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CAPITULO 3 Estrutura e Organizaão do SUS

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Estrutura e Organização do SUS
Luiz Roberto Brito Catuta
PRINCÍPIOS DO SUS
A assistência à saúde aos cidadãos brasileiros é prestada, dentro do sistema de saúde profissional, por quatro subsistemas: 
1- Subsistema público: constituído por serviços financiados e prestados diretamente pelo Estado, nas esferas federal, estadual e municipal, apresentando-se como a configuração central do sistema. Denominado de Sistema Único de Saúde (SUS) é parte da seguridade social como explicitado no artigo 194 da Constituição Federal;
2- Subsistema privado complementar: refere-se aos serviços prestados pelo setor privado ao sistema público de saúde quando este último apresentar insuficiência de cobertura assistencial à população. Estabelecido através de convênios ou contratos, seguem a regulamentação do SUS, o qual é responsável ainda pelo controle e fiscalização destes recursos assistenciais, devendo a contratação ser prioritária para instituições filantrópicas. Portanto, o SUS é composto tanto pelos serviços públicos quanto por estes serviços complementares, constituídos principalmente por hospitais e unidades de diagnose e terapia;
3- Subsistema privado suplementar: compreende os planos e seguros privados de saúde e
4- Subsistema liberal-privado: a atenção à saúde é paga diretamente para o prestador de serviços (consultórios, hospitais).
Estes subsistemas e suas inter-relações podem ser mais bem visualizados na Figura 1 abaixo:
 (
ACESSO 
UNIVERSAL
) (
FEDERAL, ESTADUAL, MUNICIPAL.
) (
SUS
) (
SUBSISTEMA
PÚBLICO
)
 (
PRIVADO 
CONTRATADO
)
 (
ACESSO DEPENDENTE 
D
A CAPACIDADE DE PAGAMENTO E DA INSERÇÃO
 
NO MERCADO DE TRABA
LHO
) (
PLANOS DE SAÚDE
) (
SAÚDE 
SUPLEMENTAR
) (
SUBSISTEMA
PRIVADO
)
 (
DESEMBOLSO 
DIRETO
)
Figura 1: Sistema de Saúde Brasileiro
Fonte: NORONHA, J.C., LIMA, L.D., MACHADO, C.V. O Sistema Único de Saúde SUS. In: GIOVANELLA, L., ESCOREL, S. LOBATO, L.C.V., NORONHA, J.C., CARVALHO, A.I. (Org.). Políticas e Sistema de Saúde no Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2008.
O SUS é um arranjo organizacional de serviços e ações em saúde. O embrião deste modelo nasce a partir da reforma sanitária e das diretrizes emanadas da 8ª Conferência Nacional de Saúde de 1986, entretanto é criado apenas com a promulgação da Constituição em 1988. 
A Carta de 1988 assegura os princípios doutrinários dos SUS, conforme citado no Art. 196 da II Sessão: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante medidas políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e outro agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” Portanto são princípios doutrinários do SUS a universalidade, a equidade e a integralidade, os quais expressam as ideias filosóficas que orientam sua criação e guiam sua implementação.
O princípio da universalidade assegura que a saúde é um direito de todos (acesso universal) independentemente de gênero, etnia, renda, ocupação ou outras características sociais e pessoais, além de garantir o atendimento e assistência à saúde em todos os níveis de atenção. 
A equidade é o principio regido pela igualdade de assistência à saúde, eliminando preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. Dessa forma, todo cidadão torna-se igual perante o SUS, entretanto em função das disparidades sociais e regionais, os serviços em saúde devem ter sua ação pautada nas necessidades reais da população a ser atendida, sem deixar de priorizar segmentos populacionais que apresentam maiores riscos de adoecer e morrer. 
A integralidade prevê o tratamento holístico de todo cidadão, estruturando o financiamento de ações e serviços coletivos e individuais que buscam garantir a promoção da saúde, prevenção de doenças, bem como a garantia de diagnóstico, tratamento e reabilitação. Engloba ainda ações intersetoriais de importância para a atenção à saúde, tanto individual quanto coletiva. 
