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Á R E A S P R O T E G I D A S UNIDADE 1 CONCEITOS E OBJETIVOS DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO OBJETIVOS DE ApRENDIzAgEm A partir desta unidade, você será capaz de: conhecer alguns conceitos básicos para o entendimento da legislação sobre as Unidades de Conservação; caracterizar e diferenciar as categorias das Unidades de Conservação; abordar as etapas para a criação e para a implantação de Unidades de Conservação. TÓpICO 1 – pADRONIzAÇÃO DE CONCEITOS E DEFINIÇÕES TÓpICO 2 – ESpAÇOS TERRITORIAIS ESpECIALmENTE pROTEgIDOS TÓpICO 3 – ESTRUTURAÇÃO DO SISTEmA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO TÓpICO 4 – CRIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO pLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em quatro tópicos. Ao final de cada um deles você encontrará atividades que o(a) auxiliarão na apropriação e fixação dos conteúdos estudados. Á R E A S P R O T E G I D A S Á R E A S P R O T E G I D A S pADRONIzAÇÃO DE CONCEITOS E DEFINIÇÕES 1 INTRODUÇÃO 2 BIODIVERSIDADE TÓpICO 1 Para começarmos os estudos sobre Gestão em Unidades de Conservação é importante abordar, inicialmente, alguns conceitos e definições relacionados com o tema. Para que servem as Unidades de Conservação? Sua função é preservar, conservar ou manter as áreas naturais? Quem é responsável por estas áreas? Posso ter uma Unidade de Conservação em minha propriedade? Como fazer para definir os possíveis usos em cada uma destas áreas?... Todos esses temas serão abordados nas três unidades deste Caderno de Estudos, cada um no seu devido tempo. Inicialmente, falaremos sobre a biodiversidade, sobre os tipos de Unidades de Conservação existentes e sobre o processo de criação destas áreas. Bons estudos! A diversidade de formas de vida é em número tão grande que ainda temos que identificar a maioria delas, sendo esta a maior maravilha do planeta (WILSON, 1997). O termo biodiversidade está muito presente na mídia popular e na literatura científica, mas, muitas vezes, acaba sendo utilizado sem uma definição consistente do seu significado. De forma simples, o termo é utilizado para expressar a riqueza de espécies existentes em uma área, ou seja, o número de espécies presentes em uma unidade geográfica definida. De todo modo, é importante que você saiba que a biodiversidade pode ser analisada em uma escala menor ou maior do que a de espécie. UNIDADE 1 UNIDADE 1TÓPICO 14 Á R E A S P R O T E G I D A S NOT A! � NOT A! � A biodiversidade da Terra é um recurso renovável vital encontrado na variedade de genes, espécies, ecossistemas e processos ecológicos. O termo comunidade tem frequentemente designado um conjunto de espécies de seres vivos que ocorrem numa determinada localidade, sendo dominada por uma ou mais espécies proeminentes ou por algumas características físicas. Já uma população é definida como um grupo de indivíduos da mesma espécie que interage e ocupa uma determinada área (habitat). No primeiro momento, vamos analisar a diversidade de espécies que, conforme Magurran (1988), pode ser medida pelo número de espécies, pela descrição da distribuição da abundância relativa das mesmas ou por uma combinação desses dois componentes. Porém, alguns autores (ChaPIN et al., 2000, PrIMaCk; rODrIGUES, 2001) reconhecem que a diversidade refere-se quase sempre ao número de espécies, devendo-se considerar também as variações genéticas que ocorrem dentro das populações e as variações entre as diversas comunidades biológicas. As variações que ocorrem nos ambientes naturais refletem de modo direto no incremento do número de espécies ao longo do tempo. O número de espécies nas comunidades biológicas ao longo do tempo tem se mantido aproximadamente estabilizado ou, no máximo, em um ritmo de crescimento vagaroso, embora pontuado por breves períodos de extinção acelerada a cada poucas dezenas de milhões de anos (WILSON, 1997). Diante destas afirmações, observa-se que o incremento na diversidade pode estar correlacionado positivamente com os gradientes ambientais. Inserido neste contexto, percebe-se que as diferentes formas de vida estão distribuídas no espaço e no tempo de modo desigual em função das variações ambientais (GASTON, 2000; TILMAN, 2000; FELFILI, 2001). As características ambientais que podem influenciar na diversidade, de tal modo que o número de espécies seja variável em diferentes comunidade amostradas, podem estar relacionadas com as diferentes fases de regeneração (NUNES et al., 2003), com os diferentes tipos de solo (BOTrEL et al., 2002) ou, ainda, podem estar vinculadas às diferenças climáticas existentes (CONDIT et al., 2004; FraNÇa, STEhMaNN, 2004; OLIVEIRA-FILHO et al., 2004). Muitas dessas relações têm sugerido mecanismos que regulam a diversidade biológica. Portanto, a diversidade pode ser influenciada por processos locais ou UNIDADE 1 TÓPICO 1 5 Á R E A S P R O T E G I D A S UNI EST UDO S FU TUR OS! � Você sabia que das 200 mil espécies de Magnolyophytas (espécies com flores e frutos) conhecidas, aproximadamente 30% estão em território brasileiro? Para que você possa aprofundar seu conhecimento sobre esse assunto sugerimos a leitura do livro “Biodiversidade”, de autoria de WILSON, E. O. A publicação é da editora Nova Fronteira, do Rio de Janeiro, e foi lançada em 1997. por processos regionais, todos operando em uma escala temporal específica (SCHLUTER; rICkLEFS, 1993, STEEGE; ZaGT, 2002). alguns autores (LÜTGE, 1997, rICharDS, 1998, OSBOrNE, 2000) salientam que a dinâmica das características ambientais fez com que as espécies evoluíssem com o passar dos tempos e formassem estruturas complexas, principalmente em se tratando das florestas tropicais, as quais são mencionadas por sua alta diversidade. Você pode observar que, conforme as afirmações expostas acima, as florestas tropicais suportam a mais exuberante e complexa diversidade (WhITMOrE, 1990, LaUraNCE et al., 2004), sendo que a manutenção dessa é devido às condições ambientais diferenciadas encontradas no ambiente tropical (CONNELL; TraCEY; WEBB, 1984, LaUraNCE et al., 2004). Por isso, acredita-se que estimar a diversidade das espécies no bioma tropical está, provavelmente, além da capacidade do esforço científico atual. Portanto, a biodiversidade é o capital biológico que ajuda na manutenção do planeta. Ela fornece alimento, energia e elementos que movem a sociedade humana. a biodiversidade auxilia, ainda, na manutenção da fertilidade do solo, na qualidade do ar e da água e no controle biológico de populações de rápido crescimento (pragas). UNIDADE 1TÓPICO 16 Á R E A S P R O T E G I D A S NOT A! � 2.1 DIvErSIDaDE GENéTICa a diversidade genética representa a totalidade de genes presentes dentro das espécies. Portanto, reúne toda a variabilidade genética existente entre populações de uma mesma espécie, bem como a variabilidade genética dentro de uma população. Quando uma espécie apresenta alta diversidade genética, podemos afirmar que o seu estabelecimento em um novo hábitat, além de sua persistência em um contexto de mudança do ambiente, é facilitado. A extinção de uma população de uma determinada espécie acarreta na extinção de genes únicos. Então, populações de uma mesma espécie que se desenvolvem em ambientes diferentes passam a constituir unidades genéticas diferenciadas, primordiais e merecedoras de proteção. Vamos dar um exemplo simples para que você compreenda a diversidade genética. Para isso considere peixes piavas em um rio, árvores de peroba em uma floresta e pessoas em um determinado país. Nas populações naturais há variação na composição genética dos indivíduos, razão pela qual a morfologia externa e o comportamento são diferentes. Essa variação é chamada de diversidade genética de uma população. Na figura a seguir você pode notar as diferentes cores dos indivíduos de uma mesma espécie de caracol, ou seja, a diversidade genética na população. FIGUra 1 – DIvErSIDaDE GENéTICa ENTrE INDIvÍDUOS DE CaraCOL FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_Wn1oSPx1myA/S3CaPybcNGI/AAAAAAAAFlg/ i5qoSIFMWm8/s1600-h/4g.jpg>. Acesso em: 22 jan. 2011. UNIDADE 1 TÓPICO 1 7 Á R E A S P R O T E G I D A S NOT A! � 2.2 DIvErSIDaDE DE ESPéCIES a diversidade de espécies é considerada como uma variedade de espécies existentes em uma determinada região. Levantamentos recentes indicam que já foram descritos cerca de 1,7 milhão de organismos diferentes (WILSON, 1997). Segundo dados apresentados na revista Veja – Edição Especial SUSTENTABILIDADE (dez., 2010): ● O número de vertebrados sofreu uma redução de 30% desde 1970 e uma a cada cinco espécies corre risco de extinção. ● Todo ano, 50 espécies de vertebrados ficam mais próximas da extinção. ● O número de exemplares de 1.340 espécies de pássaros, mamíferos, anfíbios e répteis pesquisados pela WWF caiu 25% desde 1970. ● Um em cada quatro mamíferos corre risco de extinção, sobretudo em regiões tropicais. Uma informação importante para você é que a diversidade de espécies é maior nos trópicos e menor próximo aos polos. O ambiente mais rico em espécies da flora e da fauna é a floresta pluvial tropical. Portanto, as comunidades biológicas nos habitats diferem quanto aos tipos e números de espécies que apresentam, bem como aos papéis ecológicos que essas desempenham. 