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Apostila de Hematologia - Biomedicina Padrão(1)

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P á g i n a | 1 
 
P á g i n a | 1 
SUMÁRIO 
 
1. SANGUE ................................................................................................................... 1 
1.1. Funções ................................................................................................... 1 
1.2. Circulação Periférica ................................................................................. 1 
1.3. Composição ............................................................................................. 3 
2. ERITRÓCITOS .......................................................................................................... 4 
2.1. Eritropoiese .............................................................................................. 5 
2.2. Estrutura .................................................................................................. 6 
3. HEMOGLOBINA ....................................................................................................... 9 
4. FERRO .................................................................................................................... 11 
5. HEMATÓCRITO ...................................................................................................... 12 
6. ERITROGRAMA ..................................................................................................... 14 
6.1. Contagem de Eritrócitos .......................................................................... 14 
6.2. Dosagem de Hemoglobina ....................................................................... 15 
6.3. Hematócrito ............................................................................................ 16 
6.4. Volume Corpuscular Médio (VCM) ............................................................ 16 
6.5. RDW (red cell distribution width) ............................................................... 17 
6.6. Hemoglobina Corpuscular Média (HCM) .................................................... 17 
6.7. Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) ........................ 18 
6.8. Anisocitose ............................................................................................. 19 
6.9. Anisocromia ........................................................................................... 20 
6.10. Poiquilocitose ......................................................................................... 21 
7. LEUCÓCITOS ......................................................................................................... 23 
7.1. Leucopoiese ........................................................................................... 23 
7.2. Funções ................................................................................................. 24 
7.3. Neutrófilos .............................................................................................. 26 
7.4. Eosinófilos ............................................................................................. 27 
7.5. Basófilos ................................................................................................ 28 
7.6. Monócitos .............................................................................................. 29 
7.7. Linfócitos ............................................................................................... 29 
8. PLAQUETAS .......................................................................................................... 32 
9. INTERPRETAÇÃO ................................................................................................. 33 
9.1. Eritrograma ............................................................................................ 33 
9.2. Leucograma ........................................................................................... 34 
9.3. Plaquetograma ....................................................................................... 35 
10. TÉCNICAS .......................................................................................................... 36 
10.1. Materiais Utilizados no Laboratório de Hematologia .................................... 36 
10.2. Contagem Manual de Eritrócitos ............................................................... 37 
10.3. Microhematócrito .................................................................................... 38 
10.4. Contagem Global de Leucócitos Manual .................................................... 39 
10.5. Contagem Diferencial de Leucócitos Manual .............................................. 40 
10.6. Dicas para Fazer a Distensão Sanguínea .................................................. 42 
10.7. Corantes Hematológicos .......................................................................... 44 
10.8. Como Descrever a Morfologia de um Leucócito ......................................... 45 
10.9. Contagem Manual de Reticulócitos ........................................................... 46 
10.10. Velocidade de Hemossedimentação ..................................................... 48 
10.11. Testes da Antiglobulina Direto (Coombs Direto) ..................................... 50 
10.12. Tipagem Sanguínea ............................................................................ 52 
11. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 54 
 
P á g i n a | 1 
1. SANGUE 
1.1. Funções 
A principal função do sangue é a de transportar o oxigênio e outros 
nutrientes como glicose, aminoácidos, proteínas, gorduras, água, eletrólitos e 
elementos minerais até as células do organismo e remover o dióxido de carbono 
e outros resíduos do metabolismo. 
O sangue participa do ajuste do teor de água dos diversos compartimentos 
líquidos do organismo e regula a concentração de íons H+ mediante trocas 
iônicas e pela ação dos sistemas tampão, fundamentais à manutenção do pH 
dentro de limites adequados à função das enzimas e organelas celulares. 
O sangue distribui os hormônios produzidos pelas glândulas endócrinas, 
por todo o organismo e participa dos mecanismos de regulação da temperatura 
corporal. Concentra também um importante sistema de defesa do organismo 
contra agentes invasores de diversas naturezas, incluindo-se as bactérias e 
agentes químicos. 
O sangue participa do transporte e eliminação de substâncias absorvidas 
pelo organismo, inclusive os agentes farmacológicos, promovendo a sua 
eliminação, através dos pulmões, dos rins, pele ou pelas fezes. 
 
1.2. Circulação Periférica 
O sistema circulatório consiste em um grande sistema fechado, constituído 
por vasos que conduzem o sangue aos tecidos e destes de volta aos átrios, para 
novo ciclo através do organismo. 
A circulação se divide em dois segmentos, cuja continuidade é assegurada 
pelo coração: a circulação sistêmica e circulação pulmonar. 
A circulação sistêmica, também denominada grande circulação, transporta 
o sangue a todos os tecidos do corpo. Além disso, também assegura a nutrição 
dos vasos que constituem a pequena circulação, ou circulação pulmonar. Ela é 
chamada de grande circulação ou circulação periférica. 
A pequena circulação – circulação pulmonar – assegura o transporte do 
sangue até os capilares pulmonares para a realização das trocas gasosas 
P á g i n a | 2 
respiratórias com o ar contido nos alvéolos pulmonares. As vênulas e veias da 
circulação pulmonar transportam o sangue oxigenado até o átrio esquerdo, 
chegando no ventrículo esquerdo e, finalmente, ser bombeado para todos os 
órgãos. 
As artérias transportam o sangue bombeado pelo coração para os tecidos 
sob alta pressão, a pressão arterial. Por essa razão, as suas paredes são 
resistentes e o sangue flui rapidamente, pelo seu interior. À medida que as 
artérias se afastam do coração, elas se ramificam continuamente, até formarem 
as arteríolas que são os últimos ramos de pequenas dimensões do sistema 
arterial. As arteríolas atuam comoválvulas controladoras da liberação do sangue 
para os capilares. 
As paredes das arteríolas são musculares, fortes e podem fechar a 
arteríola ou promover a sua dilatação e, desse modo, alterar o fluxo sanguíneo 
para os capilares com o objetivo de suprir as necessidades de cada tecido. 
As arteríolas se conectam à rede de capilares, que tem contato com todas 
as células do organismo. Cada célula tem contato com pelo menos um vaso 
capilar que serve à sua nutrição e à coleção dos resíduos do seu metabolismo. 
As vênulas coletam o sangue dos capilares, formando assim veias 
maiores, que acompanham regularmente o trajeto das artérias, em sentido 
inverso. Nas porções periféricas da circulação, é frequente a existência de duas 
veias para cada artéria. As veias levam o sangue dos tecidos de volta ao coração 
e também atuam como reservatório de sangue. 
As paredes venosas são delgadas porque as pressões existentes no 
interior do sistema venoso são muito baixas. As paredes das veias também são 
musculares, o que permite a sua contração ou a sua dilatação, conforme as 
necessidades. Esse mecanismo faz com que o sistema venoso constitua um 
reservatório de sangue, cuja capacidade pode ser controlada pelas 
necessidades do organismo. 
O revestimento interno do coração é o endocárdio, que se continua com o 
endotélio, que reveste o sistema circulatório. O endotélio e o endocárdio são 
as únicas estruturas que tem contato com o sangue. Por sua natureza e 
propriedades especiais o endotélio ajuda a manter o sangue na forma líquida, 
sem formar coágulos. O endotélio desempenha um papel primordial nos 
P á g i n a | 3 
mecanismos que controlam a coagulação do sangue e a dissolução dos 
coágulos formados no interior dos vasos (fibrinólise). 
Várias substâncias secretadas pelo endotélio participam desse equilíbrio 
cuja finalidade é manter a fluidez do sangue, sem permitir hemorragias ou a 
formação de coágulos irregulares. Esse equilíbrio, chamado Hemostasia, é 
essencial à manutenção da vida, pela preservação do transporte de nutrientes 
às células e pela preservação dos mecanismos de eliminação dos detritos do 
metabolismo celular. 
Nas veias, o endotélio forma pregas ou cúspides a intervalos regulares, 
que funcionam como válvulas unidirecionais e auxiliam a orientar a corrente do 
sangue para o átrio. 
 
1.3. Composição 
 Os órgãos são agregados de muitas células, unidas por estruturas 
intercelulares de sustentação. Os grupos de células que desempenham uma 
mesma função são denominados tecidos. O organismo humano é constituído por 
cerca de 75 trilhões de células, organizadas em tecidos de diferentes tipos e 
funções. As hemácias são as células mais numerosas, das quais existem cerca 
de 25 trilhões. 
O sangue é um tecido 
líquido complexo, de alta 
viscosidade, com grande teor de 
água e composto por elementos 
celulares e plasma. É formado 
por uma fase celular, que 
compreende os eritrócitos (hemácias), leucócitos (glóbulos brancos) e as 
plaquetas, que são fragmentos celulares. A outra fase do sangue é líquida, o 
plasma sanguíneo, que contém 91% de água; contém ainda proteínas, 
eletrólitos, gorduras, glicose, hormônios e numerosas outras substâncias. 
O volume de sangue existente no sistema circulatório é chamado volemia 
e tem relação com a idade, o peso e a massa corporal do indivíduo. Um adulto 
pode ter de 4 a 6 litros de sangue no organismo. O volume total de sangue na 
ELEMENTOS 
CELULARES 
PLASMA 
► Eritrócitos 
► Leucócitos 
► Plaquetas 
► Água 
► Proteínas 
► Eletrólitos 
► Lipídios 
► Glicose 
► Hormônios 
P á g i n a | 4 
idade adulta corresponde a aproximadamente 60 mL para cada quilograma de 
peso. O volume relativo de sangue é maior nas crianças que nos adultos. 
Uma criança recém-nascida tem 85 mL de sangue para cada kg de peso 
corporal, enquanto um organismo adulto tem 60 mL. 
O volume de sangue relativo ao peso do organismo é cerca de 40% maior, 
nas crianças recém-nascidas. A volemia dos indivíduos é um importante 
parâmetro na avaliação das perdas sanguíneas agudas, em situações de 
emergência ou após traumatismos e, pode auxiliar no cálculo do volume de 
reposição. 
 
