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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Disciplina Educação Ambiental e Sustentabilidade Tema Pesquisa e Metodologia Participativa Professor Fernanda Ferreira Borges de Oliveira; Daniela Janaína Pereira Miranda Introdução Olá! Seja bem-vindo a mais um tema. Você sabe explicar qual a importância e os tipos de pesquisa em Educação Ambiental? Sabe o que é a ANISE e as fases que compõem essa metodologia da Educação Ambiental? É justamente sobre isso que vamos estudar a partir de agora neste tema. A Professora Daniela vai começar apresentando todos os tópicos que veremos no vídeo a seguir. Acesse pelo material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Tipos de Pesquisa em EA A pesquisa possibilita uma aproximação e um entendimento da realidade a investigar. Processa-se por meio de aproximações sucessivas da realidade, fornecendo-nos subsídios para uma intervenção no real, ou seja, ela é um processo permanentemente. Vamos conhecer então quais as fases de uma pesquisa. A primeira delas é o planejamento, passo a passo, de todos os processos que serão utilizados. Envolve a escolha do tema, a formulação do problema, a especificação dos objetivos, a construção das hipóteses e a operacionalização dos métodos. Quanto à abordagem, a pesquisa pode ser classificada em: Pesquisa Qualitativa: não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito. Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, aspirações, motivos, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Pesquisa Quantitativa: os resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados. Esse tipo de pesquisa se centra na objetividade considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente. Quanto à natureza da pesquisa, ela pode ser básica ou aplicada. Conheça cada uma delas a seguir: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Pesquisa Básica: gerar conhecimentos novos, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. Pesquisa Aplicada: gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais Quanto aos objetivos é possível classificar a pesquisa em três grupos: pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa. De acordo com as características da pesquisa, poderão ser escolhidas diferentes modalidades, portanto, é indispensável selecionar o método de pesquisa a utilizar. Já nos procedimentos, podemos classificar a pesquisa em vários grupos, vamos ver aqui os principais deles: Pesquisa Experimental: segundo Gil (2007), esse tipo de pesquisa consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. Pode ser desenvolvida no laboratório ou no campo. Pesquisa Bibliográfica: é realizada a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Todo trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica. Pesquisa de Campo: caracteriza-se pelas investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa (pesquisa ex-post-facto, pesquisa-ação, pesquisa participante, etc.). (FONSECA, 2002). Pesquisa de Levantamento: este tipo de pesquisa é utilizado em estudos exploratórios e descritivos, o levantamento pode ser de dois tipos: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 levantamento de uma amostra ou levantamento de uma população. (FONSECA, 2002). Estudo de Caso: É caracterizado como estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social. Pesquisa Participante: Caracteriza-se pelo envolvimento e identificação do pesquisador com as pessoas investigadas. Pesquisa-ação: Thiollent (1988) define esse tipo de pesquisa como uma investigação social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. É o tipo de pesquisa mais utilizado em Educação Ambiental. Sato (1997) considera essa metodologia a mais indicada para pesquisas em Educação Ambiental por permitir a participação dos envolvidos por meio de reflexões críticas de um problema percebido por todos, potencializando a emancipação e a participação social. A seguir você vai poder ler o artigo A pesquisa-ação em educação ambiental: uma experiência no entorno de uma unidade de conservação urbana, além de assistir ao vídeo da Professora Daniela explicando mais esta parte do nosso estudo. É hora de aprimorar ainda mais o que estamos estudando! http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v15n2/a09v15n2.pdf Metodologia ANISE Sabe-se que as questões ambientais representam hoje um grande desafio para a humanidade. Convivemos com problemas que afetam todas as classes sociais, eles vão desde a poluição e contaminação dos recursos físicos, até http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v15n2/a09v15n2.