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I - Texto e II - Tipologia

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I – TEXTO 
 
Texto, independente de sua extensão, é um todo significativo. Assim como a frase 
não é um amontoado de palavras, o texto também não é um aglomerado de frases. Esse só 
existe quando as ideias são combinadas entre si – e não meramente superpostas. A própria 
palavra texto, na origem latina, significa tecido, textura, tessitura, isto é, um todo formado do 
entrelaçamento de várias partes. 
Num texto, o significado das partes não é independente, não é autônomo. Como 
tecido que é, o significado do todo só pode ser realmente compreendido em confronto com 
as demais partes constituintes. Aliás, é grave erro a leitura fragmentária. Além do 
entendimento de cada parte individualmente, é importante a depreensão das relações 
estabelecidas entre elas. A interferência do contexto é decisiva para definir sentidos. 
Declarações descontextualizadas têm sido uma arma muito explorada nas disputas 
sociais, com a finalidade de incriminar adversários (sobretudo no debate político) ou indispô-
los contra a opinião pública. 
Um texto pode ser construído apenas de linguagem verbal, como ocorre com a 
notícia, a carta ou a anedota; nesse caso, ele é chamado de texto verbal. Também pode ser 
construído de linguagem não verbal, como o desenho, a fotografia etc. E pode, ainda, ser 
construído pelo cruzamento de mais de uma linguagem, como, por exemplo, as histórias em 
quadrinhos (linguagens verbal e não verbal). Nesse caso, temos os textos em linguagem 
mista. 
 
 
II – TIPOLOGIA TEXTUAL 
 
1. DESCRIÇÃO 
 
1.1 Descrição subjetiva 
Descrever é recriar imagens sensoriais na mente do leitor/ouvinte: ele percebe o 
objeto por meio de seus cinco sentidos, e sua imaginação criadora “traduz” em palavras o 
objeto com riqueza de detalhes, minuciosa e inventivamente. 
 
Exemplo: 
“A faca desce macia, cortando sem esforço o pedaço de picanha. Dourada e crocante nas 
bordas, tenra e úmida no centro. Você põe a carne na boca e mastiga devagar, sentindo o 
tempero, a maciez, a temperatura. O sumo que escorre dela enche a boca e, com ele, o 
sabor incomparável. Carne é bom. 
Mas que tal assistir à mesma cena de outra perspectiva? No prato jaz um pedaço de 
músculo, amputado da região pélvica de um animal bem maior que você. Com a faca, você 
serra os feixes musculares. A seguir, coloca o tecido morto na boca e começa a dilacerá-lo 
com os dentes. As fibras musculares, células comprimidas – de até 4 centímetros – e 
resistentes, são picadas em pedaços. Na sua boca, a água (que ocupa até 75% da célula) 
se espalha, carregando organelas celulares e todas as vitaminas, os minerais e a abundante 
gordura que tornavam o músculo capaz de realizar suas funções, inclusive a de se contrair. 
Sim, meu caro, por mais que você odeie pensar que a comida no seu prato tenha sido um 
animal um dia, você está comendo um cadáver.” (Revista Superinteressante) 
Depois da leitura dos textos, você percebeu que o ato de descrever exige percepção 
e imaginação criadora. Só existe uma boa descrição a partir da percepção do objeto. É 
preciso, portanto, desenvolver a acuidade sensorial, ativando sentidos, às vezes 
adormecidos, anestesiados por uma civilização predominantemente audiovisual. Somente 
uma percepção aguçada permite revelar facetas novas do objeto descrito. 
 