2. ERITRÓCITOS 
Os eritrócitos ou hemácias são as células encontradas em maior 
quantidade no sangue e que lhe conferem a cor vermelha. O constituinte mais 
importante da hemácia é a hemoglobina, que transporta o oxigênio mediante 
ligação química com as suas moléculas. 
Existem, em média, 4,5 milhões de hemácias em cada mililitro de sangue, 
no homem e cerca de 4 milhões, na mulher. Quando a quantidade de hemácias 
no sangue está diminuída, o paciente tem anemia; se estiver aumentada o 
fenômeno se chama poliglobulia ou policitemia. 
A sobrevida média das hemácias no sangue circulante é de 100 a 120 
dias; a medula óssea produz hemácias continuamente, para a renovação do 
contingente no sangue circulante. 
A principal função das hemácias é abrigar a hemoglobina para o transporte 
de oxigênio aos tecidos. A hemácia também transporta o dióxido de carbono 
para eliminação nos alvéolos pulmonares. 
P á g i n a | 5 
 
2.1. Eritropoiese 
 
 
No segundo mês da vida fetal o sangue já apresenta eritrócitos, leucócitos 
e plaquetas. Durante o quarto mês, a formação das células do sangue se 
processa no fígado e no baço do feto (fase hepática de fabricação do sangue). 
Na metade da gestação, a medula óssea, tecido que preenche o interior 
dos ossos longos e chatos, começa a produzir o sangue (fase mieloide). A 
produção de sangue na medula óssea continua após o nascimento e se mantém 
durante toda a vida do indivíduo. 
A medula óssea contém um tipo de célula “matriz”, chamada célula 
reticular primitiva, que funciona como uma fonte permanente de células 
sanguíneas. A célula reticular primitiva origina o hemocitoblasto. Este, por sua 
vez, origina as hemácias, alguns tipos de leucócitos e as plaquetas. 
 
 
 
O hemocitoblasto se divide em células menores, os proeritroblastos, que 
por sua vez se dividem para formar os eritroblastos. Estas últimas células sofrem 
diversas transformações até que perdem o núcleo, para se constituir nas 
hemácias. O processo de formação do sangue é denominado eritropoiese; e é 
regulada por um hormônio de natureza glicoproteica, a eritropoetina (EPO). 
Proeritroblasto
Eritroblasto 
basófilo
Eritroblasto 
policromático
Eritroblasto 
ortocromático
Reticulócito
Eritrócito 
maduro
Medula óssea Sangue periférico 
P á g i n a | 6 
Do total, 90% da produção de EPO é realizada pelo tecido renal, mais 
especificamente pelas células intersticiais peritubulares. Os 10% restantes são 
produzidos no fígado. Quando os rins se tornam hipóxicos (diminuição de O2), 
liberam a EPO, que liga-se ao receptor de eritropoetina (EpoR) expresso nos 
precursores eritroides na medula óssea, estimulando a proliferação e 
diferenciação dessas células. 
 
2.2. Estrutura 
As hemácias têm a forma de um disco bicôncavo com o diâmetro médio 
de 8 mícrons, espessura de 2 mícrons na periferia e de 1 mícron na região 
central. As hemácias do ser humano não têm núcleo, o que parece ser uma 
adaptação à função de carrear hemoglobina no seu interior. 
 
P á g i n a | 7 
Existe um excesso de membrana, em relação ao conteúdo celular, que 
permite à hemácia alterar a sua forma na passagem pelos capilares do 
organismo, sem sofrer ruptura. 
O organismo do recém-nascido tem maior quantidade de hemácias que o 
organismo adulto. Nas duas primeiras semanas de vida o número de hemácias 
circulantes se estabiliza em valores iguais aos dos adultos normais. A quantidade 
de hemácias no sistema circulatório é controlada pelo organismo, de modo a 
oferecer suficientes glóbulos para o suprimento das necessidades de oxigênio 
dos tecidos. 
Quando a medula óssea produz hemácias rapidamente, para compensar 
grandes perdas, numerosas células são liberadas no sangue, os reticulócitos, 
antesde se tornarem eritrócitos maduros. As células jovens transportam o 
oxigênio com eficiência, porém são mais frágeis e a sua vida útil é menor. 
A medula óssea normal produz em média, de 400 a 500 mL de hemácias 
a cada 30 dias. A vida das hemácias é relativamente longa, em comparação com 
outras células sanguíneas; duram em média, entre 100 e 120 dias na circulação. 
Ao final desse período as suas membranas tornam-se frágeis; as hemácias mais 
velhas são removidas da circulação. 
A destruição e a produção de hemácias se equilibram, não havendo 
anemia ou poliglobulia. Para produzir novas hemácias, a medula óssea aproveita 
os restos das hemácias envelhecidas e destruídas. 
O ferro contido na hemoglobina é reaproveitado, para formar novas 
moléculas. Células fagocitárias do baço, fígado, gânglios linfáticos e da própria 
medula óssea, encarregam-se de destruir as hemácias envelhecidas e lançam o 
ferro na circulação, para o seu reaproveitamento pelo organismo. 
A produção das hemácias na medula óssea exige a presença da vitamina 
B12 (cianocobalamina), de um fator da mucosa do estômago chamado fator 
intrínseco e do ácido fólico. 
Quando a hemoglobina está carregada de oxigênio, a combinação química 
resultante, chamada oxi-hemoglobina, confere ao sangue uma tonalidade 
vermelho-vivo, a cor do sangue arterial. Quando a hemoglobina não está 
inteiramente combinada ao oxigênio, é chamada hemoglobina reduzida e tem a 
tonalidade vermelha mais escura, do sangue venoso. 
P á g i n a | 8 
Várias doenças da circulação podem causar redução do fluxo sanguíneo 
nos vasos periféricos, provocando deficiência para absorver O2 no sangue, 
quando passa nos pulmões e também podem aumentar a produção dos 
eritrócitos. 
Quando a produção é aumentada fica evidente na insuficiência cardíaca e 
em doenças pulmonares, porque a hipóxia tecidual do aumento da produção dos 
eritrócitos aumenta o hematócrito do volume total do sangue. 
 
 
https://www.biomedicinapadrao.com.br/p/o-livro-100-questoes-comentadas-de.html
P á g i n a | 9 
3. HEMOGLOBINA 
A hemoglobina é o principal componente das hemácias. É um composto 
de cor vermelha, com peso molecular elevado, da ordem de 68.000 Dalton. A 
hemoglobina começa a ser produzida nos proeritroblastos da medula óssea, pela 
utilização do ferro captado da circulação. 
 
O ferro da circulação sanguínea é obtido da digestão dos alimentos 
ingeridos e durante o processo de renovação das hemácias envelhecidas. 
Quando a hemoglobina está carregada de oxigênio, a combinação química 
resultante é a oxi-hemoglobina, que confere ao sangue a sua cor característica. 
A hemoglobina não combinada ao oxigênio tem tonalidade mais escura e menos 
brilhante. 
A hemoglobina é formada à partir da combinação 
de quatro moléculas ou radicais heme com uma 
proteína, a globina. O radical heme é um complexo 
metálico que contém ferro, no estado ferroso. O ferro é 
o responsável pela cor do pigmento. 
As moléculas do oxigênio combinam-se com o 
ferro da hemoglobina, mediante ligação química especial, 
facilmente reversível, que favorece a sua liberação nos tecidos do organismo. 
A globina é uma proteína, em cuja superfície fixam-se os quatro pequenos 
grupos de moléculas dos radicais heme. A molécula da globina consiste de dois 
P á g i n a | 10 
pares de cadeias de polipeptídios; um par chamado polipeptídio alfa (α) e um par 
chamado polipeptídio beta (β). 
A molécula da hemoglobina, portanto, é formada pela união de quatro 
polipeptídios e quatro radicais heme. A cadeia alfaglobina (polipeptídio alfa) 
é constituída por um conjunto de 141 aminoácidos, enquanto a cadeia 
betaglobina (polipeptídio beta) inclui 146 aminoácidos. 
A estrutura química da molécula da hemoglobina foi identificada por Perutz 
e Kendrew que, em 1962 receberam o prêmio Nobel de química, pelos seus 
trabalhos com aquele pigmento. 
Cada molécula ou radical heme pode combinar com uma molécula de 
oxigênio, para maior aproveitamento da hemoglobina. Uma única molécula da 
hemoglobina (Hb) pode, portanto, transportar quatro moléculas de oxigênio. 
A quantidade normal de hemoglobina em um indivíduo adulto é de 13 a 17 
g/dL. Existe, normalmente, uma relação entre o valor do hematócrito e a 
concentração de hemoglobina, geralmente expressa em tabelas existentes nos 
laboratórios de hematologia. A relação é de aproximadamente 1:3, entre a 
concentração da hemoglobina e o valor do hematócrito. Assim, se um paciente 
tem uma hemoglobina de 15 g/dL, o seu hematócrito será de aproximadamente 
15 x 3 = 45 (45%). 
 A hemoglobina formada pela combinação química de quatro moléculas ou 
radicais heme, com dois polipeptídios alfa e dois polipeptídios beta é a chamada 
hemoglobina A (HbA), que é a forma mais comum no organismo humano. Ela 
representa cerca de 98% do total de hemoglobina do organismo adulto. Os 2% 
restantes, correspondem à hemoglobina A2 (HbA2). 
 
HEMOGLOBINA COMPOSIÇÃO 
A 2 globinas α + 2 globinas β 
A2 2 globinas α + 2 globinas δ 
F 2 globinas α + 2 globinas γ 
 
A hemoglobina A2 tem na sua globina, dois pares de cadeias de 
polipeptídios alfa e dois pares de cadeias delta, que a tornam diferente da 
hemoglobina A. Durante a vida fetal, a hemoglobina do ser humano é a 
P á g i n a | 11 
hemoglobina Fetal (HbF). Esta, tem a sua globina constituída por dois pares de 
cadeias de polipeptídios alfa e dois pares de cadeias gama. 
Esta modificação da molécula da hemoglobina altera as suas 
características fundamentais. A hemoglobina F tem uma afinidade pelo oxigênio 
extremamente elevada, bem maior que a da hemoglobina A. 
Aquela elevada afinidade da hemoglobina F pelo oxigênio permite ao feto 
extrair oxigênio facilmente da circulação materna, apesar da pressão parcial de 
oxigênio relativamente baixa no sangue da placenta. 
A hemoglobina F existe em grandes concentrações no sangue de recém-
natos e vai desaparecendo gradualmente durante o primeiro ano de vida, sendo 
substituída pela hemoglobina A. 
A hemoglobina A, a hemoglobina A2, e a hemoglobina F, são variações 
normais da hemoglobina humana. Caso persista, após o primeiro ano de vida, 
uma grande quantidade de hemoglobina F em circulação, ter-se-á uma condição 
anormal, em relação à hemoglobina e suas funções no organismo. 
 
