Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Doenças do ritmo cardíaco e interpretação do eletrocardiograma Ritmo cardíaco: é a sucessão de batimentos, que geralmente é regular e com frequência no limite de 60 a 100 bpm. Arritmias: interferências na geração ou propagação do batimento que podem fazer com que o ritmo cardíaco se torne irregular, ou muito rápido ou muito lento. 1. Nódulo sinoatrial: a. Marcapasso natural do coração; b. Inicia o impulso elétrico que estimula e compassa o músculo cardíaco; c. Junção da veia cava superior com átrio direito; d. 60-100 bpm em repouso. 2. Nódulo atrioventricular: a. Recebe impulsos do nó AS e os retransmite aos ventrículos; b. Envia impulsos para o sistema His-Purkinje; c. A sincronia entre a geração e propagação do impulso assegura o ritmo normocárdico. 3. Feixe de His: a. Localiza-se no espaço interseptal; b. Condução para os ventrículos; c. Se divide em ramo esquerdo e direito. 4. Fibras de Purkinje: a. Movimenta o impulso através dos ventrículos para contração. CONDUÇÃO ELÉTRICA CARDÍACA • Potencial de membrana: o A atividade elétrica cardíaca provém das diferenças na composição iônica entre os meios intra e extracelular e da sucessão cíclica de ativação celular (inversão do potencial de membrana) devido aos fluxos transmembrana desses íons; o Os principais responsáveis pelos eventos da atividade elétrica cardíaca são Na+, K+, Ca++. • Potencial de repouso: o Durante o estado de repouso da membrana celular: ▪ Potássio em maior concentração intracelular com tendência a migrar para fora da célula; ▪ Sódio em maior concentração extracelular, com tendência a migrar para o interior celular Intracelular com carga negativa • Potencial de ação: o Após o início do impulso elétrico, no nódulo sinoatrial, a permeabilidade da membrana se modifica, deslocando o Na+ rapidamente para dentro da células, enquanto o K+ sai da célula o Despolarização (contração do miocárdio – sístole) Intracelular com carga positiva o Após a depolarização, a célula retorna ao seu estado inicial (repouso), onde o Na+ desloca-se para fora da células, enquanto o K+ entra na célula o Repolarização (relaxamento do miocárdio - diástole) Intracelular com carga negativa DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS: • Hiponatremia: redução dos valores de sódio, causa repercussões neurológicas tais como estupor, convulsões e coma • Hiperpotassemia: aumento dos valores de potássio, causa alterações neuromusculares, resultando em fraqueza muscular e toxicidade cardíaca que, se for grave, pode evoluir para fibrilação ventricular e assistolia. ELETROCARDIOGRAMA – ECG • É um registro gráfico da atividade elétrica do coração; • Tem como objetivo a verificação de falha na condução elétrica pelo coração. Serve para detectar arritmias, aumento de cavidades cardíacas, patologias coronarianas, infarto do miocárdio etc.; • O ritmo cardíaco é avaliado por meio de ondas no tempo. Durante o ciclo cardíaco, são produzidas as formas de onda e os tipos de intervalos na superfície do traçado de ECG. • O papel de ECG consiste em linhas horizontais e verticais, formando quadrados grandes cada um com 5 quadrados pequenos; • As linhas horizontais indicam as medidas de tempo. Cada quadrado pequeno horizontal: é igual a 0,04 segundo. Cada quadrado grande(formado por cinco quadrados pequenos: é igual a 0,20 segundos); • As linhas verticais indicam a altura (voltagem/amplitude). Cada quadrado pequeno medido na vertical tem 1 mm e cada quadrado grande tem 5 mm. • Onda P: o É uma deflexão pequena, geralmente vertical e arredondada; o Indica despolarização dos átrios (contração atrial); o É vista antes do complexo QRS em um intervalo consistente; o A sua presença indica o ritmo sinusal; o Sempre antecede o complexo QRS; o