar a condição de uma pessoa ostentar a qualidade de “cidadão” nesse 
período, o que carecia de uma série de condições pessoais a serem preenchidas, 
sendo a primeira delas ser um homem livre.
Com a expansão do território romano, absorvendo diversas culturas, além da 
concessão do título de “cidadão”, aos não originários de Roma, fez com que a 
credibilidade de “atesto” de certos Negócios jurídicos passassem a ser arriscados e 
inseguros no tocante à crença de boa-fé proclamada por um cidadão.
Surgem, nesse momento, novas figuras para registrarem “negócios jurídicos”, 
como: notarii, argentarii, tabularii e os tabeliones.
Os denominados notarii, embora não tivessem o desempenho de Atividade Pú-
blica, eram chamados para exercer a função de tomadores de nota, por intermédio 
de anotações de palavras abreviadas, que poderiam ser lidas por quem conhece 
essa forma escrita.
Outra figura que merece reconhecimento no desenvolvimento de uma atividade 
registral, ainda na Roma antiga, são os denominados argentarii, que intermediavam 
empréstimos de dinheiro para os particulares, os quais eram registrados em uma 
espécie de contrato de mútuo. Nesses contratos, eram empregados os nomes do cre-
dor e do devedor, além das condições quanto à satisfação das obrigações assumidas.
9
UNIDADE Questões Preliminares
Ainda no Estado romano, uma figura pública muito próxima em suas concep-
ções atuais de registros, eram os tabularii, que exerciam atividades de Contador 
Público, bem como deviam promover os registros de nascimentos, gerenciavam 
os censos para deliberar sobre os números da população, escrituravam registros e 
hipotecas e realizavam, também, inventários das coisas públicas.
Pode-se afirmar que as atividades dos tabularii são as antecessoras dos atuais 
registros civis e de imóveis.
A última figura a mencionar, na Roma antiga, são os tabeliones, que eram respon-
sáveis por realizar atos formais que produziam notoriedade aos Negócios jurídicos.
O aperfeiçoamento das Atividades Notariais e Registrais, ao longo do tempo, 
foram acompanhando o desenvolvimento da própria Sociedade, e da complexidade 
que as relações sociais vão assumindo, o que pode ser destacado, por exemplo, no 
século VI, pelos imperadores bizantinos, Justiniano I e Leão VI, que deram avanço 
àsatividades dos tabeliones, chegando a formar uma Corporação de Tabeliães, 
cuja direção foi entregue a um órgão colegiado denominado primicerius. 
Esse órgão ficou como responsável por designar novos tabeliones. Os novatos, 
para serem nomeados, deveriam possuir reputação ilibada e capacidade de se pro-
nunciar e de escrever os registros de sua responsabilidade.
Os tabeliones ou, como hoje denominamos, Tabeliães exerciam suas atividades 
em local público, conforme a designação conferida pelo primicerius.
Destaquemos algumas inovações tratadas nesse período, com relação às Ativi-
dades Notariais e Registrais, afetas especificamente aos Tabeliães, as quais foram 
implantadas, principalmente, pelo imperador Justiniano I, que são:
• Documentos produzidos pelos Tabeliães deveriam ser dotados de formalismos, 
sendo indispensável o registro da data e do local da lavratura do ato;
• Os Tabeliães deveriam possuir conhecimento jurídico, pois estavam registran-
do Relações Jurídicas;
• O conhecimento jurídico foi ressaltado, em razão de que os Tabeliães pode-
riam substituir magistrados, quando estes não se fizessem presentes em deter-
minada região do império.
Vejamos o que Cláudio Martins descreve a respeito das posições adotadas pelo 
imperador Justiniano I:
As principais disposições da legislação Justiniana, no âmbito notarial, 
consistiram na instituição do protocolo; na valorização do pacto pela in-
tervenção do notário; na obrigação quanto ao local em que o tabelião e 
seus auxiliares deveriam permanecer à disposição dos clientes; na dis-
ciplina rigorosa a que aquele e estes ficavam submetidos no exercício 
da profissão, inclusive quanto a substituições e na obrigação de redigir 
uma minuta do ato, perante testemunhas, dela extraindo cópia imediata. 
(MARTINS, 1974)
Fonte: http://bit.ly/2Qd4836
10
11
Em complemento e aperfeiçoando às disposições do Imperador Justiniano, o 
imperador Leão VI destaca a necessidade do conhecimento de questões jurídicas 
pelos Tabeliães, bem como que os mesmos fossem dotados de moral e conduta pro-
ba, além de possuir uma boa oratória e conhecimentos que inibissem a incidência 
de fraudes sobrevinda da influência de terceiros.
A Atividade Notarial passa a ter status de Ciência quando, no século XIII, a Uni-
versidade de Bolonha, na antiga região da Gália, hoje fazendo parte da Itália, criou 
um Curso especial para o desempenho da atividade notarial, com grande base em 
Matérias Jurídicas, o que para a maioria dos doutrinadores, é o momento de ori-
gem do Direito Notarial e Registral.
O Direito Notarial e Registral no Brasil
Ao tratar do marco inicial do Direito Notarial e Registral no Brasil, os historia-
dores e doutrinadores, de modo geral, apontam como episódio inaugural as cartas 
de Pero Vaz Caminha, intitulado “escrivão” da expedição de Pedro Alvarez Cabral, 
que, partindo de Portugal, descobre o Brasil no ano de 1500.
Para muitos, a “Carta de Caminha” é reconhecida como uma espécie de “Certi-
dão de Nascimento” das terras brasileiras.
Novas expedições portuguesas existiram, com o intuito de reconhecer a terra 
e verificar as suas riquezas, todas essas expedições eram também constituídas por 
emissários do rei de Portugal, com o objetivo de tratar, de forma detalhada, as des-
crições da terra, para a garantia de sua propriedade para o reino.
Com a colonização portuguesa do Brasil, as normas da metrópole eram em-
pregadas na colônia, sobretudo as denominadas “Ordenações Filipinas”, as quais 
continham, dentre outros dispositivos, preceitos referentes às Atividades Notariais 
e Registrais.
Essas instruções das Ordenações portuguesas, referentes à Ciência Notarial e Re-
gistral, foram, por muitos anos, mesmo após a Independência, aplicadas no Brasil.
Durante o período de colonização, a concessão da atividade de Tabelionato era 
de livre nomeação do rei de Portugal, mas, com o passar dos anos, a atividade e o 
título de “Tabelião” passam a ser de transmissão hereditária, inclusive, em algumas 
situações, permitia-se a “venda” do título.
A influência do Direito português e canônico influenciaram a legislação Notarial 
e Registral desde o período do Brasil Colônia.
Cabe fazermos uma observação sobre as qualificadoras daqueles que eram no-
meados para a Atividade Notarial e Registral no Brasil, durante a Colônia e mesmo 
após a independência, como relata Moacyr Amaral Santos:
11
UNIDADE Questões Preliminares
[...] serventuários públicos, investidos de fé pública, que têm por função 
precípua lavrar atos e contratos em livros de notas, conferindo-lhes auten-
ticidade, chamam-se também notários, denominação de origem canôni-
ca, usada por franceses e italianos. (SANTOS, 1987, p. 140)
Com a Constituição de 1967, mediante as alterações promovidas de maneira 
clara pela Emenda Constitucional n. 22, de 29 de junho de 1982, a atividade 
desenvolvida pela “Serventias Extrajudiciais”, como passaram a ser denominadas 
as Atividades Notariais e Registrais, sofreram algumas mudanças, como a obriga-
toriedade de seus serventuários, com exceção dos oriundos de período anterior a 
emenda n. 82, serem submetidos a Concurso Público.
Atualmente, a Constituição Federal de 1988 dedica um Artigo que pode ser 
visto como norma constitucional regulatória das Atividades Notariais e Registrais. 
Trata-se do Artigo 236:
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter 
privado, por delegação do Poder Público. 
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e cri-
minal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá 
a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos 
relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. 
§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso 
público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia 
fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por 
mais de seis meses. 
Atualmente, o Sistema Jurídico Notarial e Registral, em nível infraconstitucional, 
é regulado pela Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994, conhecida como “Lei 
dos Serviços Notarias e de Registro”. 
Desse modo, além da Constituição Federal, a Atividade Notarial e Registral bus-
ca seus fundamentos também na Lei de Registros Públicos (Lei n. 6.015/73) e no 
Código Civil Brasileiro. 
O emprego dessas normas ocorre, principalmente, quando certas questões se 
encontram omissas na Norma de Registros Notariais e Registrais.
