NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 DEFINIÇÃO: - A tolerância imunológica é definida como a não responsividade a um antígeno, induzida pela exposição prévia a esse mesmo antígeno - Os antígenos que induzem tolerância são chamados de telerógenos, ou antígenos tolerogênicos - A tolerância aos autoantígenos, também chamada de autotolerância, é uma propriedade fundamental do sistema imunológico normal, e a falha na autotolerância resulta em reações imunes contra antígenos próprios VISÃO GERAL DA TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA: - Os mecanismos de tolerância eliminam ou inativam linfócitos que expressam receptores de alta afinidade para autoantígenos - A tolerância é antígeno-específica, resultante do reconhecimento antigênico pelos clones individuais de linfócitos - Qualquer antígeno pode ser um imunógeno ou um tolerógeno dependendo de numerosos fatores, como exposição ao antígeno durante a maturação dos linfócitos e reconhecimento pelos linfócitos específicos na presença ou ausência de respostas imunes inatas - A autotolerância pode ser induzida em linfócitos imaturos autorreativos nos órgãos linfoides geradores (tolerância central) ou em linfócitos maduros nos sítios periféricos (tolerância periférica) - A indução da tolerância imunológica é uma potencial abordagem terapêutica para a prevenção de respostas imunes prejudiciais - Há grande interesse na indução da tolerância para o tratamento de doenças autoimunes e alérgicas, bem como para prevenir a rejeição de órgãos transplantados - A indução da tolerância também pode ser útil para prevenir reações imunológicas contra os produtos de novos genes expressos em protocolos de terapia gênica, para prevenir reações a proteínas injetadas em pacientes com deficiências dessas proteínas e para promover a aceitação dos transplantes de células-tronco - Ainda não se sabe quais autoantígenos induzem tolerância central ou periférica e quais mecanismos de tolerância podem falhar nas doenças autoimunes humanas mais comuns TOLERÂNCIA CENTRAL: - Garante que o repertório de linfócitos naive maduros se torne incapaz de responder a autoantígenos que são expressos nos órgãos linfoides geradores (o timo para as células T, e a medula óssea para os linfócitos B) - Não é perfeita e muitos linfócitos autorreativos completam sua maturação - Ocorre durante um estágio da maturação dos linfócitos, quando um encontro com o antígeno NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 pode levar à morte celular ou à substituição de um receptor antigênico autorreativo por outro não autorreativo TOLERÂNCIA PERIFÉRICA: - Os mecanismos de tolerância periférica são importantes para a manutenção da não responsividade a autoantígenos expressos em tecidos periféricos e não nos órgãos linfoides geradores, e para a tolerância a autoantígenos expressos somente na vida adulta, depois que muitos linfócitos maduros específicos para esses antígenos já tenham sido gerados - Os mecanismos periféricos também podem servir como um complemento para os mecanismos centrais, os quais não eliminam todos os linfócitos autorreativos - Um mecanismo importante para a indução de tolerância periférica é o reconhecimento do antígeno sem coestimulação ou “segundo sinais’ - A tolerância periférica também é mantida pelas células T reguladoras (Tregs) que suprimem ativamente a ativação dos linfócitos específicos para antígenos próprios e outros antígenos. Essa supressão ocorre nos órgãos linfoides secundários e nos tecidos não linfoides - Linfócitos maduros que reconhecem autoantígenos nos tecidos periféricos se tornam incapazes de serem ativados pela reexposição àquele antígeno ou morrem por apoptose TOLERÂNCIA DOS LINFÓCITOS T: - Muitas estratégias terapêuticas que estão sendo desenvolvidas para induzir tolerância a transplantes e autoantígenos têm como foco a inativação ou eliminação das células T. Isso ocorre porque as reações inflamatórias patológicas são tipicamente mediadas pelas células T, em especial as células T auxiliares CD4 +, e essas mesmas células também controlam a produção de anticorpos potencialmente prejudiciais TOLERÂNCIA CENTRAL DA CÉLULA T: - Durante sua maturação no timo, muitas células T imaturas que reconhecem antígenos com grande avidez morrem, e algumas das células sobreviventes da linhagem CD4+ se desenvolvem em Tregs - A morte de células T imaturas como resultado do reconhecimento de antígenos no timo é conhecida como deleção, ou seleção negativa - Esse processo afeta as células T restritas ao complexo principal de histocompatibilidade (MHC) de classe I e de classe II, sendo importante para a tolerância nas populações de linfócitos CD8 + e CD4 + - A seleção negativa de timócitos é responsável pelo fato de o repertório de células T maduras que deixam o timo e povoam os tecidos linfoides periféricos não responder a muitos autoantígenos que estão presentes no timo. A seleção negativa ocorre em células T duplo-positivas no córtex tímico e em células T simples-positivas recém- geradas na medula - Os dois principais fatores que determinam se um autoantígeno particular induzirá a seleção negativa de timócitos autorreativos são: A presença daquele antígeno no timo (por expressão local ou transporte pelo sangue) A afinidade dos receptores de célula T (TCRs, do inglês, T cell receptors) dos timócitos que reconhecem o antígeno - Algumas células T CD4+ autorreativas que encontram autoantígenos no timo não são deletadas, em vez disso, se diferencial em células Tregs específicas para esses antígenos. As células reguladoras deixam o timo e inibem as respostas contra autoantígenos na periferia NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 TOLERÂNCIA PERIFÉRICA DA CÉLULA T: - Os mecanismos de tolerância periférica são: 1. ANERGIA (NÃO RESPONSIVIDADE FUNCIONAL): - A exposição de células T CD4 + maduras a um antígeno na ausência de coestimulação ou imunidade inata pode tornar as células incapazes de responder àquele antígeno - Nesse processo as células autorreativas não morre, mas se tornam não responsivas a um antígeno - Células anérgicas podem sobreviver por dias ou semanas em um estado quiescente e então morrem - Diversos mecanismos podem atuar na indução e manutenção do estado anérgico: A transdução de sinal induzida pelo TCR é bloqueada em células anérgicas, os mecanismos desta sinalização de bloqueio não são completamente conhecidos O reconhecimento de autoantígenos pode ativar as ubiquitinas ligases celulares, as quais ubiquitinam as proteínas associadas ao TCR e as direcionam para a degradação proteolítica nos proteossomos ou lisossomos. O resultado líquido é a perda dessas moléculas de sinalização e ativação defeituosa das células T Quando as células T reconhecem autoantígenos, estes podem engajar receptores de inibição da família CD28, cuja função é finalizar as respostas das células T 2. SUPRESSÃO PELAS TREGS - As Tregs constituem uma subpopulação de células T CD4+ cuja função é suprimir as respostas imunes e manter a autotolerância - As células Tregs são geradas com base no reconhecimento de autoantígenos no timo e pelo reconhecimento de antígenos nos órgãos linfoides periféricos - A geração de algumas Tregs necessita da citocina fator de transformação do crescimento-β (TGF-β, do inglês, transforming growth fator-β) - O desenvolvimento e a sobrevivência das Tregs requerem IL-2 e o fator de transcrição FoxP3 - A IL-2 produzida por células T convencionais, responsivas a autoantígenos ou antígenos estranhos, atua em Tregs que reconheceram o antígeno apresentado pelas APCs e promove a sobrevivência e função das Tregs, tornando-as capazes de controlar as respostas das células T convencionais - Nos tecidos periféricos,