1.2 Descrição objetiva / conceitual / técnica 
A descrição objetiva trabalha com a função referencial, os traços objetivos referem-
se ao objeto, independentemente de quem o vê ou sente. O vocabulário é preciso, os 
pormenores exatos e seu objetivo é esclarecer, informar, comunicar. Ela está presente em 
manuais de instrução ou de estudos e em relatórios. 
Exemplo 1: Salada de tomates recheados com arroz 
6 tomates redondos graúdos 
1 1/2 xícara de chá de arroz cozido 
2 colheres de sopa de alcaparras 
1 lata de sardinha 
1/2 xícara de chá de maionese 
2 colheres de sopa de salsinha picada 
água 
sal 
molho vinagrete com mostarda 
azeitonas pretas 
* Tempo de preparação: 20 minutos 
* Tempo de repouso: 30 minutos 
Modo de fazer: 
Faça um corte na parte superior dos tomates, retire as sementes, lave-os e deixe-os de molho em 
água e sal por 30 minutos. Enquanto isso, misture ao arroz a maionese, as alcaparras, as sardinhas 
amassadas no óleo da lata e a salsinha. Reserve. Retire os tomates da água, enxugue-os e tempere-
os com o molho vinagrete. Recheie os tomates com a mistura de arroz e enfeite cada um com uma 
azeitona. 
 
Exemplo 2: Catapora 
“O início da moléstia é discreto, temperatura de 37,5° a 39,5°C. O doentinho não apresenta sintomas 
alarmantes; inapetência, pouca disposição, dor de cabeça; de 24 a 48 horas depois, aparecem sobre 
a pele manchas vermelhas, que se transformam em vesículas, mantendo um halo de inflamação. O 
líquido desta vesícula acaba por se romper, transformando-se depois numa crosta que se desprende 
de 15 a 21 dias, podendo deixar ou não cicatriz.” 
 
2. NARRAÇÃO 
O texto narrativo conta uma história. A narração é um relato de fatos vividos por 
personagens e ordenados numa sequência lógica e temporal, por isso ela se caracteriza 
pelo emprego de verbos de ação que indicam a movimentação das personagens no tempo e 
no espaço. 
A estrutura narrativa compõe-se das seguintes sequências: apresentação, 
complicação, clímax, desfecho. Se os fatos se apresentarem nessa ordem, o enredo será 
linear; do contrário, será alinear. 
Os elementos da narrativa são: personagem, ação, tempo, espaço, narrador. 
Quanto às personagens, há o protagonista (personagem principal), o antagonista 
(personagem que tenta impedir que o protagonista realize sua tarefa) e os coadjuvantes 
(personagens secundárias). Essas personagens podem ser apresentadas de forma direta 
pela descrição física ou psicológica, ou a partir de dados esparsos no texto, como 
comportamento e fala. 
O tempo, na narrativa, pode ser cronológico ou psicológico. 
Para contar a história, é fundamental a presença do narrador. Ele é o intermediário 
entre a ação narrada e o leitor. O narrador (ou foco narrativo) pode ser de três tipos, sendo 
que os principais são de 3ª pessoa: discurso de um narrador objetivo, não personagem, que 
narra só o que vê sem opinar, fotografa apenas; e o de 1ª pessoa: o narrador está inserido 
na história, como personagem central ou secundário. Há, ainda, menos frequente, o 
personagem expresso pela mente da personagem (monólogo interior). 
O mais simples dos roteiros em que se pode inserir um fato a ser narrado consiste na 
fórmula do lead: 3Q+O+P+C. 
Quem? apresenta as personagens geradoras da ação; 
Quê? trata do enredo, o inventário dos fatos; 
Quando? responde à situação dos fatos narrados no tempo; 
Onde? responde à situação dos fatos narrados no espaço; 
Por quê? indica as causas dos acontecimentos, sua origem; 
Como? trata das singularidades do fato narrado, da maneira como se desenvolvem. 
Esse é o roteiro prototípico das narrativas jornalísticas e serve de base para 
narrativas literárias, bem mais complexas quanto à sua estrutura. 
A narrativa ficcional compreende, tradicionalmente, gêneros distintos como a fábula 
(hoje pouco frequente), a crônica, o conto, a novela e o romance. 
Fábula: narrativa curta, inverossímil, com fundo didático, cujo objetivo é transmitir 
um ensinamento moral. Suas personagens são animais e seres inanimados (menos 
frequente). 
Crônica: é o gênero literário produzido geralmente para ser veiculado na imprensa, 
seja nas páginas de uma revista, seja nas de um jornal. Ela é feita com uma finalidade 
utilitária e predeterminada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a 
mesma localização, criando-se, assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma 
familiaridade entre o escritor e aqueles que o leem. 
 Em geral, a crônica é um comentário leve e breve sobre algum fato do cotidiano. O 
comentário pode ser poético ou irônico, mas seu motivo, na maioria dos casos, é o fato 
miúdo: a notícia na qual ninguém prestou atenção, o acontecimento insignificante, a cena 
corriqueira.Nessas trivialidades, o cronista surpreende a beleza, a comicidade, os aspectos 
singulares. 
Conto: narrativa curta que apresenta unidade de enredo – há apenas um núcleo de 
ação com um único clímax. Há contos, no entanto, que não têm no enredo seu aspecto mais 
importante, centrando-se no interior da personagem, como faz Clarice Lispector. 
Novela: texto de tamanho intermediário entre o conto e o romance. Nela há vários 
episódios entrelaçados pelas personagens e cada um desses episódios possui um pequeno 
conflito com clímax próprio. Geralmente suas personagens são simples, não têm densidade 
psicológica. 
Romance: narração de um fato complexo, com seus antecedentes e 
desdobramentos. O romance abarca situações mais complexas e mais densas do que a 
novela e suas personagens tendem a ser mais trabalhadas. De acordo com o destaque ou a 
importância de cada um dos elementos da narrativa, o romance pode classificar-se como 
policial, psicológico, regionalista, romântico etc. 
 