O desempenho da Atividade Notarial e Registral no Brasil possui caráter priva-
do, estando sob a responsabilidade de Agente delegado, após aprovação em Con-
curso de Natureza Pública, no qual o candidato é avaliado por intermédio de provas 
e títulos, na conformidade do Edital específico para o Concurso.
O Concurso Público, para o exercício da atividade, está previsto no § 3º do Arti-
go 236 da Constituição Federal, bem como é regulado pela Lei n. 8.935, de 18 de 
novembro de 1994, mais precisamente, a partir de seu Artigo 14:
12
13
Art. 14. A delegação para o exercício da atividade notarial e de registro 
depende dos seguintes requisitos:
I - habilitação em concurso público de provas e títulos;
II - nacionalidade brasileira;
III - capacidade civil;
IV - quitação com as obrigações eleitorais e militares;
V - diploma de bacharel em direito;
VI - verificação de conduta condigna para o exercício da profissão.
Embora o dispositivo de Lei trate, em seu Inciso V, da necessidade da qualifi-
cação de ser o candidato “Bacharel em Direito”, a própria Lei abre uma exceção 
descrita no § 2º do Artigo 15:
Art. 15. (...)
§ 2º Ao concurso público poderão concorrer candidatos não bacharéis 
em direito que tenham completado, até a data da primeira publicação do 
edital do concurso de provas e títulos, dez anos de exercício em serviço 
notarial ou de registro.
Como podemos denotar, além do conhecimento jurídicopara a disputa do Con-
curso, será prestigiado aquele profissional que adquiriu experiência e conhecimen-
tos por um período considerável, ou seja, dez anos.
Resumindo, podemos traçar as seguintes caraterísticas das Atividades Notariais 
e Registrais:
Serviços Notariais 
e de Registro
Fiscalização e Controle do 
Poder Delegante
Caráter
Privado
Atividades 
delegadas pelo 
poder público.
Ingresso na 
atividade depende 
de concurso público 
de provas e títulos.
A responsabilidade civil e 
criminal dos agentes delegados 
depende de concurso público de 
provas e títulos.
Lei federal estabelecerá normas 
gerais para �xação dos 
Emolumentos dos serviços 
notariais e de registros.
Figura 2
13
UNIDADE Questões Preliminares
A Natureza Jurídica das Atividades 
Notariais e Registrais 
O constituinte de 1988, ao tratar, no Artigo 236, das Atividades Notariais e 
Registrais no Brasil, deixou sedimentado que elas terão caráter privado e serão 
exercidas mediante delegação do Poder Público.
Antes de mais nada, devemos conhecer um conceito do que vem a ser uma Ati-
vidade Notarial e Registral no Brasil de hoje. 
Para tanto, podemos utilizar o que detalha a própria Lei n. 8.935/94, a respeito 
do desenvolvimento dessa atividade:
Art. 1º Serviços notariais e de registro são os de organização técnica e 
administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segu-
rança e eficácia dos atos jurídicos.
A mesma previsão legal é encontrada no Artigo 1º da Lei n. 6.015, de 31 de 
dezembro de 1973, conhecida como a “Lei dos Registros Públicos”.
Examinemos o presente conceito, quanto às características ou aos elementos 
que o compõem:
• Publicidade: É dar a possibilidade de transparência e conhecimento dos atos 
praticados. A publicidade pode decorrer do acesso às Certidões, referentes aos 
Atos de Notas e Registros praticados;
• Autenticidade: É a condição de dar aos Atos jurídicos submetidos aos Serviços 
Notariais ou Registrais, a exata legitimidade, não podendo haver contestação, 
a princípio, dos dados neles inseridos;
• Segurança ou Segurança Jurídica: Liga-se ao fato de que a nota ou registro 
seguiram os ditames da Lei, estando por ela considerados perfeitos, o que so-
mente poderá ser alterado mediante prescrições, que se originem de uma nova 
Norma Legislativa;
• Eficácia: Demonstra que o Ato jurídico oriundo do registro está apto a pro-
duzir os efeitos jurídicos permitidos pelos preceitos legais a ele incorporados.
Conhecendo o conceito do que vem a ser uma Atividade Notarial e de Registro, 
bem como os elementos que a cercam, agora, podemos nos ater à natureza jurídica 
da atividade.
Com relação à natureza privada da atividade, ela decorre da imposição legal 
advinda do Caput do Artigo 236 de nossa Constituição:
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter 
privado, por delegação do Poder Público (grifo nosso).
Isto é, o desempenho da Atividade Notarial e de Registro deverá ser realizada 
por um particular, mediante delegação estatal.
14
15
Quanto a essa parte da natureza jurídica, podemos dizer que ela é decorrente de 
estrita determinação legal.
A delegação desses serviços, decorre de ato formal praticado pelo Poder Públi-
co, obviamente, seguindo todos os preceitos de um Ato administrativo perfeito.
Em resumo, o particular por delegação recebe a responsabilidade de registrar, 
certificar a veracidade e a presença do respeito às Normas Jurídicas referentes aos 
Atos e Negócios jurídicos por eles registrados, os quais passam a integrar registros 
nos devidos “livros” por eles guardados.
O instituto da delegação trata-se de Ato administrativo, em que, mediante dispo-
sição legal, será possível transmitir a competência da prática de determinados atos 
a outrem.
Desse modo, a Constituição Federal, ao impor, no Artigo em apreço, que a Ati-
vidade Notarial e Registral será exercida por particular, mediante delegação.
A Norma Constitucional demonstra duas questões:
• Reconhece que a atividade é originariamente de competência do Poder Público;
• Que o particular, enquanto no exercício da atividade, representa o Poder Pú-
blico, podendo ser submetido a tratamento páreo em razão do exercício de 
sua atividade.
Marçal Justem Filho assim argumenta sobre a prática da “delegação”:
A natureza da competência poderá autorizar a delegação de seu exercício 
para outros sujeitos. Essa delegação dependerá de lei, ainda que possa 
ser autorizada de modo implícito. Assim se passa porque a atribuição de 
competência se faz por meio de lei - logo, somente a lei poderá autorizar 
a sua delegação. (JUSTEN FILHO, 2018, E-book, cap. 7)
Na sequência, o mesmo Artigo 236 da Constituição, estabelece que a atividade 
de fiscalização dos atos praticados pelo particular no exercício de suas atribuições, 
caberá ao Poder Público, sendo esta atividade, exercida pelo Poder Judiciário.
Essa atribuição do Poder Judiciário está firmada no Artigo 37 da Lei n. 8,935/94:
Art. 37. A fiscalização judiciária dos atos notariais e de registro, men-
cionados nos artes. 6º a 13, será exercida pelo juízo competente, assim 
definido na órbita estadual e do Distrito Federal, sempre que necessário, 
ou mediante representação de qualquer interessado, quando da inobser-
vância de obrigação legal por parte de notário ou de oficial de registro, 
ou de seus prepostos.
Além dos respectivos Tribunais de Justiça Estaduais a que estiverem vincula-
das as Serventias Notariais e Registrais, cabe, também, a fiscalização e o controle 
destas pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ, instituição integrante do Poder 
Judiciário, nos termos do Artigo 92 Inciso I-A de nossa Constituição:
15
UNIDADE Questões Preliminares
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
(...)
I-A o Conselho Nacional de Justiça
Dentre as atribuições do CNJ, descritas em nossa Constituição, cabe a ele a 
competência de estabelecer atos regulamentares, bem como receber reclamações 
e avocar o poder disciplinar das “Serventias” e de Órgãos Notariais e Registrais:
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) mem-
bros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: 
(...) 
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e finan-
ceira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos 
juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas 
pelo Estatuto da Magistratura: 
 I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Es-
tatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito 
de sua competência, ou recomendar providências; 
(...)
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do 
Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e 
órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por de-
legação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência 
disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disci-
plinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposen-
tadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e 
aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; 
Atividades Notariais e Registrais 
Como visto, as Atividades Notariais e Registrais, nos termos do Artigo 236 de 
nossa Constituição, “[...] serão exercidas em caráter privado por delegação do Po-
der Público”, o que nos fez presumir, anteriormente, que estamos diante de uma ati-
vidade de caráter público, delegada a um particular, ou seja, as atividades desempe-
nhadas são de caráter público, podendo ser qualificadas como “Serviços Públicos”.
Mas o que são Serviços Públicos?