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 questões de relevância social, como ocupação de áreas de risco ambiental e de ordem econômica que estimula o consumo desenfreado. Nesse contexto, a Educação Socioambiental tem sido apontada como uma das ferramentas responsáveis por encontrar as soluções para tais problemas. Jacobi (2003) cita a necessidade de se pensar em desenvolvimento, considerando a natureza num contexto inter-relacionado de práticas socioambientais, como parte de uma realidade mais complexa. Capra (1996) relata que problemas ambientais reduzem a qualidade ambiental e comprometem a vida em todas as suas manifestações, especialmente a vida humana. Muitas vezes percebe-se a ausência de uma discussão aprofundada no que se refere às questões de relações do homem com o meio ambiente, sendo necessária a mudança de comportamento, atitudes e aquisição de habilidades relacionadas à conservação e preservação do meio ambiente, através de um instrumento eficaz para minimizar o processo de degradação ambiental. Portanto, é importante identificar as diferentes formas de relação entre o homem e o meio e estabelecer propostas educativo-participativas que envolvam o cuidado que a população deve ter com o meio ambiente e a reversão da degradação promovida. Diante desse contexto, uma importante metodologia baseada no modelo denominado ANISE – Análise das Necessidades de Intervenção Socioeducativa - é vista como uma ferramenta metodológica que realiza a análise de necessidades da comunidade estudada com o objetivo de coletar dados visando uma adequada decisão a respeito da amplitude do programa pretendido, seus objetivos, planejamento, desenvolvimento e avaliação. O modelo ANISE é constituído por três fases: 1.Reconhecimento 2. Diagnóstico 3. Tomada de Decisões CCDD – Centro deCriação e Desenvolvimento Dialógico 6 Este modelo possui como principal objetivo coletar o maior número de informações sobre um conjunto de problemas, a partir da realidade da comunidade, levando em consideração os diferentes elementos que a compõem. ANISE é caracterizado por uma fase inicial, de reconhecimento da realidade da comunidade que se pretende trabalhar por meio da análise desta, através da aplicação de diferentes técnicas. Neste primeiro contato com a comunidade será possível detectar os problemas existentes e, consequentemente, aqueles que necessitam de intervenção socioeducativa, o que resultará na segunda fase do modelo, a Fase de Diagnóstico. Por fim, teremos as informações necessárias para finalizar o estudo através da terceira etapa do modelo ANISE, a Fase de Tomada de Decisões. Um destaque especial foi dado ao processo de avaliação de necessidades, uma vez que Barra (2006) afirma que este constitui o ponto de partida do processo, e caracteriza-se pela avaliação formativa, enfatizando a descrição de uma comunidade e os processos de reavaliação necessários às propostas e ao desenvolvimento do programa educativo. Salienta que é válido o emprego de técnicas descritivas, possibilitando a obtenção de informações mais amplas e qualitativamente valoráveis, isto é, que focalizam os valores, atitudes, interesses etc. das pessoas, no que se refere às questões ambientais. ANISE 1. Reconheci- mento 2. Diagnóstico 3. Tomada de Decisões CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Fase de Reconhecimento Esta fase é a primeira etapa da ANISE em contato com a realidade da comunidade. O objetivo desta fase é a de nos orientar, fornecendo respostas sobre onde e como obter informações necessárias do objeto de estudo. Podemos dividir esta fase em três etapas conforme o esquema a seguir: A prioridade neste momento é definir o objeto de estudo, coletando todas as informações disponíveis para detectar “o que está bem e o que está mal”. Algumas questões podem ser formuladas para auxiliar, tais como: Quais as dificuldades existentes na comunidade? Quais são os obstáculos do desenvolvimento? O que favorece a participação da comunidade? Quais são os pontos fortes e os pontos fracos? Situações Desencadeantes Neste primeiro passo devemos detectar os possíveis problemas que a população apresenta. Encontraremos diversas situações e/ou carências que podem nos dar uma ideia sobre a possibilidade de começar uma Análise de Necessidades. Nesta fase não se pretende definir a situação em termos de intervenção, somente na etapa posterior, mas através da observação direta e do contato com Fase de Reconhecimento Identificar situações desencadeantes Selecionar ferramentas Buscar fontes de informações CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 a população, detectar o surgimento ou agravamento de uma situação problemática. A realização de uma Análise de Necessidades também pode surgir através de uma situação problema, sendo para implantar programas informativos e preventivos em um determinado setor da população que apresenta indicadores de baixo, médio ou alto risco. Encontramos assim três grandes grupos de situações que desencadeiam a Análise de Necessidades de Intervenção Socioeducativa: Aparecimento e/ou