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SUS 
A estruturação do SUS sustenta-se em seus princípios ditos organizacionais, por orientarem sua implantação, funcionamento e gestão com a finalidade de atingir os ideais expressos nos princípios doutrinários. Consistem na regionalização, hierarquização, descentralização e participação popular, conforme previsto no Art. 198 da constituição brasileira. 
A regionalização e a hierarquização consistem na distribuição espacial dos serviços, visando atender a necessidade da população por regiões, estados e municípios, em diferentes níveis de complexidade. A primeira prevê a racionalização na distribuição dos recursos assistenciais no território nacional de acordo com a área de abrangência do serviço de saúde e de sua população atendida, além de promover a interligação das redes assistenciais de forma a garantir o acesso e o seguimento do cuidado para todos. 
A rede, entretanto, não pode amparar-se apenas na regionalização, necessita organizar os serviços de saúde através da divisão em níveis de complexidade de atenção à saúde, de forma a estabelecer fluxos assistenciais entre os serviços. Estes níveis de atenção à saúde definem-se pela capacidade que a unidade de saúde tem para prestar assistência e são estabelecidos da seguinte forma: 
1- Atenção Primária (ou Básica): porta de entrada da população nos serviços de saúde, com atenção generalista, de baixa complexidade tecnológica e foco na prevenção e promoção à saúde. (ex.: unidades básicas de saúde – UBS, consultórios, estratégia saúde da família – ESF, assistência domiciliar)
2- Atenção Secundária: serviços mais especializados, com maior nível de complexidade tecnológica e de procedimentos. (ex.: ambulatórios de especialidades e hospitais gerais)
3- Atenção Terciária: serviços muito especializados com alto nível de complexidade e tecnologia. (ex.: hospitais especializados e centros de alta complexidade).
O fluxo dos usuários do sistema entre estes níveis de atenção à saúde gera um sistema de referência e contra referência que tem o objetivo de criar uma melhor eficácia e eficiência dos serviços de saúde.
A descentralização requer uma organização da gestão dividida nas três esferas administrativas (federal, estadual e municipal) de forma que cada uma tem comando único e atribuições próprias. O objetivo desta estratégia é a articulação entre os serviços e a redistribuição do poder. É baseada na municipalização, pois ao conhecer melhor a população local, seus problemas e necessidades relacionadas à saúde, melhor serão as medidas tomadas e a chance de sucesso. Entretanto, a União tem o direito de suspender os repasses financeiros para a administração municipal ou estadual nos casos de irregularidades, descumprimentos dos pré-requisitos ou das responsabilidades assumidas por estas instâncias. 
Já a participação popular é garantida pela lei 8.142/90 através das Conferências e Conselhos de Saúde, espaços importantes para o exercício do controle social do SUS, proporcionando a participação nas decisões, na formulação de políticas, na fiscalização da execução do orçamento e na avaliação da qualidade dos serviços, entre outros.
As Conferências de Saúde surgiram em lei no ano de 1937, no governo Vargas, e visavam orientar a execução dos serviços de saúde em território nacional. Na atual configuração, após 1988, atuam nas diversas instâncias administrativas: Conselho Nacional de Saúde, Conselhos Estaduais de Saúde, Conselhos Municipais, Distritais e Locais de Saúde. Devem ser convocadas pelo chefe do poder executivo de cada esfera de governo, podendo ocorrer em caráter extraordinário quando convocadas pelo chefe da administração ou conselho de saúde. As de caráter nacional e as estaduais ocorrem a cada 4 anos. As municipais, conforme estabelecido pela 9ª Conferência Nacional de Saúde, são bianuais. 
Já os Conselhos de Saúde caracterizam-se pelo caráter deliberativo e permanente, atuando na formulação da estratégia e controle da execução da politica de saúde. Sendo um órgão colegiado, sua composição é 25% de representantes do governo, 25% de prestadores de serviço e profissionaisda saúde e 50% de usuários do SUS, e suas decisões são homologadas pelo chefe do poder executivo. 