2.3 DIvErSIDaDE DE COMUNIDaDES E ECOSSISTEMaS Comunidade é o conjunto de populações que vivem em uma determinada área, num determinado espaço de tempo. O conjunto de comunidades associadas a um ambiente físico denomina-se ecossistema. Portanto, esse nível de biodiversidade reúne diferentes tipos de habitats, de comunidades e de ecossistemas de uma determinada região. reúne, ainda, a diversidade de interações existentes entre as espécies e o meio que elas ocupam. As espécies interagem tanto com o ambiente físico através de processos de troca de energia e de elementos, como a fotossíntese, a respiração e os ciclos biogeoquímicos, quanto com outras diferentes espécies presentes na comunidade. Essas interações são consideradas como componentes importantes da biodiversidade. UNIDADE 1TÓPICO 18 Á R E A S P R O T E G I D A S NOT A! � AUT OAT IVID ADE � Ecossistema é denominado como o conjunto de uma comunidade de diferentes espécies que interagem umas com as outras e com seu meio natural. Os ecossistemas apresentam variações quanto ao tamanho, por exemplo: uma poça d’água a um rio, uma árvore a um fragmento florestal. Um ecossistema pode ser tanto natural quanto criado pelo homem (exemplo: plantações e reservatórios). Procure descrever algumas comunidades das quais você tem conhecimento, relacionando-as aos ecossistemas onde são encontradas! As interações entre espécies auxiliam o estabelecimento dos níveis de diversidade ao longo do tempo. Algumas relações são consideradas positivas, outras são consideradas negativas, podendo ocorrer entre indivíduos da mesma espécie (intraespecíficas) ou entre indivíduos de espécies diferentes (interespecíficas). A classificação das interações ecológicas foi estabelecida por Haeckel, em 1949. Após esse período, diversos autores sugeriram modificações, entre eles Burkholder (1952) e Odum (1988). Segundo essa classificação, as relações podem ser as seguintes: UNIDADE 1 TÓPICO 1 9 Á R E A S P R O T E G I D A S QUaDrO 1– rELaÇÕES INTra E INTErESPECÍFICaS Relações interespecíficas harmônicas Mutualismo Quando o crescimento e a sobrevivência das espécies são beneficiados e nenhuma das duas consegue sobreviver em condições naturais sem a outra. Exemplos: liquens (fungos e algas); transporte de pólen de uma flor a outra flor da mesma espécie por uma abelha (processo de polinização). Protocooperação Quando as duas populações são beneficiadas pela associação, embora as relações não sejam obrigatórias. Exemplo: anêmona e paguro. Inquilinismo relação na qual apenas uma espécie é beneficiada, sem existir prejuízo para a outra espécie associada. O inquilino obtém abrigo (proteção) ou ainda suporte no corpo da espécie hospedeira (“caso específico do comensalismo”). Exemplo: orquídeas. Comensalismo Considerado uma interação entre espécies que beneficia uma delas, mas causa nenhum ou pouco efeito sobre a outra espécie. O comensal utiliza os restos alimentares da outra espécie. Exemplos: tubarão e peixe- piloto; epífitos (bromélias que vivem sobre outra árvore). Forésia Associação entre indivíduos de espécies diferentes, na qual um transporta outro, sem se prejudicarem. Exemplo: relação entre o mosquito Aedes aegipty e o vírus da dengue. Desarmônicas amensalismo Quando indivíduos de uma espécie secretam ou expelem uma substância que inibe ou impede o desenvolvimento dos indivíduos da outra espécie. Exemplo: secreção de antibióticos por fungos; maré vermelha. Predação Na predação, membros de uma espécie alimentam-se de outra espécie. Exemplos: herbivoria (lagarta se alimentando de folhas); onças e antas (relação de predador e caça). Parasitismo Os organismos de uma espécie vivem dentro ou sobre os organismos de outra espécie, retirando destes o seu alimento. Exemplo: carrapatos. Sinfilia Os indivíduos de uma espécie mantêm indivíduos de outra espécie em cativeiro, para obter vantagens. Exemplo: formigas e pulgões. Competição interespecífica Ocorre a inibição ativa das espécies ou uma afeta adversamente a outra, de forma indireta, na luta por recursos limitados. Exemplo: peixe piloto x rêmora, pelos restos de comida deixados por tubarões. UNIDADE 1TÓPICO 110 Á R E A S P R O T E G I D A S NOT A! � NOT A! � FONTE: as autoras CUIDADO! É importante ressaltar que mutualismo não é a mesma coisa que simbiose! A simbiose refere-se a toda e qualquer associação permanente entre indivíduos de espécies diferentes que, normalmente, exerce influência recíproca no metabolismo, seja ela uma interação positiva ou negativa (parasitismo, comensalismo e mutualismo). ATENÇÃO! Organismos comensais podem se tornar parasitas de seus hospedeiros caso ocorram certas modificações do meio onde estão inseridos! As relações podem ser estabelecidas ainda, segundo Brewer (1994), de acordo com o envolvimento da questão alimentar ou trófica. São exemplos de relações tróficas: herbivoria, frugivoria, predação de sementes, outros tipos de herbivoria, predação, parasitismo e saprofitismo. Já o comensalismo, competição, amensalismo, neutralismo, mutualismo, micorriza e polinização, são exemplos de relações não tróficas. Todas essas relações estão diretamente relacionadas com os índices de diversidade existentes em um determinado bioma ou em um determinado ecossistema, pois contribuem com a teia da vida que se estabelece ao longo do tempo. Relações intraespecíficas harmônicas Sociedade Os indivíduos vivem permanentemente juntos, cooperando entre si. Exemplos: abelhas; formigas; cupins. Colônia Pode ser considerada uma entidade diferente dos organismos individuais, onde ocorre a formação de uma unidade estrutural e funcional específica. Exemplo: corais. Desarmônicas Canibalismo Relação onde um indivíduo mata outro da mesma espécie para se alimentar. Exemplos: louva-a-deus; tubarão (filhotes no ventre materno). Competição interespecífica Ocorre a inibição direta ou indireta na luta por determinados recursos. Exemplos: disputa por alimentação, por reprodução ou por território. UNIDADE 1 TÓPICO 1 11 Á R E A S P R O T E G I D A S 2.4 a BIODIvErSIDaDE NO BraSIL O Brasil é um país classificado como tropical, possuindo assim grandes níveis de biodiversidade. Algumas das características peculiares das florestas tropicais, listadas a seguir (RICKLEFS, 2003), impõem enormes desafios à conservação e ao manejo dos ecossistemas tropicais, devido aos inúmeros fatores que abrangem, como: ●Alta diversidade de espécies. ●Alta frequência de polinização cruzada. ●Ocorrência comum de mutualismo. ●Alto índice de fluxo de energia na cadeia trófica. ●Ciclo de nutrientes relativamente curto. O Brasil destaca-secomo o país que abriga a maior diversidade vegetal e animal do mundo. Você pode confirmar essa afirmação através da análise da figura a seguir. FIGUra 2 – MaPa GLOBaL DE BIODIvErSIDaDE DE PLaNTaS vaSCULarES FONTE: Disponível em: <http://www.brazadv.com/images/biodiversity.bmp>. Acesso em: 2 jan. 2011. UNIDADE 1TÓPICO 112 Á R E A S P R O T E G I D A S NOT A! � Através da análise da figura acima vocês podem observar como a Floresta Amazônica possui um elevado grau de diversidade ecológica. No entanto, isso denota, também, uma característica de um ecossistema frágil, devido a seus solos arenosos. O solo amazônico é rico devido à incorporação contínua de matéria orgânica proveniente da floresta. Então, a riqueza de espécies da flora e da fauna possibilita uma incorporação contínua de diferentes nutrientes. Além disto, é importante ressaltar que o grande número de espécies em uma floresta é positivo em situações de mudanças ambientais (exemplo: aumento de temperatura), ataque de pragas. Então, se todas as plantas da Floresta amazônica fossem de uma única espécie, a floresta tenderia a desaparecer. Cabe ressaltar que, apesar do alto nível de diversidade encontrado na Floresta amazônica e na Mata atlântica brasileira, o Brasil não é detentor de grande diversidade marinha. 2.5 a IMPOrTâNCIa Da BIODIvErSIDaDE Grande parte do progresso humano resultou da exploração dos recursos biológicos. Os alimentos e muitos dos produtos farmacêuticos e medicinais são oriundos da flora e da fauna, tanto silvestres quanto domesticados, em todas as partes do mundo. Para a maioria da população humana não resta dúvida quanto ao valor da diversidade biológica. Porém, esse reconhecimento nem sempre leva à valoração econômica sobre a qual as decisões políticas são baseadas. De maneira geral, a economia tradicional tem sido incapaz de determinar um valor para os recursos ecológicos, fazendo com que os custos do esgotamento e dos danos causados aos recursos naturais sejam desconsiderados. Para reafirmar a importância da biodiversidade foi definido que o dia 22 de maio seria marcado como o “Dia Mundial da Biodiversidade”. UNIDADE 1 TÓPICO 1 13 Á R E A S P R O T E G I D A S NOT A! � O Novo Dicionário Aurélio define preservar como: livrar de algum mal, manter livre do perigo ou dano; conservar. Livrar, defender, resguardar. À moda brasileira, entretanto, aparentemente significa “manter intacto”, “deixar como está” e, por este motivo, permanece sendo usado tão erroneamente em nossa sociedade! FONTE: Disponível em:<http://analgesi.co.cc/html/t38933.html>. 3 pRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE O termo ‘preservação’ é apresentado pela Lei nº 9.985/2000, que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), como: o conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem à proteção em longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais. Um dos conceitos antigos de preservação possui como base a intocabilidade de todos os recursos naturais. Porém, esse conceito foi atrelado ao novo modelo de desenvolvimento da população mundial. Esse novo conceito está fundamentado no uso racional dos recursos naturais, para que estes possam continuar disponíveis às gerações futuras. 