 
Os morangos 
A vizinha espiou por cima do muro. 
– Bom dia, seu Agenor! 
– Bom dia. 
– Que lindos estão esses morangos, que maravilha! 
 .................................................................................................................................... 
– O senhor não colhe, seu Agenor? Estão no ponto. 
– Não gosto de morangos. 
– Que pena, aqui em casa somos todos loucos por morangos. As crianças, então, nem se 
diga. Se não colher, vão apodrecer no pé, uma judiação. 
– É. 
– Se o senhor não se incomodasse eu colhia um pouco, já que o senhor não gosta de 
morangos. 
– Com licença, preciso pegar o ponto na repartição. 
– À vontade, seu Agenor, mas... e os morangos? 
– Não prestam para comer, têm gosto de terra. 
– Pena, tão lindos! 
Saiu para a repartição. Voltou à noite. O luar batia em cheio no canteiro de morangos. 
Acercou-se em silêncio. Estavam bonitos mesmo. De dar água na boca. Pena que não se pudessem 
comer. Suspirou fundo. 
Mariana, tão linda. Linda como uma flor. Mas tão desleixada, tão preguiçosa. Comida 
malfeita, roupa por lavar, pratos gordurosos. E aquele gênio! Sempre descontente, exigindo tudo o 
que não lhe podia dar, espezinhando-o diariamente pelo seu magro ordenado. 
Fora realmente uma gentil ideia plantar os morangos depois que a enterrara no jardim. 
(Giselda Laporta Nicolelis) 
 
3. DISSERTAÇÃO 
 
Tipos de texto 
Capacidades de linguagens dominantes 
Modalidades: 
orais e escritos 
Argumentar 
Expressar opiniões, utilizando argumentos 
para defender um ponto de vista e 
convencer o interlocutor. 
Textos de opinião, diálogo argumentativo 
carta de eleitor, carta de solicitação ou 
reclamação, debate, 
discurso de defesa ou de acusação, resenha 
crítica, editorial etc. 
Expor 
Apresentar ideias, pensamentos, diferentes 
formas do conhecimento. 
Seminário, conferência, palestra, entrevista 
de especialista, verbete, 
texto didático ou enciclopédico 
relatório científico etc. 
 
3.1 Exposição 
O texto expositivo é de natureza dissertativa. Trata-se da apresentação, explicação 
ou constatação, de maneira impessoal, sem julgamento de valor e sem o propósito de 
convencer o leitor. 
 
