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ARTE, CULTURA E ESTÉTICA Introdução Iniciamos esta unidade, destacando que a Idade Média foi um longo período na história da humanidade. Como você pode imaginar, a transição do período feudal para Idade Moderna, período que se inicia, em 1453 e vai até 1789, foi marcado por transformações. Destacamos que estas mudanças são percebidas nos mais diversos campos, como a forma de organização das sociedades, a política, a economia, a cultura e, consequentemente, a arte. Muitas vezes, um mesmo estilo assumiu distintas configurações, quando inseridas em países diferentes. Deste modo, iremos, agora, investigar as principais manifestações artísticas, neste cenário, compreendendo um pouco mais sobre as características dos estilos conhecidos como Renascimento, Barroco, Rococó, Neoclássico e Romantismo. Renascimento Italiano Segundo Byington (2009), o termo Renascimento faz referência ao retorno, ao ressurgimento das formas elaboradas, na Antiguidade Clássica, enquanto fonte de beleza. Contrapondo-se aos ideais cultivados, na Idade Média, o homem do século XV passou a recuperar os modelos e regras de arte empregadas na Antiguidade. Do mesmo modo, temas como gramática, retórica e dialética voltaram a ser estudados pelos intelectuais deste período. A partir do desenvolvimento de tais estudos, a crescente valorização do ser humano como centro (antropocentrismo) e a ciência como fonte de saber, surge o Humanismo, um movimento intelectual, diretamente, relacionado à arte Renascentista (BYINGTON, 2009). É importante destacarmos que, embora, em um primeiro olhar, as características do Renascimento nos façam pensar que este movimento era saudosista, o cenário, na realidade, era outro. De acordo com Byington (2009), Apesar da ideia de retorno ao passado, o movimento conhecido por esse nome nada possuía de nostálgico. Era, na verdade, portador de um acentuado sentimento de superioridade em relação aos séculos precedentes, acompanhado de atitude de substancial otimismo diante do presente e do futuro. Mas a autoridade atribuída por eles ao passado não funcionava apenas como limitação e modelo a ser imitado. Constituía, acima de tudo, desafio e estímulo na direção de novas formas. (BYINGTON, 2009, p. 8) Diante do apresentado pela autora, iremos perceber que o artista renascentista não tinha como único objetivo replicar obras do passado, mas, sim, construir a sua própria estética, respondendo a novos desafios. Não existe uma data exata que determine o momento inicial e final do Renascimento. O século XIV é marcado por transições culturais e sociais, na Europa, em decorrência da transformação econômica que faz com que o modelo feudal da Idade Média, gradativamente, dê espaço ao capitalismo, gerando uma evolução das estruturas medievais. Deste modo, quando nos referimos ao Renascimento, estamos tratando do período que vai de meados do século XIV, até o final do século XVI. A região norte da Itália é considerada o berço do Renascimento, Florença foi uma das cidades de maior destaque na arte renascentista. O primeiro grande mestre deste estilo foi Giotto di Bondone (1267-1337). Embora suas pinturas ainda remetessem ao estilo Gótico, o pintor Giotto passou a explorar volumes e tridimensionalidade, em suas composições, o que representou uma ruptura com as figuras planas utilizadas no estilo precedente (SEVCENKO, 1989). Outro importante artista florentino da fase inicial do Renascimento foi o arquiteto e escultor Filippo Brunelleschi (1377-1446). Apesar de seus diversos projetos, destacamos não apenas a contribuição de Brunelleschi como arquiteto, mas também como o responsável pela redescoberta que iria transformar o modo de representação gráfica: a perspectiva cônica. Foi ele quem proporcionou meios matemáticos, com base no teorema de Euclides, para o desenho de imagens em perspectiva, que até então eram realizadas de modo não científico (SEVCENKO, 1989). No século XV, na Itália, a combinação de tradições góticas e formas modernas era uma das características de muitos mestres, tanto na arquitetura quanto na pintura e escultura. A descoberta da perspectiva matemática e o estudo da natureza representaram um progresso, na arte, porém, ao mesmo tempo surgia um novo problema: algumas obras apresentavam arranjos tão simétricos que acabavam se tornando esquemas rígidos (GOMBRICH, 1999). Sandro Botticelli (1446-1510) foi um dos pintores que