Busquemos um conceito a esse respeito nas palavras de Odete Medaur:
16
17
Em essência, serviço público significa prestações; são atividades que 
propiciam diretamente benefícios e bens, aos administrados, não se in-
cluindo aí as de preparação de infraestrutura (arquivo, arrecadação de 
tributos). (MEDAUAR,2016, E-book, cap. 14)
Diante dessas características, podemos afirmar que a Atividade Notarial e Regis-
tral corresponde ao pleno exercício prestacional de um “Serviço Público”, estando 
sujeito a todas às peculiaridades referentes aos atributos, princípios e responsabili-
dades dele.
Confirmam esse posicionamento as palavras de José Cretella Júnior:
Relembre-se que o serviço público tem esse caráter, não em si e por 
si, em essência – serviço público material – mas ’em razão de quem o 
fornece. ‘Se o Estado titulariza certo serviço – ensino, transporte, a ativi-
dade é, formalmente, serviço público. Os serviços notariais e de registro 
cabem, por sua relevância, ao Estado, mas os Poderes Públicos, por de-
legação, permitem que sejam exercidos em caráter privado. (CRETELLA 
JUNIOR, 1993, p. 4.611, v. IX)
A Lei n. 8.935/94, em seu Artigo 5º, enumera como são denominados os car-
gos a serem ocupados pelos particulares por delegação, para o exercício das Ativi-
dades Notariais e Registrais no Brasil:
Art. 5º Os titulares de serviços notariais e de registro são os:
I - tabeliães de notas;
II - tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos;
III - tabeliães de protesto de títulos;
IV - oficiais de registro de imóveis;
V - oficiais de registro de títulos e documentos e civis das pessoas jurídicas;
VI - oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas;
VII - oficiais de registro de distribuição.
Ainda nos termos da Lei n. 8.935/94, mais precisamente em seu Artigo 14, 
impõe a norma que, para ser possível a delegação desses serviços públicos, o par-
ticular deverá preencher certos requisitos de caráter subjetivo, que são:
Art. 14. A delegação para o exercício da atividade notarial e de registro 
depende dos seguintes requisitos:
I - habilitação em concurso público de provas e títulos;
II - nacionalidade brasileira;
17
UNIDADE Questões Preliminares
III - capacidade civil;
IV - quitação com as obrigações eleitorais e militares;
V - diploma de bacharel em direito;
VI - verificação de conduta condigna para o exercício da profissão.
Com relação ao requisito disposto no inciso V, vale lembrar que poderão partici-
par não Bacharéis em Direito, desde que comprovem ter exercido, pelo período de 
10 anos, atividades como Preposto em Serviço Notarial ou de Registro.
A indicação do particular para o exercício das Atividades Notariais e Registrais 
dependerá de aprovação em Concurso Público de Provas e Títulos, promovido pelo 
Poder Judiciário, com a participação na Banca Examinadora de um representante 
da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, do Ministério Público, de um notário e 
de um registrador.
Com relação ao preenchimento de vagas nas Serventias, ela dar-se-ão na con-
formidade do Artigo 16 da Lei n. 8.935/94, de maneira que dois terços das vagas 
serão preenchidas por aprovados no Concurso de Provas e Títulos e um terço me-
diante remoção após aprovação em Concurso de Títulos.
Importante destacar que a Lei prevê que nenhuma Serventia poderá ficar vaga 
sem a abertura de Concurso ou remoção, por período superior a seis meses.
Destarte, podemos dividir as Atividades em Notariais e Registrais, aproveitando 
do texto citado da Lei.
Podemos afirmar que as atividades “registrais” são as seguintes:
• Registro Civil de Pessoas Naturais;
• Registro Civil de Pessoas Jurídicas;
• Registro de Títulos e Documentos;
• Registro de Imóveis.
Essas Atividades Registrais serão de atribuição dos seguintes titulares:
• Oficiais de Registro de imóveis;
• Oficiais de Registro de Títulos e documentos e civis das Pessoas Jurídica;
• Oficiais de Registro Civis das Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas.
Com relação ao desempenho das Delegações Notariais, ele será exercido me-
diante o exercício das seguintes atividades:
• Notas;
• Protesto de títulos;
• Contratos maríttimos.
18
19
Presunção de Boa-Fé dos
Atos Notariais e Registrais
A expressão “fé”, etimologicamente deriva da expressão romana fides, po-
dendo ser interpretada como sendo o significado de fidelidade, crença, certeza de 
estar convicto.
Segundo a carta do Apóstolo Paulo aos Hebreus, Capítulo XI, versículo 1, a fé 
é tida:
Figura 3
Fonte: Pixabay
Pode-se afirmar que na relação da fé com a “verdade”, a primeira (fé), será deter-
minada pela segunda, ou seja, a verdade e fé não são circunstâncias antagônicas, 
sendo preceitos complementares, ao ponto de que a fé pode determinar a verdade 
e vice-versa.
De modo diverso, ocorre na relação entre “fé” e a “presunção”. Inicialmente, po-
demos até concluir, erroneamente, que tanto a fé como a presunção podem tornar 
como certo ou verdadeiro determinado fato, mas cabe fazermos uma diferença com 
relação a essa afirmativa, já que a presunção trata-se de uma probabilidade, ou seja, 
a possibilidade de que algo é verdadeiro; já com relação à fé, existe a plena certeza 
da verdade, sendo esta incontestável.
Agora que encontramos um sentido para a palavra “fé”, cabe-nos avaliar o que 
vem a ser a chamada “fé-pública”.
“Ora, a fé é o firme 
fundamento das coisas que 
se esperam, e a prova das 
coisas que se não veem.”
19
UNIDADE Questões Preliminares
Nas palavras de Sylvio Amaral:
“Os homens organizados em sociedade sentiram, com o andamento da 
civilização, a indeclinável necessidade de crer na veracidade do documento 
até prova em contrário (...).” “Essa crença universal é que se convencionou 
chamar, no campo do Direito, a fé pública dos documentos, expressão 
de dúplice sentido, para significar, sob o prisma objetivo, a aura de 
legitimidade que envolve os documentos, e, debaixo do ponto de vista 
subjetivo, a confiança apriorística da coletividade na sua veracidade.” 
(AMARAL, 1989, p.18)
Desse modo, podemos entender que a “fé-pública” referente aos Atos Notariais 
e Registrais pode ser compreendida tanto como uma convicção de autenticidade de 
maneira coletiva quanto pode ser encarada como uma realidade de concordância 
coletiva, sem contestação de sua veracidade e legitimidade, vez que os atos pratica-
dos emanam de uma autoridade confiável e competente para expedi-los.
Um exemplo de fé-pública pode ser visto no Artigo 215 de nosso atual Código 
Civil, que assim determina:
Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de Tabelião, é documento 
dotado de fé pública, fazendo prova plena.
20
21
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
O Futuro da Atividade Notarial e Registral diante da “Febre da Blockchain”
http://bit.ly/2QhkOq7
A Função Notarial na Realidade Jurídica Brasileira
http://bit.ly/2Qi2pte
Constituição Federal de 1988
http://bit.ly/2Qetyx8
A Responsabilidade Civil de Notários e Registradores sob a Égide da Lei 13.286/2016
http://bit.ly/2QciUHi
21
UNIDADE Questões Preliminares
Referências
AMARAL, S. Falsidade Documental. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1989.
ARAUJO, L. A. D.; NUNES JÚNIOR, V. S. Curso de Direito Constitucional. 
9.ed. São Paulo: Saraiva, 2005
BASTOS, C. R. Curso de Direito Constitucional. 2.ed. São Paulo: Saraiva. 2001.
BRASIL. Constituição da República Federativa do BRASIL, de 5 out. 1988. 
Senado Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>.
BRASIL. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>.
BRASIL. Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros 
públicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6015compi-
lada.htm>.
BRASIL. Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da 
Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8935.htm>.
CRETELLA JÚNIOR, J. Comentários à Constituição de 1988. Rio de Janeiro: 
Forense Universitária,1993. v. IX.
JUSTEN FILHO. M. Curso de Direito Administrativo. 13.ed. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2018 (E-Book).
KELSEN, H. Teoria geral do direito e do Estado. 3.ed. Tradução de Luis Carlos 
Borges. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
LINS, C. M. de A. A Atividade Notarial e de Registro. Companhia Mundial de 
Publicações, 2009. 
MARTINS, C. apud SANDER, T. A Atividade Notarial e sua Regulamentação. 
Disponível em <http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=683>.
MEDAUAR, O. Direito Administrativo. 4.ed. São Paulo: Editora Revista dos Tri-
bunais. 2016 (E-Book).
PUGLIESE, R. J. Direito Notarial Brasileiro. São Paulo: LEUD, 1989.