4. FERRO 
Um indivíduo adulto tem cerca de 4 a 5 g de ferro no organismo, distribuído 
sob a forma de hemoglobina (65%), como ferritina e hemossiderina (29%), como 
mioglobina (4%), em diversas enzimas celulares ou livre no plasma sanguíneo 
(0,3%). 
Nas regiões pobres, em que a alimentação é deficiente, é comum a falta 
de ferro no organismo, que pode acometer mais de 50% dos indivíduos. 
As mulheres no período menstrual e pacientes com perda crônica de 
sangue apresentam déficit de ferro que se não reposto pela ingestão alimentar 
pode produzir anemia por deficiência crônica daquele elemento. 
As crianças, especialmente durante o primeiro ano de vida, as gestantes e 
os idosos são particularmente sensíveis ao teor de ferro da alimentação. O 
organismo absorve o ferro ao nível do duodeno e do jejuno, principalmente sob 
a forma “não heme” (95%). 
Após a absorção intestinal o ferro alcança a circulação do sistema porta. 
Mediante combinação com a glicoproteína transferrina o ferro é transportado 
P á g i n a | 12 
para a medula óssea. O ferro que não é imediatamente usado para a produção 
da hemoglobina fica armazenado no tecido hemopoiético sob a forma de ferritina. 
Quando há excesso de ferro no sangue, ele é depositado nas células, 
particularmente, nos hepatócitos e em algumas células reticuloendoteliais da 
medula óssea. Dentro do citoplasma da célula ele combina com uma proteína, a 
apoferritina, formando assim a ferritina. Este ferro que fica armazenado na 
forma da ferritina é chamado ferro de depósito. 
Os humanos tipicamente armazenam ferro no interior de uma proteína 
chamada ferritina.A forma do ferro na ferritina é o ferro III. Ao se ligar com a 
ferritina, o ferro se torna solúvel em água. Diversas doenças resultam da 
deposição de ferro III em tecidos em uma forma insolúvel. Estes depósitos de 
ferro são chamados hemossiderina. Embora estes depósitos frequentemente 
não causem sintomas, eles podem causar uma lesão ao órgão. 
O organismo tende a reciclar toda a hemoglobina. As moléculas da globina 
são fragmentadas nos seus aminoácidos, para nova utilização. A degradação do 
radical heme consiste na conversão em porfirinas, pelo sistema 
reticuloendotelial. As porfirinas são metabolizadas em biliverdina que é 
transformada em bilirrubina no fígado para posterior eliminação pela bile. 
 
5. HEMATÓCRITO 
A quantidade de hemácias existente no sangue é um indicador de grande 
importância na avaliação clínica dos indivíduos. A sua expressão mais simples 
é o hematócrito. O hematócrito representa o percentual ocupado pelas 
hemácias no sangue. 
O volume de hemácias no sangue tem relação direta com a quantidade de 
hemoglobina; o hematócrito é, portanto, um indicador indireto da capacidade do 
sangue transportar oxigênio aos tecidos. 
O hematócrito é expresso por um valor percentual. O hematócrito normal 
é de 40 a 50% para os homens e de 35 a 45% para as mulheres. 
Quando colocamos uma quantidade de sangue em um tubo de vidro e 
centrifugamos esse tubo, por 3 minutos, as células se depositam no tubo, de 
P á g i n a | 13 
acordo com a sua densidade. As hemácias se depositam no fundo do 
tubo, em virtude de sua maior densidade. Sobre estas, deposita-se uma 
finíssima camada de glóbulos brancos e plaquetas e, na parte superior 
do tubo, fica o plasma. 
Vemos então que, se considerarmos o volume que enche o tubo 
como o valor 100, a altura da coluna de hemácias será o hematócrito. 
Nas anemias a altura da coluna das hemácias será menor e na 
policitemia àquela altura será maior. 
Os laboratórios dispõem de réguas calibradas para a avaliação do 
hematócrito. Colocando-se o tubo capilar centrifugado sobre a régua, faz-se a 
leitura direta do valor do hematócrito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sob diversas circunstâncias, perdas sanguíneas menores podem ser 
compensadas ou repostas pela administração de líquidos acelulares aos 
pacientes. O método se denomina hemodiluição. 
A hemodiluição, em determinados casos, como na cirurgia cardíaca, por 
exemplo, pode reduzir o hematócrito até valores de 20 a 25%. Aceita-se que não 
se deve reduzir o hematócrito abaixo de 15%, porque a quantidade de oxigênio 
transportado pode não ser suficiente para atender todas as necessidades do 
organismo. 
O grau de hemodiluição ou “anemia intencional”, aceito para cada indivíduo 
deve ser criteriosamente avaliado, levando-se em consideração as suas 
condições gerais. A hemodiluição tem grande aplicação nas emergências 
hemorrágicas e na cirurgia das doenças do coração.
Normal Anemia Poliglobulia 
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6. ERITROGRAMA 
O eritrograma é uma das partes que compõem o hemograma e avalia a 
massa eritrocitária circulante e também os seus precursores produzidos na 
medula óssea. É composto por vários parâmetros, uns determinados 
diretamente e outros derivados dessas determinações. 
Dependendo da marca do equipamento e da metodologia/tecnologia 
utilizada nas análises, as informações aqui presentes podem ser diferentes em 
alguns aspectos. 
Análise direta: 
► Contagem de eritrócitos; 
► Dosagem de hemoglobina. 
► VCM; 
 
Parâmetros derivados: 
► Hematócrito; 
► HCM; 
► CHCM; 
► RDW. 
 
Quando analisados em conjunto, esses parâmetros dão pistas importantes 
para o diagnóstico de vários distúrbios como as anemias e as poliglobulias. 
 
6.1. Contagem de Eritrócitos 
Os eritrócitos do sangue periférico são contados pelo aparelho 
(impedância) e o resultado é dado em µL (microlitro) ou mm³ (milímetro cúbico). 
A quantidade normal de eritrócitos, assim como outros parâmetros do 
eritrograma, varia de acordo com o sexo e idade do indivíduo. 
Valores de referência para adultos: 
► Masculino: 4,5 – 6,1 milhões/µL; 
► Feminino: 4,0 – 5,4 milhões/µL. 
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Observações: 
a) Outras formas de expressar o resultado são: x106/µL ou T/L (Tera por 
Litro); 
b) Esses valores também podem variar de acordo com a população 
estudada, região geográfica, etnia etc. 
 
Termos utilizados: 
 
► Eritrocitose ou poliglobulia: aumento da quantidade de eritrócitos; 
► Eritrocitopenia: diminuição da quantidade de eritrócitos. 
 
A contagem de eritrócitos deve sempre ser analisada em conjunto com os 
outros dados do eritrograma, nunca de forma isolada. 
Além disso, nunca usá-la como parâmetro para dar o diagnóstico de 
anemia, pois existem casos de anemias com eritrocitose e de eritrocitopenias 
sem anemia. 
 
6.2. Dosagem de Hemoglobina 
A dosagem de hemoglobina também é feita no aparelho automatizado de 
hematologia, por meio de espectrofotometria. A quantidade normal de 
hemoglobina varia, principalmente, de acordo com o sexo e idade do indivíduo. 
Valores de referência para adultos: 
 
► Masculino: 14 – 18 g/dL; 
► Feminino: 12 – 16 g/dL. 
 
Obs.: Esses valores podem variar de acordo com a população estudada, 
região geográfica, etnia etc. 
 
Anemia 
Segundo a OMS, o diagnóstico de anemia se dá quando a hemoglobina 
está abaixo do valor mínimo de referência. 
 
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► Masculino: < 13 g/dL; 
► Feminino: < 12 g/dL. 
 
Então, esse é o parâmetro para determinar se uma pessoa está ou não 
anêmica. 
Porém, só com essa informação não é possível saber a causa primária da 
anemia, sendo necessária uma investigação mais detalhada com outros exames 
complementares. 
Digamos que, saber que o paciente tem anemia, é apenas a ponta do 
iceberg. 
 
6.3. Hematócrito 
É a proporção de eritrócitos circulantes em relação à quantidade total de 
sangue do indivíduo. Seu valor é expresso em porcentagem. 
Ainda é relativamente comum vermos alguns laboratórios ou bancos de 
sangue realizarem a técnica manual para sua determinação (microhematócrito), 
porém, os contadores automatizados também já liberam seu resultado 
simultaneamente com os outros. 
Atualmente, na automação, o hematócrito é um parâmetro derivado do 
número e do volume dos eritrócitos, ou seja, Hematócrito = Eritrócitos x VCM. 
Valores de referência para adultos: 
 
► Masculino: 40 – 50%; 
► Feminino: 35 – 45%. 
 
É o melhor parâmetro para avaliar a viscosidade sanguínea e também as 
alterações de volemia plasmática. 
 
6.4. Volume Corpuscular Médio (VCM) 
Historicamente, quando o hemograma era feito de forma manual, o VCM 
era um coeficiente calculado da seguinte forma: VCM = Hematócrito ÷ Eritrócitos. 
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Os contadores eletrônicos, além de contar, também medem os volumes de 
cada eritrócito, de forma individual, gerando um valor médio desses volumes, 
que é o VCM. 
Seus valores variam conforme a faixa etária, mas não variam entre os 
sexos. 
Valores de referência para adultos: 80 a 100 fL (fentolitros). 
 
Termos utilizados: 
 
► Microcitose: VCM < 80 fL; 
► Macrocitose: VCM > 100 fL. 
 
6.5. RDW (red cell distribution width) 
O RDW é um parâmetro que veio junto com a automação, não existindo 
na era do hemograma manual. 
Indica a variabilidade de volumes dos eritrócitos, ou seja, se a população 
de eritrócitos está homogênea ou heterogênea. 
O computador do equipamento recebe as medidas, uma a uma, dos 
eritrócitos e gera uma curva de frequência (histograma) e seu coeficiente de 
variação. 
Valores de referência: 11,5 – 14,5%. 
 
Termo utilizado: Anisocitose: RDW > 14,5%; 
 
Obs.: Valores abaixo do normal não têm significado clínico, pois indicariam 
um “excesso de homogeneidade” na população eritroide. 
Sua avaliação é útil no diagnóstico diferencial das anemias e outras 
doenças hematológicas. 
 
6.6. Hemoglobina Corpuscular Média (HCM) 
O HCM significaa quantidade média de hemoglobina por eritrócito, 
atualmente calculado pelo equipamento eletrônico. 
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É obtido pela seguinte fórmula: HCM = Hemoglobina ÷ Eritrócitos. 
Algumas marcas de equipamento utilizam a HCM para definir os termos: 
 
► Hipocromia: HCM < 24 pg; 
► Hipercromia: HCM > 33 pg. 
 
