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Material de Apoio 12 - Dos Juizados Especiais

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Juizados Especiais (Cíveis, Fazenda Pública e Federais) 
 
1. Generalidades JEC/JEFP/JEF 
Antes do modelo proposto pela Constituição Federal de 1988, instrumento normativo que 
criou os juizados especiais, já havia uma experiência (1985) referente aos juizados 
informais de conciliação. Essa experiência foi fundamental para que em 1988 o legislador 
(tentasse criar) criasse uma justiça mais desburocratizada, barata e acessível, facilitando 
o acesso à justiça. Portanto, o precursor dos juizados especiais são os juizados informais 
de conciliação (ou juizados de pequenas causas). 
1.1. Fatores que ensejaram a criação dos Juizados 
a) Ampliação do acesso à Justiça 
I – Até 1988 subsistia um déficit de cidadania, pois apenas aqueles com instrução e 
recursos financeiros acessavam o sistema de justiça. De outro lado, a larga massa da 
população brasileira não o acessava, seja em razão do desconhecimento seja em razão do 
custo. 
II – A partir do contexto acima, o legislador procurou criar um mecanismo de acesso à 
justiça, dotado de duas características: a) informal, na medida em que o indivíduo não se 
ocupe com as formalidades geralmente exigidas (petições iniciais com requisitos e 
sistema recursal complexo); e b) menos onerosa (inexistência de custas em primeiro grau, 
prescindibilidade de advogado até determinado valor, capacidade postulatória das partes, 
presença de conciliadores, mediadores e juízes legais). 
III – Portanto, o primeiro fator que ensejou a criação dos juizados é a ampliação do acesso 
à justiça, tanto pela facilitação do acesso como pela gratuidade, inclusive quanto ao 
advogado. 
b) Participação popular na administração da Justiça 
Outro fator que permeou a criação dos juizados foi a possibilidade de participação da 
própria comunidade na administração da justiça, e não apenas dos juízes. Isso seria 
possível através da participação de duas figuras: o conciliador e o juiz leigo. 
➢ Procedimento especial: Os juizados especiais são justiças integrantes da justiça 
comum, que se desenvolvem por meio de um procedimento especial de legislação 
extravagante: o procedimento sumaríssimo, que trabalha com o modelo de sumarização 
procedimental. 
 
1.2. Previsão legal (CF, art. 98, I e § 1º) (Leis n. 9.099/95, 10.259/01 e 12.153/09) 
I – A Constituição Federal traz as diretrizes gerais sobre os juizados especiais: 
CF, art. 98: “União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o 
julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial 
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a 
transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; (...) 
§ 1º: Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal. (...)”. 
II - As principais características dos juizados especiais foram previstas na própria 
Constituição Federal: 
• Procedimento oral. 
• Procedimento sumaríssimo. 
• Compostos por juízes togados ou por juízes togados e leigos. 
• Julgamento de recursos pelos próprios juízes de primeiro grau. 
• Causas de menor complexidade. 
III – Regulamentação das normas constitucionais: 
• Juizados Especiais Cíveis (Justiça Estadual): Lei n. 9.099/95. 
• Juizados Especiais Federais (Justiça Federal): Lei n. 10.259/01. 
• Juizados Especiais da Fazenda Pública (Justiça Estadual): Lei n. 12.153/09. 
OBSERVAÇÃO: Como a Lei n. 9.099/95 veda o ajuizamento de ações contra a Fazenda 
Pública, criaram-se os Juizados Especiais da Fazenda Pública no ambiente estadual, 
viabilizando que Municípios e Estados ocupassem o polo passivo. 
 
1.3. (Micro) Sistema dos Juizados Especiais 
I – Sistema é o conjunto de elementos capazes de interagirem entre si – exemplo: sistema 
normativo (conjunto de normas que interagem entre si). 
II – Dentro do sistema normativo brasileiro há o microssistema dos juizados, composto 
por três leis, que funcionam integrativamente, inclusive por referência expressa (artigos 
1º). Assim, a Lei n. 9.099/95, a Lei n. 10.259/01 e a Lei n. 12.153/09 conversam entre si 
(teoria do diálogo das fontes normativas) de modo a compor um conjunto harmônico, 
cujos vários dispositivos contribuem para a criação do sistema dos juizados especiais. 
OBSERVAÇÃO: A aplicação não é meramente subsidiária, mas integrativa. Portanto, 
as deficiências de uma normativa são corrigidas e supridas pela outra norma. Por 
conseguinte, a aplicação também é subsidiária, na medida em que, havendo ausência de 
norma em qualquer uma delas, aplica-se a outra. 
Além disso, é importante destacar que o Código de Processo Civil não integra o 
microssistema dos juizados. Portanto, ele é aplicado subsidiariamente, desde que haja 
compatibilidade. 
III – A regra geral sobre a aplicação do Código de Processo Civil de 2015 ao 
microssistema dos juizados especiais está disposta em dois enunciados: 
• Enunciado n. 161 FONAJE: “Considerado o princípio da especialidade, o 
CPC/2015 somente terá aplicação ao Sistema dos Juizados Especiais nos casos de 
expressa e específica remissão [exemplo: Lei n. 12.153/09, art. 6º] ou na hipótese 
de compatibilidade com os critérios previstos no art. 2º da Lei 9.099/95 [análise 
principiológica]”. 
• Enunciado n. 2 CJF: “As disposições do Código de Processo Civil aplicam-se 
supletiva e subsidiariamente às Leis n. 9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009, 
desde que não sejam incompatíveis com as regras e princípios dessas Leis”. 
IV – Por fim, devemos nos atentar à inaplicabilidade do microssistema dos juizados, como 
por exemplo, nas duas hipóteses abaixo indicadas 
• Quando houver completa previsão legal da temática na lei de regência. Em outras 
palavras, a respectiva lei de regência esgota o tratamento do tema. Exemplo: Lei 
n. 12.153/09, art. 5º (partes). 
• Quando a própria lei de regência ou lógica dela afastar a integratividade. 
Exemplo: Lei n. 12.153/09, art. 6º (citações e intimações da Fazenda Pública). 
 