REALE, M. Lições Preliminares de Direito. 7.ed. São Paulo: Saraiva. 1980.
SANTOS, M. S. Primeiras linhas de Direito Processual Civil. São Paulo: Saraiva, 1987
SILVA, D. P. e. Vocabulário Jurídico. 3.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991.
22
23
SILVA, J. A. da. Aplicabilidade das normas constitucionais. 6.ed. São Paulo: 
Malheiros, 2003.
SILVA, J. A. da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2013.
23
Sistema Notarial 
e Registral
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Tercius Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Desenvolvimento, Princípios e Responsabilidades da Atividade 
Notarial e Registral
• Finalidade da Atuação Notarial e Registral;
• Princípios Gerais da Atividade Notarial e Registral no Brasil;
• Responsabilidades do Notários e dos Registradores.
• Entender quais são as fi nalidades com relação aos serviços prestados pelas Atividades 
Notariais e Registrais, na conformidade de nosso sistema jurídico;
• Apreciar os Princípios que balizam o entendimento e a aplicação desses Serviços Públicos, 
tão relevantes, que contribuem como instrumento de pacifi cação social;
• Verifi car quais são as responsabilidades a que estão sujeitos aos agentes delegados no 
desempenho das Atividades Notariais e Registrais.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Desenvolvimento, Princípios e 
Responsabilidades da Atividade 
Notarial e Registral
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Desenvolvimento, Princípios e Responsabilidades 
da Atividade Notarial e Registral
Finalidade da Atuação Notarial e Registral
Como vimos na aula anterior, as Atividades Notariais e Registrais no Brasil, por 
força do mando constitucional, são Serviços Públicos por Delegação a Particulares, 
mediante Concurso Público, ou seja, a Constituição Federal de 1988, estabeleceu 
os Preceitos Básicos, em seu Artigo 236, para o exercício e organização, dessa tão 
importante Atividade de Notas e Registros dos Atos ou Negócios Jurídicos.
Vejamos, de modo geral, todos os preceitos constitucionais das Atividades No-
tariais e Registrais:
• Serviço Público exercício por Particular por Delegação;
• Atividade regulada por lei;
• A Lei disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, ofi-
ciais de registro e de seus prepostos;
• A Lei definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário;
• Lei Federal estabelecerá Normas gerais para fixação de emolumentos 
relativos aos atos praticados pelos Serviços de Registro;
• O ingresso na atividade dependerá de Concurso Público de Provas 
e Títulos;
• Não se permite que qualquer Serventia fique vaga, sem abertura de 
Concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses. 
A expressão “Serventia”, empregada pela Constituição Federal, no Artigo co-
mentado, é replicada nas Leis que regulam esse serviço (Lei n. 8.935/94 – “Lei dos 
Notários e Registradores” e Lei n. 6015/73 – “Lei dos Registros Públicos”).
Podemos, nos termos da Constituição e das Leis mencionadas, entender que as 
Serventias se tratam de repartições, nas quais são delegadas competências do ente 
público para o exercício da Atividade Notarial e Registral.
As Serventias exercem atividade “extrajudicial”, sendo mais conhecidas por sua 
denominação popular de “Cartórios”, que têm como responsável aquele que for 
aprovado em concurso, denominado “Tabelião” ou “Notário”, ambos dotados, na 
forma da Lei, de “fé-pública”.
A atuação dos Tabeliães e dos Notários consiste em representar o Estado, na 
intervenção dos Negócios jurídicos, por intermédio de Registros.
Tal fato é uma decorrência da postura do Sistema Jurídico, que elege alguns 
desses Negócios como aqueles que podem produzir efeitos tendentes a repercutir 
em interesses diversos; daí a necessidade de se tornarem públicos.
Essa forma de atuação estatal interferindo nos Negócios públicos é denominada 
“Administração Pública dos Interesses Privados”, também conhecida como “Juris-
dição Voluntária”.
Embora de fato a atuação Notarial e Registral não sejam especificamente Atos 
relativos ao exercício da “Jurisdição Estatal”, que age quando provocada para pôr 
8
9
fim aos conflitos de interesse (lide), alguns autores justificam essa denominação, 
em razão de uma influência histórica, relativa a uma antiga atividade desen-
volvida pelos magistrados de serem responsáveis em documentar determinados 
Negócios Jurídicos.
Por exemplo, qual a necessidade de ser feita em uma Serventia de Registro Civil 
das Pessoas Naturais uma “certidão de óbito”?
Certidão de óbito: https://bit.ly/2kjdTgS
Ex
pl
or
O interesse jurídico desse registro, se faz pela necessidade, ante às “consequên-
cias” jurídicas”, que podem advir com o óbito de uma pessoa, como, por exemplo, 
a abertura do direito de sucessão, direitos previdenciários, transmissão de certas 
obrigações ao espólio etc., ou seja, abre-se uma série de novas relações jurídicas ad-
vindas da “morte” de uma pessoa natural, que repercutem no Direito e na atuação 
direta do Estado, sendo necessário o reconhecimento desse fato por intermédio de 
um Registro Público.
Uma questão importante, até em virtude da quantidade de Atividades Notariais 
e Registrais existentes, é a possibilidade dos notários e dos registradores contrata-
rem, mediante um Contrato de Trabalho regido pelas Leis Trabalhistas, prepostos 
denominados “Escreventes”, sendo que, entre eles, será designado um como seu 
substituto e os demais atuarão na condição de auxiliares.
Princípios Gerais da Atividade 
Notarial e Registral no BrasilOs princípios mantêm íntima relação na interpretação e na aplicação de precei-
tos fundamentais de várias Ciências, o que não é diferente no caso das Ciências 
Jurídicas, nas quais se encontra como Ramo aquela que faz parte de nosso estudo 
relativo ao Sistema Notarial e Registral.
Antes de tratarmos, especificamente, dos Princípios que regem as Atividades 
Notariais e Registrais, segundo o Sistema Jurídico brasileiro, vejamos um bom con-
ceito do que vem a ser um “Princípio”. 
Para tanto, iremos recorrer ao entendimento de Cretella Junior:
[...] princípios de uma ciência são as proposições básicas, fundamentais, 
típicas, que condicionam todas as estruturações subsequentes. Situam-se 
entre os valores e as normas, isto é, representam o marco inicial na esca-
la de concreção do direito. Por isso, eles são munidos do mais alto grau de 
abstração, o que lhes confere maior campo de abrangência. (CRETELLA 
JÚNIOR, 2003, p. 3)
9
UNIDADE Desenvolvimento, Princípios e Responsabilidades 
da Atividade Notarial e Registral
Especificamente na “Ciência do Direito”, os princípios possuem três funções 
amplamente reconhecidas.
São elas:
1. Os princípios são empregados como fornecedores de ideias fundamentais 
das normas positivadas em um Sistema Jurídico determinado;
2. Os princípios funcionam como orientadores, ou “bússolas”, que permitem 
ao intérprete dar a real compreensão da norma jurídica;
Figura 1
Fonte: Getty Images
3. Os princípios podem ser empregados como “preenchedores” de lacunas 
jurídicas para aplicação do Direito, como mecanismo de solução de con-
flitos de interesse, tendo, assim, uma função de integração da norma ao 
caso em concreto.
Para fecharmos a compreensão do que são, de modo geral, os princípios, 
cabe destacar o entendimento de Miguel Realle, sobre eles:
[...] Princípios são verdades fundantes de um sistema de conhecimento, 
como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprova-
das, mas também por motivos de ordem pratica de caráter operacional, 
isto é, como pressupostos exigidos pelas necessidades da pesquisa e da 
práxis. (REALLE, 1998, p. 305-22)
O desprezo ao emprego correto dos “princípios”, principalmente, na Ciência do 
Direito, pode provocar o uso ilegal da Norma Jurídica, fazendo com que a parte 
prejudicada na defesa de seu direito utilize, por exemplo, de um dos remédios cons-
titucionais, como é o caso do Mandado de Segurança, previsto em nossa Constitui-
ção Federal em seu Artigo 5º inciso LXIX:
10
11
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito 
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, 
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autori-
dade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições 
do Poder Público;
De modo que o emprego da norma desprezando o princípio jurídico que lhe apon-
ta a necessária interpretação poderá configurar uma ilegalidade e eventual abuso de 
poder, o que permitirá ao prejudicado o emprego do “Mandado de Segurança”.
Com relação aos princípios que integram o Sistema Notarial e Registral, os quais 
passaremos a estudar, cabem algumas observações iniciais.
