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Material de Apoio 10 - Dos Procedimentos de Jurisdição Voluntária

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Dos Procedimentos de Jurisdição Voluntária 
Regras Gerais 
 
Art. 719. Quando este Código não estabelecer procedimento especial, regem os procedimentos de 
jurisdição voluntária as disposições constantes desta Seção. 
- A jurisdição voluntária consiste na administração pública de interesses privados, razão 
pela qual os procedimentos são, em regra, destituídos de caráter contencioso, não 
apresentando propriamente um conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida 
(lide). 
- Nos procedimentos de jurisdição voluntária ocorre a integração pelo Estado-juiz dos 
atos ou negócios jurídicos realizados entre os interessados. Nesse sentido, em razão da 
relevância que alguns desses interesses assumem no ordenamento jurídico, acaba 
necessitando da chancela do Poder Judiciário. 
- Por conta disso, a jurisdição voluntária permite o arranjo de uma infinidade de posições 
jurídicas, que, por opção do legislador devem ser supervisionadas pelo Poder Judiciário. 
Portanto, sempre que não existir discussão entre as partes, porém, haja necessidade de 
intervenção estatal para realização de um ato ou negócio jurídico, pode-se fazer uso da 
jurisdição voluntária. 
- Mas, como dissemos, isso não deixa o procedimento de jurisdição voluntária isento de 
qualquer discussão, entretanto, essa controvérsia deve dizer respeito e estar limitada aos 
ajustes e modelagens do interesse privado objeto do pedido, não no tocante às discussões 
a respeito da existência do direito, titularidade do direito, dentre outros. Caso essa seja a 
situação a ser pacificada pelo Poder Judiciário, deve-se buscar a jurisdição contenciosa. 
 
Art. 720. O procedimento terá início por provocação do interessado, do Ministério Público ou da 
Defensoria Pública, cabendo-lhes formular o pedido devidamente instruído com os documentos necessários 
e com a indicação da providência judicial. 
- Um dos caminhos que o Novo CPC optou por percorrer é a possibilidade de negociar 
aspectos procedimentais. Essa possibilidade ganha ainda mais relevo nos procedimentos 
de jurisdição voluntária, cuja deformalização é ainda mais necessária, já que os casos por 
ela trazidos não são compostos por litígios. 
- Logo, o procedimento para o processamento dos interesses privados não 
necessariamente precisa seguir um rigor próprio – presente no processo contencioso – 
permitindo um afrouxamento dos requisitos necessários para iniciar o procedimento 
voluntarioso. 
- Ainda que seja “mais tranquilo”, a jurisdição voluntária ainda observa alguns requisitos 
formais – tais como necessidade de formular adequadamente o pedido, instruindo com 
documentação respectiva – além de indicar a causa de pedir, dentre outros. Assim, só com 
a apresentação adequada e formal do pedido que poderá o juiz verificar a viabilidade 
procedimental e, consequentemente, adequar ao melhor procedimento para atender 
àquela demanda. 
Art. 721. Serão citados todos os interessados, bem como intimado o Ministério Público, nos casos do art. 
178, para que se manifestem, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias. 
- No procedimento de jurisdição voluntária serão chamados a participar todos os 
interessados na situação apreciada pelo Poder Judiciário. Por conta disso, todos os 
potenciais atingidos por esse pedido deverão participar do procedimento. 
- Aqui, é importante destacar que em razão da peculiaridade procedimental, não haverá 
audiência inicial de mediação ou conciliação, mas sim ciência dos interessados para 
manifestar a respeito do procedimento realizado. 
 
Art. 722. A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em que tiver interesse. 
- A Fazenda Pública será cientificada do curso de procedimento de jurisdição voluntária 
quando verificado seu potencial interesse no pedido formulado. Aqui, o importante é 
indicar que a Fazenda Pública deve apenas avaliar eventual relevância daquela discussão 
em relação a ela, porém, não cabe ao órgão fazendário discutir a modulação/estruturação 
dos interesses privados. 
- Nesse sentido, pode a Fazenda Pública argumentar que o procedimento de jurisdição 
voluntária é inviável àquela pretendida discussão, na hipótese daquele procedimento ser 
utilizado de maneira errônea. 
 