1.4. Jurisprudência: FONAJE e FONAJEF 
I – No âmbito dos juizados especiais há uma situação em que, conforme o modelo das 
leis de regência, os recursos não são julgados por um tribunal estadual ou por um tribunal 
regional, mas pelos próprios juízes da região. Esse modelo gera a existência de inúmeras 
turmas e colégios recursais, gerando problemas quanto à temática da jurisprudência no 
ambiente dos juizados. 
II – Com o intuito de uniformização e de estabelecimento de um padrão comportamental 
para os juizados, há a contribuição de órgãos extraoficiais: FONAJE (Fórum Nacional 
dos Juizados Especiais) e FONAJEF (Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais): 
• FONAJE: JEC e JEFP. 
• FONAJEF: JEF. 
ATENÇÃO: Os dois órgãos extraoficiais são compostos por juízes, que se reúnem 
periodicamente. Além do compartilhamento de boas práticas, há a edição de enunciados 
interpretativos, a respeito dos juizados especiais (JEC, JEFP e JEF). Esses enunciados 
acabam por estabelecer um padrão no ambiente dos juizados, já que a larga maioria dos 
juízes os observam. 
III – Entretanto, não obstante a busca pela padronização no ambiente dos juizados, os 
enunciados não solucionam o problema, pois eles não obedecem a jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça, já que as decisões prolatadas pelas turmas e colégios 
recursais não estão sujeitas a controle por recurso especial. No máximo, há o controle 
pelo Supremo Tribunal Federal, em razão de eventual interposição de recurso 
extraordinário. 
1.5. Princípios informadores (Lei n. 9.099/95, art. 2º) 
Os princípios compõem o espírito dos juizados especiais. Toda a interpretação das regras 
dos juizados, e demais regras aplicáveis ao microssistema, passa pela análise dos 
princípios informadores. 
a) Oralidade 
I – A ideia da oralidade é a preponderânciada palavra escrita pela palavra falada, com o 
intuito de simplificação. 
II - Disposições a respeito da oralidade: 
• Lei n. 9.099/95, art. 9º, § 3º: “O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo 
quanto aos poderes especiais”. 
• Lei n. 9.099/95, art. 14, § 3: “O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria 
do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulários impressos”. 
• Lei n. 9.099/95, art. 30: “A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda 
matéria de defesa, exceto arguição de suspeição ou impedimento do Juiz, que se 
processará na forma da legislação em vigor”. 
• Lei n. 9.099/95, art. 52: “A execução da sentença processar-se-á no próprio 
Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no Código de Processo Civil, 
com as seguintes alterações: (...) IV - não cumprida voluntariamente a sentença 
transitada em julgado, e tendo havido solicitação do interessado, que poderá ser 
verbal, proceder-se-á desde logo à execução, dispensada nova citação (...)”. 
b) Simplicidade e informalidade 
I – Ninguém duvida que o cidadão comum não tenha conhecimento e não entende o 
procedimento judicial. A partir dessa perspectiva, o processo pode “assustar” o cidadão e 
lhe impor uma carga psicológica negativa a respeito da atuação jurisdicional. 
II – Em razão disso, no microssistema dos juizados especiais, há uma tentativa de 
simplificar a prática dos atos, justamente para que este órgão do Poder Judiciário se 
aproxime do cidadão e, consequentemente, deixe o cidadão mais próximo da tutela 
jurisdicional do Estado. 
III – Além dessa busca por uma simplificação nos atos, há também uma tentativa de 
deixar o procedimento menos burocrático e, com isso, mais informal, tornando-o mais 
rápido, acessível. Uma das formas pensadas pelo legislador para permitir essa 
aproximação e facilitar esse acesso à tutela jurisdicional foi recomendar o funcionamento 
em horário noturno. Isto porque, em regra, o cidadão comum tem dificuldades de deixar 
o seu emprego no horário normal de trabalho – especialmente quando a lesão não é tão 
grave – e sem gravidade, deixa de lado por “não valer a pena”. Com isso, a possibilidade 
de funcionamento fora do expediente normal representa(ria) grande avanço. 
• Lei n. 9.099/95, art. 13: “Os atos processuais serão válidos sempre que 
preencherem as finalidades para as quais forem realizados, atendidos os critérios 
indicados no art. 2º desta Lei”. 
• Lei n. 9.099/95, art. 18: “A citação far-se-á: (...) tratando-se de pessoa jurídica 
ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será 
obrigatoriamente identificado”. 
• Lei n. 9.099/95, art. 12: “Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-
se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização 
judiciária.” 
c) Economia processual (Lei n. 9.099/95, arts. 38 e 46) 
I – São diversos fatores que influenciam a economia processual, além dos artigos abaixo 
que auxiliam na sua compreensão, há também, o objetivo de minimizar os atos 
processuais praticados, bem como privilegiar o menor gasto de dinheiro possível. 
II – Esses dois fatores são alcançados, em regra, pela concentração dos atos processuais, 
pela diminuição da formalidade e, especialmente, pela não repetição de atos nulos, 
notadamente quando estes tiverem atingido suas finalidades e não causarem prejuízo à 
uma das partes, protegendo, assim, as garantias fundamentais e processuais dos sujeitos. 
• Lei n. 9.099/95, art. 38: “A sentença mencionará os elementos de convicção do 
Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado 
o relatório”. 
• Lei n. 9.099/95, art. 46: “O julgamento em segunda instância constará apenas da 
ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte 
dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula 
do julgamento servirá de acórdão”. 
d) Celeridade 
I – Por conta das especificidades das causas submetidas aos Juizados Especiais, 
notadamente por apresentarem uma menor complexidade, estas exigem uma solução mais 
célere. Em razão disso, o legislador está obrigado a instituir um procedimento que confira 
ao cidadão uma resposta tempestiva. 
II – Sabemos que os efeitos do tempo no processo não são sentidos da mesma forma e 
com a mesma intensidade por pessoas que tem situações econômicas distintas, em razão 
disso, a resposta jurisdicional deve ser breve, ainda mais quando considerados – como 
dissemos – causas de menor complexidade ou benefícios “mínimos” 
SITUAÇÃO: Imagine uma pessoa que procure o Juizado Especial para receber a quantia 
de R$ 100,00 (cem reais). Recebendo esse valor em uma semana representa, sem sombra 
de dúvidas, vantagem econômica – e principalmente psicológica – maior que receber essa 
quantia dali a 06 meses ou 01 ano. Essa percepção fica ainda mais nítida quando esse 
valor representa meio de sobrevivência para pessoa. 
III – Por isso, torna-se tão importante privilegiar a celeridade – sem deixar as garantias 
processuais e constitucionais de lado. 
• Lei n. 9.099/95, art. 10: “Não se admitirá, no processo, qualquer forma de 
intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio”. 
e) Conciliação 
Lei n. 9.099/95, art. 22: “A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou leigo ou por 
conciliador sob sua orientação”. 
 
