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não podia aguentar mais. Simplesmente me encolhi como uma bola e torci para a morte chegar depressa.79 Depois de um respiro no tempo, Klev Schoening, cujo pai doente havia escolhido não fazer parte da investida ao topo, concluiu que sabia a direção do acampamento. Ele começou a incentivar os outros a voltar a se mexer. Alguns alpinistas, entretanto, não conseguiam ficar de pé; outros perdiam e recuperavam a consciência. Beidleman, Groom, Schoening e Gammelgaard conseguiram encontrar For the exclusive use of T. Veronez, 2015. This document is authorized for use only by Tarik Veronez in Analise da Decis?o 2015 - 2 sem-1 taught by Fernando de Almeida, Universidade de Sao Paulo (USP) from March 2015 to September 2015. Monte Everest - 1996 15 o caminho de volta ao Acampamento IV pouco antes da meia-noite. Forneceram informações detalhadas a Boukreev, que partiu socorrer os outros. Ele percebeu a lanterna frontal de Madsen no meio da tempestade e localizou o grupo. Ajudou Pittman, Fox e Madsen a voltar ao campo aproximadamente às quatro e meia da manhã. Com relutância, eles deixaram Namba e Weathers para trás, supondo que os alpinistas moribundos não podiam ser salvos naquele momento. Às quatro e quarenta e três, Hall entrou em contato com o pessoal do Acampamento Base pelo rádio. Disse-lhes que Hansen havia morrido e que Harris havia desaparecido. Hall acabou descendo para o Cume Sul, mas não conseguiu prosseguir além daquele ponto. Enquanto isso, vários xerpas partiram em socorro de Fischer ao raiar do dia. Encontraram-no quase morto. Os xerpas forneceram- lhe oxigênio, mas logo concluíram que não podiam ajudá-lo. Deixaram-no e voltaram ao Acampamento IV. Ninguém jamais viu Fischer outra vez. Depois, naquela tarde, o Dr. Weathers espantou seus companheiros ao entrar no Acampamento IV. Deixado como morto, de algum modo recobrara suas forças e encontrara o caminho de volta ao acampamento. Incrivelmente, Hall também sobreviveu ao longo da tarde, sozinho no alto da montanha. Às seis e vinte, Hall falou com a mulher, que havia sido conectada a seu rádio através do telefone via satélite do Acampamento Base. Ele lhe disse, “Eu amo você. Durma bem, meu amor. Por favor não se preocupe demais.”80 Tristemente, ninguém falou com Hall novamente após esta comovente chamada. Na manhã de 12 de maio, os alpinistas deram-se conta de uma sombria realidade. Cinco de seus companheiros alpinistas não voltariam mais; Hall, Fischer, Hansen, Namba e Harris haviam morrido. Transtornados e exaustos, os sobreviventes iniciaram sua descida ao Acampamento Base. Refletindo sobre o Passado Desde 1996, muitos analisaram as decisões tomadas por Hall e Fischer durante sua escalada, e citaram algumas possíveis causas para a tragédia. Há muitas teorias rivais, e muito desacordo entre os sobreviventes e outros peritos alpinistas. Alguns indivíduos, como Krakauer, reconheceram que erros foram cometidos, mas enfatizaram que escalar o Everest sempre será um empreendimento arriscado e perigoso. Afinal, tempestades, avalanches e quedas de grandes pedaços de gelo causaram muitas mortes ao longo dos anos. Esta escola de pensamento enfatizava a inevitabilidade do fracasso e da tragédia nas encostas do Everest. Krakauer explicou: Analisar o que deu errado no Everest é uma atividade bastante útil; poderia provavelmente prevenir algumas mortes adiante. Mas é ilusão acreditar que dissecar os trágicos eventos de 1996 em detalhes mínimos vai realmente reduzir a taxa futura de mortalidade de maneira significativa. A ânsia de catalogar as centenas de asneiras para “aprender com os erros” é na maior parte um exercício de negação e auto-engano. Se você conseguir se convencer de que Rob Hall morreu porque cometeu uma série de erros estúpidos e você é esperto demais para repetir esses mesmos erros, fica