O controle social do SUS é ainda realizado por duas instituições: o CONASS (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e o CONASEMS (Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde). Além de estar representada nestas instituições, a população tem garantido o direito à informação sobre sua saúde, cabendo aos profissionais e gestores do setor saúde a viabilização deste direito, além de estarem as autoridades obrigadas a fornecer informações e conhecimentos à população. 
Com a finalidade de regulamentar a implantação do SUS no território nacional, é editada a Lei 8.080 em 1990. Também conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, institui o SUS como um conjunto articulado e contínuo de serviços e ações individuais e coletivas, curativas e preventivas, prestadas nos diversos níveis de complexidade do sistema. A referida lei ainda dispõe sobre a organização e funcionamento dos serviços de saúde (públicos ou privados) em todo território nacional, compreendendo todas as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado. 
A lei orgânica traz em seu Art. 3º os fatores determinantes e condicionantes da saúde, tais como: alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, transporte, lazer, acesso aos bens e serviços essenciais, etc. 
	Na Figura 2 abaixo se esquematiza, de forma resumida, os princípios do SUS e as principais leis que os regulamentam.
 
 (
SISTEMA DE SÁUDE ENQUANTO SEGURIDADE SOCIAL 
(Art. 194 da Constituição Federal)
)
 (
Lei 8080/90 (Lei Orgânica da Saúde)
Lei 8142/90
)
Figura 2: Princípios do SUS e sua regulamentação
OBJETIVOS DO SUS
Os objetivos do SUS estão explicitados no Art. 5º da Lei 8080/90. São eles: identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes de saúde; formulação de políticas de saúde e a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação de saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. 
Assim, o campo de atuação do SUS (Art. 6º da referida lei) é bastante amplo abrangendo a execução de ações de: 
1- Vigilância sanitária: ações ligadas ao meio ambiente, medicamentos e produtos para saúde, consistindo, portanto, no conjunto de ações capaz de diminuir ou eliminar os riscos a saúde da população, intervir nas carências sanitárias do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços;
2- Vigilância epidemiológica: ações ligadas aos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva visando adotar medidas de controle e prevenção de doenças ou agravos à saúde;
3- Saúde do trabalhador: ação conjunta da vigilância epidemiológica e sanitária relacionada à atividade do trabalhador destina esforços para a promoção e proteção das condições de saúde do trabalhador, bom como sua recuperação e reabilitação;
4- Saneamento básico: formulação da politica e execução das ações de adequação das práticas sanitárias de acordo com os determinantes epidemiológicos;
5- Ordenação da formação de recursos humanos na área da saúde;
6- Vigilância nutricional e orientação alimentar;
7- Proteção do meio ambiente, compreendendo também o ambiente ocupacional;
8- Formulação de politica relacionada a medicamentos, equipamentos e imunológicos;
9- Controle e fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse ou relacionadas à saúde;
10- Fiscalização e inspeção de alimentos, água e bebida para o consumo humano;
11- Participação no controle da fiscalização de produtos psicoativos, tóxicos e radioativos (incluindo produção, transporte, guarda e utilização);
12- Desenvolvimento cientifico e tecnológico;
13- Formulação e execução da política de sangue e seus derivados.
As diretrizes do SUS, ainda segundo a Lei Orgânica da Saúde (lei 8.080/90), reafirmam e solidificam os princípios do SUS. São: a descentralização; o atendimento integral; a participação da comunidade; a preservação da autonomia e integridade física e moral das pessoas; a utilização de dados epidemiológicos para o planejamento, gestão e alocação de recursos; a regionalização e hierarquização dos serviços e ações em saúde; a integração entre serviços mediante redes visando a continuidade do atendimento e manutenção da integralidade, de modo a assegurar maior eficiência e eficácia. 
Ressalta ainda a lei a necessidade de resolutividade, isto é a capacidade de resolução dos problemas de saúde de uma população pelos serviços de saúde em todos os níveis de atenção, e a importância da intersetorialidade enquanto integração com outros setores governamentais e da sociedade civil.