1.6. Opção do autor pelos juizados? 
a) JEC (Enunciado n. 1 FONAJE e STJ) (Lei n. 9.099/95, art. 3º, § 3º - renúncia ao 
excedente) 
I – É opcional ou facultativo. Nesse sentido: 
• Enunciado n. 1 FONAJE: “O exercício do direito de ação no Juizado Especial 
Cível é facultativo para o autor”. 
• Também é o entendimento do STJ, apesar de haver correntes contrárias. 
II – Entretanto, caso o autor ajuíze ação com valor superior à alçada de 40 salários-
mínimos no juizado especial cível, ele estará, automaticamente, renunciando ao 
excedente: 
• Lei n. 9.099/95, art. 3º, § 3º: “A opção pelo procedimento previsto nesta Lei 
importará em renúncia ao crédito excedente ao limite estabelecido neste artigo, 
excetuada a hipótese de conciliação”. 
b) JEFP (Lei n. 12.153/09, art. 2º, § 4º) (Lei n. 12.153/09, art. 22 e Enunciado n. 9 
FONAJEFP) (não há renúncia tática) 
I – Não é opção do autor (competência valorativa absoluta): Lei n. 12.153/09, art. 2º, § 
4º: “No foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda Pública, a sua 
competência é absoluta”. 
II – Caso não exista juizado especial da Fazenda Pública na comarca, provavelmente há 
um provimento do Tribunal de Justiça, no sentido de que alguma vara da comarca 
absorveu a competência. 
2. Cabimento no JEC 
I – A lei local não poderá ampliar a competência do juizado especial. Não obstante os 
juizados especiais cíveis serem órgãos da justiça comum estadual, as regras de 
competência são regras de processo, cabendo somente à União legislar sobre elas (CF, 
art. 22. I). 
• Enunciado n. 3 - FONAJE: “Lei local não poderá ampliar a competência do 
Juizado Especial”. Portanto, a lei local não poderá ampliar a competência dos 
juizados para outros temas, além daqueles já previstos na Lei n. 9.099/95. 
II – Como decorrência da primeira observância, a competência estabelecida no artigo 3º 
da Lei n. 9.099/95 encerra rol taxativo. 
• Enunciado n. 30 - FONAJE: “É taxativo o elenco das causas previstas na o art. 
3º da Lei 9.099/1995”. 
2.1. Critérios 
a) Critério valorativo (Lei n. 9.099/95, art. 3º, I e § 1º): 40 salários-mínimos (renúncia 
excedente) 
I – Previsão legal: 
• Lei n. 9.099/95, art. art. 3º: “O Juizado Especial Cível tem competência para 
conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, 
assim consideradas: I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário-
mínimo. 
b) Critério material (CPC, art. 1.063 – CPC/1973, art. 275, II) (III – despejo uso) 
I – No critério material não importa o valor da causa. Portanto,o legislador 
infraconstitucional considerou que determinados assuntos são considerados de “menor 
complexidade”, independentemente do valor da causa. Previsão legal: 
• Lei n. 9.099/95, art. art. 3º: “O Juizado Especial Cível tem competência para 
conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, 
assim consideradas: (...) II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de 
Processo Civil; III – a ação de despejo para uso próprio; (...)”. 
OBSERVAÇÃO: (CPC) Art. 1.063: “Até a edição de lei específica, os juizados especiais 
cíveis previstos na Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, continuam competentes para 
o processamento e julgamento das causas previstas no art. 275, inciso II, da Lei no 5.869, 
de 11 de janeiro de 1973”. 
 