É sempre necessário reforçar o entendimento já descrito de que as Atividades No-
tarias e Registrais são de natureza pública, exercidas por delegação por particulares.
Desse modo, mesmo não sendo prestados os serviços diretamente pela Admi-
nistração Pública, não se perde a natureza pública deles serviços, ou seja, estão 
sujeitos ao mesmo tratamento se estivessem sob o manto direto da Administra-
ção Pública.
Na qualidade de Serviços Públicos, a primeira questão é que as Atividades Nota-
riais e Registrais devem reverenciar os “Princípios Gerais da Administração”, enu-
merados no caput do Artigo 37 de nossa Constituição Federal:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Pode-
res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedece-
rá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade 
e eficiência e, também, ao seguinte: 
Além desses, de caráter geral, existem Princípios específicos a serem observa-
dos, tanto isoladamente, pela Atividade Notarial, como também para a Registral.
Entretanto, caberá, neste nosso estudo, apreciarmos os princípios que, em razão 
do seu objeto, devem ser empregados em ambas atividades.
Por fim, os Princípios que estudaremos são aqueles que destacamos como os 
que efetivamente merecem ser realçados, além de terem reconhecimento notória 
da Doutrina, mas nos quais, mesmo assim, ela não é unânime em relação à enu-
meração precisa deles.
Princípio da Publicidade
Como já estudado, o fulcro da atuação Notarial e Registral é registrar Negócios 
Jurídicos ou Atos jurídicos que possam transcender aos interesses das partes, e 
repercutirem em novos Fatos jurídicos, sendo, nesse caso, a intervenção do Estado 
nos Negócios Públicos necessária para garantir segurança e estabilidade nas Rela-
ções e no Sistema Jurídico de determinado Estado.
11
UNIDADE Desenvolvimento, Princípios e Responsabilidades 
da Atividade Notarial e Registral
Sendo assim, além do controle dos Atos ou dos Negócios praticados, os Serviços 
Públicos Notariais e Registrais tem como uma de suas funções demonstrar à cole-
tividade que, por intermédio deles, estão sendo cumpridos os mandamentos legais, 
referentes àquele fato relevante para o Direito, permitindo, inclusive, o controle 
social ou coletivo dos Atos Registrados e reconhecidos pelo Poder Público, ainda 
que não realizados diretamente por ele.
Quanto ao Princípio da Publicidade, cabe referenciar Marçal Justen Filho:
O princípio da publicidade impõe que todos os atos do procedimento 
sejam previamente levados ao conhecimento público, que a prática de 
tais atos se faça na presença de qualquer interessado e que o conteúdo do 
procedimento possa ser conhecido por qualquer um. (JUSTEN FILHO, 
2016, E-book, Cap. 6)
A publicidade dos Serviços Notariais e Registrais se dá com a simples prática 
do ato, pois, a partir de sua consumação, torna-se ele presumível ao conhecimento 
de todos, como ocorre com o averbação em certa Matrícula de Imóvel de um novo 
proprietário ou, ainda, com o Registro Civil de um casamento, no qual o registro 
da “Ata de Casamento” faz presumir que há o conhecimento de todos.
Com relação à publicidade dos Atos praticados sob à ótica do Sistema Normati-
vo do Estado, vale esclarecer, ainda, que esse princípio decorre também da figura 
do Estado Democrático de Direito, na qual o detentor do poder é o “povo”, vez que 
a própria Constituição faz menção a essa situação no parágrafo único do Artigo 1º, 
que assegura que “todo o poder emana do povo”.
O doutrinador Walter Ceneviva, com relação à aplicação do Princípio da Publici-
dade, no desenvolvimento dos Serviços Notariais e Registrais, assim, se posiciona:
[...] O vocábulo publicidade compreende realidades jurídicas diversas, tan-
to no direito público quando no direito privado, podendo ser obrigatória 
ou facultativa (...) Publicar, enquanto serviço público, é ação de lançar, 
para fins de divulgação geral, ato ou fato juridicamente relevante em livro 
ou papel oficial, indicando o agente que neles interfira (ou agentes que 
interfiram), com referência o direito ou ao bem da vida mencionado (...) 
A publicidade legal própria da escritura notarial registrada é, em regra, 
passiva, estando aberta aos interessados em conhecê-la, mas obrigatória 
para todos, ante a oponibilidade afirmada em lei. As exceções confir-
mam a regra. Assim é com a publicidade do loteamento, prevista na 
Lei n. 6.766/79 – Lei do Parcelamento do Solo Urbano, cujo art. 19 
impõe a divulgação ativado empreendimento, para assegurar aos tercei-
ros o direito de impugnarem o pedido de registro. No mesmo sentido, a 
incorporação condominial. (CENEVIVA, 2002, p. 24-6)
A garantia ao livre acesso às informações registradas pode ser vista na Lei de 
Registros Públicos – Lei n. 6,015/73 que, em seus Artigos 16 e 17, assim dispõe:Art. 16. Os oficiais e os encarregados das repartições em que se façam 
os registros são obrigados:
12
13
1º a lavrar certidão do que lhes for requerido;
2º a fornecer às partes as informações solicitadas.
Art. 17. Qualquer pessoa pode requerer certidão do registro sem infor-
mar ao oficial ou ao funcionário o motivo ou interesse do pedido.
Parágrafo único. O acesso ou envio de informações aos registros públi-
cos, quando forem realizados por meio da rede mundial de computadores 
(internet) deverão ser assinados com uso de certificado digital, que aten-
derá os requisitos da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP. 
Princípio da Boa-fé
O Princípio da Boa-fé decorre, inicialmente, das palavras que a compõem, ou 
seja, a fé, esta, refere-se à crença da veracidade daquilo que se vê ou promete, po-
dendo ter caráter subjetivo. 
Nela, há percepção da certeza, sem necessidade de qualquer prova, já com o 
emprego em conjunto da palavra “boa”, que nos impele a compreender aspectos 
relativos à legalidade e à conformidade do que se referenda, de estar em consonân-
cia com o ordenamento jurídico.
No tocante às Atividades Notariais e Registrais, vejamos um conceito do que 
vem a ser “boa-fé”, segundo o entendimento de João Mendes de Almeida Júnior, 
ao tratar dos Serviços Notariais e Registrais:
A ideia de fé tem como notas características a sinceridade de quem afirma 
e a adesão confiante do espírito de quem recebe a afirmação. Constituído 
pelo Estado para assegurar e transmitir a verdade da existência de certos 
fatos e atos jurídicos, os órgãos da fé pública têm por função a ‘afirmativa 
geral’[...] Os fins da sua organização são a segurança dos direitos individu-
ais e a conservação dos interesses da vida social, fins esses que lhe dão, 
pela identificação com certos fins do Estado, o caráter público. Como 
instituição de direito público, esses órgãos estão investidos da função 
necessária para transmitir aos cidadãos aquela sinceridade indispensável 
para o equilíbrio social. (ALMEIDA JUNIOR, 1963, p. 5)
Em pura consonância a este entendimento, a própria Lei dos Notários e Regis-
tradores (Lei nº 8.935/94), reafirma esse atributo, a quem exerce estas atividades, 
em seu Artigo 3º:
Art. 3º Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são pro-
fissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício 
da atividade notarial e de registro.
Com relação ao Princípio da Boa-fé, o qual pode também ser denominado de 
“Fé-pública”, vejamos, em parte, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ao 
julgar o Agravo de Instrumento – AI n. 4.6785-DF, no qual foi relator o Ministro 
Celso de Mello, e que trata da “Fé-pública”:
13
UNIDADE Desenvolvimento, Princípios e Responsabilidades 
da Atividade Notarial e Registral
PODER CERTIFICANTE DO SERVENTUÁRIO DA 
JUSTIÇA – FÉ-PÚBLICA
A função certificante, enquanto prerrogativa institucional, constitui-se 
como emanação da própria autoridade estatal, destinando-se a gerar si-
tuação de certeza jurídica, desde que exercida por determinados agentes 
a quem se outorgou, ministério legis, o privilégio da fé-pública.
Fonte:http://bit.ly/2Awbvbk
Princípio da Segurança Jurídica
Inicialmente, podemos proclamar que os Serviços Públicos desenvolvidos nas 
Serventias, seja por intermédio de prestativos notariais, sejam eles registrais, vi-
sam a dotar qualquer Negócio Jurídico ou Ato Jurídico, de Boa-fé e segurança às 
partes envolvidas.
A Segurança jurídica não afeta somente a proteção das partes envolvidas em 
um negócio ou num ato jurídico; tem, também, por objetivo agregar aos Serviços 
Notariais e Registrais uma proteção mais ampla, quer a de terceiros de boa-fé, quer 
de toda a Sociedade.
