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EXERCÍCIOS EBRADI - Módulo 7

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ATIVIDADES POS GRADUAÇÃO EBRADI
· POS GRADUAÇÃO EM DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL APLICADO
· MÓDULO 07
· PRISÃO, LIBERDADE, CHAMAMENTO DE PROCESSO, SENTENÇA E PROCEDIMENTOS
· TEMA 01
· Conceito e espécies
1 - Joeslei, logo após a prática de uma infração penal, foi perseguido ininterruptamente pelo
mesmo policial militar que testemunhou o crime. Após 72 horas de perseguição, o policial
conseguiu vencer o criminoso pelo cansaço e o conduziu ao Distrito Policial. Chegando no DP,
o delegado se recusou a lavrar o auto de prisão em flagrante, por força dos 3 dias de tempo
entre a consumação do crime e a captura. Pergunta-se: agiu certo a autoridade policial?
RESPOSTA - Não. Trata-se de flagrante impróprio que, nos termos do CPP, é uma modalidade lícita de
flagrante. Trata-se da hipótese em que mesmo após um ou mais dias de diferença entre a
consumação e prisão, admite-se a lavratura do auto de prisão em flagrante, desde que o
agente de segurança não tenha interrompido a perseguição.
·  Formalidades do flagrante
 2 - Aponte as irregularidades formais do auto de prisão em flagrante delito, no exemplo concreto
abaixo apresentado:
Júpyter, pessoa sempre distraída, foi preso em flagrante esperado e conduzido ao Distrito
Policial pela prática de lesão corporal gravíssima contra o seu próprio filho.
Diante da repugnância da situação, a delegada negou ao preso o direito de ter o apoio de sua
família e de um advogado; não permitiu que o preso fosse ouvido e negou todos os pedidos de
elementos de prova requeridos de próprio punho pelo preso; após 72 horas, enviou o auto de
prisão em flagrante para o juiz, sem ter emitido nota de culpa.
RESPOSTA - Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo,
sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida,
procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre
a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva, suas respectivas assinaturas, lavrando,
a autoridade, afinal, o auto.
A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz
competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu
advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas
funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o
preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e
pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do
fato delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o auto.
· Abusos no flagrante
3 - Para se vingar de seu desafeto, Mikail Marshal, policial militar, colocou subrepiticiamente na
bolsa de Guido um grande número de documentos falsificados.
Após conseguir colocar a papelada sem que ninguém tivesse visto, forçou a vítima a abrir a
bolsa e, por essa razão, encontrou os documentos falsos e deu voz de prisão para Guido.
Diante do caso prático, pergunta-se:
Estamos diante de alguma modalidade de flagrante? Qual? Trata-se de modalidade válida?
Justifique a sua resposta.
RESPOSTA - Trata-se de hipótese de prisão em flagrante forjado.
Não é lícita e, além de anular a decisão do magistrado, submete o policial aos rigores da lei.
·  Direitos do preso e audiência de custódia
4 - Após a lavratura do auto de prisão em flagrante, o delegado remeteu ao juiz da 1.ª Vara
Criminal da Comarca de Leme, a documentação para que o juiz se pronunciasse sobre a prisão
do suspeito.
O juiz afirmou que não faria a audiência de custódia por ausência de previsão legal no Brasil.
Agiu certo o magistrado? Justifique a sua resposta.
RESPOSTA - Não, agiu de forma incorreta.
A audiência de custódia possui previsão legal no Brasil desde 1992, após a assinatura,
referendo, ratificação e publicação do Pacto de San José da Costa Rica.
· TEMA 02
· PRISÃO PRVENTIVA
· Conceito e hipóteses
1 - Auro, primário e sem antecedentes, foi preso em flagrante pelo delito de estelionato tentado. Ao analisar os autos do inquérito, o magistrado entendeu pela conversão do flagrante em preventiva, posto tratar-se de tentativa de estelionato de valor superior a meio milhão de reais.
Agiu corretamente o magistrado? O que pode ser alegado em favor de Auro?
RESPOSTA - Não agiu com acerto o magistrado.
O estelionato possui pena máxima de 5 anos de reclusão, contudo, trata-se de estelionato tentado, ou seja, haverá a redução de 1/3 a 2/3, conforme dispõe o art. 14, parágrafo único, do Código Penal.
Ou seja, a pena máxima de Auro é inferior a 4 anos de reclusão.
Portanto, não estão presentes as hipóteses do art. 313 do CPP.
· Garantia da ordem pública e da ordem econômica
2 - Jair foi preso em flagrante pela prática de tráfico de entorpecentes, sendo apreendidas em seu poder 18 gramas de maconha.
Embora primário e sem antecedentes, o juiz converteu o flagrante em preventiva, justificando ser o tráfico crime equiparado a hediondo e que financia demais crimes.
Você foi contratado como advogado de Jairo, o que poderá alegar em seu favor?
RESPOSTA - Deve-se alegar que a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não é justificativa idônea para fundamentar a prisão preventiva.
Conforme entendimento dos Tribunais Superiores, é preciso demonstrar a gravidade concreta da infração. Na hipótese de tráfico de drogas, a gravidade concreta poderia ser demonstrada, por exemplo, por uma elevada quantidade de entorpecentes apreendidos – o que não ocorreu no caso de Jair.
· Aplicação da lei penal
3 - Walter é natural do Brasil, reside e trabalha na Comarca do Rio de Janeiro. Porém, também possui cidadania espanhola.
Walter está sendo processado pelo crime de receptação qualificada, tendo o juiz decretado sua prisão preventiva para garantir a aplicação da lei penal, argumentando que, embora primário e sem antecedentes, por possuir dupla cidadania, teria facilidade para deixar o Brasil.
Agiu com acerto o magistrado? O que pode ser requerido em favor de Walter?