4 CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE Já o termo ‘conservação’ é definido pelo SNUC como sendo: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral. FONTE: Adaptado de: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9985.htm>. Acesso em: 10 abr. 2011. UNIDADE 1TÓPICO 114 Á R E A S P R O T E G I D A S NOT A! � UNI SNUC é a sigla do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, definido através da Lei nº 9.985, de 2000. É nesta lei que são definidas as categorias de Unidades de Conservação oficiais existentes no Brasil. Estudaremos o Sistema Nacional de Unidade de Conservação e cada uma das categoriais oficiais mais adiante! Podemos pensar então: como definir uma área crítica para conservação? Que critérios precisam ser definidos e identificados para estabelecer uma área a ser conservada? As áreas críticas para conservação são os espaços que proporcionam um paraíso para o maior número de espécies não representadas em outros ambientes naturais. assim, o valor da conservação reflete uma combinação da diversidade local e do grau de endemismo apresentado pelas espécies ali existentes. a regra geral é que o endemismo é maior nas ilhas oceânicas, nos trópicos e nas regiões montanhosas. AUT OAT IVID ADE � O endemismo caracteriza-se como um componente geográfico da biodiversidade e reflete a existência de espécies únicas de um determinado ambiente, não sendo encontradas mais em parte alguma do planeta. As espécies que estão limitadas a pequenas áreas são chamadas de endêmicas. As regiões com grande número de espécies endêmicas possuem um alto nível, ou grau, de endemismo. A conservação da biodiversidade global visa maiores esforços para as áreas que são caracterizadas como possuidoras de alto nível de endemismo! Procure pesquisar quais são as espécies endêmicas de sua região. Existe algum registro de extinção de espécies endêmicas na sua região devido às atividades antrópicas? Alguma delas possui alguma importância econômica, por exemplo, para a extração de algum princípio ativo para a indústria farmacêutica? UNIDADE 1 TÓPICO 1 15 Á R E A S P R O T E G I D A S 5 BIOmA O conceito de bioma abrange um modo de classificar as comunidades biológicas e os ecossistemas de acordo com semelhanças existentes em suas características vegetais. assim, os biomas proporcionam pontos de referência convenientes para comparar processos ecológicos em diversos tipos de comunidades e ecossistemas. São considerados como os principais biomas do mundo: as florestas tropicais (próximas do equador), as savanas ou campos tropicais (regiões quentes da América do Sul, África e Austrália), as florestas temperadas (encontradas entre os polos e os trópicos), os campos temperados (presentes em todos os continentes), os desertos (regiões onde a precipitação média anual é menor que 250 mm), a tundra (presente no Círculo Polar Ártico), a taiga ou floresta setentrional de coníferas (localizada abaixo do Círculo Polar Ártico), o chaparral ou “macchie” (região do Mediterrâneo) e a caatinga (América do Sul, África e Ásia). No quadro a seguir você pode observar todos os biomas presentes no território brasileiro, sua área aproximada, bem como a sua representação no Brasil. BIOmAS ÁREA APROX. (KM2) ÁREA TOTAL / BRASIL (%) amazônia 4.196.943 49,29 Cerrado 2.036.448 23,92 Mata atlântica 1.110.182 13,04 Caatinga 844.453 9,92 Pampa 176.496 2,07 Pantanal 150.355 1,76 ÁREA TOTAL NO BRASIL 8.514.877 (Km2) QUaDrO 2 – BIOMaS BraSILEIrOS FONTE: Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: 11 mar. 2008. a amazônia é considerada o bioma brasileiro de maior extensão, sendo o de menor extensão o Pantanal. No entanto, juntos eles representam mais da metade do território brasileiro (figura a seguir). UNIDADE 1TÓPICO 116 Á R E A S P R O T E G I D A S FIGUra 3 – MaPa DE BIOMaS DO BraSIL FONTE: Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: 7 mar. 2008. Um aspecto importante para a compreensão dos biomas é que um mapa de biomas não representa a distribuição de espécies. Em vez disso, ele mostra onde podemos encontrar áreas de terra dominadas por vegetais com diferentes aspectos, formas e processos ecológicos. A vegetação de mangue, encontrada no litoral brasileiro, fornece um ótimo exemplo. O espectro de formas vegetais confere a esta vegetação sua natureza distinta. Portanto,reconhecemos biomas pelos tipos de organismos vegetais que neles vivem. Para você entender melhor o conceito de bioma, analise a figura a seguir, que mostra o Bioma Mata Atlântica e as diferentes formações florestais que o compõem. UNIDADE 1 TÓPICO 1 17 Á R E A S P R O T E G I D A S FIGUra 4 – MaPa DE DISTrIBUIÇÃO DaS FOrMaÇÕES FLOrESTaIS DO BIOMa MaTa aTLâNTICa FONTE: Disponível em: <http://ambiental.files.wordpress.com/2007/11/lei_mata500-1.jpg>. acesso em: 14 mar. 2008. Você pode observar, por meio da análise das figuras 3 e 4, que os principais biomas variam de acordo com o clima. a precipitação e a temperatura média anual são consideradas como os fatores que determinam as características ambientais de um bioma. No entanto, os biomas não podem ser considerados como uniformes, e sim como um mosaico de fragmentos, cada um com uma comunidade biológica, mas estas apresentam similaridades exclusivas do bioma. A Figura 4 ilustra esta situação, já que o Bioma Mata Atlântica apresenta sete formações florestais, sendo que a Floresta Ombrófila Densa apresenta, ainda, segmentações devido à altitude (elevação acima do nível mar). UNIDADE 1TÓPICO 118 Á R E A S P R O T E G I D A S DICA S! AUT OAT IVID ADE � AUT OAT IVID ADE � Procure fazer um breve resumo das características principais existentes em cada bioma brasileiro, citando suas particularidades, suas espécies de fauna e flora e sua abrangência no território brasileiro! Esse exercício oportunizará um maior aprendizado sobre o nosso país. Agora que você já estudou os biomas brasileiros, chegou a hora de refletir: Em que bioma você vive? Como as atividades humanas realizadas durante os últimos 50 anos afetaram a vegetação e a fauna local? Como seu estilo de vida afeta esse bioma? Caro(a) acadêmico(a)! Recomendamos a leitura do texto “Biomas brasileiros não têm área suficiente para conservação da biodiversidade”, disponível no endereço eletrônico: <http:// inovabrasil.blogspot.com/2008/08/biomas-brasileiros-no-tem- rea.html>. UNIDADE 1 TÓPICO 1 19 Á R E A S P R O T E G I D A S RESUmO DO TÓpICO 1 Caro(a) acadêmico(a)! Neste primeiro tópico você estudou os seguintes aspectos: ● O termo biodiversidade é utilizado para expressar a riqueza de espécies existentes em uma área, ou seja, o número de espécies presentes em uma unidade geográfica definida. ● A diversidade de espécies pode ser medida pelo número de espécies, pela descrição da distribuição da abundância relativa das mesmas ou por uma combinação desses dois componentes. ● A diversidade genética representa a totalidade de genes presentes dentro das espécies, reunindo toda a variabilidade genética existente entre populações de uma mesma espécie, bem como a variabilidade genética dentro de uma população. ● A diversidade de espécies é considerada como uma variedade de espécies existentes em uma determinada região. ● Comunidade é o conjunto de populações que vivem em uma determinada área, num determinado espaço de tempo. O conjunto de comunidades associadas a um ambiente físico denomina-se ecossistema. ● O Brasil destaca-se como o país que abriga a maior diversidade vegetal do mundo! ● Preservação é o conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais. ● Conservação é o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral. ● As áreas críticas para conservação são os espaços que proporcionam um paraíso para o maior número de espécies não representadas em outros ambientes naturais. ● O conceito de bioma abrange um modo de classificar as comunidades biológicas e os UNIDADE 1TÓPICO 120 Á R E A S P R O T E G I D A S ecossistemas de acordo com semelhanças existentes em suas características vegetais. ● As interações entre espécies auxiliam o estabelecimento dos níveis de diversidade ao longo do tempo. Algumas relações são consideradas positivas, outras são consideradas negativas, podendo ocorrer entre indivíduos da mesma espécie (intraespecíficas) ou entre indivíduos de espécies diferentes (interespecíficas). UNIDADE 1 TÓPICO 1 21 Á R E A S P R O T E G I D A S AUT OAT IVID ADE � Caro(a) acadêmico(a)! Agora é só você resolver as questões a seguir e estará reforçando o seu aprendizado. Boa atividade! 1 Defina biodiversidade. 2 Reflita sobre a importância da manutenção da biodiversidade. 3 Estabeleça a diferença entre preservação e conservação. 4 Explique o que é um bioma e o que representa o mapa de biomas. 