2.2. Hipóteses de exclusão do Juizado Especial 
 
I – O legislador estabeleceu hipóteses de exclusão. Ou seja, são exceções ao cabimento, 
independentemente do valor ou da matéria. 
II – Grupo de exclusão: Lei n. 9.099/95, art. 3º, § 2º: 
• Lei n. 9.099/95, art. 3º, § 2º: “Ficam excluídas da competência do Juizado 
Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da 
Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao 
estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial”. 
III - Atualmente as questões de interesse da Fazenda Pública são processadas, a depender 
do assunto, na Justiça Comum ou perante o Juizado Especial Federal ou Juizado Especial 
Fazenda Pública. 
IV – Outro grupo de exclusão: Ações pelo rito dos Procedimentos Especiais. 
➢ O procedimento sumaríssimo é um procedimento especial, havendo 
incompatibilidade, caso aplicado outro procedimento especial. 
• Enunciado n. 8 - FONAJE: “As ações cíveis sujeitas aos procedimentos especiais 
não são admissíveis nos Juizados Especiais”. 
➢ Conforme a maioria da doutrina há duas exceções: a ação de despejo para uso próprio 
e as ações possessórias, até quarenta salários-mínimos, conforme a própria lei dos 
juizados. 
OBSERVAÇÃO: Segundo Gajardoni (2018), há mais uma exceção: Embargos de 
Terceiros, conforme o procedimento do Código de Processo Civil. 
 
3. Cabimento no JEFP (Lei n. 12.153/09, art. 2º) 
- Na Lei n. 12.153/09 há um único critério, utilizado pelo legislador para a definição de 
causa de pequena complexidade: o valor da causa. 
a) Critério valorativo: sessenta salários-mínimos (sem renúncia excedente) 
I – Previsão legal: 
• Lei n. 12.153/09, art. 2º, “caput”: “É de competência dos Juizados Especiais da 
Fazenda Pública processar, conciliar e julgar causas cíveis de interesse dos 
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de 60 
(sessenta) salários-mínimos”. 
OBSERVAÇÃO: Como a competência dos juizados especiais da Fazenda Pública é 
absoluta, não há renúncia ao excedente. 
II – Quanto ao litisconsórcio, há enunciado estabelecendo que o teto de valor do juizado 
especial da Fazenda Pública é por autor: 
• Enunciado nº. 02 – FONAJEFP: “É cabível, nos Juizados Especiais da Fazenda 
Pública, o litisconsórcio ativo, ficando definido, para fins de fixação da 
competência, o valor individualmente considerado de até 60 salários-mínimos” 
 
4. Cabimento no JEF (Lei n. 10.259/01, art. 3º) 
- Critério valorativo: sessenta salários-mínimos (sem renúncia excedente – Enunciado n. 
16 FONAJEF) 
• Lei n. 10.259/01, art. 3º: “Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, 
conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta 
salários-mínimos, bem como executar as suas sentenças”. 
I – Trata-se de critério de competência absoluta. Portanto, ou o juiz do juizado julga ou 
extingue o processo. Por essa razão, não há renúncia pelo excedente. 
• Enunciado n. 16 FONAJEF: “Não há renúncia tácita nos Juizados Especiais 
Federais para fins de fixação de competência”. 
II – Enunciado nº. 18 – FONAJEF – Litisconsórcio: “No caso de litisconsorte ativo, o 
valor da causa, para fins de fixação de competência deve ser calculado por autor”. 
III – Controle do valor de alçada a qualquer tempo: “O controle do valor da causa, para 
fins de competência do Juizado Especial Federal, pode ser feito pelo juiz a qualquer 
tempo” (Enunciado n. 49 – FONAJEF). 
 