RESPOSTA - No caso em tela, embora possua dupla cidadania, está comprovado que Walter possui vínculo com o Brasil, posto residir e trabalhar no Rio de Janeiro. Portanto, não se faz necessária a prisão preventiva, sendo suficiente a entrega de seus passaportes, com fundamento no art. 320 do Código de Processo Penal. Ademais, cumpre salientar que a prisão preventiva tem caráter subsidiário, posto que sua decretação deve ocorrer apenas se as outros medidas cautelares diversas da prisão se mostrarem insuficientes, nos termos do §6º do art. 282 do Código de Processo Penal, que estabelece: a prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada.
· Conveniência da Instrução
4 - Caio está sendo processado pelo delito de falsidade ideológica, tendo o Ministério Público requerido a realização de perícia grafotécnica. Caio, porém, negou-se a fornecer material gráfico, motivo pelo qual o magistrado decretou sua prisão preventiva com fundamento na conveniência da instrução, alegando que Caio estaria atrapalhando a produção de provas.
Na qualidade de advogado de Caio, o que pode ser alegado em sua defesa?
RESPOSTA - Deve-se alegar que o acusado possui o direito de não fornecer material gráfico para a perícia grafotécnica, trata-se de hipótese de aplicação do princípio nemo teneturse detegere, ou seja, ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Assim, o Ministério Público deverá procurar outra forma de comprovar suas alegações.
· TEMA 03
· MEDIDAS CAUTELARES
· Conceito e requisitos
1 - Jorge foi preso em flagrante pelo delito de furto qualificado. Ao receber os autos do inquérito, o juiz de direito entendeu não estarem presentes os requisitos da prisão preventiva, posto ser Jorge primário e sem antecedentes, e tratar-se de crime sem violência ou grave ameaça. Contudo, ao conceder a liberdade provisória, fixou as medidas cautelares de comparecimento mensal em juízo, proibição de se aproximar da vítima, proibição de frequência a bares e shows, proibição de ausentar-se da comarca e recolhimento domiciliar noturno.
Na qualidade de advogado de Jorge, o que deve alegar em seu favor?
RESPOSTA - Deve-se alegar que as cautelares fixadas são desproporcionais ao caso concreto e não guardam relação com os fatos.
Argumenta-se que as medidas cautelares devem ter correspondência com o crime praticado, não sendo lógico, por exemplo, proibir um furtador de frequentar bares, ou proibi-lo de deixar a comarca se não há necessidade de produção de provas.
· Oportunidade para aplicação
2 - Você, advogado, foi procurado por Cristiano, o qual disse ter sido vítima do crime de lesão corporal, praticada por seu vizinho, Celso, já tendo sido registrado boletim de ocorrência e instaurado inquérito policial.
Assustado, Cristiano gostaria que Celso fosse proibido de se aproximar do agredido ou de sua família.
É viável a pretensão de seu cliente?
RESPOSTA - Embora o art. 282, §2º, do CPP, não preveja a possibilidade do ofendido requer medidas cautelares alternativas durante o inquérito (apenas durante o processo), é possível que o ofendido formule o pedido, aguardando que o MP ou a autoridade policial ratifiquem o requerimento.
Importante anotar que, sendo Celso vizinho de Cristiano, não haveria razoabilidade em impor distanciamento inferior à metragem existente entre ambas as residências.
·  Espécies I
3 - Tadeu foi conduzido à delegacia para lavratura de Termo Circunstanciado por infração ao art. 28 da Lei 11.343/06.
Por possuir outro processo em andamento pela mesma infração penal, o juiz fixou a medida cautelar de proibição de frequentar bares, casas noturnas e shows, buscando evitar que Tadeu volte a consumir entorpecentes.
Na qualidade de advogado do investigado, o que poderá alegar em seu favor?
RESPOSTA - Deve-se alegar que, de acordo com o art. 283, § 1º, do Código de Processo Penal, não se aplicam medidas cautelares às infrações a que não sejam cominadas isolada, cumulativa ou alternativamente, pena privativa de liberdade.
No caso em tela, ao art. 28 da Lei de Drogas comina-se tão somente penas restritivas de direitos, motivo pelo qual Tadeu não pode sofrer qualquer medida cautelar.
· IV: Espécies II
4 - Leandro foi processado pelo delito de embriaguez ao volante, sendo-lhe fixada a medida cautelar de recolhimento domiciliar noturno, a qual foi cumprida pelo período de 74 dias.
Ao final do processo, foi condenado à pena de 8 meses de detenção, a qual foi substituída por prestação de serviços à comunidade.
Na qualidade de advogado, você requereu ao juízo da execução da detração da medida alternativa, sendo o pleito indeferido. Qual recurso deve ser utilizado e qual tese apresentada?
RESPOSTA - O recurso cabível será o agravo em execução.
Embora o art. 42 do Código Penal não preveja expressamente a detração das medidas alternativas à prisão, deve-se alegar que durante o processo o acusado já sofreu restrição em sua liberdade, motivo pelo qual tal período deve ser descontado da pena a cumprir.
Nos termos do art. 46, § 3º, do Código Penal, o condenado deve cumprir uma hora de serviço à comunidade por dia de condenação.
Portanto, deve-se requer que o período de 74 dias seja desconto da pena a cumprir, na prática haveria o desconto de 74 horas de prestação de serviços à comunidade.
· TEMA 04
· VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
·  Introdução e Contextualização Histórica
1 - Efetue a análise das recomendações constantes do Relatório nº 54/2001, da Comissão Interamericana de Direito Humanos, originado de denúncia efetuada por Maria da Penha Maia Fernandes. Contextualize a existência do referido relatório e aborde ao menos duas de suas recomendações. Encontra-se o relatório acessível no seguinte link: https://www.cidh.oas.org/annualrep/2000port/12051.htm
RESPOSTA - "No ano de 1983 Maria da Penha sofreu duas tentativas de homicídio praticadas por seu marido, o professor colombiano Marco Antonio Heredia Viveros.
Na primeira tentativa, foi alvejada por tiros enquanto dormia, restando paraplégica em razão dos disparos. Para acobertar o crime, simulou seu marido um assalto à residência.