buscou solucionar o esquema de rigidez. Um de seus quadros mais famosos, “O nascimento de Vênus”, retrata um mito clássico. Nesta obra, Botticelli apresenta figuras menos sólidas e a ação do quadro é, facilmente, compreendida. O artista resgata a técnica do contraposto, que era usada nas estátuas gregas e que distribuía o peso da composição em uma das pernas da figura retratada. Deste modo, a representação da figura humana torna-se mais natural (GOMBRICH, 1999). O século XVI se configura como o período mais expressivo, no Renascimento Italiano, foi neste século que surgiram grandes artistas, como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael. Um dos mais famosos mestres deste período foi Leonardo da Vinci (1452-1519). Leonardo acreditava que a função do artista era explorar o mundo visível com intensidade e precisão. Deste modo, o artista dissecou cadáveres, investigou as leis de ondas e correntes, observou e analisou o voo de pássaros, para descobrir se era possível construir uma máquina que faria o mesmo. Para ele, explorar a natureza era o meio de adquirir conhecimento sobre o mundo visível e produzir sua arte (GOMBRICH, 1999). O quadro Mona Lisa, concluído em 1506, é um dos trabalhos mais famosos de Da Vinci. Nesta pintura, o artista faz uso da técnica de sfumato, na qual os contornos são desenhados sem firmeza no traço. Em Mona Lisa, Leonardo concentra este método em dois pontos, os olhos e a boca, locais estratégicos que marcam a expressão facial. Deste modo, nunca sabemos, ao certo, quanto ao estado de espírito refletido na expressão com que a Mona Lisa nos observa. Contemporâneo a Da Vinci, Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simone (1475-1564), também fez suas próprias pesquisas sobre anatomia humana, por meio da dissecação de cadáveres e desenho de modelos. Embora Michelangelo se considerasse um escultor, e não pintor, uma de suas obras mais famosas é a pintura da abóbada da Capela Sistina. A abóbada da Capela Sistina se apresenta simples e harmoniosa. Ela é dividida em setores que trazem episódios de Gênesis, imagens de profetas e de sibilas. Cada uma das figuras representadas foi estudada em esquemas e esboços por Michelangelo. Tanto em suas pinturas quanto nas esculturas, Michelangelo demonstra um grande domínio, para representar a forma humana sob os mais diversos ângulos. Apesar do corpo retorcido das figuras, explorando ao máximo o movimento, os contornos são firmes, e, por isso, as formas finais são simples e serenas (GOMBRICH, 1999). Também, no cenário italiano do século XVI, Rafael Sanzio (1483-1520) teve grande destaque. O artista pintou diversos afrescos, nas paredes de salas do Vaticano, demonstrando o domínio de seu desenho e suas composições equilibradas. As suas obras eram muito admiradas por seus contemporâneos, uma vez que Rafael alcançou a harmonia em suas composições, além de transmitir o Belo Clássico em suas pinturas. Uma das técnicas utilizadas, em suas obras, era o chiaroscuro, assimilado das obras de Leonardo da Vinci. O chiaroscuro consiste na manipulação de luz e sombra de modo contrastante, entre figura e fundo, configurando-se como uma das técnicas mais complexas para o artista. Ao analisarmos as pinturas deste período, percebemos que existem diferenças mesmo dentro de solo italiano, sobretudo entre as obras produzidas pelos artistas de Florença e os de Veneza. Enquanto, para os artistas de Florença, a forma, em si, era o aspecto mais importante, os artistas de Veneza tinham uma abordagem diferente no quedizia respeito à cor, a qual era representada com muita riqueza e suavidade (GOMBRICH, 1999). No cenário veneziano, Ticiano Vecellio (c.1473/1490-1576) foi um dos pintores mais representativos do período. Ticiano era versátil, em seus temas, representou paisagens, mitologias, religião, no entanto, foi na pintura de retratos que se tornou famoso entre seus contemporâneos. Em seus quadros, o pintor subverteu as regras consagradas de composição, o que deve ter chocado o observador da época. Apesar disso, suas pinturas são equilibradas, luz e cor unificam a cena (GOMBRICH, 1999). O estilo conhecido como Renascimento desenvolveu-se de modo pleno, na Europa, sobretudo, na Itália, considerada o berço desse estilo. Entre os grandes mestres italianos, destacam-se Leonardo da Vinci e Rafael Sanzio. Considerando as obras de Rafael, assinale a alternativa correta. RESPOSTA: d) Utilizava técnicas de