GESTÃO E FINANCIAMENTO DO SUS
	Define-se gestão como a atividade e a responsabilidade de comandar um sistema de saúde (municipal, estadual ou federal), exercendo funções de coordenação, articulação, negociação, planejamento, acompanhamento, controle, avaliação e auditoria. Assim os gestores do SUS são os representantes de cada esfera de governo designados para o desenvolvimento das funções do poder executivo na saúde: 
1- Âmbito Nacional: Ministério da Saúde, representado pelo ministro da saúde;
2- Âmbito Estadual: Secretarias Estaduais, representadas pelo Secretário Estadual de Saúde e 
3- Âmbito Municipal: Secretarias Municipais, representadas pelo Secretário Municipal de Saúde. 
O modelo de descentralização adotado no SUS torna os três níveis de governos gestores do SUS, permitindo, entretanto formas de negociação e pactuação de políticas entre os diversos níveis de gestão. A fim de permitir o estabelecimento destas últimas, foram previstos diversos mecanismos. 
Assim, têm-se as Comissões Intergestores Bipartites (CIBs) no âmbito da relação estadual e municipal com composição paritária e caráter deliberativo. As Comissões Intergestores Tripartites (CIT), fórum de caráter nacional, composta, paritariamente, por representantes do Ministério da Saúde, do CONASS e do CONASEMS. 
Estas comissões permitem não só a discussão de políticas, mas, mediante estabelecimento de parcerias e convênios, a execução das ações e a existência dos serviços de saúde necessários. Portanto a gestão do SUS ocorre conforme o esquema abaixo, adaptado de Ibañez e Albuquerque (Figura 3):
 (
GESTOR
) (
COMISSÃO
INTERGESTORA
) (
COLEGIO 
PARTICIPATIVO
)
 (
CONSELHO NACIONAL
) (
COMISSÃO TRIPARTITE
) (
MINISTÉRIO DA SAÚDE
) (
NACIONAL
)
 (
CONSELHO ESTADUAL
) (
SECRETARIAS ESTADUAIS
) (
ESTADUAL
)
 (
COMISSÃO BIPARTITE
)
 (
CONSELHO MUNICIPAL
) (
SECRETARIAS MUNICIPAIS
) (
MUNICIPAL
)
Figura 3: Estrutura Decisória e Organizacional do SUS
Cada esfera de governo tem atribuições e competências que estão explicitadas na Lei 8080/90, além de constarem nas Normas Operacionais e no Pacto pela Saúde/ 2006. 
As Normas Operacionais foram editadas pelo Ministério da Saúde com a finalidade de operacionalizar o SUS, ou seja, a partir das diretrizes estabelecidas na Lei Orgânica, como o SUS deveria ser viabilizado. 
A primeira norma editada foi a Norma Operacional Básica SUS 01/91 (NOB SUS 01/91) que estabeleceu a forma de pagamento pelos serviços hospitalares e ambulatoriais. Criou-se o Sistema de Informação Hospitalar (SIH) e o Sistema de Informação Ambulatorial (SIA/SUS). Assim, o pagamento das internações hospitalares ocorre através da Autorização de Internação Hospitalar (AIH) e os procedimentos ambulatoriais pela Unidade de Cobertura Ambulatorial (UCA). 
Em 1992 é editada a Norma Operacional Básica SUS 01/92 (NOB SUS 01/92), onde surge o Fundo Nacional de Saúde. É, porém, a Norma Operacional Básica SUS 01/93 (NOB SUS 01/93) a que aprofunda a descentralização. 
A NOB SUS 01/93 formalizou os princípios aprovados na 9ª Conferência Nacional de Saúde (realizada em 1992), que teve como tema central “a municipalização é o caminho”, e desencadeou um amplo processo de municipalização da gestão através da habilitaçãodos municípios nas condições de gestão incipiente, parcial e semiplena. Além de habilitar os municípios, a NOB trouxe a transferência “fundo-a-fundo” para o financiamento, clareou o papel dos municípios e estados enquanto gestores e constituiu as CIB e CIT. 