Na segunda ocasião, após retornar para casa, seu marido tentou eletrocutá-la durante o banho.
Frente à impunidade de seu agressor e a morosidade da Justiça local, buscou a vítima a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Organização dos Estados Americanos – OEA).
Seu caso apresentado à OEA deu origem ao Relatório nº 54/2001, responsabilizando o País por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica.
Em seu relatório restaram apresentadas as seguintes recomendações:
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos reitera ao Estado Brasileiro as seguintes recomendações:
1 - Completar rápida e efetivamente o processamento penal do responsável da agressão e tentativa de homicídio em prejuízo da Senhora Maria da Penha Fernandes Maia.
2 - Proceder a uma investigação séria, imparcial e exaustiva a fim de determinar a responsabilidade pelas irregularidades e atrasos injustificados que impediram o processamento rápido e efetivo do responsável, bem como tomar as medidas administrativas, legislativas e judiciárias correspondentes.
3 - Adotar, sem prejuízo das ações que possam ser instauradas contra o responsável civil da agressão, as medidas necessárias para que o Estado assegure à vítima adequada reparação simbólica e material pelas violações aqui estabelecidas, particularmente por sua falha em oferecer um recurso rápido e efetivo; por manter o caso na impunidade por mais de quinze anos; e por impedir com esse atraso a possibilidade oportuna de ação de reparação e indenização civil.
4 - Prosseguir e intensificar o processo de reforma que evite a tolerância estatal e o tratamento discriminatório com respeito à violência doméstica contra mulheres no Brasil. A Comissão recomenda particularmente o seguinte:
a) Medidas de capacitação e sensibilização dos funcionários judiciais e policiais especializados para que compreendam a importância de não tolerar a violência doméstica;
b) Simplificar os procedimentos judiciais penais a fim de que possa ser reduzido o tempo processual, sem afetar os direitos e garantias de devido processo;
c) O estabelecimento de formas alternativas às judiciais, rápidas e efetivas de solução de conflitos intrafamiliares, bem como de sensibilização com respeito à sua gravidade e às consequências penais que gera;
d) Multiplicar o número de delegacias policiais especiais para a defesa dos direitos da mulher e dotá-las dos recursos especiais necessários à efetiva tramitação e investigação de todas as denúncias de violência doméstica, bem como prestar apoio ao Ministério Público na preparação de seus informes judiciais.
e) Incluir em seus planos pedagógicos unidades curriculares destinadas à compreensão da importância do respeito à mulher e a seus direitos reconhecidos na Convenção de Belém do Pará, bem como ao manejo dos conflitos intrafamiliares.
5 - Apresentar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, dentro do prazo de 60 dias a partir da transmissão deste relatório ao Estado, um relatório sobre o cumprimento destas recomendações para os efeitos previstos no artigo 51 da Convenção Americana.
·  Conceito e Procedimentos
2 - "Mário, inconformado com o término do namoro por Elisangela, passa a ameaçar diariamente sua ex-namorada, exigindo que retomem o relacionamento. Apesardas ameaças, Elisangela permanece firme em sua decisão. Com o insucesso das ameaças, Mario dirige-se até a casa de Elisangela, com o objetivo de retomar o relacionamento de qualquer forma. Frente à resposta negativa de sua ex-namorada, Mário passar a agredir Elisangela com socos e chutes.
Considerando o caso narrado, é possível a incidência da Lei nº 11.340/2006? Caso afirmativo, qual o contexto descrito no art. 5º da referida lei se enquadra a situação? Indique, caso existente a forma de violência aplicada.
"
RESPOSTA - "Sim, é aplicável a Lei nº 11.340/2006 ao caso narrado.
Como pacificado pela jurisprudência, trata-se o namoro de uma relação intima de afeto, que independe de coabitação, amoldando-se ao conceito trazido pelo art. 5º, inciso III, da Lei Maria da Penha:
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
(...)
III - Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Desta forma, ainda que tenha o relacionamento terminado, na hipótese de agressão em razão deste relacionamento restará configurada violência doméstica.
No caso apresentado é possível verificar o emprego de violência física e violência psicológica, descritas nos incisos I e II, do art. 7º, da Lei nº 11.340/2006.
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - A violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.
"
·  Medidas Protetivas
3 - "Thaís, após sofrer severas agressões de seu marido Henrique, decide procurar a autoridade policial de sua cidade para narrar os fatos e pleitear o imediato afastamento do agressor do lar. Considerando as disposições da Lei nº 11.340/2006, responda:
a) Quais os requisitos para o deferimento da medida protetiva de afastamento do lar?
b) Quem poderá conceder tal medida protetiva? Em quais condições?
"
RESPOSTA - "Para a concessão da medida protetiva de afastamento do lar, deverá a autoridade apurar a presença de basicamente dois requisitos:
a) a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher, ou de seus dependentes;
b) em situação de violência doméstica ou familiar.
Diante de tais requisitos, com base no art. 12-C, da Lei nº 11.340/2006, é possível o imediato afastamento do agressor do lar, domicílio ou local de convivência com vítima.
Como regra, a medida de afastamento do agressor do lar será determinada pela autoridade judicial (art. 12-C, inciso I), mas poderá, excepcionalmente, ser deferida pelo Delegado de Polícia (art. 12-C, inciso II), quando o Município em questão não for sede de comarca, ou pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia.
Na hipótese de concessão da medida por Delegado ou por policial, deverá a autoridade judicial ser comunicada no prazo máximo de 24 horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou revogação da medida, dando ciência ao Ministério Público concomitantemente, nos moldes determinados no art. 12-C, §1º).
· Descumprimento e Prisão Preventiva
4 - "Jorge, após praticar o crime de lesão corporal contra sua esposa, teve sua prisão preventiva decretada por desobedecer a medida protetiva imposta pelo juízo competente, com base nos arts. 312 e 313, inciso III, ambos do CPP.