Art. 723. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias. 
Parágrafo único. O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada 
caso a solução que considerar mais conveniente ou oportuna. 
- Em virtude da ausência propriamente de contenda entre as partes e, em razão da maior 
simplicidade do procedimento de jurisdição voluntária, estabeleceu um prazo menor para 
eventual prolação de sentença, quando considerado em relação às sentenças prolatadas 
nos processos contenciosos. 
- Ao mesmo tempo, no parágrafo único, temos a indicação da possibilidade de o 
magistrado utilizar o recurso da equidade, isto é, permitindo que nos procedimentos de 
jurisdição voluntária diminua o rigor do texto normativo, auxiliando na própria adaptação 
da norma jurídica aos interesses privados de forma que realmente atenda às necessidades 
do interessado. 
- Mesmo com essa possibilidade de adequação procedimental, a sentença, em especial, 
não pode ser prolatada sem observar os pressupostos e requisitos, ou seja, deve atender 
aos requisitos do art. 489 – especialmente quanto à fundamentação. Deve-se isso, em 
especial, à uma necessidade maior de motivação dos atos praticados, já que precisa o 
magistrado, com maior clareza possível, demonstrar por quais razões aquela solução é a 
mais adequada perante outras. 
Art. 724. Da sentença caberá apelação. 
Art. 725. Processar-se-á na forma estabelecida nesta Seção o pedido de: 
I - emancipação; 
II - sub-rogação; 
III - alienação, arrendamento ou oneração de bens de crianças ou adolescentes, de órfãos e de interditos; 
IV - alienação, locação e administração da coisa comum; 
V - alienação de quinhão em coisa comum; 
VI - extinção de usufruto, quando não decorrer da morte do usufrutuário, do termo da sua duração ou da 
consolidação, e de fideicomisso, quando decorrer de renúncia ou quando ocorrer antes do evento que 
caracterizar a condição resolutória; 
VII - expedição de alvará judicial; 
VIII - homologação de autocomposição extrajudicial, de qualquer natureza ou valor. 
Parágrafo único. As normas desta Seção aplicam-se, no que couber, aos procedimentos regulados nas 
seções seguintes 
- Conforme previsão legal, a sentença prolatada no procedimento de jurisdição voluntária 
será objeto do recurso de apelação. 
- Mas, desse ponto, o mais importante é ressaltar que o rol de possibilidades do 
procedimento de jurisdição voluntária é exemplificativo, já que a própria ideia de 
jurisdição voluntária permite o arranjo de infinitas posições jurídicas, que, por opção do 
legislador, devem ser supervisionadas pelo Poder Público. Assim, sempre que não existir 
litígio entre as partes, mas seja necessária a intervenção estatal para prática de um ato ou 
negócio jurídico, a jurisdição voluntária é o caminho a ser trilhado. 
 
 
 
Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de União 
Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio 
 
Art. 731. A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os requisitos legais, poderá 
ser requerida em petição assinada por ambos os cônjuges, da qual constarão: 
I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns; 
II - as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges; 
III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e 
IV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos. 
Parágrafo único. Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-se-á esta depois de 
homologado o divórcio, na forma estabelecida nos arts. 647 a 658. 
- Tratando-se a discussão de divórcio consensual, não existe litígio entre as partes. Sendo 
assim, a petição de divórcio pode atémesmo ser apresentada em petição assinada por 
marido e mulher, sendo possível, inclusive, a presença de um único advogado, porém, 
nada impede que cada cônjuge constitua advogados distintos. 
- Essa petição de divórcio consensual deverá trazer TODA a regulamentação relativa ao 
término da vida conjugal, isto é: 1) descrição e partilha de bens; 2) pensão alimentícia 
entre cônjuges – se necessário for; 3) guarda dos filhos incapazes e regime de visitação; 
4) alimentos para os filhos. 
- Caso não haja consenso quanto à partilha dos bens, será possível a homologação do 
divórcio em relação a todos os outros tópicos – e a partilha será realizada posteriormente, 
em processo autônomo. Mas, é importante destacar que – em sendo o divórcio consensual 
– APENAS A PARTILHA PODERÁ SER DEIXADA PARA DEPOIS, os demais 
aspectos devem ser resolvidos. 
- Essa questão hoje está ainda mais tranquila, especialmente por conta do artigo 356 do 
CPC que permite a prolação de decisão parcial, deixando o restante para momento 
posterior. 
 
