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Trichomonas vaginalis – Tricomoníase É causada por um protozoário flagelado que habita o trato geniturinário humano (canal vaginal e uretra). A tricomoníase é a IST não-viral mais comum entre as pessoas. Morfologia do Trichomonas vaginalis A Trichomonas vaginalis é uma célula polimorfa, tanto no hospedeiro natural como em meios de cultura. • A sua forma é variada: alongada/ovóide e ameboide; • 4 flagelos livres (permitem uma grande locomoção); • Membrana ondulante (um flagelo grudado na membrana); • Não possui forma cística, apenas trofozoíto; • Núcleo; • Axonema; • Tem um aspecto plástico e por isso tem a capacidade de formar pseudópodes, os quais são usados para capturar os nutrientes e se fixar em partículas sólidas. Transmissão A principal forma de transmissão é a relação sexual desprotegida. O homem não possui sintomas e, por isso, ele é o principal vetor da doença, já que, na maioria das vezes, ele possui o parasito, mas não sabe e, por isso, não se trata, transmitindo-o nas suas relações sexuais desprotegidas. A mulher, em sua maioria, apresenta sintomas e pode ser contaminada mais de uma vez. Outras formas de contaminação (menos comum): • Assentos sanitários (sobrevive 6h na secreção vaginal); • Compartilhamento de roupas íntimas e de roupas de banho (passando na secreção vaginal de uma pessoa contaminada para outra que não é); • Água de piscinas (sobrevive 2h em água a 40°C e mais de 20min a 46°C); • Instrumentos ginecológicos; • Parto vaginal (ao passar pela vagina de uma mulher contaminada, o bebê pode ser contaminado). Mecanismo de patogênese O Trichomonas cresce em um pH acima de 5 (entre 6 – 6,5). A vagina tem um pH normal em torno de 3,8 – 4,5 devido a presença de Lactobacillus acidophillus (bacilos de Doderlein), bactéria da própria flora vaginal que mantêm o pH da vagina ácido. Quando ocorre a morte dessas bactérias por problemas hormonais, uso de antibióticos ou a retirada mecânica (através do uso excessivo de duchas higiênicas), pode ser desencadeado a redução de ácido lático e substâncias microbicidas (produzidas pelas bactérias). O pH da vagina estando menos ácido (alcalino) é benéfico para a presença de Trichomonas, que irão colonizar o canal vaginal. Quando Trichomonas encontra um pH favorável, ele irá exercer a ação de aderência e citotoxicidade, ou seja, ele irá se aderir as células do canal vaginal e irá liberar substâncias que matarão essas células, com isso, acontecerá uma acentuada descamação epitelial (corrimento vaginal). No caso de mulheres menstruadas, haverá uma exacerbação dos sintomas, devido a presença do cálcio e do ferro contidos no sangue menstrual que farão com o que o Trichomonas expresse proteínas que degradarão componentes do sistema imune. Além disso, T. vaginalis pode se autorrevestir de proteínas plasmáticas do hospedeiro, impedindo que o sistema imune reconheça o parasito como estranho. Patologia na mulher Uma vez que as células da vagina são destruídas, a mulher poderá ter um quadro de vaginite ou ela pode ser assintomática, se a flora bacteriana estiver atuante. A vaginite é caracterizada por: • Fluxo vaginal amarelo-esverdeado ou acinzentado, é bolhoso e fétido (mais frequente no período pós-menstrual); • Prurido (coceira) e irritação vulvovaginal, podendo causar dispareunia de introito (dor e dificuldade nas relações sexuais), disúria (dor e dificuldade para urinar) e poliúria (aumento da frequência de vontade de urinar); • Dores no baixo ventre; • Edema (inchaço) e eritema (vermelhidão) do canal vaginal, com pontos hemorrágicos; • Durante a gravidez e quando fazem o uso de anticoncepcional oral, a mulher, é mais sintomática. Patogenia no homem • 75% dos homens são assintomáticos; Quando apresentam sintomas, eles são: • Uretrite com fluxo leitoso ou purulento saindo da uretra; • Sensação prurido (coceira) na uretra; • Ardência ao urinar. Geralmente, os sintomas acontecem mais pela manhã. Associação com a gravidez Há um risco de ruptura prematura da placenta, havendo, consequentemente, um parto prematuro que gera uma criança com baixo peso ao nascer. Pode desencadear até um natimorto e morte neonatal, assim como, um quadro de endometriose pós-parto. Mulheres gravidas com Trichomonas devem ser tratadas durante a gravidez. Associação com a fertilidade As mulheres com Trichomonas possuem um risco de serem inférteis, porque o Trichomonas ocasiona a doença inflamatório pélvica, essa inflamação faz com que ocorra a destruição das células ciliadas das tubas uterinas, inibindo a passagem de espermatozoides ou óvulos através da tuba uterina. Assim, elas possuem 2x o risco de serem inférteis. Associação com a transmissão do HIV O Trichomonas estimula o sistema de defesa, gerando uma resposta inflamatória que será caracterizada pelo infiltrado de células. Quando o Trichomonas entra, várias células de defesas serão ativadas para que o matem, muitas dessas células são células alvo para o vírus HIV (por exemplo, LT CD4+ e macrófagos), o Trichomonas irá estimular a chegada dessas células no canal vaginal, deixando uma porta de entrada maior para o vírus HIV. Os pontos hemorrágicos que as mulher possuem podem também ser uma porta de entrada para o HIV, porque ele tem acesso direto a corrente sanguínea. Mulheres com Trichomonas terão uma maior porta de entrada e de saída ao HIV. Nesse caso, a exposição e a transmissão é 8x maior. Diagnóstico • Exame ginecológico – Papanicolau; • Swab de secreção vaginal; • Swab de secreção uretral; • Sedimento urinário; • Secreção prostática; • Exames imunológicos (detecta a presença de anticorpos); • Exames moleculares (detecta o DNA do parasita). Para os exames de coleta de material é preciso que a mulher não tenha realizado a limpeza da região por 18 - 24 horas antes do exame e, o homem, não deve ter urinado antes. Em ambos os casos é preciso que a pessoa esteja há 15 dias sem tomar medicamento tricomonicida. Epidemiologia • Atinge 180 milhões de pessoas por ano; • No brasil, apenas 20 – 40% dos pacientes são examinados; • A prevalência é alta em mulheres em idade fértil (16-35); • Alta incidência em pessoas de baixo nível socioeconômico; • Homem é o principal disseminador. Profilaxia • Uso do preservativo durante as relações sexuais; • Diagnóstico precoce; • Tratamento dos infectados; • Educação sexual e sanitária. Tratamento (geralmente oral e local) • Metronidazol; • Tinidazol; • Ornidazol; • Nimorazol; • Carnidazol; • Secnidazol.
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