Considerando a possibilidade trazida pelo art. 313, inciso III, do CPP, discorra sobre os possíveis excessos na decretação da prisão preventiva.
"
RESPOSTA - "A criação da hipótese do inciso III, do art. 313, do CPP, permitiu que a prisão preventiva restasse decretava nos casos em que ela normalmente não teria cabimento, quando necessária para garantir a execução das medidas de urgência.
Entretanto, a decretação da prisão preventiva deverá ser utilizada como ultima ratio, apenas quando essencial para assegurar o cumprimento de medidas protetivas impostas e com a presença dos requisitos do art. 312, do Código de Processo Penal.
Necessário ponderar que muitos dos crimes cometidos no cenário da Lei Maria da Penha possuem penas pequenas, como, por exemplo, a lesão corporal, com pena de detenção de três meses a três anos.
Assim, poderá a prisão cautelar se mostrar extremamente gravosa caso tenha longa duração, por ser totalmente incompatível com o delito praticado.
É necessário que, na hipótese de sua decretação, o magistrado se mantenha atento para que a prisão cautelar não se alongue por tempo maior que o necessário.
· TEMA 05
· Contradições e Excessos nas Prisões Cutelares
· Duração da prisão
1 - Leia o seguinte texto e responda:
Em um processo por roubo, em que o único réu foi preso em flagrante, que foi convertido em
prisão preventiva, verifica-se que, apesar de decorridos 75 dias desde o recebimento da
denúncia, ainda não houve o julgamento. Na primeira audiência, duas testemunhas de
acusação faltaram. Eram os policiais militares que efetuaram a prisão. Verificou-se que não foi
feita a devida intimação, por falha do oficial de justiça. Houve uma segunda audiência em que,
apesar de devidamente intimados, apenas um deles compareceu e foi ouvido. O Ministério
Público insistiu na oitiva do segundo policial militar. A audiência está agendada para daqui a 23
dias. Neste caso, há excesso de prazo que imponha a revogação da prisão preventiva?
RESPOSTA - Ainda que não exista prazo expresso para a prisão preventiva, grande parte da doutrina
sustenta que deve-se ter como parâmetro o prazo de 60 dias, para o procedimento ordinário,
previsto no art. 400, CPP. No presente caso, já decorreu prazo superior ao previsto, 75 dias, e
se for realizada a audiência na data prevista, terá decorrido o prazo de 98 dias, prazo bastante
superior ao previsto em lei. Não havendo justificativa para a demora, pois o caso não é
complexo, não há vários réus e tampouco a defesa deu causa ao atraso, é de rigor a
revogação da prisão preventiva por excesso de prazo. Caso o juiz não conceda, é cabível a
impetração de habeas corpus com essa finalidade.
· Desnecessidade da prisão
2 - Leia o seguinte texto e responda:
Em uma pequena e pacata cidade do interior do Estado de São Paulo, após uma calorosa
discussão com seu vizinho, Joaquim matou-o com um tiro de espingarda cartucheira.
Imediatamente após o crime, Joaquim foi até a delegacia, chorando muito, visivelmente
arrependido, e confessou o crime. Como na cidade o último homicídio foi cometido havia 15
anos, ao receber a denúncia, atendendo ao requerimento do Ministério Público, o juiz decretou
a prisão preventiva nos seguintes termos:
“O crime provocou gravíssima sensação de insegurança na população ordeira da cidade. A
repercussão social impõe que seja decretada a prisão preventiva nos termos do art. 312, CPP,
como garantia da ordem pública, pois é preciso dar à população o recado de que o crime não
compensa. A prisão cumprirá a função de acalmar os ânimos da população, assustada com o
homicídio e, além disso, servirá para proteger o próprio réu, evitando que sofra algum ato de
vingança.”
A prisão neste caso, foi corretamente decretada?
RESPOSTA - A prisão foi indevidamente decretada. Como se viu na aula, o clamor público jamais poderá
servir de justificativa para a prisão preventiva. Do mesmo modo, consoante julgado do
Supremo Tribunal Federal,não é cabível a prisão preventiva para proteção da integridade física
do próprio preso.
· Controle judicial efetivo
3 - Leia o seguinte texto e responda:
Ao decretar a prisão preventiva de acusado de crime de roubo, o juiz motivou do seguinte
modo sua decisão:
“Trata-se de crime grave, praticado com emprego de violência ou grave ameaça, que grande
temor causa nos moradores das grandes cidades. Apesar de se tratar de roubo simples, já que
sem emprego de arma, entendo que autor desse tipo de crime nenhuma condescendência
merece do Poder Judiciário. Desse modo, para garantia da ordem pública, é de rigor o
cerceamento da liberdade do réu, razão pela qual decreto a prisão preventiva, nos termos do
art. 312, do Código de Processo Penal”.
É válida a motivação acima transcrita?
RESPOSTA - A motivação transcrita no problema não é válida para decretação da prisão preventiva. O
primeiro vício que se vê é a fundamentação baseada na gravidade abstrata do crime de roubo,
o que não é fundamentação válida, como dito em aula, com base na doutrina e jurisprudência.
Ademais, o juiz também fundamentou em sua opinião estritamente pessoal, dizendo que
entende que autor de tal crime não merece condescendência. Não há nenhuma linha
demonstrando o periculum libertatis do agente que justificasse a decretação da prisão
preventiva.
· Ausência de representação por abuso
4 - Leia o seguinte texto e responda:
Em julgamento do Tribunal do Júri, o juiz, apesar de requerimento da defesa para retirada das
algemas do réu, manteve-o algemado, sob o fundamento de que “estando preso
preventivamente o acusado, é de rigor o uso de algemas”. Sustentou ainda que, ao determinar
que todo réu preso permaneça algemado em plenário, estaria fazendo valer o princípio da
isonomia.
É válido o fundamento do juiz?