6.7. Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) 
CHCM por impedância 
A CHCM é calculada pela fórmula: CHCM = Hemoglobina ÷ Hematócrito 
(ou CHCM = HCM ÷ VCM). 
Seu valor é expresso em porcentagem (mais comumente utilizada) ou em 
g/dL de eritrócitos. 
 
Valores de referência para adultos: 31 – 36% ou g/dL. 
 
Nos equipamentos, como vimos acima, o hematócrito é calculado com 
base na quantidade de eritrócitos e o VCM (parâmetros medidos diretamente). 
Sendo assim, a CHCM baseia-se nesses três parâmetros e é afetada por 
anormalidades em qualquer uma dessas três medidas. 
O aumento verdadeiro da CHCM geralmente ocorre em pacientes com 
esferocitose. Fora casos especiais, uma CHCM acima de 36% deve ser 
investigada. 
A CHCM geralmente é utilizada para verificar o desempenho técnico do 
analisador. 
 
CHCM por laser scatter 
Alguns contadores, além de calcularem a CHCM tradicional, medem a 
concentração de hemoglobina de cada eritrócito, no mesmo momento em que 
eles são contados e o volume verificado. Com isso, um novo parâmetro é 
fornecido: a média da concentração de hemoglobina celular. 
 
P á g i n a | 19 
6.8. Anisocitose 
Anisocitose = variação dos tamanho dos eritrócitos. 
A anisocitose ocorre pela presença de micrócitos ou macrócitos. A 
anisocitose é uma característica da maioria das anemias; quando em grau 
acentuado, tanto micrócitos quanto macrócitos podem estar presentes. 
 
Macrocitose (VCM > 100 fL) 
São células maiores que as normais. Podem ser maduros ou jovens, sendo 
estes últimos policromáticos, com colorações vitais ou pontilhado basófilo. O 
predomínio desses elementos constitui a macrocitose. 
A presença de macrócitos hipocrômicos indica a discordância entre a 
formação celular e o material utilizado para a elaboração da hemoglobina. Os 
macrócitos podem ter contorno oval ou arredondado, sendo o significado 
diferente nas duas situações. 
A macrocitose ocorre associada à reticulocitose, em fumantes, na 
deficiência de B12, e folatos e em casos de demanda de nutrientes como na 
gravidez. Os eritrócitos do recém-nascido apresentam acentuada macrocitose 
quando comparados com os do adulto. Os eritrócitos fetais também são maiores 
que os do adulto. Discreta macrocitose é uma característica fisiológica da 
gravidez e também é encontrada em adultos idosos. 
 
Microcitose (VCM < 80 fL) 
São células menores que as normais. São em geral hipocrômicos. É 
necessário distinguir os micrócitos hipocrômicos dos micrócitos da anemia 
hemolítica constitucional (microesferocitose hereditária), os quais são normo ou 
hipercrômicos. 
Pode ocorrer nas anemias por deficiência de ferro, anemias das doenças 
crônicas, talassemias e anemias sideroblásticas. Os eritrócitos das crianças 
sadias são menores que os dos adultos; o tamanho eritrocitário deve, portanto, 
ser interpretado de acordo com a idade do indivíduo.
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6.9. Anisocromia 
Presença de eritrócitos com coloração ou grau de hemoglobinização 
diferentes, variando entre hipocromia, normocromia e hipercromia. É 
característica das anemias sideroblásticas, podendo também ser encontrada nas 
terapias pós-transfusionais e de reposição de ferro. A anisocromia pode ocorrer 
pela presença de eritrócitos pobres ou ricos em hemoglobina (eritrócitos 
hipocrômicos ou hipercrômicos). 
 
Normocromia 
São eritrócitos com quantidade normal de hemoglobina, corando-se, pelos 
métodos habituais, de róseo com uma zona central clara, correspondente à sua 
concavidade. Nos diferentes tipos de anemias, os eritrócitos podem sofrer 
variações em seu conteúdo hemoglobínico e consequentemente, na intensidade 
de sua coloração. Este estado patológico constitui anisocromia eritrocítica, que 
indica insuficiência da medula óssea. 
 
Hipocromia 
São eritrócitos que encontram-se pálidos ou descorados, sobretudo na 
zona central, em virtude da quantidade de hemoglobina, anormalmente escassa. 
A predominância destes elementos constitui a hipocromia. A hipocromia ocorre 
em geral, nas anemias por deficiência, a falta de absorção ou armazenamento 
de ferro (anemias primárias ou secundárias, microcíticas ou normocíticas). 
 
Hipercromia 
São eritrócitos apresentando-se intensamente corados e em muitos casos, 
sem a zona central, clara, observada normalmente em consequência de seu 
conteúdo hemoglobínico anormalmente intenso. A predominância destes 
elementos constitui a hipercromia. 
A hipercromia real ocorre em casos de esferocitose hereditária e também 
observada na anemia hemolítica autoimune (microesferócitos hipercrômicos). 
P á g i n a | 21 
Pode ocorrer também pela desidratação dos eritrócitos e, às vezes, em 
hemoglobinopatias. 
 
6.10. Poiquilocitose 
Poiquilocitose ou pecilocitose refere-se à presença de poiquilócitos no 
sangue. Poiquilócitos são eritrócitos de formas anormais. Os eritrócitos normais 
são discos ovais e achatados, mais finos no centro. 
Os poiquilócitos podem ser uma distorção dessa forma, ou outra 
totalmente diferente. Geralmente, pode-se referir como poiquilocitose quando há 
aumento dos eritrócitos anormais, de qualquer das formas possíveis, que 
perfaçam 25% ou mais da população total. 
 
Confira as imagens (leia o código ou clique na imagem): 
 
Drepanócitos (forma de foice): Os eritrócitos 
adquirem essa forma devido a presença da Hemoglobina 
S, que polimeriza e se precipita na membrana da célula, 
ocasionando a deformação. É encontrado nas doenças falciformes. Doença 
falciforme é um termo genérico que engloba um grupo de anemias hemolíticas 
crônicas hereditárias, dentre elas a anemia falciforme (saiba mais sobre a 
anemia falciforme). 
Esferócitos: São eritrócitos com a biconcavidade reduzida. Quando 
visualizados no microscópio perdem a zona clara central, são mais densos e 
ocorre redução do diâmetro, em comparação com os demais eritrócitos. Por isso, 
também são chamados de microesferócitos. Pode ser causado por defeitos 
genéticos nas proteínas de membrana ou pode ser adquirida, aparecendo nos 
casos de anemia hemolítica autoimune. 
Eliptócitos/Ovalócitos: São eritrócitos que apresentam formas ovaladas 
e eliptocíticas. As causas dessa alteração são defeitos genéticos nas proteínas 
do citoesqueleto da célula. Na eliptocitose hereditária praticamente todas as 
hemácias têm essa forma. Porém, pode ser encontrada uma pequena 
quantidade de eliptócitos/ovalócitos nas talassemias, anemia ferropriva e anemia 
megaloblástica. 
https://www.biomedicinapadrao.com.br/2012/01/alteracao-morfologica-das-hemacias.html
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Hemácias em alvo (codócitos): Sinônimo de hemácias em alvo. A 
hemácia apresenta dupla biconcavidade de tal maneira que, quando projetada 
em um plano, a hemoglobina é visualizada em uma pequena faixa periférica e, 
geralmente, na parte central, o que lhe dá o aspecto “em alvo”. Podem ser 
encontrados nas hemoglobinopatias (SS, SC), talassemias, hepatopatias, em 
pacientes esplenectomizados e na anemia ferropriva. 
Dacriócitos (forma de lágrima): São eritrócitos em forma de gota ou 
lágrima. A deformação ocorre quando as células passam nas fenestrações entre 
cordões e sinus medulares do baço, sofrendo estiramento além dos limites da 
elasticidade. É muito comum na mielofibrose, devido à hematopoese 
extramedular (o baço produz células sanguíneas devido a hipocelularidade da 
medula óssea). Pode ser encontrado também nas talassemias, anemias 
hemolíticas e em pacientes esplenectomizados. 
Acantócitos: São hemácias com a membrana irregular, apresentando 
espículas irregularmente distribuídas. In vitro pode ser artefato.In vivo decorre 
de hepatopatias, diminuição da função do baço e esplenectomia. 
Equinócitos: São hemácias com a membrana irregular, apresentando 
espículas regularmente distribuídas. In vitro pode ser artefato. In vivo decorre de 
hiperuremia, tratamento com heparina IV, hipotireoidismo e após transfusões 
sanguíneas. 
Estomatócitos: São eritrócitos com o halo central semelhante a uma boca 
de peixe. O termo stoma significa boca. Pode ser um artefato da distensão 
sanguínea. Pode estar presente em hepatopatias, sangue de recém-nascidos e 
na estomatocitose hereditária, uma anemia hemolítica congênita muito rara. 
Esquizócitos: São eritrócitos fragmentados, irregularmente contraídos e 
mordidos. São causados por traumas mecânicos, válvulas cardíacas artificiais, 
agressão térmica nas queimaduras e agressão química pelo uso de fármacos 
oxidantes. Se a fragmentação for significativa, o paciente irá apresentar 
manifestações clínicas de anemia hemolítica. Aparecem também em condições 
clínicas como coagulação intravascular disseminada (CIVD), púrpura 
trombocitopênica trombótica (PTT) e Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU). 
 
P á g i n a | 23 
7. LEUCÓCITOS 
Os leucócitos são as células que constituem uma parte importante do 
sistema de defesa do organismo, para combater os diversos agentes 
agressores, tóxicos ou infecciosos, como bactérias, fungos, vírus e parasitas. 
Este sistema de defesa funciona em associação aos macrófagos dos tecidos e 
às células do sistema linfoide. Os leucócitos são as unidades móveis do sistema 
protetor do organismo; podem migrar para os locais onde a sua ação seja 
necessária. 
Existem no sangue normal entre 4.000 e 10.000 leucócitos por cada 
mililitro. Há cinco tipos de leucócitos maduros, divididos em dois grupos 
principais: os granulócitos e os agranulócitos. 
Os granulócitos apresentam numerosas granulações no citoplasma. São 
os neutrófilos, os eosinófilos e os basófilos. 
Os leucócitos agranulócitos têm o citoplasma homogêneo, sem 
granulações no seu interior. São os monócitos e os linfócitos. A sobrevida 
média dos leucócitos no sangue circulante é curta. A maior parte deles fica 
armazenada na medula óssea. 
São lançados na circulação quando necessário. A vida média dos 
leucócitos circulantes é de 6 a 8 horas; quando estão localizados nos tecidos, a 
vida média aumenta para cerca de dois a três dias. 
 