5. Competência territorial (JEC) (Lei n. 9.099/95, art. 4º) 
5.1. Competência concorrente (inclusive admite eleição) 
I - Ao estudar a competência territorial analisa-se o local do ajuizamento da ação. Em 
relação à competência territorial, há dispositivo próprio na Lei n. 9.099/95, que estabelece 
três regras de competência concorrente. Portanto, o indivíduo poderá, entre essas três 
hipóteses, escolher a que melhor lhe convém, sem prejuízo do foro de eleição – a 
competência territorial, em regra, é relativa, podendo ser objeto de convenção processual 
típico pelas partes (CPC, art. 63). 
• Lei n. 9.099/95, art. 4º: “É competente, para as causas previstas nesta Lei, o 
Juizado do foro: I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele 
exerça atividades profissionais ou econômicas ou mantenha estabelecimento, 
filial, agência, sucursal ou escritório; II - do lugar onde a obrigação deva ser 
satisfeita; III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para 
reparação de dano de qualquer natureza. Parágrafo único. Em qualquer hipótese, 
poderá a ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo”. 
 
6. Partes no JEC 
6.1. Legitimidade Ativa 
a) As pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas: 
I – A capacidade é um requisito essencial da propositura da ação nos Juizados Especiais 
Cíveis. Portanto, não há possibilidade do incapaz atuar por si só ou mesmo por 
representação ou assistência. 
OBSERVAÇÃO: Alguns doutrinadores criticam essa opção legislativa, no sentido de 
que ela afastaria do sistema dos Juizados aqueles que mais necessitariam da tutela estatal. 
De qualquer modo, houve uma opção político-legislativa. Como no sistema dos Juizados 
não subsistem todas as garantias processuais do processo ajuizado na Justiça Comum, 
consequentemente seria mais adequado não ter o incapaz. 
II – Nesse sentido, se no curso da ação perante os Juizados Especiais for constatada a 
incapacidade da parte, o juiz julgará extinto o processo, sem a análise do mérito. Previsão 
legal: 
• Lei n. 9.099/95, art. 51: “Extingue-se o processo, além dos casos previstos em 
lei: (...) IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos no art. 8º 
desta Lei; V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de sentença ou não 
se der no prazo de trinta dias; (...)”. 
b) Microempresas e empresas de pequeno porte (LC n. 123/06) (Enunciado n. 135 
FONAJE) 
• Enunciado n. 135 (FONAJE): “O acesso da microempresa ou empresa de 
pequeno porte no sistema dos juizados especiais depende da comprovação de sua 
qualificação tributária atualizada e documento fiscal referente ao negócio jurídico 
objeto da demanda”. 
c) Pessoa jurídica qualificada como organização da sociedade civil de interesse público 
(OSCIP) 
d) Sociedade de crédito ao microempreendedor 
e) Espólio 
I - A previsão do espólio como polo ativo não está na lei, mas no Enunciado nº. 148 do 
FONAJE: “Inexistindo interesse de incapazes, o Espólio pode ser parte nos Juizados 
Especiais Cíveis”. 
II - Para que o espólio possa propor a ação no Juizado Especial Cível deve inexistir 
interesse de incapaz. Caso contrário, á inviabilidade, em razão do inciso I do § 8º da Lei 
n. 9.099/95. 
6.2. Legitimidade Passiva 
I – Tanto pessoas físicas como pessoas jurídicas podem ser réus no Juizados Especiais 
Cíveis, exceto aquelas que são processadas no Juizado Especial Federal e no Juizado 
Especial da Fazenda Pública. 
II – Ainda que federal, a sociedade de economia mista é julgada pelo Juizado Especial 
Cível – exemplos: Banco do Brasil e Petrobrás. 
 