RESPOSTA - A fundamentação do juiz é insubsistente. Não teria sentido algemar réu que não estivesse
preso, conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal, em julgado transcrito no Resumo. Ou
seja, a Súmula Vinculante nº 11, ao exigir requisitos como a probabilidade de fuga ou para
garantir a integridade física de alguém, o fez para os réus presos. Se bastasse estar preso, a
súmula teria estabelecido apenas este requisito. Assim, não é válida a singela alegação de que
se trata de réu preso.
· TEMA 06
· EM ATUALIZAÇÃO
·  Conceito e natureza jurídica
1 - Em janeiro de 2013, o vulgo “trava-cela” praticou seu décimo crime.
Para evitar a reiteração criminosa, mesmo ausentes os requisitos da prisão preventiva, o juiz
decidiu inovar e deixar o preso recolhido por força de sua prisão em flagrante que fora material
e formalmente válida. Aponte o erro prático.
RESPOSTA - Após 2011, com a alteração da Lei das Medidas Cautelares, quando ausentes os requisitos da
prisão preventiva, o juiz tem a obrigação de conceder ao preso a liberdade provisória. No caso
prático apontado, a manutenção da prisão está revestida de ilegalidade.
· Cabimento
2 - Chiquinho Xera-Xera, conhecido traficante de drogas do bairro, foi preso pela primeira vez na vida com 1 kilo de cocaína.
Foi surpreendido com o seguinte comentário do delegado – não se admite liberdade provisória para traficante de drogas, pela proibição da fiança para quem pratica crimes hediondos e equiparados.
Como advogado de Chiquinho, apresente a tese cabível.
RESPOSTA - O aluno deverá apresentar um pedido de liberdade provisória vinculado com outra medida cautelar do art. 319 do CPP, diverso da fiança.
A proibição de fiança não significa que não caiba a liberdade provisória. Há outras 9 medidas cautelares diversas da prisão, fora a fiança, que viabilizam a liberdade provisória, inclusive para quem estiver sendo acusado por tráfico de drogas.
·  Fiança
3 - Pafúnssia, moradora de rua, justamente por não possuir residência fixa, foi presa em flagrante
pela contravenção penal de vadiagem.
Por não caber preventiva de contravenção, o delegado arbitrou a fiança da presa em 500 mil
reais. A quantia, obviamente, não foi paga e Pafúnssia foi recolhida ao Centro de Detenção
Provisória.
Diante dessa situação, pergunta-se: agiu certo a autoridade policial? Justifique.
RESPOSTA - Não agiu certo, pois o artigo 350 do CPP proíbe o arbitramento da medida cautelar de fiança
para réus pobres.
·  Vedações
4 - Um apresentador de televisão impediu o faxineiro da emissora de usar o elevador social com o
seguinte comentário: esse elevador só transporta pessoa de cor clara.
Profundamente abalado por ter sido vítima de racismo, procura a delegacia do bairro.
O apresentador foi conduzido até o Distrito Policial, porém não ficou preso. Pagou fiança e
ainda recebeu um telefonema do juiz da cidade dizendo que todos nós às vezes podemos errar.
Diante desse caso prático, responda: agiu certo o delegado ao arbitrar a fiança?
RESPOSTA - Não.
O crime de racismo, por força de cláusula pétrea, é inafiançável, não sendo permitido ao
delegado ou juiz arbitrar a fiança para conceder ao preso a liberdade provisória.
· TEMA 07
· CITAÇÃO E INTIMAÇÃO
· Conceitos
1 - Pedro foi denunciado pela suposta prática de crime de furto qualificado pela destruição de
obstáculo (art. 155, § 4º, inciso I, do CP). Recebida a denúncia, determinou o magistrado a
citação do acusado para, nos termos dos arts. 396 e 396-A, do CPP, responder à acusação por
escrito. Entretanto, Pedro não foi localizado no endereço colhido durante o inquérito policial,
sendo o oficial de justiça informado por vizinho que o acusado havia mudado para outro
Estado. Assim, após as providências cabíveis, cuidou o magistrado de promover a citação por
edital do acusado.
Quais as consequências do não atendimento da referida citação por edital? Quais providências
poderá o magistrado adotar?
RESPOSTA - Tratando-se de réu citado por edital, que não compareça aos autos do processo e não
constitua advogado, será decretada a suspensão do processo e do prazo prescricional.
Caso entenda necessário, poderá o magistrado determinar a produção antecipada das provas
consideradas urgentes, desde que fundamentada de forma concreta, não se mostrando válido
apenas o argumento do simples decurso do tempo (Súmula 455, do Superior Tribunal de
Justiça).
De outro lado, poderá o magistrado decretar a prisão preventiva do acusado, observando os
requisitos expressos pelo art. 312, do Código de Processo Penal.
·  Espécies. I
2 - Jorge foi denunciado pela prática do crime previsto no art. 171, do Código Penal. Recebida a
denúncia pela 01ª Vara Criminal da Comarca de Sorocaba/SP, determinou o magistrado a
citação do acusado, residente e domiciliado na cidade de Belo Horizonte/MG. Qual modalidade
de citação se mostra apropriada ao caso e como ocorre seu processamento?
RESPOSTA - Frente ao caso narrado se mostra adequada a citação real, por meio de carta precatória,
regulada através do art. 353, do Código de Processo Penal.
Seu cabimento decorre do réu se encontrar em território nacional, mas fora do território
abrangido pela jurisdição do magistrado responsável pelo processo criminal.
Desta forma, deverá o juízo deprecante (Sorocaba/SP), seguindo os requisitos expressos no
art. 354, do CPP, determinar a expedição de carta precatória ao juízo deprecado (Belo
Horizonte/MG), com a finalidade de citar o réu.
Caso seja o acusado efetivamente citado pelo oficial de justiça, a precatória será devolvida ao
juízo deprecante devidamente cumprida. Do contrário, na impossibilidade de se localizar o réu,
a carta será devolvida sem cumprimento.
· Espécies. II
3 - Discorra acerca da citação do militar e do funcionário público, apresentando seus principais
pontos.
