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CLÍNICA COMPLEMENTAR AO DIAGNÓSTICO I URINÁLISE - Os métodos de coleta da urina (micção espontânea, sonda, cistocentese) vão depender da necessidade e porte do animal. ► Acondicionamento da Urina – Cuidados Pré-analíticos ➢ A amostra deve ser colocada em um frasco âmbar, para proteção contra a passagem de luz. ▪ Caso seja um frasco transparente, passar papel alumínio. ➢ Coletar primeira urina do dia. ▪ Urina mais concentrada e não sofre alteração. ➢ Amostra mais fresca possível. ▪ Até 2h após coleta e em temperatura ambiente. ➢ Caso seja necessário conservar, conservar em temperatura refrigerada (2 a 8°C por até 8h). ▪ Para realização do exame, deixar retornar a temperatura ambiente. ► Exame Físico ➢ Volume (depende do paciente) • Mínimo 4ml • Ideal: 10ml ➢ Cor (associada a densidade) ▪ Ideal: Amarelo citrino ▪ Pode variar de amarelo-palha ao âmbar ➢ Aspecto ▪ Cães e Gatos: Límpida ▪ Equinos: Frequentemente turva (presença de carbonato de cálcio e muco) ➢ Odor ▪ Sui generis (odor característico “daquilo” = odor normal) ▪ Fétido ▪ Pútrido ▪ Aliáceo ➢ Densidade ▪ Relação do peso de uma solução com o peso de um volume igual de água – relação da parte liquida do que não é líquido (determinado pelo refratômetro) ▪ Densidade adequada: Cão = 1,025 a 1,035 / Gato = 1,035 a 1,045 ► Exame Químico ➢ pH ▪ Carnívoros: 5,5 a 7,5 ▪ Herbívoros: 7,5 a 8,5 ▪ Alteração no pH indica mais uma alteração sistêmica do que processo localizado ➢ Corpos Cetônicos ▪ Metabolismo das gorduras (ácidos graxos) - acetona, acetoacetato, betahidroxibutirato ▪ Casos de diabetes = cetoacidose diabética = cetonúria ➢ Glicose ▪ Transporte máximo de glicose: • Cães: 180 a 220 mg/dl • Gatos: +/- 290 mg/dl • Equinos: +/- 150 mg/dl ▪ Glicosúria associada a hiperglicemia: Diabetes mellitus, tratamento com glicose, estresse (gatos) ▪ Glicosúria não associada a hiperglicemia: IRA com severa lesão tubular, síndrome de fanconi Cão Gato Hiperestenúria >1,035 >1,045 Minimamente Concentrada 1,012 a 1,025 1,012 a 1,035 Isostenúria 1,008 a 1,012 1,008 a 1,012 Hipostenúria <1,008 <1,008 ➢ Sangue Oculto ▪ Urina com coloração alterada (vermelha) não necessariamente é hematúria. • Presença de coloração vermelha na urina = colúria vermelha • A partir daí veremos o que pode ser. ▪ Hematúria: Hemácia integra na urina ▪ Hemoglobinúria e Mioglobinúria • Proteínas que vão nos indicar: o Hemólise intravascular o Injuria hepática: o fígado (e baço) tem por função retirar células velhas do sangue e faz isso por hemocaterese. O fígado com injuria lisa aletoriamente as células. o A CK (creatinina quinase) é uma enzima que está presente apenas nos miócitos. Caso haja um aumento dessa enzima no sangue, pode nos indicar uma lesão muscular e uma mioglobinúria. ➢ Bilirrubina ▪ Uma bilirrubinúria pode indicar: • Hepatopatias como hepatite infecciosa canina, leptospirose e neoplasias • Obstrução de vias biliares ( Ex.: colestases intra e extra-hepáticas) • Hemólise (bilirrubina é intracelular – lise = bilirrubinemia = bilirrubinúria) ➢ Proteína ▪ Deve sempre ser interpretada com a densidade e outros dados clínicos e laboratoriais. • Até 1 (+) de proteína em uma urina com maior densidade é normal • Exemplos de situações – Qual o paciente com maior importância clínica? o Paciente 1: Proteinúria + baixa densidade o Paciente 2: Proteinúria + desidratação o O Paciente 1 tem mais importância porque a urina está diluída e mesmo assim tem proteinúria. ▪ Relação proteína urinaria : creatinina urinaria (PU:CU) • Uma urina normalmente tem que ter quase nada de proteína e muita creatinina. • Divisão de um valor baixo por um valor alto = resultado baixo. ▪ Proteinúria Pré-Renal • Causas: Doença primaria não renal – hemólise intravascular, mieloma múltiplo (neo de plasmócitos que libera proteínas especificas) ▪ Proteinúria Renal • Causas: Doença primaria renal – aumento da permeabilidade capilar, doença tubular com perda funcional, inflamação renal • Glomerulonefrites, pielonefrites, nefrose, nefrite, neoplasia, cisto renal ▪ Proteinúria Pós-Renal • Causas: Infecção do trato urinário inferior, hematúria pós-renal, obstrução por cálculos (urina + concentrada) • Uretrocistite, vaginite, cistite ► Sedimentoscopia ➢ Normal na urina: 1 a 5 hemácias e leucócitos por campo de 400x ➢ Celularidade ▪ Células de descamação/trato urinário inferior: descamação do epitélio uretral ▪ Célula vesical/transição: descamação do epitélio da vesícula urinária ▪ Células caudadas: descamação da pelve renal (patológico) ▪ Células renais: descamação do córtex renal (patológico) PU:CU Cão Gato Normal <0,2 <0,2 Suspeito 0,2 a 0,5 0,2 a 0,4 Proteinúria Significante >0,5 >0,4 ➢ Cilindros ▪ São patológicos ▪ Quando presentes = cilindrúria ▪ Cilindro Hialino: excesso de proteínas + muco (mucoproteínas secretadas pelas células epiteliais tubulares) e pode se tornar outro na vesícula urinária • Se tiver hematúria: Cilindro Hemático • Se tiver leucócito: Cilindro Leucocitário ▪ Cilindro Granuloso: restos de matérias amorfo que grudam no cilindro hialino ▪ Cilindro Céreos: cilindro velho, aparecimento em processos crônicos ➢ Cristais ▪ Quando presentes = cristalúria ▪ Fosfato triplo: formado em urina com pH neutro a alcalino ▪ Oxalato de cálcio: formado em urina com pH neutro a acido ▪ Biureto de amônio: associados a shunt ou insuficiência hepática ▪ Carbonato de cálcio: encontrados em herbívoros ▪ Caso não de para se diferenciar o cristal por ele ser amorfo, por exemplo, verificar o pH • pH ácido: cristal de urato amorfo • pH alcalino: cristal de fosfato amorfo ► Exercícios • Avaliação Laboratorial do Rim ➢ Avaliação da taxa de filtração glomerular (modulado pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona) – ureia e creatinina são marcadores glomerulares ➢ Azotemia x Uremia ▪ Azotemia: Aumento dos compostos nitrogenados não proteicos ▪ Uremia: Manifestações clínicas devido a azotemia ► Ureia ➢ Oriundo da síntese de amônia no fígado ➢ 90% excretada nos rins e 10% pelo trato gastrointestinal ➢ Dieta e taxa de produção hepática – Fatores não renais que podem alterar significativamente os valores séricos de uréia ► Creatinina ➢ Oriundo da creatina (miócitos) ➢ A quantidade de creatinina produzida depende da massa muscular, quanto mais massa mais creatina e consequentemente creatinina ➢ É completamente filtrada ➢ Gato possui mais néfrons justaglomerulares do que corticais e chega pior do que o cão na clínica porque a poliúria só acontece quando 75% do rim é acometido ► Classificação de Azotemia ➢ Azotemia Pré-Renal: diminuição da taxa de filtração glomerular ▪ Devido hipovolemia, desidratação ▪ Causas pré renais ▪ Densidade urinária: >1.035 cão/ >1.045 gato ➢ Azotemia Renal: diminuição da TFG ▪ Devido a perda de néfrons, diminuição da permeabilidade glomerular, pressão intratubular aumentada ▪ Causas no rim ▪ Densidade urinária: <1.035 cão/ <1.045 gato ➢ Azotemia Pós-Renal: diminuição na excreção de compostos nitrogenados ▪ Devido obstruções, extravasamento de urina para a cavidade abdominal ▪ Causas pós-renais ► SDMA ➢ São derivados da metilação de L-arginina (aminoácido) e libertadas em circulação após proteólise - aminoácido de um processo de proteólise ➢ 90% é filtrado no glomérulo ➢ Utilizado para estadiamento de progressão da doença renal crônica (DRC) ➢ É necessário dosar os níveis de creatinina e SDMA do paciente e correlacioná-los para sabermos em qualestágio do DRC IRIS esse paciente está ou se ele progredindo/evoluindo de estágio ➢ Classificação SDMA ▪ DRC IRIS 1: Até 18 cão / gato ▪ DRC IRIS 2: 18 a 35 cão / 18 a 25 gato ▪ DRC IRIS 3: 36 a 54 cão / 26 a 38 gato ▪ DRC IRIS 4: >54 cão / >38 gato ➢ Classificação creatinina ▪ DRC IRIS 1: NÃO AZOTEMICO – Até 1.4 cão / até 1.6 gato ▪ DRC IRIS 2: AZOTEMIA LEVE – 1.4 a 2.8 cão / 1,6 a 2,8 gato ▪ DRC IRIS 3: AZOTEMIA MODERADA – 2.9 a 5.0 cão / gato ▪ DRC IRIS 4: AZOTEMIA SEVERA – >5.0 cão / gato ➢ CREATININA x SDMA ▪ Exemplo: Cão apresentou na dosagem 1.3 de creatinina e 30 de SDMA. • Esse cão não está azotemico, porém o SDMA nos indica que ele está evoluindo para uma DRC IRIS 2, devido ao nível de SDMA estar em um estágio 2. ▪ Exemplo: Gato apresentou na dosagem 3.6 de creatinina e 32 de SDMA. • Esse gato está no estágio 3 da DRC IRIS. • No mesmo exemplo, se o gato estivesse com 40 de SDMA, significaria que ele está evoluindo para uma DRC IRIS 4.
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