Duração de 0,08 a 0,11 segundos; o Negativa em AVR. • Intervalo PR: o O intervalo é medido do início da onda P ao início do complexo QRS; o Representa o tempo do início da despolarização atrial ao início da despolarização ventricular; o Inclui-se o pequeno atraso no nó AV que possibilita a contração atrial antes que os ventrículos sejam contraídos (segmento PR); o O intervalo normal dura 0,12 a 0,20 segundos; o Quando esse intervalo se encontra menor do que 0,12 segundos, pode indicar pré- excitação ventricular; o Quando aumentado (maior que 0,20 segundos), bloqueio atrioventricular. • Complexo QRS: o Representa a despolarização ventricular (contração ventricular); o O normal mede 0,05 a 0,11 segundos de largura, não deve exceder 2,5 quadrados menores do papel do ECG (<0,12s). • Segmento ST: o É a parte do traçado do final do complexo QRS ao início da onda T; o Representa o tempo do final da despolarização ventricular ao início da repolarização ventricular (diástole); o Normalmente, é isoelétrico, ou seja, o segmento ST se junta ao complexo QRS na linha de base; o O segmento ST pode estar elevado (supradesnivelamento) ou deprimido (infradesnivelamento) na lesão aguda ou isquemia do miocárdio • Intervalo T: o Representa a repolarização ventricular (diástole) e aparece depois do complexo QRS. • Intervalo QT: o Entre o início da depolarização ventricular até o final da repolarização ventricular; o O intervalo QT é medido desde o início do complexo QRS até o final da onda T Ritmos: 1. Ritmo sinusal: a. Ondas P precedendo cada QRS; b. Ritmo regular (intervalos regulares entre o QRS); c. QRS estreito (< 0,12 segundos); d. Frequência entre 60 e 100 bpm; e. O intervalo PR está dentro dos parâmetros de normalidade e possui igual duração (0,12 a 0,20 segundos). 1. Formação do impulso no nó AS: a. O estímulo elétrico origina-se no nódulo sinoatrial (AS) se propaga concentricamente em todas as direções, portanto em ambos os átrios. 2. Despolarização atrial: a. Quando ocorre a contração atrial, forma a onda P. 3. Atraso no nó AV: a. Após a contração atrial, o estímulo alcança o NAV onde há uma pausa; b. O estímulo elétrico passa do nódulo AV para o feixe de His e assim para os ramos direito e esquerdo e Fibras de Purkinje. 4. Despolarização ventricular: a. À medida que o estímulo passa do nódulo AV para o sistema de condução – complexo QRS. 5. Fase platô da repolarização: a. Após a contração ventricular, segue-se a repolarização ventricular (relaxamento) – onda T. 6. Final rápido (fase 3): repolarização Como calcular a frequência cardíaca pelo ECG? • Ritmo regular: podemos dividir 1550 pelos pequenos ou 300 pelos grandes; entre 2 complexos QRS; • Ritmo irregular: o traçado de ECG registra atividade elétrica durante 10 segundos. Se olharmos para o D2 longo na parte de baixo do ECG podemos contar a quantidade de batimentos que ocorrem durante 10s. basta multiplicar este número por 6. Derivações eletrocardiográficas • Os pares de eletrodos são diferentes para cada derivação e, desse modo, o traçado da atividade elétrica se modifica ligeiramente em cada derivação; • As derivações podem ser periféricas e precordiais. 1. Periféricas: a. Bipolares: D1: braço direito à braço esquerdo; D2: braço direito ao pé esquerdo; D3: braço esquerdo ao pé esquerdo. b. Unipolares aVR: eletrodo explorador no braço direito; aVL: eletrodo explorador no braço esquerdo; aVF: eletrodo explorador no pé 2. Precordiais: V1: 4º EIC, linha paraesternal direita; V2: 4º EIC linha paraesternal esquerda; V3: entre V2 e V4; V4: 5º EIC na linha hemiclavicular; V5: 5º EIC, linha axilar anterior; V6: 5º EIC, linha axilar média Como realizar o ECG: • Os pacientes devem ficar com a região do tórax exposta, ou seja, retirar as roupas da parte de cima docorpo; • Retirar