agravamento de carências ou problemas vividos pela população. Implantação de programas informativos/preventivos. Pedido ou ordem por instituições. Ferramentas para obter informações Várias técnicas ou ferramentas podem ser utilizadas a fim de se obter informações para uma Análise de Necessidades. Todas elas irão investigar o problema antes da intervenção. Isto é feito através da obtenção dos dados necessários que nos fornecem fontes pertinentes sobre “o que é”, “como está” e “como deveria ser”. Embora no modelo ANISE a seleção dos instrumentos do projeto aparece somente na segunda fase por uma questão estrutural, na prática, se realiza simultaneamente, selecionando e elaborando adequadamente em cada momento. Busca de Fontes de Informações Nesta etapa devemos determinar alguns elementos. Vamos saber quais são eles a seguir: Área exata que se pretende realizar a intervenção (análise da comunidade). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Pessoas envolvidas no processo. Outras fontes que forneçam informações relevantes. Análise da Comunidade Primeiramente deve-se delimitar com clareza a área ou setor que será realizada a análise, desta forma, evita-se dispersão de tempo, esforço e obtenção de dados. Existe uma grande diversidade de áreas e setores: Uma cidade; Um município; Um bairro; Uma determinada comunidade; Uma escola; Uma classe; Uma família; Um grupo de famílias; Um grupo de pessoas; Indivíduos isolados; Quais são as fontes? Análise da Comunidade Pessoas Envolvidas Outras Fontes CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 A Análise da Comunidade e a Análise de Necessidades devem estar inter-relacionadas para alcançar resultados favoráveis através do trabalho coordenado entre ambas as análises. A identificação das necessidades é entendida como a detecção das demandas de serviços em uma área geográfica e social, a avaliação das necessidades, como a estimativa da importância relativa delas. Ao realizar uma Análise da Comunidade deve-se decidir quais os aspectos mais importantes para realização do modelo ANISE. Algumas perguntas iniciais podem ser formuladas como: Quais as principais informações que preciso obter para o programa? Quais as informações que consigo obter com mais facilidade? Qual a utilidade dessas informações? Quais são os recursos disponíveis para se obter as informações necessárias? São suficientes? Qual o custo estimado para obtenção das informações? Também são necessários o conhecimento e a busca de informações sobre outros aspectos relacionados à comunidade como: O entorno natural A população Recursos Econômicos Segurança Pública Saúde Recursos Educativos Prestação de Serviços Demanda socioeducativa CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 A análise de todos esses aspectos fornecerá uma informação completa do entorno, contribuindo para o planejamento do projeto de intervenção socioeducativo. A análise da comunidade é um trabalho de equipe, sendo necessários diversos profissionais. O principal objetivo desse estudo é enquadrar adequadamente o problema e conhecer todas as possíveis causas que podem ter contribuído para seu aparecimento e/ou permanência e assim delimitar o projeto de intervenção. Pessoas Envolvidas no Processo Estabelecido com clareza o setor que será objeto de estudo do projeto de intervenção é necessário identificar as pessoas envolvidas em todo o processo. Algumas perguntas poderão ajudar a identificação: Quem são os sujeitos receptores da intervenção? Onde eles estão? A Intervenção Socioeducativa é necessária? De que forma o problema afeta as pessoas? Eles estão interessados com a intervenção? Que outras pessoas se interessam que se realize a intervenção? Podemos distribuir as pessoas envolvidas em três grupos: Os receptores da Intervenção. Os profissionais que vão intervir. A instituição a que pertencem. Estes três grupos constituem uma importante fonte de informações e as diferentes visões de cada um a respeito das situações desencadeantes ou problemáticas que integram o núcleo do modelo ANISE. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Através de todos esses elementos, buscando uma conciliação entre as discrepâncias encontradas entre “onde estamos” e “onde deveríamos estar”, é que nos levará a uma correta priorização dos problemas, auma busca de soluções e à tomada de decisões. Outras Fontes de Informações Se necessário, também podemos utilizar outras fontes de informações como: arquivos, estudos de campo, dados estatísticos, resultados de programas anteriores, publicações, etc. No link a seguir, o qual você pode acessar pelo material on-line, tem o artigo a fim de complementar esta parte do estudo. Além do vídeo da Professora Daniela explicando esta parte do nosso estudo também. http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1581 Fase de Diagnóstico Esta fase é