5 Defina quais são as relações intraespecíficas e interespecíficas que podem ser estabelecidas em um determinado território. UNIDADE 1TÓPICO 122 Á R E A S P R O T E G I D A S Á R E A S P R O T E G I D A S ESpAÇOS TERRITORIAIS ESpECIALmENTE pROTEgIDOS 1 INTRODUÇÃO 2 HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO JURÍDICA DOS ESpAÇOS LEgALmENTE pROTEgIDOS: REALIDADE mUNDIAL, LEgISLAÇÃO BRASILEIRA E pOLÍTICAS RELACIONADAS TÓpICO 2 Os espaços territoriais especialmente protegidos são considerados áreas geográficas, públicas ou privadas, que possuam características ambientais que requeiram a submissão legal a um regime jurídico de interesse público, que implique em sua relativa imodificabilidade e sua utilização sustentada. Isso possibilita a preservação e a proteção da integridade de todas as formas de vida existentes em diferentes ecossistemas, a proteção do processo evolutivo das espécies, além da preservação, da conservação e da proteção dos recursos naturais. Portanto, essas áreas são consideradas como espaços naturais sensíveis, precisando de alguma forma de proteção jurídica. Essa proteção é decorrente, por exemplo, da sua localização (como o bioma onde está inserida) ou do papel ecológico que desempenha. Podem-se citar como exemplos desses espaços territoriais a Floresta amazônica, a Mata atlântica, o Pantanal Mato-Grossense, a Serra do Mar, a zona costeira, os manguezais, as várzeas, as dunas e as restingas, além dos remanescentes florestais que são consideradas como reservas legais e áreas de preservação permanente (aPP), e, ainda, as unidades de conservação. Para você entender o papel de uma lei e o estabelecimento de parques é importante considerar o conceito de política ambiental. Uma política ambiental é constituída por leis, regras e regulamentações, relacionadas ao problema ambiental, que são criadas, implementadas e aplicadas por órgãos governamentais especiais (MILLER, 2007). Os legisladores responsáveis pela avaliação de políticas ambientais existentes precisam ser norteados por: UNIDADE 1 UNIDADE 1TÓPICO 224 Á R E A S P R O T E G I D A S ● Princípio da humildade: o conhecimento humano sobre a natureza e as consequências de nossas ações é limitado. ● Princípio da reversibilidade: tentar não realizar algo que não pode ser recuperado. ● Princípio da precaução: quando evidências indicam que uma ação humana ameaça a saúde ou o meio ambiente, tomar medidas de mitigação. ● Princípio de prevenção: tomar decisões que evitem que um determinado problema ocorra ou piore. ● Princípio de que o poluidor paga: criar regulamentações e usar ferramentas econômicas para garantir que os poluidores paguem os custos dos poluentes e resíduos que produzem. ● Princípio integrativo: tomar decisões integradas com os problemas ambientais. ● Princípio de participação social: tomar decisões que possibilitem a participação da comunidade em geral para discussão de uma política. ● princípio dos direitos humanos: toda a população humana tem o direito a um meio ambiente que não prejudique a sua qualidadede vida. ● Princípio da justiça ambiental: criar políticas ambientais de maneira que não haja a geração de ônus a um determinado grupo de pessoas. Portanto, o reconhecimento de parte destes princípios fez com que no passado os antigos povos protegessem determinados sítios, associados a fontes de água e alimentos, assim como espécies de uso medicinal e outras de importância cultural, como sagrados. assim, na Índia, em 252 a.C., o imperador Ashoka ordenou a proteção de florestas e espécies; e em Sumatra, em 684 d.C., o rei de Srivijya criou a primeira unidade de conservação da Indonésia (FONTES, 2001). O primeiro parque nacional do mundo a ser considerado, devido ao uso múltiplo e público que proporciona, foi criado no ano de 1872, nos Estados Unidos da américa: o “Parque Nacional de Yellowstone”. A partir daí, dos anos seguintes até os dias de hoje, outros países estabeleceram suas áreas de proteção. Segundo apontado por Fontes (2001), no Brasil, já no ano de 1876, o político André Rebouças defendia a criação de parques em nosso país, sugerindo inicialmente as áreas da Ilha do Bananal e o Salto de Sete Quedas, transformados em parques somente 80 anos mais tarde. UNIDADE 1 TÓPICO 2 25 Á R E A S P R O T E G I D A S UNI Você sabia que o Parque Nacional do Salto das Sete Quedas foi coberto pelas águas da Usina de Itaipu, durante a sua construção? A primeira unidade de conservação oficializada por decreto em nosso país surgiu em 1861, quando foi criada a Floresta da Tijuca e das Paineiras, no rio de Janeiro, sendo transformada em Parque Nacional cem anos depois (1961). No Estado de São Paulo foi criado, em 1896, o Parque Estadual da Cidade (hoje denominado “Parque Estadual da Cantareira”). O processo de criação efetiva dos primeiros parques nacionais em território brasileiro foi iniciado em meados dos anos 30, sendo os pioneiros o Parque Nacional do Itatiaia (1937), localizado ao sul do rio de Janeiro na divisa com Minas Gerais, o Parque Nacional do Iguaçu (1939), localizado no Paraná, e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (1939), localizado no rio de Janeiro. atualmente existem cerca de dez mil unidades de conservação criadas em diferentes países, nas quais cerca de 900 estão localizadas no Brasil. A criação destas áreas protegidas recebe o aporte de diferentes leis, decretos e medidas provisórias, emendas e resoluções dos órgãos governamentais, todas relacionadas à proteção do meio ambiente e de seus recursos naturais (como a água, o solo, as florestas, entre outros aspectos relacionados). 3 CARACTERIzAÇÃO gERAL DOS ESpAÇOS LEgALmENTE pROTEgIDOS Segundo o IUCN (1994), as áreas protegidas são um espaço de terra ou mar especialmente dedicado à proteção e conservação da diversidade biológica e dos recursos naturais e culturais a ele associados e manejado por meios legais ou outros meios eficazes. Contudo, espaços territoriais especialmente protegidos não são sinônimos de unidades de conservação, pois estes espaços é que irão compor as unidades de conservação definidas pela legislação em vigor. As unidades de conservação, nos termos da Lei nº 9.985/2000, são espaços territoriais e seus componentes, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo poder público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias de proteção. UNIDADE 1TÓPICO 226 Á R E A S P R O T E G I D A S Portanto, as unidades são áreas específicas que são instituídas pelo poder público, que podem apresentar domínio público ou privado. A proteção dos recursos naturais pode ser ou não integral, e isso dependerá muito da presença e da interação das populações tradicionais no interior destas áreas. 3.1 rESErva Da BIOSFEra a reserva da biosfera não é considerada pelo SNUC como uma unidade de conservação propriamente dita, mas caracteriza-se como uma aplicação de um planejamento ecológico- estratégico, e caracteriza-se como um espaço territorial especialmente protegido. Seu principal objetivo é o de conservar áreas representativas da biodiversidade mundial, onde se tenha um conhecimento acumulado e adaptado ao manejo sustentável. Para a criação de reservas da biosfera é necessário o estabelecimento de um zoneamento com três áreas distintas, sendo: a) as zonas núcleo; b) as zonas de amortecimento; e c) as zonas de transição. As zonas núcleo possuem os exemplos mais significativos dos remanescentes dos ecossistemas naturais. Essas zonas são amparadas por proteção legal segura, centros de endemismo e riqueza genética e, por isso, devem permanecer totalmente protegidas. a única utilização permitida nessas áreas é a de caráter educacional e científico. as zonas de amortecimento são aquelas onde as atividades econômicas e de uso das terras devem estar em equilíbrio, visando garantir a integridade das zonas núcleo. São áreas onde a pesquisa e o planejamento dos meios de produção são aceitos, desde que de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável. DICA S! Caro(a) acadêmico(a)! Não se preocupe! Falaremos de forma mais detalhada sobre a zona de amortecimento ainda neste tópico de estudo! Por último, as zonas de transição são áreas de influência da reserva, onde se privilegia o uso sustentável das terras, incentivando as atividades que aprimorem os meios de produção UNIDADE 1 TÓPICO 2 27 Á R E A S P R O T E G I D A S DICA S! NOT A! � Para saber mais sobre ecodesenvolvimento, faça uma pesquisa na internet! Recomendamos a leitura do artigo “Princípios sobre o ecodesenvolvimento e suas relações com a agricultura familiar”, de Salamoni, G. & Gerardi, L. H. de O. O artigo está disponível no endereço eletrônico: <http://www.ageteo.org.br/download/ livros/2001/04_Salamoni.pdf>. na direção desse objetivo. a prioridade internacional, atualmente, para as reservas da biosfera, é a maior ênfase nas zonas de amortecimento e de transição. Isso porque há um maior envolvimento das comunidades locais em projetos de desenvolvimento sustentável ou de ecodesenvolvimento. O ecodesenvolvimento é uma teoria de desenvolvimento que visa integrar a dimensão ecológica na problemática do desenvolvimento econômico desregrado, onde economia e sociedade estejam em harmonia com o ambiente natural, permitindo a sustentabilidade da vida. De forma geral, o ecodesenvolvimento visa satisfazer as necessidades básicas das futuras gerações, promover a solidariedade e a participação da população evoluída; preservar os recursos naturais e o meio ambiente em geral, além de elaborar um sistema social que garanta emprego, segurança social, respeito a outras culturas e programas de educação. Portanto, o ecodesenvolvimento é um processo de transformação do meio com a ajuda de técnicas específicas para a redução do desperdício inconsiderado dos recursos, que considera aspectos sociais, econômicos e culturais de determinadas comunidades. 