chiaroscuro, criando contraste entre figura e fundo. Feedback: alternativa correta, pois uma das técnicas renascentistas empregadas por Rafael foi a chiaroscuro, herdada das obras de Da Vinci. Fora do território italiano, o Renascimento também se manifestou, nos demais países europeus. No entanto, como perceberemos, em nossas análises, tal estilo assumiu novas formas e características para além do solo italiano. No século XIV, o artista do Norte, que teve as descobertas mais revolucionárias do período, foi o pintor Jan van Eyck (1390-1441). A sua obra é caracterizada pela observação de todos os detalhes que serão representados. A ilusão de natureza era criada, na obra, por meio da adição de detalhe após detalhe, técnica distinta daquela adotada pelos italianos, que traçavam linhas de perspectivas, para construir a cena (GOMBRICH, 1999). Esta diferença entre o modo de construção empregado, na pintura, entre italianos e os artistas do Norte se fez presente por muitos anos. Deste modo, as pinturas produzidas pelos artistas dos países do Norte serão caracterizadas pelo maior destaque, na superfície das coisas, como as flores, joias e texturas de roupas. Uma das invenções de Van Eyck foi a pintura a óleo, este novo preparo de tinta permitiu trabalhar, mais lentamente, e com maior exatidão, o que proporcionou a criação de maiores detalhes. No século XV, os artistas do Norte ainda continuavam seguindo tradições góticas, sobretudo, na pintura e escultura. Jean Fouquet (1420- 1480) foi um dos principais artistas do período. Apesar de ter visitado a Itália, quando jovem, a forma como Fouquet pintava era distinta dos italianos. Em suas obras, as fortes tonalidades de cromáticas do gótico eram empregadas. Em meados do século XV, o alemão Johannes Gutemberg desenvolveu uma máquina de impressão de tipos móveis, que ficou conhecida como imprensa. Esta tecnologia permitiu a reprodução de livros e folhetos, em larga escala, causando um grande efeito, no mundo da arte. Outro método empregado para a criação de gravuras, neste período, foi a xilogravura, posteriormente, substituída pela calcogravura, na qual os moldes, que antes eram em madeira, passam a ser feitos em cobre. Esta mudança permitiu que o artista da época demonstrasse toda sua técnica e domínio de detalhes (GOMBRICH, 1999). No século XVI, um dos maiores artistas renascentistas fora da Itália foi o alemão Albrecht Dürer (1471-1528). Uma das primeiras grandes obras de Dürer foi um conjunto de xilogravuras, ilustrando o Apocalipse de São João. Por meio da análise de seus estudos e esboços, é possível notar que o artista era capaz de observar e copiar a natureza de modo surpreendente, habilidade esta que ele usou, para apresentar uma visão cada vez mais convincente das histórias sagradas. Influenciado pela obra de Dürer, Jheronumus Anthonisse van Aken (c. 1450-1516), mais conhecido como Hieronymus Bosch, foi um importante pintor e gravador holandês. Pouco se sabe sobre a vida de Bosch, as obras deixadas pelo artista também são escassas. Uma de suas pinturas mais famosas é o tríptico “O Jardim das Delícias”, em cada um dos três painéis é contada a sequência de uma narrativa: a criação de Eva, o desencadear dos pecados e o inferno. Apesar de estar inserida, temporalmente, no Renascimento, a obra de Bosch remete ao gótico, sendo apontado por muitos críticos como um dos últimos pintores medievais. Os temas religiosos e sua visão pessimista e moralizadora da humanidade eram recorrentes em suas pinturas. O pintor Jan van Eyck (1390-1441) inventou uma nova técnica de pintura, a tinta a óleo. Este novo tipo de preparo da tinta permitiu uma revolução, no modo de pintar, que se tornaria uma característica particular das obras produzidas pelos países do Norte. A partir do apresentado, assinale a alternativa que corresponda a esta característica. Resposta; b) A tinta demora mais para secar, permitindo a adição de mais detalhes à pintura. Feedback: alternativa correta, pois este novo tipo de preparo garantia que o pintor adicionasse detalhes pouco a pouco sobre a pintura, o que permitiu a valorização das superfícies, como flores, joias, tecidos. Estamos habituados a escutar que os estilos Barroco e Rococó estavam relacionados aos exageros, aos excessos. Para compreendermos as obras de tais estilos, precisamos, primeiramente, identificar quais os propósitos desta arte, o espírito da época na qual ela estava inserida, para, então, analisarmos