mais fácil para você tentar o Everest apesar de provas bem fortes de que fazê-lo é desaconselhável. Verdade seja dita, escalar o Everest sempre foi um empreendimento extraordinariamente perigoso e sem dúvida sempre será...os mais fortes guias do mundo são às vezes impotentes para salvar até mesmo suas próprias vidas. Quatro companheiros meus morreram não tanto porque os sistemas de Rob Hall eram falhos – na verdade ninguém tinha sistema melhor – mas porque no Everest é a natureza dos sistemas desmontar-se para valer.81 For the exclusive use of T. Veronez, 2015. This document is authorized for use only by Tarik Veronez in Analise da Decis?o 2015 - 2 sem-1 taught by Fernando de Almeida, Universidade de Sao Paulo (USP) from March 2015 to September 2015. Monte Everest - 1996 16 Outros colocaram que falhas humanas causaram a tragédia, e portanto essas mortes podiam ser evitadas. Isso aponta para uma série de erros cruciais cometidos por Hall e Fischer durante a expedição. Um guia experiente foi mais duro: “Os eventos de 10 de maio não foram acidente ou ato de Deus. Foram o resultado final de pessoas que estavam tomando decisões sobre se deviam prosseguir e como.”82 Boukreev reconheceu que as equipes cometeram erros críticos durante a escalada. Entretanto, ele discordava dos que procuravam identificar um fator predominante na raiz da tragédia. Concluiu, “Citar uma causa específica seria promover uma onisciência que somente deuses, bêbados, políticos e dramaturgos podem alegar.”83 For the exclusive use of T. Veronez, 2015. This document is authorized for use only by Tarik Veronez in Analise da Decis?o 2015 - 2 sem-1 taught by Fernando de Almeida, Universidade de Sao Paulo (USP) from March 2015 to September 2015. Monte Everest - 1996 17 Anexo 1: Chegadas ao Topo e Mortes no Everest Chegadas ao Topo Mortes Fonte: Adaptado pelo autor do caso do livro de Broughton Coburn, Everest: Mountain Without Mercy (Everest: Montanha Impiedosa) For the exclusive use of T. Veronez, 2015. This document is authorized for use only by Tarik Veronez in Analise da Decis?o 2015 - 2 sem-1 taught by Fernando de Almeida, Universidade de Sao Paulo (USP) from March 2015 to September 2015. Monte Everest - 1996 18 Anexo 2: Principais Eventos na História do Everest 1921: Na primeira expedição ao Everest, George Leigh Mallory e Guy Bullock alcançam o Colo Norte (7.000 metros aproximadamente) 1922: Mallory e três outros alpinistas atingem 8.170 metros. Algumas semanas depois, Mallory faz outra tentativa ao topo. Entretanto, encontra uma avalanche, o que resulta na morte de sete xerpas (as primeiras mortes registradas no Everest) 1924: Edward Norton atingem 8.570 metros sem uso de oxigênio suplementar. Mallory e Andrew Irvine fazem uma tentativa usando garrafas de oxigênio. Os dois morrem, e até hoje não se sabe se chegaram ao topo durante sua escalada 1936: A sexta expedição britânica com objetivo Everest, mas falha em atingir o topo devido ao início prematuro da temporada de monções. O grupo inicia o uso de pequenos rádios para manter comunicações durante a expedição 1952: Raymond Lambert e o xerpa Tenzing Norgay atingem 8.595 metros usando oxigênio suplementar. Tornam-se os primeiros alpinistas a quebrar o recorde de Norton de 1924. 1953: Edmund Hillary e o xerpa Tenzing Norgay tornam-se os primeiros alpinistas a chegar ao topo do Everest. Sobem pela rota do Colo Sul 1960: Uma equipe tibetana e chinesa torna-se o primeiro grupo a chegar ao topo pela rota do Norte 1975: Junko Tabei é a primeira mulher a atingir o topo 1978: Peter Habeler e Reinhold Messner fazem a primeira escalada de sucesso sem oxigênio suplementar 1980: Messner faz a primeira escalada solo 1983: David Breashears transmite as primeiras imagens televisionadas ao vivo do cume 1985: Breashears guia o negociante texano de 55 anos Dick Bass até o topo, tornando-se o primeiro