3.2 ÁREA DE PRESERVAçãO PERMANENTE – APP As Áreas de Preservação Permanente (APP), assim como as reservas da biosfera, não são unidades de conservação estabelecidas pelo SNUC, mas caracterizam-se como “espaços territoriais especialmente protegidos”. O tratamento legal das Áreas de Preservação Permanente (APP) iniciou com o Código Florestal (Lei nº 4.771/1965). No artigo 1º fica definida como APP a “área protegida nos UNIDADE 1TÓPICO 228 Á R E A S P R O T E G I D A S termos dos arts. 2o e 3o, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”. No art. 2º são consideradas como de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja: LARGURA DO CURSOD’ÁGUA LARgURA DA App Menos 10 m 30 m 10 – 50 m 50 m 50 – 200 m 100 m 200 – 600 m 200 m Mais 600 m 500 m Na figura a seguir podemos observar as metragens estabelecidas pela legislação (Figura 5): FIGURA 5 – ESQUEMA DA APLICAçãO DA LEI N° 4.771/65 AO LONGO DE NASCENTES E CURSOS D’ÁGUA FONTE: as autoras UNIDADE 1 TÓPICO 2 29 Á R E A S P R O T E G I D A S b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. FONTE: Disponível em: <http://www.projetoselva.com.br/artigos_app.htm>. Acesso em: 2 maio 2011. Na figura a seguir demonstram-se algumas dessas Áreas de Preservação Permanente: FIGURA 6 – ÁREAS DE PRESERVAçãO PERMANENTE: (A) NASCENTE CONSERVADA; (B) rIO COM aTé 5 METrOS DE LarGUra; (C) rIO COM MaIS DE 10 METrOS DE LarGUra COM FLOrESTa CILIar; (D) TOPOS DE MOrrO FONTE: as autoras UNIDADE 1TÓPICO 230 Á R E A S P R O T E G I D A S as áreas localizadas nas proximidades de nascentes e olhos d’água, rios ou qualquer curso d’água, lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais, são comumente denominadas “ciliares”. A vegetação ciliar funciona como filtro de toda a água que atravessa o conjunto de componentes da bacia de drenagem, proporcionando a manutenção da qualidade e da quantidade da água das nascentes e dos rios. Para o enfoque técnico sobre a importância das APP, podemos apresentar a própria introdução da Resolução CONAMA 302/02, justificando que as funções ambientais das Áreas de Preservação Permanente são: preservar a qualidade e quantidade dos recursos hídricos, promover a estabilidade geológica, assegurar a biodiversidade, possibilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e, ainda, assegurar o bem-estar da sociedade. Porém, quando observamos a realidade das aPPs na área urbana, principalmente das matas ciliares, podemos encontrar uma situação muito diferenciada da encontrada nas áreas rurais, pois se torna difícil ponderar a preservação e a conservação dessas áreas, a construção ou o uso das aPPs. Em áreas urbanas, os possíveis usos da APP são definidos pelo Código Florestal, pela MP 2.166-67/01 e pelas resoluções do CONAMA, estando baseados em dois princípios básicos: o de utilidade pública e o de interesse social. O princípio de utilidade pública diz respeito: às atividades de segurança nacional e proteção sanitária; às obras essenciais de infraestrutura destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia; às demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em resolução do Conselho Nacional de Meio ambiente (CONaMa). Já o princípio de interesse social baseia-se em atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa (prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de espécies e proteção de plantios com espécies nativas); em atividades de manejo agroflorestal praticadas em pequenas propriedades rurais (sem descaracterização da cobertura vegetal e da função ambiental da área); e, nas demais obras, planos, atividades ou projetos definidos em resolução do CONAMA. No entanto, existem várias interpretações para esses conceitos. Considerando em especial as áreas rurais, a manutenção da flora é essencial à proteção do ambiente, bem como a produção de bens ambientais, como no caso de recursos hídricos. Você pode perceber a diferença entre APP urbana e rural através da análise da figura a seguir. UNIDADE 1 TÓPICO 2 31 Á R E A S P R O T E G I D A S FIGURA 7 – ÁREAS DE PRESERVAçãO PERMANENTE (APP): (A) APP rUraL; (B) aPP UrBaNa FONTE: as autoras Na área urbana há muitos conflitos quando se fala sobre esse assunto, já que o surgimento das aglomerações urbanas está relacionado à existência e à disponibilidade de água para a população em geral. Após vários anos da edição do Código Florestal, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, editou as Resoluções 302/02 e 303/02. A Resolução CONAMA 302/02 “dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno”, enquanto que a Resolução 303/02 “dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente”. O objetivo destes dois documentos foi de suprir a deficiência de informações sobre APP na própria legislação florestal. Enquanto a Resolução 302/02 apresentou a possibilidade de tratamento dos problemas de uso de reservatórios artificiais, a Resolução 303/02 determinou conceitos adicionais à questão de preservação permanente, entre eles o que se refere à área urbana. Uma grande discussão acerca das áreas urbanas é que estas poderiam ser consideradas como “áreas consolidadas”. Segundo a Resolução 302/02 do CONAMA, a área urbana consolidada é aquela que UNIDADE 1TÓPICO 232 Á R E A S P R O T E G I D A S atende aos seguintes critérios (artigo 2º): a) Definição legal pelo poder público. b) Existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infraestrutura urbana: 1. malha viária com canalização de águas pluviais; 2. rede de abastecimento de água; 3. rede de esgoto; 4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública; 5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos; 6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e c) densidade demográfica superior a cinco mil habitantes por km2. Este ato do CONAMA foi essencial para que os municípios passassem a ter mais uma referência normativa ao gerenciamento de questões vinculadas à preservação permanente. No entanto, em muitos municípios brasileiros os critérios acima descritos não caracterizam a realidade local encontrada. atualmente, o gestor municipal precisa contemplar ainda, em seu escopo de referências, o Estatuto das Cidades (Lei nº 10.257/01) e a Resolução do CONAMA 237/97. Caso o administrador pratique atos irregulares contra o meio ambiente, pode ser enquadrado na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), tendo como pena de detenção de um a três anos e multa. Com relação à aPP, a Lei de Crimes ambientais prevê detenção (um a três anos), ou multa (ou ambas as penas cumulativamente) para quem destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção (art. 38) ou cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente (art. 39). Para ter uma atuação adequada, o município precisa cumprir as exigências tanto da estrutura quanto da capacitação mínima da administração pública. Isso significa ter uma secretaria de meio ambiente, legislação municipal ambiental e conselho municipal de meio ambiente. 3.2.1 Os ajustes necessários na legislação Os aplicadores da lei estão tendo dificuldades no processo de interpretação das normas que regulam as APPs em áreas urbanas, devido às diversas interpretações que a legislação atual possibilita. Entretanto, essas dificuldades não podem justificar as violações às regras de proteção à flora presente ao longo dos corpos d’água e nas encostas presentes em áreas urbanas. UNIDADE 1 TÓPICO 2 33 Á R E A S P R O T E G I D A S NOT A! � Um aspecto relevante de proteção que está embutido nas aPPs não é o de diferenciação de áreas urbanas das áreas rurais. Em aglomerados urbanos e que possuam altograu de impermeabilização do solo, a preservação das florestas ciliares e da vegetação nos topos de morro assume relevância maior do que em áreas rurais. Portanto, o que precisa ser analisado é a possibilidade de flexibilizar as normas que regulam as APPs em áreas urbanas, no que se refere somente ao uso em determinados casos específicos, que deverão ser analisados individualmente. Desse modo, uma opção viável poderia ser a de estabelecer limites constantes presentes no Código Florestal, a serem válidos até a aprovação do plano de ocupação da bacia hidrográfica. Infelizmente, essa opção não seria muito simples! Ao analisar essa problemática, você precisa considerar que, mais importante do que ajustar as metragens legais estabelecidas para as APPs, é encontrar soluções viáveis para as imprecisões relacionadas à autorização de corte de vegetação nessas áreas! 