suas características. Barroco O estilo Barroco desenvolveu-se, entre os séculos XVI e XVII, difundindo-se para além do continente europeu e chegando, até a América Latina. A transição entre o Renascimento e o Barroco, na Europa, demonstra como o espírito de uma nova época exige uma nova forma. Em 1534, é criada a Companhia de Jesus, ordem religiosa dos jesuítas. Esta ordem surgiu, em Paris, como uma forma de combater a Reforma Protestante que ocorria na Europa. As igrejas jesuítas apresentavam um novo formato de edificação. A planta cruciforme era coberta por uma imponente cúpula, resgatando também características comuns às igrejas medievais, como o formato alongado e espaços iluminados pelo zimbório (GOMBRICH, 1999). Uma das primeiras igrejas barrocas foi a II Gesù, projetada pelo arquiteto Giacomo della Porta (1532-1602). Na fachada desta igreja, são empregados elementos clássicos que se fundem de tal modo, que deixa claro que as regras gregas, romanas e renascentistas tinham ficado para trás. Com o tempo, os arquitetos barrocos passaram a usar recursos cada vez mais incomuns, para obter unidade em suas edificações, como volutas, frisos e frontões. A arquitetura deste estilo é dinâmica, os arquitetos do período não negavam as formas clássicas, porém, seu uso era fantasioso e subjetivo. As edificações valorizavam a iluminação e os contrastes entre claridade e sombra. Na pintura, o contraste entre claro e escuro também era acentuado. Os temas escolhidos pelos artistas traziam grande dramaticidade às composições que, normalmente, eram assimétricas e retratavam de modo bastante realista todas as camadas sociais. Um dos principais pintores deste período foi o italiano Michelangelo de Caravaggio (1573-1610). Para ele, a arte deveria representar o real, sem buscar uma beleza ideal. Cansado dos ideais clássicos e suas convenções, Caravaggio retratava o aspecto mundano das passagens bíblicas, os apóstolos pareciam trabalhadores comuns, e não figuras imaculadas. Tanto em suas obras de temas bíblicos, quanto em temas mitológicos, o artista as pintava como se tratassem de cenas do cotidiano. Para isso, luz e sombra trabalham, garantindo teatralidade à composição. Nas pinturas de Caravaggio, as figuras se encontram em primeiro plano, próximas ao observador, as linhas de composição diagonal também asseguram o dinamismo à pintura. Quando observamos uma obra deste artista, é como se víssemos uma fotografia, uma vez que ele busca captar um momento específico (GOMBRICH, 1999). Na Antuérpia,região da Bélgica, Peter Paul Rubens (1577-1640) também desenvolveu sua pintura dentro do estilo Barroco. Em sua obra, é possível notar influências de Caravaggio, sobretudo no uso dramático do contraste entre claro e escuro, que surge também como um contraste de cores, e não apenas de tons. A habilidade de organizar grandes composições coloridas aliada à infusão de uma energia eufórica em suas figuras, fez com que Rubens alcançasse fama ainda em vida (GOMBRICH, 1999). Já no cenário espanhol, um dos pintores de maior destaque, na arte barroca, foi Diego Rodriguez da Silva y Velázquez (1599-1660). Assim como Rubens, Velázquez concebeu diversas obras para os palácios, sendo o responsável por pintar a corte do rei Filipe IV da Espanha. Enquanto em suas primeiras obras existe uma grande presença de contrastes de zonas claras e escuras, em suas pinturas mais maduras, como “As meninas”, há uma maior harmonia das cores (GOMBRICH, 1999). Nas províncias setentrionais dos Países Baixos, o credo protestante foi aderido, tal fator influenciou não apenas nos costumes do povo, mas também na sua arte. O estilo Barroco da Europa Católica não foi aceito, plenamente, nas demais regiões europeias, que adotaram um estilo mais austero. Um dos temas recorrentes, na arte holandesa, foi a pintura de natureza morta. Artistas como Jan Vermeer van Delft (1632-1675) criaram quadros com figuras simples em típicas casas holandesas. Para tais pintores, nem toda arte necessitava de um tema importante, um acontecimento histórico ou religioso. Na obra de Vermeer, os contornos são suaves, mas, ao mesmo tempo, firmes. No Brasil, o Barroco foi introduzido em decorrência do processo de colonização portuguesa, pelos missionários jesuítas. Em nosso país, este estilo se desenvolveu, no século XVIII, e perdurou, até o início do século XIX. O estado de Minas Gerais apresenta, até hoje, as formas mais expressivas da arte, neste estilo, no Brasil. Entre os principais artistas, destacam-se Antônio Francisco Lisboa (c. 1730- 1814), mais conhecido como Aleijadinho, e Manuel da Costa Ataíde (1762-1830), o Mestre Ataíde. Embora o Barroco brasileiro tenha derivado, diretamente, do Barroco Europeu, o estilo desenvolvido, no Brasil, assumiu interpretações próprias e adaptações locais. As obras criadas, em nosso país, não são obras academicamente perfeitas, dentro do rigor formal, seguido na Europa. As técnicas empregadas, muitas vezes, eram rudimentares, assim como os primeiros artesãos eram autodidatas. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é uma autarquia federal que protege os bens culturais e materiais do país. No estado de Minas Gerais, o IPHAN trabalha na preservação de diversos bens tombados, inclusive aqueles que datam do período Barroco, como igrejas e conjuntos arquitetônicos e urbanísticos Rococó O termo Rococó deriva da palavra “rocaille”, que, em francês, significa “concha”. Para muitos historiadores, o Rococó, que se manifestou entre 1720 e 1780, foi um desdobramento do Barroco. Este estilo é caracterizado pelo reflexo da vida da sociedade aristocrata da época. Nas obras, são empregadas linhas curvas e fluidas, cores claras, o caráter lúdico e mundano é retratado de modo intimista. Na França, um dos principais pintores do Rococó foi Antoine Watteau (1684-1721), que retratava os prazeres cotidianos da sociedade burguesa. Em seus quadros, é possível perceber a delicadeza de seu trabalho de pincel, assim como o refinamento de suas harmonias cromáticas (GOMBRICH, 1999). Outro importante pintor francês deste estilo foi Jean Siméon Chardin (1699-1779). Chardin trabalhava as cores de forma calma e comedida, por meio de uma sutil gradação de tons. Entre os temas, era recorrente, em suas pinturas, o registro de cenas de gênero que mostravam a vida cotidiana. Fora da França, o pintor italiano Giovanni Battista Tiepolo (1696-1770) criava afrescos no estilo Rococó, para decorar o interior dos palácios. O traço pesado de suas primeiras obras foi, gradativamente, desaparecendo, até o pintor alcançar sua maturidade artística. Para compreendermos uma obra de arte, não podemos analisá-la fora de seu contexto. A fachada do Palácio de Versalhes, na França, data do final do período Barroco. Quando observamos cada um dos elementos desta edificação, eles nos parecem sem sentido, cornijas, estátuas, troféus são usados na fachada. No entanto, quando apreendemos o todo da edificação, percebemos que cada um destes elementos adicionados não foi por acaso, mas, sim, para compor e quebrar a monotonia de uma edificação tão grande. Esta reflexão também se aplica na análise das demais edificações barrocas. O estilo Barroco se manifestou tanto na Europa quanto na América Latina. Em território europeu, o Barroco apresentou particularidades conforme o país no qual se manifestava, podendo ser dividido, basicamente, entre países católicos e países protestantes. A partir do apresentado, assinale a alternativa que relacione a principal diferença entre as duas formas assumidas pelo Barroco Europeu. Resposta: e) Enquanto, nos países católicos, a pintura retratava, de modo teatral, passagens bíblicas, nos países protestantes, temas como natureza morta eram mais recorrentes. Feedback: alternativa correta, pois a arte, nos países do Norte (protestantes), era mais austera do que nos países católicos. A pintura buscou temas além das passagens bíblicas, como as cenas do cotidiano. A transição entre os séculos XVIII e XIX trouxe diversas mudanças para a sociedade europeia. Eventos históricos, como a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, impactaram não apenas na forma como a sociedade se organizava e seus modos de produção, mas refletiram também em seus anseios e o modo como viam a arte. Neoclássico O Neoclássico foi um estilo que se desenvolveu, durante as duas últimas décadas do século XVIII, e as três primeiras décadas do século XIX. O Neoclássico irá se caracterizar pela crítica à arte produzida pelo Barroco e pelo Rococó (ARGAN, 2006). É importante lembrarmos que, na transição entre os séculos XVIII e XIX, as convicções do Iluminismo estão se consolidando na Europa. Este movimento intelectual e filosófico, que defende as ideias centradas na razão, irá influenciar também a produção artística da época. Deste modo, a pintura neoclássica teve como principais características o