RESPOSTA - A citação do militar na ativa é feita através do chefe do respectivo serviço. Nestas hipóteses encontramos duas situações distintas.
Caso a citação do militar tenha por objetivo apenas cientificar o réu da instauração de processo
criminal em seu desfavor e conceder prazo para resposta à acusação, o ofício não irá conter
requisição de comparecimento.
Tratando-se de citação do militar, com objetivo de tambémcientificar o réu de audiência
designada que deva se fazer presente, o ofício deverá conter requisição de comparecimento ao
ato, sob pena de não estar o acusado obrigado a comparecer.
De outro lado, ao réu funcionário público aplicam-se as mesmas regras da citação pessoal
(mandado por oficial de justiça ou precatória).
Caso seja designado ato que o réu deva comparecer, o chefe da repartição na qual o
funcionário público está lotado também será notificado da data e horário que este deverá
comparecer, sob pena de não estar o acusado obrigado a comparecer.
· Espécies e vícios no chamamento ao processo.
4 - Trata-se a intimação da comunicação sobre algum ato processual efetuada às partes do
processo. Considerando as regras traçadas pelo Código de Processo Penal, indique como se
dará a ciência dos atos para as seguintes partes:
a) Defensor constituído;
b) Advogado do querelante e assistente da acusação;
c) Ministério Público;
d) Defensor nomeado pelo magistrado.
RESPOSTA - No que tange às regras para ciência dos atos, disciplina o art. 370, do Código de Processo
Penal: a) Defensor constituído pelo réu (§1º):
A ciência do defensor constituído pelo réu ocorrerá através de publicação no órgão incumbido
da publicidade dos atos judiciais na comarca.
Caso não haja na localidade órgão que faça a publicidade dos atos judiciais, nos moldes do art. 370, §2º, do CPP: “... a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo”.
b) Advogado do querelante e do assistente da acusação (§1º):
A ciência do querelante e do assistente da acusação ocorrerá através de publicação no órgão
incumbido da publicidade dos atos judiciais na comarca.
Caso não haja na localidade órgão que faça a publicidade dos atos judiciais, nos moldes do art. 370, §2º, do CPP: “... a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo”.
c) Ministério Público (§4º):
Aos membros do Ministério Público será dada ciência pessoal.
d) Defensor nomeado pelo juiz (§4º): Ao defensor público nomeado pelo juiz, será dada ciência pessoal.
· TEMA 08
· SENTENÇA CRIMINAL
· Atos jurisdicionais
1 - A sentença que (I) absolve o acusado, porém mantém a segregação cautelar; e a que (II)
condena o acusado em primeira instância, determinando a expedição de mandado de prisão
como consequência automática da condenação estão corretas? Justifique?
RESPOSTA - Não. A sentença absolutória é considerada “executável” no tocante à colocação do acusado em liberdade, ou seja, produz efeitos imediatamente. Nesse sentido: “Art. 596. A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente em liberdade”. Por outro lado, a sentença de 1ª instância é considerada “não executável”, ou seja, não produz efeitos imediatamente. A prisão preventiva do acusado é até possível, mas deve ser fundamentada em elementos concretos, não decorrendo automaticamente da condenação.
·  Conceito, natureza jurídica, estrutura e requisitos
2 - José é condenado por tráfico de drogas em sentença bem fundamentada. Há recurso de apelação e o Tribunal confirma a sentença, limitando-se a reproduzir o seu teor, inclusive entre aspas. É possível arguir nulidade do acórdão? Qual o fundamento?
RESPOSTA - É possível alegar nulidade do acórdão, por falta de fundamentação. Com efeito, estabelece a Constituição Federal que “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade” (art. 93, IX). Outrossim, em conformidade com o sistema da persuasão racional, o julgador é livre para apreciar a prova produzida nos autos, devendo fundamentar suas decisões. Na jurisprudência:
“É cediço, que a "fundamentação per relationem é admitida pelo Superior Tribunal de Justiça, bem como pelo Supremo Tribunal Federal, sendo imprescindível, no entanto, que o julgador agregue fundamentos próprios" (RHC 61.438/RS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 25/10/2016, DJe 7/11/2016). (STJ, HC 104828 / SP, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, 6ª T., j. 21/02/2017).
· Sentença absolutória
3 - Marco, regularmente processado por tráfico de drogas, é processado por latrocínio (art. 157, §
3º, do Código Penal). Ao final, o juiz absolve o acusado lançando mão do in dubio pro reo, com fundamento no art. 386, IV, do Código de Processo Penal (“não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal”). A sentença absolutória transita em julgado. Pergunta-se:
I. Sobrevindo prova cabal de que o crime foi praticado por Marco, existe óbice a novo
processo contra ele?
II. A família da vítima pode processo Marco no âmbito cível, buscando indenização?
RESPOSTA - I. Não é possível, por conta do princípio da vedação do duplo processo pelo mesmo fato. Nesse sentido, estabelece a Convenção Americana de Direitos Humanos, art. 8, 4 ? “O
acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos”. Também a Constituição Federal prevê, no art. 5º, XXXVI, que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Por fim, a
revisão criminal é admissível apenas em caso de sentença condenatória (art. 621, CPP).
II. Sim, pois a absolvição se deu com fulcro no art. 386, V (falta de prova de ter o réu concorrido para a infração), ou seja, com juízo de dúvida
· Sentença condenatória
4 - João está sendo acusado pela prática de furto de um notebook avaliado em R$ 2.000,00. O juiz
profere sentença condenatória e, de ofício, condena o acusado a reparar à vítima o prejuízo causado, com fulcro no art. 387, IV, do CPP. Está correta a decisão? Justifique?