3.3 rESErva LEGaL (rL) Considerada como “espaço territorial especialmente protegido”, a reserva Legal também foi instituída pelo Código Florestal Brasileiro (Lei nº 4.771/65), sendo definida como a “área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas” (art. 1º, §2º, III). UNIDADE 1TÓPICO 234 Á R E A S P R O T E G I D A S UNI Mas, afinal, o que é um “uso sustentável”? A definição mais aceita de “uso sustentável” estaria relacionada com a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos e dos processos ecológicos, de forma a manter a biodiversidade e a integridade dos ecossistemas. A Reserva Legal caracteriza, de certo modo, uma área necessária à manutenção do equilíbrio ecológico das regiões do entorno e dos recursos naturais. A reserva legal em uma propriedade deverá ser permanente e averbada em cartório. No caso de pequenos proprietários rurais a averbação é gratuita, sendo que nesse caso é dever do poder público prestar o apoio técnico e jurídico, quando necessário, para a realização da averbação. Uma pergunta que você deve estar fazendo: “Caso uma propriedade esteja sendo totalmente ocupada para fins agrícolas ou agropecuários, como o proprietário pode ter uma reserva legal?” Essa resposta é simples! Esse proprietário pode compensar a área de reserva legal que lhe compete em outras propriedades. a compensação da reserva legal é permitida por lei, onde o proprietário poderá adquirir uma outra área, própria ou de terceiros. Entretanto, ele terá que respeitar os seguintes pressupostos: ● Que tenha igual valor ecológico. ● Que seja localizada na mesma microbacia e no mesmo Estado, sendo observado o percentual mínimo exigido para aquela região. Outra informação muito importante é que a compensação pode ser uma alternativa que pode ser adotada de forma conjunta por diversos proprietários alocados dentro da uma mesma microbacia (SChaFFEr; PrOChNOW, 2002). a vantagem dessa ação é a possibilidade de criação de áreas contínuas e mais extensas de reserva legal, garantindo melhores condições para a fauna e a flora, bem como para a proteção de mananciais. Para as propriedades que não possuem a vegetação nativa, ou, que essa esteja parcialmente presente na reserva legal, o proprietário deverá restaurar a área somente com espécies nativas. A Medida Provisória nº 2.166-67/01, que complementa o Código Florestal, determina que o processo de plantio na reserva Legal deverá ser realizado adotando-se, isolada ou conjuntamente, as seguintes alternativas: a) O plantio a cada três anos de, no mínimo, 1/10 da área necessária à sua complementação, UNIDADE 1 TÓPICO 2 35 Á R E A S P R O T E G I D A S com espécies nativas. b) a condução da regeneração natural. c) a compensação da reserva legal por outra área, pertencente ao mesmo ecossistema, que possua a mesma importância ecológica e extensão equivalente (conforme já estudamos acima). O proprietário rural possui algumas obrigações impostas pela legislação ambiental vigente, como, por exemplo, recuperar os solos e os ecossistemas degradados em sua propriedade. As ações prioritárias para a recuperação são as florestas localizadas em APP. Conforme o Código Florestal, nos casos de ações de plantio, os projetos que deverão ser priorizados são aqueles que utilizam mudas de espécies nativas. Outro fator que deve ser considerado, tanto nas reservas legais quanto nas florestas ciliares, é a diversidade de espécies. A figura a seguir mostra uma propriedade (12,5 ha) utilizada como exemplo do que é possível fazer em uma propriedade rural para manter o equilíbrio ambiental e possibilitar o incremento no rendimento econômico do produtor rural. 7. reserva Legal.......................................2,6ha 8. Microcorredor ecológico........................0,3ha 9. Mata ciliar recuperada...........................0,2ha 10. rPPN..................................................3,0ha 11. Manejo de erva-mate na reserva Legal 12. apicultura na reserva Legal e rPPN 13. visitação pública na rP Sítio Serra Pitoco 12,5 ha 1. Agricultura diversificada.................3,0ha 2. Horticultura diversificada...............1,0ha 3. Fruticultura diversificada................0,5ha 4. Pastagem ....................................1,0ha 5. Piscicultura....................................0,3ha 6. Área para ranchos, casa, jardim....0,6ha FIGUra 8 – ESQUEMa DE UMa PrOPrIEDaDE LEGaL FONTE: Disponível em: <http://www.apremavi.org.br/media/fotos/cartilha_planejando/foto_ cap_15_01.jpg>. Acesso em: 17 mar. 2008. UNIDADE 1TÓPICO 236 Á R E A S P R O T E G I D A S AUT OAT IVID ADE � Um questionamento importante que você pode estar se fazendo nesse momento é com relação às possíveis penalidades que o proprietário da terra pode receber ao explorar a sua área de reserva legal. De acordo com o conteúdo descrito no Decreto nº 3.179/99, art. 38, no caso de algum indivíduo explorar a área de reserva legal, florestas e formações sucessoras de origem nativa, tanto de domínio público quanto de domínio privado, sem aprovação prévia do órgão ambiental competente, bem como da adoção de técnicas de condução, exploração, manejo e reposição florestal, levará multa de R$ 100,00 a R$ 300,00 por hectare ou fração, ou por unidade, estéreo, quilo ou metro cúbico. Caro(a) acadêmico(a)! Sugerimos que você construa um fluxograma com as principais ideias do texto: “Manual de Orientação ao Proprietário Rural – A Propriedade Rural Legal”. Esse artigo encontra-se disponível no endereço eletrônico: <http://www.ifc.org/ifcext/spiwebsite1. nsf/0/E5D88BF12FDB20A685257230006A7545/$File/Manual_ reserva_legal.pdf>. Cabe ressaltar que o governo federal tem buscado atrelar a liberação de financiamentos para a realização de investimentos na produção e nas propriedades rurais à presença da reserva legal averbada em cartório. É uma forma de pressionar a população a pensar e efetivamente estabelecer essas áreas, tão importantes para a manutenção dos serviços ecológicos necessários. 3.4 ZONa DE aMOrTECIMENTO através da Lei n° 9.985/2000, art. 2º (XVIII), a zona de amortecimento é definida como o “entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade”, caracterizando-se como um espaço territorial especialmente protegido. Após a delimitação da área como de amortecimento, essa não pode ser mais transformada em zona urbana (figura a seguir). UNIDADE 1 TÓPICO 2 37 Á R E A S P R O T E G I D A S FIGUra 9 – ESQUEMa DE ZONa DE aMOrTECIMENTO NO ParQUE NaCIONaL DaS EMaS, GOIÁS AUT OAT IVID ADE � FONTE: Disponível em: <http://eco.ib.usp.br/lepac/eco_humana/zona_amortecimento.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2008. Inicialmente, a zona de amortecimento foi prevista pelo Decreto nº 99.274/90, denominada de “área circundante”,regulamentada posteriormente pela Resolução CONAMA 013/1990, sendo definidas em ambas as normas como a faixa presente no raio de dez quilômetros além dos limites da unidades de conservação (UC). Porém, por não satisfazer as necessidades específicas de diversas UCs, houve a análise e revogação parcial da Resolução CONAMA 13/90 (uma vez que se caracteriza como norma anterior à Lei nº 9.985/00). Pare e reflita! Seria viável que uma Unidade de Conservação, seja de Proteção Integral ou de Uso Sustentável, com grande extensão territorial, tivesse uma área de 10 km de entorno definida como Zona de Amortecimento? Seria viável que uma pequena Unidade de Conservação tivesse o mesmo tamanho de Zona de Amortecimento? Qual seria a função ambiental que essas zonas exerceriam? UNIDADE 1TÓPICO 238 Á R E A S P R O T E G I D A S Atualmente cabe ao órgão responsável pela UC estabelecer e regular a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento. Os limites da zona de amortecimento são estabelecidos no ato de criação da UC ou posteriormente. Alguns critérios que estavam presentes na Resolução CONAMA nº 13/90 ainda podem ser utilizados para a definição da zona de amortecimento, sendo: 1. Critérios para não inclusão: • Em áreas urbanas consolidadas. • Em áreas estabelecidas para expansão urbana em Plano Diretor. 2. Critérios de ajuste: • Linhas férreas, estradas, rios e outros elementos igualmente visíveis. • Influência de espaço aéreo (emissões gasosas) e do subsolo (aquíferos). 3. Critérios de Inclusão: • Microbacias fluem para UC. • Áreas de recarga de aquífero. • ventos e sazonalidade de correntes que afetem a UC. • Áreas que tenham relações químicas, físicas ou biológicas com a UC. • Locais com projetos e programas em funcionamento. • Áreas úmidas de interesse para a UC. • UC em áreas contíguas. • Presença de aPP, rL, rPPN. • remanescentes naturais preservados com conectividade potencial. • Remanescentes naturais com potencial para corredores ecológicos. • Sítios de alimentação, descanso e reprodução de espécies. • Áreas sujeitas a processos de erosão. • Áreas com risco de expansão urbana. • Acidentes geográficos e geológicos com valor cênico. • Recifes, bancos de algas, ressurgências, vórtices, entre outros. • Áreas de reprodução, desova e alimentação. • Áreas de litoral e deltas que afetem a UC. • Sítios arqueológicos. FONTE: Disponível em: <eco.ib.usp.br/lepac/bie314/zoneamento.pdf>.Acesso em: 2 maio 2011. UNIDADE 1 TÓPICO 2 39 Á R E A S P R O T E G I D A S NOT A! � NOT A! � Com exceção das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e das Áreas de Proteção Ambiental (APA), todas as categorias de UCs devem possuir sua Zona de Amortecimento (art. 25 da Lei nº 9.985/00). Os termos “corredor ecológico” e “corredor de biodiversidade” muitas vezes são usados para designar estratégias distintas. Alguns pesquisadores e conservacionistas utilizam o termo “corredor ecológico” referindo-se especificamente a trechos delimitados de vegetação nativa que conectam fragmentos. Os termos “corredor ecológico”, usado pelo Ministério do Meio Ambiente, e “corredor de biodiversidade”, usado pela Aliança para Conservação da Mata Atlântica, referem-se à mesma estratégia de gestão da paisagem e são tratados como sinônimos neste documento. Nessa concepção, os corredores englobam as unidades de conservação e as áreas com diferentes usos da terra. Os cordões de vegetação nativa que conectam fragmentos são um dos componentes dos corredores, mas não o único (MMA, 2006). 