A este mister, ressaltam as palavras de João Mendes de Almeida Junior:
Se a busca por segurança é comum a toda forma de vida e, portanto, 
também para o homem; se a sociabilidade é inerente à natureza humana; 
se os pactos (negócios jurídicos), em seu sentido amplo, são manifestação 
de sociabilidade, o notário, ao conferir certeza aos contratos, harmoniza 
essas duas dimensões características de todo ser humano: a sociabilidade 
e a segurança. (ALMEIDA JUNIOR, 1963, p. XXI)
Princípio da Imparcialidade
O Princípio da Imparcialidade guarda íntima relação com o Princípio da Impes-
soalidade, prescrito este entre os Princípios Gerais da Administração, indicados no 
caput do Artigo 37 de nossa Constituição Federal de 1988.
Sobre o princípio da impessoalidade, aplicado à matéria de Direito Administrati-
vo, vejamos o que entende Odete Medauar:
Com o princípio da impessoalidade, a Constituição visa obstaculizar atua-
ções geradas por antipatias, simpatias, objetivos de vingança, represálias, 
nepotismo, favorecimentos diversos, muito comuns em licitações, concur-
sos públicos, exercício do poder de polícia. Busca, desse modo, que pre-
domine o sentido de função, isto é, a ideia de que os poderes atribuídos 
finalizam-se ao interesse de toda a coletividade, portanto a resultados des-
conectados de razões pessoais (MEDAUAR, 2016, E-book, Cap. 7).
Nesse passo, aplicando esses entendimentos sob o restrito aspecto da impar-
cialidade que deve ter o representante delegado nos Serviços Públicos Notariais e 
14
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 Registrais, este deve manter-se alheio, no desempenho de suas atividades, a quais-
quer posturas de caráter pessoal ou atinentes a qualquer uma das partes. Sendo 
assim, o agente delegado deve promover um tratamento igualitário, prestando a 
todos os esclarecimentos sobre os Atos praticados.
As normas relativas aos Serviços Notariais e Registrais apresentam preceitos que 
se enquadram nesse princípio, como, por exemplo, o descrito no Artigo 27 da Lei 
dos Notários e Registradores:
Art. 27. No serviço de que é titular, o notário e o registrador não pode-
rão praticar, pessoalmente, qualquer ato de seu interesse, ou de interesse 
de seu cônjuge ou de parentes, na linha reta, ou na colateral, consanguí-
neos ou afins, até o terceiro grau.
Quando tratamos da imparcialidade ou da impessoalidade, não podemos dei-
xar de observar que, no desempenho de suas Atividades Notariais ou Registrais, 
os agentes delegados não podem se deixar influenciar, seja pelas partes, seja por 
terceiros interessados.
 A imparcialidade deve ser entendida como a não sujeição ou vinculação a quais-
quer imposições, a não ser as da Lei e das Decisões Fundamentadas emanadas 
pelo Poder Judiciário, ou seja, devem, esses agentes, seguir os limites impostos 
pela legalidade de seus atos, gozando de total independência para praticá-los.
Princípio da Cautela
Como já vimos, a finalidade dos Serviços Notariais e Registrais no Brasil são no 
sentido de sedimentar e se tornarem públicas as Relações e os Atos Jurídicos.
Assim, devemos reconhecer a natureza preventiva desses serviços, pois eles não 
podem ser fundados em qualquer nível de incertezas, que possam de alguma forma 
provocar qualquer prejuízo a direitos das partes envolvidas nas Atividades Notariais 
e Registrais ou que possam atingir terceiros e, até mesmo, a própria coletividade.
Sobre esse princípio, vejamos as palavras de Leonardo Brandelli, com relação 
aos deveres da atividade de um Notário ou Registrador, e a importância do ato que 
praticam, frente à necessidade de formar prova e assegurar direitos:
[...] o notário ajusta juridicamente os negócios privados, de modo que es-
tes venham a se enquadrar no ordenamento jurídico vigente, prevenindo 
que vícios futuros sejam apontados, bem como evitando, ao máximo, a 
instauração de lides sobre referida questão. (BRANDELLI, 2007, p. 131)
Diante de tal princípio, cabe aos Notários e aos Registradores, antes de executa-
rem Atos de sua competência, adotarem todas as medidas pertinentes, para tanto. 
Eles devem utilizar sua prática e seu conhecimento jurídico, evitando que sejam 
realizados Atos que possam causar qualquer espécie de nulidades e, consequente-
mente, prejuízos aos envolvidos na relação jurídica registrada.
15
UNIDADEDesenvolvimento, Princípios e Responsabilidades 
da Atividade Notarial e Registral
Sem dúvida, que as Notas e os Registros fundados em Fatos e em Normas Jurí-
dicas sedimentam direitos subjetivos das partes envolvidas em tais atos, o que tem 
por escopo, também, minimizar a busca da jurisdição para solução de eventuais 
conflitos de interesse, vez que os direitos ficam provados pelos documentos e pelas 
certificações produzidas.
Assim, o Princípio da Cautela, é reconhecido por certos doutrinadores como 
uma atividade precatória essencial à Administração da Justiça.
Princípio da Tecnicidade
Sem dúvida, ao dispor no Artigo 1º da Lei nº 8935/94, sobre as Atividades Téc-
nicas Notariais e Registrais, o Legislador reconhece a presteza que deve existir, no 
efetivo exercício dessas atividades, associando tal situação ao Princípio da Cautela. 
Para tanto, os Atos emanados pelos agentes delegados devem ser desempenha-
dos com a devida técnica, no sentido de sedimentar a vontade das partes, ou com 
o propósito de criar relações jurídicas entre pessoas; o certo é que em ambas as 
situações, o escopo de garantir estabilidade e harmonia social:
Art. 1º Serviços notariais e de registro são os de organização técnica 
e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segu-
rança e eficácia dos atos jurídicos (grifo nosso).
Leonardo Brandelli, ao tratar da tecnicidade da Atividade Notarial, assim, reco-
nhece esse princípio:
A função a cargo do notário tem acentuado caráter técnico. É evidente 
que grande parte da atuação notarial depende de perfeição do tecnicis-
mo, isto é, depende do conhecimento por parte do notário dos institutos 
jurídicos e dos modos de realização do direito, por meio de suas formas, 
fórmulas, conceitos e categorias (...) É evidente que para lograr tal intento, 
não bastará que o notário seja somente um conhecedor dos institutos jurí-
dicos (o que deverá ser), necessitando que seja ainda um hábil manejador 
da arte de implementação na práxis destes institutos; precisará conhecer 
os meandros da materialização dos institutos jurídicos. (BRANDELLI, 
2007, p. 137)
Princípio Rogatório
Tal princípio também é denominado, por alguns doutrinadores, Princípio da 
Primeira Instância.
Esse princípio, no que concerne à Atividade Registral, reconhece que esta so-
mente ocorre mediante provocação dos interessados, não cabendo atuação de ofí-
cio por parte do Registrador.
A Lei dos Registros Públicos menciona outras hipóteses, que não as de praxe, 
relativas à provocação das atividades desenvolvidas pelos agentes delegados.
16
17
Vejamos, então, o Artigo 13 da Lei dos Públicos (Lei nº 6015/73), quanto a 
tal mister:
Art. 13. Salvo as anotações e as averbações obrigatórias, os atos do re-
gistro serão praticados:
I – por ordem judicial;
II – a requerimento verbal ou escrito dos interessados;
III – a requerimento do Ministério Público, quando a lei autorizar.
Aquele que requer a anotação é o que detém o direito, valendo observar que o 
requerimento verbal não será aceito quando existir previsão legal que exija a forma 
escrita pública ou mesmo particular, como, por exemplo, prevê o Inciso I do Pará-
grafo único do Artigo 5º do Código Civil:
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pes-
soa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por 
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
Tal, posicionamento com relação ao princípio rogatório terá a mesma aplicabili-
dade com os Notários, que também devem atuar quando provocados.
Responsabilidades do Notários 
e dos Registradores
Com relação ao desempenho de suas Atividades, os Notariais e os Registradores 
estão sujeitos à responsabilização, segundo três Ramos do Direito:
• Direito Civil;
• Direito Penal;
• Direito Administrativo.
A questão dessa sujeição está inclusive descrita tanto na Constituição Federal, 
quanto na própria Lei dos Serviços Notariais e Registrais.
Constituição Federal:
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter 
privado, por delegação do Poder Público.