A formação da mensagem 
De um modo geral, a mensagem da televisão – assim como a do rádio – visa a uma 
universalidade (atingir todo e qualquer receptor indistintamente) que, mal compreendida, pode levar o 
veículo a uma relação falsa com o grupo social. A tv é levada a tratar como homogêneos fenômenos 
característicos de apenas alguns setores da sociedade. A busca de um suposto denominador 
comum, que renda o máximo de aceitação por parte do público, preside à elaboração da mensagem. 
O êxito de um programa é aferido pelo índice de audiência: quanto maior o público, maior o sucesso. 
 
 
 
3.2 Argumentação 
O texto argumentativo também é de natureza dissertativa. Ele consiste na 
apresentação, explicação ou constatação de um fato para: 
a) convencer o leitor por meio de um raciocínio lógico, consistente e baseado na 
evidência das provas; 
b) persuadir o leitor pela emoção. 
 
Seguem dois exemplos de textos dissertativos argumentativos: 
Viva a caça 
Para resolver o problema ambiental no Brasil, é preciso olhar a natureza pragmaticamente e 
pensar: precisamos de montanhas de dinheiro. É um erro imaginar que um país falido tenha 
capacidade de exercer uma boa fiscalização. Com a legalização da caça será possível gerar recursos 
que revertam em benefício da própria fauna. 
Quando se olha o aspecto caça, o que ele é? É o uso autossustentado de um recurso natural 
renovável. O desaparecimento das espécies tem a ver com a destruição dos habitats pela atividade 
econômica e não pela caça amadora. Não há casos de animais extintos pela caça esportiva. 
Normalmente os animais de caça são os mais abundantes, aqueles que se renovam com 
grande rapidez. Isto porque o esporte da caça tem como prerrogativa certo grau de dificuldade e 
exercício das habilidades de caçador. Mas se o animal for tão raro que o obriga a um grande esforço, 
ele perde o interesse. 
Só os caçadores podem salvar a natureza. É uma questão de sobrevivência. Sem a caça o 
caçador desapareceria. As pessoas que nos criticam o fazem sem nunca ter se perguntado por que o 
caçador caça. 
Caçar é uma forma de resgatar a sua origem e viver em contato íntimo com a natureza. Um 
processo muito difícil de definir num papel, numa regrinha do tipo: “Você caça porque é violento”. As 
pessoas que nos julgam assim são censoras de comportamento alheio. Ainda vivem numa ditadura. 
Cláudio Noschese (Presidente da Associação Brasileira de Caça) 
 
Abaixo a caça 
Não tem fundamentação científica nenhuma essa tentativa de transformar a caça numa 
atividade de equilíbrio ecológico. É sim uma atividade de ricos urbanoides, que nos finais de semana 
resolvem liberar suas tensões. 
A caça não resolve problema de extinção de espécies, não preserva a natureza. Na verdade, 
o caçador é um ser nocivo à sociedade e ao meio ambiente. Ao meio ambiente porque destrói a 
fauna silvestre. E à sociedade porque é um ser bélico. 
Na medida em que a caça é proibida no Brasil, não se pode admitir a existência de uma 
Associação Brasileira de Caça nem de lojas de caça e pesca. Um novo capítulo da Constituição 
brasileira proíbe essas atividades. 
Caça não é esporte, porque esporte pressupõe igualdade de condições entre os contendores, 
um conhecimento prévio, de ambas as partes, das regras do jogo, e a existência de um juiz que faça 
cumprir essas regras. 
Se a fauna já sofre com o desmatamento, as lavouras, as queimadas, os agrotóxicos, as 
hidrelétricas, por que legalizar mais uma atividade que contribui para o extermínio dos animais? Com 
suas propostas, os caçadores tratam a fauna silvestre como um recurso natural renovável, cujo 
superávit precisa ser eliminado para que haja equilíbrio da natureza. São economistas e não 
ecologistas. Aceitar, oficializar, estimular essa matança é antiético, ilegal e inconstitucional. 
Cacilda Lanuza (Membro do grupo ecológico Seiva)

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