A Norma Operacional Básica SUS 01/96 (NOB SUS 01/96) traz incentivos ao Programa de Saúde da Família (PSF) e Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Institui a gestão plena municipal de saúde, avançando na descentralização, tornando o município responsável imediato pelo atendimento das necessidades do cidadão. Os estados adquirem a função de moderadores e a União de normatizar e financiar a saúde municipal. Estabeleceu ainda: 
a. Piso Assistencial Básico (PAB): montante de recursos financeiros destinados ao custeio de procedimentos de assistência básica, cuja responsabilidade é municipal. Calculado a partir de um valor per capta nacional multiplicado pela população de cada município, é transferido para o fundo municipal ou conta especial dos municípios. Há ainda um valor variável, também transferido “fundo-a-fundo” e estabelecido conforme critérios de programas específicos. 
b. Programação Pactuada Integral (PPI): envolve atividades de assistência ambulatorial e hospitalar e de vigilância em saúde, vinculadas às iniciativas e negociações intermunicipais, intermediadas pela instância estadual.
O financiamento dos SUS é estabelecido pela Emenda Constitucional EC 29/2000, a qual estabelece o quanto cada esfera governamental deve destinar de impostos à saúde. Este valor é destinado aos Fundos de Saúde: conta especial que engloba todos os recursos destinados à saúde, previsto pela Lei 8142/90 e fiscalizado pelos conselhos de saúde e poder legislativo. As transferências dos recursos são ditas “fundo-a-fundo” por se darem do fundo estadual para o municipal como exemplo. 
A EC 29/2000 estabelece percentuais mínimos de arrecadação que devem ser destinado à saúde. Portanto, os estados devem vincular 12% de sua arrecadação, os municípios 15% e a União deve investir no mínimo o percentual correspondente a variação do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no ano anterior ao da lei orçamentária do ano vigente. Assim, os recursos federais correspondem a aproximadamente 60% do total dos gastos com ações de saúde no Brasil. 
As Normas Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS) são posteriores às NOB e resumem-se em: 
1- NOAS/SUS 2001: com o objetivo de promover maior igualdade no acesso da população em todos os níveis de complexidade e melhor alocação de recursos. Também estimula a implantação dos programas PSF E PACS, estabelece transferências “fundo-a fundo” para referências intermunicipais e institui o Plano Diretor de Regionalização (PDR), que estabelece que a atenção básica deve ser prestada o mais próximo possível do munícipe e que devem ser realizadas referências intermunicipais para o atendimento integral à saúde. 
2- NOAS/SUS 2002: estabelece as normas do processo de regionalização e a rede hierarquizada. Esta norma prevê ações estratégicas mínimas na atenção básica de saúde. 
Como resultado de todas estas normas, houve uma efetiva descentralização das ações e serviços de saúde e ampliação do papel dos municípios enquanto gestores do SUS. Ocorreu ainda a definição mais adequada do papel do gestor estadual e da organização das redes de atenção á saúde com reforço aos pactos intermunicipais (convênios e consórcios). O financiamento compartilhado ficou melhor explicitado.
PACTO PELA SAÚDE 
	Desde 2003 o CONASS e o CONASEMS vinham rediscutindo a normatização do SUS existente até então. A crítica que se fazia às Normas Operacionais era a não consideração de especificidades regionais existentes no país, assim, era necessário rediscutir uma nova norma que atendesse aos princípios e objetivos do SUS e contemplasse estas diferenças. 
	Surge assim o documento: Diretrizes Operacionais do Pacto pela Saúde, que consiste no Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS.
	O Pacto pela Vida assegura o compromisso entre os gestores do SUS em torno das prioridades que a população brasileira apresenta quanto à situação de saúde. Estas prioridades devem ser estabelecidas através de metas nacionais, estaduais e municipais, e configuram-se pela atenção e priorização à: saúde do idoso; controle do câncer do colo de útero e mama; redução da mortalidade infantil e materna; fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza; promoção de saúde e fortalecimento da atenção básica.