considerada a etapa central do modelo ANISE, busca-se caracterizar, a partir da análise dos dados coletados na etapa anterior da pesquisa (Fase de Reconhecimento), a situação atual do objeto de estudo e estabelecer a situação desejável, isto é, a forma como o projeto de intervenção socioeducativo deverá ser implantado e implementado. Acompanhe a seguir cada etapa desta fase: Etapa 1 - Identificação da Situação Atual Nesta etapa o objetivo principal é identificar a situação atual do objeto em estudo sem se preocupar com as causas ou consequências dos problemas http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1581 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 detectados na Fase de Reconhecimento, ou seja, levar em consideração somente os problemas encontrados. A descrição final dos dados coletados anteriormente irá refletir a real situação atual encontrada, lembrando sempre de NÃO incluir procedimentos, estratégias, recursos ou outros elementos para se alcançar uma situação atual diferente, evitando assim uma proposta de soluções que neste momento seria precipitada, pois ainda faltam diversos elementos importantes a considerar. Etapa 2 - Identificação da Situação Desejável Nesta etapa busca-se responder às perguntas: “O que deveria ser?”, “Como deveria ser?”, “Onde deveríamos estar?”; para identificar qual seria a situação desejável do objeto de estudo. Como na identificação da situação atual, a formulação da situação desejável não deverá conter procedimentos, estratégias, condições, etc., para chegar a uma solução adequada. Deverá utilizar fatos concretos que deveriam estar acontecendo na comunidade estudada. Podemos citar como exemplo um projeto de Educação Socioambiental, a situação desejável poderá ser obtida através da literatura a respeito de Educação Ambiental e na análise das necessidades da comunidade estudada. Após esta formulação será confrontada a situação atual e a situação desejável, encontrando assim as discrepâncias que constituirá a base de todas as etapas seguintes. Etapa 3 - Análise de Potencial A análise de potencial irá definir se as ações de Intervenção Socioeducativa serão possíveis, comprovando se existem condições que CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 permitam a intervenção. Também nos proporciona um panorama de riscos que podem ocorrer. Diante dessa análise, podemos inferir se a situação desejável será alcançada tomando as decisões precisas que correspondem efetivamente a aplicação das possíveis ações de intervenção. Nesta etapa, algumas perguntas podem ser feitas, como: Qual é a evolução previsível da situação da população e do projeto? Quais são os problemas previsíveis da comunidade, da instituição e dos demais elementos envolvidos? A população e os profissionais, estão suficientemente envolvidos e se sentem responsáveis na elaboração e realização do plano de ação? Quais os recursos disponíveis? Quais pessoas serão necessárias envolver? Quais as capacidades e/ou características devem ter essas pessoas? Quais são as possibilidades para recrutar essas pessoas? Em que medida as pessoas envolvidas estão informadas ou podem se informar sobre as necessidades e desenvolvimento da comunidade? São compatíveis os gastos e os recursos da comunidade? De que elementos se dispõem para conhecer a situação atual da população e prever o seu desenvolvimento? Com a análise de potencial pode-se concluir se será possível colocar em prática um determinado programa de intervenção e quais são as ações adequadas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Etapa 4 - Identificação das Causas Esta etapa responde às perguntas: “O que está causando o problema?”, “O que está por trás de cada um dos problemas?”. Existem diversos grupos de causas: ausência de habilidades ou conhecimento, entorno problemático, falta de motivação nos envolvidos e falta de incentivo. Quando os indivíduos não possuem o conhecimento necessário para compreender determinadas questões e não têm habilidades apropriadas para tomar as decisões adequadas relativas a solução dos problemas, estamos no primeiro grupo de causas. O entorno também é um poderoso gerador de causas de diversos problemas, tendo como instrumento de reversão da situação a motivação dos envolvidos. Este fato nos introduz ao terceiro grupo de causas possíveis: a falta de incentivo e motivação. O incentivo positivo produz um forte efeito nos envolvidos, motivando o indivíduo a alcançar os resultados desejados. CAUSAS Ausência de habilidades ou conhecimentos Entorno Problemático Falta de Motivação Falta de Incentivo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 A motivação representa um papel importante no interior de cada indivíduo envolvido, está relacionada a dois importantes elementos: o valor e a expectativa. O Valor consiste na importância que cada indivíduo dá a coisas e o resultado alcançado: “Por que vale a pena fazer isto?”