• Lei n. 9.099/95, art. 8º,“caput”: “Não poderão ser partes, no processo instituído 
por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as 
empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil”. 
7. Advogado no JEC, JEFP e JEF 
7.1. Dispensa até 20 salários-mínimos 
I – Nos três Juizados é dispensado o advogado nas causas até 20 salários-mínimos: 
• Lei n. 9.099/95, art. 9º: “Nas causas de valor até vinte salários-mínimos, as partes 
comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor 
superior, a assistência é obrigatória”. 
II – A ideia é que a própria parte tem capacidade postulatória para essa espécie de 
demanda nos três Juizados Especiais. O intuito da dispensa é razoável, sob o ponto de 
vista do acesso à justiça, não obstante a parte poder ser prejudicada, em razão da ausência 
do advogado. 
7.2. Acima de 20 salários-mínimos: 
• Lei n. 9.099/95, art. 9º: “Nas causas de valor até vinte salários-mínimos, as partes 
comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor 
superior, a assistência é obrigatória”. 
• Enunciado n. 36 (FONAJE): “A assistência obrigatória prevista no art. 9º da Lei 
9.099/1995 tem lugar a partir da fase instrutória, não se aplicando para a 
formulação do pedido e a sessão de conciliação”. 
7.3. Mandato verbal 
- De acordo com o Código de Processo Civil, ao distribuir a ação, a parte deverá 
apresentar a procuração, salvo nas hipóteses de urgência, conforme artigos 104 e 105. 
Entretanto, aos Juizados não aplica-se essa regra, podendo a parte verbalmente conferir o 
mandato ao advogado. 
• Lei n. 9.099/95, art. 9º, § 3º: “O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo 
quanto aos poderes especiais”. 
7.4. Indispensabilidade do advogado para recurso 
- Caso a parte recorra, indispensável o advogado, independentemente do valor, mesmo 
nas causas abaixo de vinte salários-mínimos: 
• Lei n. 9.099/95, art. 41, § 2º: “No recurso, as partes serão obrigatoriamente 
representadas por advogado”. 
• Enunciado n. 77 (FONAJE): “O advogado cujo nome constar do termo de 
audiência estará habilitado para todos os atos do processo, inclusive para o 
recurso”. 
7.5. Acumulação das funções de advogado e preposto 
I – A ausência do autor ou do seu preposto nas audiências gera a extinção do processo 
sem a análise do mérito: 
• Lei n. 9.099/95, art. 51: “Extingue-se o processo, além dos casos previstos em 
lei: I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das audiências do processo; 
(...) II – Por conseguinte, a ausência do réu ou do seu preposto nas audiências gera 
a revelia.” 
• Lei n. 9.099/95, art. 20: “Não comparecendo o demandado à sessão de 
conciliação ou à audiência de instrução e julgamento, reputar-se-ão verdadeiros 
os fatos alegados no pedido inicial, salvo se o contrário resultar da convicção do 
Juiz”. 
III – Portanto, conforme os dois dispositivos citados, não é suficiente a presença do 
advogado, ainda que ele tenha poderes de transacionar, pois a lei brasileira exige a 
presença da parte ou do preposto. 
IV – Em razão do quadro acima, advogados passaram a apresentarem-se não apenas como 
advogado, mas também como preposto (acúmulo das funções). Entretanto, há disposições 
legais que vedam tal prática, ante a inexistência de subordinação entre o cliente e o 
advogado. Ademais, caso cumuladas as funções, há a prática de infração ética, podendo 
ser punido pelo Tribunal de Ética da OAB. 
• Enunciado n. 98 (FONAJE): “É vedada a acumulação simultânea das condições 
de preposto e advogado na mesma pessoa (art. 35, I e 36, II da Lei 8906/1994 
combinado com o art. 23 do Código de Ética e Disciplina da OAB)”. 
8. Procedimento Diferenciado 
I – O procedimento dos Juizados Especiais Cíveis, visando atender aos critérios 
informativos do instituto, além de fornecer mecanismos apropriados para as tutelas dos 
interesses pleiteados, estabeleceu um procedimento diferenciado para guiar seus 
processos. 
II – A regra é que os atos processuais sejam praticados de modo menos formal, isto é, que 
sejam registrados por escrito apenas aqueles atos considerados essenciais. Além disso, 
como já visto, a nulidade de qualquer ato somente será declarada se resultar em prejuízo 
para a parte ou quando a violação da forma não lhe permitir atingir suas finalidades. 
• Lei n. 9.099/95, art. 13, §1º: “Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre 
que preencherem as finalidades para as quais forem realizados, atendidos os 
critérios indicados no art. 2º desta Lei. § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade 
sem que tenha havido prejuízo.” 
III – Apesar do procedimento seguir de um modo diferenciado, recentemente (2018) foi 
incluído o artigo 12-A que diz respeito à forma de contagem de prazo no Juizado Especial, 
isto é: 
• Lei n. 9.099/95, art. 12-A: “Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei 
ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato processual, inclusive para a 
interposição de recursos, computar-se-ão somente os dias úteis.” 
IV – Além dessas questões acima mencionadas, é importante ter em mente que o processo 
perante o Juizado Especial – quando considerado apenas o primeiro grau de jurisdição – 
independe de pagamento de custas, taxas ou despesas. Nesse sentido, somente em caso 
de recurso é que haverá a necessidade de pagar despesas processuais, inclusive as de 
primeiro grau. 
ATENÇÃO: Ainda que não seja permitido impor às partes os ônus sucumbenciais, 
poderá o juízo de primeiro grau aplicar sanções atinentes à litigância de má-fé. 
• Lei n. 9.099/95, art. 54: “O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro 
grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas ou despesas. Parágrafo único. O 
preparo do recurso, na forma do § 1º do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as 
despesas processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de 
jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária gratuita.” 
• Lei n. 9.099/95, art. 55: “A sentença de primeiro grau não condenará o vencido 
em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. 
Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de 
advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de 
condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa.” 
V – Quanto ao procedimento em si, ele terá início a partir da apresentação de pedido – 
escrito ou oral – formulado diretamente à secretaria do juízo. 
IMPORTANTE: No juizado especial é cabível pedido genérico – quando não se puder 
especificar, de maneira pronta, a extensão da obrigação, entretanto, a decisão não poderá 
ser ilíquida, devendo determinar com exatidão a obrigação, se for o caso, a ser cumprida. 
• Lei n. 9.099/95, art. 38, parágrafo único: “Não se admitirá sentença condenatória 
por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido”. 
ATENÇÃO: Caso compareçam, concomitantemente autor e réu, dispensa-se o registro 
do pedido e a citação do demandado, instaurando-se prontamente a sessão de conciliação. 
• Lei n. 9.099/95, art. 17: “Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-
se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o registro prévio de pedido 
e a citação.” 
VI – Caso não haja comparecimento de ambas as partes, será o réu citado para sessão de 
conciliação a ser designada conforme pauta de audiência pela secretaria do juizado que, 
em regra, deveria ocorrer no prazo máximo de 15 dias. 
OBSERVAÇÃO: A citação do réu será feita – em regra – pelos correios (com aviso de 
recebimento), sendo que, em situações excepcionais caberá a citação por oficial de justiça. 
PORÉM, não se admite a citação por edital no procedimento dos juizados especiais. 
VII – A partir da citação, deve o réu comparecer à sessão de audiência designada. 
- Não comparecimento do Réu: 
• Não comparecendo o réu e não apresentando justa causa para sua ausência, 
reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegadosno pedido inicial, salvo se o contrário 
resultar da convicção do juiz (art. 20 – Lei 9.099/95)1. Nesse caso, a ausência do 
réu gera revelia com presunção relativa da veracidade dos fatos, podendo essa 
presunção ser afastada sempre que as circunstâncias da causa indicarem sentido 
 