	O Pacto em Defesa do SUS tem como objetivo discutir a saúde pública enquanto política de Estado e não de governos. Para tanto busca a aprovação do orçamento do SUS composto pelo orçamento das três esferas de gestão; a regulamentação da Emenda Constitucional nº29; elaboração e publicação da Carta dos Direitos dos Usuários do SUS; ampliação e fortalecimento de relações com os movimentos sociais; estabelecimento de diálogo com a sociedade e articulação e apoio à mobilização social pela promoção e desenvolvimento da cidadania. 
	O Pacto de Gestão do SUS estabelece claramente as responsabilidades de cada ente federado (quem deve fazer o quê) a fim de efetivar um sistema de saúde que com respeito às diversidades regionais, com maior transparência financeira e garantindo a participação social. 
CONCLUSÃO 
O Sistema Único de Saúde (SUS), como definido pela Constituição de 1988, tem como referencia a saúde como direito a ser assegurado pelo Estado, pautado pelos princípios da universalidade, integralidade e equidade, organiza-se de forma regionalizada, descentralizada e hierarquizada, onde a participação popular é fundamental para que seja fiscalizado. 
Estes princípios e diretrizes do SUS baseiam-se nas definições de saúde de órgãos internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e nas experiências bem sucedidas de outros sistemas de saúde, além de incorporar características que lhe são próprias, estas determinadas pelas condições históricas de seu surgimento, pela epidemiologia populacional, pelas diversidades regionais marcantes que existem no país e por suas circunstâncias políticas e econômicas. 
O SUS compõe-se dos serviços públicos de saúde e dos serviços complementares prestados pelo setor privado e estende-se em um amplo campo de atuação conforme o previsto legalmente em suas atribuições. Diante de um processo continuo de construção do SUS, apresentou ao longo de sua existência adaptações e atualizações em sua estrutura e organização sempre com vistas à consolidar seus princípios. 
Bibliografia:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília (DF): Senado Federal, 1998. 
BRASIL. LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8080.htm. Acesso em 08 de julho de 2013. 
BRASIL. LEI Nº 8.142 28 DE DEZEMBRO DE 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS} e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Disponível em http://conselho.saude.gov.br/legislacao/lei8142_281290.htm. Acesso em 08 de julho de 2013. 
Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Sistema Único de Saúde / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília : CONASS, 2007.
IBAÑEZ, N., ALBUQUERQUE, M.V. O SUS: Estrutura e organização. In: ROCHA, J.S.Y. (Org.). Manual de Saúde Pública e Saúde Coletiva no Brasil. São Paulo: Atheneu, 2012. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. ABC do SUS: doutrinas e princípios. Brasília: Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. 1990. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual para Organização da Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 1999. Disponível em: http://www.saude.caop.mp.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=50. Acesso em 12 de outubrode 2013. 
NORONHA, J.C., LIMA, L.D., MACHADO, C.V. O Sistema Único de Saúde SUS. In: GIOVANELLA, L., ESCOREL, S. LOBATO, L.C.V., NORONHA, J.C., CARVALHO, A.I. (Org.). Políticas e Sistema de Saúde no Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2008. 
SCHNEIDER, A. e cols. Pacto pela saúde: possibilidade ou realidade? Passo Fundo: IFIBE, 2009. 
VASCONCELOS, C.M., PASCHE, D.F. O Sistema Único de Saúde. In: CAMPOS, G.W.S. (Org.). Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: HUCITEC, 2006.
Princípios doutrinários
(Art. 196 da Constituição Federal)
UNIVERSALIDADE
EQUIDADE
INTEGRALIDADE
Princípios organizacionais
(Art. 198 da Constituição Federal)
REGIONALIZAÇÃO
HIERARQUIZAÇÃO
DESCENTRALIZAÇÃO
PARTICIPAÇÃO POPULAR

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