racionalismo, na composição, a sobriedade, nos ornamentos, a exatidão, nos contornos, e o equilíbrio das cores. Um dos mais importantes pintores deste estilo foi John Singleton Copley (1737-1815), um artista americano, mas que atuou na Inglaterra. Em seus quadros, Copley retratava fatos históricos com o objetivo de reconstruir a cena tal qual ela deveria ter acontecido. Muitos dos artistas que surgiram, na sequência, seguiram esta temática histórica em suas obras. Na França, o estilo Neoclássico encontrou sua maior expressividade em dois pintores: Jacques Louis David (1748-1825) e Jean-Auguste Dominique Ingres (1780-1867). Jacques Louis David aprendeu por meio de estudo das esculturas gregas e romanas a representar músculos e tendões, sua obra apresenta simplicidade (ARGAN, 2006). Ingres, por sua vez, foi aluno de Jacques Louis David. Para Ingres, não interessava interpretar os sentimentos e dramas de seus personagens. Apesar disso, o detalhismo e o acabamento técnico cuidadoso eram características de suas obras. Ao observarmos as pinturas de Ingres, é possível notar que, muitas vezes, a perfeição artística era buscada mesmo que isso significasse alterar a realidade. No quadro da figura 2.15, a banhista, as proporções da figura humana se distanciam do real. Romantismo O Romantismo foi um dos primeiros movimentos artísticos em resposta ao Neoclássico. Desenvolvido, entre 1820 e 1850, este estilo é marcado pelas mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais do século XIX. Ao contrário do que podemos imaginar, em um primeiromomento, o Romantismo não fazia referência à ideia de amor romântico, entre casais, como associamos o termo, atualmente. Este estilo contou com o retorno da arte como inspiração, um estado de recolhimento e reflexão entre artistas e a sociedade de seu tempo (ARGAN, 2006). Na escultura, é possível perceber uma exaltação da expressividade, as temáticas abordadas retratavam a natureza, os animais e as plantas. Na pintura, temas históricos, o mundo interior do artista e as paisagens se configuram como os principais interesses. Na Espanha, um dos principais nomes do Romantismo foi Francisco Goya (1746-1828). Em suas pinturas, Goya registrava o vazio de seus modelos, a corte e a aristocracia, demonstrando suas reais identidades e fraquezas. Grande parte das ilustrações de Goya eram também visões de bruxas e aparições sobrenaturais, que soam como acusações contra o poder e a opressão de que fora testemunha na Espanha (GOMBRICH, 1999). Na França, Eugène Delacroix (1798-1863) foi um dos mais importantes pintores do Romantismo. Para Delacroix, a cor era mais importante do que o desenho, luz e sombras davam grande impressão de movimento em suas pinturas. As alegorias eram empregadas, para personalizar assuntos abstratos, sobretudo temas políticos, como em seu quadro na Figura 2.17. Na Inglaterra, William Turner (1775-1851) era um pintor de paisagens de grande sucesso. No entanto, Turner estava obcecado com os problemas da tradição, suas pinturas transmitem o mundo em movimento. Em suas pinturas, Turner reuniu o máximo de efeitos para que pudesse transformá-las em representações dramáticas, em seus quadros, a natureza reflete as emoções do homem (GOMBRICH, 1999). A ruptura com a tradição apresentou aos artistas do Romantismo dois principais caminhos: buscar efeitos comoventes, como fizera Turner, ou manterem-se fiéis ao motivo, em frente deles, como fez John Constable (1776-1837). Constable, pintor inglês, estudou os grandes mestres do passado, porém, tinha como objetivo pintar tão somente a verdade que, para ele, era o que via com os próprios olhos. Suas obras apresentam um esquema cromático metodicamente elaborado, o pintor não desejava chocar o observador com inovações audaciosas (GOMBRICH, 1999). O Romantismo foi um estilo que se manifestou em diversos países da Europa, principalmente, na Inglaterra, França e Espanha. Um dos mais importantes pintores franceses, neste estilo, foi Eugène Delacroix (1798-1863). Considerando a obra deste pintor, assinale a alternativa correta. RESPOSTA: a) Retratava temas políticos e utilizava alegorias. Feedback: alternativa correta, pois, entre os temas mais retratados por Delacroix, estão os aspectos políticos, influenciado pela Revolução Francesa. A alegoria (personagem, para representar assuntos abstratos) também era usada. Material Complementar
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