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Resumo Bibliografia SIMONETTI, A. Manual de psicologia hospitalar: o mapa da doença. 8. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2016. 115-129 p. No capítulo “A terapêutica” do livro “Manual de psicologia hospitalar: o mapa da doença”, Alfredo Simonetti apresenta estratégias básicas para o trabalho do/da profissional de psicologia no contexto hospitalar, fazendo a ressalva de que devem ser entendidas como recomendações técnicas, não receitas. O autor coloca uma ênfase inicial no escutar, entendendo, a partir de uma perspectiva psicanalítica, que, ao falar, entra em cena a subjetividade do paciente, que “simboliza seu sofrimento e dissolve sua angústia” (p. 116), e então, para que o/a psicólogo(a) escute esse sujeito é necessário fazê-lo falar – para tal, utiliza-se as técnicas de entrevista, associação livre e o silêncio. Assim, na associação livre o paciente pode falar o que vier à mente e o/a profissional escuta sem priorizar assuntos ou classifica-los como mais ou menos importantes, mesmo aqueles diretamente relacionados à doença; na entrevista, trabalha- se os assuntos mais acessíveis, e é importante que para o paciente isso se pareça mais como um bate-papo, “o importante é colocar em andamento a fala” (p. 117), tratando a pessoa e não a doença orgânica; já o silêncio é utilizado para que seja preenchido pela fala do sujeito, mas pode também ser preenchido pela do/da profissional, desde que isso aconteça com a função de “atrair” mais uma vez a fala do sujeito. De acordo com o autor, no hospital, o/a profissional de psicologia trabalha em torno da elaboração psíquica do sujeito sobre a doença e não com foco na modificação do comportamento. Quanto à posição de negação, há ações diferentes de acordo com as situações: primeiro, se há negação da doença, mas não do tratamento, é melhor não interferir; já no caso de recusa ao tratamento e se isso for prejudicial à sua condição, “cabe então dizer a ele que existe, sim um problema de saúde a ser tratado, e cabe escutar sua resposta sem entrar em disputa” (p. 119). Em casos de revolta, o fundamental é “focalizar a verdade da pessoa e não apenas o errado da situação” (p. 120). A depressão deve ser observada sem a presença de críticas, entendendo que é uma posição esperada na situação de doença, porém caso ela se torne um estado contínuo em vez de uma fase presente no tratamento, “deve-se então considerar-se a possibilidade de tratamento médico com o uso de antidepressivos” (p. 121). Em casos terminais, Simonetti aponta para Elisabeth Kubler-Ross, que considerou dois tipos de depressão: a reativa, relacionada “às perdas provocadas pela doença” (p. 122), onde o manejo da/do profissional de psicologia é realizado nas “situações concretas”; e a preparatória, relacionada às “perdas que estão por vir, incluindo a perda da própria vida” (p. 122), onde a intervenção do psicólogo ou da psicóloga se dá permitindo que o sujeito expresse sua dor. “No pesar preparatório há pouca ou nenhuma necessidade de palavras, em geral um toque carinhoso de mão, um afago nos cabelos ou apenas um silencioso sentar-se ao lado é suficiente” (p. 123). Na posição de enfrentamento, caracterizada por luta e luto acontecendo juntos e alternadamente, e a fluidez de emoções e ideias. De acordo com Simonetti, devido à sua personalidade, algumas pessoas já tem a tendência a permanecer mais na luta ou no luto, necessitando assim da intervenção psicológica “para desenvolver o outro polo” (p. 124). A esperança, segundo o autor, “deve ser mantida, não importa sob que forma” (p. 125). Quanto à transferência, suas estratégias são destacadas: a interpretação da transferência, onde o/a psicóloga “diz claramente para o paciente que o que ele está vivenciando nessa relação atual é uma repetição de seus relacionamentos infantis” (p. 127); e a interpretação sob transferências, onde o/a profissional de psicologia “identifica o lugar em que o paciente o colocou, e usa essa informação para decidir como vai responder” (p. 127). Nas situações vitais desencadeantes (SVD) – “algum acontecimento de difícil assimilação por parte do sujeito, e que por isso mesmo deflagra ou ajuda a deflagrar o processo de adoecimento” (p. 129) – o/a profissional de psicologia deve atuar buscando facilitar para o sujeito na compreensão e assimilação do ocorrido. Por fim, discute-se também o ganho secundário do sujeito diante o adoecer, que são possíveis benefícios que a pessoa pode passar a ter por estar na situação de adoecimento ou internação, como mais atenção e afeto de outros (como família e amigos), ou ainda outras coisas. Simonetti afirma que pode ser que o/a paciente não se dê conta disso, assim, a estratégia que cabe ao psicólogo ou psicóloga nesse contexto é “não reforçar ainda mais esses ganhos e, além disso, orientar a família e a equipe nesse sentido” (p. 129).
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