1 “Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de conciliação ou à audiência de instrução e 
julgamento, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial, salvo se o contrário resultar da 
convicção do Juiz.” 
contrário. Além do efeito material, a revelia gera efeito processual, já que ocorrerá 
o julgamento antecipado da lide (art. 23 – Lei 9.099/95)2. 
- Comparecimento do Réu 
Hipótese 01: Obtenção do Acordo 
• Caso o Réu compareça, será aberta a sessão de conciliação e, sendo esta obtida, 
será ela reduzida a termo e homologada pelo juiz togado, servindo como título 
executivo judicial (art. 22, parágrafo único da Lei 9.099/95). 
Hipótese 02: Não Obtenção do Acordo 
• Entretanto, caso não tenha êxito a conciliação, o procedimento prosseguirá seu 
curso regular, seja com imediata prolação da sentença (nas causas em que haja 
possibilidade de julgamento antecipado da lide) ou instaurando-se, quando 
necessário, audiência de instrução e julgamento. 
• Essa audiência terá início imediatamente, desde que não resulte prejuízo para a 
defesa. Na audiência o réu apresentará defesa, da qual poderá manifestar o autor. 
• Nessa audiência as partes produzirão todas as provas necessárias, ainda que não 
tenha havido requerimento prévio formulado, podendo o juiz limitar ou excluir 
aquelas que considerar excessiva, impertinente ou protelatória. 
• Importante destacar que as partes poderão levar até 03 (três) testemunhas, que 
comparecerão à audiência independente de intimação, porém, quando for 
requerido, a parte poderá ser intimada para comparecer ao ato. 
12. Juiz no JEC, JEFP e JEF 
12.1. Juiz leigo 
I – Nos Juizados Especiais é possível a existência da figura do juiz leigo, que participa 
das audiências, como um juiz togado. Entretanto, todos os seus atos ficam sujeitos à 
homologação do juiz togado, que tem três opções: rejeitar, homologar ou acrescer novos 
fundamentos à sentença proferido pelo juiz leigo. 
OBSERVAÇÃO: a presença ou não de juízes leigos varia de Estado para Estado. 
• Enunciado nº. 40 (FONAJE): “O conciliador ou juiz leigo não está 
incompatibilizado nem impedido de exercer a advocacia, exceto perante o próprio 
Juizado Especial em que atue ou se pertencer aos quadros do Poder Judiciário”. 
• Enunciado nº. 95 (FONAJE): “Finda a audiência de instrução, conduzida por 
Juiz Leigo, deverá ser apresentada a proposta de sentença ao Juiz Togado em até 
dez dias, intimadas as partes no próprio termo da audiência para a data da leitura 
da sentença”. 
12.2. Flexibilização procedimental legal genérica 
I – Disposições legais: 
 
2 “Art. 23. Se o demandado não comparecer ou recusar-se a participar da tentativa de conciliação não 
presencial, o Juiz togado proferirá sentença.” 
• Lei n. 9.099/95, art. 5º: “O Juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar 
as provas a serem produzidas, para apreciá-las e para dar especial valor às regras 
de experiência comum ou técnica”. 
• Lei n. 9.099/95, art. 6º: “O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais 
justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do bem 
comum”. 
 