. A expectativa é a possibilidade que o indivíduo vê em realizar algo com confiança na eficácia e no êxito: “Poderemos realmente fazer isto?”. Valor e expectativa unidos geram uma alta motivação. Caso não se alcance sucesso através da motivação, é necessário partir para o incentivo. Ressaltando que o incentivo somente será efetivo quando se converter em motivação. Etapa 5 - Identificação de Sentimentos Os sentimentos, em várias ocasiões, são o cerne de um programa, partem das motivações mais profundas dos envolvidos no processo. Por isso devem ser levados em consideração e ter muito cuidado e atenção na hora de realizar uma Análise de Necessidades de Intervenção Socioeducativa. Pode-se indagar sobre sentimento em torno do valor do que se vai realizar e do que está realizando, em torno das prioridades de cada indivíduo e em torno das próprias capacidades. Estas três áreas de sentimentos são acessíveis através de questões como: Vocês gostam do que estão fazendo? Como se sentem a respeito do problema? O que pensam sobre a possibilidade de implantar um novo programa? Vocês veem algum benefício? Sentem confiança em suas próprias habilidades? Acredita que poderá realizar a tarefa e o esforço necessário? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 A população está motivada em desenvolver os projetos e resolver os problemas e necessidades detectados? Etapa 6 - Definição do Problema O problema é definido a partir da discrepância encontrada entre o que está ocorrendo e o que deveria estar ocorrendo. Alguns indicadores podem ajudar a definir um problema: Localização. As pessoas afetadas pela existência do problema e principalmente interessadas em resolvê-lo. Magnitude, em termos absolutos e relativos: importância do problema para todos os envolvidos. Perspectiva temporal: Desde quando existe o problema? Quando se observou pela primeira vez? Quando aumentou, diminuiu ou estabilizou o problema? Os passos descritos entre as etapas 1 e 5 proporcionam uma série de dados que facilitam a correta identificação do problema e sua precisa definição. Fase de Tomada de Decisões A partir dos dados obtidos nas duas primeiras fases do modelo ANISEserá estabelecido um plano de ação com os respectivos objetivos e a formulação de metas para a elaboração de um programa de intervenção socioeducativo, culminando com a avaliação de todo o processo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Neste momento começamos a delinear o sistema de intervenção que será aplicado. Você deverá buscar as soluções ou grupos de soluções como: organização, orientação, contratação, investigação, etc., porém, antes de tomar a decisão deverá estar seguro sobre o que se conhece e compreender o problema em toda a sua magnitude. Priorizar os Problemas Detectados Ao estabelecer as discrepâncias estre a situação atual e a situação desejável, estaremos identificando os problemas e, consequentemente, as necessidades. Devemos priorizar os problemas detectados; para isso, deve-se conciliar os problemas percebidos pelas pessoas e os recursos disponíveis para resolver o problema. A fim de facilitar esse processo algumas perguntas podem ser feitas: O que aconteceria se não intervir sobre essa questão? Qual é o grau de prioridade e o impacto dessas situações-problema? Na resolução do problema pode-se perceber efetivamente benefícios significativos? Esta etapa está intimamente relacionada à proposta de soluções, a última etapa do modelo. Essas propostas irão auxiliar a formar uma sequência com os problemas detectados e colocá-los em ordem de possibilidade de solução. Fase de Tomada de Decisões Priorizar os problemas detectados Busca de soluções - formular metas e elaborar o projeto CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Ao priorizar os problemas, estaremos priorizando a satisfação das necessidades detectadas e propondo metas a serem alcançadas. Proposta de Soluções A identificação de soluções responde à pergunta: “O que podemos fazer?”. As etapas anteriores do modelo ANISE nos servirão de base para as decisões futuras sobre o problema. Após a realização da Análise das Necessidades existem algumas opções de ações possíveis: Elaborar programas de Intervenção Socioeducativa. Sugerir outras ações para resolver o problema, além da intervenção. Sugerir ações diferentes da intervenção. Para os vários grupos de causas do problema detectados na fase de diagnóstico – etapa 4 –, pode-se sugerir diversas soluções, como: 1 – Ausência de habilidades e conhecimentos: Programas de informação. Programas de formação e entretenimento na área correspondente. Seleção Seleção dos indivíduos adequados para as diferentes tarefas. Assessoramento e orientação pessoal, escolar, profissional, etc. 2 – Entorno Problemático Programas de Prevenção. Estudo mais aprofundado da comunidade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Medidas de intervenção nos setores mais problemáticos. 