7.1. Leucopoiese 
Os leucócitos se originam de uma célula-tronco hematopoiética que tem o 
potencial de gerar as células-tronco primitivas das linhas de células vermelhas, 
das plaquetas e dos leucócitos. 
No embrião, uma célula primitiva com características mal definidas serve 
de “matéria prima” para a produção de sete tipos celulares diferentes. 
A célula reticular primitiva se origina daquele tipo celular embrionário e dá 
origem a dois tipos principais de células: 1. Células reticuloendoteliais e 2. 
Hemocitoblastos. Este último tipo celular origina os eritrócitos, os leucócitos e as 
plaquetas. 
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As células-tronco formadoras de granulócitos e monócitos correspondem 
as células reticulares primitivas que estão dispersas em redes no interior da 
medula óssea e nos tecidos linfoides. Estes, estão localizados principalmente no 
baço, timo, gânglios linfáticos e placas de Peyer do intestino, além da própria 
medula óssea. 
Os hemocitoblastos se diferenciam para originar três linhagens diferentes 
de células sanguíneas: a linhagem dos eritrócitos, a linhagem dos leucócitos que 
apresentam granulações no citoplasma (granulócitos) e a linhagem das 
plaquetas, através os megacariócitos. 
Os três tipos de leucócitos granulócitos descendem do mesmo 
hemocitoblasto. Numa etapa inicial os hemocitoblastos originam os mieloblastos. 
Este último dá origem aos promielócitos que são semelhantes aos mieloblastos, 
mas já apresentam granulações no citoplasma. 
Conforme a coloração dos grânulos citoplasmáticos os promielócitos 
podem ser neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Os promielócitos a seguir originam 
as células chamadas mielócitos que sofrem grandes transformações, 
especialmente no núcleo, para originar os tipos celulares que serão liberados no 
sangue: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. 
Os neutrófilos jovens têm o núcleo em forma de bastão, enquanto as 
formas mais maduras têm o núcleo com diversos segmentos unidos por 
filamentos delgados. O núcleo dos eosinófilos é dividido em dois lobos, enquanto 
o núcleo dos basófilos quase não se modifica e permanece arredondado, 
ocupando a maior parte da célula. 
O tecido linfoide, que constitui a estrutura básica do baço, do timo e dos 
linfonodos é encarregado da produção dos linfócitos. Os linfoblastos se 
diferenciam para formar os linfócitos. 
 
7.2. Funções 
Os leucócitos funcionam como um exército de defesa do organismo. Eles 
não apenas destroem os agentes invasores, mas são também destruídos, nessa 
guerra defensiva. O organismo mobiliza novos e maiores contingentes de 
leucócitos para continuar a batalha até a vitória. O resultado clínico dessa 
batalha é a inflamação. 
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Durante a formação do processo inflamatório há um aumento do fluxo de 
sangue para o local da injúria ou da localização das bactérias, há também 
extravasamento de líquidos, proteínas e fibrinogênio dos capilares para o 
interstício que levam à coagulação local. 
Para realizar com perfeição essa função de defesa do organismo, os 
leucócitos precisam de grande mobilidade. Eles atravessam com facilidade os 
poros dos capilares, migrando para o local dos tecidos, onde a sua função de 
defesa seja necessária. Essa propriedade de migrar através dos poros dos 
capilares é chamada diapedese. 
Os neutrófilos são importantes na proteção do organismo contra agressões 
agudas, enquanto os monócitos são importantes na fase crônica da inflamação. 
Quando um agente estranho (bactérias, por exemplo) invade o organismo, libera 
certas substâncias químicas; os leucócitos são atraídos por aquelas substâncias 
e migram para o local de onde elas provêm. 
Essa propriedade dos leucócitos é denominada quimiotaxia. A 
quimiotaxia é importante na atuação dos leucócitos em conjunção com o sistema 
imunológico. Os eosinófilos são importantes na detoxificação (Detoxificação é 
qualquer processo para a eliminação de substâncias consideradas tóxicas ao 
organismo, que ocorre em todas as células do corpo, mas principalmente nas do 
fígado e do intestino. As principais vias de eliminação das toxinas são pela urina, 
fezes, suor.) de proteínas estranhas e nos mecanismos da alergia. 
A função dos basófilos parece estar relacionada à liberação de heparina 
no local da agressão, para impedir a coagulação do sangue e permitir a chegada 
de novos leucócitos. 
Os monócitos têm grande capacidade de migração para o local dos 
agentes invasores, onde se intumescem rapidamente, aumentando seu tamanho 
em até cinco vezes, adquirindo então a denominação de macrófagos, por sua 
grande capacidade de digerir os invasores do organismo. 
Os linfócitos atuam como "patrulheiros" do organismo. Eles migram 
continuamente para os tecidos, através dos poros dos capilares e retornam à 
circulação, como que "buscando" agentes invasores, para a sua identificação e 
estimulação imediata dos mecanismos de defesa. 
A maior parte dos leucócitos fica armazenada na medula óssea e demais 
órgãos produtores; uma pequena parcela circula no sangue. O tempo de vida 
P á g i n a | 26 
dos leucócitos no sangue circulante é curto, geralmente de seis a oito horas; 
quando migram para os tecidos sua vida média é de dois a três dias. Na presença 
de infecções sua vida média é ainda menor, em função do seu consumo na 
produção do processo inflamatório. 
A mobilização desse sistema de defesa do organismo é muito rápida, após 
o primeiro contato com um agente agressor, de qualquer tipo. 
A cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea se acompanhade um 
interessante fenômeno relacionado aos leucócitos. O contato das células com os 
oxigenadores e os tubos plásticos em que o sangue circula, ativa os leucócitos, 
que liberam substâncias vasoativas na corrente sanguínea e participam de uma 
reação inflamatória generalizada do organismo, que acompanha aqueles 
procedimentos cirúrgicos. 
 
7.3. Neutrófilos 
Os neutrófilos são produzidos na medula óssea, 
como os demais granulócitos. Sua vida média na 
medula óssea, no sangue periférico e nos tecidos é 
curta e, em determinadas circunstâncias, pode durar 
apenas algumas horas. 
Quando os neutrófilos maduros são lançados na 
circulação, uma parcela se situa junto ao endotélio vascular e se move livremente 
entre o sangue e os tecidos do organismo. 
 
Quando os neutrófilos são lançados no local da inflamação, o número 
deles no sangue aumenta de 4 a 5 vezes. Isso é chamado de neutrofilia. 
Nos tecidos, os neutrófilos exercem a sua função primária de englobar e 
digerir micro-organismos invasores. Esse processo é conhecido como 
fagocitose. Em uma lesão tecidual causada por bactérias, traumatismo, 
substâncias químicas, calor ou outros fatores, os tecidos lesados liberam 
substâncias que provocam as alterações denominadas “inflamação”. 
Mieloblasto Promielócito
Mielócito 
neutrófilo
Metamielócito 
neutrófilo
Neutrofilo 
bastonete
Neutrófilo 
segmentado
P á g i n a | 27 
A inflamação consiste de vários fenômenos, dentre os quais temos a 
vasodilatação local, a coagulação do líquido nos espaços intersticiais, o aumento 
da permeabilidade dos capilares, a migração de grande quantidade de 
granulócitos e monócitos para o local do dano e o edema celular. 
Os agentes químicos que participam do estabelecimento do processo 
inflamatório incluem a histamina, a bradicinina, a serotonina, as prostaglandinas 
e substâncias “mensageiras” denominadas citocinas ou interleucinas. 
Durante o processo da inflamação, os neutrófilos são atraídos pelos 
produtos químicos dos invasores e migram em grandes quantidades para a área 
afetada. Os neutrófilos são as primeiras células a alcançar os focos de infecção, 
seguidos pelos monócitos. 
Os neutrófilos destruídos durante a “batalha” contra os invasores são 
fagocitados pelos macrófagos dos tecidos. Em geral, os neutrófilos têm a 
capacidade de fagocitar duas a vinte bactérias, antes de ficarem inativos. 
 
7.4. Eosinófilos 
Os eosinófilos são também produzidos nos tecidos 
hemopoiéticos da medula óssea e constituem cerca de 
5% de todos os leucócitos do sangue circulante. 
Participam dos mecanismos de defesa contra 
corpos estranhos e parasitas ao migrar para as áreas 
onde há corpos estranhos ou parasitas. 
Uma das infecções muito comuns no terceiro mundo é a esquistossomose, 
que em algumas áreas chega a acometer um terço da população. 
 
O parasita pode afetar qualquer parte do corpo. Os eosinófilos atacam 
esses parasitas de diversos modos, como por exemplo, mediante a liberação de 
formas de oxigênio altamente reativas que podem ser letais, pela liberação de 
enzimas hidrolíticas produzidas nos seus grânulos e pela liberação de uma 
Mieloblasto Promielócito
Mielócito 
eosinófilo
Metamielócito 
eosinófilo
Eosinófilo
P á g i n a | 28 
proteína especial, denominada “principal”, também produzida nas granulações 
do citoplasma dos eosinófilos. 
Os eosinófilos estão ainda envolvidos nas reações alérgicas do organismo. 
Os eosinófilos possuem receptores para as imunoglobulinas IgE e IgG e para 
algumas proteínas do sistema do complemento. 
Células revestidas por aquelas imunoglobulinas ou pelo complemento 
podem ser fagocitadas pelos eosinófilos. 
A maior parte dos eosinófilos vive nos tecidos ao invés da corrente 
sanguínea, principalmente na pele, pulmões e vias aéreas, locais preferenciais 
para determinadas manifestações alérgicas. 
 
7.5. Basófilos 
Os basófilos, como os demais granulócitos, são 
produzidos na medula óssea a partir dos 
hemocitoblastos. São as células menos numerosas 
dentre os leucócitos; correspondem a apenas 1% do seu 
total. 
Os basófilos possuem quimiotaxia, como os 
neutrófilos; têm também alguma atividade fagocítica. Sua principal função, 
porém, consiste em liberar heparina nas áreas de invasão do organismo, para 
evitar a formação de coágulos e permitir a fácil migração dos neutrófilos para a 
defesa contra a invasão. 
 
Os basófilos também liberam histamina no local da inflamação, que produz 
vasodilatação e aumenta o diâmetro dos poros dos capilares, facilitando a 
migração dos demais leucócitos. 
Os basófilos e os mastócitos têm um papel importante em alguns tipos de 
reações alérgicas. 
 