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e cri-
minal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá 
a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
17
UNIDADE Desenvolvimento, Princípios e Responsabilidades 
da Atividade Notarial e Registral
No tocante à Responsabilidade Civil, vejamos o que trata o Artigo 22 da 
Lei nº 8935/94:
Art. 22 – Os notários e oficiais de registro responderão pelos danos que 
eles e seus prepostos causem a terceiros, na prática de atos próprios da 
serventia, assegurado aos primeiros direitos de regresso no caso de dolo 
ou culpa dos prepostos.
A doutrina e a jurisprudência, tem estabelecido que a responsabilidade civil dos 
notariais e dos registrais é a denominada “responsabilidade civil objetiva”, ou seja, 
para que haja a obrigação deles de reparar o dano, bastará ficar demonstrada a 
conduta (ação ou omissão), a existência do “dano” e do “nexo de causalidade”, não 
se faz necessária a demonstração de culpa (dolo ou culpa no sentido estrito).
Já com relação aos Prepostos, aos Notariais e aos Registrais, eles poderão ingres-
sar com uma ação regressiva contra eles, mas, nessa hipótese, deve ficar evidente 
a demonstração de culpa do preposto, pois, aqui, a responsabilidade será subjetiva.
Com relação a essa responsabilidade, destacamos, que será a mesma prevista 
para os Agentes Públicos, de modo geral, na conformidade do § 6º do Artigo 37 
da Constituição Federal:
Art. 37 [...]
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado pres-
tadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, 
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso 
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
O entendimento jurisprudencial consolida essa interpretação. Para tanto, deve-
mos apreciar parte do relatório emanado pelo Ministro Marco Aurélio de Mello, em 
razão do julgamento do Recurso Extraordinário – RE 201595-SP:
RESPONSABILIDADE OBJETIVA – ESTADO – RECONHECIMENTO 
DE FIRMA – CARTÓRIO OFICIALIZADO. Responde o Estado pelos 
danos causados em razão de reconhecimento de firma considerada assi-
natura falsa. Em se tratando de atividade cartorária exercida à luz do arti-
go 236 da Constituição Federal, a responsabilidade objetiva é do notário, 
no que assume posição semelhante à das pessoas jurídicas de direito 
privado prestadoras de serviços públicos – § 6º do artigo 37 também da 
Carta da República. (RE 201595-SP, Relator(a): Min. Marco Aurélio)
Quanto à responsabilidade criminal dos notáriais e dos registradores, como já 
mencionamos, possui previsão de caráter constitucional.
Vejamos, então, como se enquadra o exercício das atividades desempenhas por 
esses agentes delegados, com relação à responsabilidade criminal, nos termos da 
Lei n. 8.935/94:
Art. 24. A responsabilidade criminal será individualizada, aplicando-se, no 
que couber, a legislação relativa aos crimes contra a administração pública.
Parágrafo único. A individualização prevista no caput não exime os notá-
rios e os oficiais de registro de sua responsabilidade civil.
18
19
Desse modo, os Notariais e os Registrais estarão sujeitos a serem responsabiliza-
dos, pela prática de crimes, como, por exemplo, os previstos no atual Código Penal 
Brasileiro, descritos entre os Artigos 312 a 326, que tratam dos “crimes praticados 
por funcionários públicos contra a administração em geral”.
Um exemplo é o tipo penal descrito no Artigo 324, do mencionado Código Penal:
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Art. 324 – Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as 
exigências legais, ou continuar a exercê-la,sem autorização, depois de 
saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
No tocante à responsabilidade administrativa, esta possui previsão das condutas 
que se enquadram como infrações de caráter administrativo, entre os Artigos 30 e 
31 da Lei n. 8.935/94:
• Inobservância das prescrições legais e normativas;
• Conduta atentatória às instituições notariais e de registro;
• Cobrança indevida ou excessiva de emolumentos, ainda que sob a alegação 
de urgência;
• Violação do sigilo profissional e o descumprimento de quaisquer dos deveres 
decorrentes da função.
Com relação a essas infrações, os delegatários estarão sujeitos às seguintes penas:
• Repreensão;
• Multa;
• Suspensão;
• Perda da delegação.
Em razão de a competência fiscalizatória das Atividades Notariais e Registrais 
ser do Poder Judiciário, o Processo Administrativo Disciplinar também se dará jun-
to a esse Poder, ressaltando que a responsabilidade administrativa somente atinge a 
figura dos Delegatários (Notariais e Registradores) não podendo ser imputadas aos 
prepostos que são submetidos ao regime celetista.
19
UNIDADE Desenvolvimento, Princípios e Responsabilidades 
da Atividade Notarial e Registral
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Estado é responsável civilmente por erros cartorários
http://bit.ly/2AuKW6e
Serventias extrajudiciais como instrumento de pacificação social
https://bit.ly/2miI7Bf
Constituição Federal de 1988
http://bit.ly/2LUKnti
Do princípio da publicidade notarial e registral. Aspectos doutrinários e jurisprudenciais
http://bit.ly/2AquAvv
20
21
Referências
ALMEIDA JUNIOR, J. M. de A. J. Órgãos da Fé Pública. 2.ed. São Paulo: Sa-
raiva, 1963.
AMARAL, S. do. Falsidade Documental. São Paulo: Editora Revista dos Tribu-
nais, 1989.
ARAUJO, L. A. D. NUNES JÚNIOR, V. S. Curso de Direito Constitucional. 
9.ed. São Paulo: Saraiva, 2005
BASTOS, C. R. Curso de Direito Constitucional. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
BRANDELLI, L. Teoria geral do Direito Notarial. São Paulo: Saraiva, 2007.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 out. 1988. Se-
nado Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>.
________. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>.
________. Lei n. 13105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/
l13105.htm>.
________. Lei n. 6015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os Registros 
públicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6015compi-
lada.htm>.
________. Lei n. 8935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da 
Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8935.htm>.
CENEVIVA, W. Lei n. dos Notários e Registradores comentada. 18.ed. São 
Paulo: Saraiva, 2008.
________. Lei n. dos Notários e Registradores comentada. 4.ed. São
CRETELLA JÚNIOR, J. Curso de Direito Administrativo. 12.ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003.
JUSTEN FILHO. M. Curso de Direito Administrativo. 13.ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2018 (E-Book).
KELSEN, H. Teoria Geral do Direito e do Estado. 3.ed. Tradução de Luis Carlos 
Borges. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
LINS, C. M. de A. A Atividade Notarial e de Registro. Companhia Mundial de 
Publicações, 2009. 
MARTINS, C. apud SANDER, T. A Atividade Notarial e sua Regulamentação. 
Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=683>.
21
UNIDADE Desenvolvimento, Princípios e Responsabilidades 
da Atividade Notarial e Registral
MEDAUAR, O. Direito Administrativo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2016 (E-Book). Paulo: Saraiva, 2002.
PUGLIESE, R. J. Direito Notarial Brasileiro. São Paulo: LEUD, 1989.
REALE, M. Lições Preliminares de Direito. 24.ed. São Paulo: Saraiva. 1998.
SANTOS, M. S. Primeiras linhas de Direito Processual Civil. São Paulo: 
 Saraiva, 1987.
SILVA, De P. e. Vocabulário jurídico. 3.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991.
SILVA, J. A. da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. 6.ed. Malheiros: 
São Paulo, 2003.
SILVA, J. A. da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2013.
22
Sistema Notarial 
e Registral
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Tercius Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Emolumentos
• Emolumentos;
• Natureza Jurídica dos Emolumentos.
• Entender o que são os emolumentos e sua fi nalidade como garantidores do desempenho 
das Atividades Notarias e Registrais;
• Apreciar as características dos emolumentos, de acordo com a Constituição Federal, a 
Legislação, a Jurisprudência e a Doutrina;
• Verifi car a real natureza jurídica atribuída aos emolumentos, bem como a inexistência de 
unanimidade a respeito do tema.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Emolumentos
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Emolumentos
Emolumentos
As Serventias são os locais destinados por delegação nos quais são realizados os 
Serviços Notariais e Registrais.
Os Agentes Delegados e seus prepostos realizam tais serviços de acordo com a 
forma prescrita em Lei.
Quanto aos Notariais, eles firmam Atos e Negócios Jurídicos sedimentados pelas 
partes que os envolvem; já os Registradores promovem a inscrição ou a transcrição de 
atos, orientando-se pelo formalismo definido em Lei, com o fulcro de dar validade a 
determinado ato ou fato jurídico relevante para o direito ou dando segurança jurídica 
no tocante à pessoa ou às pessoas que integram tais situações de relevância jurídica.