II – É pacífico o entendimento no sentido que adota-se no sistema dos Juizados o modelo 
da flexibilização legal genérica. Portanto, o procedimento não é rígido, podendo ser 
adaptado pelo juiz ao caso concreto. Em outras palavras, caso exista alguma 
particularidade, e o rito da Lei n.9.099/95 não se encaixar nela, o juiz poderia aplicar o 
procedimento de modo diferente do previsto em lei, em verdadeira calibração do 
procedimento às particularidades. 
EXEMPLO: Há possibilidade de dispensa da audiência de conciliação em ações de 
medicamentos de alto custo, citando o réu para responder em quinze dias. 
ATENÇÃO: Há uma discussão acadêmico-doutrinária: o artigo 6º3 da Lei n. 9.099/95 
autoriza o julgamento por equidade? De acordo com o Código de Processo Civil, o juiz 
só decidirá por equidade nos casos previstos em lei (art. 140, parágrafo único). 
• Alexandre Câmara (2019): Não, tratando-se de uma forma de o juiz interpretar 
a lei, de modo justo e equânime. Portanto, seria o julgamento com equidade, e não 
por equidade. 
• Fernando Gajardoni (2018): Sim, tratando-se de uma hipótese do CPC, art. 140, 
parágrafo único. Fundamentos: (a) as palavras do legislador seriam 
desnecessárias, pois o julgamento com equidade já é extraído da Lei de 
Introdução; (b) em razão do baixo valor da causa, o legislador permitiu o juiz a 
julgar por equidade. 
IMPORTANTE: Indicam a impossibilidade de aplicação do artigo 6º da Lei n. 9.099/95 
aos Juizados Especiais da Fazenda Pública e aos Juizados Especiais Federais. 
Fundamento: a Administração Pública é rediga pela legalidade estrita, não podendo o juiz 
julgar por equidade processos que envolvam a Fazenda Pública (CF, art. 37). 
 
13. Terceiros no JEC, JEFP e JEF 
13.1. Regra geral: Sem intervenção 
I – Dispositivo legal 
• Lei n. 9.099/95, art. 10: “Não se admitirá, no processo, qualquer forma de 
intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio”. 
 
3 “O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da 
lei e às exigências do bem comum”. 
II – A razão da vedação é o atrasado gerado pela intervenção de terceiro. Em outras 
palavras, a admissão iria de encontro aos princípios norteadores dos Juizados Especiais. 
13.2. CPC-2015: art. 1.0624 (incidente de desconsideração da personalidade jurídica) 
I - O Código de Processo Civil de 2015 instituiu regramento determinando que o incidente 
de desconsideração da personalidade jurídica (CPC, arts. 133 a 137) seja aplicável aos 
Juizados. 
ATENÇÃO: O terceiro prejudicado pela desconsideração deve ser integrado ao processo 
antes de ter a personalidade desconsiderada. Para tanto, há a burocratização do 
procedimento, pois a relação jurídica processual torna-se mais complexas. Não obstante 
os entraves, o Código de Processo Civil permitiu a aplicação do incidente aos processos 
de competência dos Juizados Especiais. 
II – Em razão da informalidade e da desburocratização, toda a discussão sobre a 
desconsideração da personalidade jurídica será travada nos próprios autos principais. 
IMPORTANTE: Litisconsórcio, que não é intervenção de terceiros, é plenamente 
possível (lembrando que a alçada é por autor). 
 
14. Recursos e afins no JEC, JEFP e JEF 
- O modelo recursal dos Juizados é distinto do modelo do Código de Processo Civil. 
14.1. Embargos de Declaração 
- Alterações promovidas pelo Código de Processo Civil de 2015 aos artigos 48 e 50 da 
Lei n. 9.099/95: 
• Igualou as hipóteses de cabimento às hipóteses do artigo 1.022 do Código de 
Processo Civil. 
• Efeito interruptivo, interrompendo prazo para outros recursos. 
14.2. Inominado (Lei n. 9.099/95, arts. 41 e 42) 
I - Inominado porque a lei não o nomeou. 
II - Cabível contra sentença (É a "Apelação" dos Juizados Especiais). 
III - Prazo: 10 dias. Não há prazo diferenciado: 
• Lei n. 10.259/01, art. 9º: “Não haverá prazo diferenciado para a prática de 
qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a 
interposição de recursos, devendo a citação para audiência de conciliação ser 
efetuada com antecedência mínima de trinta dias”. 
• Lei n. 12.153/09, art. 7º: “Não haverá prazo diferenciado para a prática de 
qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a 
interposição de recursos, devendo a citação para a audiência de conciliação ser 
efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta) dias”. 
 
4 “O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-seao processo de competência dos 
juizados especiais”. 
IV – Há regra especial em relação ao preparo, diferente da regra do artigo 1.007 do Código 
de Processo Civil: 
• Lei n. 9.099/95, art. 42, § 1º: “O preparo será feito, independentemente de 
intimação, nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob pena de 
deserção”. 
 
V - Além de ter uma regra diferente quanto aos efeitos do recurso inominado: 
• Lei n. 9.099/95, art. 43: “O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o 
Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte”. 
 
VI – Há regra própria em relação aos honorários, afastando a aplicação do § 11 do art. 85 
do Código de Processo Civil: 
• Lei n. 9.099/95, art. 55: “A sentença de primeiro grau não condenará o vencido 
em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. 
Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de 
advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de 
condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa”. 
14.3. RE e REsp 
I – Cabimento: 
• Recurso especial: não (CF, art. 105, III). 
• Recurso extraordinário: sim (CF, art. 102, III). 
Sobre o cabimento: 
• Enunciado n. 63 FONAJE: “Contra decisões das Turmas Recursais são cabíveis 
somente os embargos declaratórios e o Recurso Extraordinário”. 
• S. 640 STF: “É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz 
de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial 
cível e criminal”. 
• S. 203 STJ: “Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de 
segundo grau dos Juizados Especiais”.

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