Mieloblasto Promielócito
Mielócito 
basófilo
Metamielócito 
basófilo
Basófilo
P á g i n a | 29 
7.6. Monócitos 
Os monócitos são produzidos na medula óssea em 
menor quantidade e nos tecidos linfoides. Ao contrário 
dos demais tipos de leucócitos, sua forma circulante é 
considerada imatura. 
Ao deixar a corrente sanguínea, os monócitos 
alcançam os tecidos, onde sofrem a fase final da sua 
maturação para originar os macrófagos. 
 
 
A célula dos macrófagos tem uma quantidade de estruturas contendo 
enzimas, que favorecem a sua função de “digerir” os agentes invasores. 
São necessários de 3 a 4 dias para que os monócitos recém-formados 
possam deixar a medula óssea. Essas células são produzidas em grandes 
quantidades. 
Embora os macrófagos se distribuam por todo o organismo, existe uma 
maior concentração dessas células nos espaços sinusoidais do fígado baço e 
pulmões. 
 
7.7. Linfócitos 
Os linfócitos são produzidos nos tecidos linfoides e, 
em menor quantidade nos tecidos hemopoiéticos da 
medula óssea. 
São os leucócitos mais complexos e atuam em 
conjunto com o sistema imunológico, na resposta às 
invasões por agentes estranhos. Os linfócitos constituem 
a base da imunidade adquirida. 
Existem dois tipos funcionais de leucócitos: os linfócitos T e os linfócitos B. 
Ambos podem ser produzidos nos tecidos linfoides e na medula óssea. 
Monoblasto Promonócito Monócito Macrófago
P á g i n a | 30 
Os linfócitos T ativados podem destruir um agente invasor do organismo, 
enquanto os linfócitos B produzem anticorpos contra os agentes invasores. 
 
 
Os linfócitos T completam a sua maturação no timo, onde adquirem a 
capacidade de reconhecer os diferentes antígenos e controlar a produção de 
anticorpos pelo sistema de defesa. Os linfócitos T participam ativamente dos 
mecanismos relacionados à imunidade celular. 
Receptores existentes na sua superfície são capazes de identificar 
antígenos específicos. Ao reconhecer um antígeno os linfócitos T estimulam os 
linfócitos B a produzir anticorpos específicos para aquele antígeno. 
Um grupo de células T chamadas células auxiliares atuam no sistema 
imunitário. Elas produzem as citocinas que são mediadores proteicos e atuam 
sobre outras células do sistema imunológico e da medula óssea. 
As principais citocinas produzidas pelas células T auxiliares são as 
interleucina-2, interleucina-3, interleucina-4, interleucina-5, interleucina-6 e o 
interferon-gama. A maioria das interleucinas aumenta quando há um processo 
inflamatório em atividade. 
Os linfócitos B se localizam preferencialmente nos gânglios linfáticos. 
Quando ativados pelos linfócitos T se diferenciam em plasmócitos, que são as 
células diretamente responsáveis pela produção de anticorpos. As funções dos 
linfócitos B e dos plasmócitos se relacionam exclusivamente com a produção de 
anticorpos. Quando uma bactéria ou um vírus, por exemplo, invadem o 
organismo, estimulam uma resposta imunológica. 
Os neutrófilos e os macrófagos travam a primeira batalha para a sua 
destruição. Sob a ação dos macrófagos, os invasores liberam os antígenos da 
sua superfície que estimulam a ação dos linfócitos T. 
Os linfócitos T estimulados, liberam agentes químicos que promovem a 
ativaçãodos linfócitos B que, por sua vez, transformam-se em plasmócitos e 
produzem anticorpos contra os antígenos da superfície do agente invasor. 
Linfoblasto Prolinfócito
Linfócito 
maduro
Plasmócito
P á g i n a | 31 
Estes anticorpos neutralizam o invasor ou, pelo menos o torna mais 
sensível à ação destruidora dos neutrófilos. 
Em virtude de seu peculiar mecanismo de ação, os linfócitos são os 
iniciadores das reações de rejeição dos órgãos transplantados. Os antígenos do 
órgão transplantado são reconhecidos pelos linfócitos e identificados como 
estranhos ao organismo em que vivem. Estimulam então a produção de 
anticorpos que vão atacar o órgão transplantado. 
Por essa razão, o controle da rejeição inclui drogas supressoras da 
atividade do sistema imunológico. A rejeição dos transplantes se deve 
principalmente ao complexo de antígenos HLA. Há cerca de 150 diferentes tipos 
de antígenos, porém seis deles estão presentes nas membranas celulares dos 
diferentes órgãos. 
É praticamente impossível que duas pessoas tenham os mesmos seis 
antígenos. Qualquer um deles pode estimular o organismo receptor a produzir 
anticorpos contra ele e, desse modo, iniciar um processo de rejeição. 
Drogas potentes, como os corticosteroides, a ciclosporina e outros 
fármacos, em diversas combinações podem controlar a rejeição por depressão 
do sistema imunológico do receptor. 
P á g i n a | 32 
8. PLAQUETAS 
As plaquetas não são células, mas sim elementos celulares (fragmentos 
de células), formados a partir de uma célula gigante medular chamada 
megacariócito. São corpúsculos ligeiramente arredondados, liberados no sangue 
pela fragmentação dos megacariócitos da medula óssea. 
 
Existem no sangue normal entre 150.000 e 450.000 plaquetas por cada 
microlitro, das quais cerca de 30.000 formam-se a cada dia. A sobrevida média 
das plaquetas na circulação é de 10 dias. As plaquetas são fundamentais aos 
processos de interrupção da perda sanguínea (hemorragia), da formação e da 
retração do coágulo. 
A atuação das plaquetas depende das suas propriedades de adesão e 
agregação. As plaquetas têm uma participação essencial nos fenômenos da 
coagulação do sangue e são capazes de liberar diversas substâncias, das quais, 
algumas, como o tromboxano A2 tem propriedades vasoconstritoras, enquanto 
outras agem como enzimas e hormônios, como as prostaglandinas que, dentre 
outras, tem propriedades vasodilatadoras.
P á g i n a | 33 
9. INTERPRETAÇÃO 
9.1. Eritrograma 
PARÂMETRO AUMENTO DIMINUIÇÃO 
Hemoglobina 
Eritrócitos 
► Policitemia vera 
► Hipóxia tecidual 
► Grande altitude 
► Doenças cardíacas 
► Doenças pulmonares 
► Anemias 
► Leucemias 
► Hemorragias agudas 
Hematócrito 
► Desidratação 
► Poliglobulias 
► Anemias 
► Diluição 
► Gravidez 
VCM 
► Anemias megaloblásticas 
► Etilismo 
► Hepatopatias 
► Mielodisplasias 
► Terapia antiretroviral 
► Deficiência de ferro 
► Hemoglobinopatias 
► Talassemias 
HCM ► Esferocitose ► Anemias 
CHCM 
► Esferocitose 
► Problemas com o 
equipamento 
► Anemias 
RDW 
► Variação do tamanho e 
formas dos eritrócitos 
► Sem significado 
clínico 
P á g i n a | 34 
9.2. Leucograma 
PARÂMETRO AUMENTO DIMINUIÇÃO 
Leucócitos 
totais 
► Infecções 
► Inflamação 
► Leucemias 
► Linfomas 
► Quimioterapia 
► Infecções 
► Aplasia de medula 
óssea 
Neutrófilos 
► Infecções 
► Gravidez 
► Estresse 
► Esforço físico intenso 
► Doenças inflamatórias 
► Leucemias 
► Neoplasias 
► Queimaduras intensas 
► Picada de artrópodes e 
cobras 
► Infecções virais e 
algumas bacterianas 
► Medicamentos 
► Deficiência de 
Vitamina B12 
► Mielodisplasias 
► Aplasia de medula 
óssea 
Eosinófilos 
► Doenças alérgicas 
► Infecções parasitárias 
► Câncer 
► Neoplasias 
mieloproliferativas 
► Síndrome hipereosinofílica 
► Estresse 
► Acompanha a 
neutrofilia na 
infecção e inflamação 
► Corticoides 
Basófilos 
► Neoplasias 
mieloproliferativas crônicas 
(LMC, policitemia vera, 
trombocitemia essencial e 
mielofibrose primária) 
► Processos alérgicos 
► Não se aplica 
Monócitos 
► Acompanha a neutrofilia na 
infecção e inflamação 
► Endocardite subaguda 
► Tuberculose 
► Brucelose 
► Leucemias 
► Aplasia de medula 
óssea 
► Quimioterapia 
Linfócitos 
► Infecções virais e algumas 
bacterianas 
► Leucemias linfoides agudas 
e crônicas 
► Radio e 
quimioterapia 
► Imunossupressão 
► Linfoma de Hodgkin 
► HIV/AIDS 
► Lúpus Eritematoso 
Sistêmico 
P á g i n a | 35 
9.3. Plaquetograma 
PARÂMETRO AUMENTO DIMINUIÇÃO 
Contagem de 
plaquetas 
► Neoplasias 
mieloproliferativas 
crônicas (LMC, 
policitemia vera, 
trombocitemia essencial 
e mielofibrose primária) 
► Linfomas 
► Após esplenectomia 
► Processos inflamatórios 
► Anemia ferropriva 
► Doenças reumáticas 
► Infecções 
► Pós-operatório 
► Após hemorragia 
► Pseudoplaquetopenia 
► Viroses febris 
► Dengue 
► Esplenomegalia 
► Aplasia de medula 
óssea 
► Leucemias 
► Mielodisplasias 
► Infiltração neoplásica da 
medula óssea 
► Quimioterapia 
► Púrpuras 
► CIVD 
► Síndrome urêmico-
hemolítica 
► Trombocitopatias 
VPM ► Destruição periférica ► Falta de produção 
 
 
P á g i n a | 36 
10. TÉCNICAS 
10.1. Materiais Utilizados no Laboratório de Hematologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vídeo 
(leia o código ou clique na imagem) 
https://www.youtube.com/watch?v=LVX3DRhzpBo
P á g i n a | 37 
 
10.2. Contagem Manual de Eritrócitos 
Fundamento 
Diluir a amostra (sangue total) em solução diluidora de hemácias (Líquido de Hayem). 
 