Art. 732. As disposições relativas ao processo de homologação judicial de divórcio ou de separação 
consensuais aplicam-se, no que couber, ao processo de homologação da extinção consensual de união 
estável. 
- Expressa figura da extinção consensual da união estável, figura análoga ao divórcio. 
Nesse caso, inicialmente havia apenas esse procedimento para união estável previamente 
reconhecida por escritura pública. 
- Entretanto, como a legislação é omissa quanto a união estável ainda a ser reconhecida, 
por se tratar de um procedimento de jurisdição voluntária e, portanto, não há lide, nada 
impede que na mesma petição seja pedido o reconhecimento e posterior declaração de 
extinção da união estável. 
 
Art. 733. O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união estável, não 
havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados por escritura 
pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731. 
§ 1º A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para qualquer ato de registro, 
bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras. 
§ 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem assistidos por advogado ou por 
defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. 
- O divórcio consensual pode ser realizado por meio de escritura pública. Essa 
possibilidade vem justamente desburocratizar os atos da vida civil e retirar do Poder 
Judiciário causas que não necessitariam estar nele tramitando. Nesse sentido, há uma 
única limitação: inexistência de interesse de incapaz, o que impede o divórcio por 
escritura se houver filhos incapazes ou nascituro. 
- Para realização do divórcio por meio de escritura pública, será necessário cumprir os 
requisitos constantes no artigo 731, isto é: 1) descrever os bens e a forma da partilha; 2) 
indicar eventual pensão alimentícia entre os cônjuges – podendo indicar alimentos ao 
filho maior, por exemplo, até o final da faculdade. 
- No procedimento, deverão os cônjuges estar acompanhados do seu advogado ou 
defensor público, apresentando o acordo estipulado, requerendo a expedição da respectiva 
escritura pública. 
Art. 734. A alteração do regime de bens do casamento, observados os requisitos legais, poderá ser 
requerida, motivadamente, em petição assinada por ambos os cônjuges, na qual serão expostas as razões 
que justificam a alteração, ressalvados os direitos de terceiros. 
§ 1º Ao receber a petição inicial, o juiz determinará a intimação do Ministério Público e a publicação de 
edital que divulgue a pretendida alteração de bens, somente podendo decidir depois de decorrido o prazo 
de 30 (trinta) dias da publicação do edital. 
§ 2º Os cônjuges, na petição inicial ou em petição avulsa, podem propor ao juiz meio alternativo de 
divulgação da alteração do regime de bens, a fim de resguardar direitos de terceiros. 
§ 3º Após o trânsito em julgado da sentença, serão expedidos mandados de averbação aos cartórios de 
registro civil e de imóveis e, caso qualquer dos cônjuges seja empresário, ao Registro Público de Empresas 
Mercantis e Atividades Afins. 
- É admissível a alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido 
motivado de ambos os cônjuges, apurando a procedência das razões invocadas, 
ressalvados os direitos de terceiros. 
- Nesse sentido, ao realizar o pedido de alteração de regime de bens, a petição inicial 
deverá ser assinada por ambos os cônjuges e trazer as razões pelas quais se pretende a 
alteração do regime, destacando inexistir violação a direitos de terceiros. 
- Uma forma de realizar essa demonstração de não violação de direitos de terceiros, é a 
juntada de certidões negativas dos distribuidores judiciais, de modo a apontar que não 
existem processos judiciais – o que poderia representar eventual prejuízo a terceiro. 
- Recebida a petição inicial pelo juiz, este abrirá vista ao MP e haverá publicação de um 
edital que aponte a modificação do regime de bens, dando ciência a terceiros. Aqui as 
partes poderão propor meios alternativos (§2º) para divulgação dessa alteração do regime 
de bens, de modo a dar maior publicidade e resguardar direitos. 
- Esses meios alternativos compreendem diversas possibilidades, dentre as mais 
conhecidas: 1) envio de correspondência com AR para aqueles que são partes em processo 
envolvendo os cônjuges; 2) divulgação dessa informação em jornais impressos, sites da 
internet (por conta dos cônjuges); 3) divulgação da informação nos locais onde os 
cônjuges exercem atividades remuneradas, ou em locais de lazer que frequentam. 
- O objetivo é dar maior e ampla publicidade, assim, se não houver impugnação do MP 
e/ou terceiros, o pedido será deferido. 
- Este edital acima indicado, também será publicado na página do tribunal e no CNJ. 
- Por fim, após o trânsito em julgado haverá a expedição de mandados de averbação para 
os cartórios pertinentes, devendo ser a alteração averbada junto ao registro civil (à 
margem da certidão de casamento).

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