Aula
RESPOSTA - Não. Para que haja indenização em favor da vítima, é preciso que haja pedido expresso, oportunizando-se contraditório e ampla defesa. Nesse sentido:
“PENAL. RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO. REPARAÇÃO PELOS DANOS CAUSADOS À VÍTIMA. ART. 387, IV, DO CPP. PEDIDO FORMAL E OPORTUNIDADE DE PRODUÇÃO DE CONTRAPROVA. AUSÊNCIA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. RECURSO DESPROVIDO. I. O art. 387, IV, do Código de Processo Penal, na redação dada pela Lei 11.719, de 20 de junho de 2008, estabelece que o Juiz, ao proferir sentença condenatória fixará um valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. II. Hipótese em que o Tribunal a quo afastou a aplicação do valor mínimo para reparação dos danos causados à vítima porque a questão não foi debatida nos autos. III. Se a questão não foi submetida ao contraditório, tendo sido questionada em embargos de declaração após a prolação da sentença condenatória, sem que tenha sido dada oportunidade ao réu de se defender ou produzir contraprova, há ofensa ao princípio da ampla defesa. IV. Recurso desprovido” (STJ, REsp 1185542 / RS, Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª T., j. 14/04/2011, v.u.).
Aula
· TEMA 09
· SENTENÇA CRIMINAL II
· Correlação entre acusação e sentença - emendatio libelli
1 - Márcio está sendo processado porque, em determinado dia e horário, teria subtraído bem
mediante emprego de violência ou grave ameaça. Por equívoco, o promotor, embora tenha
descrito na denúncia o crime de roubo, capitulou a conduta como furto (art. 155). Ao final, o juiz
condenou Márcio pelo crime mais grave. A modificação da capitulação jurídica, prejudicial à
Defesa, enseja nulidade?
Aula
RESPOSTA - É amplamente majoritário o entendimento de que não há nulidade. O réu se defende dos fatos e não da capitulação jurídica. Portanto, o Defensor deve ficar bastante atento à descrição fática para não ser surpreendido.
Aula
·  Correlação entre acusação e sentença - mutatio libelli I
2 - José foi denunciado pela prática de furto de um notebook (art. 155, caput, do Código Penal).
Ao final da instrução, não fica comprovado que José efetivamente subtraiu o objeto, mas tão
somente que estava na posse do bem, produto de crime. Por essa razão, emdebates orais, o
Ministério Público pugna pela condenação do réu pela prática do crime de receptação (art. 180,
caput, do Código Penal). Está correta a postura do promotor de Justiça? Explique.
RESPOSTA - Não. O crime de furto e de receptação têm elementares distintas. Encerrada a instrução probatória e entendendo o promotor ser cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração não contida na acusação, deverá aditar a denúncia, no prazo de 5 dias. Nesse sentido:
“APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO. CASO DE MUTATIO LIBELLI. RÉU DENUNCIADO POR FURTO QUALIFICADO E CONDENADO POR FATO NÃO DENUNCIADO (RECEPTAÇÃO). VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA CORRELAÇÃO, DA AMPLA DEFESA, DO CONTRADITÓRIO E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. A sentença padece de nulidade insanável, pois o réu, denunciado por furto qualificado, foi condenado por receptação. Caso em que se evidencia a mutatio libelli. Contudo, a desclassificação foi operada na sentença condenatória sem o prévio cumprimento das regras do art. 384 do CPP. Sentença nula no ponto, por violação aos princípios da ampla defesa, da correlação e do devido processo legal” (Apelação Crime Nº 70069729226, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Aymoré Roque Pottes de Mello, Julgado em 27/10/2016)
Aula
· Correlação entre acusação e sentença - mutatio libelli II
3 - José é denunciado pela prática de tráfico de drogas. A tese defensiva consiste na alegação de
que o entorpecente não pertence ao acusado. Por ocasião da sentença, o juiz, entendendo que
não ficou demonstrada a intenção de comercializar a droga, condena José pelo crime do art. 28
da Lei 11.343/2006. Com base nessas informações, está correta a decisão? Justifique.
Aula
RESPOSTA - É possível sustentar que a sentença viola a correlação entre acusação e sentença, ferindo o contraditório e a ampla defesa. Afinal, a elementar “para uso próprio” não consta da inicial que imputa ao réu o crime de tráfico de drogas. Nesse sentido:
“Induvidosamente, não há a mínima prova de que a posse era para tráfico, na linha do tipo do art. 33 da Lei nº 11.343/2006. Há, certamente, elementos de que a substância, possivelmente, tinha a finalidade de uso. (...) Contudo, cabe ressaltar que é inaplicável o art. 383 do Código de Processo Penal à espécie, porquanto este é incidente quando é mantida a descrição fática da denúncia. Contudo, como ressaltado, a 'finalidade de tráfico' não restou comprovada. O art. 28 da Lei 11.343/2006 também exige o dolo específico, qual seja, 'para consumo pessoal'. (...) descrição de conduta do recorrido que se amolde à elementar do tipo descrito no art. 28 da Lei de Tóxicos correspondente à finalidade de consumo pessoal da droga”. (STJ, REsp 1435727, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 20/06/2014)
Aula
· Publicação e Intimação da sentença
4 - Fernando está sendo processado pela prática de furto qualificado por rompimento de obstáculo. Na sentença, o juiz condena Fernando pela prática de furto simples, afastando a qualificadora por conta da ausência de laudo pericial. Poucos dias após a publicação da sentença, sobrevém o laudo pericial e o juiz reconsidera a sentença, para o fim de reconhecer a qualificadora. É admissível essa revisão da sentença? Justifique.
RESPOSTA - Não. Após a publicação da sentença, há o esgotamento da instância. O juiz somente pode
modificar a sentença para a correção de inexatidões materiais ou erros de cálculo, ou por meio
de embargos de declaração, para afastar obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão.
Também é possível quando houver a interposição de recurso com efeito regressivo ou para o
fim de reconhecer extinção da punibilidade.
· TEMA 10
· PROCEDIMENTOS
· Procedimento Comum
1 - Com fundamento em inquérito policial, o representante do Ministério Público ofereceu denúncia
contra determinada pessoa, classificando o fato delituoso como aquele previsto no caput do
artigo 155 do CP. O juiz, em decisão interlocutória, entendendo que a peça inicial atendia aos requisitos formais previstos no artigo 41 do CPP, proferiu o seguinte despacho: “recebo a denúncia”. Em seguida, determinou a regular citação do réu, indicando data para o
interrogatório e intimando o Ministério Público para o ato processual.