Procedimento 
1. Pipetar 4,0 mL do líquido diluidor em um tubo de ensaio ou frasco pequeno; 
2. Pipetar 0,02 mL (20 µL) de sangue e transferir para o tubo contendo o líquido diluidor; 
3. Homogeneizar e aguardar cerca de 5 minutos; 
4. Encher a câmara de Neubauer com a solução, tendo o cuidado de homogeneizar 
novamente antes da pipetagem; 
5. Levar a câmara ao microscópio para efetuar a contagem de hemácias. Focalizar com a 
objetiva de 10x e fazer a contagem com a objetiva de 40x, utilizando o quadrante central 
da câmara de Neubauer. 
6. Fazer a contagem de 5 quadrados (1/5 da área de contagem) e somar as parcelas. 
 
Cálculos 
10.000 x Y* = nº de hemácias/µL 
*Y = soma dos 5 quadrados contados na câmara de Neubauer 
 
Valores de Referência 
► Homem – 4.500.000 a 6.100.000/µL (4,5 – 6,1 T/L) 
► Mulher – 4.000.000 a 5.400.000/µL (4,0 – 5,4 T/L) 
 
Interpretação 
Ver Capítulo 9.
P á g i n a | 38 
10.3. Microhematócrito 
Fundamento 
Volume ocupado pelas hemácias numa amostra de 100 mL de sangue total. 
 
Procedimento 
1. Preencher um tubo capilar com sangue total, até cerca de 2/3 do seu comprimento. 
2. Limpar a parede externa do tubo capilar com um papel absorvente. 
3. Vedar a extremidade vazia (limpa) com uma massinha ou fechá-la no calor. 
4. Colocar o tubo capilar na centrífuga de microhematócrito com a parte vedada voltada para 
fora, equilibrando-o com outro tubo. 
5. Tampar a centrífuga. 
6. Centrifugar durante 5 minutos numa velocidade de 3.500 rpm ou superior. 
7. Fazer a leitura do resultado, utilizando a tabela própria para microhematócrito. 
 
O menisco inferior (hemácias) deve coincidir com a linha “zero” e o menisco superior (plasma) 
deve coincidir com a linha “cem”. A leitura é feita onde ocorre separação entre as duas fases 
(interface). 
 
Valores de Referência 
► Homem – 40 a 50% 
► Mulher – 35 a 45% 
 
Interpretação 
Ver Capítulo 9.
Vídeo 
(leia o código ou clique na imagem) 
https://www.youtube.com/watch?v=tU-FzfcUO2w
P á g i n a | 39 
10.4. Contagem Global de Leucócitos Manual 
Fundamento 
O sangue é diluído com um fluido que cause a hemólise dos eritrócitos, mas que não tenha 
efeito sobre os leucócitos e core os núcleos pelo azul de metileno ou violeta de genciana. 
► Líquido de Turk Ácido acético – Lisa as hemácias. 
► Azul de Metileno ou Violeta de Genciana – Cora os núcleos dos leucócitos. 
 
Procedimento 
1.Pipetar 0,4 mL do líquido de Turk em um tubo de ensaio. 
2. Pipetar 0,02 mL (20 µL) de sangue e transferir para o tubo contendo o líquido de Turk. 
3. Homogeneizar e aguardar cerca de 20 minutos para que haja lise das hemácias. 
4. Encher a câmara de Neubauer com a solução, tendo o cuidado de homogeneizar 
novamente antes da pipetagem. 
5. Levar a câmara ao microscópio para efetuar a contagem de leucócitos. 
6. Focalizar com a objetiva de 10x e fazer a contagem com a objetiva de 10 ou 40x, utilizando 
os 4 quadrantes laterais da câmara de Neubauer. 
7. Fazer a contagem de todos os quadrantes e somar as parcelas. 
 
Cálculo 
Y* x 50 = nº de leucócitos/µL 
*Y = número de leucócitos contados na câmara 
 
Valores de Referência 
► Adultos – 4.000 a 10.000/µL 
 
Interpretação 
Veja Capítulo 9.
P á g i n a | 40 
10.5. Contagem Diferencial de Leucócitos Manual 
Fundamento 
É a contagem de 100 leucócitos em uma distensão sanguínea, diferenciando-os segundo 
suas variedades morfológicas. 
 
Procedimentos 
► CONFECÇÃO DA DISTENSÃO SANGUÍNEA 
1. Colocar uma gotícula de sangue em uma lâmina limpa e seca. 
2. Com o auxílio de uma lâmina extensora, colocar a gota de sangue em contato com sua 
borda, formando um ângulo de 45°, esfregar uma lâmina sobre a outra rapidamente, antes 
que o sangue seque ou coagule. 
3. Esperar a lâmina secar. 
4. Identificar a lâmina pela cabeça do esfregaço com o auxílio de um lápis. 
5. Fazer a coloração. 
 
► COLORAÇÃO DA DISTENSÃO SANGUÍNEA 
► CORANTE DE LEISHMAN 
1. Cobrir a lâmina totalmente com o corante de Leishman; 
2. Deixar agir durante 3 a 5 minutos; 
3. Após, adicionar igual quantidade de água sobre o corante de Leishman e deixar agir por 15 
minutos; 
4. Quando se adiciona a água o corante não deve ser retirado da lâmina; 
5. Após os 15 minutos, retirar a solução corante-água da lâmina e lavá-la em água corrente 
de modo abundante; 
 
► CORANTE PANÓTICO RÁPIDO 
1. Organizar os recipientes com as soluções 1, 2 e 3 em ordem crescente; 
2. Submergir a lâmina na solução nº 1 durante 5 s (5 imersões de 1 s cada) e deixar escorrer 
bem; 
3. Submergir a lâmina na solução nº 2 durante 5 s (5 imersões de 1 s cada) e deixar escorrer 
bem; 
4. Submergir a lâmina na solução nº 3 durante 5 s (5 imersões de 1 s cada) e deixar escorrer 
bem; 
5. Lavar com água destilada. 
 
 
P á g i n a | 41 
► MICROSCOPIA 
1. Examinar com objetiva de imersão (100x), fazendo a contagem diferencial de 100 
leucócitos, no corpo da distensão (veja imagem abaixo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resultado 
Expresso em número relativo (%) e absoluto (/mm3 ou /µL) com base na contagem global de 
leucócitos. 
 
Valores de Referência (ADULTO) 
 VALOR RELATIVO (%) VALOR ABSOLUTO (/µL) 
Neutrófilos bastonetes 1 – 5 40 – 550 
Neutrófilos segmentados 40 – 70 1.600 – 7.700 
Eosinófilos 1 – 5 40 – 550 
Basófilos 0 – 2 0 – 200 
Monócitos 2 – 10 80 – 1.100 
Linfócitos 20 – 40 800 – 4.400 
 
Interpretação 
Ver Capítulo 9.
Cabeça Corpo Cauda 
P á g i n a | 42 
10.6. Dicas para Fazer a Distensão Sanguínea 
O laboratório de hematologia evolui muito nas últimas décadas, com as contagens celulares 
geradas por aparelhos automatizados substituindo as técnicas manuais. A tradicional revisão da 
contagem diferencial de leucócitos de cada amostra, através da análise microscópica, caiu em 
desuso na maioria dos laboratórios que possuem tais aparelhos. 
O motivo para isso é a maior precisão das contagens automatizadas em comparação com os 
métodos de contagem manual. Apesar disso, sabe-se que a superioridade da contagem 
automatizada é limitada a amostras com leucócitos maduros e bem caracterizados. Na presença 
de qualquer alteração nas células e de leucócitos imaturos deve-se realizar a revisão da lâmina 
hematológica para um diagnóstico mais preciso. 
 
1. Fique de olho nos flags 
Os analisadores hematológicos fornecem informações qualitativas na forma de “flags”, ou 
alarmes, que alertam o analista clínico para a presença de possíveis resultados errôneos devido a 
variáveis interferentes, assim como a presença de células anormais. 
Baseado nisso, apenas amostras com resultados acima ou abaixo dos valores de referência 
e/ou com a presença de flags, precisam ser revisadas microscopicamente. 
 
2. Componentes essenciais 
Para ter valor significativo, o esfregaço sanguíneo deve ser bem realizado. Quatro 
componentes são essenciais para o resultado final: 
 
1. A qualidade da distensão; 
2. A qualidade da coloração; 
3. A qualidade do microscópio; 
4. A experiência do microscopista. 
 
3. Fazendo o esfregaço sanguíneo 
O esfregaço manual é feito colocando-se uma gota de sangue em um lado da lâmina, e 
espalhando-a rapidamente com uma outra lâmina ou extensora, em um determinado ângulo. Uma 
boa distensão é grossa na extremidade onde a gota foi colocada e torna-se progressivamente mais 
fina, com uma boa separação das células na outra extremidade. Ela deve ocupar a área central e 
não tocar nas margens da lâmina. Produzir uma distensão sanguínea de qualidade requer prática. 
P á g i n a | 43 
 
4. Fatores que influenciam na qualidade 
► Velocidade - Quanto mais rápida a lâmina distensora for movida, maior e mais fina será a 
distensão. Quanto mais lenta a lâmina for movida, menor e mais grossa a distensão será. 
► Ângulo - Um ângulo maior que 30° deixa a distensão mais grossa; menor que 30° a 
distensão fica mais fina. 
► Tamanho da gota de sangue - Uma pequena gota de sangue (10-15 µL) é o suficiente 
para preparar uma distensão com comprimento adequado; uma gota grande pode fazer 
com que a distensão se estenda além do comprimento da lâmina. 
► Hematócrito - A viscosidade (hematócrito) do sangue, também irá afetar a distensão. O 
sangue de um paciente com anemia terá uma menor viscosidade e a distensão ficará muito 
fina se o ângulo não for aumentado. O oposto também é verdadeiro no caso de um paciente 
com policitemia. 
 
5. Distensões muito finas ou muito grossas são um problema 
Quando são muito finas (causadas por gota pequena, movimento lento ou ângulo menor) as 
distensões podem fazer com que os eritrócitos pareçam esferócitos e também aumentar o número 
de leucócitos, como monócitos e neutrófilos, na cauda. O resultado é uma contagem diferencial 
incorreta. 
Em casos em que a distensão fique muito grossa, a área de contagem será muito pequena. 
Pelo menos 10 campos, onde 50% dos eritrócitos não se sobrepõem, são necessários para uma 
contagem diferencial precisa. 
 