3.5 COrrEDOrES ECOLÓGICOS Outro importante espaço territorial especialmente protegido é o corredor ecológico, definido pela Lei nº 9.985/00, art. 2o (XIX), como porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, que ligam unidades de conservação, possibilitando entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais. Portanto, os corredores ecológicos possuem a finalidade de interligar fragmentos florestais isolados para possibilitar o maior trânsito de animais, bem como, o intercâmbio genético entre espécies da flora e da fauna presentes em duas ou mais áreas (figura a seguir). Essas áreas são habitualmente utilizadas como instrumentos que facilitam a criação e a gestão de Unidades de Conservação já existentes. UNIDADE 1TÓPICO 240 Á R E A S P R O T E G I D A S FIGUra 10 – ESQUEMa DE CrIaÇÃO DE UM COrrEDOr ECOLÓGICO Para UNIr FraGMENTOS DE FLOrESTa aTLâNTICa NO SUDESTE DO BraSIL FONTE: Disponível em: <http://www.cibg.rj.gov.br/backoffice/imagens/Localizacao.jpg>. Acesso em: 7 abr. 2008. O processo de fragmentação é considerado como uma das principais ameaças à estabilidade de uma população vegetal ou animal. A notícia mais dramática é que isso está ocorrendo em todo o mundo, à medida que as florestas são desmatadas para estabelecimento de áreas urbanas ou agrícolas (figura a seguir). As consequências da fragmentação do habitat tornam importantes os efeitos de movimentos individuais e da estrutura do habitat sobre a dinâmica populacional. Portanto, o processo de fragmentação possui consequências vinculadas a: ● Redução da diversidade biológica: ocorre tanto em função da diminuição quanto da área mínima necessária à sobrevivência das espécies. A disponibilidade de recursos alimentares para a fauna e oportunidades reprodutivas para a fauna e flora podem resultar em um aumento da competição e a exclusão de espécies. ● Perturbação de determinados fluxos biológicos: determinadas espécies animais, tais como: tangará e veado-mateiro, por exemplo, não se deslocam nas áreas de onde a floresta foi derrubada. Dessa maneira, as populações ficam isoladas no interior de pequenos refúgios. ● Inviabilização da reprodução de algumas espécies da flora: a distância entre os fragmentos UNIDADE 1 TÓPICO 2 41 Á R E A S P R O T E G I D A S pode impossibilitar os mecanismos de polinização e os de dispersão de estruturas reprodutivas (frutos, sementes, esporos). ● Insolação excessiva: a penetração de luz e calor ocasiona em aumento progressivo da temperatura e uma redução da taxa de umidade. a maior taxa de insolação facilita a colonização das bordas por espécies mais adaptadas às novas condições. Essa condição desencadeia um processo de sucessão ecológica, desestruturando o remanescente florestal. Esse fenômeno é denominado de efeito de borda. FIGUra 11 – FraGMENTOS DE FLOrESTa NO ESTaDO DE SaNTa CaTarINa FONTE: as autoras Os corredores ecológicos, de acordo com sua origem, podem ser classificados como: a) naturais (quando são formados por eventos naturais, constituindo-se, portanto, em atributos originais da paisagem); b) antrópicos (quando são criados pela ação humana, como, por exemplo, as cercas vivas e os quebra-ventos); e, c) remanescentes (quando são constituídos por faixas de vegetação que permanecem em paisagens fragmentadas pela ação humana). Um aspecto importante e que precisa ser considerado é o sucesso na implementação dos corredores. UNIDADE 1TÓPICO 242 Á R E A S P R O T E G I D A S NOT A! � NOT A! � Para garantir o sucesso é necessário um elevado grau de envolvimento e cooperação entre as diversas instituições governamentais e organizações da sociedade civil que atuam na região. Às ações de planejamento dos corredores devem ser incorporadas intervenções em diferentes escalas espaciais e temporais, buscando-se alternativas para uma forma mais abrangente, descentralizada e participativa de conservação da biodiversidade. Não existe, no entanto, uma forma definida para chegar a esses resultados. Cada corredor tem suas características específicas e exigirá uma articulação própria entre as políticas públicas e as comunidades atuantes em sua área. FONTE: Disponível em: < http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAliwAF/cartilha-corredor-central- mata-atlantica>.Acesso em: 3 maio 2011. Os fatores que estão relacionados com o sucesso da função dos corredores ecológicos são: comprimento e largura; qualidade dos corredores (considerando os efeitos de borda); a localização dos habitats conectados; os tipos de formação vegetal próximos aos corredores e a complexidade da rede de corredores implementada. No caso de florestas tropicais, acredita-se que o efeito de borda é mais intenso nos primeiros 60m, podendo afetar até cerca de 300m para o interior do fragmento florestal. Caso essa suspeita seja realmente verdadeira, um fragmento circular com 30 ha, ou seja, com 300m de raio, seria totalmente afetado pelo efeito de borda! Para você compreender melhor o efeito de borda, veja o exemplo: “Na Bacia Amazônica, a crescente exposição das árvores a uma distância de 100 metros da borda de um desmatamento resulta no ressecamento da vegetação e em danos excessivos pelo vento, o que de outra forma seria impedido pela vegetação circundante. Estes efeitos de borda têm causado perdas de até 15 toneladas de biomassa arbórea por hectare anualmente”. A largura da borda de um fragmento florestal é um dado vital para o planejamento, legislação e manejo de paisagens. Tradicionalmente, a ecologia tem respondido a esta demanda da sociedade, dizendo que é impossível determinar uma única largura de borda, em função dos diferentes aspectos que são enfocados. Assim, existiria uma largura de borda para microclima, outra para composição de espécies arbóreas, outra para densidade de plantas, e assim por diante. FONTE: Disponível em: <http://www.editoraplanta.com.br/mat_ apoio/BC100_101.pdf>. UNIDADE 1 TÓPICO 2 43 Á R E A S P R O T E G I D A S DICA S! Sugerimos que você faça a leitura do artigo “Efeitos de borda em fragmentos de cerrado em áreas de agricultura do Maranhão, Brasil”. Disponível em: <http://www2.uel.br/cca/agro/ecologia_ da_paisagem/tese/joel_borda.pdf>. Desde a sua concepção, os corredores vêm sendo adotados por várias organizações como estratégia de conservação da biodiversidade. O Corredor Mata atlântica, por exemplo, tem como objetivo primordial assegurar o empenho da sociedade civil nos esforços dirigidos à conservação da biodiversidade em duas das regiões com mais alta biodiversidade da Mata atlântica: o Corredor da Serra do Mar e o Corredor Central da Mata atlântica. a experiência de implementação do Corredor Central da Mata atlântica, com base nas iniciativas do Projeto Corredores Ecológicos e do CEPF-Mata-Atlântica, é relatada nesta publicação. 3.5.1 Implantação dos corredores ecológicos É importante que você não compreenda o corredor ecológico simplesmente como uma área de proteção ambiental, mas sim como uma proposta que seja implementada e gerenciada em uma escala regional ampliada! Para isso, é importante ainda considerar os aspectos relativos aos diferentes biomas brasileiros, pois para a implantação dos corredores é necessário considerar distintas realidades, onde cada um dos corredores exigirá estratégias específicas. Por exemplo, no Corredor Central da amazônia (CCa), a estratégia é garantir a conectividade entre as áreas protegidas por meio de ações que visem à manutenção e à ampliação de zonas de conservação, além do apoio às políticas de utilização sustentável dos recursos naturais nas áreas de interstício. No entanto, no Corredor Central da Mata atlântica (CCMa) a estratégia é assegurar a proteção dos remanescentes florestais significativos e incrementar, gradativamente, o grau de ligação entre porções nucleares da paisagem por meio do controle, proteção e recuperação da cobertura florestal e desenvolvimento de atividades de produção sustentável que contribuam com essa conexão. FONTE: Disponível em: <www.rbma.org.br/.../mata_06_smar_varias_cor_eco.asp>. Acesso em: 3 maio 2011. Para garantir isso foram estabelecidas estruturas de gestão para estimular a UNIDADE 1TÓPICO 244 Á R E A S P R O T E G I D A S 3.6 MOSaICOS DE UNIDaDES DE CONSErvaÇÃO Relacionados com os corredores ecológicos e com as áreas que passaram por processos de fragmentação, formam-se, através da gestão planejada, os mosaicos ambientais. De maneira geral, o mosaico compõe-se de várias unidades de conservação, que constituirão uma área total, com grande relevância, onde todos os componentes (biológicos, geográficos, sociais e administrativos) são complementares. Portanto, mosaico é o conjunto de unidades de conservação de diferentes categorias ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas que demandam uma gestão integrada e participativa. Como citamos anteriormente, para os corredores ecológicos, o Ministério do Meio ambiente deve reconhecer a reunião de unidades de conservação, mediante expedição de ato próprio. O requerimento para a definição das áreas como mosaicos de UCs deve ser feito pelos interessados. Os mosaicos reconhecidos oficialmente no Brasil estão listados no quadro a seguir. implementação de estratégias voltadas para a conservação da diversidade biológica em áreas públicas e privadas. A definição da utilização de corredores ecológicos será feita através de estudos específicos, que serão contemplados no Plano de Manejo das UCs. Geralmente as Áreas de Preservação Permanente (APP) são utilizadas como corredores ecológicos. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) reconhece a existência de corredores ecológicos, que irão compor os denominados Mosaicos de Unidades de Conservação. NOmE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Mosaico Mata Atlântica Central Fluminense Federais: PN Serra dos Órgãos, rB Tinguá, EE Guanabara, aPa Guapimirim, APA Petrópolis. Estaduais: EE Paraíso, APA Bacia do Rio dos Frades, APA Floresta do Jacarandá, aPa Bacia do rio Macacu, aPa Macaé de Cima, PE dos Três Picos, rB de araras. municipais: Parque Natural Municipal da araponga, MN da Pedra das Flores, EE Monte das Flores, aPa Maravilha, aPa Guapiaçu, Parque Natural Municipal da Taquara. QUADRO 3 - MOSAICOS RECONHECIDOS OFICIALMENTE (ATUALIZADO EM 17/12/2010) UNIDADE 1 TÓPICO 2 45 Á R E A S P R O T E G I D A S mosaico de Unidades de Conservação Sertão- Veredas-Peruaçu Federais: PN Grande Sertão veredas, PN Cavernas do Peruaçu, aPa Peruaçu. Estaduais: PE Serra das araras, PE veredas do Peruaçu, PE Mata Seca, rvS dos Pandeiros, aPa da Cocha e Gibão, rDS veredas do acari. mosaico Bocaina Federais: PN Serra da Bocaina, EE Tamoios, aPa Cairuçu. Estaduais: aPa Tamoios, rB da Praia do Sul, PE Marinho do aventureiro. municipais: aPa Baia de Parati, Parati-Mirim e Saco do Mamanguá. mosaico de Unidades de Conservação do Litoral Sul de São Paulo e do Litoral do Paraná Federais: arIE Ilha da Queimada Grande e Queimada Pequena, ARIE Ilha do Ameixal, APA Cananeia-Iguape-Peruíbe, EE Tupiniquins, RESEX Mandira (SP); APA Guaraqueçaba, EE de Guaraqueçaba, PN Superagui, PN Saint-Hilaire/Lange, RPPN Salto Morato, RPPN Sebuí (PR). Estaduais: SP: aPa Ilha Comprida, EE Chauás, EE Jureia-Itatins, PE Campina do Encantado, PE Jacupiranga, PE Ilha do Cardoso; Pr: aPa Guaratuba, FE do rio das Onças, EE Ilha do Mel, PE Boguaçu, PE da Ilha do Mel, PE do Pau Oco, PE Pico do Marumbi, PE da Graciosa, PE roberto ribas Lange, PE Pico Paraná, PE Serra da Baitaca. municipais: Parque Natural da restinga, Parque Natural do Manguezal do rio Perequê, Parque Natural da Lagoa do Parado. mosaico mantiqueira Federais: PN Itatiaia, aPa Serra da Mantiqueira, aPa Mananciais do Rio Paraíba do Sul, FN de Passa Quatro, FN de Lorena. Estaduais: PE da Serra do Papagaio, PE Campos do Jordão, PE dos Mananciais de Campos do Jordão, aPa Fernão Dias, aPa Campos do Jordão, APA Sapucaí Mirim, APA São Francisco Xavier. municipais: aPa Municipal da Serrinha do alambari, Parque Municipal da Serrinha do alambari, Parque Natural Municipal da Cachoeira da Fumaça e Jacuba, Parque Natural Municipal do rio Pombo, aPa Municipal de Campos do Jordão. Mosaico Capivara- Confusões Federais: PN Serra da Capivara,PN Serra das Confusões. Mosaico Mico-Leão- Dourado Federais: rB União, rB de Poço das antas, aPa Bacia do rio São João/Mico-Leão-Dourado. Estaduais: PE dos Três Picos. municipais: PNM da Biquinha "Gruta Santa Edwiges", PNM Córrego da Luz, PNM do Mico-Leão-Dourado, PNM Atalaia Gualter Corrêa de Faria. Mosaico do Baixo Rio Negro Federais: PN de Anavilhanas, PN do Jaú, RESEX do Rio Unini. Estaduais: PE do rio Negro - Setor Sul, PE do rio Negro - Setor Norte, APA da Margem Direita do Rio Negro setor Puduari-Solimões, aPa da Margem Esquerda do rio Negro setor aturiá-apuauzinho, aPa da Margem Esquerda do rio Negro setor Tarumã-açu-Tarumã- Mirim, rDS do rio Negro, rDS do amanã. municipais: rDS do Tupé. Mosaico do Espinhaço: Alto Jequitinhonha - Serra do Cabral Federais: PN das Sempre vivas. Estaduais: PE da Serra do Cabral, PE do Biribiri, PE do rio Preto, PE do Pico do Itambé, PE da Serra Negra, EE Mata dos ausentes, APA Água das Vertentes. municipais: APA Felício dos Santos, APA Rio Manso. FONTE: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/menu/mosaicos-e-corredores-ecologicos/tabela-de-mosaicos- reconhecidos-oficialmente>. Acesso em: 2 jan. 2011. UNIDADE 1TÓPICO 246 Á R E A S P R O T E G I D A S Para que a administração dos Mosaicos de UCs seja integrada e efetiva, faz-se necessária a criação do Conselho de Mosaico, que visa garantir a conservação da biodiversidade da região. Cabe ao Conselho de Mosaico: ● Acompanhar, de modo participativo, a elaboração do Plano de Manejo. ● Manifestar-se sobre obra ou atividade impactante à UC, à zona de amortecimento e aos corredores ecológicos. ● Propor diretrizes que facilitem e aperfeiçoem a relação com a comunidade de entorno ou do interior da UCs. Legenda (Quadro 3): PN: ParNa – Parque Nacional FN: FLONa – Floresta Nacional FE: Floresta Estadual rB: rEBIO – Reserva Biológica EE: ESEC – Estação Ecológica PE: Parque Estadual PNM: Parque Natural Municipal MN: Monumento Natural rvS: refúgio de vida Silvestre APA: Área de Proteção Ambiental ARIE: Área de Relevante Interesse Ecológico RESEX: Reserva Estrativista rEDS: reserva de Desenvolvimento Sustentável 4 ESTRATÉgIAS pARA A pROTEÇÃO DOS ESpAÇOS TERRITORIAIS ESpECIALmENTE pROTEgIDOS você estudou nos itens acima os espaços territoriais especialmente protegidos e o quadro a seguir resume as metas e estratégias para a preservação e recuperação destes ambientes que fornecem recursos e previnem a extinção prematura das espécies. UNIDADE 1 TÓPICO 2 47 Á R E A S P R O T E G I D A S ABORDAgEm ECOSSISTÊmICA ABORDAgEm DE ESpÉCIE mETA Proteção das populações em seus habitats. Proteção das espécies da extinção prematura. ESTRATÉgIA Preservação de áreas em diferentes biomas I d e n t i f i c a ç ã o d a s e s p é c i e s ameaçadas de extinção. redução ou eliminação de espécies exóticas. Proteção de seus habitats críticos. Manejo de áreas protegidas para manutenção de espécies nativas. Proteção legal das espécies ameaçadas de extinção. recuperação de áreas degradadas. reprodução em cat iveiro das espécies ameaçadas de extinção. reintrodução de espécies em habitats adequados. QUaDrO 4 – METaS E ESTraTéGIaS Para PrOTEGEr a BIODIvErSIDaDE FONTE: adaptado de: Miller (2007) EST UDO S FU TUR OS! � No próximo tópico estudaremos a classificação das unidades de conservação brasileiras, definida pelo SNUC. Mas, antes de prosseguirmos, que tal revisar o conteúdo estudado e resolver as autoatividades? Bons estudos! UNIDADE 1TÓPICO 248 Á R E A S P R O T E G I D A S RESUmO DO TÓpICO 2 Vamos revisar, agora, os conteúdos estudados no segundo tópico desta unidade. ● Espaços territoriais especialmente protegidos são definidos como espaços de terra ou mar especialmente dedicados à proteção e conservação da diversidade biológica e dos recursos naturais e culturais a eles associados e manejados por meios legais ou outros meios eficazes. ● O primeiro Parque Nacional do mundo a ser considerado, devido ao uso múltiplo e público que proporciona, foi o “Parque Nacional de Yellowstone”, criado no ano de 1872. ● A primeira unidade de conservação em nosso país, por decreto, surgiu em 1861, quando foi criada a Floresta da Tijuca e das Paineiras, no rio de Janeiro. ● As Reservas da Biosfera não caracterizam unidades de conservação propriamente ditas dentro do SNUC, mas possuem a intenção de conservar áreas representativas da biodiversidade mundial. ● Área de Preservação Permanente (APP) é uma área protegida nos termos dos arts. 2º e 3º da Lei nº 4.771/1965, coberta ou não por vegetação nativa, com a finalidade de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. ● Existem dificuldades no processo de interpretação das normas que regulam as APPs em áreas urbanas. Porém, essas dificuldades não podem justificar as violações às regras de proteção à flora presente ao longo dos corpos d’água e nas encostas presentes em áreas urbanas. ● A Reserva Legal pode ser definida como a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas. ● Corredores ecológicos são porções de ecossistemas naturais ou seminaturais que ligam unidades de conservação, possibilitando entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais. UNIDADE 1 TÓPICO 2 49 Á R E A S P R O T E G I D A S ● Os corredores ecológicos possuem a finalidade de interligar fragmentos florestais isolados para possibilitar o maior trânsito de animais, bem como o intercâmbio genético entre espécies da flora e da fauna presentes em duas ou mais áreas. ● O processo de fragmentação possui consequências vinculadas à redução da diversidade biológica; à perturbação de determinados fluxos biológicos; à inviabilização da reprodução de algumas espécies e à insolação excessiva. ● Os corredores ecológicos podem ser classificados como: a) naturais; b) antrópicos; c) remanescentes. ● Os fatores que estão relacionados com o sucesso da função dos corredores ecológicos são: comprimento e largura; qualidade dos corredores; a localização dos habitats conectados; os tipos de formação vegetal próximos aos corredores e a complexidade da rede de corredores implementada. ● O mosaico compõe-se de várias unidades de conservação, que constituirão uma área total, com grande relevância, onde todos os componentes (biológicos, geográficos, sociais e administrativos) são complementares. ● Zona de amortecimento é o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade. UNIDADE 1TÓPICO 250 Á R E A S P R O T E G I D A S AUT OAT IVID ADE � Olá, acadêmico(a)! Agora é só você resolver as questões a seguir e estará reforçando seu aprendizado. Boa atividade! 1 Reflita acerca da importância da Reserva da Biosfera. 2 Defina Área de Preservação Permanente. 3 Explique o que é Reserva Legal e apresente a sua importância. 4 Conceitue corredor ecológico. 5 Discorra sobre a importância de se criar corredores ecológicos. 6 Defina mosaico ambiental e cite quantos mosaicos existem oficialmente no Brasil. 7 Defina Zona de Amortecimento. Á R E A S P R O T E G I D A S ESTRUTURAÇÃO DO SISTEmA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 1 INTRODUÇÃO TÓpICO 3 Para conseguir preservar e conservar diferentes áreas naturais, com suas características mais peculiares, foi necessário estabelecer
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