Desse modo, podemos dizer que Fatos Jurídicos relevantes são submetidos à atu-
ação dos Notariais e dos Registradores, como Certidões de Nascimento, Casamen-
to ou de Óbito e, ainda, a compra e a venda de imóveis ou de automóveis, sendo 
certo que tais serviços fornecem às partes, que de alguma forma estão envolvidas, 
o resguardo de seus direitos.
Por exemplo, um casamento deve seguir os preceitosdescritos no atual Código 
Civil. Uma questão preliminar, com relação ao casamento, é que ele estabelece, 
propriamente dito, duas relações entre os nubentes, uma de caráter afetivo e outra 
de perspectiva econômica.
Com relação ao caráter afetivo, trata-se de uma relação ligada a um sentimento 
humano, mas, no tocante às relações econômicas, elas possuem grande relevância 
jurídica, pois estão voltadas a questões de interesse patrimonial.
A escolha de como o patrimônio dos cônjuges se comunica entre eles é um Fato 
Jurídico, relevante para o Direito, pois o que se decide não é somente a questão da 
gestão dos bens durante o casamento, mas também no findar dele, nas hipóteses 
de separação judicial, divórcio ou morte de um dos cônjuges.
Durante o casamento, podemos adotar como exemplo, o instituto da outorga 
uxória ou, como outros preferem chamar, da outorga marital.
Nela, alguns Atos ou Negócios Jurídicos, seguindo o impositivo legal, não po-
derão ser praticados por um dos cônjuges sem a anuência do outro, como, por 
exemplo, o descrito no Artigo 1647 do Código Civil:
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges 
pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I – alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
[...]
Isto é, para alienar (vender) um bem de natureza imóvel, adquirido, por exemplo, 
durante a vida conjugal, será necessária a autorização de um cônjuge com relação 
ao outro.
8
9
Figura 1
Fonte: pixabay
Tal relação econômica é estabelecida com a confirmação do enlace, pela autori-
dade constituída pelo Estado para a realização do Casamento Civil, ou seja, o Juiz 
de Paz.
Será no Registro de Casamento que ficará descrito o Regime de Bens adotados 
pelo casal, podendo ser:
• Regime da separação parcial de bens: neste caso, comunicam-se entre os 
cônjuges os bens adquiridos na constância do casamento, mas não os anterio-
res a ele;
• Regime da comunhão universal de bens: aqui, todos os bens se comunicam, 
os anteriores e os adquiridos na constância do casamento;
• Regime da separação total de bens: aqui, fica definido que os bens que cada 
um possui ou adquire mesmo na constância do casamento não se comunica 
ao outro.
Essa relação fica reconhecida pelo Estado e por toda a Sociedade por intermé-
dio de uma Certidão, que irá comprovar, quando necessário o “estado civil” das 
pessoas e qual o regime de bens assumido em razão do casamento.
Como já exaustivamente tratado, vimos que, na conformidade do Artigo 236 
de nossa Constituição Federal de 1988, os Serviços Notariais e de Registros são 
exercidos por particulares (concursados), sob delegação do Poder Público.
Acompanha, junto com a delegação ao particular do exercício das Atividades 
Notariais e de Registro, a boa-fé, conferida ao Estado, que certifica a realização das 
atividades em estudo como cumpridoras dos exatos termos da Legislação pertinen-
te ao objeto tratado:
Selo de Autenticidade: http://bit.ly/2LkJqZr
Ex
pl
or
9
UNIDADE Emolumentos
O selo acima é um exemplo da natureza pública, por delegação, das Atividades 
Notariais e Registrais no Brasil, vez que ostenta em seu conteúdo o Tribunal que 
fiscaliza e acompanha as atividades desenvolvidas pelas Serventias.
Notadamente, o Supremo Tribunal Federal – STF tem jurisprudência reconhe-
cendo que, mesmo sendo a Atividade Notarial e Registral exercida por particular. 
Em razão da natureza de delegação, trata-se de um “serviço público”.
Tal reconhecimento está manifesto no julgamento da Ação Direta de Inconstitu-
cionalidade nº 2602/02 – MG.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PROVIMENTO N. 055/2001 DO CORREGEDOR-GERAL 
DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. NOTÁRIOS E REGISTRADORES. REGIME JURÍDICO DOS 
SERVIDORES PÚBLICOS. INAPLICABILIDADE. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 20/98. EXERCÍCIO DE 
ATIVIDADE EM CARÁTER PRIVADO POR DELEGAÇÃO DO PODER PÚBLICO . INAPLICABILIDADE DA 
APOSENTADORIA COMPULSÓRIA AOS SETENTA ANOS. INCONSTITUCIONALIDADE. [...] 2. Os serviços 
de registro públicos, cartorários e notoriais são exercidos em caráter privado por delegação do Poder 
Público – serviço público não-privativo. 3. Os notários e os registradores exercem atividade estatal, 
entretanto não são titulares de cargo público efetivo, tampouco ocupam cargo público. [...] 4. Ação 
direta de inconstitucionalidade julgada procedente. (STF – ADI 2002, Relator(a): Min. Joaquim Barbosa, 
Relator(a) p/ Acódão: Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2005).
Fonte: http://bit.ly/2Ztgusc
Se a atividade é de natureza jurídica de serviço público, mas desenvolvida por 
particular, como ele será remunerado mediante a contraprestação de seus serviços?
Devemos recordar que o particular recebe a delegação mediante aprovação 
em Concurso Público, podendo ter prepostos que o representem (escreventes), 
os quais mantêm com o agente delegado uma relação firmada em Contrato de 
Trabalho, ocorrendo a mesma coisa no que se refere aos demais funcionários 
da Serventia.
Além dessa relação com os funcionários, a sede, os equipamentos, ou seja, toda 
a estrutura da Serventia é de responsabilidade do Notarial ou Registrador que re-
cebe a delegação.
É evidente que os custos descritos devem ser ressarcidos ao agente delegado, a 
fim de garantir a efetiva continuidade dos Serviços Públicos a ele atribuídos.
A Lei nº 8935/94, em seu Artigo 28, trata da contraprestação recebida pelos 
Notariais e Registradores como relação ao serviço prestado:
Art. 28. Os notários e oficiais de registro gozam de independência no 
exercício de suas atribuições, têm direito à percepção dos emolumentos 
integrais pelos atos praticados na serventia e só perderão a delegação nas 
hipóteses previstas em lei.
Destarte, serão os denominados “emolumentos” a forma de retribuir os Notariais 
e Registradores em razão do serviço público que prestam:
10
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Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter 
privado, por delegação do Poder Público. 
(...)
§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos 
relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro.
Em resumo, os emolumentos podem ser entendidos como sendo o pagamento 
frente às despesas que o agente delegado assume, quando da prestação do serviço 
público do qual é competente.
A Constituição, como visto, preconiza que os emolumentos terão seu regramento 
estabelecido por intermédio de Lei Federal específica.
No tocante à Lei Federal mencionada pela Constituição trata-se, atualmente, da 
Lei nº 10169, de 29 de dezembro de 2000.
Logo no Artigo 1º da mencionada Lei, veremos que ela delega aos Estados e ao 
Distrito Federal, obedecidos os termos descritos na norma em comento, os regra-
mentos sobre os emolumentos:
Art. 1º Os Estados e o Distrito Federal fixarão o valor dos emolumentos 
relativos aos atos praticados pelos respectivos serviços notariais e de re-
gistro, observadas as normas desta Lei.
Parágrafo único. O valor fixado para os emolumentos deverá corres-
ponder ao efetivo custo e à adequada e suficiente remuneração dos ser-
viços prestados.
Para fixação dos emolumentos, como forma remuneratória das Serventias Nota-
riais e Registrais, vamos destacar os requisitos a serem observados pelos Estados e 
pelo Distrito Federal ao estabelecerem os valores referentes a eles:
Art. 2º Para a fixação do valor dos emolumentos, a Lei dos Estados e 
do Distrito Federal levará em conta a natureza pública e o caráter social 
dos serviços notariais e de registro, atendidas ainda as seguintes regras:
I – os valores dos emolumentos constarão de tabelas e serão expressos 
em moeda corrente do País;
II – os atos comuns aos vários tipos de serviços notariais e de registro serão 
remunerados por emolumentos específicos, fixados para cada espécie de ato;
III – os atos específicos de cada serviço serão classificados em:
a) atos relativos a situações jurídicas, sem conteúdo financeiro, cujos emo-
lumentos atenderão às peculiaridades socioeconômicas de

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