 
Vídeo 
(leia o código ou clique na imagem) 
https://youtu.be/nbRUiWl2Qrs?t=80
P á g i n a | 44 
10.7. Corantes Hematológicos 
Os corantes para esfregaços sanguíneos são uma mistura de corantes de características 
neutras, dependentes do pH da solução corante, que em condições apropriadas coram os 
componentes nucleares e citoplasmáticos dos leucócitos, com predominância de tons vermelhos 
(quando ácidos) e azulados diversos (quando básicos). 
Primeiramente temos que entender as características do pH desses corantes: 
O azul de metileno é um corante básico que reage com componentes ácidos das células e 
tecidos, os quais incluem grupos fosfatos, ácidos nucléicos, grupos sulfatos de glicosaminoglicanos 
e grupos carboxila das proteínas. Estruturas celulares que se coram com corantes básicos são 
denominadas basófilas. São exemplos: heterocromatina, nucléolo, RNA ribossômico, matriz 
extracelular da cartilagem. Cor: azul. 
A eosina é um corante ácido que reage com componentes básicos das células e tecidos. 
Quando usada juntamente com corantes básicos como o azul de metileno, coram o citoplasma, 
filamentos citoplasmáticos e fibras extracelulares. A eosina geralmente cora as estruturas em 
vermelho ou rosa. 
 
► Corante básico → cora estruturas ácidas, chamadas basófilas 
► Corante ácido → cora estruturas básicas, chamadas acidófilas/eosinófilas 
 
May-Grunwald-Giemsa, Leishman e WrightO corante de May-Grunwald (1902) é uma mistura de eosina e azul de metileno (não 
oxidados), que quimicamente se transforma em eosinato de azul de metileno. 
Giemsa (Alemanha) desenvolveu, no mesmo período, um corante que leva seu nome e que 
hoje se sabe ser uma mistura de azur II (mistura equimolar de azur 1 e azul de metileno) e eosinato 
de azur II (corante formado pela combinação equimolar de azur 1, azul de metileno e eosina 
amarelada). 
Esses dois corantes são utilizados através de um método de coloração mais demorado, em 
que, após fixação e coloração pelo May-Grunwald, se processa uma segunda coloração com 
solução de Giemsa, obtendo-se um resultado final melhor e mais detalhado. 
A necessidade de um único corante, que pudesse corar globalmente os elementos celulares 
com os detalhes do MG-Giemsa, levou ao desenvolvimento de novos corantes: Leishman 
(Inglaterra,1901) e Wright (Inglaterra,1902). São corantes basicamente idênticos, compostos de 
eosina amarelada e produtos de oxidação do azul de metileno. A diferença entre ambos se restringe 
ao fato de que o processo de maturação é mais longo na feitura do corante Leishman (em pó). 
Estes corantes são dissolvidos em álcool (em geral metanol). 
P á g i n a | 45 
10.8. Como Descrever a Morfologia de um Leucócito 
Saber descrever a morfologia dos leucócitos pode ajudar muito o médico, dando um alerta 
ou confirmando uma suspeita. Porém, a descrição deve ser bem feita e realizada por um 
profissional altamente qualificado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vídeo 
(leia o código ou clique na imagem) 
https://www.youtube.com/watch?v=WmCIC-4XYrM
P á g i n a | 46 
10.9. Contagem Manual de Reticulócitos 
Os reticulócitos são os precursores dos eritrócitos. Contêm no seu interior, restos de material 
reticular que não apresenta afinidade por um corante comum, sendo que sua visualização somente 
é possível com corantes supra vitais como é o caso do Azul de Cresil Brilhante. 
 
Materiais 
► Tubo de ensaio; 
► Lâminas de microscopia; 
► Pipetas; 
► Banho-Maria a 37°C; 
► Microscópio; 
► Óleo para imersão. 
 
Reagente 
Azul de Cresil Brilhante. 
 
Procedimento 
1. No tubo de hemólise colocar 100 µL da solução corante; 
2. Em seguida acrescentar 50 µL do sangue colhido por punção venosa com anticoagulante; 
3. Misturar e colocar em banho-maria durante 20 minutos; 
4. Retirar do banho-maria. Misturar novamente e fazer esfregaços da maneira usual; 
5. Secar e examinar ao microscópio sob imersão; 
6. Contar 1000 hemácias, em vários campos microscópicos (~10 campos), anotando o 
número de reticulócitos encontrados; 
7. Expressar o resultado em porcentagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vídeo 
(leia o código ou clique na imagem) 
https://www.youtube.com/watch?v=sL43oaMSnAM
P á g i n a | 47 
Cálculos 
► 𝑅𝑒𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙ó𝑐𝑖𝑡𝑜𝑠 (%) = (𝑅𝑒𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙ó𝑐𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑡𝑜𝑠)/(1000 ℎ𝑒𝑚á𝑐𝑖𝑎𝑠) 𝑥 100 
► 𝑅𝑒𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙ó𝑐𝑖𝑡𝑜𝑠 (µ𝐿) = (𝑅𝑒𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙ó𝑐𝑖𝑡𝑜𝑠 (%) 𝑥 𝐸𝑟𝑖𝑡𝑟ó𝑐𝑖𝑡𝑜𝑠 (µ𝐿))/100 
 
Valores de referência 
► Relativo: 0,5 a 2,0%; 
► Absoluto: 25.000 – 75.000/µL. 
 
Correção 
Na prática, a contagem de reticulócitos deve levar em consideração a anemia do paciente. 
Para isso faz-se a contagem de reticulócitos corrigida, considerando o hematócrito do paciente em 
relação ao hematócrito padrão de: 
► Homem: 45% 
► Mulher: 40% 
 
𝑅𝑒𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙ó𝑐𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜𝑠 (%) = 𝑅𝑒𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙ó𝑐𝑖𝑡𝑜𝑠 (%) 𝑥
𝐻𝑒𝑚𝑎𝑡ó𝑐𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 
𝐻𝑒𝑚𝑎𝑡ó𝑐𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜
 
 
Valores de referência da correção 
► Indivíduos normais: aproximadamente 1%; 
► Anemia com hematócrito de 35%: de 2 a 3%; 
► Anemia com hematócrito ≤ 25%: de 3 a 5%. 
 
Interpretação 
Reticulocitose: (produção aumentada) hemorragia aguda, anemias hemolíticas, tratamento 
de anemia nutricional e hipóxia. 
Reticulocitopenia: (produção diminuída) anemias carenciais, anemia aplástica, leucemias, 
doença renal, carcinoma metastático, anemias microcíticas. 
 
 
P á g i n a | 48 
10.10. Velocidade de Hemossedimentação 
Fundamento 
Os eritrócitos em suspensão no plasma apresentam queda livre e, portanto, sedimentam. 
Interferem na velocidade em que se processa essa queda, a composição do plasma e fatores 
inerentes ao próprio eritrócito. 
Quanto aos últimos, eles são praticamente desprezíveis e merecem destaque as hemácias 
falciformes e a ocorrência de “rouleaux”, formando agregados de eritrócitos (com área superficial 
menor e mais pesados). 
Portanto, a VHS depende, praticamente, apenas das proteínas plasmáticas. A ocorrência de 
um número diminuído de eritrócitos no sangue examinando (anemia) determina um aparente 
aumento na velocidade de hemossedimentação, devendo, pois, o valor da leitura ser corrigido para 
os diferentes graus de anemias. 
 
Técnicas 
1- Método de Wintrobe-Landsberg 
Utiliza-se um tubo de diâmetro interno constante e com uma escala graduada em milímetros 
(Tubo de Wintrobe). O tubo é preenchido convenientemente com sangue oxalatado (*) até a marca 
zero e deixado em posição vertical por 1 hora, após o que, lê-se diretamente na escala descendente 
do tubo, a distância percorrida pelos eritrócitos. 
(*) sangue colhido com anticoagulante, não necessariamente, o oxalato. 
 
Valores de referência em 1 hora: 
► Homens: 0 - 9 mm 
► Mulheres: 0 - 20 mm 
► Crianças: 0 - 13 mm 
 
2- Método de Westergreen 
Neste método emprega-se a pipeta de Westergreen, graduada de 0 a 200 mm, que é 
preenchida com sangue oxalatado (*) até a marca zero. A pipeta é fixada na posição vertical em 
um suporte próprio e a leitura da VHS é feita na 1ª e na 2ª hora. 
(*) sangue colhido com anticoagulante, não necessariamente, o oxalato. 
 
 
 
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3- Método de Westergreen, modificado 
O sangue venoso é colhido em EDTA (bi ou tripotássico). A seguir, dilui-se o sangue em 
solução salina a 0,85%, na proporção de 4 partes de sangue para 1 parte de salina; pode-se ainda 
fazer a diluição em citrato de sódio (3,8%), também na proporção de 4:1. Após a diluição do sangue, 
preenche-se normalmente a pipeta de Westergreen. 
 
Valores de referência em 1 hora: 
Faixa etária Homem Mulher 
< 50 anos ≤ 15 mm ≤ 20 mm 
> 50 anos ≤ 20 mm ≤ 30 mm 
> 85 anos ≤ 30 mm ≤ 42 mm 
 
Interpretação 
Valores elevados: doenças infecciosas e inflamatórias, câncer, idade avançada, gravidez, 
anemia, pós-operatório, hipercolesterolemia, hipoalbuminemia, mieloma múltiplo.
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10.11. Testes da Antiglobulina Direto (Coombs Direto) 
O teste de Coombs ou Teste da Antiglobulina Direto (TAD) é uma técnica laboratorial para 
determinar se os eritrócitos foram fixados in vivo (opsonizados) por imunoglobulinas, complemento, 
ou ambos. É usado principalmente na investigação de: 
► Reações transfusionais hemolíticas; 
► Doença hemolítica do recém-nascido; 
► Anemia hemolítica autoimune; 
► Hemólise induzida por drogas. 
Os anticorpos ditos incompletos ‘imunes”, quando em contato com hemácias que contenham 
o antígeno correspondente, fixam-se na membrana das mesmas, bloqueando o antígeno; não têm, 
entretanto, a capacidade de aglutinar estas hemácias. O soro de Coombs (soro antiglobulina 
humana) é capaz de promover a aglutinação dessas hemácias, ditas sensibilizadas. 
 
Tipo de amostra utilizada 
Sangue total colhido com o anticoagulante EDTA (tampa roxa/lilás). 
 
Reagentes necessários 
► Reagente de antiglobulina humana (soro de Coombs) – antiglobulina poliespecífica, anti-
IgG ou anti-complemento; 
► Reagente controle negativo (salina ou albumina 6%); 
► Reagente controle positivo (hemácias sensibilizadas com IgG ou complemento). 
 
Técnica em tubo 
1. Prepare uma suspensão salina (2 - 5%) das hemácias a serem testadas (paciente); 
2. Lavagem: 
a. Coloque 2 gotas (100 µL) desta suspensão em 1 tubo; 
b. Adicione solução fisiológica até preencher 2/3 do tubo; 
c. Centrifugue

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