3 – Falta de incentivo e motivação Novos programas. Implantar sistemas de avaliação eficazes. Formação e avaliação dos profissionais que realizam a intervenção. Avaliação das instituições gestoras. Campanhas de informação. Assessoramento e orientação a todos os envolvidos. A proposta de soluções será de acordo com a formulação inicial de metas a serem alcançadas e deverão ser elaborados os indicadores de efetividade para confirmar se realmente se alcançou a solução pretendida. Ao elencar as soluções deverá observar a relação entre o esforço na intervenção, as estratégias propostas e o resultado que se vai obter. Essa relação deve ser direta, caso contrário, existe o risco de se obter resultados mínimos, com grande esforço. J. McKillip (1989) descreveu três critérios para avaliar as soluções que demonstram ser adequadas e interessantes: custos, impacto e viabilidade. A seguir, você vai saber melhor cada um deles. Análise dos custos Primeiramente, para se estimar os custos, deverá selecionar um período de tempo, normalmente um ano é um período de tempo adequado. O segundo passo é fazer uma lista dos recursos necessários para a solução, durante o período de tempo estimado. Os recursos incluem: Pessoas, incluindo voluntários. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Instalações e equipamentos. Materiais e fornecedores. Serviços, segurança, gastos com administração, etc. O terceiro passo é determinar o custo de cada um dos recursos. Impacto O impacto é mais difícil de ser mensurado do que o custo, normalmente os impactos são múltiplos e em diferentes setores da comunidade, logo deve ser escolhido um método adequado para avaliação de todos os impactos. Muitas vezes, a técnica Delphi é bastante útil nesta etapa da pesquisa. A técnica Delphi consiste em método sistematizado de julgamento de informações, útil para obter consensos de especialistas sobre determinado tema por meio de validações articuladas em fases ou ciclos. Viabilidade Calculados os custos para a implantação de uma solução, é necessário levar em consideração o tempo estimado para implantação, comunicação da decisão e estrutura da implementação da solução na comunidade. Cada aspecto de uma proposta de solução deve ser examinado para julgar a viabilidade da solução. A melhor solução para um problema é aquela que tem baixos custos, forte impacto e execução viável. Através do modelo ANISE, é possível identificar o que as pessoas envolvidas consideram a causa do problema e como resolvê-lo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 As informações obtidas, as opiniões, os sentimentos e as atitudes nos ajudarão posteriormente na tomada de decisões, definição do programa e na avalição dele. No link a seguir, o qual você pode acessar pelo material on-line, você vai poder analisar o estudo de caso do “diagnóstico das necessidades de uma intervenção socioeducativa”. http://www.abes-dn.org.br/publicacoes/rbciamb/PDFs/28- 04_Materia_2_artigos350.pdf Lá no material on-line também tem o vídeo da Professora Daniela explicando tudo sobre essa parte do nosso estudo. Não deixe de assistir! http://www.abes-dn.org.br/publicacoes/rbciamb/PDFs/28-04_Materia_2_artigos350.pdf http://www.abes-dn.org.br/publicacoes/rbciamb/PDFs/28-04_Materia_2_artigos350.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Síntese Concluímos mais uma etapa do nosso estudo. Neste tema, você viu a importância e os tipos de pesquisa em Educação Ambiental. Além de conhecer todas as etapas da ANISE e como elas funcionam na metodologia da Educação Ambiental. Vamos relembrar tudo o que vimos aqui e aprimorar ainda mais nosso estudo? Então, para isso, acesse o material on-line e assista ao vídeo da Professora Daniela. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Referências BARRA, V. M. M. Exploração de necessidades socioeducativas e análise de modelos de programas formativos de educação ambiental com caráter experimental. Educar em Revista, Curitiba, n.27, p.111-128, 2006. CAPRA, F. A teia da vida. São Paulo: Cutrix, 1996. FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, n. 118, p.189-205, 2003. MCKILIP, J. Need Analysis. Tools for the Human Services and Education. London: Sage Publ. Apud: PEREZ-CAMPANERO, M.P. Como detectar Ias necessidades de intervención socioeducativas. Madrid: Narcea, 1991. OLIVEIRA, F. B. F. A Educação socioambiental como ferramenta para gestão de recursos hídricos na APA do Passaúna – PR. Dissertação de Mestrado – Centro de Estudos Superiores Positivo, 2007. PEREZ-CAMPANERO, M.P. Como detectar Ias necessidades de intervención socioeducativas. Madrid: Narcea, 1991. SATO, M. Educaçãopara o ambiente amazônico. 1997. 243f. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais) - Centro de Ciências Biológicas e Saúde, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 1997. THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez & Autores Associados, 1988. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 Atividades Atualmente há vários estudos que focam a atenção para a pesquisa em Educação Ambiental (EA), a partir dos quais se pode observar um crescente aumento de produções nas pós-graduações brasileiras, abrangendo todo o território nacional, com uma diversidade de temáticas abordadas nos mais diversos espaços educativos e envolvendo diferentes grupos sociais (SOUZA; SALVI, 2009). Em relação à pesquisa em Educação Ambiental, qual o procedimento técnico que se adota com mais frequência? a. Estudo de Caso. b. Pesquisa de Levantamento. c. Pesquisa-ação. d. Pesquisa Documental. O Modelo para a Análise de Necessidades de Intervenção Socioeducativa (ANISE) pretende reunir todos os dados necessários sobre uma série de problemas vividos por um setor da população para uma adequada tomada de decisão sobre a implantação de um programa de intervenção. O modelo é composto por três fases fundamentais. De acordo com o modelo ANISE, analise as alternativas abaixo: I. As três fases do modelo ANISE são: Fase de Reconhecimento, Fase de Diagnóstico e Fase de Tomada de Decisões. II. A Segunda fase do Modelo ANISE denominada Fase de Diagnóstico é a etapa de contato com a comunidade. Nesta fase é possível detectar os problemas existentes na comunidade estudada. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 III. Na terceira fase do modelo, a Fase de Tomada de Decisões, é o momento da busca de soluções para os problemas detectados e, portanto, a última fase do modelo ANISE. IV. A fase inicial do modelo ANISE baseia-se no reconhecimento dos problemas vividos pela comunidade envolvida. As afirmativas corretas são: a. II e IV, apenas. b. I e IV, apenas. c. I, III e IV apenas. d. I, II e IV, apenas. Sobre a primeira fase do modelo, marque a alternativa correta: a. A primeira fase do modelo ANISE é denominada Fase de Diagnóstico. b. Podemos dividir esta fase em três etapas: identificação de situações desencadeantes; seleção das ferramentas adequadas para o projeto de intervenção; busca de outras fontes de informações. c. Nesta fase será realizada a avaliação das ações inseridas no projeto de intervenção socioeducativo. d. Nesta fase será identificada a situação desejável, ou seja, como a comunidade deveria estar. A pesquisa, segundo o modelo ANISE, é composta por três fases. Com relação à segunda fase do modelo ANISE – Fase de Diagnóstico - analise as sentenças a seguir, assinalando V para as afirmativas verdadeiras e F para as afirmativas falsas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 27 ( ) Na identificação da situação atual, o objetivo principal é identificar a situação real do objeto em estudo levando em consideração as causas ou consequências dos problemas detectados na Fase de Reconhecimento. ( ) A análise de potencial determina um panorama de riscos que podem ocorrer além de demonstrar se as ações de Intervenção Socioeducativa serão possíveis. ( ) Os quatro grupos de causas relacionadas aos problemas são: ausência de habilidades ou conhecimento, entorno problemático, falta de motivação nos envolvidos e falta de incentivo. ( ) A definição do problema será o confronto entre a situação atual e a situação desejável. A ordem das alternativas é: a. F, V, F, V. b. F, V, V, V. c. V, F, V, V. d. V, V, F, F. Uma pesquisa foi realizada com o objetivo de diagnosticar as necessidades de intervenção socioeducativa na comunidade do distrito de Bento Rodrigues, na cidade mineira de Mariana, comunidade que vem sofrendo vários problemas após a tragédia ocorrida com o rompimento de duas barragens no complexo de Alegria. Para tanto, foi utilizado o método A.N.I.S.E. Com base neste contexto, junto ao seu conhecimento referente à última fase do modelo (Fase de Tomada de Decisões), marque a alternativa correta. a. A prioridade nesta fase é definir o objeto de estudo, coletando todas as informações disponíveis para detectar o problema. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 28 b. A tomada de Decisões é baseada a partir dos dados obtidos nas duas primeiras fases do modelo ANISE, após a análise o plano de ação será estabelecido com os respectivos objetivos e metas para a elaboração de um programa de intervenção socioeducativo. c. Esta fase é de contato com a realidade da comunidade, através da observação direta com a população será possível detectar o surgimento ou agravamento de uma situação problemática. d. Esta fase é a etapa central do modelo ANISE, a situação atual será definida e a situação desejável será estabelecida. Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line.
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