joias, relógios, objetos metálicos que possam causar interferências no exame; • Posicionar os eletrodos precordiais na região anterior do tórax, e os periféricos nos tornozelos e punhos; • Instalar os eletrodos junto com uma gota de gel para garantir o contato entre a pele e o eletrodo, ou usar eletrodos adesivados. • DICAS: o Remover a gordura da pele, pois ela gera ruído na transmissão do sinal elétrico (limpar a pele com algodão e álcool); o Para os homens, em alguns casos, é preciso remover parte dos pelos torácicos; o Após verificação escrever na folha de ECG: nome do paciente, data, hora, leito Doenças do ritmo cardíaco: 1. Nódulo sinusal: a. Bradicardia sinusal: i. Ocorre quando o nó sinusal cria um impulso em frequência menor que o normal; ii. Ritmo lento, com frequência cardíaca abaixo de 60 bpm; iii. Ritmo regular e apresenta toas as características do ritmo sinusal; iv. Causas: necessidades metabólicas menores (período de sono, hipotermia, hipotireoidismo), intoxicação digitálica. b. Taquicardia sinusal: i. Ocorre quando o nó sinusal cria um impulso em frequência maior que o normal; ii. Caracterizado por ser um ritmo muito rápido, com frequência entre 100 e 180 bpm; iii. Ritmo regular e apresenta todas as outras características do ritmo sinusal; iv. Onda P na frente do QRS e pode estar mesclado na onda T anterior; v. Também pode estar associada a problemas clínicos (febre, anemia, choque, IC, ansiedade, cafeína, estresse, hipertireoidismo). c. Arritmia sinusal: i. Ocorre quando o nó sinusal cria um impulso em um ritmo irregular; ii. Ritmo irregular, com frequência entre 60 e 100 bpm; iii. A frequência do nó sinusal aumenta gradualmente com inspiração e diminui gradualmente com a expiração; iv. Causas: valvulopatias. 2. Atrial: a. Flutter atrial: i. Ritmo atrial rápido e regular em que o átrio dispara em frequências de 250 a 350 bpm; ii. O nó AV que funciona como um controle, pode permitir que nem todos os estímulos prossigam para os ventrículos (2:1, 3:1); iii. Ondas P em formato de “dente de serra”; iv. É comum que a onda Flutter seja parcialmente ocultada pelo complexo QRS e onda T; v. Causas: DAC, IC e doença reumática do coração. b. Fibrilação atrial: i. Atividade atrial caótica com pequenas onda fibrilatórias trêmulas, descoordenadas; ii. Ritmo atrial e ventricular irregular; iii. A preocupação clínica mais imediata é a frequência da respostas ventricular e a formação de êmbolos; iv. Causas: idade avançada, valvulopatias, DAC, HA, hipertireoidismo. 3. Ventricular: c. Taquicardia ventricular: i. Reconhecida por complexos QRS amplos e bizarros, que ocorrem a um ritmo bastante regular, em uma frequência maior do que 100 bpm; ii. Amplitude e direção variadas; iii. As ondas P, se vistas, não estão relacionadas com o complexo QRS; iv. Causas: complicação comum do infarto do miocárdio d. Fibrilação ventricular i. Atividade contrátil cessa e o coração apenas tremula (desorganização elétrica, impedindo que os ventrículos se contraiam); ii. No ECG, apenas oscilações irregulares da linha de base; iii. O débito cardíaco é zero, não há pulso, nem batimento cardíaco = parada cardíaca; iv. Deflexões caóticas e é impossível a identificação de qualquer onda no ECG; v. Produzido por infarto, eletrocussão. Conduta diagnóstica • ECG; • Holter; • Teste Ergométrico; • Avaliação Eletrofisiológica Invasiva Principais complicações das arritmias: • Tromboembolismo; • Morte súbita Tratamento específico: • Drogas antiarrítmicas: procainamida, bloqueadores beta adrenérgicos, amiodarona, verapamil, diltiazem e lidocaína; • Ablação por cateter: lesões mínimas de 4 a 6 mm permitem o controle do substrato arritmogênico; • Estimulação cardíaca artificial – implante de MP; • Cardio-desfibrilador implantável - CDI
Compartilhar