Indaga-se: a decisão proferida pelo magistrado está de acordo com os preceitos constitucionais
e legais? Qual medida de impugnação seria cabível?
RESPOSTA - É assente na doutrina e jurisprudência a desnecessidade de motivação para o recebimento da peça acusatória, encontrando-se escorreita a decisão proferida. Presume-se que,
acompanhada de provas pré-constituídas, o juiz delas tenha se valido para analisar a existência de justa causa para a ação penal1.
Nesse sentido, recente julgado do STJ, a saber: “(...) 3. No que concerne à nulidade da decisão que recebeu a denúncia, verifico que igualmente não merece prosperar a irresignação do recorrente. Com efeito, conforme firmado pelo Superior Tribunal de Justiça em consonância com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, tem-se que na fase do art. 395 do Código de Processo Penal, ou seja, antes da citação do acusado, bastaria uma fundamentação concisa acerca dos requisitos do art. 41 do referido diploma legal, até mesmo para evitar o préjulgamento da ação penal. Dessa forma, não há constrangimento ilegal na hipótese dos autos, uma vez que efetivamente afirmada pelo Magistrado de origem, por ocasião do recebimento da denúncia, a presença dos requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal. 4. Recurso em habeas corpus improvido.” (STJ, RHC 75.487/ES, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 21/09/2017, DJe 27/09/2017).
O Código de Processo Penal, diferentemente do que ocorre com a decisão de rejeição da exordial acusatória, não prevê recurso contra o recebimento da denúncia. Em regra, portanto, essa decisão é irrecorrível. Os Tribunais admitem, em situações excepcionais, o trancamento do processo via habeas corpus quando há risco para a liberdade de locomoção, ou seja, para delitos punidos com pena privativa de liberdade. Para os demais, não puníveis nesses termos, admite-se mandado de segurança.
· Procedimento Sumário
2 - Após representação da vítima, o Ministério Público apresentou denúncia em face do réu por ter
ele ameaçado a sua esposa de morte durante uma briga de casal. Qual o procedimento
aplicável ao caso em apreço, considerando que o preceito secundário do artigo 147, do CP,
prevê penas de 1 a 6 meses ou multa.
RESPOSTA - Em tese, tratando-se de pena máxima inferior a 2 anos, o procedimento cabível seria o
sumaríssimo, nos termos do artigo 394, § 1º, inciso III, do Código de Processo Penal, c.c. o
artigo 61, da Lei 9.099/95.
Ocorre que, por expressa previsão legal constante do artigo 41, da Lei 11.340/06, que afasta o
rito sumaríssimo para as infrações penais praticadas no contexto de violência doméstica e
familiar contra a mulher, o procedimento aplicável, in casu, será o sumário.
· Procedimento Sumaríssimo
3 - João, denunciado como incurso no artigo 33, caput, da Lei 11.343/06, respondendo ao
processo em liberdade, foi condenado, ao final da instrução processual, às penas de 1 ano e 8
meses de reclusão, em regime aberto, e pagamento de 166 dias-multa pelo delito de tráfico
ilícito de entorpecentes. O seu advogado recorreu da decisão, sendo a apelação julgada
parcialmente procedente. O Tribunal de Justiça desclassificou a conduta de João para o tipo
penal previsto no artigo 28, da Lei 11.343/06 (porte de droga para consumo pessoal), impondo
lhe pena de advertência. Agiu corretamente o Tribunal?
RESPOSTA - O delito previsto no artigo 28, da Lei de Drogas, é de menor potencial ofensivo, sujeito ao rito
sumaríssimo e aos institutos despenalizadores. Dessa forma, realizada a desclassificação da
conduta, nos moldes do caso apresentado, o Tribunal, por não ter competência, deverá remeter
os autos ao Jecrim até mesmo para o oferecimento de proposta de transação penal.
·  Procedimentos Especiais4 - Roberto foi denunciado como incurso no artigo 184, § 2º, do CP, porque flagrado em posse de
633 DVDs e 72 CDs inautênticos. O magistrado de 1º grau, com fulcro no artigo 386, inciso II,
do CPP, absolveu sumariamente o acusado, por entender não haver prova da existência do
fato, já que não atendidas as exigências previstas no artigo 530-C, do CPP. O órgão acusatório
recorreu. Qual seria a decisão mais adequada?
RESPOSTA - O caso em apreço foi extraído do HC 312.169, julgado pelo STJ recentemente, em 20 de julho de 2017, que não conheceu a ordem, confirmando o acórdão proferido pelo TJRS, segundo o qual deu provimento ao apelo ministerial para desconstituir a absolvição, determinando o prosseguimento do feito.
É assente na jurisprudência que a ausência de formalidades nos autos de apreensão caracteriza mera irregularidade, não descaracterizando a materialidade delitiva, sendo permitida a perícia por amostragem.
Nesse sentido: “(...) Com efeito, é assente no Superior Tribunal de Justiça o entendimento no sentido de que a inobservância das formalidades legais previstas no art. 530-C do Código de Processo Penal configura mera irregularidade, não autorizando a absolvição por falta de materialidade. Outrossim, é entendimento sumulado, por meio do verbete 574 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça, que: ‘para a configuração do delito de violação de direito autoral e a comprovação de sua materialidade, é suficiente a perícia realizada por amostragem do produto apreendido, nos aspectos externos do material, e é desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou daqueles que os representem´. Portanto, não há se falar em ausência de materialidade, uma vez que a denúncia faz expressa menção ao auto de apreensão e ao laudo pericial, no qual consta que os CDs e DVDs, analisados por amostragem, apresentam indícios de possível falsificação. Dessa forma, não se revela possível o restabelecimento da decisão proferida pelo Magistrado de origem.”

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